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Aspectos de um Primitivo Ritual de Iniciação Cristão

William J. Hamblin

Brigham Young University, Provo, Utah

Joseph Smith e outros líderes do início da Igreja estavam convencidos de que


a investidura templária era uma autêntica restauração de antigas cerimônias de
iniciação Cristãs e Judaicas, um conceito que ainda é sustentado entre a maioria dos
Santos do Últimos Dias.[1] Em décadas recentes, eruditos Santos dos Últimos Dias,
mais destacadamente entre eles, Hugh Nibley, vêm apontando para numerosos e
interessantes paralelos entre alguns aspectos da investidura templária dos Santos dos
Últimos Dias e diferentes formas de antigos rituais de iniciação do Oriente Médio.[2]

Mas o fato de que similaridades possam existir entre idéias e motivos de rituais
antigos com os dos Santos dos Últimos Dias[3] não responde a questão mais
significativa concernente a precisa natureza e interdependência entre os textos ou
sistemas rituais manisfestados com os paralelos. Genericamente falando, há cinco
possíveis explicações para estes paralelos. Sendo que os três primeiros são
explicações naturalísticas.

1. Os paralelos são coincidentes ou então sob um exame mais rigoroso


provam ser baseados em falsas comparações e forçadas interpretações

2. Quaisquer válidos paralelos que possam existir são devido ao fato de que
seres humanos freqüentemente expressam sua religiosidade e
solidariedade social através de atos ritualísticos. Santos dos Últimos Dias e
antigos rituais podem ser vastamente similares mas são fundamentalmente
distintos em todos detalhes mais significantes. A existência de paralelos é
algo geral e universal antes de ser específico e histórico.

3. Joseph Smith criou a investidura baseado em fontes do século dezenove


que lhe estavam à mão, tais como a Bíblia assim como práticas e rituais
Maçônicos ou mágicos. Alguns destas fontes do século dezenove podem
ser tenuamente ligadas até a mais antigos rituais e tradições, o que poderia
ser responsável por algumas das aparentes semelhanças.

Estas três explicações não são de nenhuma maneira mutualmente exclusivas.


Algumas combinações ou variações das mesmas são geralmente aceitas pela maioria
dos não-mórmons assim como por uma pequena porção de Santos dos Últimos Dias.

As outras duas possíveis explicações são supernaturalísticas:

4. A investidura (“endowment”) dos Santos dos Últimos Dias representa uma


restauração inspirada de autênticos e rituais de iniciação antigos revelados.
Os paralelos entre rituais antigos e modernos existem porque estes antigos
rituais foram revelados ou então são cópias ou corrupções de rituais
revelados. Alguma variação desta expliacação é aceito pela maioria dos
Santos dos Últimos Dias praticantes os quais levaram a questão em
consideração. Esta é uma posição que eu pessoalmente acredito melhor
possa responder a todas as evidências disponíveis.

5. Joseph Smith recebeu a investidura de uma outra fonte supernatural mas


não de Deus, tal como o Demônio. Alguns evangélicos Cristãos e outros
grupos podem aceitar alguma variação desta proposição.[4]

Dado que algum nível de paralelismo existe entre motivos ritualísticos antigos e aqueles
dos Santos dos Últimos Dias, a questão agora se torna, quais destas cinco explicações,
ou combinações e variantes delas melhor explicam os paralelos? É impossível tratar
adequadamente com todas as ramificações destas questões no curto espaço aqui
disponível. Eu me limitarei portanto a discussão de apenas um aspecto, de um problema
histórico mais amplo: do possível método de transmissão e transformação de alguns
ritos Cristãos do fim do primeiro e início do segundo século em rituais e escritos
Gnósticos.[5] Especificamente examinarei algumas das evidências para as seguintes sete
proposições:

1. O próprio Jesus estabeleceu um secreto e hierárquico ritual de iniciação.

2. Este sitema ritualístico foi transmitido através de Pedro para Marcos o


evangelista, o qual trouxe o sistema ritual para Alexandria no Egito algum
tempo depois de 65 AD.

3. Estes rituais eram secretamente praticados por pelo menos alguns ramos
da Cristandade Alexandriana “ortodoxa” até pelo menos o fim do segundo
século AD.

4. Durante o início do segundo século AD, Carpócrates, um antigo Cristão


Gnóstico, ganhou acesso a pelo menos parte deste sistema ritual através
de um élder apóstata de Alexandria.

5. Carpócrates e outros Gnósticos transformaram e transmitiram várias


formas modificadas destas idéias e rituais para alguns ramos da
Cristandade Gnóstica.

6. Possíveis manifestações deste transformado sistema de ritual podem ser


encontrados em várias obras antigas Cristãs escritas pelos e sobre os
Gnósticos.

7. Os paralelos entre a investidura do templo dos Santos dos Últimos Dias e


alguns rituais e escritos Gnósticos podem ser vistas como reflexões de
paralelos com os rituais originais estabelecidos por Jesus.
Deixe-me agora brevemene examinar a evidência de cada uma destas sete proposições.

1. O próprio Jesus estabeleceu um secreto e hierárquico ritual de iniciação.

Acaso alguns dos antigos Cristãos acreditavam que Jesus durante o seu tempo de vida
terreno estabeleceu rituais de salvaão secretos e hierárquicos? A resposta para esta
questão é mais certamente um SIM [6]! A antiga eucaristia Cristã (ou sacramento) é o
exemplo mais claro disto. Embora hoje os rituais eucarísticos da maioria dos ramos do
Cristianismo são ritos públicos, o oposto era verdadeiro do primeiro ao terceiro séculos
AD. Como o erudito Católico Jean Daniélou escreve, “Pode parecer assombroso de que
não há nada como [as antigas descrições de batismo] a ser encontrado em relacão à
Eucaristia, mas a razão é que a disciplina do “arcana”, ou segredo, proibia a revelação
dos Mistérios. O único ensinamenteo dado sobre este assunto, portanto, não podia ser
preservado para uso em livros escritos”[7] A idéia de que a Eucaristia e outros
sacramentos deveriam ser rituais secretos é expressa em numerosos e antigos escritos
Cristãos. Por exemplo, as Constituições Apóstolicas (Didaché) aconselha que “as portas
sejam observadas [durante a eucaristia], para que nenhum descrente ou pessoa não
iniciada possam entrar.”[8] Então, de acordo com aproximadamente todos os ramos do
Cristianismo primitivo, Jesus instituiu um ritual de salvação, conhecido como eucaristia
(ou sacramento), que era para ser realizado em segredo.

