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Uma introdução ao método histórico-


gramatical-teológico

Isaias Lobão1

1
Professor de história e teologia. Presbiteriano. Casado com Talita, é pai da Ana Clara e do Daniel. Gosta
de pamonha de sal e de músicas dos anos 70.
1

Sumário
Prefácio ........................................................................................................................... 2
Introdução ..................................................................................................................... 3
A necessidade da interpretação ......................................................................... 3
O que é exegese? ..................................................................................................... 6
Como lemos um texto ............................................................................................ 7
Autoridade Bíblica .................................................................................................. 8
Questionário ........................................................................................................... 10
As ferramentas .......................................................................................................... 11
Princípios exegéticos ................................................................................................ 12
1. Defina o texto. ................................................................................................... 13
1.1. Estabeleça os limites da passagem a ser estudada. .................... 13
1.2. Identifique o gênero literário. ............................................................... 13
2. Determine o contexto da perícope. ............................................................ 15
3. Estabeleça o texto original. .......................................................................... 16
3.1. Classificação das variantes textuais. ................................................ 17
3.2. O critério das evidências externas. .................................................... 17
3.3. O critério probabilidade intrínseca. ................................................... 17
3.4. O critério da probabilidade de transcrição...................................... 17
4. Compare as versões bíblicas. Faça anotações sobre o texto............. 18
4.1. Análise semântica.................................................................................... 19
4.2. Analise as palavras importantes. ....................................................... 20
5. Análise teológica. ............................................................................................. 22
6.Aplicação .............................................................................................................. 23
Prática de exegese..................................................................................................... 26
2

Prefácio

O pequeno manual que você tem em mãos pretende ser um roteiro


metodológico para confecção de um trabalho exegético. Seu propósito é
oferecer uma introdução básica ao campo da exegese, que é a
interpretação crítica e aprofundada de textos bíblicos.
É o resultado de muitos anos de experiência e de diversas
contribuições. A primeira versão foi elaborada para o curso de exegese
que ministrei na Faculdade Teológica das Assembleias de Deus (FATAD)
de Brasília em 2004. Desde então, ele vem sendo revisado e aprimorado
com base nas críticas e sugestões dos alunos e dos colegas que utilizaram
em sala de aula.
Depois, tive a oportunidade de ministrar a disciplina de exegese no
Seminário Presbiteriano de Brasília, entre 2009 e 2015. Também no
Seminário Teológico Batista Filadélfia no Guará, DF, entre 2010 e 2014.
Em Palmas, no Seminário Teológico Getsêmani e no Seminário Teológico
Adonai, entre 2014 e 2019.
Uma versão desta obra foi publicada no site Monergismo. E de lá,
alcançou um público maior. Chegando a ser adotado por outros
professores.
Um fato curioso. Em 2014, quando realizava meus estudos de
mestrado na Escola Superior de Teologia da Igreja Evangélica de
Confissão Luterana em São Leopoldo, RS, encontrei uma versão impressa
deste roteiro. A apostila circulava entre os estudantes como exemplo da
exegese histórico-gramatical para a disciplina de Metodologia Exegética.
E fui identificado por outros colegas como o autor da apostila. Alguns
brincaram. – Se tiver alguma dúvida, pergunte para o autor, ele está na
sala ao lado.
Acima de tudo, sou grato a Deus por me capacitar a conceber a
ideia desse opúsculo. Minha oração é que, de alguma forma, ele sirva
para edificar o Corpo de Cristo e manifestar ainda mais a glória de Deus.

Palmas, 8 de junho de 2023.


3

Introdução
A necessidade da interpretação

O leitor atento da Bíblia logo percebe que algumas partes podem


ser facilmente entendidas, enquanto outras permanecem obscuras. No
entanto, deve ser enfatizado que todas as coisas necessárias para nossa
salvação foram claramente expostas nas Escrituras. Ela é o fiel
testemunho de Deus que mostra quem Ele é e o que requer de nós.
A maior dificuldade se encontra nas inúmeras referências que
soam incompreensíveis para os leitores modernos. Existem palavras,
costumes, nações e cidades sobre as quais temos pouco ou nenhum
conhecimento.
Quando nos aproximamos da interpretação dos textos bíblicos, é
importante reconhecer que estamos distantes tanto temporal quanto
geograficamente dos lugares onde esses escritos foram produzidos. Isso
nos leva a considerar quatro aspectos cruciais.
Um livro escrito há muito tempo: A Bíblia é composta por livros
escritos ao longo de séculos, refletindo diferentes épocas e contextos
históricos. É essencial reconhecer a distância temporal entre nós e os
escritores bíblicos, pois isso implica que suas perspectivas e realidades
podem ser diferentes das nossas. Compreender o contexto histórico em
que cada livro foi escrito nos permite mergulhar na mentalidade e nas
circunstâncias dos escritores bíblicos.
Um livro escrito em outros lugares: A Bíblia foi escrita em várias
regiões geográficas, incluindo Israel, Mesopotâmia, Egito, Grécia e Roma.
Cada localização possui sua própria cultura, geografia e contexto social.
Conhecer os diferentes ambientes geográficos nos quais os textos bíblicos
foram produzidos ajuda-nos a apreciar as influências e as peculiaridades
desses lugares na compreensão dos escritos sagrados.
4

Um livro escrito em outras línguas: Os textos originais da Bíblia


foram escritos em hebraico, aramaico e grego. Para interpretar
corretamente os textos bíblicos, é fundamental considerar as nuances e
as peculiaridades linguísticas dessas línguas. Isso pode envolver o estudo
do vocabulário, da sintaxe, das expressões idiomáticas e das figuras de
linguagem específicas utilizadas pelos escritores bíblicos. Uma
compreensão sólida da linguagem original permite uma interpretação
mais precisa e abrangente.
Um livro escrito em outra cultura: A Bíblia reflete a cultura e os
costumes das sociedades antigas nas quais foi escrita. Cada livro tem
suas raízes em uma determinada cultura, com valores, tradições e
práticas que podem ser diferentes das nossas. A interpretação adequada
dos textos bíblicos requer uma imersão nas mentalidades culturais
desses tempos remotos, a fim de evitar interpretações anacrônicas ou
tendenciosas.
Ao considerarmos esses quatro aspectos - o distanciamento
temporal, geográfico, linguístico e cultural - Ao nos debruçarmos sobre a
interpretação dos textos bíblicos, é essencial considerar os quatro
aspectos mencionados: distanciamento temporal, geográfico, linguístico
e cultural. Cada um desses elementos desempenha um papel crucial na
compreensão adequada das Escrituras e nos ajuda a evitar
interpretações distorcidas.
O contexto literário é um fator determinante na interpretação
correta dos textos bíblicos. Cada livro da Bíblia possui um gênero literário
específico, como narrativa histórica, poesia, profecia ou epístola.
Reconhecer o estilo literário do texto em análise é fundamental, pois isso
afeta diretamente a forma como devemos interpretá-lo. Uma abordagem
inadequada a um determinado gênero pode levar a conclusões
equivocadas e uma compreensão distorcida das mensagens que os
escritores bíblicos pretendiam transmitir.
Além disso, o estudo da linguagem original em que o texto bíblico
foi escrito - hebraico, aramaico e grego - pode fornecer insights valiosos
para uma interpretação mais precisa. Explorar os significados das
5

