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METODOLOGIA DO

ESTUDOS BÍBLICO
• PROPÓSITO DESTA DISCIPLINA é apresentar
ao aluno as ferramentas necessárias para a
investigação criteriosa das Escrituras, visando
encontrar o significado verdadeiro da passagem
bíblica, com vistas à aplicação sensata e sadia em
sua vida e também na vida de outras pessoas.
As vantagens de aprendermos a estudar a Bíblia são várias:

• Em primeiro lugar a pessoa torna-se capaz de pensar por si mesmo.

• Além disso, ela torna-se capaz de avaliar os pensamentos de outros e também a


experimentar a alegria da descoberta de um texto.

• Assim, aquelas dúvidas que ficam em nossa mente, depois de ouvirmos algum estudo
bíblico, poderão ser investigadas de uma maneira criteriosa e sábia.

• “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas
que testificam de mim.” João 5:39
MÉTODOS DE ESTUDOS BÍBLICOS
• A Bíblia é um livro rico em estilos e conteúdo.

• Nela encontramos narrativas, profecias, poesia e provérbios,


que nos proporcionam várias alternativas de pesquisa do seu
conteúdo.

• Por isso, quando vamos preparar um estudo bíblico,


precisamos determinar, de antemão, qual será o método que
iremos empregar.
O ESTUDO PESSOAL DA BÍBLIA
• O estudante da Bíblia deve ter uma postura de reverência para com ela,
devido ao conhecimento de seu Autor (1Ts 2.13);
• Desejo por encontrar-se com o Senhor, pois Ele assim promete (Jr
29.13);
• Disposição e humildade para obedecer ao Senhor (Sl 25.9; Is 66.2; 1Co
2.14-15);
• Perseverança, pois a Bíblia serve de bússola para a jornada até Deus (Jo
8.31; 2Pe 1.3-11).
A BÍBLIA COMO REVELAÇÃO DE DEUS
• Uma vez que a Bíblia se apresenta como a verdade revelada de Deus, deve ser
compreendida como obra sobrenatural deste.
INSPIRAÇÃO
• Para que a Bíblia chegasse aos dias atuais na forma como está, Deus se valeu de
autores humanos, que foram inspirados por Ele para a compilação dessa obra (1Ts
2.13). Inspirado significa soprado, exalado por Deus, ou seja, embora escrevendo
segundo seu próprio ponto de vista (Js 10.13), produziram obras segundo a
vontade de Deus.
ILUMINAÇÃO
• Ao passo que a inspiração foi a obra mediante a qual Deus usou homens para a
produção literária de sua revelação, a iluminação é o ministério do Espírito Santo,
que esclarece as verdades reveladas na Bíblia para seus leitores (Jo 16. 12-15). 
PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA O ESTUDO BÍBLICO

LEITURA
• Uma vez que a revelação de Deus foi registrada através da escrita, é imprescindível
que o cristão se dedique em aprimorar sua capacidade e seus hábitos de leitura.
• MEMORIZAÇÃO
• Quanto à memorização, o treino é o melhor caminho, pois cada pessoa tem uma forma
específica para conseguir decorar; algumas têm facilidade para lembrar o que ouvem,
de modo que, lendo em voz alta, obterão melhores resultados; outras pessoas lembram
melhor o que vêem, assim, marcar a Bíblia pode ajudar; os sensitivos, por sua vez,
podem optar por transcrever os textos.
• 1 - Nesse método isolamos uma palavra, uma frase ou uma ideia que
queremos pesquisar. Como exemplo podemos citar: Ressurreição,
perseverança¸ céu, a vida de dependência de Deus, etc.

• 2 - Aparentemente um versículo bíblico não contém muito material de


pesquisa. Mas quando começamos a meditar e trabalhar nele, verificamos
que há um mundo de ensinamentos e aplicações para a nossa vida. Nos
livros de Salmos e Provérbios, encontramos muitos versículos que podem
ser analisados.
• 3 - É o estudo de uma determinada passagem da Bíblia. Inicialmente, é
bom que o aluno procure trabalhar em textos mais fáceis, até ficar
experiente nessa tarefa.
• 4 - É o método que aborda cada livro da Bíblia como uma unidade,
procurando entender o seu sentido como um todo, fazendo as aplicações
apropriadas.
• Exemplo: Filemom, Ageu.

• 5 - É o estudo biográfico, onde a vida de um personagem bíblico é


pesquisada, verificando as informações históricas e o caráter deles.