Seria a Eucaristia o único ritual secreto estabecido por Jesus? Aqui a evidência é muito
mais controversa, mas um ampla variedade de documentos descobertos e estudados nas
últimas recentes décadas claramente mostram que muitas ramificações do antigo
Cristianismo mantinham que Jesus realmente instituira outros rituais secretos,
conhecidos de uma forma mais variada como os “Mistérios da Redenção”, os “Grandes
Mistérios”, ou como os “Mistérios do Reino de Deus”.

Um dos mais interessantes destes novos documentos foi descoberto algumas décadas
atrás pelo professor Morton Smith [9]. O documento é um fragmento de uma epístola de
Clemente de Alexandria que viveu por volta de 150-213 AD e a quem geralmente se é
considerado como um Cristão “ortodoxo”. Nesta epístola Clemente cita uma fascinante
passagem a partir de uma obra previamente desconhecida a que ele chama “Secreto
Evangelho de Marcos”. Embora nada seja sabido com certeza sobre a data, autoria ou
proveniência deste Secreto Evangelho de Marcos, o seguinte é um sumário das atuais
evidências e hipóteses dos eruditos:

Autor: Clemente alega que o documento foi escrito por Marcos, o Evangelista. A
maioria dos eruditos acham que o documento é um evangelho pseudo-epígrafo do início
do segundo século.[10]

Data: Para que o Secreto Evangelho de Marcos tenha sido citado por Clemente, deve ter
vindo à luz pelo menos antes de 150 AD. Morton Smith providencia evidências
convicentes de que ele seja provavelmente datado do fim do primeiro ou início do
segundo século, uma hipótese que é geralmente aceita hoje.[11] Se foi realmente escrito
por Marcos, não poderia ter sido escrito muito mais tarde do que 80 AD. É importante
perceber que muitos eruditos acreditam que possam estabelecer que o Evangelho
Canônico de Marcos fora literalmente dependente deste, e portanto escrito após o
Secreto Evangelho de Marcos.[12] Hans-Martin Schenke acredita que “esta versão
apócrifa de Marcos de Alexandria não seria de nenhuma maneira uma extensão de
nosso Segundo Evangelho; ao invés disso, nosso Evangelho (de Marcos) deveria ter
sido um resumo sanitizado do Apócrifo Alexandrino,” e pode representar uma antiga
tradição que “reflete um evento histórico.”[13] John Crossan concorda que o Secreto
Evangelho de Marcos “ é independente dos [Evangelhos] de João…[e] de Marcos….
Dependência, de fato, ocorre na direção oposta, a apartir do Secreto Marcos em direção
a João e Marcos.”[14] Em outras palavras, há ampla evidência que o material no Secreto
Evangelho de Marcos representa idéias Cristãs do primeiro século A.D..

Proveniência: Clemente diz que o documento foi escrito no Egito, cuja localidade é
geralmente aceita hoje como acurada.

Em suma, o Secreto Evangelho de Marcos é um documento Cristão Egípcio de autoria


incerta, escrito algum tempo entre a segunda metade do primeiro e início do segundo
séculos A.D..

A seguinte passagem é parte do único e disponível fragmento do Secreto Evangelho de


Marcos, o qual nos conta a história do que aconteceu com Lázaro após ter sido ele
ressuscitado dos mortos por Jesus:

E eles [Jesus e os Apóstolos] vieram até Betânia, e uma certa


mulher, cujo irmão havia morrido, estava lá. E vindo ela, prostou-se diante
de Jesus e lhe disse, “Filho de Davi, tende misericórdia de mim.” Mas os
discípulos a repreendiam. E Jesus, ficando zangado com isto, foi junto com
ela até o jardim onde o túmulo estava, e imediatamente um grande grito foi
ouvido do túmulo. E aproximando-se, Jesus rolou da frente a pedra da
porta do túmulo. E imediatamente, indo até onde estava o jovem, estendeu
a sua mão e o levantou, tomando-o pela sua mão. Mas o jovem, olhando
para ele, o amou e começou a implorar-lhe para que ele pudesse
permanecer com o Senhor. E saindo do túmulo vieram eles até a casa do
jovem, pois era rico. E após seis dias Jesus Jesus lhe disse o que deveria
ser feito e no fim da tarde o jovem veio até Ele, vestindo uma roupa de
linho [branca] sobre seu [corpo] nu. E ele [o jovem] permaneceu com ele
[Jesus] durante aquela noite, pois Jesus lhe ensinou os mistérios do reino
de Deus.[15]

Esta passagem nos providencia uma descrição muito clara de Jesus realizando
um ritual de iniciação secreto chamado os “Mistérios do Reino de Deus”. A partir desta
passagem podemos isolar quatro motivos ritualísticos os quais faziam parte deste
“Mistérios do Reino de Deus” de acordo com o evangelho de Marcos:

A. Havia um período de seis dias de preparação, com a iniciatória tomando


lugar no sétimo dia. Este período de espera pode ser coincidência, mas neste
antigo escopo provavelmente represente um período de preparação para
alguns tipos de rituais de purificação.[16]
B. Os “Mistérios do Reino de Deus” começam com o jovem (que é chamado
Lázaro na versão Joanina da história) vestindo uma “roupa de linho sobre
seu corpo nu”, o que novamente neste antigo contexto claramente implica
um ritual iniciatório.[17]
C. Instruções sobre os “Mistérios do Reino de Deus” duravam toda a noite. Em
outras palavras, participação completa em todo o completo ritual requereria
muitas horas.
D. Os “Mistérios do Reino de Deus” eram alguma coisa que foi ensinada ou
estabelecida pelo próprio Jesus.