palavras-chave, considerar a sintaxe e a gramática, bem como examinar


o uso de metáforas e figuras de linguagem, nos permite compreender o
texto em sua plenitude, captando as nuances e as intenções dos
escritores.
A coerência teológica é outro princípio essencial na interpretação
bíblica. A Bíblia é uma obra coesa, e a interpretação de um texto
específico deve estar em harmonia com o conjunto das Escrituras. Uma
interpretação correta não deve contradizer os princípios e os
ensinamentos gerais da Bíblia. Dessa forma, é fundamental considerar o
contexto teológico mais amplo ao interpretar um trecho específico,
garantindo assim uma compreensão consistente e alinhada com a
mensagem global da Palavra de Deus.
Enquanto apreciamos o contexto histórico-cultural, é importante
lembrar que, embora a Bíblia tenha sido escrita há muito tempo, seus
ensinamentos ainda são relevantes para os dias atuais. Compreender o
significado original do texto para o público da época é crucial, mas
também é essencial aplicá-lo de forma significativa e relevante à nossa
realidade. Isso requer um equilíbrio entre a compreensão histórica e a
aplicação contemporânea dos princípios bíblicos, permitindo que a
mensagem da Bíblia ressoe em nossa vida e experiência hoje.
Por fim, é indispensável reconhecer a necessidade da iluminação
do Espírito Santo na interpretação do texto bíblico. Como o autor divino
das Escrituras, o Espírito Santo desempenha um papel vital em nos guiar
na compreensão do significado mais profundo das Escrituras e em sua
aplicação em nossas vidas. Ao estudar a Bíblia, devemos buscar
constantemente a orientação do Espírito Santo, dependendo dele para
iluminar nossas mentes e corações.
Levar em conta todos esses princípios ao interpretar a Bíblia nos
capacita a mergulhar mais profundamente na Palavra de Deus, evitando
interpretações equivocadas e obtendo uma compreensão mais rica e
significativa de seus ensinamentos intemporais.
6

O que é exegese?

Exegese é um exame detalhado do texto bíblico. O prefixo ex (“fora


de, para fora ou de”) refere-se à ideia de que o intérprete está tentando
derivar seu entendimento do texto, em vez de ler seu significado no (“para
dentro”) texto (Eisegese). Vem de um verbo grego, exegeomai, que tem o
significado literal de “guiar para fora.”
É estudo do significado das palavras à luz do tempo e do lugar onde
originalmente foram escritas. Segundo Gordon D. Fee e Douglas K.
Stuart, exegese “é um estudo analítico completo de uma passagem
bíblica, feito de tal forma que se chega à sua interpretação útil.”2
Portanto, exegese é a busca da aplicação dos princípios de
interpretação para chegar-se a uma definição correta do texto (note a
ênfase). “A tarefa da exegese é explicar o significado de um texto conforme
o autor original queria que fosse compreendido.”3
Esta é uma posição comumente chamada de conservadora, mas eu
não me desculpo por isto. Sei que teólogos de diferentes confissões
cristãs, ao se posicionar ao lado dos pensadores modernistas,
contestariam esta definição. Porém, dado os limites deste trabalho, creio
que ela é suficiente.
Existem diversos métodos exegéticos, tais como: o alegórico, o
histórico-crítico, o estruturalista, o sêmio-discursivo, entre outros. Estes
métodos possuem qualidades que não podem ser negadas, contudo, não
devem ser adotados porque, ou são dependentes do racionalismo
(histórico-crítico, estruturalista), ou extremamente místicos (alegoria), ou
não se preocupam com o significado original, mas subjugam o texto ao
intérprete (sêmio-discursivo).
Por isso, a abordagem utilizada neste manual é o Método
Histórico-Gramatical-Teológico. Este método submete o texto bíblico à
análise racional quanto ao seu conteúdo, e literária quanto à sua

2
STUART, D. & FEE, GORDON D. Manual de Exegese Bíblica: Antigo e Novo Testamentos, p. 23.
3
Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, vol I, p. 64
7

composição. Parte dos pressupostos teológicos de inerrância, harmonia e


veracidade das Escrituras Sangradas.
Esta abordagem parte do pressuposto que a Bíblia é documento
inspirado por Deus e testemunha suas ações entre os homens,
conduzindo-os a salvação.

Como lemos um texto

O processo de leitura e interpretação de um texto é cíclico. Todo


leitor se aproxima de uma passagem da escritura com pressuposições,
(e.g. A Bíblia é infalível e inerrante) e comumente, com preconceitos
acerca de uma passagem ou doutrina da Escritura (e.g. a doutrina da
predestinação).
O quadro a seguir exemplifica o processo. 4

Portanto, o conceito que tivermos da Bíblia dependerá a nossa


crença ou não na veracidade do seu conteúdo. Se crermos que as
Escrituras são a única e infalível regra de fé e prática, por ser inspirada
por Deus, então não sobrará lugar para nossas próprias ideias e

4
Este quadro foi gentilmente cedido por Andrew S. Kulikovsky. E pode ser encontrado em
http://hermeneutics.kulikovskyonline.net/hermeneutics/hermeneutics.htm.
8

convicções. Tudo o de que precisaremos, para conhecer a verdade de


Deus, será interpretar corretamente o texto sagrado.
Porém, se entendermos que a Bíblia é apenas um livro humano,
escrito para expressar as experiências de pessoas que se relacionaram
com Deus, em diferentes tempos e situações, então estaremos livres para
formular nossas próprias ideias à luz das nossas experiências e
convicções. De nosso conceito das Escrituras, por conseguinte,
dependem a nossa fé e o nosso modo de viver.

Autoridade Bíblica

A questão da autoridade do texto bíblico é central para qualquer


metodologia exegética. A perspectiva cristã tradicional admite que a
Bíblia foi toda escrita debaixo da condução de Deus e que ela não contém
erros. É o documento inspirado por Deus, testemunha suas ações entre
os homens, conduzindo-os a salvação.
Os herdeiros da Reforma Protestante, afirmam sua crença na
Palavra de Deus. Como define a Confissão de Fé de Westminster (I.4):

A autoridade da Sagrada Escritura, razão pela qual deve ser crida e


obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas
provém inteiramente de Deus, sendo Ele mesmo a verdade e o seu autor. A
Escritura, portanto, tem que ser recebida, por ser a Palavra de Deus.

