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Brasil-Portugal
Edição eletrônica Recife
A D V
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1958
Foi um verdadeiro espanto encontrar um livro de valor apologético
inestimável, de combate, esclarecimento, e defesa da Fé Católica
frente à confusa crença protestante. O livro, pelo que se pode
pesquisar, só teve a edição do ano de 1958. O autor é um
pseudônimo. Na verdade, tratou-se do Cônego Pedro Adrião da
Silva, de saudosa memória, mestre do português escorreito e
valoroso professor do seminário de Olinda, não quis, ao tempo que
escreveu, a glória para seu nome e desejou passar despercebido
pelos homens, apesar de sua eloquente refrega pela sã doutrina.
Não mais editado, quase esquecido, somente encontrado em
recantos de sebos e no meio de alfarrábios empoeirados, agora é
disponibilizado em formato ebook, para que sua riqueza possa se
espalhar também pelos meios digitais e alcançar as almas que
queiram respostas firmes para aspectos controvertidos e atacados
pelos protestantes. Não se restringe à instrução dos católicos,
sendo, antes de tudo, endereçado àqueles protestantes não
manchados pela dureza de coração, pelos que estudam a palavra
de Deus de forma desapaixonada e sincera, que não se deixam
conduzir pelos achaques de uma crença vazia e sem sentido. É uma
exortação para que se convertam e se tornem verdadeiros
seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo, na Igreja fundada por
Ele.
Concedemos o IMPRIMATUR.
O AUTOR
Esta obra, que agora está sendo reeditada, é uma pontual resposta
às interpretações erradas e sem fundamento que os protestantes,
em sua orgulhosa teimosia, elaboraram no correr dos séculos. De
fácil compreensão, boa linguagem e excelentes argumentos, o livro
do Pe Lúcio Navarro, se bem estudado e aproveitado, será uma boa
arma contra as inverdades e o erro.
Lúcio Navarro.
L. N.
Notas
[1] N.d.r.: Nesta edição, nas citações bíblicas, empregamos as mesmas
palavras da edição original, meramente atualizando a grafia da palavra.
(voltar)
[2] N.d.r: Hoje, Dom Marcelo Pinto Carvalheira, Arcebispo emérito da Paraíba.
(voltar)
Primeira Parte
A Salvação pela Fé
Capítulo Primeiro
Desmantelo e desequilíbrio da teoria
protestante
A tese do pastor.
Textos evangélicos.
2. Não vamos aqui logo repetir todos os textos citados pelo pastor
em abono de sua tese, porque temos que analisá-los
cuidadosamente mais adiante (capítulos 4º a 8º), não só os
apresentados por ele, senão também outros alegados pelos seus
colegas sobre o mesmo assunto. Queremos apenas dar uma
amostra de como os textos eram mesmo de impressionar o
desprevenido ouvinte que não tivesse um conhecimento completo
da verdadeira doutrina do Evangelho. Veja-se, por exemplo, o
seguinte trecho do Evangelho de S. João: Assim amou Deus ao
mundo, que lhe deu a seu Filho Unigênito, para
, , porque Deus não
enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o
mundo seja salvo por Ele. Q ,
, porque não crê no nome do
Filho Unigênito de Deus (João III-16 a 18). Textos como estes que
asseveram tão abertamente — quem crê em Jesus se salva, quem
não crê se condena — seriam suficientes para convencer qualquer
pessoa: 1º se não fosse tão ímpio, tão absurdo, e, portanto, tão
indigno dos lábios de Jesus o que se quer provar com eles, ou seja,
a doutrina de que, para o homem salvar-se, basta que tenha fé em
Cristo e nada mais; 2º se não houvesse outros textos, igualmente
claros, dos Evangelhos, para nos provar a necessidade das boas
obras para a conquista do Céu, como este por exemplo: Bom
Mestre, que obras boas devo eu fazer para alcançar a vida
eterna?... ,
(Mateus XIX-16 e 17).
Notas (pular)
Ora, nós católicos, admitimos que a todos os homens que gozam do uso da
razão a guarda dos mandamentos é indispensável para a salvação; a fé em
Cristo é indispensável para aqueles a quem chega a notícia do Evangelho; a
fé em Deus Remunerador, ou seja, a fé em sentido lato, é indispensável
mesmo para aqueles que nunca ouviram falar em Cristo. Mas a mentalidade
dos protestantes é inteiramente outra; tomam as palavras evangélicas: Quem
crê em Jesus se salva, quem não crê se condena (as quais se referem
naturalmente àqueles a quem o Evangelho é anunciado) no sentido de que
quem não ouve a pregação do Evangelho está irremediavelmente perdido;
quem aceita o Evangelho está salvo com toda certeza. Sim, porque eles veem
como caminho para o Céu, pura e exclusivamente J . Obras,
absolutamente não! Mas se crer em Jesus é, segundo eles,
J , eis aí um sentimento que é inteiramente incapaz de ter
aquele que ainda não foi devidamente instruído a respeito da doutrina do
Evangelho. (voltar)
Dizem os protestantes:
E quando se objeta que esta salvação assim dada “de graça” está
barata demais, os protestantes respondem que é uma loucura
recusar-se uma coisa, só porque é dada de graça: a luz do sol e o ar
que respiramos também nos são dados gratuitamente e ninguém os
vai recusar por isto...
é preciso orar para se obter a graça, pois sem a graça não se pode
praticar a virtude: Importa orar sempre e não cessar de o fazer
(Lucas XVIII-1). Vigiai e orai, para que não entreis em tentação
(Mateus XXVI-41);
Por que motivo então havemos de aceitar a Cristo como Aquele que
nos dá a salvação e não havemos de aceitá-Lo como Aquele que
tem o direito de nos impor, de nos indicar as condições em que esta
salvação é obtida?
uns que dizem que Jesus Cristo é Deus, e outros que é um simples
homem;
uns que creem na existência do inferno e outros que a rejeitam;
Não se podia inventar uma doutrina que fosse mais a gosto para
contentar a todos os hereges.
10. Será possível que o Evangelho nos ensine esta doutrina tão
ilógica de que as boas obras, o nosso modo de proceder não
influem na salvação da nossa alma?
Deus nos podia ter deixado uma Bíblia sempre clara e fácil de
entender. Por que quis que ela fosse tão obscura e tão difícil em
certos pontos? Foi para que ninguém se arvorasse em forjador de
doutrinas, quando Deus deixou também aqui na terra a sua Igreja
encarregada de ensinar a doutrina da verdade.
11. Quando Deus criou Adão e Eva, destinou-os a irem para o Céu,
depois de viverem algum tempo aqui na terra. Dizendo — ir para o
Céu — entendemos: ir gozar da felicidade de Deus, vendo-O face a
face. É o que se chama : Nós agora vemos a Deus
como por um espelho, em enigmas; mas então . Agora
conheço-O em parte, mas então hei de conhecê-Lo como eu mesmo
sou também dEle conhecido (1ª Coríntios XIII-12).
Ora, esta visão beatífica está acima das forças da nossa natureza.
Nossa alma não pode ver a Deus diretamente, mas só pode
conhecê-Lo como por espelho, isto é, através do conhecimento das
criaturas. Para usarmos uma comparação: assim como na ordem
material a luz demasiada cega os nossos olhos e, se nós
chegássemos mais perto do sol, não poderíamos contemplá-lo de
maneira alguma (seria preciso, então, que Deus concedesse aos
nossos olhos uma força especial para isto) assim também é preciso
que Deus eleve a alma a um estado superior à sua natureza, e que
lhe dê uma força toda especial (é o que os teólogos chamam o
) para que ela possa gozar da glória divina, vendo Deus
diretamente lá no Céu.
A graça santificante.
12. Mas um fim sobrenatural exige também meios sobrenaturais.
Para chegar à glória, na qual o homem vai ser um de
Deus, gozando, quanto é possível, da própria felicidade divina, é
preciso que aqui na terra já seja elevado a um estado sobrenatural,
que se torne um D , pela graça santificante.
Dons gratuitos.
Promessa do Redentor.
O único Salvador.
Sendo assim, mesmo a criança que não tem o uso da razão precisa,
pra conseguir a visão beatífica, receber a graça santificante pelo
Batismo, que produz um verdadeiro renascimento espiritual: Na
verdade, na verdade te digo que não pode ver o reino de Deus
senão aquele que renascer de novo... Quem não nascer da água e
do Espírito Santo não pode entrar no reino de Deus (João III-3 e 5).
Como a vida das crianças é muito frágil, a Igreja manda que os pais
providenciem para que seus filhos se batizem quanto antes, a fim de
que não se prive o Céu de mais um feliz habitante.
Notas (pular)
Jesus Cristo não foi somente o nosso Redentor, não foi somente o
Mestre que nos ensinou a sua doutrina, mas também o Legislador
que promulgou preceitos que têm de ser observados: Ide, pois, e
ensinais a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as
(Mateus XXVIII-19 e 20).
Mas daí não se segue que ele possa fazer isto unicamente por suas
forças naturais. Quando apareceu Pelágio, em princípios do século
V, afirmando que não havia necessidade da graça para alcançar a
vida eterna, bastando para isto o livre arbítrio ou a liberdade do
homem, de modo que o homem podia por suas forças naturais
vencer as tentações e observar os mandamentos, servindo a graça
apenas para ajudá-lo a cumprir com mais facilidade a lei divina, se
insurgiram contra a heresia pelagiana os Santos Padres da Igreja,
tendo à frente S. Agostinho, que ficou sendo chamado o Doutor da
Graça. E o erro de Pelágio foi formalmente condenado pela Igreja
em vários Concílios particulares e pelos Papas S. Inocêncio I e
S. Zósimo. Foi ao conhecer a condenação do pelagianismo pelo
Papa, que S. Agostinho proferiu a célebre frase: Roma locuta, causa
finita. Roma falou; acabou-se a questão.
Jesus Cristo nos ensinou a dizer no Pai Nosso: Não nos deixeis cair
em tentação (Mateus VI-13). E disse aos Apóstolos: Vigiai e orai,
para que não entreis em tentação. O espírito na verdade está
pronto, mas a carne é fraca (Mateus XXVI-41). O que nos mostra
que para nos livrarmos do pecado, não basta o nosso cuidado, o
nosso esforço, a nossa vigilância; é necessário também o auxílio da
graça divina que se alcança pela oração.
É por isto que ele próprio, Paulo, no fim da vida, depois de ter
combatido o bom combate, espera uma coroa, mas uma
, realmente merecida pelas suas boas obras juntamente
com sua fé e dada pelo : Eu pelejei uma boa peleja,
acabei a minha carreira, guardei a fé. Pelo mais me está reservada
a que o Senhor, , me dará naquele
dia; e não só a mim, senão também àqueles que amam a sua vinda
(2ª Timóteo IV-7 e 8). Porque cada uma receberá a sua
particular (1ª Coríntios III-
8). Os pequenos sofrimentos, bem aceitos em união com Jesus
Cristo, produzem um efeito maravilhoso na vida eterna: O que aqui
é para nós duma tribulação momentânea e ligeira, produz em nós
de um modo todo maravilhoso, no mais alto grau, um peso eterno
de glória (2ª Coríntios IV-17). E S. João diz na sua 2ª Epístola: Estai
alerta sobre vós, para que não percais o que , mas
antes recebais uma (2ª João vers. 8).
Por isto, assim como o pecador que permanece no seu pecado, que
peca sempre mais, vai aumentando o seu castigo e a sua desgraça
(pela tua dureza e coração impenitente para ti no
dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus — Romanos II-5),
assim também o justo, praticando cada dia boas obras, vai
aumentando a sua recompensa, o seu tesouro nos céus: Não
queirais entesourar para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a
traça os consume e onde os ladrões os desenterram e roubam; mas
para vós no Céu (Mateus VI-19 e 20).
Porque no Céu é desigual a sorte dos bem-aventurados: Aquele que
semeia pouco, também segará pouco; e aquele que semeia em
abundância, também segará em abundância (2ª Coríntios IX-6).
No Antigo Testamento:
Paralipômenos: , que
conheces que ele tem no seu coração, pois que só tu conheces os
corações dos filhos dos homens (2º Paralipômenos VI-30).
Ezequiel: Eu ,
diz o Senhor Deus (Ezequiel XVIII-30).
Confusão de ideias.
Recompensa e benefício.
38. Por mais estranho que pareça, a glória do Céu, que a Escritura
nos mostra como uma dada ao homem pelas suas
boas obras, é também, em última análise, uma graça, um
de Deus.
Um homem rico e ilustre toma um mísero e desprezível servo e o
cumula de favores, espontânea e benignamente, fazendo dele um
filho adotivo. Depois disto, começa a fornecer-lhe verba
continuamente, para que ele realize alguns trabalhos. Perdoa
frequentemente também os erros e fraquezas deste filho, bastando
para isto que ele procure sinceramente o seu perdão. E aqueles
trabalhos realizados pelo filho com verba dada pelo próprio pai, este
os recompensa larguissimamente, fazendo-o cada vez mais
participante de uma imensa herança.
Seja, porém, como for, o que é certo é que Martinho Lutero era um
sentimental e se preocupava doentiamente com o problema da
predestinação, querendo sentir em si à fina força a certeza de que
era um predestinado. Queria experimentar claramente a sensação
de que seus pecados estavam perdoados e de que se achava na
graça de Deus e não sentia este conforto, esta certeza, por causa
das tentações da nossa natureza corrompida. A acreditarmos nas
suas palavras, ele era dominado por escrúpulos, chegando a
confundir as tentações com o próprio pecado, que só existe quando
as tentações são consentidas. Como ele dirá mais tarde: “Quando
eu era monge, acreditava imediatamente que perdia minha
salvação, cada vez que experimentava a concupiscência da carne,
isto é, um mau movimento de desejo, de cólera, de ódio, de inveja a
respeito de um irmão etc. Eu punha em uso muitos remédios,
confessava-me diariamente, mas isto não me servia de nada.
Porque sempre a concupiscência da carne reaparecia. Eis por que
eu não podia achar a paz, mas estava perpetuamente em suplício
pensando: Tu cometeste tal ou tal pecado, estás ainda sujeito à
inveja, à impaciência etc. Foi em vão que recebeste as ordens e
todas as tuas obras são inúteis” (Comentário da E. aos Gálatas
1535. Weimar; tomo XL).
A “descoberta” de Lutero.
Notas (pular)
O pecado original.
43. Para Lutero, o anjo também não é livre, porque “o livre arbítrio é
o apanágio exclusivo de Deus” (Weimar XVIII-664). Mas com o
homem aconteceu uma grande desgraça. Foi o pecado original que
tornou a nossa vontade inteiramente corrompida, completamente
dominada pelo mal, segundo a doutrina luterana. E isto por toda a
nossa vida.
Diz Lutero: “Nossa pessoa, nossa natureza, todo o nosso ser está
corrompido pela queda de Adão... Nosso pecado não é em nós uma
obra ou uma ação; é a nossa natureza e todo o nosso ser” (Apud
Doellinger. III-31).
45. Não se pense, porém, que entre estes sentimentos que levam o
homem aos pés de Cristo, esteja incluído o arrependimento dos
pecados. Não! Arrependimento supõe liberdade e o homem não é
livre.
Lutero esclarece: “Aquele que crê tem tão grandes pecados como o
incrédulo, mas lhe são perdoados, não lhe são mais imputados”
(Comentário da E. aos Gálatas III-25).
Lutero não admite a justificação do pecador, no sentido católico de
que ele se pode tornar realmente um justo, transformado e
regenerado interiormente pela graça de Deus, mas no sentido de
que Deus externamente o considera justo, embora ele seja
realmente o mesmo pecador. O que não crê, tudo o que faz é
pecado mortal; o que crê pode fazer as mesmas coisas, mas Deus
por um decreto considera veniais todos estes pecados. Diz Lutero:
“Para aquele que não crê, não somente todos os pecados são
mortais, mas todas as suas boas obras são pecados... É, portanto,
pernicioso o erro dos sofistas que distinguem os pecados de acordo
com os atos e não de acordo com as pessoas. Naquele que crê o
pecado é venial; é mortal para o que não crê, não que seja
diferente, menor num e maior noutro, mas porque as pessoas são
diferentes” (Weimar II-410; IV-161).
48. Segundo Lutero, Cristo observou a lei por todos aqueles que
creem, estes não tem mais obrigação de observar a lei, observância
que, segundo ele, é impossível, porque não há liberdade: “A palavra
Evangelho significa boa nova, doutrina grata e consoladora para as
almas... ouvir que a Lei já foi observada por Cristo, que nós não
temos o dever de observá-la, mas só o de unir-nos pela fé Àquele
que por nós a observou” (Weimar I-52). “Esta é a nossa doutrina
que sabemos eficaz para consolar as consciências. Viveremos sem
a lei e nos persuadiremos que os nossos pecados nos foram
perdoados” (Weimar XXV-249). “Com propriedade pode definir-se o
cristão: o homem livre de todas as leis no foro interno e externo”
(Weimar XL. 1 Abt. 235). “Assim vês quão rico é o homem cristão ou
batizado que, mesmo querendo, não pode perder a sua salvação,
por maiores que sejam os seus pecados, a não ser que não queira
crer. Nenhum pecado pode condená-lo, a não ser somente a
incredulidade. Todos os outros... se houver fé, na promessa divina
feita ao batizado são absorvidos pela mesma fé” (Weimar VI-529).
Mas, dirá o leitor, como posso seguir uma doutrina destas? E onde
está a minha consciência que me acusa quando dou um passo
errado?
Ora consciência! Lutero manda abafar a sua voz. Diz ele: “Se a
consciência do pecado te acusa, se põe ante os teus olhos a ira de
Deus... não deves ouvi-la, mas contra a consciência e contra os teus
sentimentos deves julgar que Deus não está irado, que tu não estás
condenado” (Weimar XXV-330).
Além disto, a sua doutrina com que forjou para si uma consolação
diabólica, apoiando-se na cega confiança em Cristo para se ver
tranquilamente livre de todas as leis, trazia uma consequência
capaz de lançar muitas almas no desespero.
Calvino irá ensinar a sua doutrina de que Deus predestina uns para
o Céu e outros para o inferno, por um decreto irrevogável que o
próprio Calvino chama (Instituição Cristã III-23).
Lutero não usa esta expressão “predestinação para o inferno”, mas
isto já está contido claramente na sua doutrina sobre o arbítrio
escravo, em que nos mostra Deus jogando com as criaturas a seu
bel-prazer, operando nelas o bem e o mal, encaminhando-as
inelutavelmente para o Céu ou para a perdição. E quando se lhe
apresentam os textos da Escritura em que se diz que Deus quer a
salvação de todos, ou que não quer a morte do pecador e sim que
se converta e viva, Lutero, do mesmo modo que Calvino, faz a
distinção entre a vontade de Deus e a sua vontade
. A vontade revelada é a que Deus nos quer fazer crer nas
Escrituras; mas a sua vontade oculta é que muitos se percam e que
não haja senão um certo número de eleitos no Céu. Distinção, é
claro, perfeitamente absurda (nº 215).
Para Lutero, Deus “é bom fazendo o mal” (Weimar XVIII pág. 709),
assim como o homem é mau fazendo o bem.
E era assim?...
Como sabemos, a Igreja tem o seu lado divino e o seu lado humano.
Ela foi fundada por Cristo, cabe-lhe a guarda do depósito da fé; é a
coluna e o firmamento da verdade (1ª Timóteo III-15). R
não pode haver na Igreja, pois Cristo garantiu a
firmeza e a estabilidade de sua doutrina, prometendo que as portas
do inferno não prevalecerão contra ela (Mateus XVI-18). É o seu
lado divino.
Mas a Igreja é constituída por homens que, como tais, estão sujeitos
a pecar, por maior que seja a sua dignidade. Tem produzido grandes
santos, muitos de seus membros levam uma vida altamente
edificante e piedosa, mas dentro dela há também homens que
erram, que são pecadores, porque o reino dos céus é semelhante a
uma rede lançada no mar que toda a casta de peixes colhe; e
depois de estar cheia, a tiram os homens para fora, e, sentados na
praia, escolhem os bons para os vasos e deitam fora os maus.
Assim será o fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus
dentre os justos e lançá-los-ão na fornalha de fogo (Mateus XIII-47 a
50). Se os próprios santos nunca estão satisfeitos consigo mesmos,
sempre acham que deveriam amar e servir a Deus muito mais, que
se dirá então dos pecadores? Em todas as épocas, portanto, os
membros da Igreja sentem necessidade de uma ,
para cuja realização encontram meios na própria Igreja: na sua
doutrina e nos seus sacramentos.
Bonito começo!...
52. A outra observação que vem a talho de foice é esta: Que bonita
estreia para a teoria do livre exame!
Assim se lê na Bíblia:
Este mandamento que eu hoje te intimo, não está sobre ti, nem está
longe de ti, nem está no Céu, de sorte que possas dizer: Qual de
nós pode subir ao Céu, para que no-lo traga e o ouçamos e o
ponhamos por obra? Também não está da banda d’além do mar,
para que te desculpes e digas: Qual de nós poderá passar o mar e
trazer-no-lo, para que possamos ouvir e cumprir o que se nos
manda? Mas esta palavra está muito perto de ti, na tua boca está e
no teu coração para a cumprirdes. Considera que eu te pus hoje
diante dos olhos a vida e o bem, e ao contrário a morte e o mal,
para que tu ames o Senhor teu Deus e andes nos seus caminhos e
guardes os seus mandamentos (Deuteronômio XXX-11 a 16).
Lutero sabia que Jesus Cristo era Deus. E que prova mais
espetacular da liberdade do homem do que Jesus chorando sobre a
ingratidão de Jerusalém? É verdade que nessa hora Jesus
cavalgava um jumentinho, mas era precisamente porque o homem
estava longe de ser como aquele jumentinho que tão facilmente se
deixava conduzir, era por causa das resistências do homem às
inspirações da divina graça, que Jesus chorava naquele momento.
Eis aí algumas das teses que para qualquer pessoa que leia
imparcialmente a Sagrada Escritura se afiguram como verdadeiras
barbaridades antibíblicas e que entretanto têm sido defendidas (às
vezes até através de tenaz e fanática propaganda) pela turma
desenfreada do livre exame.
A máscara.
O que crer e for batizado será salvo; o que, porém, não crer será
condenado (Marcos XVI-16);
O protestante responderá:
Se, por exemplo, um homem vive em união ilícita com uma mulher,
se está metido em transações proibidas que dão prejuízo ao
próximo, se tem o ódio no seu coração, não basta que ele na igreja
ou nas suas orações se mostre compungido. Porque a Deus
ninguém engana. É preciso que abandone aquela união
pecaminosa, aquelas transações ilegais, aquele ódio que domina o
seu coração. São, portanto, as suas obras, o seu modo de agir, a
sua maneira de proceder daqui por diante que vão demonstrar a
sinceridade do seu arrependimento. Por que é que Lutero tanto se
zangava quando se falava em arrependimento? Era porque
arrependimento inclui emenda, uma correção, uma alteração em
nossas obras, em nossa maneira de proceder; o que já não vem a
ser salvação só pela fé.
A manha protestante.
“Tu fazes grande caso da Escritura que é serva de Jesus Cristo; eu,
pelo contrário, dela não me importo. À serva liga a importância que
quiseres, eu quero valer-me de Jesus Cristo, que é o verdadeiro
senhor e soberano da Escritura e que mereceu e conquistou, com a
sua morte e ressurreição, a minha justiça e a minha salvação
eterna” (Walch VIII-2140 segs.).
Notas (pular)
Notas (pular)
[9] O texto de S. João: A obra de Deus é esta, que creiais nAquele que Ele
enviou (João VI-29) será comentado especialmente no nº 301, quando
falarmos sobre a Eucaristia; aí faremos um demorado estudo sobre o capítulo
VIº de S. João (nos 298 a 317). (voltar)
Isto, porém, não é obstáculo para que uns e outros se aferrem aos
citados textos, desprezando os demais: continuam a pregar com
eles a salvação só pela fé, afirmando que a salvação não depende
das obras do indivíduo, nem direta, nem indiretamente, porque é
dada inteiramente de graça para aquele que crê. Daí afirmarem
abertamente que já estão salvos, porque estão convencidos de que
creem em Jesus Cristo. Se creem ou não, isto veremos mais
adiante (nº 364). Quanto às boas obras, já não falam como Lutero
que dizia serem elas inúteis ou mesmo nocivas à salvação. Dizem
os protestantes de hoje que as boas obras são um meio de exercitar
a fé, são um fruto ou consequência da salvação: o indivíduo que já
está salvo pela fé pratica boas obras, mas as boas obras não são
da salvação.
Crê em Jesus e serás salvo, pois quem não crê em Jesus será
condenado.
E assim veremos:
1º O que é
2º O que devemos
3º Como devemos
60. Quem não sabe o que é crer? Quem não entende o que quer
dizer crer em Cristo? É aceitar como verdadeiro, abraçar e professar
tudo o que Cristo ensinou; qualquer criança sabe disto. Que
necessidade há de fazermos uma longa dissertação sobre este
assunto?
Outro engano.
A prova está aqui: Aos dois cegos que seguiam atrás dEle dizendo:
Tem misericórdia de nós, Filho de Davi, Jesus não pergunta: Tendes
confiança de que eu quero curar-vos? Sua pergunta é esta: Credes
que vos fazer isto a vós outros? (Mateus IX-28) e quando
eles respondem Sim, Senhor, Jesus lhes diz: Faça-se-vos, segundo
a vossa (Mateus IX-29). E no capítulo anterior, S. Mateus nos
narra que, quando Jesus desceu do monte, muita gente o seguiu;
veio ao encontro dEle um leproso, e como é que esse leproso
exprime a sua fé? É com esta palavra: Se tu queres, Senhor, bem
me alimpar (Mateus VIII-2). Parece não estar muito certo de
que o Mestre quer, pois talvez ele não o mereça; está, porém,
certíssimo de que o Mestre pode.
63. Não faz exceção a esta regra a própria cananeia, que nos legou
um tão notável exemplo de confiança.
O caso do paralítico.
Crer no evangelho.
Fé particularizada.
Não podemos falar nesta questão de crer ou não crer, sem que nos
venha à lembrança o episódio de S. Tomé, a quem Nosso Senhor
disse: Tu , Tomé, porque me viste; bem-aventurados os que
não viram e (João XX-29). De que se tratava então? Da
confiança de que seria salvo por Jesus? Não; tratava-se do crédito
dado às palavras daqueles que lhe deram notícia de um fato: o fato
da Ressurreição do Mestre.
Amor de Deus.
Amor do próximo.
A castidade.
O juízo final.
74. Um dia Jesus Cristo descreveu o juízo final. No juízo final
iremos ver quais os que são salvos e quais os que são condenados.
Ótima ocasião, portanto, para apreciarmos as da salvação e
da condenação de cada um. Ora, se Jesus exigisse para a salvação
apenas a fé, a única descrição que Ele poderia fazer do juízo final
seria a seguinte: De um lado os que creem e são salvos. Do outro
lado os que não creem e são condenados. Todo o mundo percebe
logo que isto seria mais cômodo e mais simples do que a separação
dos salvos e dos condenados pelas boas ou más obras. As boas e
as más obras são de natureza tão diversa, variam tanto de indivíduo
para indivíduo, que seria preciso passar horas e mais horas para
descrever, embora resumidamente, o julgamento de todos os
homens por este critério. Pois bem, Nosso Senhor não se importa
de fazer uma descrição incompleta, contanto que saliente ser o
ponto mais importante do julgamento a prática da caridade.
Então dirá o rei aos que hão de estar à sua direita: Vinde, benditos
de meu Pai; possuí o reino que vos está preparado desde o
princípio do mundo, tive fome e destes-me de comer; tive
sede e destes-me de beber; era hóspede e recolhestes-me; estava
nu e cobristes-me; estava enfermo e visitastes-me; estava no
cárcere e viestes ver-me.
Então Lhe responderão os justos, dizendo: Senhor, quando é que
nós te vimos faminto e te demos de comer, ou sequioso e te demos
de beber? E quando te vimos hóspede e te recolhemos, ou nu e te
vestimos? Ou quando te vimos enfermo ou no cárcere e te fomos
ver?
75. Devemos crer com uma fé viva, uma fé sincera, coerente, uma
fé que não encontre contradição na nossa maneira de agir, porque
aqui não se trata de armazenar conhecimentos, não se trata de um
estudo teórico, de uma mera contemplação intelectual; trata-se de
um princípio de vida, de ação, de atividade: crer para ganhar a vida
eterna.
Segundo o ensino bíblico, aquele que tem a fé, mas não age de
acordo com ela, nega, contradiz a sua crença; anula, portanto, o
valor da sua própria fé. Vejamos o que nos diz S. Paulo: Para os
impuros e infiéis, nada há limpo; antes se acham contaminadas
tanto a sua mente, como a sua consciência. Eles confessam que
conhecem a Deus, mas - com as obras (Tito I-15 e 16). E
o mesmo S. Paulo diz a respeito daqueles que não se interessam
pelos seus, que eles por este simples fato, negam a sua fé: Se
algum não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua casa,
esse a fé e é pior que um infiel (1ª Timóteo V-8).
A fé é o nosso médico.
79. Jesus é o Bom Pastor que guia as suas ovelhas pelo caminho
do Céu: Eu sou o Bom Pastor (João X-11). O que me segue não
anda em trevas, mas terá o lume da vida (João VIII-12).
— Não, meu amigo; o Bom Pastor não te disse: Basta entrar no meu
rebanho para conseguires o Céu; mas disse: Entra no meu rebanho
e terás o Céu, o que é bem diferente. Entra no meu rebanho — quer
dizer: vem e segue-me, sê minha ovelha fiel; entrega-te à minha
direção. E o Bom Pastor então nos vai apontando o verdadeiro
caminho da bem-aventurança, mostrando-nos o caminho que Ele
próprio seguiu à nossa frente, quando nos deu o seu exemplo: Eu
dei-vos o exemplo, para que como eu vos fiz, assim façais vós
também (João XIII-15). Precisas seguir o caminho que Ele te aponta
para chegares ao Céu; se te desviares, és uma ovelha desgarrada
que o Bom Pastor misericordiosamente irá buscar, mas precisarás
então voltar ao caminho indicado, sem isto não alcançarás o teu
destino. Porventura achas que, quando um professor diz: Quem
entrar na minha escola, se tornará um homem bem preparado — é o
simples fato de entrar na escola que torna logo um sábio aquele que
ali entrou? É preciso entrar na escola, mas para fazer bem direitinho
as tarefas e exercícios que o mestre indicar.
Quando Jesus nos diz: crê em mim e serás salvo (porque Ele nunca
disse: Basta crer em mim para ser salvo) é o Bom pastor que nos
está dizendo: Entra no meu rebanho e terás o Céu. Crer em Jesus é
aceitar toda a sua doutrina, colocar-nos no número dos seus
discípulos, entrar no seu rebanho. Por isto disse Jesus aos judeus:
Vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas (João X-26).
Mas entrar no rebanho de Cristo já encerra em si um compromisso:
o de O seguirmos como ao Bom Pastor que nos aponta o caminho.
E quando Ele diz: Guarda os mandamentos, ama a teu próximo
como eu te amei — está apontando este caminho que havemos de
seguir para conquistar o Céu: as minhas ovelhas ouvem a minha
voz: eu conheço-as e elas (João X-27).
80. Há, sem dúvida alguma, nestas palavras: Crê no senhor Jesus e
serás salvo (Atos XVI-31), quem nEle crê não é condenado (João
III-18), o que crê no Filho tem a vida eterna (João III-36), Deus deu
ao mundo seu Filho Unigênito para que todo o que crê nEle não
pereça, mas tenha a vida eterna (João III-16), a virtude de Deus é
para dar a salvação a todo o que crê (Romanos I-16) etc, etc. —
uma para todos aqueles que creem em
Jesus.