1. Aliste os versículos que mencionam o personagem.


2. Leia em dicionários bíblicos, tudo sobre a vida dele, procurando subdividi-la em
blocos.
3. Selecione uma área da vida do autor que você quer enfatizar: sua comunhão com
Deus, suas fraquezas, sua origem.
6 - É o estudo de uma determinada doutrina, verificando as informações em
toda a Bíblia ou em parte dela, visando encontrar o verdadeiro sentido da
mesma na Bíblia ou no livro em estudo.

• Exemplo: A ressurreição dos mortos, eleição, perseverança dos santos,


condenação eterna.
DETALHES A SEREM OBSERVADAS ANTES
DE INICIAR UM ESTUDO BÍBLICO.
Coloque na mesa as ferramentas necessárias à pesquisa.
Comentários. O Novo Comentário da Bíblia – Vida Nova
Comentários da Série Cultura Bíblica – Mundo Cristão
Dicionários. O Novo dicionário da Bíblia – Vida Nova
Concordância.
Mapas. Atlas Vida Nova, da Bíblia e da história do Cristianismo.
Enciclopédias.
Livros sobre o contexto cultural. A vida diária nos tempos de Jesus – Vida
Nova
O Mundo do Antigo Testamento -Vida Nova
Diversas versões da Bíblia.
Bíblia On-Line
Ferramenta em CD, com inúmeras versões, comentários e mapa
ETAPAS A SEREM OBSERVADAS NO
ESTUDO BÍBLICO
• Para se fazer qualquer investigação bíblica, é necessário ter uma
metodologia de trabalho. Os métodos são os passos a serem dados na
pesquisa; é a forma de procedimento para se chegar a um determinado
fim.

• No nosso estudo vamos observar os seguintes passos:

• OBSERVAÇÃO INTERPRETAÇÃO APLICAÇÃO


• OBSERVAÇÃO
• Depois de escolhido a passagem bíblica e o método que será utilizado,
inicia-se a primeira etapa que é a observação.
• Nela devemos ler o texto várias vezes, em várias versões, fazendo suas
anotações. Para essa etapa, o estudante irá fazer algumas perguntas ao
texto até ficar bem familiarizado com a passagem.

Quem? O quê? Onde?


Quando? Por quê? Como?
• INTERPRETAÇÃO

• Em seguida entra a fase de Interpretação, que é a etapa intermediária


na confecção do estudo.

• Nela vamos usar as regras de interpretação, também chamada de


HERMENÊUTICA.

• Descobrir o que o autor estava querendo dizer com aquela passagem. A


fase de interpretação é de fundamental importância no estudo bíblico,
pois se ela estiver errada, a aplicação, fatalmente estará também errada.
• APLICAÇÃO

• Após as observações e correta interpretação do texto,


precisamos saber como as verdades e princípios bíblicos podem
ser aplicados em nossas vidas.

• O propósito da Bíblia não é aumentar o nosso conhecimento,


mas mudar as nossas vidas, o nosso caráter.
ETAPAS DO ESTUDO BÍBLICO

• Independente do método ou do propósito do estudo bíblico (seja uma


leitura corriqueira, a preparação de um sermão ou mesmo uma pesquisa de
nível acadêmico), existem três etapas fundamentais para a compreensão e
estudo de qualquer passagem bíblica:
• Observação: “O que diz o texto?”
• Interpretação: “O que significa essa passagem?”
• Aplicação: “Como usar o que o texto diz na vida cotidiana?”
OBSERVAÇÃO
• Por vezes, ao estudar determinada passagem bíblica, o estudante não
consegue extrair todo o conteúdo que esta contém, de maneira a pensar
que aquele texto não contém tantas informações relevantes. Porém, ao ler
um comentário ou ouvir uma preleção feitos por outra pessoa, fica
impressionado com o conteúdo que o autor ou preletor consegue obter
através de um bom estudo.

• Esta primeira etapa do estudo bíblico é a observação, na qual o


pesquisador se dedica a trazer à tona todo o conteúdo e a riqueza dos
detalhes da passagem que deseja estudar, a fim de extrair subsídios para as
demais etapas do estudo.
O TEMA DO ESTUDO
• Em primeiro lugar, devemos estar interessado na pesquisa que irá realizar,
caso contrário, desistirá ou realizará um trabalho superficial.