Deus é o autor supremo das Escrituras, se a sua revelação


pretende guiar-nos a um relacionamento com ele, e se ninguém conhece
a mente de Deus senão o seu próprio Espírito, então, devemos ser
espirituais, antes de podermos esperar entender as Escrituras em seu
sentido supremo e autêntico.
Especificamente sobre a interpretação bíblica, a Confissão ainda
afirma o seguinte:
A regra infalível de interpretação das Escrituras é a própria Escritura.
Portanto, sempre que houver dúvida quanto ao verdadeiro e pleno sentido de
qualquer passagem (sentido este que não é múltiplo, mas um único), essa
passagem deve ser examinada em confrontação com outras passagens, que falem
mais claramente.
9

Quero insistir num ponto, que a nossa condição espiritual tem tudo
a ver com a precisão de nossa exegese bíblica. Dessarte, a iluminação do
Espírito Santo é essencial para você encontrar o significado espiritual de
um texto.
Bruce K. Waltke, num artigo sobre exegese e a vida espiritual
afirma que o Espírito Santo exerce um papel essencial não apenas na
revelação da verdade, mas também em sua interpretação, e mais
especificamente na "correta exegese da Escritura Sagrada."
Segundo Waltke, há uma tendência entre educadores teológicos de
separar exegese de espiritualidade. Segundo ele "a exegese científica pode
determinar o sentido do texto, mas apenas o Espírito de Deus pode
internalizá-lo nos corações5”.
O estado espiritual do intérprete é um indicador preciso de sua
maneira de interpretar a Palavra de Deus. Sua pureza exegética é medida
a partir de como ele encara o texto bíblico. Se ele toma a Bíblia
meramente como um documento humano, passível de erro e crítica, é
possível que ele chegue a conclusões estranhas ao sentido original do
texto.
Porém, se ele busca com fervor a presença do Espírito Santo, com
maior probabilidade, ele terá a chance de apresentar um bom trabalho
de exegese. Quando a hermenêutica cristã tem como fundamento a
intervenção livre e sobrenatural de Deus na história, conforme revelado
nas Escrituras Sagradas, sempre será o vibrante cristianismo bíblico.
Creio que é impossível interpretar a Palavra de Deus corretamente
sem o ministério do Espírito, que testifica a verdade de que somos filhos
de Deus, que renova nossas mentes para que possamos entender as
coisas de Deus, e que transforma os nossos corações para que possamos
aprender a fazer apenas o que é agradável ao Pai.
Nossa tarefa, portanto, será a de estudar o registro da revelação de
Deus, conforme se encontra nas Escrituras, compreendendo

5
Bruce Waltke. Exegesis and spiritual life: Theology as spiritual formation, p. 28-30.
10

espiritualmente todo o seu contexto dentro de uma determinada


proposta, a exegese histórico-gramatical-teológica.

Questionário

1. Explique o que é exegese bíblica e por que é importante no estudo


das Escrituras. Como a exegese se diferencia da eisegese?
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2. Na exegese bíblica, existem várias abordagens interpretativas,


como a histórico-crítica, a teológica e a literária. Escolha uma
dessas abordagens e explique como ela influencia a interpretação
de um texto bíblico específico. Forneça um exemplo.
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3. O papel do intérprete na exegese bíblica é crucial. Discuta os


desafios éticos que os intérpretes podem enfrentar ao aplicar a
exegese em contextos contemporâneos. Como equilibrar a
fidelidade ao texto com a relevância para a sociedade atual?
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11

As ferramentas

Apresento aqui alguns princípios fundamentais para uma


compreensão aprimorada do texto bíblico. Embora não me detenha em
discussões de natureza epistemológica, meu foco reside na prática da
interpretação do texto sagrado. Os passos a seguir têm como objetivo
orientar o estudante na interpretação precisa do texto bíblico e foram
adaptados a partir dos trabalhos de Gordon D. Fee e Douglas K. Stuart.6
Para elaborar seu trabalho exegético, você precisa manusear várias
ferramentas. versões bíblicas e o texto hebraico do Antigo Testamento.
Eu recomendo, dentre muitas boas versões, a Almeida Revista e
Atualizada, Almeida Século 21, Nova Almeida Atualizada, a Nova Versão
Internacional, Nova Tradução na Linguagem de Hoje, a Nova Versão
Transformadora e a Almeida Revista e Corrigida.
O texto original do Antigo Testamento indicado para o nosso estudo
é o Texto Massorético, representado pela Biblia Hebraica Stuttgartensia
(BHS) editada pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Trata-se da reprodução
crítica do Códice de Leningrado, conhecido pela sigla L, que foi escrito em
1008 d.C. e contém todo o Antigo Testamento.
A BHS compõe-se de quatro partes principais: (1) texto bíblico em
hebraico e aramaico; o aparato massorético referente à Massora Magna;
a Massora Parva e o aparato crítico moderno. Massoras são anotações
nas margens laterais ou entre colunas, compilada por escribas e
estudiosos judeus.
Outra opção para o estudo exegético é o Antigo Testamento
Interlinear Hebraico-Português. Trata-se de uma coleção de quatro
volumes contendo uma tradução literal do texto original hebraico e
aramaico para o português. Publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil,
foi traduzido pelo Dr. Edson de Faria Francisco.

6
STUART, D. & FEE, G. D. Manual de Exegese Bíblica: Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Vida
Nova, 2008.
12

Para um resumo da história do texto do Antigo Testamento,


recomenda-se o livro O texto do Antigo Testamento de autoria de
Alexander Achilles Fischer, publicado pela Sociedade Bíblica do Brasil. O
livro descreve as traduções antigas e introduz o leitor à ciência da crítica
textual. Além disso, trata do texto Massorético, dos rolos do Mar Morto,
do texto samaritano e da Septuaginta, bem como de outras traduções
antigas. Além de discutir sobre os objetivos da crítica textual e mostrar
como se faz essa crítica, com vários exemplos práticos.

Princípios exegéticos

Apresento aqui alguns princípios para a melhor compreensão de


um texto bíblico. Pretendo me focar na prática da interpretação.
Os passos seguintes devem orientar o estudante a interpretar
acuradamente o texto bíblico.
Para aprofundamento deste conteúdo, indico as seguintes obras:
CARSON, Donald A. Os perigos da interpretação bíblica. São
Paulo: Vida Nova, 2001.
FEE, Gordon D. & STUART, Douglas. Manual de exegese bíblica:
antigo e novo testamento. São Paulo: Vida Nova, 2008.
HILL, Andrew E. & WALTON, John H. Panorama do antigo
testamento. São Paulo: Vida Acadêmica, 2005.
LONGMAN III, Tremper. Lendo a Bíblia com o coração e a mente.
São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e seus intérpretes: uma
breve história da interpretação. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
KAISER, Walter. Documentos do antigo testamento: sua
relevância e confiabilidade. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
PRATT Jr, Richard L. Ele nos deu histórias: um guia completo
para a interpretação de histórias do Antigo Testamento. São Paulo:
Cultura Cristã, 2005.
OSBORNE, Grant. R. A espiral hermenêutica: uma nova
abordagem à interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009.
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1. Defina o texto.
1.1. Estabeleça os limites da passagem a ser estudada.