2. Este sistema de ritual foi transmitido para Marcos Evangelista através de


Pedro, o qual trouxe o sistema de ritual para Alexandria no Egito algum
tempo depois por volta de 65 A.D., 3. Estes rituais eram secretamente
praticados por pelo menos algumas ramificações da Cristandade
Alexandrina “ortodoxa” até pelo menos o fim do segundo século A.D. A
recém descoberta epístola de Clemente também nos providencia uma história
literária do Evangelho Secreto de Marcos conforme compreendido pela
ramificação do Cristianismo a que pertencia o bispo Clemente de
Alexandria.

Concernente a Marcos, durante a estadia de Pedro em Roma ele


escreveu [um relato] dos feitos do Senhor, não, entretanto, declarando tudo
[de seus feitos], nem mesmo se referindo indiretamente aos segredos, mas
selecionando aqueles que ele achava de maior utilidade para o
desenvolvimento da fé daqueles que estavam sendo instruídos. Mas
quando Pedro morreu como um mártir, Marcos voltou para Alexandria,
trazendo tanto as suas anotações como aquelas de Pedro, das quais ele
transferiu para seu livro anterior informações adequadas para qualquer
coisa que levasse o progresso em direção ao conhecimento [gnosis].
[Então] Ele compôs um evangelho mais espiritual para aqueles que
estavam sendo aperfeiçoados, não obstante, ele não divulgou ainda as
coisas que não deveriam ser divulgadas, nem escreveu ele os
“Ensinamentos Hierofânticos do Senhor”, mas àquelas histórias já escritas
[no canônico Marcos] ele acrescentou ainda outras e, além do mais, trouxe
alguns certos ditos, os quais ele conhecia a interpretação, e que poderiam,
como um pronunciamento místico, guiar os ouvintes às mais internas
partes do santuário até àquela verdade escondida pelos sete
[véus]….(Quando ele morreu) ele deixou sua composição na Igreja de
Alexandria, onde é ainda hoje cuidadosamente guardada, sendo lida
apenas para aqueles que estão sendo iniciados nos “Grandes
Mistérios”[18]

Desta fascinante passagem temos as seguintes implicações:

A. Clemente acreditava que Jesus falara de ensinamentos secretos os quais não


foram registrado no Novo Testamento.[19]
B. Havia um documento em Alexandria o qual não estava disponível aos
Cristão comuns, mas apenas a um grupo seleto a quem Clemente descreve
como aqueles que procuravam o verdadeiro conhecimento e aqueles que
estavam sendo aperfeiçoados. Este livro é conhecido hoje como o Evangelho
Secreto de Marcos.
C. Em adição aos ensinamentos escritos no Evangelho Secreto de Marcos,
havia outros ensinamentos orais secretos conhecidos por Clemente como os
“Ensinamentos Hierofânticos do Senhor” e rituais de iniciação secretos
conhecidos como “Os Grandes Mistérios”. Os Ensinamentos Hierofânticos e
os Grandes Mistérios não são baseados no Evangelho Secreto de Marcos,
nem estavam contidos em qualquer outro documento de possessão de
Clemente. Clemente especificamente afirma que estas “coisas não eram para
ser divulgadas,” e Marcos não as escreveu. Os Ensinamentos Hierofânticos e
os Grandes Mistérios precisavam ser portanto transmitidos através de uma
tradição oral secreta. De fato, a importância de manter o segredo destes
ensinamentos eram tão grandes que Clemente insistia em sua epístola que
“ninguém não iniciado" nunca nem mesmo deixar transparecer que o Secreto
Evangelho foi escrito por Marcos, mas deveria mesmo negá-lo em
juramento”[20] Mesmo antes da descoberta do Evangelho Secreto de
Marcos, havia boa evidência que Clemente de Alexandria via a iniciação aos
mistérios de Deus como uma fundamental parte do Cristianismo. Conforme
descrito por G. Bornkamm, Clemente via:

"As verdades da religião Cristã como mistérios. Guiados pelo Cristo, o


Mistagogo (Stromata IV, 162, 3ff.). O Gnóstico [neste sentido,
simplesmente “conhecedor”] recebia iniciação e perfeição (Protepticon
XII, 120, 1) passando através dos estágios desde os pequenos mistérios
(e.g., a doutrina da criação) até os grandes mistérios, onde a iniciação
mística acontecia (Stromata IV, 3, 1; Protepticon XII). Os mistérios
supremos, para serem protegidos contra profanação, precisavam ser
passados apenas na presença do véu (Stromata V, 57, 2)[21].

A descoberta desta nova epístola de Clemente vem agora claramente mostrar que
Clemente não via estes mistérios num sentido alegórico como havia sido
freqüentemente antes assumido, mas tinha em mente verdadeiros ritos de iniciação
secretos nos quais acreditava terem sido instituídos pelo próprio Cristo.

Schenke também ver a importância desta nova evidência sobre os antigos e sagrados
ritos de iniciação Cristã:

Como pode ser explicado que em Alexandria o Evangelho Secreto ganhou


tamanha importância e funcionava como texto ritual utilizado na Iniciação
do Perfeito? Na verdade, o rito conectado ao Evangelho Secreto de Marcos
é tão estranho que muitos eruditos recusaram-se a reconhecê-lo como
real….O rito deve ter sido alguma coisa que nunca foi introduzido [em
Alexandria] mas antes alguma coisa que simplesmente lá já estava.
Aplicando ao Evangelho Secreto de Marcos, isto significaria que ele
também nunca veio até Alexandria, mas lá estava durante todo esse tempo.
Ele é mesmo o próprio evangelho da Cristandade ortodoxa em Alexandria
e está conectado de uma maneira fundamental à origem daquele [ramo do]
Cristianismo.[22]

4. Durante o começo do segundo século A.D., Carpócrates, um antigo


Gnóstico Cristão, ganhou acesso a pelo menos parte deste sistema de ritual
por meio de um élder apóstata em Alexandria e, 5. Carpócrates e outros
Gnósticos transmitiram formas modificadas destas idéias e rituais para
alguns ramos do Cristianismo Gnóstico. Mais uma vez a partir da recém
descoberta epístola de Clemente aprendemos que o ramo Gnóstico
Carpocratiano do antigo Cristianismo[23] adquiriu conhecimento de alguns
dos Ensinamentos Hierofânticos e dos Grandes Mistérios. Clemente alega
que:

