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Os Fundamentos Bíblicos para a Oração a

Maria e para os Ensinamentos Católicos Sobre


Maria

por Ir. Pedro Dimond, O.S.B.

www.igrejacatolica.pt

(Todas as citações bíblicas contidas neste artigo foram extraídas da versão protestante Almeida Corrigida e Revisada Fiel,
excepto quando é mencionado o contrário.)

A Santa Virgem Maria é a mãe de Jesus Cristo. Contrário ao que alguns afirmam, a Igreja Católica
não ensina nem nunca ensinou que Maria é Deus. Isso seria heresia. Maria é apenas uma criatura,
mas a maior de entre todos os seres humanos alguma vez criados por Deus. Queira considerar estas
evidências para os ensinamentos católicos sobre Maria, e para o porquê de ser tão necessário
entender o seu papel e importância.

Para entendermos a Bíblia e o que esta ensina sobre Maria (a mãe de Jesus Cristo), é necessário
entendermos o que é um tipo bíblico.

Tipo = um evento, pessoa ou instituição verdadeira no Antigo Testamento que prefigura ou


representa antecipadamente algo que está por vir no Novo Testamento.
A BÍBLIA ENSINA QUE ADÃO, O PRIMEIRO HOMEM,
FOI UM TIPO DE JESUS CRISTO  
Jesus Cristo foi verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Adão foi apenas um homem, o primeiro
homem. No entanto, a Bíblia ensina que Adão foi um tipo daquele que estava por vir, Jesus Cristo.

Romanos 5:14 - “No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não
tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura [tipo] daquele que
havia de vir [Jesus].”

De que maneira foi Adão um tipo de Jesus? Isto pode talvez ser melhor resumido nesta passagem.

Romanos 5:19 - “Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos
pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.”

Adão imergiu o mundo no pecado; Cristo veio para redimir o mundo do pecado de Adão. Adão
pecou pela sua desobediência ao comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; Cristo
redimiu o mundo pela Sua obediência e sacrifício no madeiro da Cruz. É por isto que a Bíblia diz
que Cristo é o novo e segundo, ou último Adão. Ele veio para desfazer aquilo que Adão fez. Ele
tornou-Se a cabeça da nova e redimida raça daqueles que vivem sobrenaturalmente em Cristo,
enquanto que Adão, o primeiro homem, foi a cabeça da humanidade que caiu no pecado.

A BÍBLIA PROVA QUE JESUS CRISTO É O SEGUNDO


ADÃO
1 Coríntios 15:45 - “Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma
vivente; o último Adão em espírito vivificante.”

Existem muitos tipos bíblicos. Tenha em mente que todos estes eventos, pessoas e coisas foram
verdadeiros eventos, pessoas e coisas, que também prefiguravam algo que viria no futuro. Aqui
estão alguns exemplos:

1 Coríntios 10:1-2 – A Bíblia ensina que a Travessia do Mar Vermelho (Êxodo 14) prefigurou o
Baptismo.
1 Pedro 3:19-21 – A Bíblia ensina que a Arca de Noé e o Grande Dilúvio prefiguravam a salvação
pelo Baptismo e a Igreja.
1 Coríntios 5:7 – A Bíblia ensina que o Cordeiro Pascal, que foi sacrificado (Êxodo 12), prefigurou
Cristo, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo (João 1:29).
Hebreus 8:8-9 – A Bíblia ensina que o sistema do Antigo Testamento foi uma “sombra” ou figura
do Novo Testamento.
Mateus 12:40 – A Bíblia ensina que o período de três dias e noites que Jonas passou na barriga da
baleia prefigurou a Ressurreição de Jesus Cristo dos mortos após três dias.

Muitos outros exemplos de tipos bíblicos poderiam ser dados. É importante percebermos que o
cumprimento de um tipo (chamado de “antítipo”) é mais perfeito que o tipo mesmo. Jesus Cristo é
infinitamente mais perfeito que Adão; o Novo Testamento é superior ao Antigo; a Ressurreição é
mais excelente que os árduos feitos de Jonas; etc. Com isso em mente, temos de agora considerar os
tipos de Maria, a mãe de Jesus Cristo. Há muitos tipos de Maria. Além das outras evidências
bíblicas, estes tipos providenciam-nos provas bíblicas inegáveis para os ensinamentos católicos
sobre Maria. Os seguintes pontos irão sem dúvida apresentar-se como novos e surpreendentes para
muitos não-católicos.

TAL COMO CRISTO É O NOVO ADÃO, MARIA É A


NOVA EVA
Como já foi mencionado, Adão foi um tipo de Jesus Cristo. Havia uma determinada mulher que
estava envolvida com Adão, o primeiro homem, na queda do mundo no pecado. Esta foi Eva, a
primeira mulher. Foi a transgressão de Adão que constituiu o pecado original. Mas Eva foi
instrumental e indissociável aos eventos conducentes ao pecado original. A mulher (Eva) pecou e
foi para Adão ocasião de pecado.

Génesis 3:1-6 – “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor
Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do
jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da
árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não
morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia
em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu
a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar
entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.”

Tal como a “mulher” (Eva) esteve intimamente envolvida nos eventos que levaram ao pecado
original, existe uma mulher distinta que esteve intimamente envolvida com os eventos que levaram
à Redenção. Essa é Maria, a mãe de Jesus Cristo. Ela é a nova Eva.

Existem na Bíblia abundantes paralelos entre Eva e Maria. Estes demonstram que Maria é a nova
Eva, tal como Cristo é o novo Adão.

EVA COMUNICOU COM, CREU EM E OBEDECEU UM


ANJO CAÍDO (A SERPENTE) – MARIA COMUNICOU
COM, CREU EM E OBEDECEU UM ANJO BOM
(GABRIEL)
Génesis 3:4-6 – “Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. (…) a mulher
[Eva]... tomou do seu fruto, e comeu…”
Lucas 1:26-38 – “… foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia… a uma
virgem… e o nome da virgem era Maria. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Salve,
agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. (…) Disse-lhe, então, o anjo: Maria,
não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz
um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. (…) Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor;
cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.”

Eva foi abordada pela serpente (o Diabo), um anjo caído. Eva creu em suas palavras embusteiras e
desobedeceu a Deus. Eva pecou e fez com que o seu marido pecasse, mergulhando o mundo no
abismo da morte.
Maria foi abordada por Gabriel, um anjo bom. Maria creu na sua mensagem de salvação: que ela
era bendita entre as mulheres, cheia de graça, e que daria ao mundo o Salvador. Maria obedeceu a
Deus. Pela sua obediência, ela consentiu na concepção de Jesus Cristo no seu ventre, permitindo-O
vir e redimir o mundo do pecado de Adão.

Até mesmo na Igreja mais primitiva, estes paralelos bíblicos foram reconhecidos como
identificações de que Maria é a nova Eva, tal como Cristo é o novo Adão. Santo Irineu foi um
famoso Padre Apostólico da Igreja do segundo século. Ele contrasta a primeira Eva com a segunda
Eva (Maria).

Santo Irineu, Contra as Heresias, livro III, cap. 22, 185 A.D. – “Em concordância com este
desígnio, Maria a Virgem é encontrada obediente, dizendo, Eis a serva do Senhor; faça-se em
mim a tua palavra (Lucas 1:38). Mas Eva foi desobediente; pois ela não obedeceu quando era
ainda uma virgem… E de igual modo foi também o laço da desobediência de Eva solto pela
obediência de Maria. Pois aquilo que a virgem Eva acorrentou por descrença, a virgem Maria
libertou por fé.”

EVA FOI A MÃE DE TODOS OS VIVENTES – MARIA,


COMO MÃE DE JESUS, É A MÃE DE TODOS OS
VIVENTES E ATÉ DA VIDA MESMA
Génesis 3:20 – “E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os
viventes.”

Eva foi chamada de “mãe de todos os viventes” porque todos os que tiveram vida descenderam
dela. Maria é também a mãe de todos os viventes, mas de um modo verdadeiramente superior.
Maria é a mãe de Jesus Cristo, que é a própria Vida e no qual toda a vida é encontrada.

João 1:4 – “Nele [Jesus] estava a vida, e a vida era a luz dos homens.”
Mateus 1:16 – “… Maria, da qual nasceu Jesus…”
João 14:6 – “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida;  ninguém vem ao Pai, senão
por mim.”

Jesus é a Vida. Maria é, portanto, literalmente a mãe da própria Vida. O paralelo com Eva, a mãe
de todos os viventes, é claro. A diferença é que Maria é a mãe de uma Vida infinitamente superior
à existência humana. Aqueles que vivem e morrem no seu Filho têm acesso à vida eterna n'Ele e
tornam-se novas criaturas.

2 Coríntios 5:17 – “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é.”

O cumprimento (Maria como mãe de todos os viventes) é mais uma vez superior ao tipo (Eva
como mãe de todos os viventes).

EVA FOI CRIADA SEM PECADO – A NOVA EVA,


MARIA, TAMBÉM TEVE DE SER CRIADA SEM PECADO
(CONCEPÇÃO IMACULADA)
Vimos que a Bíblia indica que Maria é a nova Eva. Portanto, a questão é: em que estado foi
criada a alma de Eva? Eva foi criada (Génesis 2) livre de todo o pecado. Toda a Criação fora
perfeita até à queda da humanidade. Adão e Eva foram ambos criados num estado de justiça
original. Eles não perderam esse estado de perfeição original, no qual eram livres de todo o pecado,
até o pecado original (Génesis 3).

Se Deus criou a primeira mulher (a primeira Eva) sem qualquer pecado, então Ele poderia
certamente criar a segunda (e superior) Eva (a Santa Virgem Maria) sem qualquer pecado. E isso
foi exactamente o que Ele fez. Ele tinha de o fazer por uma questão de proporção e justiça porque
ela seria o primeiro membro da humanidade redimida.

DEFINIÇÃO DA CONCEPÇÃO IMACULADA


Papa Pio IX, Ineffabilis Deus, 8 de Dezembro de 1854: “Nós declaramos, pronunciamos, e
definimos que a doutrina que afirma que a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua
concepção, por graça e privilégio singulares outorgados por Deus Todo-Poderoso, em vista dos
méritos de Jesus Cristo, o Salvador da raça humana, foi preservada livre de toda a mancha do
pecado original, é uma doutrina revelada por Deus e portanto que deve ser crida firme e
constantemente por todos os fiéis.”

Alguns pensam erroneamente que a Concepção Imaculada refere-se à concepção milagrosa de Jesus
no ventre da Virgem Maria. Isso não é correcto. Jesus foi de facto concebido sem qualquer pecado
no ventre de Maria, mas a Concepção Imaculada refere-se à concepção de Maria no ventre de sua
mãe. Desde o primeiro momento da sua criação, ela foi preservada de qualquer mancha de pecado
original, o qual herdam todos os membros da raça humana (excepto Jesus).