Delimitar um texto bíblico é procurar sua extensão, isto é, seus


limites. A ciência bíblica denomina um texto completo, que possui
começo, meio e fim de Perícope.
Um importante auxílio para a delimitação do texto são as versões
mais modernas, como a Nova Versão Internacional, Nova Tradução na
Linguagem de Hoje e a Nova Versão Transformadora, que estruturam o
texto em forma de parágrafos e não versículos, como nas Bíblias
tradicionais. Outra dica, muitas Bíblias de estudo já apresentam ideias
para as divisões de parágrafos.
Mas, lembre-se, você deve estabelecer a perícope.
Aponte para as divisões naturais do texto, que são os parágrafos e
as sentenças. Indique os conectivos dos parágrafos e mostre como eles
podem auxiliar na compreensão do pensamento do autor.
Depois de delimitar o texto, leia-o em voz alta e em espírito de
oração, comparando-o com versões bíblicas diferentes para obter uma
maior compreensão de seu conteúdo. Inicie sua leitura com as traduções
mais literais (Almeida Revista e Atualizada, Século 21, Nova Almeida
Atualizada), depois passe para mais contemporâneas (NVI, NVT e NTLH).

1.2. Identifique o gênero literário.

Gênero literário é o conjunto de literatura que apresenta


homogeneidade de estilo, de formas, de técnicas (poesia ou prosa), de
procedimentos narrativos, de finalidade etc. A identificação do gênero é
indispensável para colher-se a intenção do autor e a relação entre a
expressão literal e o seu conteúdo.
O gênero literário aplica-se tanto aos grandes conjuntos literários
(como, por exemplo, o livro de Salmos como a unidade menores (como,
por exemplo, uma narrativa de milagres).
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Dentro da rica variedade de tipos literários presentes na Bíblia,


podemos identificar diversos gêneros literários proeminentes no Antigo
Testamento. Estes incluem:
Narrativa: Essa é a forma mais comum de literatura no Antigo
Testamento e inclui histórias como a criação do mundo em Gênesis, as
narrativas patriarcais, a história de Israel no Egito, o Êxodo, a conquista
de Canaã e as histórias dos reis de Israel e Judá.
Poesia: A poesia é um gênero literário proeminente no Antigo
Testamento e é encontrada em livros como os Salmos, Provérbios, Jó e
Cantares de Salomão. Esses textos poéticos exploram temas como louvor,
sabedoria, sofrimento e amor.
Profecia: Os livros dos profetas, como Isaías, Jeremias, Ezequiel e
os Doze Profetas Menores, contêm profecias e mensagens direcionadas
ao povo de Israel e às nações vizinhas. Esses textos muitas vezes incluem
oráculos, visões e discursos.
Leis e Mandamentos: Os livros de Êxodo, Levítico e Deuteronômio
contêm leis e mandamentos dados por Deus a Moisés no Monte Sinai.
Eles estabelecem as bases da lei judaica e regulamentam vários aspectos
da vida religiosa, moral e social de Israel.
História: Além das narrativas, o Antigo Testamento também
contém livros que têm um caráter histórico, como Josué, Juízes, Samuel
e Reis. Esses livros registram eventos históricos e a história dos líderes e
reis de Israel.
Profecia Apocalíptica: Alguns livros, como Daniel e partes de
Ezequiel e Zacarias, contêm elementos de profecia apocalíptica, que
descrevem visões e revelações sobre o futuro e o fim dos tempos.
Lamentações: O livro de Lamentações é uma coleção de poemas
de lamento que expressam a tristeza e o pesar pela destruição de
Jerusalém e do Templo.
Literatura de Sabedoria: Além dos Provérbios, a literatura de
sabedoria inclui o livro de Jó e Eclesiastes. Esses textos exploram
questões filosóficas, éticas e existenciais.
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Hinos e Cânticos: Além dos Salmos, há hinos e cânticos em outros


livros, como o cântico de Moisés em Êxodo 15 e o cântico de Ana em 1
Samuel 2.

2. Determine o contexto da perícope.

Sem dúvida alguma, discernir o contexto de um texto bíblico é de


suma importância na hora de interpretá-lo. Você não pode começar sua
exegese sem conhecer o contexto da perícope escolhida para sua análise.
A ênfase sobre a importância deste passo interpretativo não será
nunca um exagero. Quem inventou o ditado "texto fora do contexto é
pretexto" tinha toda a razão.
A verdade é que muitas doutrinas, práticas e distorções de ensino
têm sua base no menosprezo deste passo. Portanto, a primeira coisa a
fazer ao estudar uma passagem bíblica é a procura dos contextos. São
em número de três. (1) contexto imediato anterior, (2) contexto imediato
posterior e (3) contexto amplo.
Você deve lembrar que todos os livros que compõe a Bíblia foram
escritos em contextos históricos específicos, e dentre as perguntas mais
importantes que necessitamos fazer, estão às perguntas de contexto
histórico.
Seja cuidadoso na busca das melhores fontes sobre o “mundo”
bíblico. Para isto busque informações na literatura especializada.
(Introduções, Dicionários Bíblicos, notas explicativas de Bíblias de estudo
e comentários bíblicos).
Busque ajuda no material de referência para saber a aplicação
original de determinada passagem. Esteja atento com os estudos
sociológicos e culturais. Avalie o significado destes dados para o
entendimento da passagem. Entenda os detalhes relacionados com a
audiência primitiva.
Alguns livros que podem ajudar nesse trabalho:

ARCHER JR, Gleason L. Panorama do Antigo Testamento. São


Paulo: Vida Nova, 2008.
16

BROWN, R. Entendendo o Antigo Testamento. São Paulo: Shedd,


2004.
COLEMANN, W. L. Manual dos tempos e Costumes Bíblicos.
Venda Nova: Betânia, 1991.
DILLARD, R. B & LONGMANN III, T. Introdução ao Antigo
Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2006.
DOCKERY, David S. (ed). Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo:
Vida Nova, 2001.
DOUGLAS, J.D. (org). O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo:
Vida Nova, 1995.
GOWER, Ralph. Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. Rio de
Janeiro: CPAD, 2002.
HILL, Andrew. E. & WALTON, John. H. Panorama do Antigo
Testamento. São Paulo: Vida, 2006.
LASOR, W. S, HUBBARD, D. A. & BUSH, F. W. Introdução ao
Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1999.

3. Estabeleça o texto original.

Você deve aprender alguns conceitos básicos sobre a crítica


textual, para conseguir classificar as variantes textuais do parágrafo ou
perícope que você escolheu para estudar. Sem dúvida, esta é uma das
partes mais complicadas de sua tarefa exegética.
Crítica textual é a ciência que procura restabelecer o texto original
de um trabalho escrito cujo autógrafo não mais exista. Sua aplicação é
extensível a qualquer peça de literatura cujo texto original tenha sido
eventualmente alterado no processo de cópia e recópia, sobretudo antes
da imprensa no século XV. O objetivo principal é restaurar o texto original
na base das copias que chegaram até nós provendo a correta leitura e
interpretação do texto.
É requerido de você, não só o conhecimento da linguagem, mas
também informações sobre os manuscritos (tipos e versões),
características literárias e teológicas de cada escritor, bem como as
17

tendências que os copistas assumiam no seu encargo na transmissão do


texto bíblico.

3.1. Classificação das variantes textuais.

Para a reconstituição do texto original as variantes textuais devem


ser julgadas dentro de três critérios: (1) O critério das evidências
externas. (2) O critério probabilidade intrínseca. (3) O critério da
probabilidade de transcrição.