• O interesse pelo estudo de determinada passagem surge, muitas vezes, de uma


leitura descomprometida que o cristão faz por prazer, a fim de simplesmente
meditar em um trecho bíblico; disso surgem curiosidades e o desejo de
compreender melhor a amplitude da revelação de Deus naquela passagem.
• Outras vezes, um tema que gera polêmica ou dúvidas ao cristão e aos seus
irmãos o incentivam a pesquisar com interesse o assunto. De uma ou de outra
forma, a pesquisa será mais bem sucedida se partir de um interesse pessoal,
de um desejo sincero pelo assunto.
ANÁLISE DO TEXTO
• Identificação e anotação de quem são os personagens envolvidos no contexto,
como falante, ouvinte, escritor, destinatários. Quem?
• O que? O contexto em que a cena se desenvolve, o que está acontecendo e o que
os personagens estão dizendo.
• Onde? O lugar onde a cena acontece ou onde o autor de determinada epístola ou
livro se encontra no momento da composição, o lugar onde estão os destinatários.
• Quando? O momento em que a cena acontece e a relevância disso dentro do
contexto histórico.
• Por quê? Fatos que motivaram o acontecimento ou a composição da obra por
parte de seu autor ou do personagem central.
• Como? As maneiras como os acontecimentos se desenrolaram.
ESTRUTURA LITERÁRIA DO TEXTO
• Passo indispensável para uma observação completa é determinar a
estrutura literária do texto, pois a forma de interpretar será definida
por essa estrutura:

• Narrativa (Gn 6);


• Didática (Mt 5);
• Admoestação (Gl 1.6-12);
• Poesia (Salmos, Cântico dos Cânticos);
• Parábolas (Mt 13.3-19);
• Profecia (Isaías, Jeremias, Ezequiel);
• História (Josué);
• Sabedoria (Provérbios, Eclesiastes);
• Epistolas;
• Escatologia (Apocalipse).
• Perceba-se que um livro ou passagem pode estar inserido em mais
de um gênero literário ao mesmo tempo.
PALAVRAS-CHAVE
• Palavras cuja definição determina o significado de pontos cruciais da
passagem como um todo.
• Por exemplo, a palavra aliança (gr: diatheke) que aparece em Hb
12.24 significa “um contrato celebrado entre duas pessoas onde o
contratante estabelece as cláusulas e condições a serem aceitas pelo
contratado”.
• Jesus é o mediador desta nova aliança estabelecida entre Deus e
homens. A partir do momento em que tal aliança é feita por
iniciativa de Deus, as bênçãos relacionadas a ela serão desfrutadas
por todos quantos fizerem parte desta aliança.
INTERPRETAÇÃO

• Uma vez feita a observação, é necessário interpretar os textos em


análise.

• Para não cometer distorções e evitar possíveis erros, é necessária a


observação das regras hermenêuticas, ou seja, as regras de
interpretação do texto bíblico.
• A hermenêutica é a ciência, arte e técnica de interpretar corretamente
a Palavra de Deus. A regra fundamental da hermenêutica bíblica é:
A Escritura Sagrada interpreta a si mesma
• O primeiro a transgredir a regra mais básica da interpretação bíblica foi Satanás,
distorcendo o significado das palavras de Deus, omitindo parte do conteúdo
e citando apenas o que lhe convinha:

• “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o
SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse:
Não comereis de toda árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do
fruto das árvores do jardim comeremos, mas, do fruto da árvore que está no
meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que
não morrais. Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.
Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos
olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”. Gn 3.1-5
• Pedro ensina que nenhuma escritura é de particular interpretação (2Pe 1.20), ou seja, a
Bíblia interpreta a própria Bíblia. Partindo desta regra, há cinco regras básicas e
indispensáveis para a interpretação de todo e qualquer texto bíblico:

