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Biográficos O Santo Evangelho Segundo Mateus

“Porque, onde há testamento, necessário é que intervenha a morte do testador.


Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor
enquanto o testador vive?”
Hebreus 9. 16, 17

APRESENTAÇÃO

O poder da palavra de Deus é imensurável. Foi pelo poder de Sua palavra que foram
criados os céus e a Terra. Porque Ele disse, foi feito. Ele mandou e existiu. Um dia, a
Palavra de Deus Se fez carne e habitou entre nós. Jesus, a Palavra encarnada de
Deus, encontrou um paralítico e disse: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”, e o
paralítico andou. Outro dia, Jesus, junto à tumba de Lázaro, ordenou: “Lázaro, vem
para fora”, e o morto ressuscitou. É inquestionável o poder da Palavra de Deus. Ela
foi capaz de fazer andar paralíticos e curar leprosos. Foi capaz de trazer à vida quando
nada havia. Por que não poderia fazer as mesmas coisas em nossos dias? É verdade
que hoje Jesus não está mais conosco, mas temos Sua Palavra escrita que “é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação na justiça” (2Tm 3.16).

O poder da Palavra divina continua sendo o mesmo.

Bons estudos Flavio Rocha.

Desde então começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
(Mt 4. 17)
O Santo Evangelho Segundo Mateus

INTRODUÇÃO

São quatro os evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Contêm a biografia do


Senhor Jesus Cristo e a descrição de seu glorioso ministério terreno, cuja vida, obra
e seus ensinamentos formam o alicerce do cristianismo. É nos evangelhos que
resplandece a cultura moral e espiritual do cristianismo, condensado nos
ensinamentos do Mestre dos mestres – Jesus Cristo.

Evangelho significa boas novas, ou notícias felizes; e esta história da vinda de Cristo
ao mundo para salvar os pecadores é, sem dúvida alguma, a melhor notícia que já
veio do céu à terra; o anjo lhe deu este título (Lc 2. 10), trago-vos boas novas; trago-
vos o Evangelho. E o profeta predisse isso (Is 52.7; 61.1). Foi predito que nos dias do
Messias, boas novas deveriam ser pregadas.

Assim, no Evangelho de Mateus, é enfatizado que o Senhor Jesus veio primeiro para
Israel (Mt 10. 5, 6) e depois para o mundo (Mt 28. 19, 20). Como a salvação pessoal
depende da resposta de cada pessoa ao evangelho, a promessa da vinda do Reino
messiânico a esta terra está relacionada à aceitação de Jesus por parte de Israel como
seu Messias (At 3. 19- 21; Zc 12. 10– 14. 21).

Embora Jesus tenha sido rejeitado por Israel como seu Rei, Deus, por Sua graça,
também enviou a mensagem do evangelho aos gentios (Rm 11.11- 24). O fato de
Jesus ter vindo primeiro para os judeus e depois para os gentios é a chave para
entendermos o evangelhos, Atos e, certamente todo o Novo Testamento (Jo 1. 11, 12;
At 13.45, 46; 18.6; 28.26- 28; Rm 11.7- 36; 15.8, 9).

No começo de seu Evangelho, Mateus nos mostra como a graça de Deus perdoa os
pecados mais obscuros e alcança o mundo por meio da nação de Israel.
Mostra-nos que Deus pode perdoar o pecado mais vil, resgatar o pecador e torna-lo
parte da linhagem real.

A citação de uma mulher na genealogia judaica é algo muito raro. No entanto, além
de Maria, quatro mulheres são mencionadas na genealogia de Jesus.

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E o mais interessante é o tipo de mulheres que Mateus cita aqui: Tamar (seduziu seu
sogro), que se envolveu numa trama com Judá (Gn 38.13-30); Raabe, uma ex-
prostituta cananeia que viveu em Jericó (Js 2. 1); Rute (uma pagã), uma moabita que
se casou com um israelita (Rt 1.4); e Bate-Seba (uma adúltera), a mulher de Urias,
que provavelmente era heteia e adulterou com Davi (2Sm 11.1-5), acarretando
terríveis consequências (2Sm 11.1–12.23). Contudo, por meio da graça maravilhosa
e múltipla de Deus, Tamar tornou-se antepassada do rei Davi; e Rute, sua bisavó.
Bate-Seba tornou-se a amada esposa de Davi e mãe de Salomão.