3.2. O critério das evidências externas.

As evidências externas são os manuscritos mais antigos e


confiáveis atestados por diversos testemunhos, tais como, as citações da
Septuginta e dos Manuscritos do Mar Morto, antigas versões, outras
famílias de manuscritos e a distribuição geográfica dos textos.

3.3. O critério probabilidade intrínseca.

Este critério está baseado no estilo e vocabulário do autor através


do livro. Você também deve prestar bastante atenção no contexto
imediato anterior e posterior, na teologia conhecida do livro, nas
passagens paralelas em outros livros.

3.4. O critério da probabilidade de transcrição.

Ao analisar as variantes pela forma como eram transmitidos os


textos antigos, chega-se aos seguintes critérios. (1) A leitura mais difícil
deve ser preferida, porque a tendência dos copistas era de facilitar a
leitura. (2) A diferença nas passagens paralelas, este critério é usado
especialmente nos Evangelhos. Porque a tendência dos copistas era de
harmonizar as passagens paralelas. (3) A leitura mais curta sempre é
preferível, porque a tendência dos copistas era de acrescentar detalhes.
(4) Deve-se escolher a variante que melhor se harmonize com o livro em
questão. (5) Escolha a leitura que melhor explique a origem das outras
variantes textuais.
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Para maiores informações sobre o texto do Antigo Testamento,


recomenda-se o estudo do livro Manual da Bíblia Hebraica: Introdução
ao Texto Massorético. Guia Introdutório para a Bíblia Hebraica
Stuttgartensia (3ª edição Revisada e Ampliada) do professor Edson de
Faria Francisco, editado pela editora Vida Nova.

4. Compare as versões bíblicas. Faça anotações sobre o


texto.

Faça uma comparação entre as versões bíblicas disponíveis. Anote


as peculiaridades do texto: as palavras que se repetem, os contrastes, as
sequências, as conclusões, as perguntas e as teses propostas pelo autor.
Faça uma descrição sumarizada da mensagem do texto escolhido.
Portanto, você deve estar atento para os seguintes fatores:
(1) Comparação ou contraste. Onde duas ou mais ideias que são
desenvolvidas no texto, alternando os argumentos, de acordo com a
similaridade ou ampliando os diferentes argumentos. (2) Repetição de
palavras. Note bem os termos especiais e construções gramaticais que se
repetem no texto, eles são muito importantes. (3). Progressão. Um claro
movimento em direção a um alvo através de uma sequência lógica de
ideias. O ponto culminante desta progressão é o clímax. (4)
Generalização. Onde o autor constrói o seu argumento, vindo de ideias
particulares para explicar a ideia geral. (5) Causa e efeito. Preste atenção
na argumentação que é orientada pelas causas de uma ação ou atitude
indo para os efeitos produzidos por essas atitudes. (6) Clímax. Preste
atenção para os argumentos de conclusão, onde as palavras são
colocadas com cuidado.
Localize os principais blocos de argumentos e mostre como se
encaixam num todo coerente. A sua busca é para determinar a intenção
do autor – o que ele tencionou comunicar aos primeiros leitores. Você
precisa distinguir entre os detalhes incidentais e o tema principal da
passagem escolhida para análise.
Por vezes, a ideia expressa pelo autor não é tão clara e óbvia. Seus
argumentos podem estar escondidos na estrutura do texto. Um bom
19

exemplo desta dificuldade é a argumentação que utiliza a estrutura


temática conhecida como Quiasmo.
Um quiasmo (vem do grego e significa fazer uma marca com o X) é
uma forma literária que tem como seu traço mais óbvio um paralelismo
invertido.
Dois ou mais termos, frases, ou ideias são expressas e então
repetidas em ordem inversa. Uma comum e importante variação desta
forma simples ocorre quando o quiasmo tem um número ímpar de partes.
Nesse caso, o elemento solitário pode ser o centro do quiasmo separando
os elementos paralelos.
Um exemplo do AT é encontrado em Amós 5.4b-6a:
A. Buscai me e vivei;
B. Porém busqueis a Betel
C. nem venhais a Gilgal
D. nem passeis a Berseba;
C'. porque Gilgal certamente será levada cativa,
B'. e Betel será desfeita em nada.
A'. Buscai ao Senhor e vivei.
Note como a linha D fica ao centro e não é repetida; ela marca a
transição para os elementos paralelos que se seguem.
É importante notar que quiasmos ajudam o intérprete a delinear
unidades de pensamento. Identificar um quiasmo pode mostrar ao
intérprete onde um ensino ou argumento se inicia e onde termina. Pode
mostrar ao estudante da escritura exatamente qual unidade deveria ser
o tópico para a interpretação.

4.1. Análise semântica.

O exegeta busca neste passo o entendimento do sentido do texto


através da sua sintaxe. Você deve estar atento para os seguintes fatores:
(1) Sinônimos. São palavras que têm o mesmo significado,
geralmente utilizadas para variar o uso dos termos no texto, porém,
podem ser usadas para enfatizar um argumento. (2). Campos
semânticos. São palavras que mesmo não sendo sinônimas estão
20

relacionadas. (3) Antônimos. São palavras que têm significados opostos.


São muito utilizadas para fortalecer as argumentações e defesas de
doutrinas. (4) Termos cognatos. Aqui não se trata de sinônimos, mas de
termos que tem o mesmo significado e são usadas alternadamente como
parte da argumentação. (5) Frequência das palavras. Quanto mais a
palavra aparecer no texto, maior será a probabilidade de ser um termo
importante para o entendimento da intenção do autor. (6) Reversões.
Atenção com as frases ou termos que substituem outros com ideias
contrárias.

4.2. Analise as palavras importantes.

Em seguida, aperfeiçoe a perícope que você irá analisar. Busque


as definições dos termos principais do texto. Conte com a ajuda de um
bom dicionário hebraico.
Busque o significado dessas palavras dentro do contexto da
passagem analisada. Analise o contexto profundamente e determine o
melhor significado exegético da palavra dentro da passagem.
Isole as palavras e cláusulas que requeiram decisões gramaticais
entre duas ou mais opções. Isole as palavras que necessitam de um
estudo especial, faça uma lista provisória das dificuldades exegéticas
encontradas no texto.
Determine o significado exato de cada palavra básica, com sua
origem, seu desenvolvimento, seu uso e seu significado bíblico e cultural
e seu uso pelo autor e no restante do testemunho bíblico.
Seguem dois exemplos, um estudo de palavras do Antigo
Testamento e outro do Novo Testamento:
Nas versões bíblicas em português, as palavras arrependimento e

arrepender-se, são traduzidos de dois vocábulos hebraicos,  e .


Como traduções da raiz hebraica , essas palavras são

frequentemente aplicadas a Deus.


21

O termo mais frequentemente aplicado para denotar o

arrependimento humano não é , mas antes, , que significa girar
ou retornar, e á aplicado ao tornar do pecado para voltar-se para Deus.

Deus é imutável e não pode arrepender-se () como o homem.


Seu ser é imutável porque Nele não há progresso, nem retrocesso algum.
O salmo 102:25-27 assim declara: “No princípio firmaste os
fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas mãos. Eles perecerão,
mas tu permanecerás; envelhecerão como vestimentas. Como roupas tu
os trocarás e serão jogados fora. Mas tu permaneces o mesmo, e os teus
dias jamais terão fim”.