81. Vejamos este texto: Todo aquele, quem quer que for, o que
o nome do Senhor, será salvo (Romanos X-13; Joel II-32).
É preciso que o faça com o coração sincero do servo que quer ser
fiel ao seu senhor, do filho que não quer de modo algum desagradar
a seu pai. E uma vez que Deus lhe exige a observância dos
mandamentos, sintetizados no amor de Deus e do próximo; uma vez
que Deus lhe exige a fé em toda a doutrina de Jesus; uma vez que
Deus exige a confissão como veremos (capítulo 12º), pois instituiu o
Sacramento da Penitência para aqueles que pecam depois do
Batismo; uma vez que Deus lhe ordena a recepção da Eucaristia
(João VI-54), é preciso que ele esteja disposto a aceitar e praticar
tudo isto para alcançar a salvação, pois esta não se pode conseguir
contrariando a vontade de Deus.
A eficácia da oração.
Que significa isto? Que Deus falta com a sua promessa? Não; a
palavra de Deus é infalível. Quer dizer que num texto vem a
; noutros vêm explicadas sob as quais
.
Está visto que uma destas condições é que aquilo que nós pedimos
seja realmente bom e conveniente para nós. Se um pai diz a seus
filhinhos: darei tudo quanto Vocês pedirem — aí logo se subentende
que dará só o que for bom e útil para eles. Um quer uma peixeira
bem amolada para brincar de vendelhão com seus irmãozinhos; o
outro quer uma motocicleta para sumir-se no meio das ruas
movimentadas com risco da sua própria vida; a outra quer a
liberdade de passear com certas companheirazinhas que não se
recomendam. Que faz o pai extremoso? Nega-lhes inapelavelmente
o que lhe pedem, embora esperneiem e se zanguem, porque quer
somente o bem de seus filhos e reserva alguma coisa melhor, de
outro gênero, para coroar de qualquer maneira, o seu pedido.
Somos diante de Deus como crianças inexperientes: não sabemos o
que havemos de pedir, como convém (Romanos VIII-26); é o que
nos diz S. Paulo. A família toda se reúne para rezar pela saúde do
pai ou da mãe ou de qualquer outro membro que se acha enfermo;
mas se, por exemplo, aquele é o momento propício para a salvação
daquela criatura que se acha contrita e, se ficar boa, pode, quem
sabe? perder-se mais tarde; não é o caso de Deus negar o pedido,
porque a salvação daquela alma está acima de tudo? O emprego
melhor remunerado ou o casamento, a viagem ou o livramento do
cárcere podem ser contrários aos desígnios altíssimos de Deus,
segundo os quais a salvação se poderá tornar muito mais fácil na
pobreza, na renúncia e na penitência. E assim por diante.
Mas será que pelo simples fato de ter recebido uma vez
condignamente o corpo do Senhor, fica o homem com a salvação
assegurada para sempre? Não há dúvida que a comunhão lhe traz
uma íntima união com Cristo: o que come a minha carne e bebe o
meu sangue, esse (João VI-57). Da sua
parte, Cristo entra com a sua graça, com a sua presença inefável na
alma, robustecendo-a, dando-lhe o auxílio necessário para que se
vença a si mesma nas tentações e alcance a vida eterna. Mas o
homem é livre e não se tornou impecável com a comunhão, tem que
corresponder às graças divinas e fazer da sua parte o esforço para
permanecer com Cristo em sua alma, e é a isto que Cristo o exorta:
O , esse dá
muito fruto; porque vós sem mim não podeis fazer nada. Se alguém
será lançado fora como a vara, e secará
e enfeixá-lo-ão e lançá-lo-ão no fogo e ali arderá (João XV-5 e 6).
Eis aí, portanto, mais outra condição para que a comunhão nos
garanta a vida eterna: é preciso permanecer em Cristo pela fuga ao
pecado, e isto fica a depender de nós, pois Cristo já nos dá, pela
comunhão, um valioso aumento de graça para mantermos a nossa
fidelidade. A obrigação de permanecer com Ele supõe, pelo menos,
que tenhamos sempre o cuidado de com Ele nos reconciliarmos e
de O recebermos novamente, se tivermos a desgraça de afastá-Lo
pelo pecado mortal.
para todos, enfim, a vontade do Pai Celeste está expressa nos seus
mandamentos. Observe-os; realize a vontade divina. Faça isto e
Você , como disse o Divino Mestre, porque só assim Você se
tornará digno das promessas de Cristo.
Capítulo Quinto
A certeza da salvação
Doutrina de S. Paulo.
Não há condenação.
Mas a questão é que S. Paulo não disse que não havia condenação
para os que em Jesus Cristo, porém para os que
Jesus Cristo, o que já é diferente. Podemos crer em Jesus, invocá-
Lo com muita frequência, louvá-Lo a cada instante e estar, não em
Jesus Cristo, mas muito longe dEle, se se tratar de uma fé que não
desabrochou em caridade, ou seja, o amor de Deus e do próximo.
Estar em Jesus Cristo é estar em graça santificante, com a alma
reconciliada com Deus, sem mancha de pecado mortal; para isto é
necessária a guarda dos mandamentos. Como se prova? Pela
própria Bíblia. Diz S. João, falando a respeito de Jesus Cristo:
Aquele que diz que O conhece e não guarda os seus mandamentos,
é um mentiroso e não há nele a verdade, mas se algum guarda a
sua palavra, é nele verdadeiramente perfeito o amor de Deus e por
aqui é que conhecemos que E . Aquele que diz que
E , também ele mesmo como E (1ª
João II-4 a 6). Para estar em Cristo não basta a fé, é preciso
guardar os seus mandamentos, guardar a sua palavra, andar como
Cristo andou, isto é, imitá-Lo pela santidade de vida.
Os que segundo a carne gostam das coisas que são da carne; mas
os que são segundo o espírito percebem as coisas que são do
espírito. Ora a prudência da carne é morte; mas a prudência do
espírito é vida e paz; porque a sabedoria da carne é inimiga de
Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem tão pouco o pode ser.
Os que vivem, pois, segundo a carne não podem agradar a Deus.
Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito,
E D ;
E C , E (Romanos VIII-5 a 9). Se
vós viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se vós pelo espírito
fizerdes morrer as obras da carne, vivereis (Romanos VIII-13).
Notas (pular)
1º — no passado: D .
2º — no presente: .
3º — no futuro: .
Se, sendo nós inimigos, fomos reconciliados com Deus, pela morte
de seu Filho; muito mais, estando já reconciliados,
por sua via (Romanos V-10). E em outro capítulo da mesma Epístola
aos Romanos, S. Paulo fala da salvação, como a meta para a qual
se marcha, o ideal que procura conseguir: Agora está a
nossa salvação que quando recebemos a fé (Romanos XIII-11).
Ninguém há que, uma vez que deixou pelo reino de Deus a casa, ou
os pais, ou os irmãos, ou a mulher, ou os filhos, logo neste mundo
não receba muito mais, e (Lucas
XVIII-29 e 30). Vinde, benditos de meu Pai, possui o reino que vos
está preparado desde o princípio do mundo... Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno... E irão estes para o suplício eterno; e
os justos para a (Mateus XXV-34, 41 e 46). O que sega
recebe galardão e ajunta fruto para a (João IV-36).
Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até à
(João VI-27). O que ama a sua vida perdê-la-á, e o que
aborrece a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a
(João XII-25). Aquilo que semear o homem, isso também segará... e
o que semeia no espírito, do espírito segará a (Gálatas
VI-8). Para a esperança da (Tito I-2).
Como a vida eterna do Céu vai ser a felicidade de uma íntima união
com Deus e esta felicidade já se pode gozar aqui na terra pela
, como só pode entrar no Céu aquele que já daqui da terra
leva em sua alma esta vida sobrenatural, a qual assim vai continuar
no outro mundo e continuar muito mais esplendorosa e feliz, a
Escritura, em outras passagens, já chamava a vida
sobrenatural da graça, que possuem neste mundo aqueles que
estão unidos a Deus, por estarem com a consciência limpa de
qualquer pecado grave: Quem ouve a minha palavra e crê nAquele
que me enviou, e não incorre na condenação,
mas passou da morte para a vida (João V-24). O que come a minha
carne e bebe o meu sangue , e eu ressuscitarei
no último dia (João VI-55). Pai, é chegada a hora; glorifica a teu
Filho... tu Lhe deste poder sobre todos os homens, a fim de que Ele
dê a vida eterna a todos aqueles que tu Lhe deste. ,
porém, consiste em que eles conheçam por um só verdadeiro Deus
a ti, e a Jesus Cristo, que tu enviaste (João XVII-1 a 3). A graça de
Deus é a em Nosso Senhor Jesus Cristo
(Romanos VI-23). O que crê no Filho de Deus tem em si o
testemunho de Deus... E este é o testemunho, que Deus nos deu a
, e esta vida está em seu Filho. O que tem ao Filho tem
a vida; o que não tem ao Filho não tem a vida. Eu vos escrevo estas
coisas, para que saibais que , os que credes
no nome do Filho de Deus (1ª João V-10 a 13).
E Nosso Senhor Jesus Cristo diz aos Apóstolos: Vós já estais puros
em virtude da palavra que eu vos disse. Permanecei em mim e eu
permanecerei em vós (João XV-3 e 4) para dizer, dois versículos
mais adiante: Se alguém não permanecer em mim, será lançado
fora como a vara, e secará, e enfeixá-lo-ão e lançá-lo-ão no fogo, e
ali arderá (João XV-6).
Salvação definitiva para o fiel, de tal forma que ele não possa jamais
perder-se, virá na hora da morte, se ele perseverar até o fim: O que,
porém, perseverar até o fim, esse é que será salvo (Mateus X-22).
Mas desta palavra de S. Paulo não se segue que Cristo nos salve
sem a cooperação da nossa parte, ao contrário supõe o Apóstolo
esta cooperação, pois Cristo pode salvar perpetuamente
D (Hebreus VII-5). E esta
cooperação, segundo o ensino desta mesma Epístola aos Hebreus,
não consiste somente na fé, mas também na a Cristo
que é o da salvação eterna para
(Hebreus V-9).
Vejamos agora o que S. Paulo diz aos cristãos na sua Epístola aos
Hebreus: Vede, irmãos, que se não ache talvez nalgum de vós um
D
, mas admoestai-vos vós mesmos uns aos outros ,
durante o tempo que a Escritura chama Hoje, por não acontecer que
, , ;
porque é verdade que nós somos incorporados com Cristo; mas
que nós conservemos o
novo ser que começamos a ter nEle (Hebreus III-12 a 14).
— Mas a certeza que ele tinha era diferente da nossa, porque era
baseada nas obras, dirão os protestantes.
Mas os que continuaram presos aos seus vícios, aos seus pecados,
sem a necessária emenda, sem o arrependimento, estes, enquanto
permanecerem assim, não são filhos de Deus neste sentido especial
em que S. Paulo toma aí esta expressão, no de herdeiros do Céu; e
portanto o Espírito Santo não lhes poderá atestar isto, pois seria
uma mentira, e o Espírito Santo não mente. Realmente o mesmo
Divino Mestre que nos diz: Todo o que comete pecado é escravo do
pecado (João VIII-34) nos diz também: Ninguém pode servir a dois
senhores (Mateus VI-24).
O que é que procuram fazer algumas seitas protestantes?
Exatamente o inverso. Convencidas de que para alguém estar em
graça de Deus, é preciso, primeiro que tudo, estar plenamente
certificado disto, procuram incutir no espírito de todos os seus
adeptos a ideia de que são filhos de Deus e que o Divino Espírito
Santo lhes está atestando isto: que são realmente co-herdeiros de
Cristo e herdeiros do Céu.
Ora, a coisa mais fácil deste mundo é um pecador que está aferrado
ao pecado convencer-se de que é filho de Deus e de que irá para o
Céu com toda a certeza, se este pecador vem sendo trabalhado por
uma seita que já o convenceu de que nem a observância da lei
divina, nem as boas obras contribuem para justificação do homem,
nem são necessárias para a salvação e que o vai sempre
acostumando a ver em Jesus Cristo
A que temos para com o Pai (1ª João II-1) e nunca isto:
um Justo Juiz que há de vir na glória de seu Pai com os seus anjos;
e então (Mateus
XVI-27).
Tanto mais que este crente está acostumado a olhar para o que se
passa neste mundo e a ver como frequentemente os advogados
conseguem por no olho da rua muitos que deveriam permanecer
sob as grades da prisão... E pode facilmente esquecer que o
Advogado que temos para com o Pai é, como diz o próprio S. João,
Jesus Cristo (1ª João II-1) e, sendo justo, só pode advogar a
causa daqueles que realmente são dignos de receber o perdão, por
se acharem sinceramente arrependidos.
Vício de origem.
Um quadro maravilhoso.
3º que um pecado cometido, seja ele qual for, se não for retratado
pelo arrependimento, nos põe em estado de condenação
, pois nem ao menos os Batistas fazem distinção entre
pecado mortal e pecado venial; como é que estes homens podem
pregar uma ?
Há, por conseguinte, duas espécies de crentes: uns que são crentes
verdadeiros e outros que são crentes nominais, ou seja, são crentes
.S
.
Mas repare bem o leitor. Não vamos citar este ou aquele pastor,
porque assim os Batista se descartarão, dizendo que se trata aí
apenas de uma opinião pessoal. Vamos citar um livro que expõe
o pensamento dos Batistas em geral. É o livro o
, editado pela Casa Publicadora Batista e
vendido em todas as livrarias desta denominação. Está já na 4ª
edição brasileira, portanto não é um livro que os Batistas tivessem
rejeitado depois de um certo tempo, ao contrário tem sido mais do
que aprovado por eles, uma vez que vem tendo edições sucessivas.
Dizemos: 4ª edição , porque se trata de tradução de uma
obra norte-americana do Sr. O. C. S. Wallace, muito conhecida dos
Batistas em várias partes do mundo. É, além disto, como diz no
Prefácio “um comentário aos 18 artigos de fé que constituem a
Confissão de Fé de New Hampshire. Foi formulada e adotada pelos
Batistas do Estado de New Hampshire em 1833 e é atualmente
aceita pelos batistas em geral. Não se trata de um credo, porque os
batistas não o possuem. É apenas uma síntese daquilo que
cremos”.
“
. A Corrente da âncora não terá sido
provada satisfatoriamente, enquanto cada elo não tiver sido
provado. Assim também o crente não terá dado prova suficiente da
, até que essa fé tenha sido provada, quer na
mocidade, quer na velhice, desde o princípio .
Um homem pode enganar os outros durante muitos anos, até que
uma circunstância inesperada venha pôr a descoberto seu
verdadeiro caráter. E e recusar-se a
uma submissão completa a Cristo, como o Evangelho exige, crendo
ser possível obter a vida eterna . Neste caso fica
convencido de que realmente alcançou a vida e animado por essa
esperança passa a executar os deveres cristãos sem, por muito
tempo, ter de enfrentar uma provação a que não possa resistir.
Como consequência de sua própria , o homem deixa-se
descansar numa , e será despertado só quando
sobrevier alguma prova imprevista ou tentação para a qual não
esteja preparado. Então se revela o fato de que sua vida anterior
apresentava apenas
” (O Que Creem os Batistas.
O. C. S. Wallace. 4ª edição, 1945 pág. 84).
Mas direi eu: Passei muitos anos, santificando-me, sem cometer
nenhum pecado, será que eu ainda não sou crente verdadeiro, será
que não tenho a verdadeira fé?
— Refere-se só ao .
Não, porque Deus não quer levar todas as almas pelo mesmo
caminho.
— Não culpes assim o Divino Espírito Santo, lhe dirá o “irmão na fé”,
o outro nova-seita. Se não estás salvo ainda, é porque não tinhas a
verdadeira fé, isto é, a confiança absoluta de que Jesus é que te
salva.
Notas (pular)
[11] Uma coisa, porém, é o homem aos pés de Deus fazendo o seu firme
propósito, e outra já um bocado diversa é o mesmo homem às voltas com as
seduções da tentação. E aí muitas vezes fraqueja. A mentalidade
excessivamente rígida de certos protestantes não pode compreender isto:
acham que, desde que o propósito foi alguma vez quebrado, isto é sinal de
que nunca houve o arrependimento. Doutrina muito boa... para levar a pobre
Humanidade ao desespero. Mas é o caso de perguntar: será que esses
protestantes se sentem assim tão inflexíveis, tão angélicos que
não experimentem o contraste entre os nossos melhores propósitos e a
realidade das nossas imperfeições? (voltar)
A transformação do homem.
A nova criatura.
106. Quando S. Paulo nos diz que aquele que está em Cristo é uma
nova criatura, não é no sentido de que este homem deixou de ser
livre para fazer o mal; nem que ficou nele extinto o fogo das paixões
e das más inclinações da nossa natureza. Quer dizer que este
homem se tornou outro diante de Deus pela graça santificante, que
o torna agradável aos olhos do seu Criador; e se tornou outro aos
olhos dos homens, pelo seu modo de proceder que todos veem ser
proceder de um verdadeiro cristão, muito diferente do modo de agir
dos pagãos que viviam mergulhados na corrupção, ou dos judeus
que eram cheios de maldade e de hipocrisia. Mas S. Paulo não diz
com esta situação é inamissível.
Se está em Cristo, é uma nova criatura; mas, homem como é, fraco,
sujeito a tentações, se não coopera com a graça e cai no pecado
mortal, enquanto permanecer neste triste estado, já não está mais
em Cristo, porque dEle se afastou pelo pecado; e já não é mais a
nova criatura, porque está privado da graça santificante e está
agindo à maneira do velho homem.
Há certeza do arrependimento?
Primeiro que tudo: como disse S. Paulo, não somos capazes nem
de um pensamento bom, sem a graça de Deus (2ª Coríntios III-5). O
arrependimento é, portanto, uma graça divina.
Esta graça, Deus não a nega ao coração bem disposto. Aquele que
procura seguir sempre o bom caminho, aperfeiçoar-se em
pensamentos, palavras e obras, portar-se santamente na Igreja de
Deus, a qualquer falta, embora mínima que cometa, vê surgir
espontaneamente, inquietadoramente, o arrependimento no seu
coração. Arrependimento, porque caiu numa falta, a que o seu bom
espírito não estava habituado; arrependimento mandado
misericordiosamente por Deus, que quer logo perseguir com a sua
graça, fazer soerguer-se o seu servo fiel que teve a infelicidade de
cair na tentação.
108. Se a Igreja Católica não acena aos seus adeptos com uma
da salvação, é por uma razão muito simples:
porque se trata de um assunto que, segundo os desígnios de Deus,
não depende somente de Cristo, depende também de cada um de
nós: Se tu queres entrar na vida,
(Mateus XIX-17). Se vós viverdes segundo a carne, morrereis; mas
se vós pelo espírito fizerdes morrer as obras da carne, vivereis
(Romanos VIII-13). Nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrará
no reino dos Céus; mas sim o que faz a vontade de meu Pai que
está nos Céus, esse entrará no reino dos Céus (Mateus VII-21).
Temos , sim, mas uma
: se cooperamos com a graça, nos salvaremos com
. Porque, como disse o Grande Doutor S. Agostinho:
“Deus nos criou sem nós, mas sem nós não nos pode salvar”.
Diante da realidade.
Lei é um termo usado tanto para significar lei civil, como lei divina.
Trata-se aqui, é claro, da lei divina.
Neste sentido de lei divina, isto é, lei emanada de Deus, lei que é
preciso observar para ganhar a salvação, pode-se tomar esta
palavra em 3 sentidos: lei natural, lei mosaica, lei de Cristo.
Lei natural.
111. Lei natural é aquela a que está sujeito todo homem, mesmo
que não tenha tido nenhum conhecimento da revelação feita por
Deus, nem daquela que foi transmitida aos judeus por intermédio de
Moisés, nem da revelação que nos veio por Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Lei mosaica.
O porco também será para vós imundo, porque, ainda que tem unha
fendida, não remói. Não comereis da carne destes animais, nem
tocareis nos seus cadáveres.
Comei de todas as aves que são limpas; mas não comereis das
imundas, quais são a águia, e o grifo, e o esmerilhão, o ixião, e o
abutre, e o milhano, segundo seu gênero; e todo o gênero de
corvos, e o avestruz, e a coruja, e a gaivota, e o açor, segundo o
seu gênero, a cegonha, e o cisne, e o íbis, e o mérgulo, o porfirião, e
o bufo, o onocrótalo, e o caradrio, cada um no seu gênero, a poupa
também e o morcego. E tudo o que anda de rastos e tem asas será
imundo e não se comerá (Deuteronômio XIV-3 a 19).
Lei de Cristo.
113. Vindo Cristo ao mundo, promulgou a sua lei, que veio substituir
e aperfeiçoar a lei mosaica. Ele exige igualmente a observância dos
10 mandamentos: Se tu queres entrar na vida,
(Mateus XIX-17), os quais, portanto, estão de pé na
Nova Lei, embora não estejam mais em vigor aquelas penas que
existiam na Lei Antiga, segundo a qual deviam ser apedrejados o
filho contumaz e rebelde (Deuteronômio XXI-18 a 21), a esposa que
não foi encontrada virgem (Deuteronômio XXII-20 e 21), aqueles
que cometiam adultério (Deuteronômio XXII-22) etc. O que não
exclui naturalmente as penas impostas pela justiça de Deus na outra
vida.
Sempre o Decálogo.
Na lei natural, também não: porque tendo uma lei escrita, expressa
com as próprias palavras de Deus, dada com tanta pompa e
solenidade no monte Sinai, incluindo, além dos preceitos da lei
natural, muitíssimos outros preceitos, não era certamente na lei
natural que os judeus pensavam, quando se falava na .
S. Tiago e S. Paulo.
117. Vamos citar o trecho todo da Epístola aos Gálatas: Nós somos
por natureza e não pecadores dentre os gentios, como
sabemos que o homem não se justifica pelas obras da lei, senão
pela fé de Jesus Cristo, por isso também nós cremos em Jesus
Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo, e não pelas obras
da lei; porquanto pelas obras da lei não será justificada toda a carne
(Gálatas II-15 e 16).
Notas (pular)
Quer dizer que os tradutores da Bíblia não foram tão delicados com S. Pedro
como o foram com Pôncio Pilatos...
É contra eles que S. Paulo escreve sua Epístola aos Gálatas a qual,
do princípio ao fim, se refere a esta questão. Logo no primeiro
versículo vai S. Paulo defendendo a sua autoridade que os
adversários procuram diminuir: Paulo, Apóstolo, não pelos homens,
nem por algum homem, mas por Jesus Cristo e por Deus Padre,
que O ressuscitou dentre os mortos (Gálatas I-1). E logo depois da
sua saudação de costume, ele começa: Eu me espanto de que,
deixando aquele que vos chamou à graça de Cristo, passáveis
assim tão depressa a outro Evangelho; porque não há outro, se não
é que há alguns que vos perturbam e querem transtornar o
Evangelho de Cristo. Mas ainda quando nós mesmos, ou um anjo
do céu vos anuncie um Evangelho diferente do que nós vos temos
anunciado, seja anátema (Gálatas I-6 a 8).
Basta ler com atenção a Epístola para se ver como o que S. Paulo
está condenando aí não é a doutrina católica de que a observância
dos mandamentos, ou seja, a caridade para com Deus e com o
próximo, seja necessária para a salvação. Esta é também a doutrina
de Jesus, como provamos no capítulo 4º, e, consequentemente, a
doutrina de S. Paulo.
Todos os que querem agradar na carne, este vos obrigam a que vos
, só por não padecerem eles a perseguição da cruz de
Cristo. Porque esses mesmos que não guardam a
lei; mas querem que vós vos , para se gloriarem na
vossa carne (Gálatas VI-12 e 13).
Vejamos agora mais este outro versículo desta mesma Epístola aos
Gálatas: Em Jesus Cristo nem a circuncisão vale alguma coisa, nem
a incircuncisão valem nada, mas o ser uma (Gálatas
VI-15). S. Paulo, que, no versículo há pouco citado, mostrou o valor
da , mas fé que opera pela caridade, agora mostra o valor da
graça. A nova criatura de que ele fala é o homem revestido da
graça, o homem elevado a uma grandeza sobrenatural e que assim
foi objeto de uma nova criação espiritual feita por Deus. Esta graça
nos vem pelos sacramentos, a começar pelo Batismo que produz
em nós uma verdadeira renovação espiritual: Todos os que fostes
batizados em Cristo, revestiste-vos de Cristo (Gálatas III-27).
A argumentação de S. Paulo.
Um parêntesis.
S. Paulo se baseia neste princípio de que, seja qual for a lei sob a
qual o homem se encontre, ou a lei natural, ou lei mosaica, ou lei de
Cristo, o que é fato é que não são justos diante de Deus aqueles
que ouvem a lei, ou que leem as palavras da lei, mas os que
cumprem o que a lei manda: Não são justos diante de Deus os que
ouvem a lei; mas os que fazem o que manda a lei, serão justificados
(Romanos II-13) porque Deus há de retribuir a cada um segundo as
suas obras (Romanos II-6) e não há para com Deus acepção de
pessoas (Romanos II-11). Basta este princípio estabelecido por
S. Paulo para nos mostrar que erram os protestantes atribuindo ao
Apóstolo a doutrina de que o homem se justifica pela fé somente.
S. Paulo fala aos Romanos, que podem vir a ser trabalhados pelos
judaizantes (se é que já não o estão sendo) no sentido de se
julgarem obrigados a cumprir a lei de Moisés para poderem salvar-
se. Fala a cristãos novos que podem pela leitura da Bíblia, do Antigo
Testamento, ficar com a ideia de que a circuncisão, a proibição de
certas comidas, todas aquelas purificações e cerimônias ordenadas
por Deus na Lei Antiga, ainda são obrigatórias. Faz-lhes ver então
que em vista do estado geral do mundo, chegou agora o momento
de Deus estabelecer um novo caminho para o homem se tornar um
justo. A Lei Antiga vai desaparecer para dar lugar à fé em Cristo.
Mas a fé em Cristo acarreta, é claro, a obrigação de obedecer à
nova lei, à lei de Cristo, na qual se preceituam os 10 mandamentos
até com maior rigor do que entre os judeus (em compensação
estamos livres daquela escravidão de tantos preceitos, de tantas
restrições, como estavam os judeus na lei mosaica). A fé em Cristo
conduz à recepção dos sacramentos que Cristo apontar como
necessários à salvação. A fé em Cristo leva à obediência a todos os
preceitos que por Jesus Cristo nos são impostos na doutrina do
Evangelho.
O homem que está neste feliz estado pode perdê-lo, bastando, para
isto, que cometa um pecado mortal; depois de perdido o estado de
graça, pode ser recuperado e isto acontece quando lhe são
perdoados os pecados mortais cometidos.
Esforço e merecimento.
Uma vez que esteja a alma com a graça santificante, sendo uma
habitação do Espírito Santo, as suas boas obras feitas com reta
intenção, as quais são efeito, portanto, não só do livre arbítrio, mas
também da graça do Espírito Santo, são ações sobrenaturalizadas,
ações divinizadas pela graça. As boas obras feitas pela alma que se
tornou participante da natureza divina, tomam assim um valor divino
e já merecem, não uma recompensa natural, mas a recompensa da
vida eterna, dada por justiça, pois o prometido é devido e Deus
assim o prometeu: Irão estes para o suplício eterno, e os ,
(Mateus XXV-46). Não precisamos mais citar
aqueles textos em que a vida eterna nos aparece como uma
(Mateus XIX-29), um (Mateus V-11 e 12),
uma (2ª Timóteo IV-8), um
C (Mateus VI-19 e 20), uma
(Mateus XVI-27), e em que Nosso Senhor nos fala num verdadeiro e
real (Lucas VI-32 a 35).
E, logo no começo do capítulo XI, ele afirma que não se segue daí
que o povo de Israel esteja completamente rejeitado. No meio de
tantos judeus obstinados e endurecidos, Deus reservou alguns para
lhes dar a . E um exemplo está nele
próprio, S. Paulo, que é judeu e, no entanto foi convertido à Religião
Cristã: eu também sou Israelita, do sangue de Abraão, da tribo de
Benjamin (Romanos XI-1).
E S. Paulo faz uma comparação com o que aconteceu ao profeta
Elias, nos tenebrosos tempos do rei Acab e de sua mulher Jezabel,
quando parecia que o povo judaico na totalidade tinha abandonado
a Deus e a sua lei: Porventura não sabeis vós o que a Escritura
refere de Elias, de que modo pede ele justiça a Deus contra Israel?
Senhor, mataram os teus profetas, derribaram os teus altares; e eu
fiquei sozinho e eles me procuraram tirar a vida (Romanos XI-2 e 3).
Na Epístola a Tito.
Notas (pular)
[13] Mais adiante (nº 280) ao falarmos sobre o Batismo, faremos mais um
comentário deste texto. (voltar)
133. Sobre a
fala também um versículo da Epístola aos Efésios,
muito citado pelos protestantes. É a ressurreição espiritual dos que
estavam mortos pelo pecado.
134. Também à
se refere S. Paulo no seguinte trecho: Ao
que obra, não se lhe conta o jornal por graça, mas por dívida, mas
ao que não obra e crê nAquele que , a sua fé lhe é
imputada a justiça, segundo decreto da graça de Deus. Como
também Davi declara a bem-aventurança do homem a quem Deus
atribui justiça sem obras: Bem-aventurados aqueles
e cujos pecados têm sido cobertos
(Romanos IV-4 a 7). S. Paulo se refere à justificação do ímpio, ou
seja, ao momento em que o homem ímpio passa a tornar-se um
justo diante de Deus. Isto não é conquistado pelas suas obras, mas
por um D . Exigem-se, apenas, algumas
disposições da alma em que S. Paulo resume na palavra , porque
a fé é a base, é o ponto de partida para aquelas disposições
preparatórias. É claro, por exemplo, que Deus não vai perdoar o
pecador que não está contrito e arrependido, mas este
arrependimento já deve nascer da fé; o arrependimento que não
nascesse da fé, que fosse baseado nalgum motivo natural e
humano e não sobrenatural (p. ex. o ímpio se arrepende apenas
porque perdeu a saúde, o dinheiro ou a liberdade) não seria
suficiente para a justificação.
Falando sobre o homem, em geral, seja ele qual for, desde Adão até
o último homem a existir sobre a terra e não só sobre os homens
que existem agora depois de Cristo haver pregado a sua doutrina (e
por isto cita o que já no seu tempo dizia o Profeta Davi), ele não
podia falar no Batismo, nem na Confissão. Apresenta uma fórmula
geral: a fé. A fé ditará a cada um aquilo que é necessário para
alcançar a justificação.
Mais ainda: ele teve, pelo menos, três horas de vida, pois quando o
Mestre tão bondosamente lhe perdoou, era, então, quase a hora
sexta (Lucas XXIII-44). À hora nona, Cristo ainda estava falando
(Marcos XV-34). Ora, Cristo foi dos três crucificados o primeiro a
exalar o último suspiro: Vieram, pois, os soldados e quebraram as
pernas ao primeiro e ao outro que com Ele fora crucificado. Tendo
vindo depois a Jesus, como viram que estava já morto, não Lhe
quebraram as pernas (João XIX-32 e 33). Pelo menos durante três
horas, o bom ladrão, ajudado pela graça, perseverou nas suas boas
disposições, aceitando com resignação as suas dores, por ele
mesmo consideradas bem merecidas; isto influiu na sua salvação
porque, se depois de justificado por Cristo, caísse no desespero,
não poderia salvar-se. Foi precisamente prevendo na sua ciência
infinita que, uma vez recebido o perdão e tornado um justo, ele
passaria a agir como um justo, que Cristo lhe disse: Hoje serás
comigo no paraíso (Lucas XXIII-43).