Carpócrates [um dos originais mestres Gnósticos que floresceram


ca. 117-138 A.D.]…usando artes enganosas, de forma tal que escravizou
um certo élder da igreja em Alexandria para que ele [Carpócrates] pudesse
dele obter [do élder] uma cópia do Evangelho Secreto ao qual ele não só o
interpretou de acordo com suas doutrinas blasfemas e carnais como
também, além disso, o poluiu, misturando com as imaculadas e santas
palavras mentiras adicionais e impudicas. Desta mistura foi extraído o
ensinamento dos Carpocratianos.[24]

Se a declaração de Clemente está acurada, isto mplica que:

A. O Evangelho Secreto de Marcos deve ter ficado disponível por alguns anos
antes de 125 A.D., quando Carpócrates uma cópia dele obteve .
B. Um anônimo élder Alexandrino deixou a Igreja de Alexandria para unir-se a
Carpócrates, dando-lhe uma cópia do Evangelho Secreto de Marcos e talvez
tenha transmitido partes orais dos Ensinamentos Hierofânticos e dos Grandes
Mistérios.
C. Antes da recente descoberta da carta de Clemente, havia sido usualmente
mantido pelos eruditos modernos que os teólogos do Cristianismo
Alexandrino foram influenciados pelos conceitos Gnósticos e Helênicos.[25]
A nova carta de Clemente demonstra que os Grandes Mistérios e os
Ensinamentos Hierofânticos não foram copiados pelos Alexandrinos dos
Gnósticos e Gregos Pagãos, mas conforme mantido por Schenke, era parte
das mais antigas idéias e práticas do Cristianismo Alexandrino.[26]
D. As idéias e rituais de pelo menos algumas ramificações do Cristianismo
Gnóstico podem então ser vistos como variações e modificações dos
ensinamentos e rituais sagrados dos antigos Cristãos Alexandrinos.
6. Possíveis manifestações deste transformado sistema ritual podem ser
encontradas em várias obras antigas Cristãs escritas pelos ou sobre os
Gnósticos. É possível determinar quaisquer detalhes dos Ensinamentos
Hierofânticos ou dos Grandes Mistérios? Clemente recusava-se a discutir
este assunto abertamente, embora houvesse muitas interessantes alusões
a tais problemas em seus escritos sobreviventes, conforme já temos
visto.[27] Entretanto, explícitas discussões de supostas secretas doutrinas
e rituais sobreviveram nos ensinamentos dos Gnósticos, os quais, de
acordo com Clemente, foram pelo menos derivadas parcialmente a partir do
acesso de Carpócrates aos sagrados ensinamentos dos Cristãos
Alexandrinos.

Eruditos modernos estão agora começando a reconhecer que, em adição as


doutrinas esotéricas dos Gnósticos, existia também um corpo de rituais esotéricos, os
quais recebiam freqüentemente alusões nos escritos Gnósticos.[28] Na verdade, J.J.
Buckley mantém que o Evangelho de Felipe de Nag Hammadi é essencialmente um
manual preparatório para um ritual secreto de iniciação.[29]

O ‘pano de fundo’ do ritual no Evangelho de Felipe é bastante explícito. Por


exemplo, aprendemos que o “Senhor [fez] todas as coisas por meio de um Mistério
<ou ritual>: batismo, crisma<ou unção>, eucaristia, resgate <ou redenção>, e a
câmara nupcial.”[30] De acordo com o Evangelho de Felipe, estes rituais formavam a
então essência dos ensinamentos de Cristo. Os Grandes Mistérios são também
alegoricamente relacionados com o templo em Jerusalém.

“O santo edifício <ou templo de Jerusalém> é o batismo, o lugar santo é o resgate <ou
redenção>, e o Santo dos Santos (ou lugar Santíssimo) é a câmara nupcial.”[31]

7. Os paralelos entre a investidura do templo dos Santos dos Últimos Dias e


alguns rituais e escritos Gnósticos podem ser vistos como possíveis reflexões de
paralelos com os rituais originais estabelecidos por Jesus. É precisamente nos escritos
Gnósticos que encontramos alguns dos mais fascinantes paralelos com alguns
motivos rituais da investidura templária dos Santos dos Últimos Dias. Entre os muitos
motivos rituais e doutrinas mencionadas nos escritos Gnósticos que fazem um paralelo
com o ritual da investidura templária dos Santos dos Últimos Dias, notaremos aqui
apenas os seguintes doze aspectos gerais:[32]

A. A tradição secreta originou-se com Jesus. Irineu relata: “Jesus, [o Gnóstico]


dizia, falando em um mistério aos seus discípulos e apóstolos
privativamente, e exigindo deles para passarem estas coisas aos dignos e
para aqueles que consentissem.”[33]
B. Os rituais secretos iniciatórios são o centro do evangelho de Cristo. O
Evangelho de Felipe diz: “O Senhor [fez] todas as coisas por meio de um
mistério <ritual>: batismo, crisma <unção>, eucaristia, resgate <redenção>,
e câmara nupcial.”[34]

C. Rituais de batismo e de unção com óleo. “A crisma <ou unção> é superior


ao batismo, pois é da palavra ‘crisma’ que somos chamados ‘Cristãos’
{Nota: Cristo = “o ungido”}, certamente não por causa da palavra ‘batismo’.
E é por causa da crisma que “o Cristo” tem o seu nome. Pois o pai ungiu o
filho, e o filho ungiu os apóstolos, e os apóstolos nos ungiram. Aquele que
foi ungido possui todas as coisas. Este possui a ressurreição, a luz, a cruz,
e o santo espírito. O pai deu-lhe isto na câmara nupcial; este meramente
aceita (o dom). O pai estava no filho e o filho no pai. Este é [o] reino dos
céus.”[35]

D. Rituais de círculos de oração (descritos de maneira extensiva por Hugh


Nibley).[36]

E. Uso de vestimentas ritualísticas. “Os poderes (demoníacos) não vêem


aqueles que estão vestidos na perfeita luz, e consequentemente não são
capazes de os deter. Vestir-se-á sacramentalmente nesta luz durante a
união.”[37]

F. Apertos de mão como sinais de reconhecimento. Epifâneo explica: “A mão


é apertada, em saudação, é claro, e um pequeno toque é feito na palma da
mão, desta forma para indicar secretamente que o visitante é da mesma
religião deles.”[38]