Deus a preservou sem pecado em vista dos méritos salvíficos de Jesus Cristo. Assim foi o caso de
Maria porque ela tinha de ser o receptáculo puro e imaculado que carregaria a Deus santíssimo.
Para que pudesse carregar infinita santidade, Maria tinha de ser santa do primeiro instante da sua
criação.

JESUS SALVOU MARIA DE UM MODO SUPERIOR


Portanto, se Maria foi preservada do pecado original, significa isto que ela não tinha um Salvador?
Não. A própria Maria o responde.

Lucas 1:46-47 – “Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se
alegra em Deus meu Salvador.”

Deus salvou Maria ao preveni-la de contrair o pecado original. Suponha que um homem cai num
buraco profundo no meio da floresta, mas é puxado para cima por um amigo. É verdade dizer que o
amigo salvou o homem. Agora suponha que um homem vê uma mulher a andar em direcção àquele
buraco, e apanha-a mesmo antes que ela caia. Ele, antes de mais, impediu que ela caísse no buraco,
de modo que ela não se magoasse nem se sujasse. Salvou ele a mulher? Certamente que sim. Ele
salvou-a de um modo superior, ao prevenir que ela caísse no buraco e sofresse qualquer
consequente lesão.

Foi assim que Deus salvou Maria. Jesus foi o seu Salvador de um modo superior, ao impedi-la de
contrair o pecado original, e ao preservá-la de pecado no decorrer da sua vida. Ele assim o fez com
Maria, em virtude do seu papel único. Há vários tipos na Bíblia que indicam o estado imaculado de
Maria.

Alguns expressam descrença ante a noção de que Deus pudesse criar alguém totalmente isento de
pecado. Esquecem-se no entanto que Deus criou o primeiro homem e mulher sem pecado.

A BÍBLIA ENSINA QUE MARIA É A ARCA DO NOVO


TESTAMENTO
Veremos agora que a Bíblia identifica, sem sombras de dúvidas, que Maria é a Arca do Novo
Testamento: a contraparte da Arca do Antigo Testamento. Maria é o novo e o mais perfeito
cumprimento daquilo que foi prefigurado pela Arca do Antigo Testamento. Esta é uma das mais
importantes e reveladoras informações sobre o fundamental papel de Maria.

Uma vez que carregou e representou a presença de Deus, a Arca da Antiga Aliança/Testamento
foi, para além de Deus, a coisa mais sagrada e mais poderosa na Terra. A Arca da Aliança foi
um um cofre sagrado, que conteve as tábuas de pedra dos Dez Mandamentos (Deuteronómio 10:5).
A Arca também representou a presença espiritual de Deus na Terra. Quando Deus falou a Moisés,
foi de entre os dois querubins que estavam na Arca.

Números 7:89 – “E, quando Moisés entrava na tenda da congregação para falar com ele, então
ouvia a voz que lhe falava de cima do propiciatório, que estava sobre a arca do testemunho
entre os dois querubins; assim com ele falava.”
Êxodo 25:21-22 – “E porás o propiciatório em cima da arca, depois que houveres posto na arca o
testemunho que eu te darei. E ali virei a ti, e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio
dos dois querubins (que estão sobre a arca do testemunho), tudo o que eu te ordenar para os
filhos de Israel.”

Consideremos agora como a Bíblia identifica Maria como a Arca da Nova Aliança.

A Arca da Antiga Aliança A Virgem Maria


Continha a palavra escrita de Deus (Deut. Continha a Palavra de Deus encarnada,
10:5). Jesus (João 1:1).

Jesus Cristo é a Palavra de Deus encarnada (João 1:1). Portanto, assim como a Arca da Antiga
Aliança continha a palavra escrita de Deus, Maria (que é a Arca da Nova Aliança) continha a
Palavra de Deus encarnada.

Apocalipse (Revelação) 19:13 – “E estava vestido de veste tingida em sangue; e o nome pelo qual
se chama é A Palavra de Deus.”
A Arca da Antiga Aliança A Virgem Maria
Foi “coberta” pela presença e poder de Foi “coberta” pela presença e poder do
Deus (Êxodo 40:34-35). Altíssimo (Lucas 1:35).

O tabernáculo foi construído para conter a sagrada Arca (Êxodo 40:2-3). Quando Deus descia sobre
o tabernáculo e a Arca para falar com Moisés, lemos em Êxodo 40:34-35 que a nuvem da glória de
Deus, ou presença visível (chamada de “Shekinah”) “cobriu” a Arca. A rara palavra que é utilizada
para descrever como esta presença única de Deus poderia “cobrir” a Arca é episkiasei na tradução
do grego do Antigo Testamento.

Êxodo 40:34-35 – “Então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o
tabernáculo; de maneira que Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem
permanecia sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo.”

A própria palavra “episkiasei” é utilizada no grego do Novo Testamento para descrever como a
presença de Deus iria “cobrir” a Virgem Maria. A Bíblia usa esta linguagem apenas quando fala da
Arca ou de Maria.

Lucas 1:35 – “E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do
Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será
chamado Filho de Deus.”

A clara implicação é que a presença de Deus cobre Maria e desce sobre ela – uma vez que ela é a
Nova Arca – da mesma maneira que cobriu a Arca da Antiga Aliança. Isto revela que Maria,
enquanto que uma simples criatura e infinitamente menor que Deus, é a nova Arca. Ela tem
portanto uma relação íntima com Deus que é única, assim como a sua santidade, santificação e
poder.

AS INCRÍVEIS EVIDÊNCIAS DE 2 SAMUEL 6 E LUCAS 1


DE QUE MARIA É A ARCA DO NOVO TESTAMENTO
Considere os paralelos incríveis que nos são dados pelas Escrituras entre aquilo que aconteceu à
Arca da Antiga Aliança em 2 Samuel 6 (ou 2 Reis em algumas traduções da Bíblia), e aquilo que
aconteceu à Santa Virgem Maria, a Arca da Nova Aliança, no capítulo 1 do Evangelho de Lucas. 2
Samuel 6 é a mais completa história na Bíblia concernente à Arca da Antiga Aliança. Lucas 1 é a
mais completa história na Bíblia concernente à Santa Virgem Maria.

A Arca da Antiga Aliança A Virgem Maria


2 Samuel 6:9 – “E temeu David ao Senhor Lucas 1:43 – “E de onde me provém isto a
naquele dia; e disse: Como virá a mim a mim, que venha visitar-me a mãe do meu
arca do Senhor?” Senhor?”

David diz, “Como virá a mim a arca do Senhor?”, enquanto Isabel pergunta como poderá ser “que
venha visitar-me a mãe do meu Senhor?” Isabel diz a mesma coisa a Maria que David disse sobre a
Arca porque Maria é a Arca da Nova Aliança. A única diferença substancial entre as duas
asserções é que a palavra “mãe” é utilizada no lugar de “Arca”. A Bíblia está a dizer-nos que a mãe
do Senhor = a Arca. À medida que avançamos na história, isto é confirmado sem que haja margem
para dúvidas.

David Saltou Diante da Arca O Bebé Saltou na Presença de Maria


2 Samuel 6:16 – “E sucedeu que, Lucas 1:41-44 – “E aconteceu que, ao
entrando a arca do Senhor na cidade de ouvir Isabel a saudação de Maria, a
David, Mical, a filha de Saul, estava criancinha saltou no seu ventre; e Isabel
olhando pela janela; e, vendo ao rei David, foi cheia do Espírito Santo. (…) Pois eis
que ia bailando e saltando diante do que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da
Senhor...” tua saudação, a criancinha saltou de
alegria no meu ventre.”

David dançou e celebrou em frente à Arca, tal como o bebé no ventre de Isabel saltou de alegria em
frente a Maria (a nova Arca).

A Arca permaneceu por três meses Maria (a Arca) permaneceu por três meses
2 Samuel 6:11 – “E ficou a arca do Lucas 1:56-57 – “E Maria ficou com ela
Senhor em casa de Obede-Edom, o giteu, quase três meses, e depois voltou para sua
três meses; e abençoou o Senhor a Obede- casa. E completou-se para Isabel o tempo
Edom, e a toda a sua casa.” de dar à luz, e teve um filho.”

Em 2 Samuel 6, lemos que a Arca permaneceu com Obede-Edom o giteu por três meses. Do mesmo
modo, em Lucas 1, lemos que Maria (a Arca da Nova Aliança) permaneceu com Isabel por três
meses.

2 Samuel 6:11 também menciona que o Senhor abençoou Obede-Edom e sua casa enquanto a Arca
esteve presente. “Bênção” na Escritura indica frequentemente frutífera descendência. De facto,
vemos outro paralelo com Lucas 1 e Maria. Pois Lucas 1:57 diz-nos que após Maria ter
permanecido com Isabel, o Senhor abençoou a ela e à sua casa com o nascimento de uma criança,
João Baptista.

David levantou-se para transportar a Arca Isto ocorreu quando Maria (a Arca) foi a
que estava em Judá Judá
2 Samuel 6:2 – “E levantou-se David, e Lucas 1:39-40 – “E, naqueles dias,
partiu, com todo o povo que tinha consigo, levantando-se Maria, foi apressada às
para Baalim de Judá, para levarem dali montanhas, a uma cidade de Judá, e
para cima a arca de Deus, sobre a qual se entrou em casa de Zacarias, e saudou a
invoca o nome, o nome do Senhor dos Isabel.”
Exércitos, que se assenta entre os
querubins.”

Como aqui lemos, estes incríveis paralelos ocorreram quando David partiu para as zonas
montanhosas de Judá para transportar a Arca (2 Samuel 6:2), enquanto que Maria, a Arca da Nova
Aliança, dirigiu-se às montanhas de Judá (Lucas 1:39).

O Livro da Revelação (Apocalipse) também indica que Maria é a Arca da Nova Aliança
Apocalipse 11:19, 12:1 – “E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca da sua aliança
foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande
saraiva. [12:1] E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a
lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça.”

A Bíblia não foi escrita com indicações de capítulos ou de versículos. Somente no século XII é que
a Bíblia foi dividida em capítulos e versículos. Logo, o autor da Revelação, São João Apóstolo,
escreveu aquilo que começa no capítulo 12 num fluxo contínuo, imediatamente após o fim do
capítulo 11. No fim do capítulo 11, lemos que a Arca do Testamento/Aliança de Jesus foi vista nos
céus. O versículo imediatamente a seguir é Revelação 12:1. Logo, as palavras que terminam o
capítulo 11 continuam sem qualquer divisão até as palavras que iniciam o capítulo 12.
Isso significa que a aparição da Arca da Aliança de Jesus mesmo no fim do capítulo 11 – “a
arca da sua aliança foi vista no seu templo” (Rev. 11:19) – é imediatamente explicada pela
visão da “mulher” vestida de sol que inicia o capítulo 12, precisamente o verso a seguir (Rev.
12:1). Isto indica que a “mulher” vestida de sol, que carregou a Pessoa Divina em seu ventre (a
Virgem Maria), é a Arca da Nova Aliança.