Nós, católicos, vemos algumas vezes estes casos especialíssimos
da misericórdia divina em que um pecador se arrepende e se
converte nos últimos momentos. Deus lhe dá a graça santificante e,
como não há mais tempo para que este pecador tornado justo Lhe
mostre sua submissão pela observância da lei de Cristo e pelas
boas obras, Deus se contenta com a intenção, em que está, de
praticar os mandamentos e fazer o bem, pois Deus não é como nós
que só vemos as obras, Ele conhece perfeitissimamente os mais
profundos segredos dos corações.
Mas tirar daí a conclusão de que as nossas obras são inúteis para a
salvação seria um grande absurdo. Bem como seria a maior das
loucuras querer deixar o arrependimento para o instante final,
porque muitos morrem repentinamente, sem ter tempo para
arrepender-se e mesmo porque sendo o arrependimento uma graça
de Deus, arrisca-se quase infalivelmente a não recebê-la, quem por
malícia e covardia, só por livrar-se de servir a Deus durante a sua
vida, pretendesse deixar a conversão para os momentos finais da
existência. Como diz um piedoso autor, a Escritura só dala de um
caso de conversão na hora da morte, o do bom ladrão: fala de um,
para jamais cairmos no desespero; fala de um só para não nos
iludirmos, caindo na temeridade. Porque a regra geral, com muitos
poucas exceções, é esta: Talis vita, finis ita. Assim como é a vida do
homem, assim é também o seu fim.
Depois da justificação
Deus fez tão bem feito o seu plano que, embora o cristão se salve a
si mesmo, ele não pode de modo algum orgulhar-se de sua
salvação. Só salva a si mesmo, depois que Deus o pôs em
condições de fazê-lo; mais ainda, só salva a si mesmo, com a ajuda
constante de Deus. E considerando a ação de Deus e a sua, na
obra da salvação, vê que a ação de Deus é tão maior, tão mais
eficiente, tão mais importante e persistente do que a sua, que seria
ridícula qualquer tentativa de presunção. Se os protestantes gostam
de pintar aqueles que acham que além da fé e da graça, as suas
obras são necessárias para a salvação, como sendo criaturas
inevitavelmente presumidas, vaidosas, que se gloriam em si
mesmas:
2º é porque não têm ou fingem não ter uma noção exata do que é a
verdadeira santidade, a qual é conseguida por meio da ação
maravilhosa do Espírito Santo sobre as almas dóceis à sua graça,
pois o Espírito Santo, à proporção que vai enriquecendo a alma com
as mais belas virtudes, a vai tornando cada vez mais humilde, mais
convicta e sua fraqueza e insuficiência.
Uma alegoria.
— Bem, diz-lhe o Rei dos Céus, o Céu é lá em cima, Você não pode
chegar até lá, se continua a caminhar aqui com seus pés fincados
na terra. Tem que subir, tem que tomar um avião.
— O Sr. Diz que o lugar que vou ter no Céu é um prêmio pelo que
fiz. Eu me acanho até de ouvir fala nisto. Que é que fiz, em
comparação com o que o Sr. fez comigo? Como eu poderia subir até
aqui, se o Sr. não me desse “de graça” aquele avião que para mim
tão generosamente adquiriu por alto preço? Como eu poderia
chegar até o Céu, se o Sr. não estivesse sempre ao meu lado,
indicando-me o caminho, ajudando-me e confortando-me a todos os
instantes? Como eu poderia sair vitorioso nesta empresa, se todas
as vezes que por minha culpa fiz despedaçar-se o avião, o Sr. não
me protegesse com o paraquedas de sua misericórdia e não me
desse, mais uma vez gratuitamente, outro avião para subir? O meu
lugar nos Céus pode ser prêmio de meus esforços, como o Sr. diz
com tanta bondade, porém mais, muitíssimo mais do que isto, deve
ele ser considerado um grande benefício do Sr. para comigo.
137. Desde o começo deste livro vem sendo focalizado, à luz dos
textos bíblicos, o problema da nossa salvação eterna e por isso vem
tendo o leitor sob suas vistas muitas e muitas passagens das
Sagradas Letras. Agora, se quiser sinceramente chegar a uma
conclusão ditada pela de todos esses ensinos
da palavra de Deus, tem que concordar numa coisa: tem razão a
Igreja Católica, quando ensina que a FÉ, a D e as
nossas são três elementos indispensáveis para a nossa
salvação.
Jesus não é apenas um filósofo que nos tenha vindo ensinar a sua
doutrina sublime. É muito mais do que isto: é o próprio Filho de
Deus, igual ao Pai; nenhuma de suas palavras pode ser rejeitada,
nem torcida no seu sentido, nem relegada ao esquecimento. Por isto
erram aqueles que, como os espiritistas em geral, dão muito realce
à doutrina de caridade e de amor ao próximo que Jesus nos
apresenta (no que fazem muito bem), mas não dão nenhuma
importância à fé, começando logo por negar a divindade de Cristo
(no que fazem muito mal). Nisto há um contrassenso, porque a fé é
a base de toda a virtude cristã, e o amor do próximo que não nasce
da verdadeira fé, pode chamar-se filantropia, mas não é a
verdadeira caridade.
Diante de textos como este: O que crê no Filho tem a vida eterna
(João III-36) e alguns outros, os protestantes ainda poderão teimar,
querendo fazer prevalecer a sua hipótese sem fundamento, de que
aí não se trata de e sim de uma cega .
Primeiro que tudo, ninguém pode daí deduzir que basta crer que
Jesus Ressuscitou dentre os mortos para só por isto ser salvo.
Neste caso cairia também toda a doutrina, tanto católica, como
protestante, de que é preciso crer que Jesus é o nosso salvador.
Mas é este o sistema da Bíblia: ensina-nos a verdade
parceladamente, pedacinho por pedacinho. S. Paulo não vai aí
nesta simples frase expor minuciosamente todos os artigos de fé;
seria escrever um livro e não uma frase. Apresentar dez ou vinte
artigos, mas no final das contas, não apresentá-los todos, seria pior
ainda do que apresentar um só. Por isto tomou como exemplo a
Ressurreição, que é um ponto básico para a de
todas as outras verdades da fé: Se Cristo não ressuscitou, é vã a
nossa fé (1ª Coríntios XV-17). S. Paulo, é claro, não podia fazer uma
redução naquilo que devemos crer, quando o mesmo Cristo que
disse aos Apóstolos, no dia em que os enviou a pregar: Ide, pois, e
ensinai todas as gentes (...) ensinando-as a observar
que vos tenho mandado (Mateus XXVIII-19 e 20), disse-lhe,
também: pregai o Evangelho a toda a criatura. O que crer e for
batizado será salvo; o que, porém, não crer será condenado
(Marcos XVI-15 e 16).
Bem, fé neste sentido de que todo aquele que peca está mostrando
que não tem fé, quer dizer adesão total a Cristo,
C . É não só na nossa
mente, mas também no nosso modo de agir, a aceitação de Cristo,
não só como Salvador, mas também como nosso Mestre, nosso
Legislador e como o Rei que domina toda a nossa vida.
Se é neste sentido que Vocês querem tomar a palavra FÉ, então
nós, católicos, não temos nenhum receio ou dúvida em dizer que
para a salvação, porque não
; o que no interessa são as realidades da
vida cristã. Mas há uma coisa: aí já não se trata de
, trata-se de , porque as obras já estão
incluídas neste conceito de fé. Trata-se de fé com
C .
A gratuidade da salvação.
144. Outro ponto, em que os protestantes ensinam uma doutrina
católica, porém disfarçada com a máscara protestante, é a
gratuidade da nossa salvação.
E o Artigo 6º:
“Cremos que a salvação é concedida a todos,
segundo o Evangelho; que é o dever imediato de todos -
por meio de uma fé sincera, ardente e ”.
— Sim, o Sr. tem todo o direito. Pode dar o palácio sob as condições
que quiser. Mas há uma coisa: se o Sr. exige, em troca do palácio,
esta total obediência, então não diga que o palácio foi dado
.
— Não estou entendo nada, dirá o leitor. Não parece haver aí uma
contradição?
— Contradição nenhuma.
Nossos adversários.
Uma coisa não pode existir sem a outra: nem o homem pode
praticar a virtude, se Deus não lhe dá a graça; nem Deus vai dar a
virtude aquele que não se esforça por consegui-la.
Cristo já pagou por todos nós — ou, pior ainda, como ensinou
Lutero (Weimar I-52): “Cristo já observou a Lei, para que não
tenhamos mais o dever de observá-la” — Cristo já sofreu por nós na
Cruz os tormentos do inferno, para que não tenhamos mais que
passar por ele — etc. etc.;
Não podia haver mais fina cilada do demônio do que esta: levar o
homem a descuidar-se da sua salvação, baseado numa piedosa e
entusiástica, porém mal fundada confiança no Divino Salvador
Jesus Cristo, o qual morreu por nós para nos adquirir meios
abundantes que nos ajudem a realizarmos nós mesmos a nossa
salvação, a qual sem a sua graça nunca poderia ser realizada, e
não para ficarmos com a ideia de que Ele já nos salvou e, por
conseguinte, nada mais nos resta fazer.
Uma mãe, por melhor educadora que seja, não está livre de ter
surpresas desagradáveis partidas de filhos rebeldes; por isto a
Igreja terá sempre o desgosto de ver no seu seio muitos que não
seguem fielmente a sua doutrina. Não os despreza, não lhes mete
os pés; porque ela, como o Divino Mestre, está neste mundo para
socorrer não os justos e sadios, e sim os enfermos e pecadores. E
onde há homens, sempre há erros de procedimento.
Sacramentalismo.
Conclusão.
S. M
Pedro e André; Tiago de Zebedeu e João; Filipe e Bartolomeu;
Tomé e Mateus; Tiago de Alfeu e Tadeu; Simão Cananeu e
Judas Iscariotes.
S. M
Pedro e Tiago de Zebedeu e João e André e Filipe e
Bartolomeu e Mateus e Tomé e Tiago de Alfeu e Tadeu e Simão
Cananeu e Judas Iscariotes.
S. L
Pedro e André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e
Tomé; Tiago de Alfeu e Simão, o Zelador e Judas de Tiago e
Judas Iscariotes.
A
Pedro e João; Tiago e André; Filipe e Tomé; Bartolomeu e
Mateus; Tiago de Alfeu e Simão, o Zelador e Judaqs de Tiago.
Em segundo lugar: ora vem André; ora vem Tiago, filho de Zebedeu;
ora vem João.
Lê-se nos Atos dos Apóstolos: Naqueles lugares havia umas terras
do da ilha, chamado Públio, o qual, hospedando-nos em
sua casa, três dias nos tratou bem (Atos XXVIII-7). Esta palavra —
príncipe — é a tradução da palavra grega . O primeiro da
ilha era Públio, não porque os habitantes da ilha fossem numerados
como os sentenciados, os condutores de bonde ou os meninos de
colégio, mas porque ele era a entre os ilhéus.
Para que fosse primeiro numericamente, era preciso que ele fosse
nomeado também o segundo, o terceiro, o quarto, etc. E, no
entanto, S. Mateus chama S. Pedro de primeiro e dos outros não diz
nada. E nas quatro enumerações os outros variam de colocação,
enquanto S. Pedro ocupa invariavelmente o primeiro lugar, vem
sempre à cabeça da lista.
Além disto, S. Mateus só podia dizer que Pedro era o primeiro a ter
sido chamado pelo Mestre, se Pedro tivesse sido chamado
. Ora, o que os Evangelhos nos ensinam é que
S. Pedro e S. André foram chamados na mesmíssima ocasião: E
passando ao longo do mar da Galileia, viu a Simão e a André, seu
irmão, que lançavam as suas redes ao mar (porque eram
pescadores). E disse-lhes Jesus: Vinde após mim e eu vos farei
pescadores de homens. E no mesmo ponto, deixadas as redes, O
seguiram (Marcos I-16 a 18).
Dizem outros que S. Pedro figura como primeiro por ter sido o
discípulo predileto do Mestre. Mas, de acordo com este critério, o
primeiro lugar caberia a S. João: Voltando Pedro viu que o seguia
aquele discípulo a quem Jesus amava, que ao tempo da ceia
estivera até reclinado sobre o seu peito (João XXI-20). E sobre este
discípulo que Jesus amava, S. João mesmo se declara ao findar o
seu Evangelho: Este é aquele discípulo que dá testemunho destas
coisas e que as escreveu (João XXI-24).
Quando Jesus disse: Não é o que entra pela boca o que faz imundo
o homem; mas o que sai da boca, isso é o que faz imundo o homem
(Mateus XV-11), foi S. Pedro quem pediu em nome dos Apóstolos a
explicação desta parábola. E respondendo Pedro, Lhe disse:
- essa parábola (Mateus XV-15). E Nosso Senhor, em
resposta, não se dirigiu somente a Pedro, mas a todos eles, porque
em nome de todos é que Pedro tinha falado: Também vós
estais ainda sem inteligência? (Mateus XV-16).
154. Jesus mostrou sempre para com S. Pedro uma atenção toda
especial. Já não falamos aqui na mudança de seu nome e nas
grandes prerrogativas de pedra fundamental da Igreja e seu Pastor
Universal, que vão ser assunto dos artigos seguintes.
Não só quando se deu a ressurreição da filha de Jairo (e não
permitiu que O acompanhasse nenhum, senão P e Tiago e
João, irmão de Tiago — Marcos V-37), como também no monte
Tabor, onde foi glorificado na sua transfiguração (toma Jesus a
P e a Tiago e a João, seu irmão, e os leva à parte de um alto
monte e transfigurou-se diante deles — Mateus XVII-1 e 2), como no
jardim de Getsêmani (e tendo tomado consigo a P e aos dois
filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e angustiar-se —
Mateus XXVI-37), Jesus levou somente os 3 discípulos: Pedro,
Tiago e João; e os Evangelistas, ao narrarem tais fatos,
invariavelmente nomeiam a Pedro em primeiro lugar.
É claro que ninguém vai concluir daí que Tiago e João e os demais
Apóstolos não tenham sido também pescadores de homens. Mas,
se o próprio Jesus compara aquela pesca maravilhosa com a pesca
espiritual que vai ser realizada pela Igreja, não será de forma
alguma forçar o sentido desta bela passagem do Evangelho, ver em
tudo que aconteceu naquela hora, um símbolo da Igreja que havia
de ser empenhada na conquista de almas. É da barca de Pedro, isto
é, da Igreja, que Jesus ensinará ao povo, pois daqui a pouco
veremos Jesus dizer que vai construir a sua Igreja sobre a pedra
que é Pedro (Mateus XVI-18), Jesus manda a Pedro que leve a
barca até o alto mar, o que simboliza a Igreja sob a direção de
Pedro em luta contra os perigos e as tempestades, mas sempre
firme, porque as portas do inferno não prevalecerão contra ela
(Mateus XVI-18). A pesca maravilhosa, conforme insinuou o próprio
Cristo, simboliza a conversão das almas para o reino de Deus. E se
a Pedro somente, na presença dos outros, Cristo diz que será
pescador de homens, é que os outros hão de pescar homens sob
seu governo, sob a sua direção, pois a Pedro individualmente é que
Jesus dirá: Apascenta os meus cordeiros... Apascenta as minhas
ovelhas (João XXI-15, 16, 17).
Depois da ascensão.
156. Foi S. Pedro que recebeu um aviso do Céu (Atos X-9 a 16)
para atender ao chamado de Cornélio, fazer sua pregação a ele e a
toda sua família e vê-los receber o Espírito Santo. Este privilégio lhe
foi concedido por duas razões: primeiro porque competia a ele,
como chefe da Igreja ser o primeiro a anunciar o Evangelho aos
gentios, como tinha sido o primeiro a anunciá-lo aos judeus, no dia
de Pentecostes; segundo porque devia ser orientado para decidir,
como chefe da Igreja, a questão dos judaizantes que haveria de ser
proposta no Concílio de Jerusalém. Aí a sua atuação foi decisiva.
Coube-lhe, uma vez que era chefe, a primeira palavra. Sua decisão
resolveu a controvérsia, porque, depois que ele falou, se acabou
qualquer discussão: (Atos XV-
12). Se Tiago falou depois, foi para apoiar a palavra do chefe: Simão
tem contado como Deus primeiro visitou aos gentios, para tomar
deles um povo para o seu nome. E com isto as
palavras dos profetas (Atos XV-14 e 15). E foi dentro da solução já
apresentada por S. Pedro que S. Tiago fez a sua proposta sobre o
sacrificado aos ídolos, o sangue e as carnes sufocadas, etc. (Atos
XV-20), proposta esta que foi aceita por todos; e foi em nome de
todos os Apóstolos e presbíteros que a decisão foi tomada: Os
Apóstolos e os Presbíteros irmãos, àqueles irmãos convertidos, etc.
(Atos XV-23). Se pelo simples fato de um sócio, embora graduado,
numa reunião qualquer, fazer uma proposta e ser aceita por todos,
já se torna o presidente daquela sessão, então tem razão os
protestantes em teimar que S. Tiago foi o presidente do Concílio de
Jerusalém...
Mas por que este simples fato de retrair-se daqueles com quem
tivera convivência se tornou uma , a ponto de
S. Paulo ver aí um grave prejuízo para a Igreja?
Uma pessoa que não tenha grande valor nem posição muito
elevada, ninguém está prestando atenção nem ninguém se está
incomodando porque esta pessoa conviva ou deixe de conviver com
A ou B. Mas com Pedro foi diferente: bastou que ele se retraísse do
convívio com os gentios, para arrastar muita gente com seu
exemplo, inclusive o próprio Barnabé, no momento tão ligado a
S. Paulo e que tanto já se havia sobressaído na luta contra os
judaizantes. E é interessante notar como S. Paulo acusa a S. Pedro
de estar, pelo simples fato de retrair-se da convivência com os
gentios, - a judaizar: Se tu, sendo judeu, vives como
os gentios, e não como os judeus, por que tu os gentios a
judaizar? (Gálatas II-14). Se S. Pedro obrigava, não com palavras,
pois ele nada disse sobre este assunto; estava obrigando
indiretamente, porque era grande o peso de seu exemplo, de sua
autoridade, como chefe que era, da Igreja [14].
Notas (pular)
Também há outra palavra de Cristo em S. Marcos que diz assim: Vós sabeis
que os que entre os povos, esses são os que os dominam, e
que os seus príncipes têm poder sobre eles (Marcos X-42). Ora, é claro que
Jesus aí não fala de homens que reinar, mas os que reinam
realmente e dominam e têm poder. No entanto, o texto grego traz o verbo
: (aqueles que são considerados) (imperar)
(sobre os povos) (dominam) (sobre
eles).
Outra objeção que também nada prova, diante dos textos tão evidentes que
demonstram a preponderância de S. Pedro, é a que tiram os protestantes do
seguinte versículo dos Atos: Os Apóstolos, porém, que se achavam em
Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a palavra de Deus,
- lá a P e a João (Atos VIII-14). Ora, dizem os
protestantes, se mandaram a Pedro, é porque Pedro não era o chefe.
M = enviar, remeter.
Ora, Nosso Senhor mesmo nos ensina que a sua obra, fundando e
organizando a Igreja, é semelhante à obra de um homem que
levanta um edifício: a minha Igreja (Mateus XVI-18).
Foi por isto que Ele, logo quando viu a Pedro pela primeira vez,
depois de olhar para o seu futuro Apóstolo de uma maneira tão
significativa e profunda, que o Evangelista registrou este olhar, lhe
mudou o nome de Simão para Cefas. E Jesus, depois de
para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jona; tu serás chamado Cefas,
que quer dizer Pedro (João I-42).
Por isto, tanto o Evangelista podia ter dito: tu serás chamado Cefas
que quer dizer Pedro, como ter dito: tu serás chamado Cefas que
quer dizer pedra; porque Cefas significava uma coisa e outra.
Preferiu dizer que Cefas significava Pedro, para mostrar a que nome
próprio de pessoa correspondia o nome imposto a Simão.
Jesus não explicou na mesma hora qual o motivo por que fazia
aquela mudança de nome; era cedo ainda para isto, deixou para
explicá-lo solenemente mais tarde, como verdadeiro prêmio de uma
bela profissão de fé.
159. Um dia Jesus faz aos seus discípulos uma pergunta: quer
saber o que é que dizem os homens a respeito dEle: Quem dizem
os homens que é o Filho do Homem? (Mateus XVI-13). E eles
responderam: Uns dizem que é João Batista, mas outro que Elias, e
outros que Jeremias ou algum dos profetas (Mateus XVI-14). Mas
Jesus lhes perguntou: E vós quem dizeis que sou eu? (Mateus XVI-
16). A questão foi, portanto, apresentada por Jesus de propósito, de
ânimo pensado, a fim de provocar a confissão de Pedro. Os outros
Apóstolos calam e hesitam, com receio de dizer alguma coisa que
não seja bem expressiva, que não seja inteiramente exata. Pedro,
porém, o mais fervoroso, o mais decidido, o mais ilustrado por Deus,
antes que alguém dê uma resposta fraca e inadequada e falando
com a convicção de que se reveste o bom aluno quando sabe muito
bem qual a resposta que quer o seu mestre, responde por todos
eles: Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo (Mateus XVI-16). Tu és o
Cristo, ou seja, és o Messias Prometido. És mais que isto: é o Filho
de Deus vivo, Segunda Pessoa igual ao Pai, Filho de Deus por
natureza.
O que se deu na língua falada por Nosso Senhor foi o que se teria
dado na nossa língua. Por exemplo, se um homem tivesse imposto
a outro o nome de Rocha, para depois dizer-lhe abertamente: Tu és
e sobre esta é que vou edificar a associação que
quero instituir. Sendo que nos lábios de Nosso Senhor o trocadilho
ainda foi mais perfeito, porque em sírio-caldaico ou aramaico a
palavra é sempre masculina, ou signifique Pedro, ou
signifique Pedra: Tu és K e sobre edificarei a
minha Igreja.
É natural a luta dos hereges para tentar desfazer o valor deste texto,
de suma importância para se conhecer qual é a verdadeira Igreja,
porque, como diz o teólogo acatólico Palmer: “A doutrina a respeito
do primado do Bispo de Roma sobre a Igreja Universal é o eixo, em
torno do qual giram todas as controvérsias entre a Igreja Romana e
as demais Igrejas, porque se Cristo Nosso Senhor instituiu um
primado ex-ofício de algum Bispo na Igreja Católica, primado este
que deva perdurar, e se este primado o herdou o Bispo de Roma,
daí se segue que a Igreja Universal se reduz a uma só Igreja, de
obediência romana; e os concílios, doutrina e tradição desta Igreja,
são revestidos de autoridade para todo o mundo cristão” (p. 7 de
Romano Pontífice c. 1).
Mas Nosso Senhor faz tudo sempre bem feito. Ele tomou tantas
precauções para mostrar que se referia diretamente e
exclusivamente à pessoa de Pedro, que, como observa o Cardeal
Mazzella, “os notários, quando fazem documentos públicos e
querem designar uma certa e determinada pessoa, não usam de
mais minúcias do que usou Jesus Cristo”.
porque não foi a carne e sangue quem revelou, mas sim meu Pai
que está nos Céus — fala numa revelação oculta feita diretamente a
Pedro;
— Sim, meu filhinho, esse rei de que fala o seu livro se chamava
Alexandre, não há dúvida, mas a história que eu ia contar não é a
mesma que está no seu livro, daí a diferença.
Fundando a sua Igreja, Cristo fundou uma sociedade que devia ser
constituída por homens, e homens de todas as raças, de todas as
condições sociais, de todos os graus de cultura e também de todos
os tempos. Ora, nós sabemos como são os homens, como
divergem, como discutem, como têm temperamentos diversos e
diversos modos de ver as coisas também. Vemos pelas escrituras,
por exemplo, que entre o próprio Paulo e Barnabé houve
divergência e findaram separando-se: E houve entre
eles, que se separaram um do outro; e assim Barnabé, levando
consigo a Marcos, navegou para o Chipre; e Paulo, tendo escolhido
a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça de Deus (Atos
XV-39 e 40). É uma pequena amostra do que pode acontecer
mesmo entre pessoas muito santas e que professam a mesma fé, a
mesma doutrina. A Igreja havia de ser uma grande família, um
grande reino, um grande povo; ora, para haver união num povo,
num reino, numa família, é preciso que haja , a quem
todos atendam, a quem todos obedeçam e em torno do qual se
unam, nos bons e nos maus momentos. Se cada um tem o direito
de opinar, de agir, como bem entende, nasce a desunião, a
desagregação, a anarquia e tudo vai de água abaixo, pois a união é
que faz a força, ou para usarmos as palavras do próprio Jesus: Todo
o reino dividido contra si mesmo será desolado, e toda a cidade ou
casa dividida contra si mesma não subsistirá (Mateus XII-25). Não
podemos ter melhor exemplo da falta que faz um chefe do que o
próprio Protestantismo. Não têm todos à mão a mesma Bíblia? Não
consideram todos a Jesus Cristo como seu chefe? E, entretanto, a
balbúrdia que há entre os protestantes é verdadeiramente infernal. É
pena que não tenhamos espaço para reproduzir aqui todos os
desaforos com que se brindavam reciprocamente os Primeiros
Reformadores, e tudo quanto as seitas protestantes têm dito, com
tão notável acrimônia, uma das outras. Isto daria muitos e grossos
volumes. E o Protestantismo só tem quatro séculos. O simples
enunciado das palavras de Cristo: Tu és Pedro e sobre esta pedra
edificarei I (Mateus XVI-18) contém já em si
abertamente a mais formal condenação do Protestantismo. Cristo
não disse , mas a minha Igreja, porque a sua
Igreja é [15]. Uma Igreja firme, sustentada pela rocha, havia
de ser necessariamente uma Igreja que não se dividisse em
centenas de igrejinhas, distribuindo reciprocamente a pecha de
heréticas e ensinando as mais desencontradas doutrinas, como é o
que acontece entre as seitas protestantes. Todos os nossos irmãos
separados dizem que o seu chefe é Jesus Cristo, mas quando Este
lhes fala pelas Escrituras, cada um julga com pleno direito de torcer
a seu modo, de falsear as palavras do Mestre, por mais claras que
elas sejam, e não há ninguém entre eles que tenha autoridade
bastante para coibir semelhantes abusos, porque o Protestantismo
nasceu precisamente disto: da revolta contra qualquer autoridade
religiosa. A discussão estava animada no Concílio de Jerusalém,
Pedro falou e logo se calou toda a assembleia. No Protestantismo a
algazarra é cada vez maior, porque falta um Pedro para decidir as
suas questões. E mesmo que Jesus Cristo baixasse à terra, em
pessoa, visivelmente, para exercer esta função, seria inútil: o livre
exame se encarregaria de deturpar novamente as suas palavras,
como tantas e tantas vezes já tem deturpado aquelas que Ele
proferiu outrora na palestina.
S. Paulo diz que só Deus é sábio: A Deus que, só, é sábio, a Ele por
meio de Jesus Cristo seja tributada honra a glória por todos os
séculos dos séculos (Romanos XVI-27). Assim termina S. Paulo a
sua Epístola aos Romanos. Entretanto, oito versículos atrás, ele
tinha dito aos fiéis: Quero que vós sejais no bem (Romanos
XVI-19). Os homens podem ser sábios; e, no entanto, só Deus é
sábio, porque toda sabedoria vem de Deus.
Mas no trecho de S. Paulo que já vimos: E esta pedra era Cristo (1ª
Coríntios X-4) a metáfora era inteiramente outra. S. Paulo quer
salientar a ideia de que Cristo, como a pedra que saciou os judeus
no deserto é a fonte donde jorram as águas da graça, e que esta
graça já existia para os judeus, como um efeito antecipado da
Paixão do Salvador e por isto diz S. Paulo: bebiam da pedra (1ª
Coríntios X-4). Ninguém vai beber de uma pedra que está servindo
de esteio a um edifício. É uma comparação inteiramente de outro
gênero.
Para que tanto barulho, tanto torcimento de textos, tanto suor, tanto
artifício a fim de provar que Pedro não pode ser a pedra da Igreja,
se é o próprio Cristo quem o diz com palavras tão claras? Cristo
sustenta a sua Igreja e quis associar um homem a esta missão de
sustentá-la. Quem O impedia de assim proceder?
Notas (pular)
[15] Bem que diz o nosso povo: para tudo há gente neste mundo! Ainda há
protestantes que, quando lhes mostramos Cristo dizendo I ,
pretendem justificar a multiplicidade das seitas, observando-nos que as
Igrejas de Cristo são muitas, pois se diz no Apocalipse: Aquele que tem
ouvidos ouça o que o Espírito diz às (Apocalipse II-7). Mas isto é
simplesmente o cúmulo!
A Bíblia chama a Religião fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, a
Igreja Universal que é uma só. Ora é chamada simplesmente I (1ª
Coríntios XII-28; Efésios I-22, III-10, V-23 e 25, 27, 29 e 32; Colossenses I-8 e
24), ora é chamada I D (Atos XX-28; 1ª Coríntios XV-9; Gálatas
I-13; 1ª Timóteo III-15).
É neste último sentido (de assembleia local) que o Espírito Santo transmite
por intermédio de S. João, no Apocalipse, a sua mensagem, que, como o
Apóstolo mesmo indica, é dirigida às sete Igrejas que há na Ásia, a Éfeso, e a
Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodiceia
(Apocalipse I-11).
Querer prevalecer-se disto para tentar provar que também na Igreja primitiva
havia muitas seitas, como se aquelas assembleias locais fossem como outras
tantas seitas protestantes, a discutir entre si, umas batizando as crianças,
outras só os adultos; umas descansando no sábado e outras no domingo;
umas admitindo sacramentos e outras não, umas acreditando no inferno e
outras o negando; umas garantindo que o crente, quando morre, vai direto
para o Céu, outras asseverando, ao contrário, que ele fica adormecido
completamente até o dia do juízo final etc. etc., é querer caluniar e apresentar
como sumamente anarquizada a Igreja primitiva, tão sabiamente instruída e
unificada pela doutrinação dos Apóstolos. (voltar)
[16] Como bem explica a Pastoral Coletiva de 1871, dos bispos suíços, a qual
foi explicitamente aprovada pelo Papa Pio IX: “O Papa não é infalível nem
como homem, nem como sábio, nem como sacerdote, nem como bispo, nem
como príncipe temporal, nem como juiz, nem como legislador. Não é infalível
e impecável na sua vida e procedimento, nas suas vistas políticas, nas suas
relações com os príncipes, nem mesmo no governo da Igreja. É única e
exclusivamente infalível quando, como Doutor supremo da Igreja, pronuncia
em matéria de fé ou de costumes uma decisão que deve ser aceita e tida
como obrigatória por todos os fiéis”. (voltar)
[17] Muito preocupados com a ideia, que puseram na cabeça, de que a Bíblia
não podia chamar fundamento da Igreja senão ao próprio Cristo, alguns
protestantes, diante desta frase de S. Paulo: sois cidadãos dos santos e
domésticos de Deus, edificados sobre o dos Apóstolos e dos
Profetas, sendo o mesmo Jesus Cristo a principal pedra angular (Efésios II-
20), querem interpretá-la não deste modo: sois edificados sobre o
A , sendo Jesus Cristo a
principal pedra angular — mas deste: sois edificados sobre o
A , A
é Jesus Cristo, a pedra angular. Em português já se está
percebendo como se tortura o texto para chegar a esta conclusão. E, se
vamos examinar o texto original grego, vemos perfeitamente que esta
interpretação não é exata. no grego está em dativo (
) e Jesus Cristo vem em genitivo (C I ). A frase —
sendo o mesmo Jesus Cristo a principal pedra angular (
C I ) vem expressa no texto grego por um genitivo
absoluto, que equivale ao ablativo absoluto do latim; esta frase é, portanto,
independente da outra. Se o Apóstolo diz o J C , é porque
vinha falando de Jesus Cristo nos versículos imediatamente anteriores
(Efésios II-13 a 18).
