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Hamartiologia

ÌNDÍCE DAS ABREVIATURAS


BÍBLICAS
VELHO TESTAMENTO
1

 Gn - Gênesis  Sl - Salmos
 Ex - Êxodo  Pv - Provérbios
 Lv - Levítico  Ec - Eclesiastes
 Nm - Números  Ct - Cantares
 Dt - Deuteronômio  Is - Isaias
 Js - Josué  Jr - Jeremias
 Jz - Juízes  Lm - Lamentações
 Rt - Rute  Ez - Ezequiel
 I Sm - I Samuel  Dn - Daniel
 II Sm - II Samuel  Os - Oséias
 I Rs - I Reis  Jl - Joel
 II Rs - II Reis  Am - Amós
 I Cr - I Crônicas  Ob - Obadias
 II Cr - II Crônicas  Jn - Jonas
 Ed - Esdras  Mq - Miquéias
 Ne - Neemias  Na - Naum
 Et - Ester  Hc - Habacuque
 Jó - Jó  Sf - Sofonias
 Ag - Ageu
 Zc - Zacarias
 Ml - Malaquias

A doutrina do pecado
Hamartiologia
ÌNDÍCE DAS ABREVIATURAS
BÍBLICAS
NOVO TESTAMENTO
2

 Mt - Mateus  Hb - Hebreus
 Mc – Marcos  Tg - Tiago
 Lc - Lucas  I Pe - I Pedro
 Jo - João  II Pe - II Pedro
 At - Atos  I Jo - I João
 Rm - Romanos  II Jo - II João
 I Co - I Coríntios  III Jo - III João
 II Co - II Coríntios  Jd - Judas
 Gl - Gálatas  Ap - Apocalipse
 Ef - Efésios
 Fp - Filipenses
 Cl - Colossenses
 I Ts - I Tessalonicenses
 II Ts - II Tessalonicenses
 I Tm - I Timóteo
 II Tm - II Timóteo
 Tt - Tito
 Fm - Filemom
 Hb - Hebreus

A doutrina do pecado
Hamartiologia
SOBRE A FATEK
Salomão, o Sábio escreveu “Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e
esconderes contigo os meus mandamentos. Para fazeres o teu ouvido atento à
sabedoria; e inclinares o teu coração ao entendimento... Então entenderás a
3
justiça, o juízo, a eqüidade e todas as boas veredas” (Provérbios 2.1-9).

Partindo da premissa que o cristão precisa buscar conhecimento, e que este


faz a diferença, é que a Fatek foi criada. Deus usando o profeta Oséias disse
"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu
rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não seja sacerdote
diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me
esquecerei de teus filhos" (Oséias 4.6). Nos dias atuais estas palavras se
adéquam na vida de muitas pessoas, que tendo a possibilidade de adquirirem
conhecimento, não o fazem. A Fatek tem como objetivo fomentar a busca pelo
conhecimento Teológico, através de suas disciplinas e projetos de estudos
sistemáticos. Através de uma grade curricular de alto nível, traz á todos o que
há de melhor na educação cristã.

Caro aluno, você ingressou em uma instituição séria que tem como regra áurea
o compromisso com o ensino. Aqui você terá conteúdos teóricos e práticos,
fundamentais para que seu aprendizado seja o mais sólido possível e que os
resultados de seus esforços sejam os melhores. Temos consciência de que os
desafios são muitos, mas zelamos pela qualidade de nosso ensino e a
capacitação de nossos professores. Queremos construir ao longo dos anos
uma Instituição forte cuja característica maior são os Valores Éticos Cristãos.

A Fatek é uma Instituição com personalidade jurídica e tem como objetivo


trazer capacitação Teológica, e, mais do que isso, fazer com que seus alunos
se tornem exímios conhecedores de Deus, de suas doutrinas e de outras áreas
que fazem parte de nossa existência.