A Arca continha o maná do deserto Maria continha o Maná dos Céus, Jesus
Hebreus 9:4 – “... a arca da aliança, coberta João 6:48-51 – “Eu sou o pão da vida.
de ouro toda em redor; em que estava um Vossos pais comeram o maná no deserto,
vaso de ouro, que continha o maná, e a e morreram. Este é o pão que desce do céu,
vara de Arão, que tinha florescido, e as para que o que dele comer não morra. Eu
tábuas da aliança.” sou o pão vivo que desceu do céu... e o pão
que eu der é a minha carne, que eu darei
pela vida do mundo.”

Não pode haver dúvidas de que o maná no deserto (Êxodo 16) prefigurou Jesus como o Pão da
Vida. Jesus faz uma conexão entre os dois em João capítulo 6. Ele faz referência ao maná no
deserto, e então diz que a Sua carne é o verdadeiro maná dos Céus. Bem, o maná do deserto foi
posto dentro da Arca da Antiga Aliança. Isso prefigurou o próprio Jesus Cristo (o verdadeiro maná
do Novo Testamento) a ser contido dentro de Maria, a Mãe de Jesus.

Em Hebreus 9:4, vemos também que a vara de Arão foi colocada dentro da Arca da Antiga
Aliança. Em Números 17, lemos que esta vara floresceu para demonstrar quem era o verdadeiro
sumo sacerdote. A vara de Arão então significou o verdadeiro sumo sacerdote. No Novo
Testamento, Jesus é descrito como o verdadeiro sumo sacerdote.

Hebreus 3:1 – “Por isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus
Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão.”

Podemos ver mais provas de que Jesus é o verdadeiro sumo sacerdote em Hebreus 6:20, Hebreus
9:11, entre outras. A conclusão inevitável é que a vara de Arão posta dentro da Arca prefigurou
Jesus Cristo, o verdadeiro sumo sacerdote, contido dentro de Maria (a Arca da Nova Aliança).

Não há absolutamente dúvida alguma de que o Novo Testamento indica que Maria é a Arca
da Nova Aliança. Estas evidências são inquestionáveis.

 UMA VEZ QUE MARIA É A ARCA DA NOVA ALIANÇA,


ISTO SIGNIFICA QUE ELA É, DEPOIS DE JESUS
CRISTO, A COISA MAIS SAGRADA NA TERRA
A Arca da Aliança era, sem contar com a presença do próprio Deus, a coisa mais sagrada na Terra.
A Arca era contida no tabernáculo, dentro do santíssimo lugar (santo dos santos). A presença da
Arca era o que fazia o santíssimo lugar ser tão sagrado.

2 Crónicas (ou 2 Paralipómenos) 35:3 – “Ponde a arca sagrada na casa que edificou Salomão,
filho de David, rei de Israel.”

A Arca era tão sagrada que, quando o povo de Deus a seguia, tinha de manter dela uma respeitosa
distância.
Josué 3:3-5 – “Quando virdes a arca da aliança do Senhor vosso Deus, e que os sacerdotes
levitas a levam, partireis vós também do vosso lugar, e a seguireis. Haja contudo, entre vós e
ela, uma distância de dois mil côvados; e não vos chegueis a ela, para que saibais o caminho pelo
qual haveis de ir; porquanto por este caminho nunca passastes antes, e atentai-vos para que não
vos aproximeis da arca.”

Pessoas que tocavam na Arca ilicitamente eram mortas.

2 Samuel 6:6-7 – “E, chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus, e pegou
nela; porque os bois a deixavam pender. Então a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o
feriu ali por esta imprudência; e morreu ali junto à arca de Deus.”

Os homens de Betsames foram mortos porque atreveram-se a olhar para dentro da Arca.

1 Samuel 6:19 – “E o Senhor feriu os homens de Betsames, porquanto olharam para dentro da
arca do Senhor; feriu do povo cinquenta mil e setenta homens...”

Vemos o quão sagrada era a Arca aos olhos de Deus; o objecto que tinha um contacto próximo com
a Sua presença espiritual.

VISTO QUE MARIA É A NOVA ARCA, ELA TINHA DE


SER SANTA E CRIADA SEM PECADO
Deus deu as mais precisas especificações para a construção da Arca. Ele ordenou que fosse feita do
mais puro ouro.

Êxodo 25:10-13, 24 – “Também farão uma arca de madeira de acácia; o seu comprimento será
de dois côvados e meio, e a sua largura de um côvado e meio, e de um côvado e meio a sua altura. E
cobri-la-á de ouro puro; por dentro e por fora a cobrirás; e farás sobre ela uma coroa de ouro ao
redor; E fundirás para ela quatro argolas de ouro, e as porás nos quatro cantos dela, duas argolas
num lado dela, e duas argolas noutro lado. E farás varas de madeira de acácia, e as cobrirás com
ouro.”

É interessante que a Arca não apenas tinha de ser coberta de ouro a toda a volta, mas há uma
referência específica a esta tendo uma “coroa de ouro ao redor”.

A Arca da Antiga Aliança tinha uma coroa A Virgem Maria (a Nova Arca) também
de ouro tem uma coroa de ouro
Êxodo 25:11 – “... farás sobre ela uma Apocalipse 12:1 – “E viu-se um grande
coroa de ouro ao redor.” sinal no céu: uma mulher vestida do sol,
tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma
coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça.”

A Arca da Antiga Aliança tinha de ser perfeita e santa porque era o lugar da presença espiritual e
única de Deus. A santidade de Deus não podia ser maculada pelo contacto com coisas defeituosas.
De igual modo, e num grau superior, a Virgem Maria, como a nova Arca e portadora de Jesus
Cristo, tinha de ter sido criada sem pecado e num estado de perfeição.
Ela não era a portadora da presença espiritual de Deus apenas, mas de Jesus Cristo (o próprio
Deus). Ela não era meramente a portadora da palavra escrita de Deus, mas da Palavra de Deus
encarnada (João 1:1). Consequentemente, Maria tem de ser perfeita. Ela é necessariamente livre de
qualquer pecado. Ela tem de ser sempre virgem e intocada por qualquer homem.

Se a Arca da Antiga Aliança, que continha as tábuas escritas da Lei e que fora coberta pela presença
espiritual de Deus, tinha de ser coberta com o mais puro ouro e construída de acordo com
precisíssimas especificações de Deus, o quão mais perfeita teria de ser a elaboração de Maria por
Deus, a Arca da Nova Aliança? O cumprimento é mais perfeito que o tipo. Maria, a Arca da Nova
Aliança tem de ser mais perfeita que a Arca da Antiga Aliança.

Tal como a Arca da Antiga Aliança, Maria tem também de ter um enorme poder sobre o Demónio
e os inimigos de Deus. Ela tem de ter um poder de intercessão único com Deus, em conseguir as
Suas graças e no auxílio ao povo de Deus, tal como o fizera a Arca da Antiga Aliança.

TAL COMO A ARCA DA ANTIGA ALIANÇA, MARIA


TEM UM PODER ÚNICO DE INTERCESSÃO; ELA TEM
UM PODER INCRÍVEL SOBRE OS INIMIGOS DE DEUS,
SOBRE O DEMÓNIO E NO AUXÍLIO AO POVO DE DEUS
A Arca da Antiga Aliança tinha um poder fabuloso. Quando foi tomada pelos filisteus, coisas
extraordinárias aconteceram a eles e ao seu falso deus, Dagom.

1 Samuel 5:1-5 – “Os filisteus, pois, tomaram a arca de Deus e a trouxeram de Ebenézer a Asdode.
Tomaram os filisteus a arca de Deus, e a colocaram na casa de Dagom, e a puseram junto a Dagom.
Levantando-se, porém, de madrugada no dia seguinte, os de Asdode, eis que Dagom estava caído
com o rosto em terra, diante da arca do Senhor; e tomaram a Dagom, e tornaram a pô-lo no seu
lugar. E, levantando-se de madrugada, no dia seguinte, pela manhã, eis que Dagom jazia caído
com o rosto em terra diante da arca do Senhor; e a cabeça de Dagom e ambas as palmas das
suas mãos estavam cortadas sobre o limiar; somente o tronco ficou a Dagom. Por isso nem os
sacerdotes de Dagom, nem nenhum de todos os que entram na casa de Dagom pisam o limiar de
Dagom em Asdode, até ao dia de hoje.”

Os filisteus começaram a ser destruídos por terem tomado a Arca. Isto fê-los devolver a Arca aos
seus inimigos, os israelitas.

1 Samuel 5:7 – “Vendo então os homens de Asdode que assim foi, disseram: Não fique connosco a
arca do Deus de Israel; pois a sua mão é dura sobre nós, e sobre Dagom, nosso deus.”

A Arca causava um terror mortal aos inimigos de Deus.

1 Samuel 5:10 – “Então enviaram a arca de Deus a Ecrom. Sucedeu, porém, que, vindo a arca de
Deus a Ecrom, os de Ecrom exclamaram, dizendo: Transportaram para nós a arca do Deus de
Israel, para nos matarem, a nós e ao nosso povo.”

As águas do Jordão foram miraculosamente secas pela Arca.

Josué 3:13-14 – “[E o Senhor disse a Josué]: Porque há de acontecer que, assim que as plantas dos
pés dos sacerdotes, que levam a arca do Senhor, o Senhor de toda a terra, repousem nas águas do
Jordão, se separarão as águas do Jordão, e as águas, que vêm de cima, pararão amontoadas. E
aconteceu que, partindo o povo das suas tendas, para passar o Jordão, levavam os sacerdotes a arca
da aliança adiante do povo.”

Maria, a Nova Arca, tem este poder e não só; pois o cumprimento é mais perfeito que o tipo, e o
Novo Testamento é mais perfeito que o Antigo. Temos agora de tratar de mais evidências bíblicas
para os ensinamentos católicos sobre Maria.

A TERRA DA QUAL ADÃO FOI CRIADO FOI UM TIPO


DE MARIA E DA SUA PRESERVAÇÃO DO PECADO (SUA
CONCEPÇÃO IMACULADA)
Estabelecemos que Jesus Cristo é o novo Adão. Adão foi formado da terra, ou solo.

Génesis 2:7 – “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra [adamah], e soprou em suas
narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.”