[18] Quando dizemos isto, não afirmamos absolutamente que todos os Papas
foram santos. Alguns houve (poucos, mas houve sempre) que até se fizeram
célebres pela sua vida irregular. Mas infalibilidade é uma coisa e
impecabilidade é outra bem diversa. O próprio exemplo da Bíblia, em que
Cristo escolhe Pedro para esteio da sua Igreja, mesmo sabendo que o
Apóstolo haveria de fraquejar e negá-Lo, nos mostra muito bem que não são
as fraquezas íntimas do homem, como tal, que o impedem de exercer a sua
missão unificadora. A Providência Divina, preservando na verdadeira
Igreja, consiste em que Deus não permite absolutamente que a cátedra de
Pedro seja ocupada por um herege que leve esta mesma Igreja a afogar-se
no erro, ao passo que as outras sedes episcopais não gozam de tal privilégio:
algumas delas foram de fato ocupadas por bispos hereges que fizeram
grande mal à Igreja, sem, no entanto, quebrarem a sua unidade, uma vez que
a sede de Roma estava sempre firme, a sustentar a verdadeira doutrina.
(voltar)
Quando Nosso Senhor diz: eis aí vos pediu Satanás... para vos
joeirar como trigo (Lucas XXII-31), está-se referindo a todos os
Apóstolos. Aliás era a eles todos que o Mestre vinha falando
naquela ocasião: Não há de ser, porém, assim entre
(Lucas XXII-26). V sois os que haveis permanecido
comigo nas minhas tentações (Lucas XXII-28) eu preparo o reino
para (Lucas XXII-29).
Que quer dizer joeirar? Joeirar o trigo é agitá-lo sobre o crivo, sobre
a peneira, para a palha voar e ficarem somente os grãos. É uma
metáfora que serve para exprimir a tentação que vem acompanhada
de agitação do espírito, tentação que serve para provar os
verdadeiros servos de Deus que são os grãos, para distingui-los da
palha, sem valor, que logo desaparece. Assim como se lê no 1º
capítulo do livro de Jó, que Satanás sugeriu a Deus as aflições e
angústias destinadas a por em prova a virtude de Jó, assim também
Cristo revela que Satanás instou para que lhe fosse permitido tentar
fortemente os Apóstolos, nos transes dolorosos da Paixão. E de
fato, todos os Apóstolos passaram por tentação muito forte naquelas
circunstâncias, como se vê pelas palavras de Jesus: A todos vós
serei esta noite uma ocasião de escândalo. Está, pois, escrito:
Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se porão em desarranjo
(Mateus XXVI-31).
Cristo orou por Pedro, para que a fé não faltasse a ele; e a oração
de Cristo não foi inútil. Pedro não pecou contra a fé. A fé em Cristo,
Messias Prometido e na sua divindade estava firme no espírito de
Pedro, que pecou por mentira, por simulação, por cobardia. A criada
de palácio afirmou que ele era um dos discípulos de Cristo; e ele
não teve a coragem de sustentar que sim; disse que não, que nem
conhecia a Jesus (mas estava convicto, é mais do que evidente, de
que era discípulo de Cristo e de que O conhecia). Feita a terceira
negação, imediatamente cantou o galo. E Pedro se lembrou da
palavra que lhe havia dito Jesus: Antes de cantar o galo, três vezes
me negarás. E tendo saído para fora, chorou amargamente (Mateus
XXVI-74 e 75).
Está se vendo bem claramente que a metáfora usada por Jesus não
é a mesma que a usada por S. Paulo.
Os sucessores de Pedro.
Este emprego de = , = ,
, nós o vemos frequentemente na Bíblia: A tua
descendência possuirá de seus inimigos (Gênesis XXII-
17). És nossa irmã, cresce em milhares de milhares, e a tua
posteridade possua de seus inimigos (Gênesis XXIV-60).
Quando forem achados na tua cidade, dentro dalguma das tuas
que o Senhor te tiver dado, homem ou mulher que cometam
o mal... (Deuteronômio XVII-2). O Senhor escolheu novas guerras e
Ele mesmo derribou dos inimigos (Juízes V-8). Saíram os
filhos de Benjamim com ímpeto das de Gábaa e, vindo a
seu encontro, fizeram tão grande mortandade que derrubaram
dezoito mil guerreiros (Juízes XX-25). Ama o Senhor as de
Sião (Salmos LXXXVI-2).
Senão, vejamos:
Nos primeiros livros da Bíblia (desde Gênesis até os livros dos Reis)
não se fala na região dos mortos senão de um modo vago, de um
modo geral, sem se distinguir aí um lugar bom ou um lugar ruim; e a
respeito de uma pessoa que morreu se diz apenas que foi reunir-se
a seus pais (Gênesis XV-15; Deuteronômio XXXI-16) ou que foi
reunir-se ao seu povo (Gênesis XXV-17; XXXV-29; XLIX-32;
Números XX-24; Deuteronômio XXXII-50); não se especificam
diversos lugares na região dos mortos.
Com esta ideia a respeito das sortes diferentes que têm as almas no
, já os judeus podem compreender a parábola do rico e do
pobre Lázaro (Lucas XVI-19 a 31). A parábola se reporta a um fato
que aconteceu ou que se imagina que aconteceu no passado,
portanto numa época em que os bem-aventurados não tinham ido
ainda para o Céu. O mau rico está no , na região dos mortos,
porém está no lugar ruim, de eterna perdição, pois não só está no
meio dos tormentos, mas para ele não há alívio nem remédio de
forma alguma.
Porque o fim que teve Nosso Senhor ao propor esta parábola, não
foi ensinar quantos lugares existem no outro mundo; mas sim
mostrar a transformação extraordinária, a completa mudança de
sorte que vão ter nas regiões de além-túmulo o mau que passou a
sua vida engolfado nos prazeres e o justo que aqui na terra
conheceu acerbamente as agruras da existência. E temos que dizer
aqui também entre parêntesis: os protestantes se revoltam contra a
Igreja, quando esta ensina que as crianças mortas sem batismo vão
para o , porque, dizem, esta palavra não se encontra na
Bíblia. Pois vejam aí na parábola onde é que fica o limbo: o lugar
havia de ter um nome e não podemos chamá-lo,
porque Abraão já não se encontra nele, e sim no Céu, para onde foi
após a Ascensão do Senhor. É a este bom lugar do que
desce a alma de Jesus após a morte, para esperar a ressurreição
que se verificaria na manhã do domingo e assim nEle se cumpre a
profecia de Davi que é relembrada em Atos II-27: Não deixarás a
minha alma no , nem permitirás que o teu santo
experimente corrupção. Inferno aí como sempre = = região
dos mortos. Mas aí num bom lugar desta região. Muitos
protestantes, interpretando a Bíblia pela própria cabeça, se têm
atrapalhado com este texto, garantindo que Jesus desceu mesmo
ao inferno dos réprobos, o que é inconcebível.
Notas (pular)
[19] Ferreira de Almeida teve medo de traduzir assim e traduziu: com choro
hei de descer ao meu filho até a (Gênesis XXXVII-35). A tradução
é incorreta, pois, segundo a suposição de Jacó, uma fera havia devorado o
filho dele. E a tradução da Sociedade Bíblica do Brasil diz: com choro hei de
descer para meu filho ao (Gênesis XXXVII-35). Não existe esta palavra
em português; o leitor a procura no dicionário e não a encontra. De modo que,
de qualquer forma quem quer compreender perfeitamente a Bíblia sem ter um
certo preparo sobre a linguagem e a literatura dos hebreus, está sempre
arriscando a sair apanhando. (voltar)
[20] Outra passagem em que o Salmista levanta mais uma pontinha do véu, é
aquela em que ele diz: O poder é de Deus; e a ti, Senhor, é a misericórdia;
porque tu (Salmos LXI-12 e
13). No tempo em que foi escrita esta frase, os judeus certamente, não lhe
mediam todo o alcance, porque pensavam muito em justiça feita já neste
mundo. Mas com a revelação do Novo Testamento (Mateus XVI-27; Romanos
II-5 a 8) é que se vê claramente que se trata sobretudo de uma justiça a ser
exercida após a morte, na vida futura, e aí se compreende melhor a profunda
significação de tais palavras. (voltar)
outras, de algum apelido que foi imposto aos seus adeptos, como os
Metodistas, porque os estudantes reunidos em Oxford por Carlos
Wesley, para iniciar a seita, levavam uma vida bastante metódica,
ou como os Quacres, de uma palavra inglesa que quer dizer
, designação que lhes veio por causa da palavra dita
pelo fundador Jorge Fox diante do juiz Bennet: “Treme, diante da
palavra de Deus”.
— Como és chamado?
— Cristão.
— De que igreja?
S. Agostinho (do século 5º) dizia: “Deve ser seguida por nós aquela
religião cristã, a comunhão daquela Igreja que é ,e
é chamada não só pelos seus, mas também por todos os
inimigos” (Verdadeira Religião c.7; nº 12).
Notas (pular)
Ligar e desligar.
Notas (pular)
[24] A fim de lançarem uma cortina de fumaça sobre este texto de S. Mateus,
os protestantes se põem a querer dar exemplos destes casos de e
, mas fornecem exemplos que nada têm que ver com o caso, e
assim se estabelece a confusão, que é precisamente o que lhes interessa.
Dizem: Pedro pregou no dia de Pentecostes e, depois da pregação,
perguntaram os ouvintes o . A resposta de Pedro foi que
deviam arrepender-se e ser batizados (Atos II-38). Pedro é chamado à casa
de Cornélio, prega aí o Evangelho, Cornélio e os presentes se convertem e aí
se abre o reino dos Céus para os gentios (Atos cap. 10º). Filipe, um simples
diácono, prega em Samaria e aí muitos se convertem (Atos VIII-5 a 8 e 12);
abriu-se, portanto, o reino dos Céus para os samaritanos. E assim por diante.
Desses exemplos, os protestantes poderão apresentar milhares, se quiserem,
desde os tempos de Cristo até os dias de hoje. Mas isto nada tem que ver
com o poder de ligar e desligar. Trata-se aí, sim, da missão de , de
: Ide, pois, e todas as gentes (Mateus XXVIII-19) o
Evangelho a toda criatura (Marcos XVI-15), missão esta que os Apóstolos
receberam, mas podiam também confiar e de fato confiaram a outras pessoas
idôneas, para que os ajudassem nesta obra evangelizadora. Ainda hoje são
muitos os que pregam o Evangelho; uns, porque receberam a missão da
Igreja Verdadeira que Cristo fundou; outros, porque por sua própria cabeça
entendem que devem pregá-lo, quando ninguém os autorizou para isto. Mas o
que não sabíamos é que pelo simples fato de pregar o Evangelho, pregação
esta J , nada fica,
portanto, ao nosso arbítrio, pelo simples fato de informar a alguém que
precisa - , como Cristo ordenou, por este
simples fato uma pessoa possa dizer: Vejam que poder é o meu! Tudo o que
eu ligo na terra, é ligado nos Céus; o que eu desligo na terra é desligado nos
Céus.
171. Cristo que orou ao Pai para que seus seguidores fossem todos
, como tu, Pai, o és em mim e eu em ti (João XVII-21) e que um
dia profetizou a realização de seu ideal na Igreja, que Ele havia de
fundar: haverá (João X-16), antes de
subir aos Céus, resolveu entregar a um homem a missão de
pastorear o seu rebanho.
O amor de Pedro.
174. Mas prossigamos. Foi também pelo amor ao Mestre que ele
feriu a um servo do pontífice e lhe cortou a orelha direita (João
XVIII-10). Ele enganou-se
, pois o mestre havia dito: Agora quem tem bolsa tome-a
e também alforje; e o que não tem, venda a sua túnica e
, porque vos digo que é necessário que se veja cumprido em
mim ainda isto que está escrito: E foi repudiado pelos iníquos.
Porque as coisas que dizem respeito a mim vão já a ter o seu
cumprimento. Mas eles responderam: Senhor,
. E Jesus lhes disse: (Lucas XXII-36 a 38). A sua
interpretação das palavras do Mestre não foi exata. Mas a intenção
foi boa, e a ação, ditada pelo amor: quis defender o Mestre querido.
Jesus mesmo permitiu esta reação, porque servia para que, curando
o soldado ferido, tivesse ocasião de dar uma cabal demonstração de
amor aos inimigos e de que era livremente que ele se entregava.
Foi pelo amor que Pedro caiu na presunção: Eu darei a minha vida
por ti (João XIII-37). Repugnava-lhe a ideia de ter que negar o seu
Mestre. Era amor, porém, que precisava ser acompanhado de
humildade; e por isto não foi suficiente para vencer a tentação no
momento preciso. A prova de que havia muito amor a Jesus no seu
coração foram as lágrimas copiosas que ele derramou logo após o
cantar do galo: E tendo saído para fora, chorou Pedro amargamente
(Lucas XXII-62).
E mais uma prova de seu amor ao Mestre, Pedro tinha dado nesta
mesma aparição de Jesus, sobre a qual estamos falando e que se
realizava à margem do mar de Tiberíades. Logo que viu que Jesus
ali estava, Pedro não esperou que a barca chegasse em terra,
lançou-se ao mar, ansioso por se encontrar com o Mestre: Então
aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor.
Simão Pedro, quando ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a sua
túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar. E os outros discípulos
vieram na barca (João XXI-7 e 8). O amor se descobre nestas
pequeninas coisas.
O verbo apascentar.
175. Vê-se, pelo texto grego, que tendo Jesus dito a Pedro três
vezes , este verbo apascentar é expresso de duas
formas: e . É a missão do pastor em toda a
extensão da palavra, pois enquanto é empregado mais para
significar a ação de nutrir, oferecer alimento, o verbo é
frequentemente empregado na Escritura para significar a ideia não
só de instruir com palavras (E vos darei pastores segundo o meu
coração, os quais com a ciência e a doutrina —
Jeremias III-15), mas também de governar e governar com
autoridade e por isto é aplicada a Deus e também aos reis. Vejamos
alguns exemplos.
No livro 2º dos Reis se aplica este verbo a Davi, que ia ser rei de
Israel: E vieram todas as tribos de Israel ter com Davi em Hebron,
dizendo: Aqui nos tens, que somos teus ossos e tua carne. E ainda
ontem e antes de ontem, quando Saul era rei sobre nós, era tu o
que conduzias e fazias voltar a Israel; e o Senhor te disse: Tu
o meu povo de Israel, e tu serás o condutor de Israel
(2º Reis V-1 e 2).
Levantando os ânimos.
A mulher não veio fazer este pedido contra a vontade dos filhos; ao
contrário, eles estavam perfeitamente de acordo com a proposta
materna. E a prova é que Jesus interrogará daqui a pouco a João e
a Tiago, e eles se mostrarão interessados nesta pretensão. É bem
interessante notar que tal ambição existe precisamente em Tiago e
João, quando sabemos que Pedro, Tiago e João eram os discípulos
principais, os discípulos privilegiados do Salvador. Eles se aliam a
fim de deixar Pedro para trás, sinal de que já sabiam ou, pelo
menos, desconfiavam que Pedro gozava da primazia. E tomando
conta um do trono à direita e outro, do trono à esquerda, para Pedro
não sobraria senão um lugar de menos relevo.
A exortação do mestre.
O silêncio de S. Marcos.
188. Outra coisa que logo nos chama a atenção é esta mistura de
e : dize-o à Igreja ( ); tudo quanto ligardes ( ).
Ora, vemos nos Evangelhos que Jesus às vezes está tratando por
vós aos seus ouvintes e interrompe este tratamento por ,
dirigindo-se ao homem, qualquer que ele seja, ao cristão em geral:
Tu, ó cristão; tu, ó homem.
Autoridade da Igreja.
Mas como foi a Igreja que Cristo fundou? Foi como uma multidão
que tudo resolve por si, sem ter chefe, sem ter quem a governe?
Não, A Igreja fundada por Cristo tem as suas autoridades
legitimamente constituídas. Existe a Igreja docente e a discente, os
que ensinam e os que aprendem: Ide pois, e todas as
gentes, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
- a observar todas as coisas que vos tenho mandado
(Mateus XXVIII-19 a 20). Nesta Igreja há uns que forma
encarregados de governá-la: Atendei por vós e por todo o rebanho
sobre que o Espírito Santo vos constitui bispos
I D , que Ele adquiriu pelo seu próprio sangue (Atos
XX-28). Nesta Igreja há pastores, enquanto outros são
apascentados: A o rebanho de Deus que está entre vós
(1ª Pedro V-2). Tem esta Igreja seus enviados, com missão especial,
a que é preciso atender, do modo que se atende ao próprio Cristo: O
que a vós ouve, a mim ouve; e o que a vós despreza, a mim
despreza e quem a mim despreza, despreza Àquele que me enviou
(Lucas X-16).
Temo que talvez, quando eu vier, vos não ache quais eu quero e
que vós que me acheis qual não quereis; que por desgraça não haja
entre vós contendas, invejas, rixas, dissensões, detrações,
mexericos, altivezas, parcialidades; para que não suceda que,
quando eu vier outra vez, me humilhe Deus entre vós e que chore a
muitos daqueles que antes pecaram e não fizeram penitência da
imundícia e fornicação e desonestidade que cometeram. Eu me
disponho a vos ir ver pela terceira vez. Na boca de duas ou três
testemunhas estará toda a palavra. Assim como já o disse dantes
achando-me presente, assim o digo também agora estando ausente
que, se eu for outra vez
(2ª Coríntios XII-20 e 21; XIII-1 e 2). E mais
adiante no versículo 10º: Eu vos escrevo isto ausente para que,
estando presente, não empregue
D para edificação e não para destruição (2ª Coríntios
XIII-10).
Notas (pular)
Os versículos seguintes.
Jesus mostra que, assim como aos rabinos era concedida uma certa
assistência de Deus nas suas reuniões mesmo de 2, aos Apóstolos
se promete, além da ratificação de suas sentenças, uma assistência
especial de Cristo nas suas reuniões, ainda que sejam de 2 ou 3 (se
dois de vós se unirem entre si sobre a terra — Mateus XVIII-19),
mesmo porque há um princípio ainda mais amplo: onde se acham
dois ou três congregados em meu nome, aí estou eu no meio deles
(Mateus XVIII-20). E supõe-se que se 2 Apóstolos se reúnem, é
para tratar da glória de Deus, é em nome de Jesus e neste caso tem
sempre a complacência divina.
Trata-se apenas disto: a Igreja lembra aos fiéis a obrigação que eles
têm de contribuir para as despesas do culto para a honesta
sustentação de seus ministros. As múltiplas obrigações dos
sacerdotes exigem que eles estejam dedicados de corpo e alma ao
serviço das almas; têm que dispor de alguns recursos, como
humanos que são, para vestir, para alimentar-se, para apresentar-se
convenientemente perante a sociedade e mesmo para fazer as suas
caridades. O modo de prover os fiéis a estas necessidades pode
variar de um país para outro. A praxe, entre nós, é que os católicos,
quando batizam um filho, quando celebram suas festas de
casamento, ou fazem os funerais e ofícios religiosos para os seus
defuntos reservam uma espórtula para a honesta sustentação do
sacerdote. Os protestantes gostam de explorar esta situação, ditada
pelas contingências da vida humana, procurando impressionar as
pessoas rudes, incutindo-lhes no espírito que a Igreja vende os
sacramentos, vende a salvação etc.
Por tudo isto fica provado que os 5 mandamentos da Igreja não são
senão sábias determinações baseadas naquilo que foi ensinado,
prescrito, preceituado no Novo Testamento.
Daí não se segue que a Igreja tenha que decidir, uma por uma,
todas as questões que possam surgir a respeito das palavras da
Escritura. A Bíblia é um livro maravilhoso e variadíssimo que contém
ensinamentos de inegável necessidade para a nossa instrução,
como tudo o que se refere à natureza de Deus e da nossa alma, a
doutrina de Jesus sobre a salvação, os meios necessários para
obtê-la, as nossas obrigações, enfim tudo o que nos é
imprescindível saber a respeito da Religião Verdadeira que o Verbo
de Deus desceu do Céu para nos ensinar. Uma vez bem orientado
para colher da Bíblia fielmente interpretada os pontos essenciais da
sua doutrina, ainda resta ao homem neste livro de sabedoria
imensa, que é a Bíblia, uma boa quantidade de pequenas questões
que fica aos eruditos, aos especialistas, aos grandes mestres
discutir e analisar livremente. Maria, irmã de Marta era a mesma
Maria Madalena ou era outra? O batismo administrado pelos
Apóstolos durante a vida de Cristo (João IV-2) era o mesmo batismo
de Cristo, pelo qual se recebe o dom do Espírito Santo (Atos II-38)
ou era um batismo de penitência igual ao do Precursor? O bom
ladrão blasfemou a princípio e depois converteu-se (Mateus XXVII-
44) ou se portou convenientemente desde o começo e o
blasfemador foi só o seu companheiro (Lucas XXIII-39 e 40)
empregando a Bíblia no texto de S. Mateus, por sinédoque, o plural
pelo singular?
Hoje está tudo muito mais fácil e mais simples neste sentido, não há
dúvida alguma. Porém os protestantes mostram que souberam
herdar neste ponto o velho egoísmo de Lutero; eles fazem as suas
teorias, estabelecem os seus sistemas de ensino, como se o
Cristianismo só tivesse começado a existir no século XVI, depois
que surgiram os novos “profetas” Lutero e Calvino. Não. O
Cristianismo vem do 1º século da nossa era. E tem que vir também
dessa época o que Jesus deixou para os homens aprenderem
a sua doutrina e para ficar esta ao alcance de todos, porque Deus
quer que todos os homens cheguem ao conhecimento da verdade.
Se este meio por Ele estabelecido fosse apenas espalhar Bíblias e
mandar cada um ler e interpretar como pode, neste caso Ele deveria
ter logo ensinado aos seus Apóstolos e aos propagadores de sua
Religião como se devia fabricar o papel, e qual o meio melhor de
imprimir (o que só veio a ser descoberto por Gutenberg em 1455) e
deveria ter também deixado logo esta ordem: Quem quiser aprender
a minha doutrina, entre primeiro numa escola para aprender o á-bê-
cê!
Notas (pular)
A diversidade de gêneros.
Prodígios e carismas.
211. Outro erro infantil e este agora comum a quase todas as seitas
evangélicas é o seu engano a respeito do celibato eclesiástico.
Ninguém que tenha uma noção, embora vaga, do que é a doutrina
do Cristianismo, doutrina de vitória sobre si mesmo, de domínio do
espírito sobre a matéria, de desprendimento do mundo e das
criaturas, ninguém em boa lógica vai negar quão meritório seja aos
olhos de Deus o gesto daquele que, para melhor servir ao mesmo
Deus, se Lhe consagra totalmente de corpo e alma, pelo voto de
virgindade. A Igreja é a primeira a reconhecer que legítimo, honroso
e santo é o estado do matrimônio, estado em que forçosamente se
coloca a maioria. Mas, se no meio dos cristãos há alguns que, por
vocação especial de Deus, se querem dedicar inteiramente a Ele
pelo voto de perfeita castidade, este estado sem dúvida alguma é
mais santo e mais perfeito ainda. Nosso Senhor faz abertamente no
Evangelho uma alusão a este estado especial: Nem todos são
capazes desta resolução, mas somente aqueles a quem isto foi
dado. Porque há uns castrados que nasceram assim do ventre de
sua mãe; e há outros castrados, a quem outros homens fizeram tais;
e há outros castrados que a si mesmos se castraram por amor do
Reino dos Céus. O que é capaz de compreender isto, compreenda-
o (Mateus XIX-11 e 12). É claro que Nosso Senhor não fala, aí no
terceiro caso, de uma mutilação física, como entendeu mal
Orígenes; é uma operação do espírito pela qual alguém com
generosidade e sacrifício se vota ao serviço divino, renunciando os
prazeres da carne. Nem todos são capazes deste sacrifício; é um
dom de Deus, mas um dom que é dado “àqueles que o pedem, que
o desejam e que se esforçam por adquiri-lo”, como observa
S. Jerônimo [27]. O que aos homens é impossível, é possível a
Deus, explicará Nosso Senhor neste mesmo capítulo do Evangelho
(Mateus XIX-26). O que o homem não é capaz de fazer por suas
próprias forças, poderá fazê-lo com o auxílio especial da graça
divina, de modo que disse S. Paulo: Tudo posso naquele que me
conforta (Filipenses IV-13). Deus não nega este dom da castidade
perfeita àqueles que o pedem de todo o coração, que empregam
todos os meios para consegui-lo e depois conservá-lo,
principalmente quando, distinguidos com uma
, precisam deste dom para melhor se dedicarem ao serviço
do Reino dos Céus.
Notas (pular)
Esta pregação sobre Jesus Cristo, sua vida, suas perfeições, seus
diversos atributos, já a Igreja vem fazendo há 20 séculos e já, vinha
fazendo, havia 15 séculos, quando o Protestantismo apareceu sobre
a face da terra. E a Igreja que tem sustentado contra os hereges a
tese de que Jesus Cristo é Deus, Consubstancial ao Pai, tendo as
duas naturezas divina e humana; que tem ensinado que Ele é o
nosso Salvador que morreu por todos os homens e que é o autor da
salvação eterna L (Hebreus V-9);
ela vem ensinando a sua lei, vem batizando como Ele ordenou, para
que os homens se tornem cristãos. E na sua liturgia, com cuidado
especial, vai distribuindo o ano em várias festas religiosas, para que
os fiéis saboreiem, a um por um, nas suas diversas particularidades,
os mistérios da vida de Jesus: seu nascimento (a 25 de dezembro),
sua circuncisão (a 1º de janeiro), a adoração dos Magos (a 6 de
janeiro), seu primeiro milagre em Caná de Galileia (2º domingo
depois da Epifania), sua tentação no deserto (1º domingo da
Quaresma), sua transfiguração (2º idem), sua entrada triunfal em
Jerusalém (domingo de Ramos), sua paixão e morte, sua
ressurreição, sua ascensão aos Céus, sua presença no SSmo
Sacramento do Altar. Jesus ora é apresentado como o Bom Pastor
(2º domingo da Páscoa), ora como um Rei (Festa de Cristo-Rei, no
último domingo de outubro) etc, etc. Cada domingo se toma um
trecho especial de seu Evangelho para explicar ao povo.
Por tudo isto que até aqui expusemos, se vê claramente que está
completamente errado o modo de pensar dos protestantes quando
assim dizem: Não precisamos de saber o que a Igreja Católica nos
ensina, nem o que ela sempre nos ensinou desde o princípio. Temos
a Bíblia e B é que cada um deve ir buscar diretamente,
vendo com seus próprios olhos, a verdadeira doutrina.
Jesus ludibriando?
Além disto, todos nós estamos vendo aí que foram dois os poderes
concedidos aos Apóstolos: o de perdoar e o de reter; é o exercício
de uma ação judicial: perdoar a uns e adiar o perdão para outros.
Quando Nosso Senhor manda pregar o Evangelho, trata-se de uma
só função, pois Ele não mandou pregar o Evangelho a uns e ocultá-
lo a outros. Se quer dizer
, então a ordem não é nunca para reter e sim para
perdoar os pecados a todos sem exceção: Pregai o Evangelho
(Marcos XVI-15). E mais: quando Nosso Senhor
mandou pregar o Evangelho, não usou de meios termos, nem de
enigmas, nem de obscuridades; disse abertamente: Pregai o
Evangelho; Ide, ensinai. Que necessidade tinha Ele de falar na
pregação do Evangelho em termos tão enigmáticos que durante
1.500 anos ninguém foi capaz de decifrar essa charada e só Calvino
a veio matar no século XVI?
Mas (para que se veja até onde pode ir este biblismo descontrolado
do livre exame) os Mormões viram este texto e dele se aproveitaram
para deduzir o seguinte: Vê-se aí pelas palavras de S. Paulo que
uma pessoa se pode batizar em lugar de um morto (!). Ora, todos os
batismos ministrados desde o princípio do Cristianismo até que
chegou José Smith, fundador da “verdadeira religião”, que é a seita
dos Mormões (e José Smith a estabeleceu no ano de 1830), todos
esses batismos estão nulos (!!!). Neste caso quem disser pode
batizar-se em lugar de qualquer parente ou amigo que tenha
falecido, mesmo que seja há muito tempo.
Notas (pular)
O que queremos frisar apenas com estes exemplos, que aos olhos
de qualquer observador sereno e imparcial se apresentam como
aberração de toda lógica e como um desrespeito evidente ao texto
sagrado, é que dentro do sistema do livre exame não há freio algum
para conter os erros mais clamorosos nem os mais ridículos
disparates, porque não há texto algum da Bíblia, por mais simples,
por mais claro, por mais evidente que seja, que um homem não
consiga adulterar, à custa de truques e manhosos artifícios e não há
teoria, por mais ímpia, por mais absurda, por mais escandalosa, que
pelo mesmo processo não se intente justificar com palavras da
Bíblia Sagrada. Porque ter em mãos o livro divino é uma coisa;
interpretá-lo com sabedoria, competência e honestidade, penetrar-
lhe o verdadeiro sentido é outra coisa bem diferente, pois é um dom
de Deus, uma graça do Espírito Santo.
223. Juntem-se todos estes fatores que até agora temos analisado:
A Santíssima Trindade.
Entre os protestantes que negam assim que Jesus Cristo seja Deus,
há duas opiniões diversas: uma que O considera como simples
homem: são estes de que acima falamos; outra dos que O
consideram como um anjo: são os Testemunhas de Jeová, os quais
identificam o Verbo, de que fala S. João no Evangelho, com o Anjo
Miguel, a mais elevada das criaturas, da qual Deus se serviu para
criar todos os outros seres e que se transformou em homem (Jesus
Cristo) e veio morrer por nós, voltando a ser depois da Ressurreição
o mesmo Verbo-Miguel exaltado (Deus também o exaltou —
Filipenses II-9), elevado a uma categoria superior, e por isto depois
de ressuscitado usou um corpo só aparente.
Isto mostra que até os dogmas admitidos pela Igreja estão sujeitos a
empalidecer e a desfigurar-se nas mãos dos hereges.
A graça.
A fé e as obras.
Notas (pular)
A imortalidade da alma.
230. Mas não é somente sobre estes dogmas referentes a Deus e a
Jesus Cristo, à graça e à justificação que os protestantes discutem
entre si. E também sobre outro ponto de suma importância, sobre
uma verdade que era admitida, até mesmo, por todos os povos
pagãos: a imortalidade da nossa alma.
Há alguns protestantes que negam ser a nossa alma imortal por sua
natureza; não admitem que ela, depois da morte, continue a viver e
operar separada do seu corpo. Não negam a imortalidade da alma,
é verdade, da mesma forma que a negam os materialistas os quais,
não crendo na existência de Deus, nem na possibilidade da
ressurreição da carne, acham que toda e qualquer pessoa, depois
da morte, desaparece por completo. Para esses protestantes a
coisa é diferente: os maus, os que não se salvam vão afinal um dia
desaparecer por completo, não terão uma duração eterna, porque
serão aniquilados. Mas os que se salvam, estes receberão de Deus
o privilégio da imortalidade, de modo que estas almas humanas, que
por sua natureza não são imortais, vão adquirir a imortalidade,
porque Jesus as vai ressuscitar para viverem eternamente. Esta
doutrina já era ensinada pelos Socinianos, os quais procuram
argumentar dizendo que a vida eterna era desconhecida no Antigo
Testamento e que antes de Cristo havia somente uma vaga
esperança de felicidade eterna, mas sem haver nenhuma promessa
positiva neste sentido. Esta promessa, Cristo a veio trazer para os
que creem nEle e assim O vão imitar na sua ressurreição, enquanto
os que não creem são juntamente com os demônios votados ao
aniquilamento.
