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IGREJA EM CÉLULAS

MÓDULO III – IMPLANTAÇÃO E


GESTÃO DAS CÉLULAS

Introdução

A implantação de grupos pequenos como comunidades de


base da igreja deve acontecer dentro de um processo de tran-
sição cuidadosamente planejado. Não se trata do anseio por
novidades, mas da restauração de princípios e valores bíblicos
que exige a renovação dos odres. Apesar de a igreja ser uma ins-
tituição sem fins lucrativos, ela possui estrutura organizacional
que se assemelha bastante às demais organizações. Quando a
instituição se torna um fim, ao invés de instrumento para a vida
e missão da igreja, corre o risco de ver o vinho novo evaporar-se
dos odres velhos ou de arrebentá-los. Resta-lhe a revitalização
ou a morte.
Para permanecer fiel ao evangelho, a mudança, apesar do
temor que gera, é inevitável. Chega o momento em que uma
decisão estratégica se impõe: a igreja acomoda-se à situação
vigente ou planeja e executa a mudança capaz de levá-la a ser
autêntica e relevante como povo de Deus. O planejamento deve
envolver a liderança estratégica da igreja num processo que
gere o compromisso de todos com a mudança. Há muitas me-
todologias de planejamento estratégico, mas, se a igreja tem di-
ficuldade para contratar um consultor, a liderança poderá reu-
nir-se em pelo menos dois finais de semana e buscar respostas,
por exemplo, para as seguintes perguntas simples, levando em
conta as reflexões que temos feito até aqui: Como estamos? O
que desejamos? Como chegaremos lá?

1. Como estamos? Descobrindo o potencial


É aconselhável começar sempre destacando o que há de po-

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sitivo em termos de espiritualidade, crescimento, programação,


ministérios, evangelização, missões etc. A percepção dos pon-
tos positivos sempre motiva a liderança. No entanto, a análise
deve ser feita de tal maneira que não mascare a realidade da
vida da igreja.
Levando em conta os valores de uma igreja neotestamentá-
ria vistos neste estudo, sugerimos algumas perguntas podem
ajudar a descobrir a verdadeira realidade da igreja: Qual o grau
de comunhão entre os membros da igreja? Há compromisso de
cada membro da igreja em evangelizar e discipular pessoas do
seu círculo de relacionamentos? Como tem sido o acolhimento
e acompanhamento dos visitantes? Como tem sido a integração
e o crescimento dos novos convertidos? Todos os membros são
pastoreados e cuidados? Qual a porcentagem de membros que
estão realmente envolvidos na obra? Que porcentagem dos tra-
balhos da igreja são feitos dentro do templo? Que porcentagem
dos membros são maduros, ativos, produtivos, e dos membros
que são imaturos, passivos, consumistas?
Mais importante que a exatidão científica nas respostas a
essas perguntas é a percepção da realidade e a reflexão que
elas provocam. O clima deve ser de amor e de abertura para
ouvir Deus e para seguir as suas instruções com o objetivo
de usar o potencial para a revitalização e desenvolvimento
da igreja.

2. O que desejamos? Estabelecendo metas


A sugestão seria, a partir da análise feita, estabelecer um
alvo principal como, por exemplo, a revitalização da igreja para
que ela cresça com qualidade e de forma sustentável. Sugestão
de alguns alvos para alcançar o alvo principal: construir relacio-
namentos mais profundos; promover mais comunhão e amor;
capacitar cada membro para o exercício de ministérios de acor-
do com os seus dons; vivenciar a evangelização e o discipulado

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a partir da liderança; prover cuidado pastoral para cada mem-


bro; estimular contatos e relacionamentos com incrédulos; ge-
rar maior responsabilidade e comprometimento da liderança e
dos membros no corpo de Cristo.
Os alvos a serem estabelecidos devem ser alcançáveis, levan-
do em conta a realidade e o potencial da igreja. Uma vez alcança-
dos, o crescimento da igreja com qualidade é consequência.

3. Como chegaremos lá? Estratégias


A estratégia é como o leito do rio que o conduz ao destino
final, o oceano. Para cada alvo pode ser estabelecida uma ou
mais estratégias, com atividades, responsáveis e datas previs-
tas, sob a supervisão do líder (pastor) da igreja. O plano que não
sai do papel não vale o papel em que está escrito. Sugerimos
que sejam estabelecidas estratégias para as seguintes etapas
do planejamento.