A Fatek está protegida pelo disposto do parecer 241/99 do MEC, um dos


pareceres que regulamenta o Ensino Teológico e curso livres no Brasil, bem
como pela lei 9.394 (lei de diretrizes de bases) em seu Art. 80. Todos os cursos

A doutrina do pecado
Hamartiologia
são de caráter livre e de natureza eclesiástica, não tendo reconhecimento do
MEC.

A Fatek surgiu da necessidade de ajudar os pastores, bem como as igrejas que


estão sob sua responsabilidade. Nossa visão está baseada em quatro pilares:
4
1. Formação acadêmica de qualidade. Temos consciência de que
adquirir conhecimento é essencial, mas este deve vir acompanhado de
qualidade, por isso, nossos professores são instruídos a prepararem
suas aulas com antecedência e dar atenção a todos os alunos, além
disso, responder, ainda que posteriormente, todos os questionamentos.
2. Motivação. Nossos professores, bem como nossos alunos são
motivados a usar o conhecimento adquirido para o crescimento da Obra
do Senhor e no auxílio aos pastores de suas igrejas.
3. Confiança. Nossos alunos sabem que podem contar com toda a equipe
da Fatek, pois aqui se fazem amigos.
4. Compromisso. A Fatek possui compromisso ético e educacional que
importa na credibilidade de seu material de estudo e de assistência aos
seus alunos e colaboradores.

Sejam todos bem-vindos a Fatek. Que nossos cursos sejam bênçãos nas vidas
que por aqui passarem e que Deus aceite os esforços de todos.

Prof. Dr. Samuel Rodrigues Valadares

A doutrina do pecado
Hamartiologia
GRADE CURRICULAR TEOLÓGICA

Básico em Teologia Bacharel Mestrado

 1. Bibliologia  25. Didática do Ensino  1. Filosofia da Religião 5


 2. Doutrina de Deus  26. Metodologia Científica  2. Fundamentalismo
 3. Cristologia  27. Teologia do A. T  3. Conhecimentos Gerais
 4. Paracletologia  28. Teologia do N. T  4. Teologia Patrística
 5. Hamartiologia  29. História da Igreja  5. Arqueologia Bíblica
 6. Soteriologia  30. História do Cristianismo  6. Introdução a Pedagogia
 7. Eclesiologia  31. Seitas e Heresias  7. Introdução a Sociologia
 8. Missiologia  32. Teologia Sistemática  8. Direito Eclesiástico
 9. Evangelismo  33. Antropologia  9. Modernismo Teológico
 10. Escatologia  34. Aconselhamento 10. Métodos de Estudos
 11. Escola Dominical  35. Psicologia Pastoral  11. Teol. Contemporânea
 12. Discipulado Cristão  36. Liderança Cristã  12. Ètica Ministerial

Médio em Teologia.  37. Apologética Doutorado


 38. Exegese Bíblica
 13. Pentateuco  Tese.
 39. Ética
 14. Tipologia Bíblica
 40. Homilética
 15. Livros Históricos
 41. Hermenêutica
 16. Livros Poéticos
 42. Panorama Bíblico
 17. Profetas Maiores
 18. Profetas Menores
 19. Os Evangelhos e Atos
 20. Angelologia
 21. Epístolas Paulinas
 21. Epístolas Gerais
 22. Geografia Bíblica
 24. Adm. Eclesiástica

A doutrina do pecado
Hamartiologia
AOS ALUNOS

É imprescindível que se tome alguns cuidados para que haja um melhor 6

aproveitamento da matéria, dentre eles:

1. Estude o material sempre que possível, fora da sala de aula;

2. Adquira material de apoio como bíblias, dicionários, mapas, tabelas,

concordância bíblica, livros etc.;

3. Faça sempre anotações daquilo que aprendeu bem como de suas

dúvidas, que poderão ser esclarecidas posteriormente;

4. Não converse durante a aula, dê toda sua atenção aquilo que está

sendo ministrado em sala de aula;

5. Desligue o celular na sala de aula, se não for possível só o atenda em

caso de necessidade;

6. Não faça perguntas se você já sabe a resposta.

7. Peça o Espírito Santo para lhe abrir o entendimento, pois ele sempre o

faz.