A palavra hebraica para “terra” é adamah. É um nome feminino. Adão é assim chamado porque ele
veio da adamah; o seu nome significa filho da terra, filho da adamah. (Este ponto foi feito por
Gerry Matatics, Biblical Foundations International, Dunmore, Pensilvânia, E.U.A.)

Este ponto poderia ser desenvolvido, mas é óbvio que, num certo nível, a terra da qual foi criado
Adão é um tipo de Maria. O primeiro Adão foi criado da terra por Deus, e o segundo Adão (Jesus
Cristo) tomou carne de Maria, Sua mãe. Portanto, a questão é: qual era o estado da terra quando
foi criada?

Génesis 1:31 – “ E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis


que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.”
A terra da qual o primeiro Adão foi formado – e de facto toda a criação antes da queda do homem –
era completamente imaculada, virgínia e perfeita. Não havia nela pecado ou maldição.

Maria, que deu à luz o segundo e mais perfeito Adão (Jesus Cristo), tem de igual modo ser de todo
imaculada, virgínia e perfeita. Ela tem de ser preservada de toda a mancha de pecado e da maldição
do pecado original. A isso chama-se Concepção Imaculada.

APENAS MARIA E SUA PUREZA CUMPREM


INTEIRAMENTE O QUE ESTÁ PREDITO EM GÉNESIS
3:15 – “E POREI INIMIZADE ENTRE TI [A SERPENTE] E
A MULHER...”
Pouco depois da queda de Adão e Eva, Deus fez esta profecia.

Génesis 3:14-15 – “Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais
que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás
todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua
semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”1

Deus diz que haverá inimizade – hostilidade, divisão, oposição – entre o Demónio e “a mulher”. No
mesmo contexto, lemos sobre a semente da mulher, e a vitória garantida através da mulher e sua
semente. Na Bíblia, fala-se dos filhos e descendentes de um homem como a sua semente. A
semente da mulher, portanto, é algo único. Refere-se a uma criança que é engendrada por uma
específica mulher. Isto refere-se obviamente à concepção virginal e nascimento do ventre da Santa
Virgem Maria, a mãe de Jesus. A “semente” da mulher refere-se a Jesus Cristo.

Logo, a mulher aqui identificada como em oposição ou inimizade com a serpente é claramente
Maria, a mãe de Jesus Cristo. A mulher não é Eva – que cedeu à serpente. É Maria.

Deus diz que Ele porá inimizade ou oposição entre a serpente e a mulher. Como resultado,
Maria tem de ser completamente preservada de pecado. Pois quando uma pessoa peca, essa não
se opõe ao Demónio, mas, pelo contrário, cede ao Demónio. O único modo com que a mulher
poderia opor-se completa e definitivamente à serpente seria através da preservação do pecado e do
pecado de Adão.

O facto de Maria ser esta “mulher” e, logo, completamente livre do domínio do pecado e do
Demónio, é a razão pela qual Jesus chama Maria de “mulher” no Novo Testamento. Jesus nunca
trata a sua mãe por outro nome que não “mulher”. Muitos não-católicos pensam que esta era uma
maneira de Jesus diminuir a Sua mãe e desvalorizar o seu papel; pelo contrário, Jesus estava a
identificar Maria com a “mulher” de Génesis 3:15.

Génesis 3:15 – “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta
te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”
João 2:3-5 – “E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. Disse-lhe Jesus: Mulher,
que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo
quanto ele vos disser.”

Algumas interpretações superficiais de João 2:3-5 deixaram muitos com a impressão de que Jesus
está a repreender a Sua mãe nas Bodas de Caná. Mas trata-se na verdade de uma revelação do poder
de intercessão de Maria com Jesus. Jesus disse que a Sua hora ainda não tinha chegado; não era a
altura de Ele revelar os Seus poderes miraculosos. Foi o Seu desígnio esperar mais. Não obstante,
em virtude do pedido de Sua mãe, que teve compaixão pelos recém-casados, Jesus fez um milagre.
Ele obrou este (o Seu primeiro) milagre sob pedido de Sua mãe, apesar de não ser “chegada a
minha hora”. Este é um exemplo excelente de como as graças são obtidas de Jesus através de
Maria – graças que Ele de outro modo não estaria inclinado a dar.

Muitos não-católicos também objectam que, se Maria é tão crucial, por que permitiu Jesus que os
evangelistas dessem a impressão de que Ele estava a rebaixar o papel de Sua mãe? Alegam eles que
certos versículos dão essa impressão, ou pelo menos não contribuem para que tal noção seja
afastada. A resposta é que Deus não dá pérolas aos porcos (Mateus 7:6). Ele frequentemente
esconde as Suas verdades, ou põe-nas mesmo abaixo da superfície, para que intentos superficiais ou
pessoas não sinceras não dêem conta delas ou fiquem com uma impressão errada. No entanto,
aqueles que são mais pacientes e procuram mais a fundo – ou que simplesmente confiam na Igreja
que Jesus estabeleceu – encontrarão a pérola e o verdadeiro significado.
Lucas 8:8-10 – “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. E os seus discípulos o interrogaram, dizendo:
Que parábola é esta? E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas
aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.”

Isto aplica-se perfeitamente ao caso dos ensinamentos da Bíblia sobre o profundo papel de Maria.
Leituras superficiais e esforços desprovidos de sinceridade farão com que muitos permaneçam na
cegueira quanto a esses ensinamentos. Mas no entanto isto está nas Escrituras. Maria é a nova Eva
e a mulher de Génesis 3:15, como vimos. Ela é também a Arca da Nova Aliança e muito mais,
como veremos. Está tudo lá na tipologia bíblica e em muitas outras passagens quando
compreendidas com maior profundidade; mas muitos são aqueles que permanecem na ignorância
quanto a isto. Vendo não as vêem, e ouvindo não as ouvem. Falhando em confiar na única Igreja
que Cristo estabeleceu, adquiriram infelizmente apenas um entendimento vago e impreciso dos
ensinamentos da Bíblia.

João 19:26-27 – “Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente,
disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde
aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.”

Embora outras mulheres estivessem ao pé da cruz, Jesus singulariza a Sua mãe. Jesus mais uma vez
não lhe trata por outro nome que o de “mulher”, pois ela é a mulher de Génesis 3-15: aquela em
completa oposição à serpente. Jesus também exorta São João a tomar a Sua mãe como sua.

A ALMA DE MARIA MAGNIFICA O SENHOR, E O


TODO-PODEROSO FEZ GRANDES COISAS NELA
Em Lucas 1, vislumbrámos os privilégios únicos que Deus concedeu a Maria.

Lucas 1:46-50 “Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se
alegra em Deus meu Salvador; porque atentou na baixeza de sua serva; pois eis que desde agora
todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque me fez grandes coisas o Poderoso; e
santo é seu nome. E a sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem.”

A Bíblia diz que a alma de Maria magnifica o Senhor; não O diminui. Maria não afasta de Jesus,
mas leva as pessoas a Jesus. A Arca da Antiga Aliança significava o poder e presença de Deus.
Quando estava em sua presença, esta suscitava ao Povo de Deus a devoção, a confiança e o amor ao
Todo-Poderoso. Num modo similar, mas no entanto mais perfeito, Maria, a nova Arca, direciona e
centra-nos poderosamente à volta de Jesus. Tudo o que Maria tem e tudo o que Maria é, é em
virtude de ser a mãe de Jesus Cristo. Ele fez grandes coisas nela preservando-a do pecado.

Devemos fazer também uma nota especial de Lucas 1:48, na qual Maria profetiza que “todas as
gerações” a chamarão “bem-aventurada”. Esta é uma profecia sobre a oração católica Avé Maria.
Por gerações, os católicos oram: “Avé Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois
vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai
por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.”

A BÍBLIA DIZ QUE MARIA É “CHEIA DE GRAÇA,” O


QUE SIGNIFICA SEM PECADO
Lucas 1:27-31 – “… e o nome da virgem era Maria. E entrando pois o anjo onde ela estava,
disse-lhe: Deus te salve, cheia de graça; o Senhor é contigo; Benta és tu entre as mulheres. Ela,
como o ouviu, turbou-se do seu falar, e discorria pensativa que saudação seria esta. Então o anjo lhe
disse: Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus. Eis conceberás no teu ventre, e
parirás um filho, e pôr-lhe-hás o nome de Jesus.”   (Bíblia católica)

As bíblias protestantes modernas não traduzem Lucas 1:28 por “Deus te salve, cheia de graça”. Elas
traduzem por: “Alegra-te, filha mui favorecida” ou algo similar. As traduções protestantes estão
erradas. Há várias maneiras simples de demonstrar que estão errados. A palavra no grego original é
kecharitomene. Esta palavra está directamente ligada à ideia de “graça”. Os peritos em grego
assinalam que kecharitomene tem a sua raiz na palavra charis, cujo significado literal é “graça”.
Das aproximadamente 150 situações, a King James (ou Rei Tiago – uma Bíblia protestante) traduz
129 vezes charis por “graça”.

É também extremamente importante notar que as traduções protestantes mais antigas tinham Lucas
1:28 como “cheia de graça” ou o equivalente. O famoso protestante William Tyndale (1494-1536) é
tido como um herói em alguns meios protestantes. A sua versão da Bíblia foi traduzida para o inglês
moderno em seus primórdios por volta de 1525. Tyndale traduziu Lucas 1:28 como: “Salvé cheia
de graça o teu Senhor é contigo: Bendita és tu entre as mulheres.”2
(https://wesley.nnu.edu/biblical_studies/tyndale/) O protestante inglês Thomas Cranmer (1489-
1556) também traduziu a passagem por “cheia de graça”.

São Jerónimo (d.C. 347-420) foi o biblista da Igreja Antiga. Até os próprios tradutores protestantes
da Bíblia King James de 1611 falaram de São Jerónimo como “um padre de enorme erudição, e sem
controvérsias o melhor linguista da sua época, ou de qualquer outra antes dele” (Do prefácio escrito
pelos tradutores da Bíblia King James de 1611). São Jerónimo traduziu “kecharitomene” como
“gratiae plena” o que significa “cheia de graça a qual recebeste” na Vulgata Latina. “Graça” foi
também aceite como a tradução apropriada no Novo Testamento de Rheims, em 1582.

O livro Word Pictures of the New Testament (Descrições Verbais do Novo Testamento), escrito
pelo famoso erudito em grego clássico A. T. Robertson, diz o seguinte sobre Lucas 1:28:

“Mui favorecida (kecaritwmenh). Particípio perfeito passivo de caritow e significa dotada de graça
(cariß), enriquecida com graça como em Efésios 1:6... A gratiæ plena da Vulgata está correcta,
se significar ‘cheia de graça que recebeste’; errada, caso se compreenda como ‘cheia de graça que
tens de outorgar.’” (Robertson, Word Pictures of the New Testament, Luke 1:28.)