Muitos dos antigos dizem que ele escreveu no idioma hebraico ou siríaco; mas a
tradição é suficientemente refutada pelo Dr. Whitby. Sem dúvida alguma, seu
Evangelho foi escrito em grego, como foram as outras partes do Novo Testamento;
não naquele idioma que era peculiar aos judeus, cuja igreja e estado estiveram
familiarizados por um período, mas no que era comum ao mundo, no qual o
conhecimento de Cristo seria transmitido com mais eficiência às nações da terra.

Contudo, é provável que houvesse uma edição dele em hebraico, publicada pelo
próprio Mateus, ao mesmo tempo em que escreveu em grego - um para os judeus, e
o outro para os gentios - quando ele deixou a Judeia, para pregar entre os gentios.

Por diversas razões, parece que o evangelho de Mateus obteve ascendência sobre
os demais no princípio, a saber:
1. O arranjo de seu material por tópicos, e não necessariamente de modo cronológico,
tomou-se um manual apropriado para instrução.
2. Considerando todos os fatores, contém a mais completa narrativa tanto das obras
como dos ensinamentos de Jesus.
3. Reflete o ponto de vista mais universal.
4. É o mais eclesiástico entre os evangelhos, procurando enfrentar e solucionar
problemas da igreja, e não meramente narrar a história da vida e dos ensinamentos
de Cristo.

O grande crítico francês Renan tem sido citado com frequência, por sua famosa
declaração de que o Evangelho de Mateus é “o livro mais importante que já foi escrito”.
Há dúvida se esta afirmação será algum dia seriamente desafiada.

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Mateus era o principal Evangelho na igreja primitiva e tem um lugar de destaque hoje.
Nenhum livro em qualquer um dos Testamentos, tratando de um tema histórico, deve
ser comparado com Mateus”. Ele se encontra no limiar do Novo Testamento, ligando-
o ao Antigo Testamento.

O Evangelho de Mateus é a ponte de transição entre o Antigo Testamento e o


Novo Testamento. Apesar de não ser uma escolha nossa, nascemos na geração
de Adão, e isso nos torna pecadores. Mas, por uma escolha de fé, podemos
nascer na geração de Jesus Cristo e nos tornar filhos de Deus! O Antigo
Testamento começa com o livro da criação do mundo, e é a sua glória que seja
assim; mas a glória do Novo Testamento, exaltada neste documento, é começar
com a genealogia daquele que criou o mundo.

Como Deus, suas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da
eternidade (Mq 5.2), e ninguém pode explicar aquela criação; mas, como
homem, Ele foi enviado na plenitude dos tempos, nasceu de uma mulher, e é
esta criação que é proclamada aqui.

PARA REFLEXÃO:
Não importa como lemos o Antigo Testamento, sempre encontramos pecados e
pecadores. O Novo Testamento, porém, é o "livro da genealogia de Jesus Cristo" (Mt
1. 1). Jesus é o último Adão (1Co 15. 45), e ele veio ao mundo para salvar as
"gerações de Adão" (da qual, a propósito, fazemos parte).

Quando lemos a genealogia em Gênesis 5, a repetição da expressão e ele morreu


soa como o badalar fúnebre de um sino. O Antigo Testamento mostra que "O salário
do pecado é a morte" (Rm 6. 23). Mas quando passamos ao Novo Testamento, sua
primeira genealogia enfatiza o nascimento, não a morte! A mensagem do Novo
Testamento diz que "o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso
Senhor" (Rm 6. 23).

O Antigo Testamento é um livro de promessas; O Novo Testamento, por sua vez,


é um livro de cumprimento.

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Deus prometeu um Redentor em Gênesis 3.15, e Jesus Cristo cumpriu essa


promessa. Cumprir é uma das palavras-chave do Evangelho de Mateus, usada cerca
de vinte vezes. Um dos propósitos deste Evangelho é mostrar que Jesus Cristo
cumpriu as promessas do Antigo Testamento a respeito do Messias.