1.   Primeira Regra da Hermenêutica


• Enquanto for possível, é necessário tomar as palavras no seu sentido usual e ordinário.
• Os escritores bíblicos escreveram com o propósito de deixar uma mensagem clara ao
povo de Deus e ao mundo, usando palavras conhecidas pelo povo em geral da época
em que o texto foi escrito. Assim, devem-se interpretar as palavras no sentido simples
do que elas significam e do que elas significavam para os seus destinatários originais. 
• Exemplo:
“Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste:
ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes
do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares”. Sl 8.6-8.
• No texto anterior, as ovelhas seriam os crentes em Cristo e os peixes os
homens que precisam de evangelização? Esse é um tipo de erro comum
que pode ser evitado se a primeira regra for respeitada: Ovelhas são
ovelhas e peixes são peixes, simplesmente.
• Exemplo:
• “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te
convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo
lançado no inferno”. Mt 5.29
• É óbvio que Jesus não está sugerindo a automutilação, mas usando um
modo próprio de expressão do idioma original, enaltecendo a vantagem de
sacrificar algo valioso com o objetivo de obedecer à vontade de Deus –
ainda mais valiosa.
SEGUNDA REGRA DA HERMENÊUTICA
• É absolutamente necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto
da frase.
• É preciso questionar o pensamento do autor para determinar o sentido correto
que a palavra assume dentro de uma frase, pois, tanto na Bíblia quanto em
qualquer outra literatura, o sentido das palavras muda de acordo com a frase em
que estão inseridas.
• Por exemplo, o significado assumido pela palavra sangue nos diversos textos
bíblicos:
• Sangue = percepção humana:
• Mt 16.17: “Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas,
porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos
céus”.
• Sangue = pessoa:
• Mt 27.4: “Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos
importa? Isso é contigo”.
• Sangue = assassinato:
• Mt 27.6: “E os principais sacerdotes, tomando as moedas, disseram: Não é lícito
deitá-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue”.
• Sangue = culpa:
• Mt 27.25: “E o povo todo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre
nossos filhos!”.
• Sangue = sangue:
• Jo 19.34: “Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu
sangue e água”.
TERCEIRA REGRA DA HERMENÊUTICA
• É necessário tomar as palavras no sentido que indica o contexto, isto é, os versos
que precedem e seguem o texto que se estuda.
• Quando a frase ou versículo não são suficientes para definir o significado do
termo, deve-se recorrer aos versículos que antecedem ou sucedem o trecho
bíblico.
• Exemplo:
• Ef 3.4: “...pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do
mistério de Cristo”.
• Com base no trecho, é possível admitir que Paulo soubesse coisas a respeito de
Cristo que não registrou na Bíblia? Poderia o pregador deste texto incentivar os
ouvintes a orarem em busca da revelação deste mistério? A análise dos versículos
que antecedem e sucedem este trecho revela que não:
“Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós,
gentios, se é que tendes ouvido a respeito da dispensação da graça de Deus a
mim confiada para vós outros; pois, segundo uma revelação, me foi dado
conhecer o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente; pelo que,
quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do mistério de
Cristo, o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos
homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no
Espírito, a saber, que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo
e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho” Ef
3.1-6.

• O texto na íntegra revela que o mistério nada mais é do que a participação


dos gentios na Nova Aliança em contraste com a Antiga.
Exemplo

• Pv 8.17: “Eu amo os que me amam; os que de madrugada me procuram me


acham”.
• Com base neste texto, é possível afirmar que Deus não ama os pecadores?
• E quanto a dizer que Deus amou o mundo (Jo 3.16)?
• Ou o texto que diz que Deus é amor (1Jo 4.8)?
• Será que há limites para o amor de Deus?
• É verdade que Deus prefere as orações feitas de madrugada a outras em
qualquer outro horário?
• Veja-se o contexto:
• “Eu, a Sabedoria, habito com a prudência e disponho de conhecimentos e de
conselhos. O temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal; a soberba, a
arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu os aborreço.  Meu é o
conselho e a verdadeira sabedoria, eu sou o Entendimento, minha é a
fortaleza. Por meu intermédio, reinam os reis, e os príncipes decretam justiça.
Por meu intermédio, governam os príncipes, os nobres e todos os juízes da
terra. Eu amo os que me amam; os que de madrugada me procuram me
acham. Riquezas e honra estão comigo, bens duráveis e justiça”. Pv 8.12-18.

• O contexto revela que o texto se refere à sabedoria, que só ama os que a


amam e só é achada por aqueles que passam as madrugadas estudando e
meditando para adquiri-la. Deus ama a todos e ouve as orações realizadas em
qualquer hora e lugar.
• A regra do contexto não se limita aos versículos ou mesmo ao capítulo
que está sendo analisado, pois este pode não ser suficiente para esclarecer
o seu sentido.

• Assim, a regra do contexto é gradativa: Palavra – Frase – Capítulo – Livro


– Bíblia.

QUARTA REGRA DA HERMENÊUTICA

• É preciso tomar em consideração o desígnio ou objetivo do livro ou


passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras.
• Para compreender o desígnio ou objetivo do livro, é necessário estudá-lo e
analisá-lo exaustiva e minuciosamente, considerando a época e o contexto de
sua escrita.
• Algumas vezes o objetivo do livro está expresso em seu próprio texto: Pv 1.1-
4; Jo 20.31; 2Pe 3.2.
• Determinar o objetivo do livro elimina aparentes contradições e facilita o
exegeta a pensar como o escritor, olhando na mesma direção, facilitando a
interpretação.
QUINTA REGRA DA HERMENÊUTICA
• É indispensável consultar as passagens paralelas explicando as coisas
espirituais pelas espirituais.
• O intérprete deve consultar as passagens bíblicas que fazem referência umas às
outras, possuem alguma ligação entre si ou tratam do mesmo assunto. Há três
classes de paralelos:
• Paralelos de palavras

• Quando é feita uma busca de determinada palavra em outros textos para


explicar seu significado no texto estudado.