Se Maria é “cheia de graça”, isso por si só sugere que ela está isenta de pecado. Pois graça é
essencialmente oposta ao pecado. O anjo não está a dizer que Maria tornar-se-á cheia de graça, mas
que ele a encontrou já nesse estado. Ela foi concebida nesse estado. Para além disso, Maria é
pronunciada “bendita entre as mulheres” porque a sua posição é única.

MARIA FOI UMA VIRGEM PERPÉTUA


Vimos que Maria é a nova Eva e a Arca da Nova Aliança. Devemos agora voltar a nossa atenção
para as bases bíblicas da virgindade perpétua de Maria. A maior parte dos protestantes dos nossos
dias rejeitam a virgindade perpétua de Maria; pensam que isso contradiz a Bíblia. Muitos ficarão
chocados ao descobrir que os primeiros protestantes, incluindo Martinho Lutero, João
Calvino, Ulrico Zuínglio, entre outros, criam todos eles na perpétua virgindade de Maria. A
ideia de que Maria deixou de ser virgem e que teve outros filhos para além de Jesus foi inventada
muitas gerações após a “reforma” original protestante. Logo, a posição protestante neste assunto
não apenas contradiz a tradição católica da antiguidade e a Bíblia (como veremos), mas a sua
própria “tradição” protestante.

MATEUS 1:25 NÃO REFUTA A VIRGINDADE PERPÉTUA


DE MARIA
A primeira coisa que os protestantes usualmente citam contra a virgindade perpétua de Maria é
Mateus 1:25.

Mateus 1:24-25 – “E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu
a sua mulher; E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome
Jesus.”

De acordo com os protestantes, isto prova que Maria deixou de ser virgem após o nascimento de
Jesus;  o que é completamente errado. A palavra grega para “até” (heos) não implica que José teve
relações conjugais com Maria após o nascimento de Jesus Cristo. Significa simplesmente que eles
não tiveram relações até aquele ponto, sem qualquer menção do que aconteceu depois. Isto será
provado pelas várias passagens abaixo. Temos também de ter assente em nossas mentes que a
Bíblia foi escrita há vários milhares de anos atrás, numa altura e em línguas que não expressavam e
implicavam as coisas da mesma maneira que viriam a expressar e implicar no português moderno.

Por exemplo, em 2 Samuel 6:23 (2 Reis 6:23 em algumas traduções da Bíblia), lemos que Deus
amaldiçoou Mical, esposa de David. Ele a amaldiçoou porque ela fez escárnio da maneira como
David rejubilou ante a Arca da Antiga Aliança. Como resultado, Mical não teve filhos “até” o dia
da sua morte.

2 Samuel 6:23 – “E Mical, a filha de Saul, não teve filhos, até o dia da sua morte.”

Significa isto que Mical começou a ter filhos após a sua morte? Obviamente que não. Este versículo
demonstra que quando a Escritura descreve algo como sendo verdade “até” ou “antes” de um
determinado ponto, isso não significa necessariamente que cessou de ser verdade após esse
ponto. Aqui estão vários outros exemplos disto:

Hebreus 1:13 – “E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, até que ponha a teus
inimigos por escabelo de teus pés?”

Isto refere-se ao Filho de Deus. Significa isto que Ele deixará de estar assentado à direita do Pai
após os inimigos de Deus terem sido postos por escabelo de Seus pés? Obviamente que não. Ele
permanecerá à mão direita de Deus Pai.

1 Timóteo 4:13 – “Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.”

Significa isto que ele deveria deixar de ler e ensinar após ele vir? Obviamente que não.

Actos 23:1 – “E, pondo Paulo os olhos no conselho, disse: Homens irmãos, até ao dia de hoje
tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência.”

Significa isto que Paulo cessou necessariamente de ter uma boa consciência após aquele dia?
Obviamente que não.
A preposição “antes” pode ser utilizada da mesma maneira.

João 4:49 – “Disse-lhe o nobre: Senhor, desce, antes que meu filho morra.”

Aqui vemos que a palavra “antes” pode ser utilizada de uma maneira similar à palavra “até”. Esta
criança não morreu; Jesus curou-a (João 4:50). Logo, esta declaração em Mateus 1:18, citada
abaixo, que Maria engravidou “antes” de ela e José terem estado juntos, não significa que eles
estiveram juntos após ela ter engravidado. Isto implica simplesmente que ela estava grávida sem
qualquer contacto sexual.

Mateus 1:18 – “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe,
desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo.”

É certo, portanto, que Mateus 1:25 e Mateus 1:18 não contradizem a virgindade perpétua de Maria
de maneira alguma. Os protestantes não podem alegar legitimamente que estas passagens
constituem prova de que Maria deixou de ser virgem. Estas passagens nem tampouco provam a sua
virgindade perpétua. A sua virgindade perpétua é provada por outras coisas na Bíblia.

E A QUESTÃO DO FILHO “PRIMOGÉNITO” – ISSO NÃO


IMPLICA QUE HOUVE MAIS FILHOS?
Lucas 2:7 – “E deu à luz a seu filho primogénito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa
manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.”
Mateus 1:25 – “E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogénito; e pôs-lhe por nome
Jesus.”

“Filho primogénito” é um título legal para o primeiro filho masculino de uma família judaica: por
outras palavras, é dado a uma criança do sexo masculino que é também o primeiro filho.

Deus ordenou os israelitas a santificar (isto é, eleger) especificamente o seu filho primogénito para
uma consagração e serviço especiais a Deus. O título “filho primogénito” era dotado de especial
importância porque intitulava a criança a uma porção dupla da herança (Deut. 21:17). Este título de
“filho primogénito” era dado à criança independentemente de a mulher ter ou não outros
filhos depois deste. Como exemplo: “Podemos ver isto numa inscrição de um sepulcro em Tel el
Yaoudieh (cf. “Biblica” 11, 1930 369-90) de uma mãe que morreu em trabalho de parto: – ‘Na dor
de dar à luz o meu filho primogénito, o destino pôs término à minha vida.’” (Citado em “Irmãos e
Irmãs de Jesus,” por William Most.)

Em Êxodo 13 e 34, lemos sobre a prescrição de Deus que o filho primogénito deveria de ser
consagrado a Ele. Havia uma cerimónia para a “separação do primogénito” (Êxodo 13 e 34:20).
Não se adiava a cerimónia para o “filho primogénito” até que a mulher tivesse um segundo filho.

Êxodo 13:2, 12 – “Santifica-me todo o primogénito, o que abrir toda a madre entre os filhos de
Israel, de homens e de animais; porque meu é. (…) Separarás para o Senhor tudo o que abrir a
madre e todo o primogénito dos animais que tiveres; os machos serão do Senhor.”

Logo, a declaração de que Jesus foi o “filho primogénito” de Maria (Lucas 2:7) não contradiz de
maneira alguma a virgindade perpétua de Maria. Significa apenas que Ele foi o seu primeiro filho
do sexo masculino. Nada diz sobre outros por vir.
E OS “IRMÃOS” DE JESUS?
Os não-católicos citam com frequência as passagens que mencionam os “irmãos e irmãs” de Jesus.
Antes de mais, deve ser mencionado que nem sequer uma vez estes “irmãos” são descritos como
filhos de Maria, a mãe de Jesus.

Marcos 6:3 – “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de
Simão? E não estão aqui connosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele.”
Mateus 13:55 – “Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos
Tiago, e José, e Simão, e Judas?”

No grego original, as palavras empregadas são adelphoi (“irmãos”) e adelphe (“irmãs”). As


palavras adelphoi e adelphe podem referir-se a irmãos de sangue. No entanto, a Bíblia também usa
estas palavras para descrever pessoas que não são irmãs, mas com algum outro grau de
parentesco, ou que sejam meia-irmãs, ou vizinhas.

A BÍBLIA DIZ QUE ABRAÃO FOI O IRMÃO DE LOT,


QUANDO LITERALMENTE NÃO FOI
Lot era o sobrinho de Abraão. Abraão foi o seu tio (ver Génesis 11:31; 14:12). No entanto, a Bíblia
descreve por duas vezes a Lot como o “irmão” de Abraão. Isto deve-se à palavra “irmão” não
significar inequivocamente irmão de sangue. Como foi dito acima, pode significar um primo, ou um
outro grau de parentesco; um meio-irmão ou um amigo de família íntimo.

Génesis 14:14 – “Ouvindo, pois, Abrão que o seu irmão [Lot] estava preso...”
Lot foi sobrinho de Abraão A Bíblia também o chama de “irmão” de
Abraão
Génesis 11:27 – “E estas são as gerações de Génesis 14:14 – “Ouvindo, pois, Abrão que
Terá: Terá gerou a Abrão, a Naor, e a o seu irmão [Lot] estava preso…”
Harã; e Harã gerou a Lot.”
Génesis 14:16 – “E tornou a trazer todos os
Génesis 12:5 – “E tomou Abrão a Sarai, seus bens, e tornou a trazer também a Lot,
sua mulher, e a Lot, filho de seu irmão…” seu irmão…”

Génesis 14:12 – “Também tomaram a Lot,


que habitava em Sodoma, filho do irmão
de Abrão, e os seus bens, e foram-se.”

Alguns protestantes tentam responder a isto argumentando que o Antigo Testamento não foi escrito
em grego, mas em hebraico. Logo, dizem eles, o caso de Lot não prova que adelphos pode referir-se
a uma pessoa que não é literalmente um irmão de sangue. Isto é refutado ao demonstrarmos que,
enquanto que o Antigo Testamento foi originalmente escrito em hebraico, este foi traduzido para o
grego por setenta doutos homens, num famoso empreendimento, alguns séculos antes da vinda de
Cristo. Esta famosa tradução é chamada Septuaginta.

Esta tradução do Antigo Testamento para o grego, a Septuaginta, é citada cerca de 300 vezes pelos
autores inspirados do Novo Testamento. Isto significa que aqueles que escreveram o Novo
Testamento aceitavam a Septuaginta. Na Septuaginta, a mesma palavra grega, adelphos, é
utilizada para descrever Lot como irmão de Abraão. Adelphos é a forma singular de adelphoi, a
palavra utilizada no Novo Testamento para os “irmãos” de Jesus. Logo, o Antigo Testamento utiliza
de facto adelphos para descrever alguém que não é literalmente um irmão de sangue.

Mas este ponto pode ser também provado analisando o Novo Testamento. Em Actos 3:17 e
Romanos 9:3, vemos que adelphoi (irmãos) é utilizado para descrever pessoas da mesma
nacionalidade que não sejam irmãs. Considere estes versos como um golpe mortal ao argumento
protestante sobre este assunto.

Além do mais, em Lucas 10:29, Mateus 5:22 e Mateus 7:3, vemos que adelphos (“irmão”) é
utilizado para significar vizinho, não necessariamente um irmão de sangue.