Seu nascimento em Belém cumpriu Isaías 7. 14 (Mt 1. 22, 23). Foi levado ao Egito,
onde ficaria mais seguro e, desse modo, cumpriu Oséias 11. 1 (Mt 2. 14, 15). Quando
José e sua família decidiram se estabelecer em Nazaré, cumpriram várias profecias
do Antigo Testamento (Mt 2. 22, 23). Em seu Evangelho, Mateus apresenta pelo
menos 129 citações ou alusões ao Antigo Testamento. Escreveu principalmente a
leitores judeus para mostrar-lhes que Jesus Cristo era, de fato, o Messias prometido.

AUTORIA
Todos os quatro Evangelhos são anônimos; eles não levam o nome dos autores. No
entanto, a tradição da igreja primitiva os atribui respectivamente a Mateus, Marcos,
Lucas e João.

Papias, viveu em cerca de 130 D.C. e foi discípulo ou do apóstolo João ou do


presbítero João, da Ásia Menor, que escreveu por volta de 140 d.C., é a mais
antiga testemunha sobre a questão da autoria. Ele disse que Mateus compôs
os discursos ou as palavras (logia) “no dialeto hebraico” (aramaico), e “cada
um o traduziu como foi capaz”.
Irineu (ca. 185 d.C.) disse: “Mateus, realmente, produziu o seu Evangelho entre
os hebreus em seu próprio dialeto, enquanto Pedro e Paulo proclamaram o
evangelho e fundaram a igreja em Roma”.

O fato de que este Evangelho foi escrito para os judeus é bem apoiado pela natureza
de seu conteúdo. O próprio comentário de Eusébio diz: “Mateus, tendo também
proclamado o Evangelho em hebraico, quando a ponto de ir também para outras
nações, se propôs a escrever em sua própria língua, e assim supriu a necessidade de
sua presença com eles, por meio de seus escritos”.

Tasker, professor emérito de Exegese do Novo Testamento na Universidade


de Londres, interpreta assim a antiga tradição: “É concebível que Mateus, que

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era com toda probabilidade bilíngue, tenha ele mesmo traduzido a sua obra
original ou a republicado em uma edição em grego, ampliada”. Ele também diz:
“De todos os apóstolos cujas ocupações anteriores nos são conhecidas,
Mateus parecia ser o mais qualificado para se encarregar da composição do
tipo de narrativas que encontramos inseridas no ‘primeiro’ Evangelho”.

Mateus é citado nominalmente nas quatro listas dos doze apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18;
Lc 6. 15; At 1.13), mas somente na lista de Mateus ele é identificado como “o
publicano” (isto é, “cobrador de impostos”). A outra única passagem no Novo
Testamento onde o nome de Mateus ocorre está ligada ao seu chamado para seguir
Jesus, conforme registrado em Mateus 9. Nos outros dois relatos deste chamado, ele
é designado como “Levi” (Mc 2. 14; Lc 5. 27, 29).

Parece que este apóstolo, da mesma forma que outros homens no Novo Testamento,
era conhecido por dois nomes diferentes (cf. João, Marcos; Saulo, Paulo). A recusa
de muitos estudiosos hoje de identificar Mateus com Levi não é plausível. Os
argumentos atuais contra a autoria do primeiro Evangelho por Mateus não são
convincentes. No entanto, deve ficar claro que, sendo os quatro Evangelhos
anônimos, não somos obrigados a aceitar qualquer teoria sobre a autoria deles.

Mas a tradição da igreja primitiva não deve ser ignorada facilmente.

Deve ter havido alguma base histórica para a atribuição universal dos nomes de
Mateus, Marcos, Lucas e João para estes quatro livros. Então assumimos a posição
de que Mateus, o apóstolo, escreveu o Evangelho que leva o seu nome.

DATA
Como no caso da maioria dos livros do Novo Testamento, a data é incerta. Escritores
mais antigos consideraram Mateus como tendo sido escrito por volta de 60 d.C. A
maioria dos estudiosos hoje prefere 80 ou 85 d.C. A questão não é de importância
vital.

LOCAL DA ESCRITA
Novamente há duas opiniões principais. A opinião tradicional é a de que o livro de
Mateus foi escrito na Palestina.

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Streeter diz que o local foi Antioquia da Síria, e ele é seguido pela maioria dos
estudiosos hoje. Talvez a coletânea aramaica de palavras tenha sido escrita na
Palestina, e o Evangelho em grego em Antioquia.