Juntam-se aos Socinianos para negar que todo homem tem alma
imortal e para afirmar que a imortalidade da alma é apenas um dom
concedido por Deus somente àqueles a quem Ele quer
recompensar, duas seitas protestantes modernas e muito
propagadas: os Testemunhas de Jeová e os Adventistas do Sétimo
Dia, que assim entram em viva discussão com outras seitas sobre
mais um ponto fundamental e que nos interessa mui de perto.
Tanto os Testemunhas de Jeová como os Adventistas ensinam que
atualmente não há nenhuma criatura humana, nem no Céu, nem no
Inferno, nem no Purgatório, mas todas as almas ficam até o dia de
juízo em estado de completa inatividade e inconsciência. (Tal erro,
aliás, não é novidade no Protestantismo; já havia sido ensinado no
princípio por muitos Anabatistas). A diferença que há entre as duas
doutrinas é que, para os Adventistas do Sétimo Dia os maus serão
despertados do seu estado de inconsciência para serem julgados e
condenados ao fogo que os destruirá, os aniquilará, juntamente com
Satanás que também será destruído; para os Testemunhas de
Jeová os maus que são em geral os religionistas que creem na
SSma Trindade e na imortalidade da alma (!!!) despertando de sua
inconsciência terão facilidade de alcançar a salvação,
principalmente porque Satanás estará preso; os que, porém, se
mostrarem incorrigíveis serão aniquilados na batalha final de
Harmagedon.
Notas (pular)
O purgatório.
Sacramentos.
Notas (pular)
O Batismo. A pregação.
Notas (pular)
[34] Não temos os Mormões na conta de protestantes, uma vez que a sua
primeira confissão de fé, redigida pelo fundador José Smith, reza assim:
“Cremos que a Bíblia é a palavra de Deus em tudo o que se conforma com o
original inspirado e também que é palavra de Deus o Livro de Mórmon.” Ora,
isto é contrário ao espírito do Protestantismo, o qual não admite outra regra
de fé além da Bíblia. Se, porém houver Mormões que recusem reconhecer
esta autoridade absoluta no Livro de Mórmon, já não há motivo mais para
deixarem de ser considerados protestantes. Fazem a interpretação da Bíblia
como o fazem as seitas reformadas. Dizendo que o batismo por procuração é
igualmente praticado pela Igreja Neo-apostólica, mostramos que este erro
existe também dentro do Protestantismo.
Quanto aos Adventistas do 7º Dia, não vemos motivo para que não sejam
considerados como protestantes, uma vez que eles ensinam bem claramente
que “para chegar a conhecer com segurança a verdade devemos provar todo
conceito pelas Escrituras” (lição 6ª do Curso por Correspondência da Voz da
Profecia). Se eles prestam muita atenção ao que escreveu a Sra. Helena G.
White, o mesmo se dá com outras seitas protestantes que têm também os
seus mentores e que prestam muita atenção ao que lhes ensinaram Lutero,
Calvino, Svedenborg, Jorge Fox, Campbell etc. (voltar)
A Eucaristia.
235. Logo nos inícios da Reforma houve, no seio dela, uma acerba
discussão a respeito da presença real de Jesus Cristo na Eucaristia.
Defendia esta presença real Martinho Lutero, embora discordando
também da doutrina católica sobre a transubstanciação. Em vez de
admitir com os católicos que a substância do pão se converte na
substância do corpo de Cristo, ensinava a permanência das 2
substâncias, ou seja, a consubstanciação. Bem como limitava esta
presença só ao momento da comunhão, uma vez que não admitia o
Santo Sacrifício da Missa. Contra ele se insurgiu, entre outros,
Zuínglio afirmando que na Eucaristia não há mais que pão e vinho e
ela vem a ser um memorial da Paixão de Jesus e nada mais.
Calvino procurou colocar-se no meio termo entre um e outro,
afirmando que Cristo está presente na Eucaristia, não realmente,
mas virtualmente, isto é, no momento da comunhão desce do
verdadeiro corpo de Cristo que está no Céu uma certa força
espiritual para aqueles que comungam.
O Matrimônio.
Que Maria SSma foi virgem antes do parto, quer-nos parecer que
todos estão de acordo.
Que Maria SSma foi virgem na hora do parto, uns afirmam e outros
negam. O nascimento virginal de Jesus Cristo, negado por muitos
protestantes, é considerado questão aberta, questão discutida, por
exemplo, pela Igreja Anglicana.
Mesmo entre os que admitem o nascimento virginal de Jesus há
outra controvérsia: se Maria SSma foi perpetuamente virgem. Os
protestantes se dividem em 3 correntes:
O pecado original.
243. Ora por um, ora por outro, vários livros da Bíblia, como
veremos mais adiante (nº 255) têm sido rejeitados por alguns chefes
da Reforma; e entre eles se contam por exemplo: a Epístola aos
Hebreus, a 2ª e a 3ª de João, a 2ª de Pedro, a Epístola de S. Tiago,
a de S. Judas e o Apocalipse. Muitos Protestantes Liberais rejeitam
a autenticidade do Evangelho de S. João.
Completamente desorientados...
Browning (no livro New Days in Latin America, pág. 176) diz:
“Quando os católicos nos apontam as 50 e mais seitas que se
esforçam por introduzir o Evangelho na América Latina, o
protestante não pode fazer outra coisa senão calar e admitir a força
do argumento.”
246. Mas, como acontece a toda pessoa sobre que vem a cair de
cheio um labéu vergonhoso, a qual procura sempre agarrar-se a
alguma desculpa, mesmo que seja muito frágil, não faltam
protestantes que recorrem a pálidas e, às vezes, ridículas
explicações, quando se fala neste mal incurável da desunião dos
“evangélicos”.
Vergonha e desmoralização.
Não há dúvida que Jesus Cristo deixou sinais evidentes para que se
conheça a sua verdadeira Igreja; a quem tenha o sincero amor da
verdade, a demonstração cabal pode ser feita em face da Bíblia e
da história do Cristianismo. Mas agora perguntamos: Quem é
responsável por esta deplorável confusão que lavra no espírito
daqueles que não se decidiram por uma religião, pelo fato de se
assombrarem com o número excessivo de denominações
existentes? É a Igreja Católica que sempre foi e , ou
é o Protestantismo que dando com o seu livre exame a cada um o
direito de formular doutrinas novas, à vontade, interpretando a
Bíblia, como bem entende, encheu o mundo de novos credos que se
dizem cristãos? Se este homem de quem falamos, cita 50 e poucas
religiões cristãs que conhece, podemos estar certos de que 50 são
seitas protestantes. Se mostra conhecer o nome de cento e poucas,
de duzentas e poucas ou de trezentas e poucas; vá-se verificar e se
veja se deste número de denominações citadas, as 100, as 200 ou
as 300 não são divisões existentes no seio do Protestantismo!
Falsidade do Protestantismo.
A profecia de Caifás.
Uma só fé.
Mas, como nossos irmãos separados não são homens para quem
poucas palavras bastem, será difícil encontrar um protestante que,
mesmo diante dos fatos alegados (e contra fatos não há
argumentos), não tente provar com textos das Escrituras
extraordinariamente (para que a conclusão seja maior
do que as premissas), que o livre exame é mandado por Deus e
aconselhado pela própria Bíblia.
Notas (pular)
A Escritura é útil.
Há muitas coisas bastante úteis neste mundo que precisam ser bem
manejadas para cumprirem a sua finalidade, e nas mãos de quem
não sabe lidar com elas podem tornar-se não só inúteis, mas até
perigosas. A espingarda é utilíssima para o caçador, mas se este
não tem pontaria e em vez de alvejar a caça se põe a alvejar os
seus companheiros, de que lhe serve a espingarda? Utilíssimo, não
há dúvida, é um automóvel; mas se um homem não sabe guiá-lo,
sai sem direção e sem freio, derrubando muros, querendo subir
pelas calçadas, atropelando aqui e acolá os transeuntes, pondo em
perigo não só a própria vida, mas também a dos outros, de que lhe
serve o automóvel? De grande utilidade é o jornal numa localidade;
mas, se o seu redator se põe a levantar calúnias, a difundir notícias
sem fundamento e a escrever disparates, de que serve este jornal?
Os judeus de Beréia.
— Primeiro que tudo: que eram os ensinos da Igreja Cristã nos seus
primeiros dias, senão a pregação dos Apóstolos e, por
consequência, os ensinos do próprio S. Paulo? Quer dizer que
S. Paulo está dando aos fiéis o direito de submeterem os
ensinamentos dele ao seu próprio julgamento para só depois disto,
depois de os submeterem à crítica, abraçarem o que ele diz? Será
este o mesmo S. Paulo que afirma que ainda aparecendo um anjo
do Céu a pregar um evangelho diferente do que ele prega, este
próprio anjo é anátema (Gálatas I-8)? Será este o mesmo S. Paulo
que considera a fé um cativeiro da nossa inteligência: reduzindo a
cativeiro todo o entendimento para que obedeça a Cristo (2ª
Coríntios X-5)? Será este o mesmo S. Paulo que falando a estes
mesmos Tessalonicenses e exatamente nesta Epístola, afirma que a
sua palavra é a própria palavra de Deus; ouvindo-nos, recebestes
de nós outros a palavra de Deus, vós a recebestes, não como
palavra de homens, mas (segundo é verdade) como palavra de
Deus (1ª Tessalonicenses II-13)? Será este o mesmo S. Paulo que
ordena a estes mesmos Tessalonicenses: Estai firmes e conservai
as tradições que aprendestes, ou de palavra, ou por carta nossa (2ª
Tessalonicenses II-14)?
Notas (pular)
[36] Os argumentos que usam os protestantes tentando prová-lo são
argumentos infantis. Toda a Escritura divinamente inspirada para
ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir na justiça (2ª Timóteo III-
16). A conclusão que querem tirar os protestantes é muito maior do que as
premissas, pois do fato de a Escritura, não se segue que deva ser
usada com exclusividade. Como bem observa Tanquerey, de acordo com tal
sistema de argumentação, assim se poderia raciocinar: O ar puro é útil para
conservação de uma boa saúde; logo, o ar basta, não se precisa de
alimentação.
A última palavra.
Nenhum dos livros da Bíblia foi redigido com esta intenção de pôr
nas mãos de todos os fiéis uma exposição completa da doutrina,
para que a lessem e interpretassem; mas todos foram escritos
ocasionalmente, sob o influxo de uma circunstância qualquer.
Pregai o Evangelho.
E mandou-os pregar, não como quem vai expor uma doutrina que os
fiéis examinam e aceitam se quiserem, mas pregar com absoluta
firmeza e autoridade. Assim como dissera que quem crê nEle se
salva, quem não crê se condena, o mesmo disse a respeito dos
Apóstolos: Ide por todo o mundo; pregai o Evangelho a toda a
criatura; o que crer e for batizado será salvo; o que, porém, não crer,
será condenado (Marcos XVI-15 e 16).
Duas observações temos a fazer a respeito deste trecho.
Muito simples. Como Jesus Cristo provava que era do Céu a sua
doutrina? Pelos milagres que fazia. Assim também os Apóstolos.
Realizavam eles tantos prodígios, a Igreja nos primeiros dias
aparecia com tantos carismas, com tantas manifestações
extraordinárias (lembremos, por exemplo, a palavra de S. Paulo: as
línguas são para sinal, não aos fiéis, mas aos infiéis — 1ª Coríntios
XIV-22) que aqueles que não acreditassem eram da mesma raça
dos judeus obstinados, os quais rejeitaram a Cristo, apesar de seus
grandes milagres, apesar de sua estrondosa Ressurreição:
mostravam assim tanta teimosia, tanta dureza de coração que bem
mereciam a condenação eterna.
Notas (pular)
Ora, um pastor protestante já não pode falar aos seus fiéis com
igual firmeza. Como pode obrigar os outros a crer o que ele ensina,
se é partidário do livre exame e sobe ao púlpito para expor os seus
sobre a Sagrada Escritura, diante de
fiéis que são autorizados pela sua própria Religião a terem lá os
seus pontos de vista pessoais também? Como pode obrigar os fiéis
a crer no que ele diz, se há também muitos outros pastores
protestantes que ensinam doutrinas bem diversas da sua?
Utilidade da Escritura.
Notas (pular)
É claro que quando a Bíblia diz que Cristo nos salvou, porque é o
Único Salvador; e esta mesma Bíblia diz que um homem salva os
outros, a palavra num e noutro caso não tem exatamente o
mesmo sentido. Quando diz que Cristo nos salvou, se refere ao
indispensável para a nossa salvação, oferecido só por
Cristo, porque só Ele é que o podia oferecer; refere-se a Cristo
como a fonte única donde procedem todas as que são
necessárias para a salvação da Humanidade, não só as que nos
são concedidas hoje, após a sua morte, mas também as que foram
recebidas por todos os homens e em todos os tempos. Quando diz
que um homem salva os outros, refere-se ao trabalho deste homem,
ao seu esforço, à sua cooperação para que os outros venham a
aproveitar do sangue regenerador de Jesus Cristo, porque Jesus
Cristo morreu por todos, mas nem todos se salvam: há umas tantas
condições a observar para que a cada um em particular sejam
aplicados os frutos da Redenção.
266. Isto acontece na nossa vida material; e Deus quis que também
fossem assim no que diz respeito aos bens da nossa alma. Vemos,
em toda a história do Antigo Testamento, que as graças especiais
concedidas a seu povo escolhido, Deus as mandava, por exemplo,
por intermédio dos Profetas; eram homens fracos e imperfeitos,
como demonstraram muitas vezes, mas era deles que Deus se
servia para guiar, dirigir, advertir, iluminar o seu povo.
Na Nova Lei, a narrativa dos Evangelhos nos mostra muito bem que
Deus, escolhendo os seus Apóstolos, dando-lhes uma missão
especial, concedendo-lhes extraordinários poderes, não quis
absolutamente agir de maneira diversa: são maiores as riquezas
celestiais distribuídas aos cristãos, mas o sistema de distribuição é
sempre o mesmo. Porque se na Nova Lei Deus nos concede
do que na Antiga, Ele confia a homens uma
na distribuição da
superabundante graça divina e na economia da salvação.
Pregar e batizar.
Ora, só no do
Evangelho (de S. Mateus) é que aparece Jesus dando aos
Apóstolos a ordem de batizar. Se o Evangelho fala de batismo
realizado pelos Apóstolos durante a vida de Cristo, não se sabe ao
certo se era simplesmente um batismo de penitência igual ao do
Precursor ou já o batismo cristão, e mesmo o texto não esclarece se
batizavam também as crianças ou somente os adultos: Não era
Jesus o que batizava, mas seus discípulos (João IV-2). Os
Evangelhos falam, sim, no batismo de João, e este era por natureza
reservado aos adultos, porque tinha como finalidade excitar ao
arrependimento; mas isto nada tem que ver com o nosso batismo, o
batismo cristão que, como veremos (nº 275), é perfeitamente
distinto do batismo preparatório de João e muito superior a ele.
Notas (pular)
O mesmo se diga do caso das crianças. Não é o simples fato de ser criança
que a leva para o Céu; pode haver, até, por exceção da regra alguma criança
má, que não mereça de forma alguma. Nosso Senhor, dizendo ,
e
como está no texto grego (e o P Pereira traduziu muito bem: ,
isto é, daqueles que são como meninos, que lhes são semelhantes) está
apenas exaltando o valor da criança que é um modelo para os grandes, um
espelho das virtudes que se devem praticar para ganhar o Céu, pela sua
candura, simplicidade, amor à verdade, castidade, desprendimento e rápido
esquecimento das injúrias; é preciso que os grandes se tornem por virtude
aquilo que as crianças já são por natureza. E por isto mesmo Nosso Senhor
havia dito no capítulo anterior: Na verdade vos digo que, se vos não
converterdes e ,
(Mateus XVIII-3). (voltar)
A regeneração do adulto.
A fé e os sacramentos.
Dizem eles: A Bíblia está cheia de textos que nos ensinam que
; que
; que
, como se vê, por exemplo, neste trecho dos Atos dos
Apóstolos, em que nos fala S. Pedro: A Este (Jesus) dão
testemunho todos os profetas de que
por meio do seu nome (Atos X-43).
Notas (pular)
Mas não tenham receio que não ensinamos, como tantos de Vocês,
protestantes, pertencentes à escola calvinista, que há uns
irremediavelmente perdidos, porque são predestinados por Deus
para o inferno. A fé em Cristo . Um pagão que
nunca ouviu falar sobre Cristo, mas sabe pela sua razão que existe
um Deus, Senhor Supremo de todas as coisas (embora erre talvez
por ignorância sobre a verdadeira natureza deste Deus) e vendo,
pela sua consciência, o que é o bem e o que é o mal, está sempre
disposto, para não desagradar a este Deus, a seguir a voz divina
que lhe fala ao coração por intermédio da sua consciência, está
amando a Deus acima de tudo e por conseguinte recebe a graça
santificante: Se algum me ama, guardará a minha palavra, e meu
Pai o amará e nós viremos a ele e faremos nele morada (João XIV-
23). Deus quer salvação de todos e de ninguém exige o impossível;
o que este pagão tem para oferecer a Deus é apenas a retidão de
sua consciência. Se ele tivesse conhecimento de Cristo e de sua
doutrina, creria de todo o coração, porque tem um coração reto.
Tem, portanto, uma C . Pode salvar-se; ao
passo que muitos que vivem com o nome de Jesus nos lábios
podem perder-se, se morrerem sem esta consciência reta: Nem
todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus; mas
sim o que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus (Mateus VII-
21). O mesmo se dá, exatamente, com relação ao Batismo e à
Penitência. Esse pagão que tenha assim um coração puro, uma
alma reta e leal, se conhecesse o valor do Batismo, o procuraria
receber e se soubesse que era necessário confessar os seus
pecados, para ganhar o Céu, o faria de muito bom grado. Da
mesma forma que é suprida a fé, os também podem
ser supridos.
Ex ópere operato.
273. Finalmente costumam dizer os protestantes: Com a sua
doutrina de que os sacramentos produzem efeito
, a Igreja atribui a salvação não à fé ou às disposições do
indivíduo, mas a um rito religioso, como se a salvação nos fosse
concedida .
274. Dadas estas explicações, que tiveram por fim remover alguns
preconceitos que há entre os protestantes a respeito da doutrina
católica sobre os sacramentos e dar-lhes uma ideia mais clara sobre
o assunto, passamos agora à demonstração da nossa tese. Vamos
provar pela própria Bíblia que:
São adultos que ainda não foram batizados, porque agora é que se
está começando a pregar a Religião Cristã: é o dia da sua
inauguração solene. Ora, o Batismo não só apaga o pecado original
que já trazemos do berço, mas todos os pecados que porventura
tenhamos cometido até o momento em que nos batizamos. Mas,
para que estes pecados atuais sejam perdoados, é preciso que haja
naquele que recebe o Batismo, não só a fé em Cristo, mas também
o sincero arrependimento, o que tem de incluir, está bem visto, um
firme propósito de emenda. Aqueles homens já têm a fé, pois
receberam a sua palavra (Atos II-41). S. Pedro agora lhes faz ver
que é necessário: 1º — arrependerem-se de seus pecados; 2º —
receber o Batismo, para então obter
; recebendo o Batismo, receberão E
S , pois se trata não de um simples batismo de água como o de
João, que apenas excita ao arrependimento, mas do batismo de
Cristo que batiza no Espírito Santo.
Vejamos as palavras de S. Pedro em resposta aos seus ouvintes:
Pedro então lhes respondeu: Fazei penitência, e
em nome de Jesus Cristo
; e recebereis E S (Atos II-
38).
Agora apreciemos a
Lógica protestante.
1º — Arrependei-vos
para perdão dos pecados
2º — cada um de vós seja batizado
Notas (pular)
[42] N.d.r.: condição “sem a qual não pode ser”, essencial. (voltar)
Mas haverá sobre a face da terra algum homem tão teimoso, tão
cheio de má vontade, tão falto de compreensão, que ainda se
lembre de objetar que aí são duas ordens diversas: Recebe o
batismo — é uma; e lava os teus pecados — é outra; e que,
portanto, não é o Batismo que lava os pecados? É possível; porque,
quando um homem cisma para torcer os textos da Bíblia, tudo pode
acontecer.
Banho de água.
Notas (pular)
[43] A versão da Sociedade Bíblica do Brasil traz assim: arca, na qual poucas
pessoas, isto é, oito almas, se salvaram através das águas. Esta ,
, , não a purificação da imundícia da
carne, mas a questão a respeito de uma boa consciência para com Deus, pela
ressurreição de Jesus Cristo (1ª Pedro III-20 e 21).
Ferreira de Almeida assim traduz: arca, na qual poucas (isto é, oito) almas se
salvaram pela , que também como uma verdadeira figura,
, não do despojamento da imundícia da carne, mas da
indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de
Jesus Cristo (1ª Pedro III-20 e 21).
Tanto faz dizer que a água do dilúvio, por onde oito se salvaram, era figura do
Batismo, agora nos salva — como dizer que a água do dilúvio, por
onde oito se salvaram, era figura do Batismo, e esta mesma água agora
. Salva-nos, não porque lave as imundícies do corpo, mas porque nos
leva a uma boa consciência para com Deus. (voltar)
O batismo de imersão.
Pelo que se vê, a Igreja não quer que se faça o batismo por
aspersão (não que considere inválido, mas pelo perigo da água não
atingir convenientemente o batizando). E quanto aos outros 2:
infusão ou imersão, manda que se siga o costume de cada lugar.
O batismo de João foi por imersão. E era este o modo mais usual de
se administrar o Batismo no tempo dos Apóstolos; dizemos — o
mais usual — porque, como veremos daqui a pouco, não se pode
absolutamente provar que fosse o único.
Porém agora vem outra questão bem diferente: Era usual no tempo
dos Apóstolos o batismo por imersão. Está certo. Mas, se fosse este
batismo feito por infusão ou por aspersão, seria válido? Do fato de
S. Paulo tirar um simbolismo do batismo por imersão, não se segue
que o batismo ministrado de outra forma não seja válido também.
É uma destas questões que a Bíblia não resolve, porque dela não
trata diretamente, e eis aí o motivo por que os protestantes que tudo
querem resolver só pela Bíblia se dividem nesta matéria: uns dizem
que sim, outros dizem que não. A Igreja está segura neste ponto,
porque a doutrina que recebeu dos Apóstolos, a doutrina nela
ensinada desde o começo, é que o batismo não precisa ser por
imersão para surtir o seu efeito.
Até o século XIII o batismo por imersão era o mais usado, porém do
século XIV em diante começou a tornar-se geral no Ocidente o uso
do batismo por infusão por ser mais simples e mais prático,
enquanto no Oriente a imersão ainda é comumente empregada.
Alegação incrível.
Jesus se põe no meio dos pecadores, sem que o seja, porque quer
praticar um ato de humildade; e isto é do agrado de seu Eterno Pai.
E convém cumprir toda a justiça (Mateus III-15): em prêmio deste
ato de humildade, tão agradável aos Céus, Jesus é glorificado: Este
é meu Filho amado, no qual tenho posto toda a minha complacência
(Mateus III-17). E assim se Lhe faz justiça.
Mas que há entre este ato de humildade do Mestre que quis tomar a
si todas as nossas enfermidades, à exceção do pecado, que quis
passar no meio dos outros, como um pecador e por isto recebeu o
batismo de João , com a doutrina de
que o
apaga realmente o pecado?
Ali no caso havia uma razão toda especial para alterar esta ordem
de coisas, porque Deus queria dar aos judeus de uma maneira
extraordinária ou, como diríamos na linguagem de hoje,
, uma demonstração de que já não
considerava como obrigatória nem necessária a circuncisão e de
que ao reino de Deus eram chamados também os gentios. Por isto
quis o Divino Espírito Santo baixar sobre gentios, sobre
incircuncisos, visivelmente, com o dom das línguas, de modo que
não deixasse margem a nenhuma dúvida. Para esta demonstração
é escolhido entre outros, Cornélio, homem justo e temente a Deus
(Atos X-22).
Notas (pular)
[44] Outro caso também alegado pelos protestantes é o do bom ladrão, que
alcançou a salvação sem precisar do batismo de água. Mas se querem fazer
valer este exemplo contra a doutrina da Igreja, é sinal apenas de que não
conhecem esta doutrina. Pois, segundo o que a Igreja ensina, o Batismo pode
ser suprido pelo amor a Deus, naqueles que não podem receber o
Sacramento ou não têm conhecimento suficiente para pedi-lo e tal foi
precisamente o caso do bom ladrão. Veja-se o que dissemos sobre o Batismo
de desejo no nº 22. (voltar)
285. Nosso Senhor disse aos Apóstolos: Ide, pois, e ensinai todas
as gentes, - em nome do Padre e do Filho e do Espírito
Santo (Mateus XXVIII-19).
O resultado da pregação.
286. Finalmente vem o texto de S. Marcos: O que e
será salvo; o que, porém, não crer será condenado
(Marcos XVI-16).
Outros não haviam de crer. Para estes Jesus não fala em batismo
por uma razão muito simples: aqueles que não cressem não
pediriam o Batismo.
A não nos obriga a aceitar tudo quanto nos diz a Bíblia? Pois
bem, neste caso é preciso por no seu verdadeiro lugar o Santo
Batismo instituído por Cristo, que não é um mero batismo de água
para excitar à penitência, mas batismo no Espírito Santo que é fogo
(Mateus III-11);
Batismo que nos salva, assim como nos dias de Noé oito pessoas
se salvaram no meio da água (1ª Pedro III-20 a 22);
Batismo que não é um simples banho corporal, mas o banho da
água pela palavra da vida que santifica a Igreja, purificando-a,
tornando-a santa e imaculada (Efésios V-26 e 27), banho de
regeneração e renovação do Espírito Santo, para que, justificados
pela graça, sejamos herdeiros, segundo a esperança da vida eterna
(Tito III-5 e 7);
Notas (pular)
Chegada, porém, que foi a tarde daquele mesmo dia, que era o
primeiro da semana e
por medo que tinham dos
judeus: veio Jesus e pôs-se em pé no meio deles e disse-lhes: Paz
seja convosco. E, dito isto, mostrou-lhes as mão e o lado.
Alegraram-se, pois, os discípulos de terem visto o Senhor. E Ele
lhes disse segunda vez: Paz seja convosco. A P
, . Tendo dito estas
palavras, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito
Santo; aos que vós perdoardes os pecados, ser-lhes-ão eles
perdoados; e aos que vós os retiverdes, ser-lhes-ão eles retidos.
P T , , que se chama Dídimo,
J (João XX-19 a 23).
A simples leitura deste trecho mostra com toda clareza que não se
trata aí de um poder concedido a toda a Igreja, mas só a alguns
homens, aos Apóstolos.
É fora de dúvida que Cristo aí não está falando a toda a Igreja, pois
o que Cristo queria dizer a toda a Igreja dizia-o em público, em
campo aberto, diante de todo o povo, com fez, por exemplo, no
sermão da montanha, que ocupa os capítulos 5º, 6º e 7º de
S. Mateus. Cristo está falando a homens que estão
; e como é que dentro
de uma casa trancada, os protestantes acham lugar para colocar a
Igreja inteira?
E disse-lhes: Paz seja convosco; sou eu, não temais. Mas eles,
achando-se perturbados e espantados, cuidavam que viam algum
espírito. E Jesus lhes disse: Por que estais vós turbados e que
pensamentos são esses que vos sobem aos corações? Olhai para
as minhas mãos e pés, porque sou eu mesmo: apalpai e vede; que
um espírito não tem carne, nem ossos, como vós vedes que eu
tenho. E em dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e pés. Mas não
crendo eles ainda e estando com admiração transportados de gosto,
lhes disse: Tendes aqui alguma coisa que se coma? E eles Lhe
puseram diante uma posta de peixe assado e um favo de mel. E
tendo comido Jesus à vista deles, tomando os sobejos, lhos deu.
Depois disse-lhes: Isto que vós estais vendo é o que queriam dizer
as palavras que eu vos dizia, quando ainda estava convosco, que
era necessário que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito
na lei de Moisés e nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o
entendimento, para alcançarem o sentido das Escrituras (Lucas
XXIV-36 a 45).
A necessidade da confissão.
Daí a necessidade da .
Mas aqui, como sempre, Deus quis agir por intermédio das causas
segundas. O penitente precisa ter em si as disposições necessárias
para o perdão divino. E este perdão divino, Deus manda buscá-lo
através de ministros e dispenseiros dos mistérios de Deus (1ª
Coríntios IV-1): Aos que vós perdoardes os pecados, ser-lhes-ão
eles perdoados; e aos que vós os retiverdes, ser-lhes-ão eles
retidos (João XX-23). Tudo o que vós ligardes sobre a terra será
ligado também no Céu; e tudo o que vós desatardes sobre a terra,
será desatado também no Céu (Mateus XVIII-18).
Vantagens da confissão.
Na 1ª Epístola de S. João.
Nós sabemos que caiu a Lei Antiga; e Cristo veio trazer aos homens
uma nova economia da salvação diversa em muitos pontos daquela
que nos é apresentada no Velho Testamento. Muitos preceitos que
vigoravam antes de Cristo, a respeito da alimentação, do culto, do
regime do povo eleito não vigoram mais; em compensação Cristo
trouxe preceitos novos. Hoje um dos pontos essenciais para se
receber o perdão dos pecados e obter a salvação é a na doutrina
de Jesus; antigamente isto não era exigido por uma razão muito
simples: Cristo ainda não fora revelado, nem havia aparecido como
Homem-Deus, 2ª Pessoa da Santíssima Trindade, nem tinha sido
ainda revelada a sua doutrina. A circuncisão que era obrigatória, foi
abolida; passou a ser obrigatório o Batismo. As cerimônias do
Antigo Testamento dão lugar a outros ritos, entre os quais, por
exemplo, a Ceia Eucarística. E assim por diante.
Na Epístola de S. Tiago.
Mas esta objeção serve muito bem para mostrar como está sujeito a
erros e enganos quem não tenha um profundo conhecimento das
em que os livros da Bíblia foram escritos. Vemos a
tradução portuguesa, mas a expressão em português nem sempre
tem exatamente o mesmo sentido que apresenta no texto original.
Daí as ratas tremendas em que de vez em quando caem esses
homens, que sem a preparação adequada (a qual haveria de ser
muito longa e profunda) se arvoram da noite para o dia em
entusiasmados intérpretes da Bíblia.
Notas (pular)
Com o grande temor causado por este fato, muitos dos cristãos
vinham confessar e declarar seus próprios pecados. E muitos dos
que vinham as suas
obras (Atos XIX-18).
Não está escrito na Bíblia, e com palavras tão claras, que Jesus
Cristo deu aos seus Apóstolos, aos seus , o poder de
perdoar os pecados e reter? É a estes ministros de Cristo, por Ele
devidamente autorizados, que outros homens têm que confessar os
pecados para obter o perdão. Se confessam estes pecados
publicamente, manifestando-os diante de todos e publicamente
pedem perdão ao legítimo ministro do Senhor ou confessam estes
pecados secretamente e secretamente pedem o perdão ao mesmo
autorizado ministro, isto não influi no caso, não é esta ou aquela
maneira de fazer a confissão que aos ministros de Cristo um
poder que pelo próprio Cristo lhes foi concedido.
Seja como for, a notícia desta confissão que nos trazem os Atos dos
Apóstolos, nos mostra, pelo menos, que, ou pública ou privada, a
confissão estava em uso entre os primeiros cristãos; e isto já está
em contraste com o sistema dos protestantes em geral que não a
fazem nem pública, nem privada, nem de forma alguma, pois acham
que basta crer em Cristo e arrepender-se para o homem estar
prontinho para voar para os Céus; mas, se basta crer em Cristo e
arrepender-se para obter o perdão dos pecados, então Cristo fez um
ato inútil, ridículo e disparatado, quando colocou nas mãos dos
Apóstolos o poder de perdoar pecados - , porque tudo
quanto ligassem ou desatassem aqui na terra, seria também ligado
ou desatado nos Céus. Poder exercido sobre quem, se pessoa
alguma teria necessidade de recorrer a eles?