G. Conhecimento do sagrado nome de Deus é necessário para a exaltação.


“Um nome singular não é divulgado no mundo, o nome que o Pai deu ao
Filho, o nome sobre todas as coisas: o nome do Pai. Pois o Filho não se
tornaria Pai a menos que vestisse o nome do Pai. Aqueles que tiveram este
nome sabe-o, mas não o falam. Mas aqueles que não o tem não o
sabem.”[39]

H. Existência pré-Mortal da Humanidade. “[Os Gnósticos alegam que] Eu


derivo minha existência a partir daquele que foi pré-existente, e voltarei
novamente para aquilo que me é pertencido, de onde eu provim.”[40]

I. Casamento secreto é necessário para completar a ordenança. “Se


qualquer um torna-se filho da câmara nupcial, este receberá luz. Se
qualquer um não a receber enquanto aqui estiver aqui, não será capaz de a
receber em outro lugar.”[41] “Aqueles que se uniram na câmara nupcial não
serão mais separados.”[42] “Alguns [dos Gnósticos] preparam uma câmara
nupcial e realizam um ritual místico, com certa invocações, por aqueles que
estão sendo consagrados, e estes alegam que o que estão efetivando é um
casamento espiritual, segundo a imagem das conjuções do alto.”[43]

J. Os rituais de iniciação simbolizam uma ascensão celestial. Orígenes


providencia uma detalhada descrição de tal ascensão, a qual é muito
extensa para uma completa citação aqui.[44]

K. Um véu separa o iniciado de Deus. “Portanto as coisas perfeitas nos foram


abertas [através do véu], junto com as verdades ocultas. Os Santos dos
Santos (Lugares Santíssimos) foram revelados, e a câmara nupcial nos
convida a entrar.”[45]

L. Humanidade pode se tornar como Deus. “Você viu o espírito, você tornou-
se espírito. Você viu Cristo, você torna-se Cristo. Você viu [o Pai, você]
deverá tornar-se pai.”[46]

Acredito que podemos fazer as seguintes conclusões baseados na evidência


da epístola de Clemente e no fragmento do Evangelho Secreto de Marcos. O antigo
ramo de Clemente do Cristianismo em Alexandria acreditava que existia três níveis de
conhecimento Cristão: Primeiro, os evangelhos canônicos, os quais foram escritos
com a intenção de trazer novos conversos para o Cristianismo. Segundo, uma secreta
tradição escrita, exemplificada pelo Evangelho Secreto de Marcos, a qual era apenas
para ser lida por Cristãos mais maduros ou Cristãos que buscavam conhecimentos
maiores, mais esotéricos. Terceiro, uma ainda mais secreta tradição oral conhecida
como os “Ensinamentos Hierofânticos,” e rituais conhecidos como os “Grandes
Mistérios,” ou “Mistérios do Reino de Deus.” Os “Mistérios do Reino de Deus” incluíam
ensinamentos secretos e alguns tipos de cerimônias de iniciação ritualísticas as quais
duravam toda a noite. Os conhecidos elementos destas cerimônias iniciatórias
consistiam em ser vestido em uma roupa ritualística ou túnica de linho, e a passagem
pelos sete véus (ou talvez doutrinas, portas, anjos, etc.) que ocultavam um santuário
interno. Algum tempo por volta de 125 A.D., Carpócrates adquiriu conhecimento de
alguns ou todos destes ensinamentos secretos e rituais a partir de um élder apóstata
em Alexandria. Uma parte dos ensinamentos Gnósticos Carpocratianos foi então
derivada a partir de uma modificada forma dos ensinamentos secretos e rituais dos
Cristãos Alexandrinos. Escritos e rituais Gnósticos, os quais manisfestavam muitos
paralelos com os motivos ritualísticos do templo dos Santos dos Últimos Dias,
poderiam em parte representar um versão Gnostificada dos Ensinamentos
Hierofânticos e dos Grandes Mistérios mencionados por Clemente.

Desta forma, por intermédio da recém descoberta epístola de Clemente de


Alexandria, é possível reconstruir um detalhado cenário da origem, natureza,
transmissão e transformação de um antigo e secreto sistema de iniciação Cristão,
alegadamente estabelecido pelo próprio Cristo.

Notas
[1] Para uma seleção das declarações veja Jeff Keller, “Mormonismo e
Maçonaria”, Seven East Press, 28 de Setembro 1982, 9-14; e Reed C. Durham, “Há
qualquer ajuda para o Filho da Viúva”, uma apresentação dada no Encontro Annual da
Associação de História Mórmon de 1974 em Nauvoo, Illinois, 20 Abril de 1974,
typescript.

[2] Este é um tema preponderante ao longo de muito do trabalho de Nibley.


Veja em especial Hugh Nibley, A Mensagem do Papiro de Joseph Smith (Salt Lake
City: Deseret Book, 1975). Embora eu não concorde com todas as suas
interpretações, Eugene Seaich, Ancient Texts and Mormonism (Murray, UT: Sounds of
Zion, 1983), apresenta adcionalmente mais interessantes paralelos. Fontes adicionais
podem ser ainda multiplicadas.
[3] A fim de melhor analisar os possíveis relacionamentos entre rituais antigos e
modernos estarei usando o termo motivo ritual, pelo qual eu gostaria de me referir a
uma ação, imagem, ou frase discreta e simbólica usada em um contexto de uma
sistema ritual ainda maior. Por exemplo, o sacramento dos Santos dos Últimos Dias
pode ser descrito como um sistema ritual composto dos seguintes motivos rituais:
Todos os participantes precisam estar em um estado de pureza espiritual; preparação
ritual do pão e da água por portadores do sacerdócio; orações formuladas para o pão
e para água; distribuição ritual do sacramento; e participação em comunhão da água e
pão. Em um sentido similar, a cerimônia templária dos Santos dos Últimos Dias pode
ser descrita como um sistema ritual complexo composto de dúzias, se não centenas
de motivos rituais discretos. Como uma regra geral, quanto maior o número de
paralelos entre os motivos rituais, maior a probabilidade de algum tipo de
interdependência histórica entre os dois sistemas ritualísticos.