PROPÓSITO
O Evangelho de Mateus é o mais judaico dos Evangelhos. A genealogia judaica de
Jesus que ele apresenta retrocede até Abraão, e é colocada no início do Evangelho.
Isto porque a primeira pergunta dos judeus a respeito de um homem estaria
relacionada à sua descendência. Lucas não apresenta a sua genealogia de Jesus até
o terceiro capítulo, e ela retrocede até Adão. Jesus é descrito logo no primeiro
versículo de Mateus como “filho de Davi, filho de Abraão”. Mateus não explica os
costumes ou termos judaicos, como fazem Marcos e Lucas, pois os seus leitores os
entenderiam. Ele faz mais referências à Lei de Moisés do que os outros. Ele relaciona
mais cumprimentos da profecia do Antigo Testamento do que os outros. Seu
evangelho incluiu 53 citações e 76 referências ao Antigo Testamento.

Frases como “para que se cumprisse o que fora dito” ocorrem treze vezes em Mateus
e nunca em Marcos ou Lucas (seis vezes em João). Mateus enfatiza mais a “justiça”
do que todos os outros Evangelhos juntos. Esta era a ideia central da religião judaica.
A palavra “reino” ocorre com mais frequência aqui (cinquenta e seis vezes) do que em
qualquer outro Evangelho; e a frase “o reino dos céus” só é encontrada em Mateus
(trinta e três vezes) ao longo de todo o Novo Testamento.

Jesus é apresentado aos judeus não só como o seu Messias, mas como o seu
Rei. Bem no início, a genealogia apresenta a linhagem real, provando o direito de
Jesus ao trono de Davi. Os sábios perguntaram pelo “Rei dos judeus” (apenas em
Mateus). Há mais ênfase em Jesus como Rei do que nos outros Evangelhos.

A outra característica extraordinária deste Evangelho (além de seu judaísmo) é o seu


arranjo sistemático. Mateus havia, provavelmente, recebido algum treinamento em
negócios, e tinha que registrar livros como um cobrador de impostos. Ele apresenta o
seu material em uma ordem sistemática. Ele tem sete (o número da perfeição)
parábolas do Reino no capítulo treze.

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Nos capítulos oito e nove, ele reúne dez milagres de Jesus. Três e sete são números
proeminentes em seu Evangelho, e aqui ele os acrescenta juntos. O exemplo mais
óbvio dessa característica é o arranjo de Mateus dos ensinos de Jesus em cinco
grandes discursos. São eles:
1) o Sermão do Monte, caps. 5-7;
2) Instruções aos Doze, cap. 10;
3) Sete Parábolas do Reino, cap. 13;
4) A Comunidade Cristã, cap. 18;
5) os Discursos no Monte das Oliveiras, caps. 24-25.
Cada um deles finaliza com a fórmula: “E aconteceu que, concluindo Jesus este
discurso...”.

A principal impressão que se tem ao ler este Evangelho é que um escritor judeu
está apresentando Jesus aos judeus como o seu Messias. O testemunho antigo
é de que o evangelho de Mateus visava sobretudo aos judeus recém-convertidos,
como uma espécie de manual de instrução na fé.

Assim dão a entender Irineu e outros. Mas outros supõem que seu propósito se
assemelha ao do Apocalipse, isto é, consolar e fortalecer aos mártires em potencial,
assegurando-lhes o caráter genuíno de Jesus como Messias.

O Evangelho segundo Mateus tem sido chamado de “manual da vida de Cristo e


da teologia bíblica” (citado por Morton S. Enslin, “Literature o f the Christian
Movement”, pág. 389), então nada mais convincente pode ser dito do que esse livro
visava aos cristãos, judeus e gentios da Ásia Menor e da Síria.

Mateus foi um dos doze apóstolos de Jesus, sendo chamado por Cristo quando
trabalhava como funcionário público na alfândega (Mt 9. 9), uma profissão lucrativa,
porém desprezível entre o povo hebreu. Apesar de ter um emprego que lhe garantia
muitos privilégios sociais e econômicos, Mateus largou tudo para servir Jesus Cristo,
o Rei dos reis. Mateus se transferiu do império das trevas para o Império da Luz (Jo
8. 12; Cl 1. 13, 14).