À procura do Mestre.
Jesus, porém, não pode aceitar como seus discípulos homens que
O busquem assim guiados, acima de tudo, pela ambição: Jesus
quer, para segui-Lo, almas fiéis, dispostas a crer de todo o coração
na sua palavra, a aceitar a sua doutrina, a sua moral, por mais
espantosa ou por mais árdua que ela seja.
A natural depuração.
301. Que vai fazer então o Divino Mestre? Vai mandar embora,
expulsar de seu rebanho aqueles que O seguem sem a verdadeira
fé, sem a sinceridade do coração, com intuitos tão carnais e
interesseiros? Não será preciso o Mestre cometer um ato tão
inamistoso. Bastará anunciar, dentro da própria doutrina que Ele
veio trazer à terra, uma coisa bastante , para se proceder
naturalmente, automaticamente, a depuração entre aqueles que O
seguem: os que não têm o verdadeiro dom da fé não dão crédito a
Jesus, quando Ele lhes ensina qualquer coisa de inaudito.
302. Uma vez dito pelo Divino Mestre que vai dar o sobrenatural
alimento e que a condição para consegui-lo é nEle, os judeus
pedem um sinal para que nEle se creia e recordam o caso de
Moisés, que deu aos israelitas um pão maravilhoso, um pão do céu,
o maná no deserto, mas isto era um prodígio visível. Jesus então
passa a explicar-lhes que este pão da vida é Ele mesmo: E
: o que vem a mim não terá jamais fome, e o que crê em
mim não terá jamais sede (João VI-35).
O dom da fé.
Versículos 48 a 50.
Versículos 51 e 52.
305. Eu sou o pão vivo que desci do Céu. Se qualquer
deste pão viverá eternamente; e o pão que eu é
, para ser a vida do mundo (João VI-51 e 52).
Versículo 53.
306. Disputavam, pois, entre si os judeus dizendo: Como pode Este
dar-nos a comer a sua carne? (João VI-53).
A revelação feita por Jesus não pode deixar de causar espanto aos
judeus ali presentes. Era realmente assombroso e inaudito um
homem afirmar que daria a sua própria carne para comer,
alimentando e vivificando assim a quem o quisesse.
Assim fazia Jesus e assim faz qualquer bom mestre que está
interessado em ensinar a verdade; se por ignorância os ouvintes
interpretam mal, ele tem que entrar em explicações para desfazer o
equívoco.
Agora no nosso caso, Jesus afirmou que daria a sua carne para
comer. Os judeus acharam aquilo por demais estranho e fabuloso;
não quiseram acreditar. Se se tratar de um equívoco, o Mestre o
esclarecerá. Se, porém, se tratar apenas de má vontade em aceitar
o que Jesus disse , Ele o continuará afirmando. Pois foi
exatamente isto o que fez o Divino Mestre. Não disse: Meus amigos,
há aqui um engano, falei de modo figurado. Mas insistiu 5 vezes,
nos 5 versículos seguintes, dizendo que
, .
Senão, vejamos.
Versículo 54.
Notas (pular)
[47] É possível que aqui o protestante se lembre de dizer: O Sr. não disse que
as leis devem ser feitas em linguagem clara? No entanto, vemos o Sr. debater
uma questão a respeito dos termos em que está redigida a lei e falar em
hebraísmos etc.
— É natural que, se a lei foi enunciada em aramaico, tenha que ser expressa
segundo a índole própria desta língua. O legislador não ó obrigado a tomar
em conta pequenas dificuldades que possam surgir de sua tradução em
várias outras línguas. E esta dificuldade no nosso caso praticamente não é
nenhuma: compreende-se muito bem aí no texto que Jesus exige que se
receba a Santíssima Eucaristia, e se houvesse dúvida sobre se deve ser
recebida sob as duas espécies, bastariam, como vimos, as palavras do
contexto para resolver esta dúvida: é bastante comer o Pão Celeste, que é a
carne de Jesus, para fazer jus às promessas de vida eterna. Quanto à
interpretação protestante (comer a carne de Cristo, e beber o sangue de
Cristo = crer em Cristo), isto sim, é que em hebraico, em aramaico, em grego,
em latim, em português e em qualquer língua do mundo é um enigma que
ninguém seria capaz de decifrar; pois jamais em lugar algum do mundo comer
carne, beber sangue foram sinônimos de . E uma lei não se enuncia
por enigmas, muito menos por enigmas indecifráveis. (voltar)
Versículo 55.
308. O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida
eterna; e eu o ressuscitarei no último dia (João VI-55).
Versículo 56.
309. Porque a minha carne é comida, e o meu
sangue é bebida (João VI-56).
Há, portanto, a falsa videira que não produz o verdadeiro fruto e sim
um fruto belo na aparência, porém enganoso, ou então é estéril, não
produzindo fruto algum, mas dando somente folhas. E há também a
videira verdadeira que produz uva em abundância, para daí se
extrair um saboroso vinho. Jesus, querendo comparar-se com a
videira, faz salientar que se trata da verdadeira videira, daquela que
produz bons frutos e que, portanto, é a única digna deste nome.
Quando um homem diz: “Eu sou uma videira”, todo o mundo está
vendo logo que se trata de uma metáfora, pois um homem não pode
ser árvore, nem produzir uvas. Quando, porém, se diz que uma
vai servir de comida, nada mais natural do que o sentido
literal e próprio, pois desde o princípio do mundo se come carne. O
espanto dos judeus estava em como podia Jesus dar a sua própria
carne para servir de alimento, e alimento que dá a vida eterna.
Dizendo: minha carne é comida, Jesus está
observando aos judeus que não se espantem com isto, nem tomem
noutro sentido as suas palavras, porque Ele vai dar a sua carne
para ser comida por nós.
Versículo 57.
310. O que come a minha carne e bebe o meu sangue, esse fica
em mim e eu nele (João VI-57).
Versículo 58.
311. Assim como o Pai que é vivo me enviou e eu vivo pelo Pai,
assim o que me come a mim esse mesmo também viverá por mim
(João VI-58).
Jesus diz que vive pelo Pai e quem O receber no Sacramento viverá
também por Ele, Jesus. A preposição é aí tradução do grego
que pode ter neste caso 2 sentidos:
312. Aqui está o pão que desceu do Céu. Não como vossos pais
que comeram o maná e morreram. O que come deste pão viverá
eternamente (João VI-59).
Aqui encerra Jesus a sua explicação. Tinha dito que era o pão vivo
descido do Céu. E acabou de mostrar de que modo se tornaria este
pão, este alimento do mundo. Tanto no grego, como em latim como
em português e em muitas línguas do mundo, a palavra tem 2
sentidos: o de uma certa espécie de alimento feito com o trigo, p. ex.
o pão que tomamos com o café e o de alimento em geral, como
quando se diz: Trabalhar para ganhar o pão.
Versículos 60 e 61.
Vemos hoje, pelo rádio, não só o som das palavras proferidas pelos
artistas e locutores, mas também a sua , a sua imagem se
multiplicar para milhões de ouvintes e de espectadores, na própria
casa destes e todos receberem isto da mesma forma, com a mesma
perfeição. Fosse Você dizer aos antigos!
Se isto se produz tão naturalmente pelas simples forças da
natureza, por que então se julga impossível o
J (para a qual não há impossível) tornar presente a substância
de seu corpo numa Hóstia pequenina e multiplicá-lo para que todos
recebam a Sua graça? É claro que não estamos dizendo que uma
coisa é igual à outra; queremos apenas frisar o seguinte: como é
que diante do podemos saber onde chega ou não
chega o absurdo? Para sabermos que não existe ali o absurdo,
basta um atestado apenas: D .
Versículos 62 e 63.
Jesus era Deus, e sendo Deus sempre esteve nos Céus; com o
prodígio da Ascensão em que O verão subir ao reino de seu Eterno
Pai, poderão os homens mais facilmente saber que foi dos Céus
que Ele desceu à terra. É a resposta à primeira dúvida.
Subindo aos Céus, o que a nossa carne mortal não consegue fazer,
Jesus mostrará as maravilhas do seu corpo glorioso, o qual tem
dotes especiais surpreendentes que não tem o nosso corpo aqui na
terra, e assim poderá também multiplicar-se para nos servir de
alimento. É a resposta à segunda dúvida, a qual vai ter ainda outra
explicação no versículo seguinte.
Versículo 64.
Ora, Jesus faz ver que isto nada adiantaria: esta carne assim
retalhada de seu corpo em vida ou retirada de seu cadáver seria
uma carne J , uma carne morta e isto não
traria nenhuma vantagem, desde que se considerem os ensinos do
Mestre: seus ensinamentos são para
E , sua doutrina é para nossa e
, suas palavras são , e vida eterna, vida
sobrenatural, vida da graça; e um pedaço de carne do seu corpo
que se comesse assim como se come um pedaço de carne de boi
ou de carneiro, serviria somente para um momentâneo proveito do
corpo e não para o ; não serviria nunca para ser a comida
que Ele havia prometido: a comida que
(João VI-27).
Ele está falando, ainda esta vez, da Santíssima Eucaristia, onde nos
dá a sua juntamente com sua e sua . Isto,
sim, é que vivifica a nossa alma; é isto o que o Mestre quer:
e , ou seja, o homem cada vez mais espiritualizado e
vivendo, quanto é possível, da própria vida de Deus: Assim como o
Pai, que é vivo, me enviou e eu vivo pelo Pai, assim o que me come
a mim, esse mesmo também por mim (João VI-58).
Versículos 65 a 68.
316. Mas há alguns de vós outros que não creem. Porque bem
sabia Jesus desde o princípio quem eram os que não criam e quem
O havia de entregar. E dizia: Por isso eu vos tenho dito que ninguém
pode vir a mim, se por meu Pai lhe não for concedido. Desde então
se tornaram atrás muitos de seus discípulos e já não andavam com
Ele. Por isso disse Jesus aos doze: Quereis vós outros também
retirar-vos? (João VI-65 a 68).
O que ninguém pode negar, o que salta aos olhos na leitura deste
capítulo é que aqueles muitos discípulos que Jesus perdeu para
sempre, se retiraram por causa de uma , de uma
coisa que eles não quiseram acreditar. Acaso
poderão os protestantes negar isto?
Mas isto é o que há de mais suave e mais fácil! Para acreditar que
existe um inferno eterno para os maus, ainda há quem faça muita
dificuldade; mas ter confiança de que se vai para o Céu, isto é uma
coisa que se tem muito facilmente. É tão fácil, que há muita gente
que tem esta confiança sem estar absolutamente no caso de
possuí-la, como são muitos pecadores que não se arrependem
sinceramente, não querem seriamente abandonar os seus pecados
e no entanto alimentam no seu espírito uma presunção de se salvar
sem merecimento, querendo à fina força apoiar-se na misericórdia
de Deus, quando Deus nunca prometeu salvar o pecador que não
esteja sinceramente contrito e arrependido. Ter confiança de que se
vai para o Céu porque Cristo é nosso Salvador e sofreu por nós é o
que há de mais agradável e consolador.
De modo que, segundo a interpretação protestante, Cristo disse
apenas isto: que era preciso crer, isto é, confiar nEle como em
nosso Salvador, para se ganhar a vida eterna. Mas apresentou esta
ideia de fé oculta misteriosamente numa metáfora: em lugar de falar
em , falou em C ,
C . Então os judeus ali presentes fizeram um bicho de sete
cabeças, pensando que Cristo estava falando realmente em comer-
se sua própria carne, beber-se o seu próprio sangue. Acharam que
isto era demais, era muito duro de se acreditar: Duro é este
discurso, e quem no pode ouvir? (João VI-61). Resolveram então
afastar-se completamente de Jesus, não segui-Lo mais. E Jesus
e, voltando-se para os
Apóstolos, perguntou se eles não queriam ir também.
Versículos 69 e 70.
E chegada que foi a hora, pôs-se Jesus à mesa e com ele os doze
Apóstolos e disse-lhes: Tenho desejado ansiosamente comer
convosco esta Páscoa antes da minha Paixão, porque vos declaro
que a não tornarei mais a comer até que ela se cumpra no reino de
Deus. E depois de , e disse: T -
- ; porque vos declaro que não tornarei a
beber do fruto da vide, enquanto não chegar o reino de Deus (Lucas
XXII-14 a 18).
319. Uma vez que tanto no grego como no latim é neutro o termo
correspondente à palavra portuguesa (grego ; latim
), a frase pode ser traduzida em português de duas formas:
Mas isto em nada altera o sentido. Tanto faz alguém tomar um livro
e apresentar aos outros dizendo: Esta é a Bíblia, como fazê-lo
dizendo: Isto é a Bíblia. Todos entendem perfeitamente que se trata
aí do livro sagrado.
S. MATEUS . XXVI
26 Estando eles, porém, ceando, tomou Jesus o pão e o
S. MARCOS . XIV
22 E quando eles estavam comendo, tomou Jesus o pão; e,
pão.
24 E dando graças, o partiu e disse: Recebei e comei: E
; fazei isto
em memória de mim.
25 Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou
ou, pelo menos, Este pão é o meu corpo; este vinho é o meu
sangue.
Mas não foi assim que Ele falou. O Cardeal Wiseman, protestante
convertido ao Catolicismo, provou que na língua que Nosso Senhor
falou, o aramaico, da mesma família da siríaca, Ele dispunha de
maneiras diversas para dizer que aquilo era apenas um
sinal ou figura ou representação ou símbolo do seu corpo. (Horae
syriacae. Roma 1828. 3 segs).
Com Jesus o caso era diferente, não só porque Jesus nunca disse
pilhérias, mas também porque Ele era Deus, a Segunda Pessoa da
Santíssima Trindade, cujo poder é infinito e que, segundo a feliz
expressão de S. Agostinho, “pode fazer muito mais coisas do que as
que o homem pode compreender”.
Mas o que Ele disse foi da maneira mais categórica: Isto o meu
corpo; Isto o meu sangue.
Notas (pular)
[48] Diz aí Lutero: “Confesso que o Dr. Karlstadt ou qualquer outro me teria
prestado um grande serviço, se, há cinco anos, tivesse provado que no
Sacramento só havia pão e vinho. Naquela ocasião tive grandes vexames e
eu lutei e torci por encontrar uma saída, pois vi que com isso podia dar o
maior golpe contra o Papado. Também havia dois que eram mais hábeis do
que o Dr. Karlstadt e que não martirizavam tanto as palavras segundo seu
próprio parecer. Mas estou preso, não encontro saída. O texto é tão
majestoso que com palavras não se deixa tirar da mente” (De Wette II-576 e
segs.). (voltar)
Dizem eles:
Ora, um pão ou um pedaço de pão não foi feito para isto: foi feito
para se comer, não para representar ou simbolizar alguém. Não
reproduz as feições de quem quer que seja. Se alguém tomasse um
pedaço de pão e dissesse: Este é César ou este é Hitler, se tomaria
esta palavra apenas como uma troça e nada mais. E Jesus nunca
troçou. Se Ele toma um pedaço de pão e podendo dizer: Isto
representa, isto simboliza o meu corpo, isto é uma figura de meu
corpo, diz abertamente: Isto o meu corpo, Ele que, sabiam os
Apóstolos, tinha e tem um poder infinito; é porque queria dizer que
na realidade aquilo o seu corpo.
O memorial da Paixão.
Não se podia pintar com cores mais vivas o sacrilégio daquele que,
com o pecado mortal na sua alma, ousa aproximar-se da mesa
eucarística para receber o próprio Jesus. Mas, se na Eucaristia está
somente pão e vinho, que crime haveria para o pecador que não
está contrito, em comer pão e beber vinho? Se a Eucaristia é uma
recordação da paixão de Cristo e nada mais, que crime haverá para
aquele que se acha em estado de pecado, em lembrar-se daquela
morte redentora? Ao contrário, em vez de ser um crime, seria uma
lembrança salutar para melhor convertê-lo, excitá-lo à confiança e
aproximá-lo de Deus. Nisto não haveria nunca uma ofensa ao
próprio corpo e sangue de Jesus.
E uma coisa é dizer que Jesus participou da Última Ceia; outra coisa
muito diferente é dizer que Jesus na Última Ceia.
Porque, como já dissemos, houve ali 2 ceias: a legal e a eucarística;
como provam os protestantes que Jesus participou da ceia
eucarística? Apresentam esta palavra do Mestre: Não beberei
jamais deste fruto da vide, até chegar aquele dia em que o beba
novo no reino de Deus (Marcos XIV-25). Logo, dizem eles, Jesus
participou do cálice da Eucaristia.
O Pão Celestial.
O fruto da vinha.
Bagatelas.
Por que motivo seja necessária esta renovação, o que tanto intriga
os protestantes, nós explicaremos claramente daqui a pouco (nos
336 a 338).
Antes, porém, para bem esclarecer o assunto, temos que dar uma
noção geral do que seja .
Noção de sacrifício.
331. Tratamos aqui do . Porque é claro que
qualquer pessoa pode oferecer a Deus um sacrifício, no sentido de
um ato interno, pelo qual se priva de alguma coisa ou faz uma
mortificação de seus desejos, de suas paixões, de suas inclinações;
e ninguém pode desconhecer quanto isto é agradável aos olhos de
Deus, mas não é desses sacrifícios que vamos falar.
Os sacrifícios expiatórios.
Quer dizer então que antes de Cristo ninguém era perdoado de seus
pecados? Não; não quer dizer isto. Deus perdoava, em atenção ao
que ia realizar-se no futuro; Deus aceitava aqueles sacrifícios, não
que tivessem em si um valor suficiente, mas porque eram figura e
representação de
que um dia havia de ser oferecido por Jesus Cristo na cruz;
sacrifício de um , pela morte de um Homem-Deus
cujos atos eram de infinito valor; sacrifício em que se derramaria o
sangue, não de um bode ou de um touro, mas o sangue
infinitamente precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aí então se
ofereceu um por todos os pecados de todos
os homens de todos os tempos. O que não quer dizer que estes
pecados ficassem ipso facto perdoados, mas sim que a
Humanidade, coletivamente falando, ficou reconciliada com Deus.
Satisfeita a justiça divina que exigiu uma satisfação condigna, abriu-
se o caminho para a imensa misericórdia do Criador. Desde que o
pecador faça o que é necessário da sua parte, encontra Deus
disposto a perdoar-lhe os pecados, por maiores e por mais
numerosos que eles sejam, e isto em atenção ao sangue purificador
de Jesus Cristo.
Sacrifício único.
É claro que C , O
outra vez, quando se celebra o Santo Sacrifício da Missa.
Se a imaginação do leitor não se aquietou ainda, procurando
descobrir como o Sacrifício da Missa, tantas vezes celebrado, pode
ser um com aquele que foi realizado na
cruz, ao contrário dos sacrifícios antigos que eram muitos, vamos
fazer uma comparação. Suponhamos que houve, durante muito
tempo em certo reino, um problema verdadeiramente angustiante:
como é que haviam de debelar uma doença muito propagada e
considerada incurável?
Ora, Nosso Senhor Jesus Cristo quis, não somente que o seu divino
Sacrifício, oferecido na cruz, tivesse o valor de perfeita expiação e
servisse ao mesmo tempo como o melhor dos holocaustos que
porventura se pudesse oferecer, mas ainda que todos pudessem
participar de sua carne e de seu sangue, oferecidos a Deus,
entrando assim numa íntima comunhão não só com uma coisa
sagrada, a Deus oferecida, mas com o próprio Deus.
Mas, para receber com fruto este divino alimento, já uma condição é
exigida, antes de qualquer outra: A . Não esta fé protestante que
se arroga o direito, pelo livre exame, de interpretar as palavras de
Cristo como bem entende e de ler , onde o
Mestre diz categoricamente: É. Mas a fé viva, que não vacila, fé com
que se aceita de coração aberto e de olhos fechados tudo o que
Jesus nos ensinou, por mais impenetrável que seja o mistério. E aí
veem os protestantes como é importantíssima para podermos
participar do Sacrifício Regenerador do Divino Mestre. S. Paulo
dizia, na Epístola aos Hebreus, falando a respeito dos judeus com
relação à Eucaristia, como adiante veremos: Nós temos um ,
do qual os ministros do tabernáculo não têm faculdade de
(Hebreus XIII-10). O mesmo podemos nós dizer com referência aos
protestantes: Nós temos um , do qual não podem
aqueles que não têm fé no mistério eucarístico tão claramente
ensinado pelo Divino Mestre nas páginas do Evangelho. E é neste
altar que se renova o Sacrifício de Jesus, para que nos possamos
alimentar espiritualmente da mesma vítima sacrificada no Calvário.
Morrendo na cruz por nós, dando por nós o seu próprio sangue,
Jesus mereceu para nós , em qualquer sentido em que se
considere: ou Graça Habitual, isto é, o estado de graça santificante,
em que o homem fica na amizade de Deus e com o direito de herdar
o Céu; ou Graça Atual, isto é, tudo o que vem a ser um favor, um
auxílio ou proteção, uma boa inspiração ou bom pensamento, um
conforto que procede de Deus na ordem sobrenatural.
De modo que , recebidas por ,
desde o princípio do mundo, após o pecado de Adão, foram, são e
serão concedidas em virtude dos merecimentos infinitos de Jesus
Cristo, na sua Morte Redentora. Há no Sacrifício da Cruz, portanto,
um para a humanidade. Mas para nos
banharmos no mar, não é o mar que vem à nossa casa, somos nós
que para ele nos encaminhamos.
Ora, o que acontecia na Antiga Lei? Bem podia alguém orar a Deus,
adorá-Lo, mostrar-se-Lhe agradecido, ou fazer-Lhe súplicas, sem
que fosse preciso oferecer-Lhe um : sacrifícios de bois,
de cabritos, de flor da farinha, de frutos da terra etc.
Notas (pular)
O purgatório.
O pecador, por maiores que sejam os seus delitos e por mais anos
que tenha vivido no pecado, se se arrepende sinceramente,
encontra Deus pronto para lhe perdoar, para fazê-lo um filho seu
pela graça santificante e um dia também herdeiro do seu reino,
, apesar de muitas e muitas vezes
ter feito atos que mereciam a condenação eterna. Este perdão, ele
recebe graças ao C na cruz, pois Cristo
ofereceu aí uma satisfação condigna pela ofensa infinita feita a
Deus. Se esta condigna satisfação foi oferecida, é porque
D a exigiu, não estando nós em condições de apresentá-la.
E assim se conciliaram .
Mas o Sacrifício de Cristo não foi realizado para anular a
, e sim a fim de abrir um caminho para o perdão, caminho
este que estava fechado pela impossibilidade, em que se
encontrava o homem, de oferecer a Deus uma reparação suficiente
pelos seus pecados.
Daí já se segue que aqueles que entrarem no Céu terão uma glória
maior ou menor, de acordo com as suas obras, com sua vida, com
seu grau de virtude, com seu procedimento. É claro que aquele que
viveu muitos e muitos anos no pecado e se converteu pouco tempo
antes de sua morte, não pode ter o mesmo grau de felicidade como
aquele que durante toda sua vida, entre sacrifícios, mortificações e
renúncias e vitórias sobre as tentações, serviu a Deus com toda a
fidelidade. É possível que os protestantes, contra toda lógica, contra
toda noção da justiça de Deus, achem que isto está muito certo, que
o quinhão é o mesmo para todos, baseando-se na sua estranha
doutrina de que as nossas boas obras não influem nem direta nem
indiretamente na salvação, mas já refutamos suficientemente esta
teoria e basta esta afirmação tão insistente de que Deus retribuirá a
cada um segundo as suas obras para mostrar que esta teoria, além
de ilógica, é antibíblica.
Por outro lado, é claro que aqueles que recusando o perdão divino,
não querendo converter-se, entrarem no inferno, receberão o
castigo maior ou menor na proporção das más obras que fizeram,
das iniquidades que cometeram.
Além disto, não são somente os pecados veniais que não foram
perdoados que exigem um castigo da parte de Deus, castigo
temporário, é claro, porque estes pecados não implicam na
condenação eterna. São os próprios pecados mortais perdoados,
porque vemos pela Sagrada Bíblia que Deus, mesmo depois de
absolver o pecado, exige ainda do pecador perdoado uma pena,
uma expiação de seu erro. Da pena eterna, ele se livra, está apto
para gozar ainda da eterna herança do Céu; antes, porém, tem que
submeter-se a uma penitência. E assim mais uma vez se conciliam
.
Davi, depois de cometido o seu grave pecado (2º Reis XI-2 a 17)
recebe a advertência de Natã. E reconhece o seu erro: Pequei
contra o Senhor (2º Reis XII-13). Natã lhe faz ver que Deus lhe
perdoou, mas que nem por isto deixará de lhe ser imposta uma
pena: Também S : não
morrerás. Todavia, como tu pelo que fizeste deste lugar a que os
inimigos do Senhor blasfemem, que
te nasceu (2º Reis XII-13 e 14). E apesar da oração e do jejum
rigoroso e do retiro de Davi, a sentença se cumpriu.
Vemos nos profetas a exortação não só para o arrependimento, mas
também para as obras de penitência: Agora, pois, diz o Senhor:
Convertei-vos a mim de todo o vosso coração, e em
lágrimas e em gemidos (Joel II-12).
Por tudo isto se vê que o perdão dado por Deus não exclui
necessariamente o castigo infligido ao pecador. Este recebe uma
pena sem comparação menor do que merecia, pois, se mereceu um
castigo eterno, receberá uma pena passageira; aí se mostra ao
mesmo tempo a bondade de Deus , e a sua justiça
.
Se Cristo expiou por nós na cruz, não foi para dispensar o homem
de fazer também a sua por si mesmo, foi para melhor
ajudar o homem a realizá-la e para torná-la eficaz e meritória,
porque é levada a efeito com a graça de Cristo: R
e as tuas iniquidades com obras de
misericórdia para com os pobres (Daniel IV-24) (Nas Bíblias
protestantes procure-se o versículo 27; assim o traz Ferreira de
Almeida: D ; e as
para com os pobres —
Daniel IV-27). Perdoados lhe são seus muitos pecados,
(Lucas VII-47). A caridade
(1ª Pedro IV-8).
A nossa oblação.
Notas (pular)
Na Vulgata:
Mas dirá alguém: Se o Sr. toma o texto da Vulgata que fala assim no
futuro: , , pode provar que Cristo
está anunciando um sacrifício futuro, o da Cruz; como pode provar,
então, que o que se passou na Ceia foi um verdadeiro e real
sacrifício?
Mas esta oblação de si mesmo a Deus, que Cristo fez no seu íntimo,
ou melhor que, como vimos, Cristo nunca deixou de fazer um só
instante, desde que foi concebido e continua a fazer eternamente
nos Céus, Cristo quis fazê-la de uma maneira , expressando-
a por palavras na sua Última Ceia. É aí que Ele declara
solenemente, já bem próximo à sua Paixão que seu sangue será
derramado (Lucas XXII-20), (Marcos XIV-24),
(Mateus XXVI-26); que
seu corpo (Lucas XXII-19) — Ele não diz
, mas , a Deus, é claro — que seu corpo
será entregue (1ª Coríntios XI-24).
Mas a oblação que se fazia nos sacrifícios não era de uma vítima
distante ou de uma vítima futura, mas sim daquela que estava
presente ali no altar.
Se tomamos as palavras , , no
sentido presente, sangue derramado no cálice, corpo dado na
Eucaristia por nós, continua sempre de pé, e com maioria de razão,
a noção de sacrifício, pois não só se mostra a , suficiente
para haver sacrifício, mas também misticamente a ação do
sacerdote de derramar o sangue da vítima (Veja-se Levítico XVII-6).
Notas (pular)
[52] Ferreira Almeida traz aqui: Isto é o meu corpo que por vós (1ª
Coríntios XI-24). Mas não é esta a variante mais provável. O texto grego
(edição de Nestle) assim traz: T (isto) (de mim) (é)
(o corpo) (o) (por) (vós). E aí têm os protestantes a versão
da Sociedade Bíblica do Brasil: Este é o meu corpo que é por vós (1ª
Coríntios XI-24). A ser verdadeira a versão apresentada por Ferreira de
Almeida, quereria significar apenas isto, conforme a explicação do Cardeal
Franzelin: “Isto é o meu corpo que, em estado de alimento, sob as espécies
de pão, é partido.”
É por isto que às vezes quando o Novo Testamento fala em partir do pão
(Atos II-42 e 46) ficam os exegetas a discutir se se trata da distribuição
eucarística ou de uma refeição qualquer feita em comum. (voltar)
— Sim; mas quem foi que disse que a Eucaristia não foi instituída
para nos fortificar com a graça? Se não a carne do Filho
do Homem e beberdes o seu sangue, em vós
(João VI-54).
É aí que Cristo põe em prática o seu poder infinito, para nos mostrar
as finezas de um amor sem limites. E é aí também que Ele mostra a
sua imensa sabedoria, conciliando coisas que à primeira vista
podiam parecer inconciliáveis.
Não era praxe entre os judeus que o povo comesse as carnes das
vítimas oferecidas em . Cristo, porém, renova
representativamente o seu sacrifício expiatório da Cruz, para que
ele se desdobre num imenso banquete, em que podemos comungar,
participar realmente, para nosso alimento espiritual, da própria
Vítima que se ofereceu na Cruz, Vítima que o seu poder infinito nos
traz outra vez realmente presente sobre os nossos altares.
Já vimos que Cristo fez de Pedro a pedra sobre a qual a sua Igreja
ia ser construída. Um homem que em si não é nada, mas que
sustentado por Deus, pela Providência com que Cristo vela pela sua
instituição deixada neste mundo, pode muito, pode arrostar
vitoriosamente todas as tempestades, havia de ser a garantia de
unidade para a Igreja de Deus. Mas, se esta Igreja havia de durar
até o fim dos séculos, a pedra em que ele se sustenta havia de
durar também. Pedro tem que continuar atuando sobre a Igreja na
pessoa de seus sucessores, e os tem havido sem interrupção desde
Lino, que foi o seu sucessor imediato, até os dias de hoje. Ninguém
pode negar que sem o Papa, sem a proteção especialíssima com
que Cristo tem sustentado o Papado, por Ele mesmo instituído, não
se teria mantido a unidade da Igreja.
Foi aos Apóstolos que Cristo deu a ordem de batizar. Mas o batismo
é necessário para os homens de todos os tempos, pois quem não
nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus
(João III-5); é no Batismo que pela vez primeira se recebe a graça
santificante com a remissão dos pecados (pelo menos do pecado
original, com que todos nascemos) e o dom do Espírito Santo (Atos
II-38). É o Batismo que nos introduz, como membros, na Igreja de
Jesus Cristo. Portanto, os Apóstolos haveriam de transmitir a outrem
o poder de batizar.
353. Vejamos agora o que nos diz a Bíblia sobre a questão de fato:
os Apóstolos deixarem realmente sucessores? É claro que sim.
A eleição de S. Matias.
354. Depois da ascensão de Jesus, o primeiro cuidado de S. Pedro,
o chefe da Igreja, é providenciar para que Judas seja substituído
(Atos I-15 a 22). Podia muito bem escolher este substituto, como
observa S. João Crisóstomo; mas não quis fazê-lo, para dar um
exemplo de modéstia no governar a Igreja, para mais ainda honrar o
novo Apóstolo, que haveria de ser escolhido assim com o sufrágio e
a simpatia do povo e para melhor conhecer a vontade de Deus, que
se manifestaria pela eleição e pela sorte. Não é o fato de consultar o
Superior a opinião de seus subalternos, sobre qual seja o mais
digno, quando quer fazer uma nomeação, não é este fato que
mostra estar o Superior privado de fazer a nomeação por si mesmo.