3.1. Visualização do futuro


A visão de Deus para a igreja é algo que amadurece no co-
ração do líder, conforme ele se dispõe a ouvir Deus falar. É um
estilo de pensar, um processo de lidar com a realidade presente
e futura. Não é um programa à espera de ser implementado. É
uma percepção e apropriação dos sonhos de Deus para a igreja.
A visão traz o futuro para o presente. O líder compartilha, por
exemplo, com a liderança, a visão de uma igreja vivendo como
comunidade do reino de Deus em comunidades, células vivas
do corpo de Cristo, dentro de cinco anos.
O quadro abaixo ilustra como o pastor começa com os ino-
vadores e prossegue até que a visão esteja estabelecida no
coração e na mente de cada membro nesse período. O tempo
sugerido é de cinco anos, mas isto varia de acordo com os desa-
fios de cada situação. De qualquer forma, é preciso que todos
estejam conscientes de que mudança não acontece num ato,

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mas num processo, que demanda tempo considerável.

Inovadores Adaptáveis Os que se Os que se Os


adaptam adaptam arrastados
rapidamente lentamente

2,5% 13,5% 34% 34% 16%

Quando o líder (pastor) e a liderança não sabem aonde que-


rem chegar, qualquer caminho (estratégia) serve, mas, quando
a visão está clara, Deus lhes mostra o caminho certo (Sl 103.7).
A fé tem a chave do céu, mas a oração conhece os caminhos do
Senhor. Quando Deus nos dá uma visão, ele nos educa na rea-
lidade da vida, como fez com José, para nos moldar à visão que
nos deu. O visionário tem a cabeça no céu e os pés na terra. A
mudança requer um trabalho paciente de discipulado.

3.2. Preparação para a mudança


O líder (pastor), inconformado com a situação da sua igreja,
busca na oração, na reflexão bíblica e na leitura de obras espe-
cializadas (bibliografia) a compreensão clara do processo de mu-
dança que vai desencadear a partir da sua liderança. Além dos
encontros para planejamento, é fundamental encontros com a
liderança estratégica para reflexão e oração. Dion Roberts, num
Congresso realizado pelo “Ministério Igreja em Célula”, afirmou
que “visão mais visão” é igual a “divisão”. No entanto, visão com-
partilhada gera unidade, força, coesão.
Enquanto a liderança ora, estuda e reflete, o povo deve ser
alimentado com mensagens cujos conteúdos sejam os prin-
cípios e valores da igreja do Novo Testamento como temos
visto neste curso: relacionamentos, ministérios de todos os
crentes, dons espirituais, evangelização e discipulado como
estilo de vida, presença no mundo com testemunho transfor-

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mador, lares abertos para comunhão, evangelização e ensino


etc. Nessa fase deve-se evitar qualquer propaganda de um
novo modelo de igreja.
Para evitar que os encontros mais informais nas casas se-
jam réplicas dos cultos no templo, os membros interessados
em células devem ser preparados pelo pastor da igreja para
participar de grupos pequenos. O material “Restaurando a vi-
são de Deus para a sua igreja” (disponível em: www.celulas.
com.br) pode ser uma ferramenta útil com as devidas adapta-
ções para a realidade de cada igreja local. Esse preparo deve
proporcionar vivências práticas, além do conteúdo, com o
objetivo também de descobrir líderes potenciais que possam
assumir, posteriormente, liderança de células, depois de devi-
damente treinados.
Como já vimos, o foco do ministro da palavra (Ef 4.11) é trei-
nar ministros (Ef 4.12) que alcancem maturidade suficiente (Ef
4.13-16) para exercerem autoridade pastoral por delegação (Êx
18.21-22). Nessa fase o projeto pedagógico da igreja deve co-
locar o trilho de treinamento que capacite os membros já exis-
tentes para o exercício de ministérios em e a partir das células,
ao mesmo tempo em que contemple os que estão chegando
(primeiros passos) para que se tornem maduros (formação) e se
transformem de membros em ministros e de ministros em líde-
res. Para ilustrar, o quadro abaixo, que é apresentado aos que
terminam o curso “Vida Nova” (primeiros passos) da Primeira
Igreja Presbiteriana Independente de Londrina. Os títulos dos
cursos apresentados são apenas uma amostra.

