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O Padrão
Divino
O discipulado segundo o modelo de Jesus Cristo
Josadak Lima
O Padrão
Divino
O discipulado segundo o modelo de Jesus Cristo
1ª edição
São Bernardo do Campo - SP - 2016
Copyright
© 2016, Josadak Lima
Direios cedidos à Associaçâo da Igreja Metodista e Publicado pelo
Departamento Editorial da Igreja Metodista - Angular Editora.
Sumário
Capítulo 1
Seguir Jesus: o mais desafiador projeto de vida
...................................................11 Capítulo 2
Conhecendo a escola de discipulado de Jesus
.....................................................17 Capítulo 3
O que significa quando Jesus disse: “Siga-me”?
...................................................25 Capítulo 4
O Processo do discipulado segundo o padrão de Jesus
......................................33 Capítulo 5
A formação de uma comunidade discipuladora a partir de Jesus
....................39 Capítulo 6
Promovendo encontros transformadores
............................................................45 Capítulo 7
Discernindo a quem atende a sua voz
..................................................................51 Capítulo 8
Como saber em quem investir a vida?
..................................................................59
Apresentação
O PADRÃO DIVINO – O discipulado segundo o modelo de Jesus Cristo
é o título que não contém apenas conceitos de discipulado. É o resultado de
uma jornada na busca de ser e fazer discípulos por mais de duas décadas.
Qual a contribuição desta obra para tal processo? Primeiro, este livro nasce
da convicção de que Jesus é o modelo de como ser e fazer discípulos. Por
isso, seu intuito é convidar-nos a voltar às práticas do discipulado, de acordo
com o padrão divino observado no Mestre dos mestres.
Jesus não foi um mero personagem histórico. Um homem comum. Jesus não
foi apenas outra pessoa, ou uma pessoa boa, ou um líder importante de uma
religião. Jesus é o personagem mais surpreendente da Escritura Sagrada e da
história humana. Por isso que é necessário imitá-lo para se progredir orgânica
e harmoniosamente na vida espiritual e comunitária.
Ninguém deve seguir a Cristo apenas por curiosidade, é preciso ser constante.
Seguir Jesus Cristo é um estilo de vida. Nesta jornada, diariamente somos
colocados sob o teste da perseverança. O verdadeiro discípulo é a pessoa que,
perseverantemente, “permanece” nos mandamentos de Jesus.
Desejamos enfatizar o fato de que Jesus foi mais do que apenas nosso
Salvador. Essa não é uma afirmação desrespeitosa e não causa nenhum
conflito com a doutrina.O propósito do Filho de Deus era redimir-nos, mas
também mostrar-nos a maneira correta de viver. Qualquer coisa que esteja
aquém desse objetivo duplo empobrece a vida em abundância que Jesus
promete aos seus seguidores, em João 10.10. 1
1 HABERMAS, Ronald. Discipulado completo. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2009, p. 226.
A pessoa de Jesus como referencial humano de uma vida centrada em Deus
Os relatos dos evangelhos mostram que Jesus nos deixou o exemplo em tudo.
Segui-lo fielmente depende de você. A Bíblia ensina que devemos seguir os
passos de Jesus. Por quê? Todos os registros bíblicos da revelação de Deus,
tanto do Antigo como do Novo Testamento, devem ser interpretados a partir
da Pessoa de Jesus Cristo. Jesus nos deixou o padrão de vida moral e ético
para que sigamos o seu exemplo.
Não podemos deixar de ser como Jesus, que aconselhava quando era
solicitado e quando não solicitado. Ele orientava seus discípulos com palavra
e vida para que, assim, pudessem orientar as próximas gerações de discípulos
e discípulas.
Qual foi o principal trabalho de Jesus aqui na terra? Foi fazer discípulos!
Segundo Jesus (Mt 28.19), discipular implica em equipar pessoas enquanto
caminha com elas. Significa investir em pessoas anônimas e transformá-las
em gigantes da fé.
Com efeito, como afirma Kornfield3, Jesus tinha duas obras para consumar:
uma por meio de sua morte e outra por meio de sua vida. Quando declarou
“Está consumado!” e rendeu seu espírito (Jo 19.30), consumou sua obra
redentora. Mas existiu outra obra. Ele teve uma obra vocacional: o propósito
de andar conosco aqui na terra, ministrando durante três anos, foi à formação
dos discípulos.