A doutrina do pecado
Hamartiologia
SUMÁRIO

Introdução.....................................................................................9 7

I. Conceitos históricos e teorias sobre a origem do pecado.............9

II. Dois aspectos nos quais o tema pode ser visualizado................11

III. Teorias filosóficas sobre a natureza do pecado.........................12

IV. O que a Bíblia ensina sobre a origem do pecado......................17

V. O conceito de pecado no Antigo e Novo Testamento.................18

VI. O pecado no Novo Testamento.................................................20

VII. Teorias acerca do pecado.........................................................21

VIII. A árvore do conhecimento do bem e do mal............................23

IX. A origem do mal.........................................................................23

X. A origem do pecado da raça humana.........................................26

XI. A natureza pecaminosa..........................................................28

XII. A classificação do pecado.........................................................29

XIII. A diferença entre tentação e pecado.......................................34

XIV. O Pecado e a Lei.....................................................................35

XV. O pecado e sua eterna consequência.....................................35

A doutrina do pecado
Hamartiologia
XVI. As consequências do pecado...............................................37

Referencias Bibliográficas.............................................................40

A doutrina do pecado
Hamartiologia
Introdução.

Hamartiologia (do grego transliterado hamartia = erro, pecado + logós =


estudo), como sugere o próprio nome, é a ciência que estuda o pecado, ou, se
preferível, o estudo sistematizado daquele tema, o pecado.
9

Qualquer pessoa que se dá a meditar na doutrina do pecado, procurando


compreendê-la mesmo à luz das Escrituras, inevitavelmente há de se defrontar
com a seguinte indagação: Qual a origem do pecado?

I. Conceitos históricos e teorias sobre a


origem do pecado

São os mais diversos os conceitos que ao longo da história surgiram acerca do


pecado. Irineu, bispo de Lyon, na Ásia Menor (130-208 d.C.), foi, talvez, o
primeiro dos pais da Igreja Antiga, a assegurar que o pecado no mundo se
originou na transgressão voluntária do homem no Éden.

O conceito de Irineu logo tomou conta do pensamento e da teologia da Igreja,


especialmente como arma no combate ao gnosticismo, pois este ensinava que
o mal é inerente à matéria.

1.1. Do gnosticismo a Orígenes.

O gnosticismo ensinava que o contato da alma humana com a matéria era que
a tornava imediatamente pecadora. Esta teoria naturalmente despojou o
pecado do seu caráter voluntário como é apresentado na Bíblia. Orígenes (185-
254 d.C.) sustentou este mesmo ponto de vista por meio de sua teoria
chamada “preexistencismo”. Segundo ele, as almas dos homens pecaram
voluntariamente em existência prévia, e, portanto, todas entraram no mundo
numa condição pecaminosa. Este conceito de Orígenes sofreu forte oposição
mesmo nos seus dias.

1.2. Os pais da Igreja.

A doutrina do pecado
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Em geral os pais da Igreja Grega dos séculos III e IV se mostraram inclinados a
negar a relação direta entre o pecado de Adão e seus descendentes. Em
contraposição, os pais da Igreja Latina ensinaram com bastante clareza que a
presente condição pecaminosa do homem encontra sua explicação na primeira
transgressão de Adão no Éden. 10

1.3. De Agostinho á reforma.

O ensino da Igreja do Ocidente quanto à origem do pecado teve seu ponto


mais elevado na pessoa de Agostinho. Ele insistiu no ensino de que em Adão
toda a humanidade se acha culpada e maculada. Já os teólogos
semipelagianos admitiam que a mancha do pecado, e não o pecado mesmo, é
que era causada pelo relacionamento humanidade – Adão. Durante a Idade
Média, o que se cria a respeito do assunto era uma mistura de agostinismo e
pelagianismo. Os Reformadores, particularmente, comungaram do ensino de
Agostinho.

