Você está na página 1de 5

SEMINÁRIO TEOLÓGICO NAZARENO DO BRASIL

SUB-POLO RECREIO

Rebeca B. Chiroli de Carvalho

Relatório de Leitura dos capítulos 1 e 2 de A Treliça e a Videira

Pr. Valdirley Santos

Rio de Janeiro

2023
No livro A Treliça e a Videira: A Mentalidade de Discipulado que Muda Tudo, Colin
Marshall e Tony Payne, dois australianos que há décadas treinam pessoas para o ministério,
conseguiram criar uma analogia simples, porém muito poderosa e didática. Esse é
definitivamente um livro que todos que estão se preparando ou que já estão no ministério
deveriam ler.
A metáfora que dá nome ao livro explica-se da seguinte maneira: o ministério cristão é
uma mistura de treliça e videira. A treliça é a estrutura que serve para dar suporte a videira e esta,
por sua vez, é o elemento principal. A obra fundamental de qualquer igreja/ministério é pregar o
evangelho e formar discípulos, como Jesus ordena em Mateus 28:18 – isto é: semear, regar e
cuidar da videira. O papel da treliça é fundamental, porém secundário. A estrutura é apenas para
dar apoio, organizar, tornar possível o crescimento saudável da videira – isto é: gerência,
finanças, infraestrutura, organização, governança – todas estas coisas se tornam mais importantes
e mais complexas à medida que a videira cresce.
O problema surge quando a treliça começa a predominar sobre a obra da videira, o que
não é difícil de acontecer, já que é uma obra mais fácil, mais confortável. Fazer eventos ou cuidar
da parte organizacional/administrativa, por exemplo, pode ser feito até pela nossa própria força.
Mas gerar vida e fazer discípulos requer vida de oração, renúncia e um preço muito mais alto a
ser pago. Além disso, a obra de treliça impressiona mais facilmente, dá mais visibilidade e
elogios. Em nossa natureza pecaminosa, todos nós tendemos a nos ocuparmos mais com as
atividades do que com as vidas em si.
Devemos constantemente fazer uma autoanálise: estamos fazendo verdadeiros discípulos
de Cristo? Esse é o critério que determina se nossa igreja está engajada na missão de Cristo. A
igreja acaba sempre tendendo em direção ao institucionalismo e à secularização. O foco muda
para programações e estruturas, e se perde o alvo de discipulado. Nosso alvo não pode ser fazer
membros de igreja ou membros de nossa instituição, e sim verdadeiros discípulos de Jesus, é dar
crescimento à videira e não à treliça.
Faz-se necessária uma mudança de mentalidade em nossas igrejas que se encontram
nesse cenário. Alguns dos pontos levantados pelos autores nesse processo de mudança de mente
são:
● REALIZAR PROGRAMAS PARA EDIFICAR PESSOAS: quando fixamos o
pensamento nas pessoas da igreja, isso muda o nosso foco para as colocarmos em
primeiro lugar e edificarmos ministérios ao redor delas. Ao fazermos isso, pode ficar
evidente que alguns programas não servem mais a algum propósito digno.

● REALIZAR EVENTOS PARA O TREINAR PESSOAS: o evento é uma tática


centralizadora: são convenientes e fáceis de ser controlados pelo líder ou organizador,
mas exigem que os incrédulos venham até nós de acordo com os nossos termos. Os
eventos nos afastam tanto do treinamento quanto da evangelização. Se quisermos que
nossa estratégia seja focada em pessoas, devemos nos concentrar em treinamento, o que
aumenta o número e a eficácia de comunicadores do evangelho (ou seja, pessoas que
podem falar as boas-novas em conversas pessoais e em contextos públicos).

● USAR PESSOAS PARA O PROMOVER O CRESCIMENTO DE PESSOAS E


PREENCHER LACUNAS PARA O TREINAR NOVOS OBREIROS: Os voluntários
são a força vital de nossas igrejas, mas não podemos deixar que eles se esgotem de tanto
trabalho ou usá-los apenas para preencher lacunas. Precisamos cuidar de pessoas e
ajudá-las a florescer e crescer no ministério, e não esgotá-las no interesse de manter
nossos programas em continuidade.

● BUSCAR O CRESCIMENTO DA IGREJA PARA O DESEJAR O CRESCIMENTO DO


EVANGELHO: Investimos tempo e recursos em treinar líderes, mas ficamos com medo
de perdê-los. Um de nossos alvos em treinar pessoas deve ser encorajar algumas delas a
receberem treinamento formal posterior, a fim de que sigam para o ministério a qual Deus
os chamará. Devemos ser exportadores de pessoas treinadas, em vez de acumuladores de
pessoas treinadas.

Em suma, para termos a mentalidade do discipulado e obedecermos a ordenança de Jesus,


devemos entender que a treliça jamais pode ser o fim, ela é apenas o meio. Ela jamais pode
crescer em detrimento da Videira. Afinal, a Videira é Cristo, nós somos os ramos e precisamos
dar frutos. Do que adianta termos uma linda treliça, uma estrutura moderna e bonita, se a videira
sobre ela está morrendo? É necessário refocalizar nosso ministério em pessoas e não em
estruturas. Treinar evangelistas exige tempo, fazer discípulos dá trabalho. Mas foi para isso que
fomos chamados, essa é a nossa missão principal.
Bibliografia

MARSHALL, Colin; PAYNE, Tony. A Treliça e a Videira: A Mentalidade de Discipulado que


Muda Tudo. São José dos Campos, SP: Fiel, 2016.

Bíblia de Estudo de John Wesley, Nova Almeida Atualizada, 3ª edição. São Paulo, SBB: 2017

Você também pode gostar