Paramos muitas vezes para refletir sobre a obra consumada em sua morte,
que é o centro do evangelho e o coração tanto da Ceia como do Batismo. Mas
refletimos muito pouco sobre o trabalho principal de sua vida, possivelmente
porque nem sabemos que o fazer discípulos foi tal trabalho.4
Jesus é o Filho de Deus, mas é também o filho de Maria. Portanto, toda
essência da vida cristã depende da pessoa histórica de Jesus Cristo. A vida
que ele viveu aqui na terra é o tipo de vida que seus seguidores devem viver.
Creio que grande número de cristão são “ateus praticantes” – creem que a
porção divina de Je-sus dominava seu lado humano. Para eles, Jesus foi como
o incrível Hulk. Quem se deixa levar por essa falsidade precisa relembrar
alguns trechos bastante explícitos das Escrituras, como Hebreus 2.17; 4.15. 5
O convite de Jesus ao discipulado, à primeira vista, parece ser algo que não
custa nada, mas acolher este convite requer decisão e compromisso. A pessoa
deve está disposta a abandonar tudo e assumir, ao lado de Jesus, um estilo de
vida itinerante. Na prática, o convite coincide com a convivência formadora,
que durou três anos.
3 KORNFIELD, David. As bases na formação de discipuladores. São Paulo: Sepal, 1994, p. 10.
4 KORNFIELD, David. As bases na formação de discipuladores. São Paulo: Sepal, 1994, p. 11
5 HABERMAS, Ronald. Discipulado Completo. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2009, p. 152.
Jesus tinha uma visão de longo alcance com seus discípulos (Mc 3.13-14).
Ele não se preocupava só com o imediato, olhava lá na frente, para os
milhares que deveriam ser alcançados pelo evangelho. Para que isto
acontecesse, Jesus precisou treinar alguns poucos discípulos para assumirem
a tarefa de pregar o Reino de Deus e discipular as nações. Equipar discípulos
é indispensável para que alcancemos a realização e a plenitude do Evangelho
no mundo.
Uma das grandes características de Jesus, que deve estar presente na vida de
cada pessoa discipuladora é a adaptabilidade, ou a capacidade de ensinar em
qualquer circunstância e a qualquer número de pessoas.
Há pelo menos quatro razões, qualquer uma deve ser suficiente mesmo sem
as outras, para que nós nos comprometamos a ver o discipulado como o
principal trabalho de nossa vida.
Quando Jesus disse “vão e façam discípulos”, mostrou que discipulado se faz
por meio de relacionamentos pessoais. Mas também o discipulado implica
em: ensinar, corrigir e santificar.
O verbo “preparar” foi utilizado pelos antigos escritores para descrever o ato
de um cirurgião pondo no lugar ossos fraturados. Como diz Marcos
Monteiro, “significa uma correção de osso partido, ou seja, a cura de uma
fratura óssea pela exata restauração de suas partes” 9. É isto que também
ocorre espiritualmente com os discípulos de Jesus. Certamente, na igreja
local, por meio da pregação e do ensino bíblico formal, pode-se chegar a
unidade da fé, mas não tão eficientemente como por meio do discipulado.
A ideia que o verbo “aperfeiçoar” (Ef 4.12) comunica é que se aquilo que
queremos utilizar não estiver “pronto”, deve ser melhorado e alinhado. Pense
nisto, na perspectiva da formação espiritual de um discípulo: ele não está
totalmente preparado, é necessário suprir certas deficiências ou corrigir e
ajustar certas coisas erradas.
Este é o processo pelo qual o discípulo participa da construção da comunhão,
chegando juntos a uma compreensão lúcida e equilibrada dos princípios do
evangelho e os utilizando como um modo de vida prático e de ajuda mútua,
de dependência entre si. O fim de tudo é a “unidade da fé”, que significa
dizer a mesma coisa, crer na mesma coisa, na mesma doutrina. É o mesmo
que ser “um” na verdade de Deus, a sã doutrina.
Dentro deste padrão divino, o mais importante vem primeiro. A ordem dos
mandamentos, de Êxodo 20.1-17, por exemplo, é altamente significativa. Os
quatro primeiro tratam da questão fundamental da relação do homem com
Deus. Estes introduzem os outros seis, que dizem respeito ao comportamento
humano na comunidade ou a sua relação com o semelhante.