1.4. Do racionalismo a Karl Barth.

Sob a influência do racionalismo e da teoria evolucionista, a doutrina da queda


do homem e de seus efeitos fatais sobre a raça humana, foi descartando-se
gradualmente. Começou a se difundir a idéia de que, se realmente houve o que
a Bíblia chama “queda” do homem, essa queda foi para o alto. A idéia do
pecado odioso, aos olhos santos de Deus, foi substituída pelo mal, e este mal
se aplicou de diferentes maneiras. Por exemplo, Emanuel Kant o considerou
como parte inseparável do que há de mais profundo no ser humano, e que não
se pode explicar. O evolucionismo chama esse “mal” de oposição das baixas
inclinações ao desenvolvimento gradual da consciência moral. Karl Barth,
teólogo suíço (1886-1968), fala da origem do pecado como um mistério da
predestinação.

Em suma, o que muitas correntes da teologia racionalista erradamente


ensinam é que Adão foi na verdade o primeiro pecador, porém sua
desobediência não pode ser considerada como causa do pecado no mundo. O

A doutrina do pecado
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pecado do homem estaria relacionado alguma forma com a sua condição de
criatura. A história do Paraíso nada mais proporciona ao homem do que a
simples informação de que ele necessariamente não precisa ser pecador.

II. Dois aspectos nos quais o tema pode ser


11
visualizado

Quando se estuda sobre a natureza do pecado podemos estudá-la a partir de


dois aspectos: a natureza metafísica e a natureza moral. Vejamos:

2.1. A natureza metafísica do pecado. As seguintes perguntas tratam desta


natureza: O que é aquilo que chamamos pecado? Trata-se de uma substância,
de um princípio ou de um ato? É privação, negação ou defeito? É antagonismo
entre mente e matéria, entre alma e corpo? É egoísmo como sentimento ou
como propósito?

2.2. A natureza moral do pecado. Perguntas como as seguintes tratam da


natureza moral: O que dá ao pecado seu caráter como mal moral? Como ele se
relaciona com a lei? Com que lei o pecado se relaciona? Qual é a sua relação
com a justiça de Deus? Qual é a sua relação com a santidade? Qual é a
relação que o pecado tem ou pode ter com a lei; trata-se só de atos
deliberados, ou também de ações impulsivas e de afetos, emoções e
princípios, ou disposições?

2.3. Como a discussão teológica sobre o tema mantêm estes dois pontos de
vistas. Em algumas teorias acerca da natureza do pecado, se mantém um dos
dois aspectos; em outras, exclusivamente sob outro; e em outras, os dois
pontos de vista são combinados. Não se propõe aqui tentar manter
distintamente um destes pontos de vistas, pois ambos estão envolvidos na
discussão teológica do tema.

A doutrina do pecado
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III. Teorias filosóficas sobre a natureza do
pecado

3.1. Dualismo. É aquela teoria que pressupõe a existência de um eterno


princípio do mal. Essa teoria foi amplamente disseminada por todo o Oriente,
12
em diferentes formas parcialmente introduzida na igreja cristã. Segundo a
doutrina dos Parsis, esse princípio original era um ser pessoal. Segundo os
gnósticos, marcionitas e maniqueus, era uma substância ou matéria eterna.
Estes dois princípios estão em perene conflito. Quando o homem foi criado
este dualismo entrou na constituição humana. Pecado, portanto, é um mal
físico; a contaminação do espírito por sua união com o corpo material; e deve
ser combatido por meios físicos. Daí o ensino da eficácia da abstinência e da
austeridade. Dificuldades desta teoria:

3.1.1. Nega o teísmo ao fazer com que algo fora de Deus seja eterno e
independente de Deus;

3.1.2. Destrói a natureza do pecado como um mal moral, ao representá-lo


como inseparável da natureza humana;

3.1.3. Destrói a responsabilidade humana ao atribuir sua origem a uma fonte


eterna e necessariamente operante.