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3.3. Mobilização do povo de Deus


A centralização da autoridade espiritual é diabólica porque
expropria os crentes dos seus dons e ministérios, exaure os
ministros oficiais, gera inércia e insatisfação entre os membro-
sO esgotamento espiritual de pastores é a indicação precisa de
igrejas que não se movimentam como corpo, organismo vivo,
mas que se transformam em organizações pesadas, paquidér-
micas, opressivas. Os ministros que multiplicam os seus minis-
térios por intermédio da oração (Mt 9.37-38), convocação, trei-
namento, delegação de autoridade (Mt 10.1; At 6.2-6) e envio (Lc
10.1-12), regozijam-se mesmo nas tribulações (At 5.41; 16.24-
25), geram discípulos exultantes na realização do seu ministério
(Lc 10.17-20) e levam Jesus a se exultar e a compartilhar os mo-
tivos da sua alegria (Lc 10.21-24). A leveza e exuberância da vida
cristã se manifestam na adoração (At 2.46-47), na evangelização
(At 5.42), no ensino (At 20.20) publicamente (templo) e de casa

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em casa (células). O crescimento em todas as dimensões (qua-


litativo, orgânico, quantitativo) da igreja, de acordo com o livro
de Atos, sob a liderança de doze apóstolos e sete diáconos, só
foi possível porque as reuniões diárias no templo e nas casas (At
2.46) contavam na liderança com a participação ativa de cristãos
comuns. Sem delegação de autoridade não há multiplicação de
líderes nem de discípulos.

3.4. Reestruturação organizacional


Já vimos que a instituição é instrumento a serviço da vida e da
missão da igreja. Quando se torna um fim em si mesmo é idola-
tria e atrai o juízo de Deus como o templo de Jerusalém e tudo
o que ele representava. Vinho novo deve ser colocado em odres
novos. Portanto, a estrutura organizacional deve ser reavaliada,
ajustada e aperfeiçoada para que o poder do Espírito Santo flua,
vitalizando os crentes e alcançando os perdidos com o testemu-
nho transformador do evangelho. Três verbos definem a estra-
tégia nesta fase: acrescentar, adaptar e eliminar. Acrescenta-se,
por exemplo, uma ou mais células protótipo onde se vivencia e
se demonstra uma comunidade de base que, multiplicando-se,
contribui para que a igreja local se transforme, de fato, numa
comunidade do reino de Deus. Outro exemplo é que a Esco-
la Dominical pode se adaptar ao projeto pedagógico que visa
transformar o novo membro em discípulo de Jesus; o discípulo
em ministro; o ministro em líder. Por fim, departamentos, pro-
gramas e ministérios que não produzem vida podem ser corta-
dos sem que haja sangramentos.
À medida que as células se multiplicam pela multiplicação de
líderes e discípulos, a organização vai se reestruturando passo
a passo. Beckham (2007, p. 37-38) apresenta a conexão da es-
trutura comunitária (células) com a corporativa (celebrações) na
figura da igreja com duas asas.

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O comunitário e o corporativo, na igreja em células, podem


ser articulados num sistema que Stockstill (2000, p. 30) denomi-
nou de igreja com janelas, inspirado no Windows de Bill Gates,
que torna possível abrir de um até todos os programas, repre-
sentados por ícones num ambiente comum na tela do com-
putador, e que podem “conversar” entre si. No livro “Cortina
rasgada”, Souza (2008, p. 147-152) apresenta células e celebra-
ção num só ambiente, no qual se conectam quatro sistemas da
estrutura comunitária e quatro da estrutura corporativa, como
podem ser visualizados nas seguintes figuras abaixo. Neste li-
vro, Souza também explica como funcionam os sistemas corpo-
rativo (celebrações) e comunitário (células) usando-se, inclusive,
outras figuras.

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IGREJA COM JANELAS


CÉLULAS - CELEBRAÇÃO - 8 SISTEMAS

ESTRUTURA CORPORATIVA

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ESTRUTURA COMUNITÁRIA

Estamos fazendo sugestões que oferecem subsídios. No en-


tanto, a reestruturação organizacional deve levar sempre em
conta as peculiaridades e os desafios da igreja local.