10 HENRICHSEN, Walter. Discípulos são feitos, não nascem prontos. São Paulo: Atos, 2002, p. 2.
No Novo testamento aparece esse mesmo padrão: a nova vida em Cristo está
disponível - e de graça - para todas as pessoas, mas requer, que vivamos de
forma agradável a Deus: “Se guardardes os meus mandamentos,
permanecerei no meu amor” (Jo 15.10). Tal estilo de vida espiritual deve ser
encarnada na existência de cada pessoa que segue Jesus, praticando as
virtudes para fecundidade da ação divina. A própria conformação a Cristo
requer, por assim dizer, o respirar um clima de amizade e de encontro pessoal
com ele.
1) visão;
2) o crescente compromisso;
3) ritmo de vida de várias pessoas coincidem.
Assim, por mais preparados que alguém possa estar, virá o tempo, para cada
um de nós, em que o chamado de Jesus chegará pessoalmente e teremos que
tomar a decisão de segui-lo ou não.12 Isto começou com os primeiros
discípulos por ganhar a visão do discipulado de Jesus, passando por um
crescente compromisso com ele, até alcançarem um ritmo de vida juntos.
12 CARSON, D.A. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009, p. 1.430.
O Reino de Deus foi revelado em primeiro lugar na vida de Jesus e, depois,
na vida de seus seguidores fiéis. A Bíblia é a nossa regra de fé e prática. Veja
uma breve ilustração disto, no texto de Mateus 5.17-32:
A Bíblia diz que “não havendo profecia, o povo se corrompe” (Pv 29.18). O
termo “profecia” se refere à mensagem de Deus dada por meio de um profeta.
Se refere a uma visão profética ou o ensino do profeta acerca da vontade e do
propósito de Deus. Essa revelação é indispensável na formação discipular,
sem a qual, anda cego, tropeçando, sem direção e confiança.
Ao formar sua comunidade, Jesus teve como objetivo ajudar quem persistia
na tarefa de conquistar novas pessoas para o discipulado, preservar quem já
estava envolvido e reconquistar quem, por qualquer razão, havia se afastado
da fé. Jesus lhes apresentou, primeiro, o Evangelho (Mc 1.14-15). Ora, não
podemos orientar alguém no caminho do Senhor e a tomar com clareza essa
importante decisão na vida sem levar em consideração o Evangelho.
Essa construção de Jesus tem na base uma singela missão: abrir seu ângulo de
visão para enxergar nas pessoas, que as rodeiam, possíveis novos parceiros de
caminhada, e, por outro lado, fortalecer ainda mais os laços dos que estão
integrados.
Com efeito, Jesus não fazia diferenciação entre às pessoas: ricos e pobres,
cultos e ignorantes, homens e mulheres. Seu convite ao discipulado se dirigia
a todos, sem exceção:
• chamou pessoas simples do povo (Mc 1.14-20);
• chamou quem era marginalizado pela sociedade (Mt 9.9-13);
• chamou quem estava oprimido pelas imposições religiosas (Mt 11.28-30);
• chamou a liderança rica da comunidade (Lc 1.18-30);
• chamou qualquer pessoas que o desejasse seguir (Mt 22.1-14).
1) A glória de Deus: isto é, tudo que Jesus fazia teve como ponto referencial
e ideal a glorificação do Pai;
2) O bem das pessoas: ou seja, o propósito do Evangelho é realizar a pessoa
em sua plenitude; em todas as suas faculdades, emoções e trabalho;
3) O bem da comunidade: pois a vontade de Deus não coexiste com o
egoísmo ou individualismo, mas sim com o bem comum.
As implicações práticas de seguir Jesus Cristo
Para alguns do grupo dos doze, tudo começou com um convite à beira do mar
da Galileia. Eram pescadores e esta era a profissão deles. Jesus passa e os
convida. Eles largam tudo e o seguem.
Na raiz deste grande entusiasmo inicial está a pessoa de Jesus que chama, a
Boa-Nova do Reino que os atrai! Eles ainda não percebem todo o alcance que
o contato com Jesus implica para a vida deles, mas isto, por enquanto, não
importa! O que im- porta é eles poderem seguir Jesus que anuncia a tão
esperada Boa-Nova do Reino,até que,enfim,o Reino chegou.(Mc 1.15)13
Seguir Jesus pressupõe ruptura! O compromisso desses primeiros discípulos
foi crescendo pouco a pouco até alcançarem uma participação efetiva e plena
na missão de Jesus (Mc 6.7-13). De fato, em Jesus, tudo é ação formadora.