A raiz  reflete em sua origem a idéia de “respirar

profundamente” e por conseguinte a manifestação física da pessoa,


geralmente tristeza, compaixão ou pena.
Quando a Bíblia fala no arrependimento de Deus (Gn 6.6-7; Ex
32.14; Jz 2.18; I Sm 15.11) significa dizer que Deus abranda ou muda
sua maneira de lidar com os homens de acordo com seus propósitos
soberanos.
Chama-se isto na teologia de antropopatismo, isto é, atitudes e
ações humanas que são atribuídas a Deus. A partir da perspectiva
humana a única expressão que se tem é de os propósitos divinos
mudarem.
“Se em algum momento eu decretar que uma nação ou um reino
seja arrancado, despedaçado e arruinado, e se esta nação que eu adverti
converter-se de sua perversidade, então eu me arrependerei e não trarei
sobre ela a desgraça que eu tinha planejado. E, se noutra ocasião eu
decretar que uma nação ou um reino seja edificado e plantado, e se ele
fizer o que reprovo e não me obedecer, então me arrependerei do bem que
eu pretendia fazer em favor dele (Jr. 18.7-10).
O texto que alistei acima é contundente em afirmar de que, da
perspectiva divina, o cumprimento da maior parte das profecias está
condicionada à reação positiva por parte dos homens.
22

Obras recomendadas:
CARDOSO PINTO, Carlos Osvaldo. Fundamentos para Exegese
do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2002.
CHISHOLM, Robert B. Da exegese à exposição: Guia prático para
o uso do hebraico bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2016.
VANGEMEREN, Willem A. Novo dicionário internacional de
teologia e exegese do Antigo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã,
2011.
VINE, W.E., UNGER Merril F., WHITE Jr, Willian. Dicionário Vine:
O significado exegético das palavras do Antigo e do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
WALTKE, Bruce. Introdução à sintaxe do hebraico bíblico. São
Paulo: Cultura Cristã, 2006.

5. Análise teológica.

O método adotado neste opúsculo é chamado de histórico-


gramatical-teológico por uma razão específica. A teologia ocupa um
importante espaço na interpretação bíblica.
Como foi visto anteriormente, as pressuposições do intérprete
influenciam suas decisões. Não existe exegese sem pressuposições.
Devemos analisar a Escritura com seriedade acadêmica, erudição,
conhecimento profundo das línguas originais, mas com devoção,
espiritualidade e compromisso com aplicação da mensagem.
A análise teológica pergunta: “De que modo esta passagem se
encaixa no plano total da revelação de Deus?” Antes de responder esta
pergunta, devemos ter uma compreensão do padrão da história da
revelação.
A Bíblia tem uma mensagem unificada e completa. Mesmo tendo
dezenas de autores que levaram milhares de anos para terminar sua
obra. Existe um tema central unificador da teologia bíblica que une as
diversas partes do texto, apresentando uma ideia teológica geral.
23

Este tema unificador estende-se do Antigo Testamento para o Novo


Testamento, passando por três conceitos chaves: Reino, Pacto e
Mediador.
De acordo com esses conceitos, o Reino apresenta a ideia de um
Senhor soberano que domina do seu trono sobre todas as coisas. O Pacto
é o instrumento de administração desse Reino, estabelecido com o
homem pelo Senhor, de forma unilateral, na criação.
Ele trata do relacionamento do homem com o universo (mandato
cultural), do relacionamento do homem com os demais seres humanos
(mandato social) e do relacionamento do homem com Deus (mandato
espiritual). O Mediador é o agente na administração do Pacto.
O plano da redenção toma a forma de um pacto. Deus tem um povo
que é representado pelos crentes da era do Antigo Testamento e do Novo
Testamento, para o qual ele tem um plano em todas as eras desde Adão:
reunir esse povo em um só corpo. Deus se faz conhecido nesta relação
pactual.
A teologia do pacto é uma abordagem do entendimento das
Escrituras – uma abordagem que tenta explicar biblicamente a unidade
da revelação bíblica.

Se você quiser ampliar seus conhecimentos sugiro a leitura dos


seguintes livros: (1) O Cristo dos Pactos, O. Palmer Robertson. (2)
Revelação Messiânica no Antigo Testamento, Gehard von Groningen;
ambos publicados pela Editora Cultura Cristã.

6.Aplicação

Apresento a seguir as regras para aplicação da mensagem bíblica.


Pois, é dever do crente aprofundar-se nas Escrituras, confirmar-se em
suas verdades e familiarizar-se com elas para seu próprio proveito e para
poder iluminar aos que as contradizem.
Aconselha-se que, a partir deste ponto, o exegeta apresente um
esboço homilético da passagem analisada. Não é necessário preencher
24

todos os passos que compõem um sermão, mas três, dois cinco devem
ser preenchidos. Apenas para ser mais claro, os cinco itens que
constituem um sermão são:

a) Introdução – trata-se do passo homilético no qual o pregador

apresenta o conteúdo de sua prédica de modo direto (cujo

relacionamento com o tema é explícito), indireto (cujo

relacionamento com o tema é velado ou implícito) e abrupto

(vai direto ao documento ou seção do texto). O objetivo da

introdução é captar a atenção dos ouvintes e inserir a

temática que se quer trabalhar no sermão.

b) Narração/explicação – numa frase pode-se afirmar que a

narração é o tópico no qual se situa o texto dentro do seu

contexto. Explica-se ao ouvinte nuances do texto bem como

esclarece o texto para que os ouvintes se situem melhor na

passagem a ser pregada. Todas as informações úteis e

pertinentes ao sermão e que levem a apresentação do tema

são tratados aqui.

c) Tema – é o sermão sintetizado. Tudo quanto se quer ou vai

ser trabalhado no sermão está resumido e condensado no

tema. Ele deve ser breve, objetivo e ao mesmo tempo

completo. Ele não pode fugir daquilo que é a mensagem

central do texto.

d) Argumentos – são o desenvolvimento do tema. Eles devem

ser progressivos, não repetitivos, co-extensos com o tema, ou

seja, devem ter pertinência com o tema ao mesmo tempo que


25

o desenvolve ou responde. O mínimo de argumentos são dois

e o máximo são cinco. Bons argumentos explicam ou texto,

aplicam-no e quando necessário, ilustram-nos.

e) Conclusão. Todo o sermão deve ser pregado com o objetivo

de produzir decisões nos ouvintes. Nesta parte pode-se

recapitular todos os argumentos e o tema; pode-se desafiar

os ouvintes a tomar uma postura positiva frente ao que foi

proclamado; pode-se, também, mostrar as implicações de se

rejeitar ou abraçar as proposições da palavra de Deus.

Desses itens que compõem o sermão a narração, o tema e os

argumentos devem ser explicitados no item do trabalho exegético

denominado “esboço homilético”. A narração porque boa parte da

pesquisa exegética desemboca nesta parte do sermão.

O tema porque um bom sermão deve ser extraído do texto a ser

pregado. E os argumentos porque nenhum sermão verdadeiramente

expositivo prescinde de informações e exame exegético minucioso do

texto.