4. Criando a base para a expansão


A expansão do evangelho em todos os segmentos da socie-
dade e que se estende até aos confins da Terra é o resultado de
um trabalho paciente e intencional de discipulado. Jesus minis-
trava às multidões, multiplicou os pães duas vezes para milha-
res de pessoas, mas na transição da velha para a nova aliança
ele construiu a base ao convocar três pessoas (Pedro, Tiago e
João) que constituíram o núcleo da célula-mãe da igreja, forma-
da pelos doze apóstolos. O divino Mestre conviveu com os doze
em comunidade num relacionamento intenso. Investiu nesse
grupo cerca de cinquenta por cento do seu tempo. Ele ensinou,
demonstrou o ensino com a vida e treinou os discípulos no con-
texto real do dia a dia. Ele expandiu esse grupo inicial para uma
rede de apoio composto de setenta pessoas e alcançou a massa

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crítica com cerca de cento e vinte pessoas depois de três anos


e meio de ministério que incluiu seus ensinos, suas obras, sua
morte e ressurreição, numa palavra, encarnação. Como o Filho
glorificou o Pai pela obediência que o levou à morte de cruz, o
Pai glorificou o Filho fazendo-o sentar-se à sua direita, de onde
enviou o Espírito Santo que fez daquela comunidade (massa
crítica) o seu corpo vivo, por meio do qual ele continua a sua
encarnação e ministério no mundo.
A transição de uma igreja convencional para uma igreja que
seja de fato comunidade do reino de Deus, vivendo em comuni-
dades de base, segue o mesmo princípio de discipulado: o líder
da igreja (pastor) vivendo em comunidade, cujo centro seja Je-
sus com sua presença, poder e propósito, que se expande até
chegar à congregação base, massa crítica. Massa crítica é figura
tomada de empréstimo da biologia, assim definida: “A quanti-
dade mínima de material desintegrável capaz de produzir uma
reação em cadeia auto-sustentadora” (The World Book Dictio-
nary 1978, ed.).
Seguindo nas pisadas de Jesus, precisamos construir o odre
novo (congregação-base, massa crítica) para receber o vinho novo
(Espírito Santo) para que haja expansão do evangelho pela mul-
tiplicação de verdadeiros discípulos de Jesus. Beckham (2007,
p.229) pondera de forma convincente que esta congregação-ba-
se deve ser formada com o remanescente da igreja “que aguarda
ansiosamente para Deus manifestar o seu poder para que ocorra
uma multiplicação exponencial dinâmica”1. Jesus adverte quanto
à evangelização feita na força da carne por uma igreja doente: “Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a
terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do

Para aprofundar a compreensão deste conceito recomendo, com ênfase, a


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leitura do livro de Beckham, A segunda reforma, principalmente a Parte III, “O


projeto revolucionário de Jesus para a igreja” (pp. 156-254).

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inferno duas vezes mais do que vós!” (Mt 23.15).


A estratégia de Jesus é infalível. Beckham (2207, p. 181) afir-
ma que: “o ministério de Jesus na terra foi o período de protóti-
po da primeira igreja. Permitir a Jesus caminhar conosco duran-
te os três anos e meio de protótipo vai fazer milagres por aqueles
acometidos pela doença”, a qual ele chama de “Síndrome de
Igreja em Células Instantânea”. Se procurarmos atalhos, o anseio
legítimo pela vitalidade da igreja e pela expansão do evangelho
pode se transformar em frustação que nos deixa deprimidos.

5. Comunidades de gerações integradas


As necessidades das faixas etárias numa igreja convencional,
quase sempre, são atendidas por atividades das forças leigas or-
ganizadas em departamentos. Dentre eles, geralmente, os mais
importantes são os que trabalham com crianças, adolescentes,
jovens e senhoras. Em algumas igrejas com visão celular, essas
faixas etárias são organizadas em redes de células. No entanto,
tendo em vista a origem e a natureza das comunidades de base,
conforme já vimos, entendemos que, na implantação e gestão
de células, a conexão das gerações num sistema integrado deve
ser levada em conta.
É na família que se vive os relacionamentos na prática, numa
intimidade que tornam possíveis ministração e desafio mútuos.
Sem perceber, a igreja tem cooperado para a compartimentali-
zação da família. Isso ocorre quando a educação cristã infantil é
confiada a um departamento da Escola Dominical, e nos cultos
públicos as crianças são entregues aos cuidados de especialis-
tas, geralmente irmãs, que promovem o “cultinho”, nem sempre
nos locais mais adequados.
Na visão de gerações integradas, o trabalho é feito em con-
junto nas celebrações (templo), nas células (casas) e nos lares.
Assim como o conteúdo das pregações feitas nas celebrações
é aplicado nos encontros semanais da célula pelos adultos, há