MAS HÁ UMA PALAVRA GREGA PARA PRIMO,


ANEPSIOS; SE OS IRMÃOS DE JESUS FOSSEM PRIMOS,
E NÃO IRMÃOS, POR QUE NÃO FOI ANTES ANEPSIOS
UTILIZADA?
A Igreja Católica ensina que Maria é sempre-virgem e que não teve outros filhos. A Igreja Católica
não ensina que todos os “irmãos” de Jesus fossem necessariamente Seus primos. Pode tratar-se de
parentes para além da família nuclear, ou de amigos próximos, ou de pessoas consideradas como
parte da família por meio de matrimónio, lei ou terra natal. Por exemplo, em 2 Samuel 1:26, o Rei
David chama Jónatas de seu “irmão”. Jónatas e David não eram irmãos ou primos. David casou
com a irmã de Jónatas, Mical, a filha do rei Saul. Portanto, David, por meio do matrimónio, tornou-
se parte da família.

O número de “irmãos” de Jesus (adelphoi) mencionados na Bíblia parece sugerir que alguns deles
não eram sequer parentes estendidos (primos, tios, etc.), mas considerados como parte da família de
outras formas. Mesmo que um ou mais deles não fossem primos, mas parentes mais estendidos, ou
vizinhos, ou amigos próximos da família, a palavra adelphoi seria então utilizada. Logo, o facto de
a palavra para primo não ter sido utilizada não prova de forma alguma que Maria teve outros
filhos.

EVIDÊNCIAS DE MATEUS 27:56 DEMONSTRAM QUE OS


“IRMÃOS” DE JESUS NÃO ERAM SEUS IRMÃOS DE
SANGUE
Mateus 13:55 – “Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos
Tiago, e José, e Simão, e Judas?”

Tiago e José são dois dos nomes dados como “irmãos” de Jesus. Isto pode ser demonstrado, através
dos pontos seguintes, que estes eram filhos de outra mulher e não irmãos de sangue de Jesus. Por
favor, siga isto atentamente.

Havia três mulheres ao pé da cruz: 1) a Santa Virgem Maria (a mãe de Jesus); 2) Maria, a mulher
de Clopas (que é dita ser a irmã da Santa Virgem Maria); e 3) Maria Madalena.

João 19:25 – “E junto à cruz de Jesus estava [1] sua mãe, e [2] a irmã de sua mãe, Maria mulher de
Clopas, e [3] Maria Madalena.”
Maria, a mulher de Clopas, é também descrita como “a outra Maria” em Mateus 28:1. A Bíblia
diz-nos que Tiago e José são filhos dessa Maria:

Mateus 27:56 – “Entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago e de José, e a
mãe dos filhos de Zebedeu.”

Logo, Tiago e José (que são chamados de “irmãos” de Jesus) não são Seus irmãos, mas no máximo
Seus primos. No entanto, eles provavelmente não são sequer primos de primeiro grau. Isto porque
Maria de Clopas (a mãe de Tiago e de José), que é dita ser a “irmã” da mãe de Jesus (19:25),
também é chamada Maria. É extremamente improvável que fosse dado o mesmo nome a duas
irmãs numa família hebraica. É mais verosímil que não fossem irmãs, mas membros do mesmo clã
no qual fossem chamadas “irmãs” da mesma forma que Tiago, José, Simão e Judas foram chamados
de “irmãos” de Jesus. Tudo isto demonstra que nenhuma das afirmações na Bíblia sobre os irmãos e
irmãs de Jesus falsificam de forma alguma a virgindade perpétua da Santa Virgem Maria. Temos
agora de abordar as provas de que Maria não tinha outras crianças e que ela era perpetuamente
virgem.

JOÃO 19:26 PROVA QUE MARIA NÃO TINHA OUTRO


FILHO PARA ALÉM DE JESUS
Enquanto morria na cruz, Jesus confiou Sua mãe aos cuidados de São João Apóstolo.

João 19:26-27 – “Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente,
disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde
aquela hora o discípulo [João] a recebeu em sua casa.”

Os peritos em estudos bíblicos assinalam que isto foi um acto formal de atribuição. (Gerry Matatics,
Op. cit.) Jesus confiou Sua mãe a São João para que ele cuidasse dela. Se Maria tivesse tido outros
filhos, como os protestantes afirmam, Jesus não teria dito a São João para tomar Maria como sua
mãe. Ela teria sido entregue aos cuidados de um dos Seus muitos “irmãos”. O facto de Jesus ter
confiado Maria a São João prova que ela não tinha outros filhos.

Há protestantes que tentam responder a isto argumentando que os “irmãos” de Jesus não criam no
Evangelho e, por isso, Jesus confiou-a a São João. No entanto, isso é refutado por Actos 1:14. Esta
passagem indica que os “irmãos” de Jesus criam no Evangelho. Jesus de certo sabia que eles criam
ou iriam crer no Evangelho e portanto não a teria confiado a São João se esses fossem Seus irmãos
de sangue.

É também altamente significativo que, quando Jesus foi encontrado no templo aos 12 anos de
idade, não há qualquer tipo de indicação de que Maria e José tivessem outros filhos (Lucas
2:41–51). A indicação é que Ele é um filho único. Ele é também referido como “o filho de Maria”
(Marcos 6:3), não como um filho de Maria. Nunca é mencionado que Maria teve outro filho.

A RESPOSTA DE MARIA AO ANJO EM LUCAS 1 INDICA


QUE ELA FEZ UM VOTO DE PERPÉTUA VIRGINDADE
Lucas 1:30-34 – “Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus.
E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este
será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de David, seu pai;
e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. E disse Maria ao anjo: Como se
fará isto, visto que não conheço homem algum?”

O anjo aparece a Maria e diz-lhe que ela conceberá e dará à luz um filho. Maria responde dizendo:
“Como se fará isto, visto que não conheço homem algum?” O que na verdade isto significa é: como
se fará isto, visto que sou uma virgem? Como se fará isto? Maria sabia como as crianças eram
concebidas. A sua resposta faz apenas sentido se ela tivesse tomado um voto perpétuo de
virgindade. Ela estava a perguntar como poderia ela conceber enquanto sendo uma virgem.

Deve-se também apontar que o casamento de Maria com José não contradiz a noção de que ela
tinha feito tal voto. O comportamento moral da altura ditava que a mulher comprometida ao voto de
virgindade deveria ter um homem que a protegesse e respeitasse o voto. Esse foi o papel de José.

É INIMAGINÁVEL QUE A ARCA DA NOVA ALIANÇA


TIVESSE CONTACTO SEXUAL
Já vimos que a Bíblia ensina claramente que Maria é a Arca da Nova Aliança. Como a mais santa
criatura na Terra, e o receptáculo do Santíssimo, é totalmente incongruente – de todo contrário à
preservação da dignidade e papel da Arca – pensar que ela poderia ter algum contacto sexual. De
modo a preparar o povo para a vinda de Deus no Monte Sinai, Moisés disse:

Êxodo 19:14-15 – “Então Moisés desceu do monte ao povo, e santificou o povo; e lavaram as suas
roupas. E disse ao povo: Estai prontos ao terceiro dia; e não vos chegueis a mulher.”

Quando David estava em fuga e necessitava de pão do sacerdote, lemos:

1 Samuel 21:4 – “E, respondendo o sacerdote a David, disse: Não tenho pão comum à mão; há,
porém, pão sagrado, se ao menos os moços se abstiveram das mulheres.”

A Arca foi criada para a razão mais sublime e sagrada, e jamais teria algum contacto sexual. Uzá foi
morto por meramente tocar na Arca quando não o devia ter feito (2 Samuel 6:6-8).

EZEQUIEL 44 E A PROFECIA SOBRE A PORTA


FECHADA É UMA PROFECIA SOBRE A VIRGINDADE
PERPÉTUA DE MARIA

Ezequiel 44:2 – “E disse-me o Senhor: Esta porta


permanecerá fechada, não se abrirá; ninguém entrará
por ela, porque o Senhor, o Deus de Israel entrou por
ela; por isso permanecerá fechada.”
Aqui vemos que o Senhor entrou por esta porta, e que nenhum outro homem o fará. Esta é uma
profecia sobre a virgindade perpétua de Maria. Ela é a porta fechada, através da qual vem o Senhor.
Esta é uma das razões pelas quais Maria é chamada de “a Porta do Céu” em escritos tradicionais
católicos.
A VIRGINDADE PERPÉTUA DE MARIA ERA
FIRMEMENTE CRIDA NA IGREJA CRISTÃ PRIMITIVA
Segundo Concílio de Constantinopla, 553 d.C., cân. 6 – “ Se alguém disser que a santa, gloriosa, e
sempre-virgem Maria é chamada de portadora de Deus por um abuso de linguagem e não
verdadeiramente… seja anátema.”

Alguns protestantes e a maior parte dos membros da Igreja “Ortodoxa” dizem honrar o Segundo
Concílio de Constantinopla. Esse foi o quinto concílio ecuménico. Como vemos aqui, esse ensinou
claramente a perpétua virgindade de Maria.

Papa São Martinho I, Concílio de Latrão, 649 d.C., cân. 3 – “Se alguém não confessar própria e
verdadeiramente, em concordância com os santos Padres, que a santa Mãe de Deus e sempre-
virgem e imaculada Maria nos primórdios dos tempos concebeu do Espírito Santo, sem semente,
específica e verdadeiramente a Deus, o Próprio Verbo, que nasceu de Deus Pai antes de todo o
sempre, e que ela O teve sem corrupção alguma, com sua indestrutível virgindade mantida
mesmo após o Seu nascimento, seja condenado.” (Denzinger 256)

A Igreja Cristã da antiguidade cria que Maria foi perpetuamente virgem. No quarto século, São
Jerónimo, o pai dos estudos bíblicos e aquele que traduziu a Bíblia para o latim, defendeu esta
verdade contra Helvídio, um herege que a negava. Como mencionei anteriormente, até os primeiros
protestantes, incluindo Lutero, Calvino e Zuínglio, aceitavam a virgindade perpétua de Maria.

AS EVIDÊNCIAS BÍBLICAS PARA A ASSUNÇÃO DE


MARIA AOS CÉUS E A SUA COROAÇÃO COMO
RAINHA DOS CÉUS
A Igreja Católica ensina que, após a sua vida na Terra, a Santa Virgem Maria assumiu ao Céu em
corpo e alma. O seu corpo não permaneceu no túmulo nem sofreu corrupção da carne; pois isso é
uma punição pelo pecado original, que ela não tinha. Liberta de todo o pecado original e sendo a
Arca privilegiada, Maria foi como consequência levada directamente para o Céu, corpo e alma. A
isso chama-se o dogma da Assunção Corporal de Maria.