-*-*-*-*-*-*-*-*-*-
26

Prática de exegese
Nesta seção, optei por apresentar vários exemplos de exegese.
Cada um representa um dos passos do método.

Definição de palavras e nomes


Para ilustrar isso, vejamos o primeiro capítulo do livro de Rute. O
significado dos nomes também é encontrado na Bíblia de estudos Shedd,
publicada pela Edições Vida Nova.
Este capítulo é uma narrativa cativante que nos convida a uma
análise mais profunda. Uma característica notável que imediatamente
chama a atenção do leitor é a abundância de nomes mencionados ao
longo do texto. Entre esses nomes, encontramos uma variedade de nomes
masculinos, embora muitos desses homens não desempenhem um papel
ativo na história. Por outro lado, há uma presença marcante dos nomes
das mulheres, e são elas que desempenham papéis centrais na narrativa.
Além disso, não podemos deixar de notar a inclusão de nomes de lugares,
que também desempenham um papel significativo na história. Para uma
análise mais detalhada, vamos listar os nomes das pessoas e dos lugares
que são mencionados neste intrigante capítulo 1.
A enumeração dos nomes nos proporciona uma visão valiosa sobre
a complexidade e a riqueza desse texto bíblico. Através da exegese
cuidadosa, podemos examinar como esses nomes estão interconectados
e como eles contribuem para o desenvolvimento da história de Rute. Isso
nos leva a uma apreciação mais profunda do contexto cultural e histórico
em que essa narrativa se desenrola, bem como da importância simbólica
que esses nomes podem ter dentro da trama.
Conduzir uma análise minuciosa dos nomes em Rute 1 não apenas
enriquece nossa compreensão da narrativa, mas também nos permite
explorar os temas subjacentes e as implicações teológicas presentes no
texto. Por meio dessa abordagem exegética, podemos desvendar camadas
de significado e interpretação que, de outra forma, poderiam passar
despercebidas em uma leitura superficial.
27

Vamos listar os nomes que encontramos nesta história intrigante:


Belém de Judá, um lugar que significa "Casa de Pão".
Moabe, um país situado ao leste do Mar Morto, cuja origem
remonta a uma história complexa, uma vez que Moabe era filho de uma
relação incestuosa entre Ló e uma de suas filhas (Gn 19.37).
Elimeleque, um nome com um significado profundo, que traduz
"Meu Deus é rei".
Noemi, um nome que ressoa com graça e graça, significando
"Graça" ou "Graciosa".
Malom, cujo significado evoca "Doença".
Quiliom, que carrega a conotação de "Fraqueza".
Orfa, um nome que se associa a "Costas".
Rute, um nome cheio de calor humano, que se traduz como
"Amiga".
Mara, que simboliza "Amarga" ou "Amargura".
Agora, analisando a forma como o autor habilmente constrói essa
narrativa cheia de significados simbólicos:
A história começa em Belém de Judá, o "Casa de Pão", mas em vez
de abundância, há fome na Casa de Pão. O protagonista masculino,
Elimeleque, cujo nome proclama "Meu Deus é rei", não sobrevive para
governar, pois morre em meio à escassez. Malom, que carrega o peso do
nome que significa "Doença", e Quiliom, sugerindo "Fraqueza", também
partem desta vida.
Noemi, cujo nome é um tributo à "Graça" e à "Graciosidade",
enfrenta uma reviravolta cruel, tornando-se "Mara", amargurada pela
perda. Ficam apenas a amargura e suas duas noras, que, ironicamente,
também carregam nomes sugestivos: Orfa, que, em certo ponto, vira as
"Costas", retornando ao seu passado, enquanto Rute permanece,
verdadeira "Amiga".
Mas a história guarda surpresas, introduzindo Boaz, cujo nome
promete que "Nele é fortalecido". E Rute, a "Amiga", dá à luz a Obede,
cujo nome significa "Servo". Este servo se torna a âncora de esperança e
consolo para Noemi na sua velhice (Rt 4.15).
28

Observa-se que o uso de nomes com significados profundos


enriquece a narrativa, revelando não apenas os eventos, mas também as
transformações e destinos dos personagens de forma simbólica e poética,
tornando a história de Rute ainda mais profunda e significativa. Esses
nomes desempenham um papel crucial na construção do significado da
narrativa.

Estabeleça os limites da passagem a ser estudada.


Vejamos um exemplo, o Salmo 23. O conteúdo do texto ajuda a
estruturá-lo. O Salmo 23 apresenta o seguinte título na ARA: O Senhor é
o meu pastor.
Este título é decorrente da primeira linha do Salmo. No entanto,
não condiz com o conteúdo total do texto. Se observarmos com mais
atenção, percebemos que a imagem do Pastor ocupa metade do Salmo,
isto é, os vv.1-4. Todas as declarações fazem sentido à declaração do v.1
"O Senhor é o meu pastor". Já a outra metade, isto é, vv.5-6, não diz
respeito à figura de um pastor. Vejas as incoerências de se aplicar o
conteúdo dessa segunda metade a uma ovelha: "Preparas-me uma mesa
na presença dos meus adversários". Desde quando ovelhas comem à
mesa? Quem são os adversários das ovelhas? Os lobos? "Unges-me a
cabeça com óleo, meu cálice transborda". Ungir cabeça com óleo? Que
diferença faz isso para uma ovelha? Ovelha bebe em cálice?
Só com essas observações percebe-se que a figura da segunda parte
mudou. Nessa segunda parte o Senhor é descrito como um anfitrião. Para
iluminar esse entendimento, vejamos Lucas 7.36-50. Jesus foi convidado
para um banquete na casa de um fariseu, Simão (vv.36,40). Jesus se
queixa de que não foi bem recebido pelo anfitrião, pois este não lhe deu
"águas para os pés" (v.44), "beijo na face" (v.45), "nem ungiste-me a
cabeça com óleo" (v.46).
Vemos aí a tríplice atitude de um bom anfitrião do mundo
palestinense. No Salmo 23 a segunda parte diz respeito justamente a isso,
tanto é que no final do Salmo (v.6), o hóspede passa a morar na casa do
anfitrião: "e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre".
29

É muito mais fácil isso do que forçar o texto e fazer a ovelha sentar-
se à mesa, ser ungida, e beber vinho. A segmentação ajudou a estruturar
o texto. A estrutura do texto ajudou na compreensão do conteúdo.

Identifique o gênero literário.