[4] Ed Decker e Dave Hunt, The Godmakers (Eugene, OR: Harvest House,
1984) dá uma interpretação da investidura dos Santos dos Últimos Dias baseado
nesta teoria.

[5] Para uma coleção dos escritos dos Gnósticos, com excelentes discussões,
notas, e bibliografias, veja Bentley Layton, As Escrituras Gnósticas (New York:
Doubleday, 1987).

[6] Para um ‘background’ geral às doutrinas secretas e rituais no Judaísmo e


antigo Cristianismo, ver Morton Smith, Clemente de Alexandria e o Evangelho Secreto
de Marcos (Cambridge: Harvard University Press, 1973), 197-202.

[7] Jean Daniélou, The Bible and the Liturgy (Notre Dame, IN: University of
Notre Dame Press, 1956), 9.

[8] Apostolic Constitutions II, 57. Ver também Justino Mártir, Apologia 66;
Tertuliano, Apologia 7; Cirilo de Jerusalém, Catechetical Lectures, passim; John
Chrysostom, Homilia in Matthaeum 23; Ambrose, De his Qui Mysteriis Initiantur, ch. 1;
e Theodoret, Quaestio in Numeros. Fontes relacionadas poderiam ser ainda mais
multiplicadas, ver A. Haddan, “Disciplina Arcani,” em W. Smith e S. Cheetah, eds., A
Dictionary of Christian Antiquities, 2 vols. (Millwood, NY: Kraus Reprints, 1968), 1:564-
66, para numerosas referências adcionais.

[9] Smith, Clemente de Alexandria e o Evangelho Secreto de Marcos, 1-85,


discute a descoberta dos manuscritos e a evidência de sua autenticidade.

[10] Deve também ser lembrado que a maioria dos dos mesmos eruditos
mantém que os os quatro evangelhos canônicos são também pseudoepigráficos. Para
um sumário das discussões do atual estado das análises veja Morton Smith,
“Clemente de Alexandria e o Secreto Marcos: O Placar ao Fim da Primeira Década,”
Harvard Theological Review 75/4 (1982):449-61, qual dá uma completa bibliografia
até 1982. Também V.P. Furnish, “Evangelho Secreto de Marcos”. No Dicionário
Interpretativo da Bíblia: Volume Suplementar (Nashville: Abingdon, 1976), 573. Veja
especialmente o artigo de F.F. Bruce, O Evangelho Secreto de Marcos (Londres:
Athlone Press, 1974); e R. Brown, “A Relação do Evangelho Secreto de Marcos com o
quarto evangelho,” Catholic Biblical Quartely 36 (1974): 466-85.

[11] Smith, Clemente de Alexandria e o Evangelho Secreto de Marcos, 88-97;


Furnish, “Marcos, Evangelho Secreto de”.
[12] Esta era, é claro, a hipótese original de Morton Smith. A melhor discussão
dos argumentos e evidências está em Helmut Koester, “História e Desenvolvimento do
Evangelho de Marcos (De Marcos ao Secreto Marcos e ao ‘Canônico’ Marcos),” em
Bruce Corley, ed., Colóquio sobre Estudos do Novo Testamento: Um Tempo para
Reestudo e Novas Abordagens (Macon, GA: Mercer University Press, 1983), 35-57.

[13] Hans-Martin Schenke, “O Mistério do Evangelho de Marcos.” O Segundo


Século 4/2 (1984): 73, 69.

[14] John D. Crossan, Quatro Outros Evangelhos: Sombras nos Contornos do Cânon
(Minneapolis, MN: Wiston, 1985), 110.

[15] Smith, Clemente de Alexandria e o Evangelho Secreto de Marcos, 447 (2:23-3:10)

[16] Sobre similares períodos de seis dias de preparação espiritual antes da iniciatória
no antigo Cristianismo, veja ibid., 175.

[17] Ibid., 175-78, discute a abundante evidência para isto.

[18] Ibid., 446-47 (1:15 – 2:3).

[19] Ibid., 81-82 apresenta evidência adcional de que esta era a opinião de Clemente.

[20] Ibid., 447 (2:12).

[21] G. bornkamm, “Mysterion,” em G. Kittel, Dicionário Teológico do Novo


Testamento, 10 vols. (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1967), 4:825.

[22] Schenke, “O Mistério do Evangelho de Marcos,” 75. Aqui eu devo inserir a


ressalva que embora muitos modernos eruditos bíblicos possam achar os rituais
descritos na epístola de Clemente como sendo “tão estranhos [que eles] recusavam a
reconhecê-los como reais,” eles não apenas fazem perfeitamente sentido mas são na
verdade esperados à luz do conceito Santo dos Últimos Dias da importância da
investidura templária.

[23] Para uma discussão das extensivas fones sobre Carpócrates e sobre os
Carpocratianos, ver Smith, Clemente de Alexandria e o Evangelho Secreto de Marcos,
269-78.

[24] Ibid., 446-47 (2:5-11).

[25] Bornkamm, “Mysterion,” 4:825.

[26] Schenke, “O Mistério do Evangelho de Marcos,” 75; ver n. [22] acima.

[27] Clemente faz freqüentes referências aos ensinamentos que não podiam ser
escritos: Stromata VI, 15; VII, 9; ele especificamente estabelece que possuía uma
doutrina oral esotérica transmitida através de vários dos Apóstolos (ver também
Stromata I, 1; VI, 7), o qual também foi declarado pelo discípulo de Clemente,
Orígenes, Contra Celsum I, 7.
[28] Para várias dezenas de referências aos rituais nos escritos Gnósticos, veja o
índexe de Layton, Escrituras Gnósticas, 475(“Batismo”), 478 (“Crisma”), 477
(“Câmara Nupcial”), 505-6 (“Sacramentos”), 507 (“Selamentos”).

[29] J.J. Buckley, “Um Culto Misterial no Evangelho de Felipe,” Journal of


Biblical Literature 99/4 (1980): 569-81.

[30] Evangelho de Felipe (Códex de Nag Hammadi, documento 3, fólio 67,


linhas 27-30; doravante designadas como 67:27-30); todas referências e citações
são da tradução de Layton, Gnostic Scriptures, a menos que de outra forma
anotado (meus comentários em itálicos e parênteses como estes < >{ }[ ] ). Uma
outra tradução bem utilizada é a de Wesley W. Isenberg, em James M. Robinson,
ed., The Nag Hammadi Library, 3a. ed. Revisada (New York: Harper and Row,
1988), 139-60.