Os não-católicos dizem não haver evidências na Bíblia para a Assunção de Maria. Pelo contrário,
encontramos uma descrição disto no capítulo 12 da Revelação/Apocalipse.

Revelação 12:1 – “E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua
debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça.”

A mulher em Revelação 12:1 significa um número de coisas. Os padres da Igreja entenderam isto
como uma referência à Mãe de Jesus; eles também entenderam como algo que significa, num certo
sentido, a Igreja. Não há dúvida de que significa Maria, pois o Filho desta mulher é aquele que rege
todas as nações com vara de ferro (Rev. 12:5). Este é Jesus, obviamente; e, logo, a mãe tem de ser a
Virgem Maria. Deste modo, o capítulo 12 da Revelação fornece-nos uma clara ideia de que Maria
assumiu aos Céus, sendo coroada como Rainha dos Céus.

A Bíblia dá-nos também um vislumbre da Assunção de Maria em Salmos 132:8 (Salmo 131:8 em
algumas traduções da Bíblia).

Salmo 132:8 – “Levanta-te, Senhor, ao teu repouso, tu e a arca da tua santificação.”

Este interessante salmo fala do Senhor e da Arca emergindo ou sendo levada a um lugar de
perpétuo descanso. Esta é uma imagem da Assunção; pois Jesus é o Senhor e Maria é a Nova Arca,
como demonstrámos. Ambos são levados ao Céu, corpo e alma. Jesus ascende por Ele próprio;
Maria é assumida por Jesus.

Se a Arca da Antiga Aliança foi transportada a um lugar de descanso, quão melhor será a bem-
aventurança da Arca da Nova e Eterna Aliança? Também vemos que a Arca é descrita como
santificada.  

A ASSUNÇÃO DE MARIA AOS CÉUS SEGUE


LOGICAMENTE DA SUA PRESERVAÇÃO DO PECADO
A Assunção corporal de Maria segue logicamente da sua preservação de todo o pecado original e
actual. A corrupção da carne na sepultura é uma consequência do pecado original (Génesis 3:19).  A
maior parte dos protestantes concordam com este ponto. Por ser a Arca da Nova Aliança, Maria
não tem pecado original. Como resultado, ela foi livrada de suas consequências. Disto segue que
Deus não permitiu que seu corpo visse corrupção alguma.

Salmos 15:10 – “Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja
corrupção.”

Este salmo, que fala de Deus a não deixar o Seu santo ver corrupção, é citado no Novo Testamento
em Actos 2. Este refere-se a Jesus.

Actos 2:31 – “Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no
inferno, nem a sua carne viu a corrupção.”
Porque Maria foi criada livre de todo o pecado, ela, da mesma maneira, não sofreu qualquer
corrupção da carne na sepultura e foi assumida em corpo e alma aos Céus.

A ARCA FOI FEITA DE MADEIRA INCORRUPTÍVEL


A Arca da Antiga Aliança foi feita de pau-cetim (ou shittim), uma acácia incorruptível.

Êxodo 25:10 – “Fabricai uma arca de pau-cetim…”

Pau-cetim é extremamente duradouro, de tal maneira que a Versão dos Setenta, a versão grega do
Antigo Testamento, traduz esta palavra como madeira “incorruptível”, ou “não- desgastante”.
Se a Arca da Antiga Aliança era incorruptível, quão mais incorruptível teria de ser a Arca da Nova
Aliança? Deus prescreveu especificamente uma madeira incorruptível para a construção da Arca
porque essa serviu como uma pré-figuração do corpo e alma incorruptíveis da nova Arca, a Santa
Virgem.

A ASSUNÇÃO CORPORAL DE MARIA NÃO CONTRADIZ


REALIDADES BÍBLICAS
Alguns consideram fantasioso que Maria tenha assumido miraculosamente aos Céus, corpo e alma.
No entanto, a Bíblia diz-nos que Elias foi levado miraculosamente para o Céu (2 Reis 2:1,11).
Lemos também que Enos foi miraculosamente levado para caminhar com Deus (Hebreus 11:5; Gén.
5:24). É também claramente ensinado na Bíblia – e um artigo da fé cristã antiga – que todos os
homens, tenham sido bons ou maus, serão miraculosamente reunidos com seus corpos no Juízo
Final, para a ressurreição dos justos e réprobos (1 Cor. 15). Logo, não é de forma alguma oposto a
realidades bíblicas – mas, pelo contrário, corresponde precisamente a elas – crer que Maria foi
assumida aos Céus porque ela era a Arca perfeita de Deus e não tinha pecado.

A BÍBLIA INDICA QUE MARIA É A “RAINHA-MÃE” NO


REINO DE JESUS
Deus estabeleceu uma aliança com David para que um reino fosse fundado. O desígnio da
monarquia davídica, o Reino de Deus na Terra, foi de ser um protótipo do reino espiritual de Deus
que Jesus estabeleceria. É por isso que Jesus é chamado de Filho de David nos Evangelhos. Essa é a
razão pela qual o próprio Pedro diz em Actos 2:30 que Jesus assenta-se no trono de David. Lucas
1:32 diz o seguinte acerca de Jesus:

“Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de David,
seu pai…”

Na monarquia hebraica, a mulher mais poderosa, reverenciada e importante no reino era a mãe
do rei. Ela era conhecida como a “rainha-mãe”. Em hebraico, ela era chamada de “gebirah”. A
gebirah, a rainha-mãe do reino, possuía um poder único de influência sobre o rei. A sua influência,
poder e prestígio ultrapassava aquele da mulher do rei. Vemos claramente a influência e poder
únicos da “rainha-mãe” em 1 Reis 1 e 2 (3 Reis 1 e 2 em algumas traduções da Bíblia).

A mãe do Rei Salomão era Betsabé. O poder e influência de Betsabé como rainha-mãe era tão
grande que Adonias (ou Adonijah) disse-lhe isto:
1 Reis 2:17 – “E ele (Adonias) disse: Peço-te que fales ao rei Salomão (porque ele não te
rejeitará) que me dê por mulher a Abisague, a sunamita.”

Adonias entendeu a posição e poder da rainha-mãe. No entanto, a petição de Adonias era insensata.
Adonias queria casar com Abisague, que era a última mulher do rei David. Ao tomá-la como
mulher, Adonias poderia reclamar o trono de Salomão. É por isto que o rei não poderia ter
concedido a tal petição.

Embora aquilo que Adonias pediu fosse despropositado e nunca pudesse ser-lhe garantido pelo rei,
isto mostra-nos que a rainha-mãe era reconhecida como detentora de um poder de influência único e
profundo sobre o rei. Esta influência era tão grande que Adonias disse: “ele não te rejeitará”.

Os próximos versículos lançam ainda mais luz a esta verdade. Em 1 Reis 2:19, lemos que Betsabé
(a rainha-mãe) foi falar com o Rei Salomão para pedir-lhe esse favor. Quando ela entrou, o rei
curvou-se perante ela e fez com que se lhe arranjasse um trono perto dele.

A BÍBLIA MOSTRA-NOS QUE A RAINHA-MÃE TINHA


UM TRONO E UMA HONRA ÚNICA
1 Reis 2:19-20 – “Assim foi Betsabé ao rei Salomão, a falar-lhe
por Adonias; e o rei se levantou a encontrar-se com ela, e se
inclinou diante dela; então se assentou no seu trono, e fez pôr
uma cadeira para a sua mãe, e ela se assentou à sua direita.
Então disse ela: Só uma pequena petição te faço; não ma rejeites.
E o rei lhe disse: Pede, minha mãe, porque não ta negarei.”
Como podemos ver, a Bíblia ensina que a rainha-mãe é reverenciada num trono com o rei. Ela não
está ao mesmo nível do rei, obviamente; mas ela é honrada com ele como a rainha do reino. Aqui
vemos uma perfeita descrição da Rainha dos Bem-Aventurados, a Virgem Maria, e da sua
influência sobre o Rei. Ela é a Rainha-Mãe no Reino de Jesus. Maria é infinitamente inferior ao seu
Divino Filho. No entanto, ela é a Arca perfeita, a Rainha do Céu e da Terra.

É por isso que Maria tem tanto poder no Céu sobre o seu Divino Filho – um poder e influência
maior do que aquele que a rainha-mãe do Antigo Testamento tinha sobre o rei. É por isso que pedir
favores a ela é tão eficaz, pois ela pode pedi-los a Jesus. No Reino de Jesus, Ela é posta ao Seu lado
como Rainha do Céu e da Terra.

No Salmo 45 (Salmo 44 em algumas traduções da Bíblia), vemos também uma referência ao trono
de Deus e à Rainha que O acompanha:

Salmos 45:6,9 – “O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o ceptro do teu reino é um ceptro de
eqüidade. (…) à tua direita estava a rainha ornada de finíssimo ouro de Ofir.”

SÃO A AVÉ MARIA E O ROSÁRIO VÃS REPETIÇÕES


CONDENADAS NAS ESCRITURAS POR JESUS?
Alguns não-católicos dizem que orações católicas tais como a Avé Maria e o Rosário caem sob a
denúncia de Jesus.

Mateus 6:7-8 – “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por
muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é
necessário, antes de vós lho pedirdes.”

De modo semelhante às outras objecções que tratámos, esta pode também ser refutada através de
uma consideração mais profunda da Bíblia. O melhor exemplo para refutar a objecção protestante
neste ponto é provavelmente Revelação (Apocalipse) 4:8.

Revelação 4:8 – “E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro,
estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo,
Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.”

Os anjos no Céu dizem vezes sem conta, dia e noite, “Santo, Santo, Santo”. E ainda dizem que
todas as orações que contêm repetições são “pagãs”! Esta asserção não poderia estar mais errada.

Em Mateus 6:7, Jesus não está a condenar as orações com palavras que são repetidas; nem
tampouco está Ele a condenar múltiplas repetições da mesma oração (ex. o Pai Nosso ou a Avé
Maria cinco vezes seguidas). Não, Ele está a condenar as práticas dos pagãos. Os pagãos pensavam
poder agradar aos seus falsos deuses por meio de eloquência e de elaborados discursos. Pensavam
que tinham de dizer precisamente as coisas e palavras correctas e nomes em determinados dias, para
que os seus falsos “deuses” os ouvissem ou deles se lembrassem. Jesus está a denunciar o
paganismo dessa gente. Ele está a ensinar que o verdadeiro Deus sabe de todas as coisas.

Há outros pontos que obliteram a objecção protestante neste assunto.

No Salmo 136 (Salmo 135 na Bíblia católica), é-nos dada uma oração de louvor e de agradecimento
que repete a mesma frase – “porque a sua benignidade dura para sempre” – não menos que 26 vezes
seguidas!