E assim já vai um que não foi escolhido, que não foi designado por
Jesus Cristo, tomar, de igual para igual, a sua cadeira com os
demais Apóstolos e receber com eles o Divino Espírito Santo.
Diáconos.
Nós vemos logo em seguida (cap. VII dos Atos) Estevão pregar a
palavra de Deus, diante dos juízes, cheio do Espírito Santo e como
faria qualquer Apóstolo. Vemos mais adiante Filipe batizar o eunuco:
E desceram os dois à água, Filipe e o eunuco, e o batizou (Atos VIII-
38). E vemos o mesmo Filipe pregar o Evangelho em uma cidade de
Samaria (Atos VIII-5).
Presbíteros ou bispos.
Uma vez que tenham sua Igreja, sua cidade para cuidar, devem
apascentar desveladamente o seu rebanho: Esta é, pois, a rogativa
que eu faço aos presbíteros... Apascentai o rebanho de Deus que
está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas
espontaneamente segundo Deus, nem por amor de lucro
vergonhoso, mas de boa vontade; não como que quereis ter
domínio sobre a clerezia, mas feitos exemplares do rebanho com
uma virtude sincera (1ª Pedro V-1 a 4).
Notas (pular)
Os apóstolos.
357. Não há dúvida também que num plano ainda mais elevado do
que os presbíteros, igualmente chamados bispos, estão os
Apóstolos. É claro que a direção suprema da Igreja estava nas
mãos dos Apóstolos, e os presbíteros a eles estão sujeitos. Se,
como veremos daqui a pouco, já o próprio Timóteo tinha autoridade
e mando sobre os presbíteros, com maioria de razão tinham os
Apóstolos. E embora sejam os Apóstolos também pastores da
Igreja, eles formam uma classe superior à dos outros pastores
comuns: E ele mesmo fez a uns certamente A , e a outros
profetas, e a outros evangelizadores e a outros e
doutores (Efésios IV-11).
4º — Os diáconos
Do mesmo modo que Tito foi colocado por S. Paulo na ilha de Creta,
Timóteo foi colocado em Éfeso e também com o encargo da
supervisão, pois é encarregado de vigiar para que não se preguem,
não se ensinem coisas inúteis aos fiéis: Roguei que ficasses em
Éfeso quando me parti para Macedônia, para que admoestasses
alguns, que não ensinassem de outra maneira nem se ocupassem
em fábulas e genealogias intermináveis, as quais antes ocasionam
questões que edificação de Deus, que se funda na fé. (1ª Timóteo I-
3 e 4).
O termo bispos.
359. O que aconteceu é que com a morte dos Apóstolos era preciso
distinguir com designações diversas as 2 classes de presbíteros, ou
seja, uma, dos presbíteros comuns e outra, dos presbíteros de
ordem superior, que tinham poder e autoridade sobre os demais.
Estes últimos, para melhor diferenciá-los, passaram a ser
designados com o nome de bispos. E assim se vê a perfeita
igualdade que há entre a hierarquia no tempo dos Apóstolos e a
hierarquia como tem havido em toda a história do Cristianismo e
como existe ainda hoje na Igreja Católica, havendo apenas uma
pequena diferença de nomes:
No tempo dos
Na Igreja através dos séculos
Apóstolos
1º — S. Pedro, chefe da
1º — O Papa, sucessor de S. Pedro;
Igreja;
2º — Os Bispos que passaram a ocupar o lugar
2º — Os Apóstolos;
dos Apóstolos na hierarquia;
3º — Presbíteros, também
3º — Os Presbíteros;
chamados Bispos;
4º — Diáconos. 4º — Os Diáconos.
Querer dizer que a Igreja Católica está errada ou que não é mais a
Igreja primitiva, porque hoje, como tem acontecido já desde o 1º
século, se faz distinção entre as palavras e e
no tempo dos Apóstolos não se fazia, é querer brigar unicamente
por causa de uma questão de nomes. A seguir este critério tão
“inteligente” no modo de interpretar a Bíblia, estes nossos grandes
exegetas deverão neste caso (se a questão é apenas de nomes)
colocar Nosso Senhor Jesus Cristo em segundo plano na hierarquia
da Igreja e abaixo dos Apóstolos, porque Jesus Cristo é chamado
por São Pedro: O qual foi o mesmo que levou os nossos
pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que, mortos aos
pecados, vivamos à justiça; por cujas chagas fostes vós sarados;
porque vós éreis como ovelhas desgarradas; mas agora vos haveis
convertido ao pastor e das vossas almas (1ª Pedro II-24 e
25).
360. Jesus Cristo fundou uma Igreja e prometeu que ela jamais
seria dominada pelo erro: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei
a I e
(Mateus XVI-8). Esta Igreja não pode errar, porque é a
(1ª Timóteo III-15). Tem a
ampará-la sempre a assistência divina: Estai certos de que eu estou
convosco todos os dias, até a consumação do século (Mateus
XXVIII-20).
Notas (pular)
Duas correntes.
Os protestantes em apuros.
Além disto, onde é que está o poder mágico regenerador que tem
esta convicção de que já se está salvo, de que não se pode ir para o
inferno, se esta convicção de que já se está salvo, de que não se
pode ir para o inferno, se esta convicção pode existir até mesmo
num homem mau e perverso e que não tem nenhum
arrependimento de seus crimes? Pode muito bem existir um homem
que não dê crédito a muitos dos mistérios da nossa Santa Religião,
que Jesus nos ensinou e que viva cometendo continuamente
pecados e misérias de toda sorte, sem nenhuma contrição, nem
nenhum propósito de emenda e que, no entanto, conserve firme
esta convicção: “Sei que sou pecador, vivo pecando e não deixarei
de pecar; mas estou certo de que irei para o Céu, pois Cristo é o
meu Salvador; Ele pagou por mim, o seu sangue me purifica de todo
pecado”. Segundo a ideologia protestante, este homem já possui a
fé; só lhe falta ter agora o arrependimento. A essência do
Cristianismo consiste, para eles, nesta convicção de que se vai para
o Céu, estribada no sacrifício de Jesus e não na
doutrina que Ele nos ensinou, a qual nos indica uma das tantas
condições para conquistar a bem-aventurança. Segundo a doutrina
católica, o caso deste homem não passa de um pecado gravíssimo:
a presunção de se salvar sem merecimento, sendo a sua convicção
de que já está salvo, mais um perigoso incentivo par o crime.
Jesus morreu por nós, pagou por nós, não há dúvida alguma, neste
sentido de que reconciliou a Humanidade com Deus, e nos mereceu
a sua graça, a qual não alcançaríamos se Ele não tivesse imolado, a
qual nos é indispensável para conquistar o Céu; mas a salvação não
pode ser conseguida senão por aquele que por sua vez procura
cooperar com a graça.
A minha Igreja.
365. Caro leitor, Cristo fundou uma I . Ela tem que ser ,
porque a verdade é uma só. Tem que vir dos tempos de Cristo,
porque as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mateus
XVI-18). Sem querer falar na sua santidade, no caráter santificador
de sua doutrina, que tem elevado tantas almas aos mais altos
cumes da perfeição, sem querer falar na sua catolicidade, no seu
caráter universal, pelo qual em todas as épocas vem cumprindo a
sua missão de ensinar a todos os povos, só a Igreja Católica reúne
estas 2 condições: só ela é ao mesmo tempo e .
Que ela é una, está patente aos olhos de todos, pois é de todos
conhecida a firmeza de sua doutrina no Universo inteiro. Que vem
dos tempos de Cristo, ninguém duvida, os próprios protestantes
unanimemente o reconhecem, pois todas as outras Igrejas
apareceram muito depois e foram fundadas pelos homens.
O desafio.
Dirão os protestantes:
Adora a Deus!
— Quer dizer que os anjos não permitem aos homens que lhes
expressem a sua reverência para com eles? Como se explica então
que, como narram as mesmas Sagradas Escrituras, Lot viu dois
anjos, fez-lhes a reverência, prostrou-se diante deles e os anjos não
fizeram nenhum sinal de protesto (Gênesis XIX-1 e 2)? Josué viu
um anjo em figura de homem, prostrou-se diante dele e o anjo não
reclamou coisa alguma. Lê-se, com efeito, no livro de Josué:
Estando Josué no campo da cidade de Jericó, levantou os olhos e
viu um homem posto em pé diante dele, que tinha uma espada nua
e foi ter com ele e disse-lhe: Tu és dos nossos ou dos inimigos? O
qual lhe respondeu: Não, mas sou o
S , e agora venho. Josué se lançou com o rosto em terra e
- , disse: Que diz meu Senhor ao seu servo? Tira, lhe
disse ele, o calçado de teus pés, porque o lugar em que estás é
santo. E Josué fez como se lhe havia, mandado (Josué V-13 a 16).
O mesmo aconteceu com Balaão: viu o anjo, prostrou-se diante dele
e fez a saudação que se chamava naquele tempo adoração e o anjo
aceitou esta homenagem, não protestou coisa alguma: No mesmo
ponto abriu o Senhor os olhos de Balaão, e ele viu o anjo parado no
caminho com a espada desembainhada e, prostrado por terra,
. Ao qual disse o anjo: Por que castigas tu terceira vez a tua
jumenta? (Números XXII-31 e 32). O anjo repreende a Balaão por
ter castigado em demasia a jumenta, mas não reclama por se ter
prostrado diante dele.
Há, portanto, uma razão especial, pela qual o anjo que fez as
revelações a S. João Evangelista se recusa a receber as suas
homenagens. E esta razão, o anjo a declara abertamente. Quer
mostrar com isto o apreço em que tem a S. João, a quem está
tratando de igual para igual, porque S. João é também um profeta,
pertence a uma classe privilegiada por Deus: Vê não faças tal: eu
sou servo contigo e
J . Adora a Deus; porque J
(Apocalipse XIX-10).
Notas (pular)
[55] O texto hebraico diz: Eu estava então entre Javé e vós para vos fazer
conhecer a sua palavra (Deuteronômio V-5), mas isto em nada diminui o papel
de mediador ou intermediário entre Deus e o seu povo que exercia Moisés,
transmitindo dAquele para este os divinos mandamentos. (voltar)
O contexto.
Eis aí por que havemos de rezar por todos: somos todos irmãos,
uma vez que há um só Deus, Deus é o Pai de todos; somos todos
irmãos, porque fomos todos remidos pelo sangue de Jesus Cristo.
Jesus não morreu só pelos cristãos ou só pelos eleitos, como têm
ensinado muitos protestantes, mas morreu por todos. Se muitos não
se salvam, a culpa é deles; pois a morte de Cristo alcançou a graça
suficiente para dar a salvação a todos, mesmo àqueles que, sem
culpa sua, nunca ouviram falar no Divino Salvador. De modo que
S. Paulo mesmo se encarrega de dizer em que sentido Ele chama
Jesus ; é neste sentido de que
(1ª Timóteo II-6).
Com efeito pede aos Efésios que rezem por todos os fiéis e
: Tomai outrossim o capacete da salvação e a espada do espírito
(que é a palavra de Deus) orando em todo o tempo... E
, para que me seja dada no abrir
da minha boca palavra com confiança, para fazer conhecer o
mistério do Evangelho (Efésios VI-17 a 19). Aos Romanos pede
também o auxílio das orações: Rogo-vos, pois, ó irmãos, por nosso
Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito Santo, que
D , para que eu seja livre
dos infiéis que há na Judeia, e seja grata aos santos de Jerusalém a
oferenda do meu serviço (Romanos XV-30 e 31). Em ambas as
epístolas aos Tessalonicenses pede orações: Irmãos,
(1ª Tessalonicenses V-25). Irmãos, , para que a
palavra de Deus se propague e seja glorificada como também no é
entre vós, e para que sejamos livres de homens importunos e maus,
porque a fé não é de todos (2ª Tessalonicenses III-1 e 2). Aos
Hebreus diz: O , porque temos a confiança de dizer que
em nenhuma coisa nos acusa a consciência, desejando em tudo
portar-nos bem. E com mais instância vos rogo que façais isto para
que eu vos seja mais depressa restituído (Hebreus XIII-18 e 19).
Aos Colossenses, diz em seu nome e no de Timóteo, que oram
sempre por eles: Graças damos ao Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, (Colossenses I-3).
Velha experiência.
E daí concluem:
378. A devoção aos santos é tão lógica e natural, que ela não
surgiu por um decreto ou ensino da Igreja, a qual nunca disse que a
devoção a este ou àquele santo, mesmo a Maria SSma, fosse
condição sine qua non para a salvação, como é o caso da fé, da
observância dos mandamentos, da recepção dos sacramentos, pelo
menos em voto. Surgiu espontaneamente, como um expediente que
os fiéis, na sua intuição guiada pelo Espírito Santo, que está sempre
orientando a Igreja, logo consideraram vantajoso e utilíssimo; e
surgiu desde os primeiros tempos da Igreja, porque vem do tempo
dos mártires. Naqueles três primeiros séculos de tremendas
perseguições, era natural a honra, o carinho, a admiração com que
os cristãos cercavam aqueles heróis que derramavam o seu
sangue, davam a sua vida pela fé. Chamavam o dia de sua morte
, dia do nascimento, porque era naquele dia que eles
tinham começado em Cristo a verdadeira vida, que não se perde
jamais. Celebravam anualmente a data aniversária do martírio,
ficando a vida e os feitos admiráveis do mártir como um exemplo,
um estímulo que não havia de ser esquecido pelos cristãos. E logo
espontaneamente estes se encomendavam às suas orações.
É muito interessante notar nas inscrições feitas nas catacumbas
daqueles primeiros tempos da Igreja que, enquanto umas se
referiam a mortos comuns, por quem os fiéis faziam súplicas, numa
confirmação de que existia entre eles a crença no purgatório, como,
por exemplo, há inscrições como estas:
ÓC , M J !
Q D (cemitério de S. Pedro);
D A , , , D !
(em S. Hermes);
F P A ,F A S .OS
, (cemitério de
S. Pânfilo);
Á , ,
(Museu capitulino);
V , C F
(cemitério de S. Calixto);
S , ,
(cemitério de Gordiano);
G , , , 21 ,8 , 16 .
Q ,
C (Via Salária).
M , , , C (mosaico
no cemitério de S. Pânfilo);
S , M (Corp. inscr. lat. V
nº 1636).
Pedimos aos santos que por sua vez peçam a Deus por nós. E a
Igreja tem todo cuidado em separar as 2 fórmulas de oração. A
Deus, à SSma Trindade, a Jesus Cristo dizemos: Tende piedade de
nós. A Maria SSma, aos anjos e aos santos, dizemos simplesmente:
orai por nós. Se Cristo não se sente ofendido, como reconhecem os
próprios protestantes, quando pedimos aqui na terra uns as orações
dos outros, não se sentirá também ofendido, se por um ato de
humildade, convictos de que não sabemos orar com a perfeição
como convém, pedirmos aos santos que orem em nosso lugar e
supliquem a Deus por nós.
Amamos aos Santos, sim, e quem nos proíbe amá-los? Não temos
obrigação de amar aqui na terra o próximo como a nós mesmos?
(Mateus XIX-19) Os pais amam muito aos seus filhos, e os bons
filhos, a seus pais; os noivos e esposos sinceros se amam muito,
reciprocamente; há, entre os verdadeiros amigos, fortes e doces
laços de afeição e de estima; isto em si não impede nem prejudica o
amor de Deus, que deve estar acima de todos os amores. Por que
motivo então não podemos amar os santos? Será um amor ilícito e
pecaminoso?
Notas
[56] Diz Lutero, falando a respeito da dignidade da Mãe de Deus: “Por isso lhe
foram outorgados bens tão grandes e preclaros, que excedem o maior
alcance, pois daí lhe advém toda honra e beatitude de tal sorte que, em todo o
gênero humano, é a única pessoa superior a todas, que não tem outra igual,
porque com o Pai Celestial tem o mesmo Filho comum... Pelo que, em uma só
palavra se encerra toda sua honra — ser mãe de Deus — não podendo
ninguém a seu respeito dizer mais, ainda que tivesse tantas línguas quantas
flores e ervas tem a terra, quantas estrelas tem o céu e quantos grãos de
areia tem o mar” (Vitemberga IV-9 pág. 85). (voltar)
Capítulo Décimo Sexto
O culto das imagens
Observações preliminares
Utilidade das imagens.
Mas o sermão não foi bem entendido: “Eu não! Eu não fiz nada com
Ele! Foram os malvados que fizeram isto!”
Mas o que não deixa de lançar uma certa confusão sobre o assunto
é que a palavra pode ter vários sentidos: existe a
adoração impropriamente dita e a adoração propriamente dita.
Não é nosso intuito com estas hipóteses humilhar nem ofender aos
protestantes. Absolutamente não! Há católicos errados e há
protestantes errados; é a consequência inevitável da fragilidade
humana. Mas quererem alguns insinuar que todo homem,
abraçando uma seita chamada “evangélica” se torna ipso facto uma
criatura angélica e impecável, que no seio do Protestantismo só há
puros e perfeitos, que o cristão logo que se convence que já está
salvo por Jesus, se torna uma nova criatura, modelo de virtudes, isto
é conversa para boi dormir. Nesta canoa ninguém embarca. E
quanto à Igreja Católica, ela mesma é que ensina os seus filhos a
rezar assim: pequei, Senhor, muitas vezes por pensamentos,
palavras e obras, por minha culpa, por minha culpa, por minha tão
grande culpa!
E o católico, por mais rude e ignorante que seja, sabe muito bem
que não é aquela imagem que está no altar, a qual não vê, não
sente, não ouve, não fala, não tem inteligência, nem sensibilidade,
não é aquela imagem que tem o supremo domínio sobre a sua
alma, sobre a sua vida. Se os pagãos caíram neste erro tão
grosseiro, a respeito de seus , isto mostra apenas a
degenerescência em que tinha caído a razão humana antes da
doutrinação de Jesus Cristo, o que serviu para mostrar quanto era
necessária a vinda do Salvador.
Sabe muito bem o católico que não é aquela imagem que o ouve,
bem que o socorre; mas ela serve para ele erguer melhor o seu
pensamento ao protótipo que ela representa. E assim como
ficaríamos alegres, se soubéssemos que alguém cercou de flores o
nosso retrato ou quis diante dele render-nos carinhosa homenagem,
Jesus Cristo, a Virgem Maria e os santos só podem receber com
agrado as homenagens que lhes prestamos diante de suas
sagradas e venerandas imagens, que tão insistentemente estão
avivando aos nossos olhos a sua memória e a sua recordação.
Quanto à lei mosaica, já sabemos (nº 117) que foi abolida (veja-se
Atos XV-5 a 29).
Examinemos
O texto do Êxodo
que, para o nosso caso, não tem nenhuma diferença do texto do
Deuteronômio (V-7 a 9):
Versículos 3º e 4º.
Versículo 5º.
,
(Êxodo XX-4), como já provamos, se refere a imagens de
escultura ou figuras destes mesmos deuses estrangeiros;
A interpretação protestante.
Desde que acha o protestante que também para nós está proibido
fazer qualquer imagem de escultura, então estão proibidas todas as
estátuas. São condenadas pela lei de Deus... É preciso acabar com
elas... São proibidos todos os animais feitos por escultura. Entrando
numa casa, onde encontra na sala um gato ou um leão ou um boi
fabricado em gesso ou em madeira ou em metal, o “evangélico”
deve protestar indignado, porque toda imagem de escultura é
proibida por Deus. Tem que acabar, portanto, a profissão de
, como sendo uma profissão de homens rebeldes e
pecadores, que vivem fazendo justamente aquilo que Deus proíbe
no seu mandamento.
Os dez mandamentos.
Mas assim como não vigoram da mesma forma sob a lei natural
como à luz da revelação (neste último caso são conhecidos com
mais nitidez), assim também não vigoram para nós, cristãos,
exatamente da mesma forma em que vigoravam para os judeus.
Estão em vigor na forma em que nos são propostos no Evangelho
por Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o nosso Legislador e nosso
Mestre.
Mas, se eu amo a Jesus Cristo, a Maria SSma que foi sua Mãe, a
qual eu considero grande justamente por isto, porque foi a mãe de
Jesus, se eu amo os santos que foram em vida o bom cheiro de
Cristo (2ª Coríntios II-15), que de tal modo imitaram o Mestre que
bem podiam dizer como S. Paulo: Não sou eu já o que vivo; mas
Cristo é que vive em mim (Gálatas II-20), se pelo amor que tenho a
Jesus Cristo, a Maria SSma e aos santos, trato com carinho,
veneração e respeito as imagens que os representam e simbolizam
(imagens estas que valem muito para mim, assim como o retrato de
um pai, de uma mãe ou de um irmão muito valem aos nossos olhos
ou assim como a bandeira da nossa Pátria, mesmo sendo um
simples pedaço de pano, também tem grande valor para nós pelo
que ela simboliza), com esta veneração, respeito e acatamento que
tenho às imagens não estou de maneira alguma faltando ao
D ; ao contrário louvo a Deus e O engrandeço pelas maravilhas
que operou em seus servos e em seu Divino Filho.
Se aos judeus na Lei Antiga num tempo em que, quando se falava
em imagens de escultura ninguém pensava em Jesus Cristo, nem
em Maria SSma., nem nos santos, mas só nos ídolos, nos deuses
falsos que eram adorados como se fossem o Supremo Senhor, se
aos judeus no Antigo Testamento foi ou não proibido cultuar
imagens por causa da excessiva inclinação que tinham para a
idolatria, isto é lá com eles, não me interessa: Não sou judeu; não
sou do Antigo Testamento; nem sou tão estúpido que dê o mínimo
valor à idolatria. Tenho que seguir a lei de Cristo que está exposta
no Novo Testamento, em substituição à Lei Antiga que já foi abolida;
e o Novo Testamento fala nos mandamentos de Deus, mostra-nos
quais são, mas
-
.
Mas o nosso culto às imagens está muito longe de ser uma idolatria,
porque 1º, como já explicamos, as nossas imagens não são ídolos
(ídolo é a representação de um deus falso); 2º, não prestamos a
elas o culto de adoração ou latria (pois isto seria reconhecer-lhes o
supremo domínio sobre todas as coisas), culto este que só
prestamos a Deus.
Por exemplo: Nada mais justo, nada mais lícito, nada mais santo do
que Deus instruir os homens a respeito de sua própria natureza,
revelar as suas grandezas e perfeições. Era proibido Deus revelar
aos judeus que havia nEle três pessoas distintas: O Pai, o Filho e o
Espírito Santo constituindo um só Deus Verdadeiro? Absolutamente
não. Mas não quis revelar o mistério da SSma. Trindade, que durante
tantos séculos ficou oculto à humanidade, simplesmente por isto: os
judeus não tinham capacidade para receber esta revelação e,
ouvindo falar na Trindade, iriam logo fazer confusão com o
politeísmo das outras nações. Os gentios adoravam a muitos
deuses e eles ficariam também com a ideia de que havia três
deuses. Com a era do cristianismo, este viria renovar
completamente a face da terra, e o mundo já estaria em condições
de ter notícia da Santíssima Trindade, a qual foi revelada por Nosso
Senhor Jesus Cristo.
Por isto se explica muito bem o fato de não ter havido entre judeus
nem o culto dos santos, nem o culto das imagens. O povo não tinha
capacidade para distinguir entre uma simples veneração e adoração
propriamente dita.
Mas não era, nem podia ser com este pensamento que os judeus
queimavam o seu incenso; aquilo, se já não era idolatria, estava
arriscado a sê-lo. Por isto foi preciso fazer desaparecer a serpente
de metal, que aliás o próprio Deus tinha mandado fazer.
Ora, não foi num dia que o paganismo idólatra deixou de dominar o
mundo. A substituição do paganismo pelo Cristianismo foi-se
processando progressivamente no decorrer de alguns séculos. E no
tempo em que viviam os Apóstolos a situação era praticamente a
mesma que tinha existido antes de Cristo: O mundo ainda estava
mergulhado na idolatria. Aparecerem os Apóstolos mandando fazer
imagem de Jesus Cristo e reverenciá-las, seria a maior das
imprudências: Uma vez que, como explicamos, este culto não é
necessário para a salvação, mas apenas um método, um meio para
instruir, para excitar à devoção, a imagem naqueles tempos seria
totalmente contraproducente. Não só causaria repugnância aos
judeus, mas iria fazer uma confusão tremenda na cabeça dos
pagãos, os quais não lhe saberiam compreender o verdadeiro
sentido e pensariam que, à semelhança deles, os cristãos também
tinham seus ídolos.
391. O uso das imagens tinha que vir aparecendo, portanto, pouco
a pouco, de acordo com as circunstâncias. Daí se explica, por
exemplo, que os primeiros cristãos não tivessem imagens nas suas
igrejas abertas ao público, que aliás não eram numerosas naqueles
tempos de tremenda perseguição, como foram os 3 primeiros
séculos de nossa era. Não só as imagens e símbolos serviriam para
denunciá-los, como também podiam ser mal interpretados pelos
pagãos que os vissem, os quais poderiam pensar que os cristãos
apenas tinham mudado de ídolos. Daí também ser no princípio
restrito o uso às imagens pintadas para depois se passar às
imagens de escultura.
Como é que deixou esta Igreja Universal ficar durante mais de 1000
anos praticando , invadida por um grosseiro paganismo
e só no século XVI fez aparecer Calvino para remediar esta
situação? Neste caso, então N S J
C .
Notas (pular)
[58] Isto vem confirmar o que dissemos há pouco (nº 367). Quando a Igreja
define um dogma, não está, como pensam os protestantes, inventando uma
doutrina nova e impondo-a aos fiéis, mas tornando oficialmente obrigatória
uma doutrina que dentro da Igreja já está firme e consolidada pelo modo de
sentir comum dos pastores e dos fiéis, o que já é sinal de que aquilo é
verdade, pois a Igreja em peso não pode cair em erro. Se a Igreja se vê na
necessidade de torná-la oficialmente obrigatória, é porque os hereges a estão
negando e combatendo, e é preciso delimitar bem os dois campos diversos: o
da fé legítima e o da heresia. Ou porque estão surgindo entre os próprios
teólogos católicos alguns que, por sua opinião pessoal, não estão exprimindo
a doutrina católica no seu verdadeiro sentido e é preciso então que bem se
esclareça o que é doutrina da Igreja e o que é mera opinião pessoal
condenável e sem fundamento. (voltar)
Noiva ou casada?
394. A Bíblia não nos diz com estas mesmas palavras que Maria
SSma foi virgem antes do parto, no parto e depois do parto. Mas nos
dá ,
M S . É na cena da anunciação do Anjo, narrada
por S. Lucas.
Vejamos agora
A cena da anunciação.
O grande ideal das filhas de Israel era ser mãe; que se dirá então
deste ideal mil vezes mais elevado de ser mãe do Messias
Prometido, daquele que iria reinar eternamente na casa de Jacó?
Qual a moça judia que pensaria em opor dificuldades a esta
perspectiva de se tornar mãe de uma maneira tão gloriosa?
Notas (pular)
Antes de coabitarem.
Daí não se segue que depois voltei àquele porto para almoçar. Não
se segue que Paulo tivesse chegado à Espanha, nem que Helvídio,
depois de morto, tivesse feito penitência.
Daí não se conclui que ele tenha envelhecido, pode até ter morrido
antes disto, mas o fato é que teve cabelos brancos antes de
envelhecer. Nem se conclui que o menino tenha que atingir a idade
viril para a frase ser verdadeira: a frase exprime apenas o que o
menino é de inteligência precoce, pode muito bem morrer antes de
tornar-se homem, como muitas vezes acontece com os precoces.
Observa Calmet:
O trem espatifou-se, ;
Notas (pular)
[60] Ferreira de Almeida traz: José e sua mãe se maravilharam das coisas
que dEle se diziam (Lucas II-33). Mas não está de acordo com o texto grego
que diz: O . Podem-se conferir todos os outros tradutores,
inclusive a Sociedade Bíblica do Brasil. (voltar)
O primogênito.
Não há dúvida que isto dito assim em nossa língua parece dar a
entender que José a conheceu depois; mas a questão está em
saber se no modo de falar dos ,
se tira esta conclusão. E aí se vê o perigo
de pôr-se a Bíblia, um livro escrito há tantos séculos e apresentando
uma linguagem bem diversa da nossa, nas mãos de qualquer
pessoa, com o direito de interpretá-la como lhe vem à cabeça, sem
ter o conhecimento da índole das línguas antigas.
quer dizer simplesmente isto: sem que a tivesse conhecido, ela deu
à luz — sem nenhuma preocupação com o que aconteceu ou não
aconteceu depois.
Vejamos o Gênesis.
Houve o dilúvio em que caiu a chuva sobre a terra quarenta dias e
quarenta noites (Gênesis VII-12). As águas cresceram e
engrossaram prodigiosamente por cima da terra, e todos os mais
elevados montes que há debaixo do Céu ficaram cobertos; tendo a
água chegado ao cume dos montes, elevou-se ainda por cima deles
quinze côvados (Gênesis VII-19 e 20). E as águas tiveram a terra
coberta cento e cinquenta dias (Gênesis VII-24).
solta depois uma pomba que, não achando onde pousar, volta bem
depressa para a arca (Gênesis VIII-9);
sete dias depois, solta outra pomba e esta volta para Noé sobre a
tarde, trazendo no seu bico um ramo de oliveira com as folhas
verdes (Gênesis VIII-11). É já um bom sinal;
espera Noé mais sete dias e solta outra pomba que não torna mais
a ele (Gênesis VIII-12).
Pois bem, em lugar de dizer, como nós diríamos, que a arca pousou
em terra, o corvo tivesse voltado, a Escritura diz da
seguinte maneira: abriu Noé a janela que tinha feito na arca e soltou
um corvo, o qual saiu e não voltou mais,
(Gênesis VIII-6 e 7) [61].
Ora, é evidente que o corvo não voltou mais à arca, depois que ela
pousou em terra; nem isto interessa mais ao narrador, que quis
mostrar apenas a marcha dos acontecimentos enquanto estavam na
arca. Mas é o modo de falar deles naquele tempo. Assim também,
em vez de dizer: Maria deu à luz, sem que José a tivesse
conhecido, S. Mateus diz que José não a conheceu, ela
deu à luz. O que interessa ao narrador no caso é simplesmente
mostrar que a concepção de Jesus foi virginal.
Notas (pular)
[61] Este texto que é o da Vulgata está de acordo também com a versão dos
Setenta, e portanto de qualquer maneira reflete o modo de falar dos antigos. E
se assim verteram os Setenta e S. Jerônimo, quem pode garantir qual é o
texto hebraico original exato, se é o que temos hoje ou o que os Setenta e
S. Jerônimo tiveram em mãos? (voltar)
Os irmãos de Jesus.
Sim, dá. Sabe-se dos nomes, pelo menos de 4: Tiago, José, Judas e
Simão: Não é este o oficial, filho de Maria, de T e de
J e de J e de S ? Não vivem aqui entre nós também
suas irmãs? (Marcos VI-3). Porventura não é este o filho do oficial?
Não se chamava sua mãe Maria, e seus T J
S J ? E suas irmãs não vivem elas todas entre nós?
(Mateus XIII-55 e 56).
M XXVII-56
Maria, mãe de Tiago e de José; Maria Madalena; a mãe dos
filhos de Zebedeu.
M XV-40
Maria, mãe de Tiago Menor e de José; Maria Madalena;
Salomé.
J XIX-25
a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleofas; Maria Madalena.
Seja Alfeu o mesmo Cleofas ou não seja, isto pouco importa. O que
é fato é que Maria de Cleofas é irmã de Maria, mãe de Jesus e é ao
mesmo tempo mãe de Tiago e de José, que são chamados
do Senhor.