[31] Evangelho de Felipe 69:22-25.

[32] Estou preparando um estudo que discute compreensivamente os muitos


motivos rituais nos escritos Gnósticos. Muitos Santos dos Últimos Dias
encontrarão algumas variantes de tais conceitos e rituais não apenas
compreensivos e aceitáveis, mas mesmo como uma parte essencial do antigo
Cristianismo. Entretanto, devo enfatizar que não estou aqui implicando que o
Gnosticismo é uma antiga forma de Mormonismo. Muitas idéias fundamentais do
Gnósticos são muito diferentes daquelas dos Santos dos Últimos Dias.

[33] Irineu, Contra as Heresias I, 25, 5.

[34] Evangelho de Felipe 67:28-30. Clemente de Alexandria, Exortação aos


Gregos XII, 118-23: “Então terás a visão de meu Deus e serás iniciado naqueles
santos mistérios, e saborearás os júbilos que estão lá ocultos nos céus, preservados
por mim, ‘os quais nem o ouvido ouviu nem têm entrado no coração’ de qualquer
homem… . Eu mostrarei a ti o Verbo, e os mistérios do Verbo… .Oh, Verdadeiros
e sacros mistérios! Oh, Pura Luz! Nas labaredas das tochas tive uma visão dos
Céus e de Deus. Tornei-me puro pela iniciatória. O Senhor revelou os Mistérios;
Ele marca o adorador com o Seu selo, dá a luz para guiar Seu caminho, e o
recomenda, quando torna-se um crente, aos cuidados do Pai, onde é preservado
por eras ainda por vir. Estes são os níveis dos meus mistérios. Se tu desejares, sê
também tu iniciado, e tu dançarás com os anjos em volta do não gerado e
imperecível e único verdadeiro Deus…. Desejo conformar-te ao arquétipo, para
que possas te tornar mesmo como Eu sou. Eu te unigirei com o unguento da fé, de
onde poderás lançar fora a corrupção; e te desvendarei a figura da justiça pelo
meio da qual ascendarás a Deus….E para dizer e acreditar que quando foi ele
moldado pelo Cristo Jesus ‘justo, santo e com compreensão,’ ele também se
tornou no mesmo nível já semelhante a Deus. Destarte o profeta abertamente
revela esta graciosa condição quando ele diz, ‘Eu disse, sois deuses, e sois todos
vós filhos do Altíssimo.’ Agora nós, digo eu, somos aqueles a quem o Senhor
adotou”; Evangelho de Felipe 69:25-29: A relação dos cinco mistérios:
“[Batismo] possui ressurreição [e] resgate; resgate está dentro da câmara nupcial.
[A] Câmara nupcial está dentro daquele que é superior a […]”; Irineu, Contra
Heresias I,13, 1:”Eles praticam artes mágicas e de encantamento, posições e
banquetes do amor, espíritos familiares e indutores de sono”; Pitis Sophia, chaps.
97, 103, 133, 135.

[35] Evangelho de Felipe 74:12-24 (isenberg tr.). Batismo ou lavamentos:


Evangelho de Felipe 64:22-32; 72:29-73:1; 75:21-24; 77:7-15; Irineu, Contra
Heresias I, 21, 3. Unção com óleo: Evangelho de Felipe 67:19-27 (Isenberg tr.):
“Não apenas devem aqueles que poduzem o nome do pai, e do filho e do santo
espírito isto fazer, mas <aqueles que> os produziram para vocês. Se alguém não
os adquire, o nome (‘Cristão’) será também tirado dele. Mas aquele recebe a
unção do […] do poder da cruz. Este poder os apóstolos chamaram ‘o direito e o
esquerdo’. Pois esta pessoa já não é mais um Cristão mas um Cristo”; Evangelho
de Felipe 73:15-19: “A árvore da vida está no meio do jardim. Entretanto, é da
oliveira que obtemos a crisma (“unção”), e a partir da crisma, a ressurreição”;
Evangelho de Felipe 85:27: “Todos aqueles que estiverem no <santo dos Santos>
[receberão a crisma]”; Evangelho de Felipe 57:27-28, 67:19-26; 69:4-14; Irineu,
Contra Heresias I, 21, 3-5.

[36] Hugh Nibley, “O Antigo Círculo de Oração Cristão,” em Mormonism and


Early Christianity, vol. 4, The Collected Works of Hugh Nibley (Salt Lake City:
Deseret Book and F.A.R.M.S., 1987), 45-99. Ver também 2 Jeú; Sophia Christia,
P. Berolinensis 8502, 77-78; e Pistis Sophia 136.

[37] Nibley, “Vestimentas Sagradas,” artigo da F.A.R.M.S., 1985; Evangelho de


Felipe 70:5-9; 76:22-32 (“vestindo-se da perfeita luz”); 75:23-24; 2 Jeú 47;
Layton, Escrituras Gnósticas, 486 (“Garment”).

[38] Epifânio de Salamis, Contra as Heresias XXVI, 4, 2. Para uma excelente


discussão deste tópico, ver Todd Compton, “O Sinal e Toque Completos:
Simbolismos de Mistério no Drama de Reconhecimentos Clássicos,” Epoché 13
(1985): 1-81; cf. Também com Compton, “O Aperto de Mão e Abraço como
Sinais de Reconhecimento,” neste volume. Ver também 1 Jeú 33; 2 Jeú 47;
Gálatas 2:9; Evangelho de Nicodemos 2:7.

[39] Irineu, Contra as Heresias I, 21, 3: “Outros empregam palavras hebraicas a


fim de esnobarem ainda mais aqueles que estão sendo consagrados”; e Irineu,
Contra Heresias I, 21, 3: “Outros referem-se a redenção como o seguinte: ‘O
nome que está escondido de toda deiadade’.” Ver também : Evangelho de Felipe
53:24-54:13; 56:4-15; 62:7-17; 67:19-26; 76:6-17.