Salmos 136:1-26 – “Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque a sua benignidade dura para
sempre. Louvai ao Deus dos deuses; porque a sua benignidade dura para sempre. (…) Aquele que
só faz maravilhas; porque a sua benignidade dura para sempre. [etc.]”

Jesus repete a mesma oração três vezes seguidas quando rezava ao Seu Pai no Jardim de Getsémani.
Esta pode ser lida em Mateus 26:39, Mateus 26:42, e Mateus 26:44. Em Mateus 20:29-33, Jesus
responde à repetitiva oração dos cegos para que tivesse misericórdia deles.

Como podemos ver, a Bíblia contém muitos exemplos onde orações ao verdadeiro Deus são
repetidas. Essas não constituem “vãs repetições” pagãs.  De facto, as orações da Igreja Católica a
Maria na Avé Maria e no Rosário são preditas pela própria Maria em Lucas 1:

A Oração Avé Maria: “Avé Maria cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as
mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós
pecadores agora e na hora da nossa morte. Amém.”
Lucas 1:46-48 – “Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se
alegra em Deus meu Salvador; porque atentou na baixeza de sua serva; pois eis que desde agora
todas as gerações me chamarão bem-aventurada.”
Obviamente, apenas a Igreja Católica cumpre esta profecia, que é sobre todas as gerações da
verdadeira Igreja.

O CORAÇÃO ÚNICO E IMACULADO DE MARIA


RECEBE UMA ATENÇÃO ESPECIAL NAS ESCRITURAS
A Igreja Católica honra e prega a devoção ao imaculado coração de Maria. Ela tinha o coração
mais puro, incomparável a qualquer outro ser humano alguma vez nascido. Tal como a Arca da
Antiga Aliança, a devoção ao coração imaculado de Maria é poderosa perante Deus. Alguns não-
católicos condenam esta devoção como contrária à Bíblia. Mas, no entanto, apenas o coração de
Maria é especificamente mencionado no Novo Testamento. Nenhum outro coração de alguma
pessoa boa ou santa recebe o tipo de atenção que é dada ao coração de Maria no Evangelho. O seu
coração era único entre os seres humanos porque nunca fora manchado pelo pecado.

Lucas 2:18-19 – “E todos os que a ouviram se maravilharam do que os pastores lhes diziam. Mas
Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração.”
Lucas 2:51 – “E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava no seu
coração todas estas coisas.”

A alma única de Maria também recebe uma menção especial nas Escrituras.

Lucas 2:35 – “(E uma espada trespassará também a tua própria alma); para que se manifestem
os pensamentos de muitos corações.”

MARIA É A MÃE DE DEUS


É surpreendente que tantos não-católicos sintam-se incomodados com o título “Maria, mãe de
Deus”. Admitem que Maria é a mãe de Jesus, mas argumentam que ela não deve ser considerada a
“mãe de Deus”. Os protestantes que crêm que Maria não é a mãe de Deus parecem não perceber
que não é logicamente consistente crer que Jesus é Deus e negar que Maria é a mãe de Deus. Tal
posição na verdade nega a divindade de Jesus Cristo, que é uma divina pessoa com duas naturezas.

Facto: Jesus Cristo é Deus. A Bíblia o ensina em várias ocasiões (João 1:1; João 20:28; João 8:58;
Isaías 9:6; etc.).

Facto: Maria é a mãe de Jesus. A Bíblia o ensina em várias ocasiões (Lucas 1:31; Mateus 1:25;
etc.).

Inegável conclusão: Maria é a mãe de Deus.

Lucas 1:31-32 – “E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome
de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de
David, seu pai.”
Isaías 7:14 – “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à
luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel [Deus connosco].”

A Bíblia indica que Maria é a mãe de Emanuel (que significa “Deus connosco”).
Lucas 1:43 – “[Isabel disse a Maria]: E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a
mãe do meu Senhor?”

Isabel diz explicitamente que Maria é a mãe do Senhor. Há apenas um Senhor: Jesus Cristo, que é
Deus.

Efésios 4:5 – “Um só Senhor, uma só fé, um só baptismo...”


João 20:28 – “E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!”

Isto deveria ser simples o suficiente. Não o é para algumas pessoas, infelizmente. O erro protestante
acerca disto tem de ser mais completamente analisado e refutado.

Os protestantes afirmam que a natureza divina de Deus é eterna e sem fim. Isso é certamente
verdade. Uma vez que a natureza de Deus é eterna e indubitavelmente não vem de Maria,
argumentam eles, Maria não pode ser a “mãe” de Deus. Este é o principal argumento trazido pelos
protestantes acerca deste assunto. É um argumento sumamente falacioso.

O erro protestante sobre este ponto flui de atribuírem à pessoa do Filho de Deus apenas aquilo que
pertence à Sua natureza divina. Consiste em não atribuir à pessoa do Filho de Deus também aquilo
que pertence ou concerne à Sua natureza humana.

Visto que o Filho de Deus tornou-se verdadeiramente homem, ao falhar em atribuir a ele também
aquilo que pertence à Sua natureza humana, eles na verdade negam que Jesus Cristo é ao mesmo
tempo Deus e homem.

O Filho de Deus, Jesus Cristo, é uma pessoa divina (a segunda pessoa da Santíssima Trindade) com
duas naturezas. Ele é tanto Deus verdadeiro quanto homem verdadeiro. Jesus Cristo não é um
homem que foi unido com ou inspirado por Deus. Não, Ele é Deus verdadeiro que se fez homem.

João 1:14 – “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós...”

Jesus não foi apenas um ser humano especial que tinha uma inspiração e ligação únicas com a
Palavra de Deus (o Filho de Deus). Não, Ele é a Palavra de Deus feita carne. Logo, atribuir ao
Filho de Deus apenas aquilo que pertence especificamente à Sua natureza divina, e não também
aquilo que se aplica à Sua natureza humana assumida – como os protestantes fazem quando negam
que Maria é a mãe de Deus – é dividir Jesus em duas pessoas diferentes.

No século V havia um certo herege chamado Nestório. Ele argumentava sobre esta questão tal e
qual os protestantes dos nossos dias o fazem. Ele cria que Maria não deveria ser chamada
Theotokos (mãe/portadora de Deus), mas apenas Christotokos (portadora de Cristo). A Igreja
reconheceu imediatamente a heresia de Nestório e condenou-a em 431 no Concílio de Éfeso. A
falsa visão de Nestório foi reconhecida pela Igreja como a heresia que a Bíblia condenava como
“dividir” Jesus e como “anticristo”. Esta falsa ideia “divide” Cristo ao separar da Sua única pessoa
aquilo que pertence à Sua natureza humana. Esta resulta na divisão de Jesus em duas pessoas, e
na posição de que Jesus foi simplesmente um homem que era o habitáculo da (ou era
inspirado pela) pessoa de Deus, ao invés de uma pessoa divina que tornou-se de facto homem.
Esta heresia resulta no culto a um homem e a dois filhos. A Igreja entendeu imediatamente a
verdadeira essência dessa heresia e condenou-a.

Segundo Concílio de Constantinopla, 553 – “O santo sínodo de Éfeso... pronunciou sentença


contra a heresia de Nestório... e contra todos os que após ele... adoptassem as mesmas opiniões
que ele manteve... Eles expressam estas falsidades contra os verdadeiros dogmas da Igreja,
FAZENDO CULTO A DOIS FILHOS, numa tentativa de dividir aquilo que não pode ser
dividido, E INTRODUZINDO TANTO NO CÉU QUANTO NA TERRA A OFENSA DO
CULTO AO HOMEM. Mas a santa multidão de espíritos celestes cultua juntamente connosco
apenas um Senhor Jesus Cristo.”
Concílio de Éfeso, 431, Cân. 5: “Se alguém atrever-se a dizer que Cristo foi um homem
portador de Deus, e não Deus verdadeiramente, sendo por natureza um Filho, mesmo que o
‘Verbo se tenha feito carne’, portador de sangue e carne precisamente como nós, seja anátema.”

Jesus não é duas diferentes pessoas. Ele é UMA ÚNICA PESSOA DIVINA com duas naturezas.
Logo, aquilo que acontece com a Sua natureza humana acontece realmente com a Sua única
pessoa. A Sua pessoa foi concebida e nascida na Sua humanidade, de Maria. Ela é portanto
verdadeiramente Sua mãe, e a mãe de Deus.

O significado que esta verdade acarreta é impressionante. Tal como foi sempre ensinado pela Igreja,
o Filho de Deus, eterno e igual ao Pai, teve dois nascimentos. Ele nasceu antes de todos os tempos,
e desde toda a eternidade, de Deus Pai (João 16:28; João 8:42). Ele nasceu no tempo, como homem,
de Maria, Sua mãe. Apenas Maria possui esta inescrutável conexão com Deus, a uma pessoa da
Trindade. É partindo desta verdade, que ela é verdadeiramente Mãe de Deus, e da qual emanam
todas as suas prerrogativas e privilégios especiais.

CONCLUSÃO SOBRE O ENSINAMENTO BÍBLICO


SOBRE MARIA
Estas são as razões bíblicas de a Igreja ter sempre reconhecido a importância e a necessidade da
devoção à Santa Virgem Maria. Ela é a nova Eva, a nova Arca, o vaso puro, o portão fechado, e a
Mãe de Deus. Falhar em ser devoto a ela é equivalente a um homem no Antigo Testamento que se
recusasse a venerar a Arca da Aliança ou se recusasse a marchar para uma batalha atrás dela. Tal
homem cairia nas mãos dos inimigos de Deus e seria separado do acampamento de Seu povo.

1 Samuel 4:22 – “... De Israel a glória é levada presa; pois é tomada a arca de Deus.”

Notas finais:
1  As traduções protestantes desta passagem podem ser ligeiramente diferentes: “Porei inimizade
entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e
você lhe ferirá o calcanhar” (Nova Versão Internacional). As bíblias protestantes tomam a parte
final da passagem como se a semente da mulher fosse ferir a cabeça da serpente, enquanto que as
versões católicas tradicionais dizem que “ela” (a mulher) irá ferir (ou esmagar) a cabeça da
serpente. Uma ambigüidade nos textos hebreus fazem desta questão um debate entre os peritos no
assunto. Muitos dos padres da antiguidade, no entanto, mantiveram a tradução tradicional católica
de “ela”. Apesar disto, mesmo se tomássemos, a título argumentativo, a tradução preferida pelos
protestantes, o ponto sobre Maria ser em definitivo a “mulher” em oposição à serpente permanece
perfeitamente intacta; pois os protestantes traduzem a primeira parte tal como os católicos.

2 Inglês original: “Hayle full of grace ye Lorde is with ye: blessed arte thou amonge wemen.”
Do Livro: A Bíblia Prova os Ensinamentos da Igreja Católica

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