Se Maria teve tantos filhos e filhas, como se explica que ela tenha
sido entregue aos cuidados de S. João Evangelista e que este a
tenha levado para sua casa? Dizer que esses irmãos do Senhor
tenham morrido dentro daqueles três anos da vida pública do
Mestre, não é possível, pois S. Paulo continua falar em irmãos do
Senhor que ainda estão vivos depois da morte de Jesus (1ª
Coríntios IX-5; Gálatas I-19).
Notas
[62] N.d.r.: Alguns protestantes objetam que este Tiago Apóstolo seja
necessariamente dos Doze, pois outros são chamados Apóstolos sem que
tenham sido dos Doze, como Matias (Atos I-26), Paulo e Barnabé (Atos XIV-
14), Andrônico e Júnias (Romanos XVI-7), Epafrodito (Filipenses II-25). Para
responder a esta dificuldade com propriedade, incluímos aqui a tradução da
seção “The identity of James, Jude and Simon” (A identidade de Tiago, Judas
e Simão) da Catholic Encyclopedia no tópico “The Brethren of the Lord” (Os
Irmãos do Senhor).
Tiago é sem dúvida o Bispo de Jerusalém (cf. Atos XII-17, XV-13, XXI-18;
Gálatas I-19, II-9 a 12) e o autor da primeira Epístola Apostólica. Sua
identidade com São Tiago Menor (Marcos XV-40) e o Apóstolo São Tiago,
filho de Alfeu (Mateus X-3; Marcos III-18), ainda que contestada por muitos
críticos protestantes, pode também ser considerada como certa. Não há
dúvida razoável que na Epístola aos Gálatas: E dos outros não vi
a nenhum, senão a T , S (Gálatas I-19), S. Paulo
representa Tiago como um membro do Colégio Apostólico. O propósito pelo
qual a afirmação foi feita deixa claro que “apóstolos” é para ser tomado
estritamente para designar os Doze, e esta veracidade pede que a cláusula
“senão a Tiago” ser entendida significar que em adição a S. Pedro, S. Paulo
cita outro Apóstolo, “Tiago, irmão do Senhor” (cf. Atos IX-27). Além disso, a
proeminência e autoridade de Tiago entre os Apóstolos (Atos XV-13; Gálatas
II-9; neste último ele é citado até mesmo antes de S. Pedro) poderia pertencer
somente a um de seu número. Agora, havia somente dois Apóstolos
chamados Tiago: Tiago filho de Zebedeu, e Tiago filho de Alfeu (Mateus X-13;
Marcos III-18; Lucas VI-16; Atos I-13). O primeiro está fora de questão, já que
estava morto no tempo dos eventos referidos por Atos XV-6ss e Gálatas II-9 a
12 (cf. Atos XII-2). Tiago “o irmão do Senhor” é portanto um com o filho de
Alfeu, e consequentemente com Tiago Menor, sendo a identidade entre estes
geralmente concedida. Novamente, comparando João XIX-25 com Mateus
XXVII-56 e Marcos XV-40 (cf. Marcos XV-47, XVI-1), encontramos que Maria
de Cléofas, ou mais corretamente Clopas (Klopas), a irmã de Maria, Mãe de
Cristo, é a mesma que Maria mãe de Tiago Menor e José, ou Joses. Como
mulheres casadas não são distinguidas pela adição do nome de seus pais,
Maria de Clopas deve ser a esposa de Clopas, e não sua filha, como se tem
mantido. Mais ainda, os nomes de seus filhos e a ordem na qual eles são
dados, sem dúvida em ordem de senioridade, nos garante identificar estes
filhos com Tiago e José, os “irmãos” do Senhor. A existência entre os
primeiros seguidores de Cristo de dois conjuntos de irmãos tendo os mesmos
nomes em ordem de idade, não parece ser o caso, e não pode ser assumido
sem provas. Uma vez que esta identidade é concedida, a conclusão que
Clopas e Alfeu são a mesma pessoa, mesmo que os nomes sejam bem
distintos. É, entretanto, altamente provável, e comumente admitido, que
Clopas e Alfeu são meramente transcrições diferentes da mesma palavra
aramaica H . Tiago e José, “irmãos” do Senhor, são portanto os filhos de
Alfeu. De José nada mais é conhecido. Judas é o autor da última das
Epístolas Católicas (Judas I). Ele é por boa razão identificado por
comentaristas católicos como “Judas Tiago” (“Judas, irmão de Tiago” na
versão Douay) de Lucas VI-6 e Atos I-13, e Tadeu em outras partes (Mateus
X-3; Marcos III-18). Está de acordo com o costume grego de um homem ser
distinguido pela adição do nome do irmão em vez do nome do pai, quando o
irmão é melhor conhecido. Que este é o caso com Judas se infere do título “o
irmão de Tiago”, pelo qual ele designa a si mesmo em sua Epístola. Sobre
Simão nada certo pode ser dito. Ele é identificado pela maioria dos
comentaristas com Simeão, ou Simão, que, de acordo com Hegesippus, era
filho de Clopas, e sucedeu Tiago como Bispo de Jerusalém. Alguns o
identificam com o Apóstolo Simão Cananeu (Mateus X-4; Marcos III-18) ou o
Zelota (Lucas VI-15; Atos I-13). O agrupar de Tiago, Judas ou Tadeu, e
Simão, depois dos outros Apóstolos, à exceção de Judas Iscariotes, na lista
dos Apóstolos (Mateus X-4 e 5; Marcos III-18; Lucas VI-16; Atos I-13) dá
alguma probabilidade a este ponto de vista, por parecer indicar alguma
conexão entre os três. Seja assim como é possível, é certo que ao menos
dois dos “irmãos” de Cristo estavam entre os Apóstolos. Isto é certamente
dedutível da 1ª Epístola aos Coríntios: Acaso não temos nós poder para levar
por toda a parte uma mulher irmã, assim como também os outros Apóstolos, e
os S e Cefas? (1ª Coríntios IX-5). A menção de Cefas ao
final indica que S. Paulo, depois de falar dos Apóstolos em geral, chama
atenção especial aos mais proeminentes, os “irmãos” do Senhor e Cefas. A
objeção que nenhum “irmão” do Senhor poderia ter sido membro do Colégio
Apostólico, porque seis meses antes de Cristo morrer eles não acreditavam
nEle (João VII-3 a 5) se apoia num mau entendimento do texto. Seus “irmãos”
acreditavam em seu poder miraculoso, e urgiam que Ele se manifestasse ao
mundo. Sua descrença era relativa. Não era um querer crer em Sua
Messianidade, mas uma falsa concepção desta. Eles não tinham ainda se
livrado da ideia judaica do Messias que seria um governante temporal. Nós
nos deparamos com esta ideia entre os Apóstolos tão tarde quanto no dia de
Sua Ascensão (Atos I-6). Em todo caso, a expressão “seus irmãos” não
necessariamente inclui cada um e todo “irmão”, quando ela ocorre. Esta
última observação também responde suficientemente à dificuldade em Atos I-
13 e 14 onde, diz-se, uma distinção clara é feita entre os Apóstolos e os
“irmãos” do Senhor. (voltar)
[63] N.d.r.: cf. nota de rodapé [62]: “... Uma vez que esta identidade [entre
Tiago Menor e Tiago irmão do Senhor] é concedida, a conclusão que Clopas e
Alfeu são a mesma pessoa, mesmo que os nomes sejam bem distintos. É,
entretanto, altamente provável, e comumente admitido, que Clopas e Alfeu
são meramente transcrições diferentes da mesma palavra aramaica H ”.
(voltar)
1 – A tese do pastor.
2 – Textos evangélicos.
3 – Conciliação dos textos.
4 – Perante a lógica e a Bíblia: o caso dos pagãos.
5 – Perante a lógica e a Bíblia: o caso dos cristãos.
6 – Desequilíbrio da doutrina protestante.
7 – Estranho remédio para os males do mundo.
8 – Onde está o desmantelo.
9 – Aceitação integral de Cristo.
10 – A Bíblia mal compreendida.
11 – A visão beatífica.
12 – A graça santificante.
13 – Dons gratuitos.
14 – Promessa do Redentor.
15 – O único Salvador.
16 – Em que sentido Maria SSma é chamada
corredentora.
17 – O que Jesus mereceu por nós.
18 – Os que viveram antes de Cristo.
19 – A parte de Deus e a nossa.
39 – Novidade de doutrina.
40 – Martinho Lutero faz-se monge.
41 – A “descoberta” de Lutero.
42 – Negação do livre arbítrio.
43 – O pecado original.
44 – Luz nas trevas e consolo no desespero...
45 – Nada de arrependimento, nem de boas obras.
46 – A fé e a salvação, obras exclusivas de Deus.
47 – Pecado mortal e pecado venial.
48 – Livres de todas as leis!...
49 – Conseguiu Lutero seu objetivo?
50 – O luteranismo e a razão.
51 – E era assim?...
52 – Bonito começo!...
53 – Só podia dar nisso mesmo!
54 – A máscara.
55 – A manha protestante.
56 – A fé que salva.
Introdução
O que é CRER
60 – A concepção de Lutero.
61 – Um texto da epístola aos hebreus.
62 – Outro engano.
63 – A cananeia.
64 – O caso do paralítico.
65 – Noção legítima de fé.
66 – Crer ou não crer.
67 – Crer em Cristo, Filho de Deus.
68 – Crer no evangelho.
69 – Fé particularizada.
Um caminho só
78 – Desfazendo a confusão.
85 – Doutrina de S. Paulo.
86 – Não há condenação.
87 – Salvação em marcha e salvação consumada.
88 – O verbo salvar em três tempos.
89 – Duplo conceito de vida eterna.
90 – Ovelhas que não perecerão.
91 – Qualquer pessoa pode perder-se.
92 – Sei em quem tenho crido.
93 – O poder salvador de Cristo.
94 – Crescia o número dos que se salvam.
95 – Os que se salvam, isto é, nós.
96 – Outra ilusão protestante.
97 – O testemunho do Espírito Santo.
98 – O ensino das epístolas.
99 – Vício de origem.
100 – Um quadro maravilhoso.
101 – Da teoria para os fatos.
102 – Os batistas e a certeza da salvação.
103 – A desigualdade das graças.
104 – Deus é imutável; mas nós?!
105 – A transformação do homem.
106 – A nova criatura.
107 – Há certeza do arrependimento?
108 – Tranquilidade da firme esperança.
109 – Diante da realidade.
A Fé
A Graça
As Obras
A primazia de S. Pedro
Dize-o à Igreja
Os mandamentos da Igreja
A promessa da Eucaristia
A Missa e a Cruz
Observações preliminares
O texto do Êxodo
Liceidade e conveniência
A D
é indispensável para a salvação nº 70; manifesta-se pela
observância dos mandamentos nº 71.
A P
o amor ao próximo, mesmo aos inimigos, é indispensável para
a salvação nº 72.
A
os anjos sabem o que se passa na terra nº 375.
A
a primazia de Pedro entre os Apóstolos nos 151 a 157; os
Apóstolos haveriam de ter sucessores nº 351.
B
necessidade do Batismo para as crianças nos 20 e 268;
disposições necessárias para o batismo dos adultos nº 21;
batismo de desejo e batismo de sangue nº 22; o batismo de
João e o de Cristo nº 275; efeitos do Batismo nos 274 a 281;
batismo de imersão e de infusão nº 282; os efeitos do Batismo
e o caso de Cornélio nº 284; a que está reduzido o Batismo em
muitas seitas protestantes nº 287.
B
os Batistas e a certeza da salvação nº 102.
B
dificuldades para a exata interpretação da Bíblia nos 201 a 209;
ação da Providência na interpretação das Escrituras nº 202;
nem tudo está na Bíblia nº 213; o livre exame leva às maiores
extravagâncias em matéria de exegese nos 215 a 221;
divergências entre os protestantes sobre o conceito de
inspiração da Bíblia nº 243; não havia livre exame na Igreja
Primitiva nº 263; a Bíblia não é a única regra de fé nº 366.
B
os Bispos são sucessores dos Apóstolos nos 358 e 359.
C E
está de acordo com o espírito do Cristianismo, conforme o
ensino de Jesus e de S. Paulo e nada há contra ele na Bíblia
nº 211.
C
qual a finalidade que têm as decisões dos Concílios
Ecumênicos nº 367.
C P
sua necessidade nº 291; suas vantagens nº 292; uso da
confissão na Lei Antiga nº 293; a confissão
nº 295; confissão pública e confissão auricular nº 296; a
confissão em uso entre os primeiros cristãos nº 296; a
confissão e o “Perdoa-nos as nossas dívidas” do Padre Nosso
nº 297.
C
em que sentido alguns escritores católicos chamam assim a
Maria SSma nº 16.
C I
utilidade das imagens nº 380; diferença entre ídolo e imagem
nº 381; o culto das imagens e o texto dos 10 mandamentos na
Lei Antiga nos 385 a 389; por que a Bíblia não fala em culto das
imagens nº 390; as imagens através dos séculos da era cristã
nº 391.
C S
o corpo místico de Cristo e a legitimidade do culto dos santos
nº 379.
D
sua instituição e suas funções nº 355.
D
por que o domingo e não o sábado é o dia de descanso dos
cristãos nº 194.
D
diferença entre a doutrina e as questões disciplinares nº 368.
E A B
os
vários exemplos n 70, 74, 80, 83, 139, 294.
E
como se deve entender a promessa de vida eterna para
aqueles que comungam nº 83; divergências entre os
protestantes a respeito da presença real de Jesus na Eucaristia
nº 235; a multiplicação dos pães, figura do mistério eucarístico
nº 299; a presença real de Jesus na Eucaristia, provada no
capítulo 6º de S. João nos 298 a 317; por que motivo se dá a
comunhão sob uma só espécie nº 307; o cordeiro pascoal,
figura da Eucaristia nº 318; a presença real de Jesus na
Eucaristia, provada pelas palavras da instituição na Última Ceia
nos 318 a 322; a Eucaristia não é mero memorial nº 323; teria
Cristo comungado? nº 326; a Eucaristia é um real e verdadeiro
sacrifício nos 345 a 348.
E
o que quer dizer pregar o Evangelho nos 68 e 260; como se deu
a propagação do Evangelho nos 258 a 260; o ensino do
Evangelho nos nossos dias nº 261; a pregação católica e a
protestante nº 262.
F
a obrigação de fé está incluída na obrigação dos mandamentos
nº 5; é errônea a noção de fé que têm os protestantes nos 8 e 9,
60 a 69; necessidade da graça para a fé nº 26; o verdadeiro
sentido da salvação pela fé nos 57 a 85; a fé é uma virtude
distinta da esperança e da caridade nº 60; como deve ser a
nossa fé: viva, sincera, coerente nº 75; a fé nos salva porque é
o nosso médico a nos prescrever as demais virtudes nº 76; a fé
como ponto de partida para a salvação nº 77; salvar-se pela fé
ou salvar-se pelos mandamentos é um caminho só nº 78; a
doutrina de S. Paulo sobre a salvação pela fé nº 85; a vocação
para a fé é um dom gratuito nº 131; necessidade da fé para a
salvação nº 138; a fé nasce no coração nº 139; justificação pela
fé e pelos sacramentos nº 270; os protestantes não creem em
Jesus Cristo nº 364; diferença entre questões de fé e questões
disciplinares nº 368.
G
divide-se em graça santificante e graça atual nº 126: a graça
santificante é uma participação da natureza divina nº 12; antes
de Cristo já se recebia a graça de Cristo nº 18; necessidade da
graça para o cumprimento da lei divina nº 24; necessidade da
graça para qualquer obra meritória nº 25; necessidade da graça
para a fé nº 26; distribuição desigual das graças nos 27 e 103; a
todos é dada uma graça suficiente para a salvação nº 28; a
ação humana é entrelaçada com a ação da graça nos 29 e 30;
que quer dizer graça primeira nº 33; a graça pode aumentar
nº 34; tanto a graça santificante como a atual são necessárias
para a salvação nº 127; a passagem do estado de pecado para
o de graça santificante, ou seja, a graça primeira nos é
concedida gratuitamente nos 128 a 134; a existência da graça
sobrenatural é negada por muitos protestantes nº 228.
H
o que significa esta palavra nº 166.
H
o que quer dizer esta frase: não resta mais hóstia pelos
pecados (Hebreus X-26) nota no fim do nº 338.
I
significação do princípio: Fora da Igreja não há salvação – nota
ao nº 6; as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja
nos 165 e 166; desde a época apostólica a Igreja de Cristo vem
sendo chamada Igreja Católica nº 167; que vem a ser “dize-o à
Igreja” nos 187 a 190 ; julgamento de questões na Igreja nº 190;
legitimidade e conveniência dos mandamentos da Igreja nos 193
a 199; o papel da Igreja na interpretação das Escrituras nº 201;
a Igreja é a coluna e firmamento da verdade nº 264.
I
utilidade das imagens nº 380; diferença entre ídolo e imagem
nº 381.
I A
é negada por muitos protestantes nº 230.
I
sentidos da palavra “inferno” na Bíblia nº 166; a existência do
inferno é negada por muitos protestantes nº 231.
I S
velha experiência dos católicos sobre a intercessão dos santos
nº 376.
I N S
em que sentido salva nº 81.
I S
vem dos primeiros tempos da Igreja nº 378.
J C
a aceitação de Jesus Cristo só como Salvador é muito
mesquinha e incompleta nos 8 e 9; Jesus é o Único Salvador
nº 15; o que Jesus mereceu por nós nº 17; em que sentido
Jesus pagou por todos nós nº 19; a divindade de Jesus Cristo e
os Socinianos nº 218; a divindade de Jesus Cristo é negada por
muitos protestantes nº 226; em que sentido Jesus é o Único
Mediador nos 372 a 374.
J
a questão dos judaizantes nº 117.
J D
Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras nº 35; não se
pode enaltecer a misericórdia de Deus negando a sua justiça
nº 340.
J
a remissão dos pecados é uma purificação real e interna e não
uma mera não-imputação nº 32; que quer dizer justificação pela
fé sem as obras da lei nos 110 a 125; justificação pela fé e pelos
sacramentos nº 270.
L
noção de adoração e de latria nº 382.
L
o que vem a ser lei natural nº 111, lei mosaica nº 112, lei de
Cristo nº 113; o que se entende por obras da lei nº 115.
L A
foi negado por Lutero nº 42; é ensinado claramente na Bíblia
nº 53.
L E
impraticabilidade do livre exame nos 201 a 209; a razão humana
com o livre exame é capaz dos maiores absurdos e
extravagâncias nos 215 a 221; fracasso do livre exame nº 248; a
Bíblia não autoriza o livre exame nos 252 a 255; abraçamos a
fé, não pelo livre exame, mas pela humilde submissão à Igreja
nº 256 a 264; o livre exame não estava em uso entre os
primeiros cristãos nº 263.
L
seu drama íntimo nos 40 e 41; negava o livre arbítrio nº 42;
ensinava uma salvação sem arrependimento nº 45; suas ideias
sobre a justiça de Deus nº 50.
M I
não são contrários aos mandamentos divinos, antes ajudam a
melhor observá-los nos 193 a 199; primeiro mandamento: ouvir
missa nº 194; segundo mandamento: a participação da
Eucaristia nº 195; terceiro mandamento: a confissão anual
nº 196; quarto mandamento: o jejum e a abstinência nos 197 e
198; quinto mandamento: pagar dízimos nº 199.
M D
seu conhecimento é inato ao homem nº 4; para cumpri-los é
necessária a graça nº 24; a observância dos mandamentos é
necessária para a salvação nº 70; o amor de Deus se manifesta
pela observância dos mandamentos nº 71; Jesus Cristo
refundiu e aperfeiçoou os dez mandamentos nº 389.
M S
em que sentido é chamada corredentora nº 16; opinião de
alguns protestantes a respeito do culto a Maria nº 238 e de sua
virgindade perpétua nº 239; legitimidade do nosso amor e
veneração à Mãe de Jesus nº 379; o que pensavam os Santos
Padres sobre a virgindade perpétua de Maria SSma nº 392;
Maria SSma foi virgem antes do parto, no parto e depois do
parto nº 394; resposta às objeções contra a virgindade perpétua
de Maria SSma nos 396 a 400.
M
diversos sentidos desta palavra nº 373; em que sentido Jesus é
o nosso Único Mediador nos 372 a 374.
M
o que o homem pode merecer nº 33; o princípio do mérito não
pode ser merecido nº 128.
O
Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras nº 35;
diferença entre boas obras e obras da lei nº 115; a salvação
depende também das nossas obras nº 143.
O
sob que condições a nossa oração alcança o seu efeito nº 82; a
promessa sobre a eficácia da oração em nada impede a
intercessão dos santos nº 377.
P
podem salvar-se, caso estejam de boa fé nº 4; não há
possibilidade de salvação para os pagãos na teoria da salvação
só pela fé nº 6; regeneração das crianças pagãs nº 20.
P
S. Paulo enumera vários pecados mortais nº 23; há pecados
mortais e pecados veniais nº 340; Jesus confere aos Apóstolos
o poder de perdoar pecados nos 287 a 289.
P O
consiste na privação da graça santificante nº 13.
P
em que consiste; foi condenado pela Igreja nº 24.
P L D
é recebido por Pedro nº 170; é recebido pelos demais
Apóstolos, mas isto em nada destrói os plenos poderes de
Pedro sobre a Igreja nos 189 e 190; que relação há entre o
poder de ligar e desligar e o poder de perdoar pecados e retê-
los nº 288.
P P P R -
não se trata de questões disciplinares nº 289; foi um poder
concedido aos Apóstolos, não a toda a Igreja nº 290.
P
suas atribuições; eram distintos dos diáconos nº 357;
presbíteros que estão num plano superior aos demais
presbíteros nº 358.
P S. P
Pedro era o primeiro dos Apóstolos nº 151; era Pedro que
falava sempre em nome do colégio apostólico nº 152; atenções
especiais dispensadas por Cristo a S. Pedro nº 154; a primazia
de Pedro nos 151 a 157; Simão recebe o nome de Pedro nº 158;
Pedro, pedra fundamental da Igreja nº 159; Cristo é pedra e
Pedro é pedra nº 161; Pedro recebe a incumbência de confortar
os seus irmãos nº 162; Pedro teve sucessores nº 164; Pedro
recebe as chaves do Reino dos Céus, com o poder de ligar e
desligar nos 169 e 170; Cristo constitui a Pedro pastor de todo o
seu rebanho nos 171 a 177; o silêncio de Marcos e a modéstia
de Pedro nº 186; o incidente entre S. Pedro e S. Paulo nos 118
e 157; a disputa sobre o maior e o primado de Pedro nos 178 a
180; a questão dos 12 tronos e o primado de Pedro nos 181 a
184; lista dos sucessores de S. Pedro, ou seja, catálogo dos
Papas, no Apêndice.
P
a doutrina protestante não apresenta um remédio eficaz para os
males morais do mundo nº 7; divergências no seio do
Protestantismo nos 225 a 243; falsidade do Protestantismo
nº 249; os protestantes não creem em Jesus Cristo nº 364.
P
é admitido por alguns protestantes nº 232; existência do
purgatório nº 340.
Q
rigoroso e mitigado nº 226.
R
a promessa do Redentor nº 14; qual o sentido da Redenção
operada por Cristo nos 17 e 19.
R C
duplo sentido da expressão Reino dos Céus nº 179.
S
sacramentalismo está claramente ensinado na Bíblia nº 148;
divergências entre os protestantes sobre a noção e o número
dos sacramentos nº 233; justificação pela fé e pelos
sacramentos nº 270; os sacramentos e o sacrifício da Cruz
nº 271; os sacramentos produzem efeito ex ópere operato
nº 273.
S
os sacramentos e o Sacrifício da Cruz nº 271; noção geral de
sacrifício nº 331; quatro finalidades dos sacrifícios nº 332; que
valor tinham os sacrifícios da Antiga Lei nº 333; por que motivo
se renova na Santa Missa o Sacrifício da Cruz nº 337; a
Eucaristia é um real e verdadeiro sacrifício nos 345 a 348.
S
o verdadeiro sentido da salvação pela fé nos 57 a 85; vários
sentidos do verbo salvar nº 88; a salvação neste mundo ainda
pode perder-se nº 91; a salvação depende também de nossas
obras nº 143; é falso que a salvação seja dada inteiramente de
graça nº 144; o salvo pratica a virtude para ser salvo nº 145.
S T
é negada por muitos protestantes nº 225.
S
o culto dos santos vem dos primeiros tempos da Igreja nº 378; o
culto dos santos e o corpo místico de Cristo nº 379.
S
em que consiste e onde foi condenado nº 26.
T
não só a Escritura é regra de fé, mas também a tradição nº 201;
nem tudo está na Bíblia nº 213; são infantis os argumentos com
os quais pretendem provar os protestantes pelas Escrituras que
só se deve admitir o que está na Bíblia nº 258 (nota).
V E
duplo conceito de vida eterna: vida eterna = glória, vida eterna =
graça nº 89.
V P M S
opinião de alguns protestantes sobre o assunto nº 239; o que
pensavam os Santos Padres nº 393; resposta às objeções
contra a virgindade perpétua de Maria SSma nos 396 a 400.
V B
em que consiste; está acima da nossa natureza nº 11; a ciência
dos santos na visão beatífica nº 375.
Índice dos trechos da Bíblia mais largamente
comentados
Êxodo XX-3 a 5: nos 385 a 389.
B -L
Sectes Modernes et Foi Catholique. Aubier. Paris, 1954.
B S
Traduzida segundo a Vulgata Latina pelo Pe Antônio Pereira de
Figueiredo. Garnier. Rio, 1881.
Traduzida da Vulgata pelo Pe Matos Soares. Tipografia Porto
Médico Ltda. Porto.
Tradução de João Ferreira de Almeida. Imprensa Bíblica
Brasileira. Rio, 1951.
Tradução Brasileira. Sociedade Bíblica do Brasil. Rio, 1954.
B
De Ecclesia Christi. 5ª edição. Roma, 1927.
De Verbo Incarnato. 8ª edição. Roma, 1942.
De Ecclesiae Sacramentis. 8ª edição. Roma, 1947.
B
Oeuvres Choisies de Bossuet. Tomos 2º e 3º. Hachette. Paris,
1892 e 1894.
B
Du Protestantisme a l’Église. Editions du Cerf. Paris, 1954.
B
Tractatus de Gratia Divina. Roma, 1952.
B
Padres Apostólicos. Madri, 1950.
C E
New York. 1914.
C L
Commentaria Scripturae Sacrae. Vivès. Paris.
C
Commentarius in S. Pauli Epistolas (aos Romanos). Lethielleux.
Paris, 1896.
Commentarius in S. Pauli Epistolas (1ª aos Coríntios).
Lethielleux. Paris, 1909.
Commentarius in S. Pauli Epistolas (2ª aos Coríntios).
Lethielleux. Paris, 1909.
C
Directorio Protestante de la América Latina. Isola del Liri. Itália,
1933.
El Mundo Protestante: Sectas. Sociedad de Educación Atenas.
Madrid, 1953.
El Mundo Protestante: Misiones. Sociedad de Educación
Atenas. Madrid, 1954.
D
Luther et le Luthéranisme. Tradução de J. Paquier. Paris, 1912,
1913.
D
Enchiridion Symbolorum. Herder. Barcelona, 1953.
D
La Reforme et les resultats qu’elle a produits. Tradução de
Perrot. Paris, 1848, 1849.
D
O Biblismo. Rio, 1920.
E
Deux Arguments pour le Catholicisme. Editions Spes. Paris,
1923.
F
La Sainte Bible commentée d’après la Vulgate et les textes
originaux. Letouzey et Ané. Paris, 1930.
F
De Sanctissima Eucharistia. Roma, 1953.
F
A Igreja, a Reforma e a Civilização. Livraria Católica. Rio, 1928.
Catolicismo e Protestantismo. 2ª edição. Agir. Rio, 1952.
O Protestantismo no Brasil. 3ª edição. Agir. Rio, 1952.
F
Tractatus de SS. Eucharistiae Sacramento et Sacrificio. Roma,
1878.
G
De poenitentia. Tractatus Dogmatico-Historicus. Roma, 1950.
G -L
De Eucharistia. Desclée de Brouwer. Paris, 1943.
De Gratia. Berruti. Turim, 1947.
H
Le Catacombe Romane e i loro martiri. Roma, 1949.
H
Theologiae Dogmaticae Compendium. Livraria Acadêmica
Vagneriana. Innbruck, 1900.
Sanctorum Patrum Opúlcula Selecta — vol XII — comentários
de H. Hurter. Livraria Acadêmica Vagneriana. Innbruck, 1894.
I B
publicada sob a direção de A. Robert e A. Tricot. Desclée. Paris,
1948.
J
L’Allemagne et la Reforme. Tradução de E. Paris. Plon. Paris,
1887, 1911.
J
Enchiridion Patristicum. 17ª edição. Herber. Barcelona, 1951.
K (E ) S. J., J (E ) V
La Tumba de San Pedro y las Catacumbas Romanas. Biblioteca
de Autores cristianos. Madri, 1954.
K
Bíblia Hebraica. Stuttgart, 1954.
K
Commentarius in S. Pauli Epistolas (Efésios, Filipenses e
Colossenses). Lethielleux. Paris, 1912.
Commentarius in S. Pauli Epistolas (aos Tessalonicenses, a
Timóteo, a Tito e a Filemon). Lethielleux. Paris, 1913.
L
Évangile selon Saint Matthieu. 8ª edição. Gabalda. Paris, 1948.
Évangile selon Saint Marc. 8ª edição. Gabalda. Paris, 1947.
Évangile selon Saint Luc. 8ª edição. Gabalda. Paris, 1948.
Évangile selon Saint Jean. 8ª edição. Gabalda. Paris, 1948.
L
Tractatus de Beatissima Virgine Maria Matre Dei. 4ª edição.
Paris, 1912.
L
Institutiones Theologicae. Nápoles, 1860.
M
Comentarios a los Evangelios de San Marcos y San Lucas.
Madri, 1954.
Comentarios al Evangelio de San Juan. Madri, 1954.
M
Trois Reformateurs. Plon. Paris, 1925.
M
De Religione et Ecclesia. Prati, 1905.
M
La Symbolique. Tradução de F. Lachat. Vivès. Paris.
M
Histoire de l’Église. 16º volume. Bloud at Gay. Paris, 1950.
N
Novum Testamentum Graece el Latine. Stuttgart, 1930.
N T
Tradução de Mons. Dr. José Basílio Pereira. Mensageiro da Fé.
Salvador, 1955.
O
Theologia Fundamentalis. Tomo 2º. Herder. Freiburg in
Breisgau, 1911.
P
Tractatus de Poenitentia. 2ª edição. Prati, 1896.
Tractatus Theologicus de Novissimis. Prati, 1908.
P
Mais um triunfo do Catolicismo sobre o Protestantismo. A.
Província. Recife, 1898.
P
Prelectiones Dogmaticae. Herder. Freiburg in Breisgau.
Compendium Theologiae Dogmaticae. Herder. Freiburg in
Breisgau.
P
La Sainte Bible. Texte latin et traduction française d’après les
lextes originaux avec un commentaire exégétique et
theologique. Letouzey et Ané. Paris.
R
Septuaginta. 5ª edição. Stuttgart, 1952.
R (A.) A. T
Initiation Biblique. Desclée. Paris. 1948.
R
Doutrinando. S. Paulo, 1932.
R
Gratia Christi. Beauchesne. Paris, 1948.
T
Synopsis Theologiae Dogmaticae. Desclée. Roma, 1920.
V
Dictionnaire de Theologie Catholique. Letouzey et Ané. Paris.
V
Adnotationes in Tractatum de Virtutibus Infusis. Gregoriana.
Roma, 1943.
V
Dictionnarie de la Bible. Letouzey et Ané. Paris.
Z
Léxicon Graecum Novi Testamenti. Lethielleux. Paris, 1931.
Léxicon Hebraicum et Aramaicum Véteris Testamenti. Instituto
Bíblico Pontifício. Roma, 1955.