Em sua forma mais simples, uma7 genealogia envolve uma lista ou
uma narrativa que traça uma linha de descendência de um ancestral ou
ancestrais para uma pessoa ou grupo. Sem exceção, genealogias na
Bíblia são patrilineares. Elas variam em escopo, de somente um punhado
de gerações (Gn 19.36-38) a numerosas gerações (Lc 3.23-38), e seguem
seja um esquema linear, que registra descendentes através de duas ou
mais gerações, ou segmentada (ramificada), que lista duas ou mais linhas
de descendência para a figura-chave na genealogia. Por exemplo, Gn
11.10-26 é uma genealogia linear (exceto para a última geração que é
segmentada) em forma narrativa, enquanto em Gn 36.20-28 contém uma
genealogia segmentada em forma de lista.
Genealogias serviam para propósitos importantes para o povo nos
tempos bíblicos. Algumas funcionavam para estabelecer o reinado, ainda
que ao mesmo tempo conferissem distinção entre Israel e seus vizinhos
enquanto, apesar de tudo, ligavam ambos ao mesmo ancestral (Gn 19.36-
38; 25.1-6; 25.12-16; 36). Gênesis 10 coloca os israelitas no panorama
de todas as nações da terra. Em adição, no período pós-exílico,
genealogias eram largamente usadas para provar pureza e preservar a
homogeneidade étnica do povo judeu em Jerusalém (Ed 2.1-63; Ne 7.6-
65).
Alguns estudiosos, contudo, argumentam que o livro de Rute, com
sua genealogia nos versos finais, fornecem um protesto contra os duros
decretos de Esdras e de Neemias, que requeriam que todos os homens
hebreus divorciassem de esposas estrangeiras. A genealogia de Rute
(4.18-22) indica a ironia dos orgulhosos hebreus pós-exilados

7
BAILEY, James L./VanderBroek, Lyle D. Literary forms in the NT. Louisville: Westminster/John Knox
Press, 1992. p.183
30

reivindicando Davi como seu precursor ancestral e rei, quando a bisavó


de Davi mesmo era uma estrangeira. Contudo, durante os tempos
helenísticos, quando judeus continuavam a enfrentar uma cultura
estrangeira e a ameaça de assimilação, a preocupação com pureza
genealógica se tornou ainda mais pronunciada, especialmente entre as
famílias sacerdotais.

Determine o contexto da perícope.


Para ilustrar os próximos passos, escolhi o texto de Habacuque
1:12, aqui vertido na tradução Almeida Revista e Atualizada. “Não és tu
desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não
morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó
Rocha, o fundaste para servir de disciplina”.
Temos poucas informações a respeito de Habacuque. O livro não
registra seu local de nascimento, nem sua genealogia. Os estudiosos
estão divididos quanto ao significado de seu nome. “O nome pode ser
derivado de um verbo hebraico que significa abraçar; outros acreditam
que o nome vem de um termo acadiano relativo a uma planta de jardim”
(Dillard e Longmann, 2006, 392).
O livro não proporciona informação que possa satisfazer a
curiosidade concernente à vida pessoal do profeta. Ao mesmo tempo, as
limitadas referências à acontecimentos contemporâneos fazem
impossível datar com certeza seu ministério.
De acordo com Hc 1.6, Deus levantou os caldeus (isto é, os
babilônios) como instrumento de castigo. O livro é chamado de
“sentença”. Diferentemente de Isaias, Amós e outros profetas, Habacuque
apenas se refere aos caldeus. Oferecem alento ou acusam seu próprio
povo somente em forma de contraste ou comparação.
A Babilônia estabeleceu sua autoridade sobre a Palestina,
incluindo Judá, em 605 a.C. O livro trata do desapontamento dos
habitantes de Judá e Israel, dispersos no exílio, pelo fato de a queda de
Nínive não ter gerado alívio imediato e restauração para Judá e Israel.
31

A descrição da violência, a luta e a apostasia, tão freqüentes em


Judá durante os tempos de Habacuque (1.2-4), parece encaixar com o
período imediatamente seguinte à morte de Josias no 609. Os caldeus
não se tinham ainda manifestado como uma ameaça suficiente forte para
Judá, já que o controle do Egito se estendia desde o Eufrates, até a
batalha de Carquemis (605 a.C.) 8.
Conseqüentemente, os anos transcorridos entre 609 e o 605
proporcionam uma conveniente base para a mensagem de Habacuque.
O diálogo entre Habacuque e Deus é digno de mencionar-se. O
profeta apresenta a questão filosófica de uma aparente discrepância entre
os fatos da história e a revelação divina.
Como guia da mensagem de Habacuque, pode ver-se a seguinte
perspectiva:

I. Por que Deus permite a violência? Hq 1.1-4


II. Deus levanta os caldeus para castigar Judá Hq 1.5-11
III. Por que deveriam os malvados castigar os justos? Hq 1.12-2.1
IV. A vida justa pela fé e a esperança Hq 2.2-4
V. Denúncia da injustiça Hq 2.5-20
VI. Um salmo de louvor Hq 3.1-19

Habacuque se sente turvado pelos males que prevalecem em sua


geração. Impera a injustiça, a violência e a destruição continuam, a Torá
é ignorada, e a respeito disto o profeta apela impacientemente a Deus;
porém, nada muda. Por quanto tempo ignorará Deus sua oração e
tolerará tais condições?
A resposta de Deus está em marcha; os rudes e impetuosos caldeus
estão se aproximando. Rápidos em seu avanço, espalham o terror com a
captura de novas terras, a destruição das fortalezas e a supressão dos
reis. Deus está permitindo a esses ferozes conquistadores que levem a
justiça a Judá (1.5-11).
Utiliza Deus os malvados para castigar os infiéis em Judá? É que não
são os ofensores entre o povo de Deus —não importa o quão culpáveis

8
Ver ARCHER JR, Gleason L. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2008.
32

sejam— ainda melhores que os brutos idólatras procedentes da


Babilônia? Habacuque imagina se a revelada natureza de Deus como
santa e justa e as atuais condições dos pagãos invasores, garantem
realmente a acusação de que Deus permita isso. turvado e perplexo
porque Deus tem ordenado aos caldeus que executem seu juízo,
Habacuque espera impaciente a resposta (1.12-2.1).
O profeta é convidado a registrar a revelação. Esta divina mensagem é
tão significativa que deveria ser preservada para futuras considerações.
A predição é certeira em seu cumprimento, embora o tempo não tenha
chegado ainda. Simples e, contudo, profundo, é o básico princípio aqui
expressado: o justo deverá viver pela fé. Por contraste, a nação opressora
será depois visitada com a maldição. A fé em Deus é a pedra de toque da
perseverança numa vida de fidelidade.
Finalmente, ele resolve suas dificuldades expressando sua fé em
Deus. O fato básico para a totalidade da discussão é o uso de Deus de
um povo pagão para castigar a seu próprio povo.

Estabeleça o texto original.


Comparando a tradução Almeida Revista e Atualizada com a Nova
Versão Internacional, temos:
ARA: “Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu
Santo? Não morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele
povo; tu, ó Rocha, o fundaste para servir de disciplina”.
NVI: “Senhor, tu não és desde a eternidade? Meu Deus, meu Santo,
tu não morrerás Senhor, tu designaste essa nação para executar juízo; ó
Rocha, determinaste que ela aplicasse castigo”.
Note que existe uma clara diferença entre os dois textos. Um diz,
“não morreremos. Ó SENHOR”, enquanto o outro afirma: “tu não
morrerás Senhor”.
O significado do texto hebraico nem sempre é claro e a Septuaginta
apresenta algumas poucas mas interessantes variações. A leitura “Tu não
morrerás", vem do Talmude e de outras fontes e faz melhor sentido que
leitura tradicional.

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