13 FIGUEIRA, Eulálio; JUNQUEIRA, Sergio. Teologia e educação: educar para a caridade e
solidariedade. São Paulo: Paulinas, 2011, p 147.
1) um grupo mais amplo de setenta e, dentre eles, dois seguidores (Lc 10.1);
2) uma comunidade ampla de homens e mulheres (Lc 8.1-3);
3) as multidões, que se reuniam para ouvir sua mensagem.
À medida que crescia nele a intimidade com o Pai, Jesus adquiria um olhar
diferente para ler e entender a Bíblia e a vida. A Bíblia era ensinada pelos
fariseus e pelos escribas a partir de uma determinada ideia de Deus. Jesus,
que experimentava Deus como Pai, já não podia concordar com tudo que se
ensinava na sinagoga. 14
Quando Jesus discipulou os doze, usou pelo menos cinco processos chaves:
O primeiro deles foi os encontros transformadores, os outros quatro veremos
nos capítulos seguintes deste livro.
Quando lemos, por exemplo, João 1.35-42, podemos identificar alguns desses
encontros transformadores:
35No dia seguinte João estava ali novamente com dois dos seus discípulos.
36Quando viu Jesus passando, disse: Vejam: É o Cordeiro de Deus!
37Ouvindo-o dizer isso, os dois discípulos seguiram Jesus. 38Voltando-se e
vendo que os dois o seguiam, perguntou-lhes: O que você querem? Eles
disseram: Rabi (que significa Mestre), onde estás hospedado?. 39Respondeu
ele:Venham e verão. Então foram, por volta
das quatro horas da tarde, viram onde ele estava hospedado e passaram com
ele aquele dia. 40André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham
ouvido o que João dissera e que haviam seguido Jesus. 41O primeiro que ele
encontrou foi Simão, seu irmão, e lhe disse: Achamos o Messias (isto é, o
Cristo) 42E o levou a Jesus. Jesus olhou para ele e disse:Você é Simão, filho
de João. Será chamado Cefas (que traduzido é Pedro). (Jo 1.35-42)
Segundo os relatos dos evangelhos, este foi o primeiro contato pessoal desses
discípulos com Jesus. A resposta deles à pergunta de Jesus e o modo como se
referiu a ele, “Rabi”, 15 mostra a intenção séria de segui-lo.
Para alguns, “igreja espiritual” se justifica com aquele ambiente marcado por
muito ruído, instrumentos musicais tocando com bastante volume. Pode até
ser que haja espiritualidade nisso, mas o que a Bíblia define como
espiritualidade cristã é outra coisa. No Novo Testamento o termo espiritual
vem da palavra Espírito Santo, que se revela especialmente através dos seus
frutos.
Não existe discipulado fácil. Se for fácil não é discipulado! No “exame” para
o discipulado de Jesus não há condições de “colar” as respostas, pois o
“exame” é individual e as respostas somente podem ser dadas por quem
percorre o caminho e se identifica com ele.
Com o convite às pessoas que desejassem ser seus discípulos, Jesus sempre
conseguia uma reação: por vezes a ira e a indignação, como no caso dos
líderes religiosos; outras vezes, o assombro, o espanto, a perplexidade por
parte dos ouvintes por falar com tanta autoridade e poder.
16 João da Cruz (1542-1591). Teólogo espanhol que se destacou pelo misticismo e exercícios
espirituais. É o autor das seguintes obras: Subida ao Monte Carmelo, Noite Escura, Chama Viva de
Amor e Cântico Espiritual.