[40] Irineu, Contra as Heresias I, 21, 5. Evangelho de Felipe 64:10-12 (Isenberg


tr.): “Diz o Senhor, ‘Bem-Aventurado é aquele que é antes de vir a existir. Pois
aquele que é, já tem sido e haverá de ser.’ ”

[41] Evangelho de Felipe 85:32-86:18 (Isenberg tr.).

[42] Evangelho de Felipe 70:19-20 (Isenberg tr.).

[43] Irineu, Contra as Heresias I, 21, 3; ver também Evangelho de Felipe 64:31-
33 (Isenberg tr.): “Grande é o Mistério do Casamento! Pois [sem] ele o mundo
[não existiria]”; Irineu, Evangelho de Felipe 65:7-12 (Isenberg tr.):”E ninguém
será capaz de escapar <dos poderes demoníacos>, uma vez que o restringe se não
receberem um poder masculino ou um poder feminino, do noivo e da noiva.
Recebe-se estes a partir da câmara nupcial espelhada”. Evangelho de Felipe
69:35-70:1 (Isenberg tr.):”<antes > [… o] véu fosse rasgado […] <não tínhamos
nenhuma outra> câmara nupcial exceto a imagem … <da câmara nupcial que
está> acima no céu”; Evangelho de Felipe 70;9-20 (Isenberg tr.): “Se a mulher
não tivesse se separado do homem, ela não morreria com o homem. Sua separaçào
tornou-se o começo da morte. Por causa disto Cristo veio reparar a separação que
existia desde o princípio e mais uma vez unir os dois. E para dar vida aqueles que
morreram como um resultado da separação e uni-los. Porquanto a mulher é unida
ao seu marido na câmara nupcial. Na verdade aqueles que se uniram na câmara
nupcial não serão jamais separados”; Evangelho de Felipe 74:18-23 A unção é
dada na câmara nupcial.

Evangelho de Felipe 82:5 (Isenberg tr.): “Quão muito mais é o incorruptível


casamento um verdadeiro mistério!”; Evangelho de Felipe 85:10-20 (Isenberg tr.):
A Câmara Nupcial está além de um véu. “Mas isto <o véu> foi rasgado do topo ao
chão. Aqueles que estão em cima nos céus abriram para nós as coisas de baixo, a
fim de que pudéssemos ir ao segredo da verdade… . Nós lá adentraremos por
meio de baixas formas e tipos de fraquezas… . Portanto as coisas perfeitas foram
abertas para nós, juntas com as coisas ocultas da verdade. Os santos dos santos
(lugares santíssimos) foram revelados, e a câmara nupcial nos convida a entrar”;
Evangelho de Felipe 85:32-86:18 (Isenberg tr.): “Todo aquele que [adentrará] na
câmara nupcial brilhará a [luz], pois […] <fica acesa> apenas quando os
casamentos são […] <observados, embora estes> possam até acontecer à noite.
Aquele fogo […] <queima> apenas à noite e é extinguido. Nem aquele dia nem
sua luz nunca se põe. If qualquer um é filho da câmara nupcial, este receberá a
luz. Se quem quer que seja não a receba enquanto aqui estiver, ele não poderá ser
capaz de recebê-la em outro lugar. Aquele que receberá aquela luz não srá visto,
nem poderá ser detido. E ninguém será capaz de atormentar uma pessoas como
esta mesmo quando ela habitar no mundo. E novamente quando deixa ele o
mundo já recebeu a verdade nas imagens. O mundo tornou-se o eterno reino
(aeon), pois o reino eterno é plenitude para ele. Este é o caminho que existe, é
revelado para ele somente, não escondido nas trevas e na noite, mas oculto em um
dia perfeito e numa santa luz”; Irineu, Contra as Heresias I, 21, 3: “Alguns deles
preparam uma câmara nupcial e realizam um ritual místico, com certas
invocações, pois aqueles que estão sendo consagrados, clamam que o que estão
efetivando é um casamento espiritual, segundo a imagem das conjuções
celestiais”; Irineu, Contra as Heresias I, 13, 3: “Adorna-te como uma noiva que
estar a esperar o seu noivo, para que tu possas ser o que eu sou, e eu o que tu és.”
Ver também Evangelho de Felipe 67:3-5; 68:23-26; 69:1-4; 82:23-26; 84;20-23.

[44] Orígenes, Contra Celsum VI, 30-33; cf. Henry Chadwick, ed., Orígines:
Contra Celsum (Cambridge: Cambridge University Press, 1965), 345-49, que tem
algumas observações excelentes sobre este assunto, referenciando a muitos outros
paralelos. Ver também Irineu, Contra as Heresias I, 21, 5; I, 13, 6.

[45] 2 Jeú 47. Ver também Evangelho de Filipe 84:23-85:20.


[46] Evangelho de Felipe 61:29-31 (Isenberg tr.); cf. Keith E. Norman,
“Deificação, o Conteúdo da Soterologia Atanasiana,” Ph.D. diss., Duke
University, 1980. Evangelho de Felipe 61:29-35: “Você viu o Espírito, você
torna-se espírito. Você viu Cristo, você torna-se Cristo. Você viu [o Pai, você]
torna-se-á Pai. Desta forma [neste lugar] você todas as coisas e não [vê] a si
mesmo, mas [naquele lugar] você realmente verá a si próprio – o que você ver
nisto [torna-se-á]”; Evangelho de Felipe 75:25-76:5 (Isenberg tr.): “Um cavalo
engedra um cavalo, um homem gera um homem, um deus traz à luz um deus… .
Quanto aos Cristãos, […] estes […] <povos> são referenciados como ‘o povo
escolhido do […] <Deus vivo>’ e ‘o verdadeiro homem’ e ‘filho do homem’ e ‘a
semente do filho do homem.’ Esta verdadeira raça é renomada no mundo…em
que os filhos da câmara nupcial habitam”; Evangelho de Felipe 81;14-24
(Isenberg tr.): “Há o filho do homem e há o filho do filho do homem. O Senhor é
o filho do homem e o filho do filho do homem é aquele que cria através do filho
do homem. O filho do homem recebe de Deus a capacidade de criar. Ele também
tem a capacidade de gerar. Aquele que tem recebido a capacidade de criar é uma
criatura. Aquele que tem recebido a capacidade de gerar é uma progênie.” Ver
também Evangelho de Felipe 57:28-58:10; 67:30-32.

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