3.2. Negação ou limitação do ser. Segundo esta teoria o ser, a substância, é


bom. Deus como a substância absoluta é o bem supremo. Portanto, quanto
menos ser, menos bem; e toda negação, ou limitação de ser, é má, ou pecado.
Nesta teoria a distinção entre bem e mal é, portanto, meramente quantitativa,
uma distinção entre mais ou menos. O ser é bom; a limitação do ser é má. O
pecado é um desenvolvimento imperfeito, ou a mera limitação do ser.
Dificuldades desta teoria:

3.2.1. Ignora a diferença entre o mal físico e o mal moral;

3.2.2. Pressupõe a veracidade do sistema panteísta do universo, negando a


existência de um Deus pessoal;

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3.3.3. Destrói todo sentimento de dever moral, concedendo liberdade irrestrita a
todas as paixões pervertidas, ao ensinar que tudo o que existe é bom; que tudo
o que existe ou ocorre tem direito a ser.

3.3. Privação. Esta é a teoria de Leibnitz, que ensina que o pecado é privação
13
e o atribui à necessária limitação do ser. Segundo esta teoria o pecado é
inevitável porque emana da necessária limitação da criatura. A criatura não
pode ser absolutamente perfeita. Seu conhecimento e poder deve ser
limitados. Nunca podemos esperar uma ação absolutamente perfeita de um
agente menos que absolutamente perfeito. Dificuldades desta teoria:

3.3.1. Ela faz do mal uma necessidade. O pecado é a consequência inevitável


da imperfeição ou finitude das criaturas humanas;

3.3.2. Ela faz de Deus o autor do pecado, no sentido de atribuir-lhe a


responsabilidade de sua existência, já que foi Deus que criou o homem, e a
criação é sempre limitada e privada da perfeição;

3.3.3. Oblitera (destrói) as distinções entre mal moral e mal físico;

3.3.4. Ameniza nosso senso do mal ou poluição do pecado e destrói nosso


senso de culpa;

3.3.5. Eterniza o pecado. Visto que nunca podemos deixar de ser criaturas,
jamais poderemos livrar-nos das limitações de nosso ser, ou seja, nunca
podemos livrar-nos do pecado.

3.4. Antagonismo Necessário. Ensina que toda a vida, implica ação e reação.
Inclusive no universo material prevalece a mesma lei, por exemplo, todas as
mudanças químicas são produzidas por atração e repulsão. Também é assim
no mundo animal não há forças sem obstáculos vencidos; nem descanso sem
fadiga; nem vida sem morte. Assim também a mente se desenvolve através de
esforços contínuos, através do conflito constante entre o que está dentro e o
que está fora. A mesma lei deve prevalecer no mundo moral. Não existe bem
sem mal. Logo um mundo moral sem pecado é impossível. O pecado é a

A doutrina do pecado
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condição necessária para a existência da virtude. Dificuldades encontradas
nesta teoria:

3.4.1. Ela destrói a natureza do pecado. O que chamamos de pecado ela


chama de lei universal de toda existência finita. Não pode haver ação sem
14
reação.

3.4.2. O mal deixa de ser algo aversivo e condenável, já que não pode existir o
bem sem o mal.

3.4.3. Os homens deixam de ser responsáveis pelo que o mal (pecado) é


inseparável de sua natureza como criaturas;

3.4.4. Faz de toda a natureza um engano e de todas as denúncias das


Escrituras contra o pecado desvarios do fanatismo.

3.5. A Teoria Sensorial. Coloca a fonte e a sede do pecado na natureza


sensorial do homem. O homem é composto de corpo e espírito. Por meio do
corpo ele é conectado ao mundo ou natureza externa; e, por meio do espírito
ao mundo espiritual e a Deus, ele tem necessidades, desejos, apetites e
afeições que encontram seus objetos no mundo material, e que ele tem outros
instintos, afeições e faculdades que encontram seus objetos no mundo
espiritual. É auto-evidente que os últimos são mais elevados e devem ser
invariavelmente e sempre dominantes. Mas as experiências provam o
contrário, os homens sempre preferem o inferior em vez do superior; os
homens são governados universalmente, em maior ou menor extensão, e
sempre em grau pecaminoso, por sua natureza sensorial ou inferior. Nisto
consiste a fonte e a essência do pecado.