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Mateus era judeu de nascimento, publicano por vocação, até que Cristo solicitou a
sua presença, e então ele deixou a coletoria de impostos para segui-lo, e fez parte
daqueles que acompanharam o Senhor em todo o tempo que Ele entrou e saiu dentre
nós, começando desde o batismo de João até o dia em que dentre nós o Senhor foi
“recebido em cima” (At 1. 21, 22). Mateus foi, portanto, uma testemunha competente
daquilo que ele registrou aqui.

Mateus é o evangelho que contém o maior número de parábolas contadas por Jesus.
As parábolas são lições do cotidiano usadas para ensinar verdades espirituais. Jesus
proferiu durante o seu ministério terreno muitas parábolas baseadas na vida do
campo; e, quando se dirigia ao público na cidade, Ele citava coisas do cotidiano social
urbano. Assim como o rei Salomão deixou sábios ensinos, extraindo lições da
natureza e do cotidiano, Mateus privilegiou as Parábolas de Sabedoria extraídas do
cotidiano pelo rei Jesus, e o apresentou como sendo Maior do que Salomão (Mt 12.
42).

Mateus explica as coisas. Jesus não é um homem comum. É o Rei de Israel. Seu
Reino cresce dentro de cada cristão. E descreve como isso acontece. Descreve como
cresce na comunidade universal de cristãos, a Igreja.

Mateus simplesmente contou a história. Não fez teologia nem pretendeu escrever
uma obra erudita. Contou. Contar é o modo mais comum da comunicação humana e
o mais fácil de entender. O que contou não era um conto. Não era um livro sobre uma
pessoa com muitas histórias inventadas, como as histórias de As Mil e Uma Noites.
Não era uma novela. Era uma história. Mateus contou a história de Jesus. Também a
contaram Marcos, Lucas e João.

Mateus e os outros evangelistas contaram a história de Jesus como um testemunho


pessoal. Contaram o que Ele fez por eles e por outros. Seguiram o mesmo modelo
que Jesus ordenou ao ex-endemoninhado de Gadara, quando lhe encomendou a
missão de sua vida: “Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o
Senhor te fez” (Mc 5.19). Só tinha que contar. Ele contou. “E todos se admiravam” (Mc
5.20). Sucesso total. Mateus conta a história de Jesus. Jesus era um homem simples,

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filho de um carpinteiro de Nazaré. Vivia em Sua casa paterna como todos ali viviam.
Nada especial. Nada grandioso. Nenhuma obra espetacular.

O olhar comum das pessoas não via nEle nada extraordinário. Na verdade,
viam o filho do carpinteiro como um trabalhador fiel, eficiente, responsável.
Uma pessoa reta, boa. Nada mais. Além de tudo, esperava-se que cada
israelita fosse assim.
É verdade que nem todos seguiam o modelo, mas as pessoas esperavam isso
de todos. Jesus era um Modelo. E O admiravam. Para Seus concidadãos, era
um admirável homem comum.

E descreve também como cresce entre todos os seres humanos, os quais, embora
pecadores, sempre são objeto da obra salvadora de Jesus. Porque, além de Rei de
Israel, é também o Salvador do mundo.

FONTES
É consenso geral entre os estudiosos modernos que Mateus (como também Lucas)
usou Marcos como a fonte principal para a sua estrutura histórica, e uma coletânea
de “Palavras” para os ensinos de Jesus. Mateus frequentemente resume as narrativas
de Marcos, e é geralmente menos vívido em suas descrições. Mais de 90% do material
em Marcos também é encontrado em Mateus. Porém Marcos não parece ser uma
condensação de Mateus, como Agostinho defendia, porque o seu estilo e
apresentação são mais vivazes e vigorosos.

“A diferença entre Mateus e Marcos pode ser igualmente bem explicada na suposição
de que o Evangelho de Mateus retém detalhes originalmente transmitidos pelo
apóstolo com este nome, e que o Evangelho de Marcos frequentemente recorre às
memórias de Pedro”. Nós avançaríamos um passo além de Tasker e diríamos que os
detalhes foram escritos por Mateus na composição de seu Evangelho.

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