• Atos 13.22: “E, tendo tirado a este, levantou-lhes o rei Davi, do qual também,
dando testemunho, disse: Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu
coração, que fará toda a minha vontade”.

• Com base neste texto, é possível admitir que Deus aprovou todos os atos de
Davi? E quanto ao adultério, à poligamia, ao homicídio e outros erros que Davi
cometeu? Para solucionar esta dificuldade de interpretação é necessário fazer
uma consulta a outros textos bíblicos que falem a respeito de Davi.
• 1Sm 2.35: “Então, suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá
segundo o que tenho no coração e na mente; edificar-lhe-ei uma casa estável, e
andará ele diante do meu ungido para sempre”.
• Este texto mostra que Davi foi um homem segundo o coração de Deus em sua
missão de rei-sacerdote, a qual cumpriu muito bem. O texto de 1Samuel 13.14
confirma esta verdade.
• Paralelos de ideias
• Mt 16.18: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
• Com base neste texto, é possível admitir que o apóstolo Pedro é a pedra sobre a
qual a igreja está edificada? Não seria muito perigoso que Jesus tivesse
estruturado sua igreja sobre um homem, ainda que de Deus, limitado e sujeito a
errar? Uma análise a respeito dessa ideia - a pedra fundamental - esclarece a
questão.
• Em Mateus 21.42, Jesus é a pedra angular. Em Efésios 2.20,21, Jesus é a Pedra sobre
a qual os apóstolos, dos quais Pedro era um, trabalharam na edificação da igreja.
Paulo afirma em 1Co 3.10,11 que Jesus é o único fundamento e que outro não pode
ser posto. Por fim, o próprio Pedro diz em sua carta que Cristo é a Pedra.

• 1Pe 2.4-8: “Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens,
mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem,
sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. Pois isso está
na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela
crer não será, de modo algum, envergonhado. Para vós outros, portanto, os que
credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores
rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e rocha de
ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que
também foram postos”.
• Logo, a obscuridade e dificuldade de interpretação de um único texto isolado – Mateus
16.18 – são esclarecidas por inúmeros textos bíblicos que apontam Jesus como “a única
Pedra angular”.

• Paralelos de ensinos gerais

• Algumas questões de difícil interpretação devem ser analisadas de acordo com os ensinos
gerais da Bíblia.

• Por exemplo, Deus é descrito como Onisciente, Onipotente, Transcendente, Espírito


Perfeito, mas há textos que descrevem Deus com características de homem, limitando-o a
tempo, lugar, espaço, etc.
• Para compreender este tipo de aparente contradição, levam-se em consideração os ensinos
gerais da Bíblia que, apesar de ser uma obra inspirada por Deus, foi escrita para seres
humanos, e revela Deus de modo que os seres humanos o possam compreender.
• A esse fenômeno, a teologia chama antropomorfismo – Deus se revela com
aparência de homem e antropopatia – Deus se revela com sentimentos de
homem.

• Assim, quando há referência a Deus de maneira limitada, não se deve esquecer


que faz parte daquela passagem isolada, sendo o ensino geral o que deve
prevalecer para formulação de conceitos teológicos.
APLICAÇÃO
• “A Bíblia não foi dada para aumentar o nosso conhecimento, mas para
mudar a nossa vida”. D. L. Moody,

• A Bíblia Sagrada não é um livro de caráter informativo, mas útil para


transformar a vida do ser humano (Dt 32.46-47; Tg 1.22).
• Assim, ela deve servir para guiar a vida dos cristãos em todos os
momentos da vida cotidiana. O uso das observações devidamente
interpretadas na vida diária é a aplicação da Palavra de Deus.
• Para tanto, é necessário investigar o texto de forma prática, procurando
um exemplo a ser seguido, um pecado a ser evitado, um modelo de
oração, uma condição estabelecida por Deus, algum princípio a ser
assimilado, etc.

• Para isso é preciso ser específico, relacionando o texto com situações reais
da vida, sem generalizações, estabelecendo atitudes e um comportamento
que condiga com o texto aplicado.

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