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Docente: Pe Figueiredo
Introdução......................................................................................................................................3
Conclusão........................................................................................................................................6
Bibliografia.....................................................................................................................................7
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Introdução
O tema que em páginas subsequentes se desenvolve tem como titulo “a descrição da celebração
eucarística segundo S. Justino (séc. II) ”. Este tema é proposto no âmbito do estudo da disciplina
de “História da Igreja Antiga” como cadeira curricular e crucial no curso de Teologia ministrado
nesta Instituição.
No decurso deste trabalho faz-se um estudo arqueológico-histórico sobre a celebração eucarística
dentro do rito latino da Igreja Católica na religião cristã, desde a antiguidade aos nossos dias,
cujo recurso principal é o livro da “primeira apologia de São Justino Mártir”.
Por questões de método, far-se-á um estudo descritivo e interpretativo que darão um enfoque de
natureza qualitativa ao trabalho. O objetivo geral deste trabalho versa entorno de, compreender a
celebração eucarística nos nossos dias, a partir da descrição que dela se faz na antiguidade.
O trabalho comporta uma estrutura de três partes. A introdução que conta com a biografia de São
Justino; o desenvolvimento do tema, valorização e crítica e a conclusão. É de ressaltar que o
estudo deste tema não pretende trazer abordagens comparativas sobre a celebração eucarística na
antiguidade e na contemporaneidade, nem muito menos pretende delimitar a abordagem do
assunto, apresentando como absoluta, a informação presente.
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2. Sobre a apologia de São Justino1
A chamada “primeira apologia” de São Justino é uma obra laudatória cristã antiga, escrita ao
emperador romano António Pio, aos seus filhos, e ao Senado romano, nos anos 150-155 d. C.
A apologia de São Justino trata entre numerosos assuntos temas sobre a celebração da liturgia, a
Eucaristia e sobre a reunião e adoração dos Domingos (Cap.66, 67). Igualmente descreve sobre
costumes como o Baptismo e profecias sobre Jesus a partir do Antigo Testamento (Cap. 31, 32,
41, 48) Entre os crimes atribuídos aos cristãos, estava o do ateísmo (os cristãos negavam o
politeísmo e culto aos emperadores) e corrompimento do ordenamento social.
‹‹Al emperador Tito Elio Adriano Antonino Pío (...) y a todo el pueblo romano: en
defensa de los hombres de toda raza injustamente odiados y perseguidos, yo Justino, uno
de ellos, hijo de Prisco, hijo de Bacquio, natural de Flavia Neapolis en la Siria
Palestina, he compuesto este discurso y esta súplica››. (Apología I 1.1)2
1
Ver, JEAN COMBY, para ler a história da igreja, p53
2
Extraído da apologia de S. Justino, na sua versão original e na língua espanhola antiga.
3
Justino, primeira apología, 67-66, trad.MM e Lejay, pp 143-145
4
Depois, quando acaba a oração, traz-se o pão, juntamente com o vinho e a água. Aquele
que preside eleva aos céus as orações e as eucaristias (acções de graças), tanto quanto possível, e
todas as pessoas respondem com a aclamação Amém. Depois, ocorrem a distribuição e a divisão
das coisas consagradas para cada um e é enviada aos ausentes. Pelo ministério dos diáconos, a
parte que lhes cabe. Os abastados que desejam fazer doações doam livremente o que querem e o
que é recolhido é entregue aquele que preside, o qual dá assistência aos órfãos, às viúvas, aos
doentes, aos indigentes, aos prisioneiros, aos hóspedes estrangeiros (...). Nós nos reunimos no dia
do sol porque esse é o primeiro dia, no qual Deus, tirando a matéria das trevas, criou o mundo e
no qual Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos››.
Um pouco antes Justino elucidara as condições para participar da Eucaristia, que não é uma
refeição comum.
‹‹Damos a esse alimento o nome de Eucaristia e ninguém pode participar dela sem que
declare a verdade de nossa doutrina, sem que tenha recebido o banho da remissão dos pecados e
da regeneração e sem que viva de acordo com os preceitos de Cristo. Pois, nós não consideramos
esse alimento como um pão comum e como uma bebida comum.
Da mesma forma que, pela virtude do Verbo de Deus, Jesus Cristo, nosso Salvador, fez-
se carne e sangue para a nossa salvação, assim também o alimento consagrado pela oração
formada das palavras de Cristo, e que deve nutrir nossa carne e nosso sangue, a carne e o sangue
do Verbo encarnado (...) ››
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Conclusão.
Justino de Roma é o primeiro escritor cristão que manteve o vínculo indissolúvel entre a fé e a
razão. Neste sentido afirma-se e confirma-se a natureza universal e única do pensamento cristão
e corresponde-lhe o título de legítimo primeiro filósofo católico. A declaração implica dois
supostos: a admissão de elementos aceitáveis da gentileza da cultura helénica e bárbara e o
reconhecimento da introdução cristã na Lei judaica e os profetas (Sagradas Escrituras do A.T., e
Livros proféticos). Não existe ruptura entre o antigo e o novo, mas sim respeito e superação.
A capacitação desta apologia exige a dissolução da heregia que se opõe à potência divina ao
serviço de sua contra-potência (satanás e os démones) e a assimilação progressiva da filosofia
gentil e a fé dos Judeus para a sua legítima maturidade e o reconhecimento da identidade cristã
perante os gregos e os Judeus.
A piedade humana manifestada no culto e a moral são esclarecidos pela filosofia e lhe são
complementários, mas não interiores a ela. Por isso, ser filósofo católico encerra ao mesmo
tempo em Justino ser o fundador da heresiologia e de uma nova apologética, que é tanto
amostração da própria identidade como mensagem missionaria.
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Bibliografia
D. R. BUENO, Padres Apostólicos y Apologistas Griegos del siglo II, Madrid: BAC, 2002.
J. COMBY, Para ler a Historia da Igreja I. das origens ao século XV, ed. Loyola, São Paulo,
1993
P. BOBICHON, Justin Martyr : étude stylistique du Dialogue avec Tryphon suivie d’une
comparaison avec l’Apologie et le De resurrectione, Recherches augustiniennes et patristiques
34 (2005), pp. 1-61 disponivel em online, consultado no 13/06/2021 às 14:03hr, por Remígio
Clemente.