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também um tema único ministrado às crianças, de acordo com


as faixas etárias, que deve ser aplicado nos encontros da célula
e nos lares. O projeto pedagógico deve providenciar o material
necessário e prever no currículo o treinamento de facilitadores
para a ministração às crianças e pré-adolescente no culto (ce-
lebração) e nas células, bem como orientação aos pais para a
ministração nos lares (casas), tanto às que estão no jardim da
infância, quanto às que já sabem ler para aplicação pessoal e
para os exercícios devocionais. A participação ativa dos pais é
fundamental porque é deles a responsabilidade da educação
cristã dos seus filhos, com a ajuda da igreja. O quadro abaixo dá
uma ideia desta conexão de gerações.

CELEBRAÇÃO C CÉLULA
O
N
T
E
Ú
D
O
U
CASA, FAMÍLIA N PESSOAL
I
F
I
C
A
D
O

Deve haver, no entanto, flexibilidade. Às vezes, por razões


estratégicas, é aconselhável organizar células de crianças, ado-
lescentes e jovens. Na célula de gerações integradas, todos par-
ticipam do louvor e adoração e se separam no momento da edi-

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ficação, da aplicação do conteúdo ministrado no culto público.

Para concluir
Pelo que vimos até aqui, a adoção do modelo “igreja em cé-
lulas” tem inúmeros pontos positivos: facilita a mobilização de
todos os membros da igreja para uma vida cristã comprometida
com os valores e a expansão do reino de Deus; ao mesmo tempo
em que descentraliza, também integra a liderança, de modo a
promover o crescimento com unidade; o grupo pequeno torna
possível alto grau de comunhão, de auxílio mútuo e prestação
de contas; cada membro é treinado com o objetivo de torná-
-lo maduro e produtivo através de discipulado personalizado e
envolvimento em ministérios em e a partir da célula; o recruta-
mento e treinamento de líderes tanto na teoria como na prática
é contínuo; a evangelização é feita não através de programas,
mas das redes naturais de relacionamentos de cada membro, de
acordo com o modelo e a ordem de Jesus; prioriza a construção
da igreja como casa espiritual ao invés da construção de edifícios
materiais; a educação cristã leva em conta tanto o nível cognitivo
(informações) quanto o nível psico-motor (experiências) e o nível
emocional (mudança de valores) numa interação dinâmica; todos
os membros têm reais oportunidades de praticar os dons minis-
trando “uns aos outros” no grupo pequeno e alcançando o seu
círculo de relacionamentos com o evangelho; focaliza o ministé-
rio no mundo e não dentro de edifícios; desenvolve a consciência
crítica pela discussão e aplicação, em pequenos grupos, das men-
sagens pregadas nos cultos dominicais; gera compromisso com
o reino de Deus e compromisso de cuidado mútuo nas células;
a comunhão e a evangelização são indissoluvelmente unidas; o
modelo é flexível e não exige mudanças de doutrina nem da or-
dem de governo adotados pela igreja.
Em virtude da nossa experiência nesse modelo, por longos
anos, recomendamos alguns cuidados para todos os que que-

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rem implantar essa visão em suas igrejas: assimilar, antes, com


clareza, a visão e ter consciência de todas as implicações para
que não haja frustrações; o modelo não deve ser simplesmente
transplantado, mas adaptado à realidade da igreja local e da
denominação; mesmo tendo assimilado a visão, iniciar com cé-
lula protótipo, formada por líderes, para testar o modelo na sua
igreja; multiplicação da protótipo até alcançar “massa crítica”.
Por fim, devemos levar em conta que a igreja é movimento
do Espírito Santo. A descida do Espírito Santo, em cumprimento
à profecia de Joel, foi um acontecimento tão extraordinário que
não podia ficar retida num cenáculo. Ganhou a rua, adentrou os
lares e se transformou num movimento que impactou o impé-
rio romano e chegou até nós. Cabe a nós nos colocarmos nessa
correnteza da ação do Espírito até o retorno do Senhor Jesus
em glória.

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