O Senhor Jesus fez severas exigências àqueles que seriam seus discípulos –
exigências que são totalmente desprezadas nestes dias de vida voltada ao
luxo. É como vermos o cristianismo simplesmente como uma fuga do inferno
e uma garantia de se chegar ao céu. Além disso, sentimos que temos todo o
direito de desfrutar do melhor que esta vida tem a oferecer. Estamos cientes
da existência daqueles versículos incisivos na Bíblia que falam sobre o
discipulado,mas temos dificuldade de conciliá-los com nossas vidas sobre
como o cristianismo deveria ser.17
Jesus deixava muito claro que havia um preço a pagar em ser seu discípulo: a
nossa própria vida, o próprio eu. Na visão de Jesus, discipulado é um estilo
de vida. Portanto, quem acha que já aprendeu tudo deixou de ser discípulo e
passou a ser “mestre”
• Jesus não exigiu isso de certa classe seleta de trabalhadores cristãos, mas de
todos. Ele disse; “qualquer de vocês...”.
• Jesus não disse que devemos simplesmente estar dispostos a abandonar
tudo. Ele disse: “qualquer de vocês que não renunciar”.
• Jesus não disse que devemos renunciar apenas uma parte de nossa riqueza.
Ele disse: “Qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui”
• Jesus não disse que se apegar aos seus tesouros teria diante de si a
possibilidade de viver uma forma diluída de discipulado. Ele disse: “não pode
ser meu discípulo”.
Amor a Cristo significa viver em conformidade com o que ele ordenou (Jo
15.9-12; 1Jo 2.3-11). Amor ao evangelho significa que as boas-novas que
Jesus veio fazer devem ser prioridades em nossas vidas.
De volta a João 6, versículo 60, vemos que alguns ouvintes de Jesus reagiram
à sua mensagem, dizendo: “Dura é essa palavra. Quem pode suportá-la?” O
discurso era duro porque era ao mesmo tempo difícil e aparentemente
ofensivo. Difícil porque até aquele momento nenhum mestre havia sido tão
ousado ao ponto de utilizar tanto o “eu sou” como Jesus o fez e, ainda com
uma terminologia que o povo nunca tinha ouvido: “Eu sou o pão da vida” (v.
47), “Eu sou o pão vivo que desceu do céu” (v. 51). Quando as palavras e
atos de Jesus eram favoráveis às pessoas, em multidão, o seguiam. Mas
quando a Palavra era dura e o desafio era maior, poucos permaneciam.
Mas Jesus era o Mestre que ensina com coragem e intrepidez, com a marca
das altas exigências. Naquele contexto Jesus tinha que ser direto e duro,
assim é no discipulado, não podemos fazer concessões, baixar as exigências.
Por que isto foi repetido tantas vezes? Não seria porque esta frase estabelece
um dos princípios mais fundamentais da vida cristã, a saber, que a vida
guardada para si mesmo é vida perdida, enquanto vida derramada para o
Senhor é vida encontrada, salva, alegre e mantida pela eternidade. 19
É orando que Jesus nos ensina a orar (Lc 11.1). Observe como Lucas inseriu
o pedido dos discípulos – “Senhor, ensina-nos a orar” - no momento em que
eles já tinham crescido na formação interior ou para destacar que a pergunta
nasceu das muitas vezes que viram Jesus orando.
Para cultivar uma vida cristã vitoriosa, mesmo em meio às agitações da vida
cotidiana, precisamos perseverar em oração, pois esta pratica alicerça bem
nossa vida para que nos momentos difíceis não venhamos a naufragar diante
das ondas agitadas pelo vento.
A oração, que eleva a alma para Deus em íntimo diálogo de amor, é uma
disciplina espiritual discernidora. Desta forma, o olhar atento nos favorece
uma conscientização de que, sem a oração, não é possível uma vida interior
de piedade e discernimento.
O Padrão Divino
Como podemos desenvolver uma vida de oração que nos possibilita discernir
em que investir a vida?
A oração foi um dos processos utilizado por Jesus no discipulado dos doze.
Jesus passava noites inteiras intercedendo pelos seus discípulos.
12Num daqueles dias,Jesus saiu para o monte a fim de orar,e passou a noite
orando a Deus. 13Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze
deles, a quem também designou apóstolos.(Lc 6.12-13)
Observe que antes de Jesus formalizar os doze, ele retirou-se e passou a noite
em oração. Uma ocasião desta tão importante e com tantas implicações para o
futuro do seu trabalho teria de ser “banhado” em oração.
Assim como Jesus, a pessoa que discipula deve orar até sentir que o próprio
Deus está lhe indicando as pessoas nas quais deve investir sua vida. Em
suma:
1) O discipulado implica em obediência radical a Jesus. Esta é a condição