Esta teoria tem sido ensinada em todas as eras da Igreja e tem existido em
diversas formas. Vejamos:

3.5.1. No sistema maniqueísta. Que ensina o mal essencial da matéria;

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3.5.2. No sistema romanista mais recente. Que ensina que o homem, como
criado originalmente, foi constituído de tal maneira que a alma ficou sujeita ao
corpo, tendo suas faculdades superiores subordinadas à sua natureza inferior
ou sensorial. No caso de Adão, esse mal original estava corrigido pelo dom
supernatural da retidão original. Quando aquela retidão se perdeu com a 15

queda, o elemento sensorial passou a dominar. Nisso consiste sua


pecaminosidade habitual, e esta é a fonte de todas as transgressões atuais.

3.5.3. Outras formas desta teoria. O fato de que o homem é governado pelos
elementos inferiores e não pelos mais elevados de sua natureza, como matéria
de experiência, é explicado de diversas maneiras. Vejamos algumas destas
explicações:

Fraqueza relativa dos poderes mais elevados, isso equivale a doutrina


de Leibnitz, de que o pecado se deve às limitações de nossa natureza;
Liberdade da vontade, ou seja, o homem como agente livre, tem o poder
de resistir ou submeter às seduções da carne;
Ascendência universal dos poderes inferiores através de uma referência
à ordem do desenvolvimento de nossa natureza.

Tal teoria também não expõe a verdade bíblica sobre o pecado. Vejamos:

a) O pecado não é essencialmente o estado ou ato de uma natureza sensorial.


Os espíritos malignos, não tem corpos, nem apetites sensuais e são
apresentados como criaturas pecaminosas nas Escrituras;

b) Os pecados que mais degradam e mais sobrecarregam a consciência, nada


tem a ver com o corpo. A soberba, a malícia, a inveja, a ambição, a
incredulidade e a inimizade contra Deus são pecados espirituais;

c) Esta teoria faz diminuir nossa consciência de pecado e de culpa, ao fazer do


mal moral mera debilidade, pois emana da própria constituição da natureza do
homem como seres sensíveis;

A doutrina do pecado
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d) Se o corpo for a sede do pecado, então tudo o que tende a debilitar o corpo
ou a reduzir a força de seus desejos tenderá a fazer os homens mais puros e
virtuosos. Neste caso o monasticismo e o ascetismo são verdadeiros. O que é
condenado pelas Escrituras, pela soberba, autojustificação, formalismo e a
falsa religião nutrida nestes movimentos; 16

e) De acordo com esta teoria os velhos deveriam ser bons, já que neles se
extinguem as concupiscências da carne. O mundo para eles, já perdeu seus
atrativos. O corpo se converte em fardo, no obstante quanto mais velho é o
homem, a não ser que seja renovado pela graça de Deus, pior é o pecador;

f) As Escrituras se opõem diretamente à teoria que faz do corpo ou da natureza


sensorial do homem a fonte do pecado, visto que ela contempla o pecado
como sendo uma depravação total da natureza humana e anão apenas uma
parte (a sensorial), como objeto do pecado.

3.6. Pecado consiste em egoísmo. O pecado consiste na indevida preferência


de nossa própria felicidade em detrimento da felicidade ou bem-estar dos
outros. Neste caso o pecado é a indevida preferência de nós mesmos. Esta
teoria se baseia nos seguintes princípios:

3.6.1. A felicidade é o bem supremo. Tudo o que promove este bem supremo é
bom, tudo que é contrário a este bem supremo é mau;

3.6.2. Como a felicidade é o único e último bem, a benevolência, ou a


disposição ou o propósito de promover a felicidade, deve constituir a essência
e a suma da virtude;

3.6.3. Sendo Deus infinito, deve ser infinitamente benevolente e por isso seu
desejo deve ser o de produzir o maior volume de felicidade;

3.6.4. Sendo o universo obra de Deus, tem de estar designado e adaptado


para alcançar tal fim;

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3.6.5. Como o pecado existe no mundo real, tem de ser o meio necessário do
sumo bem, e, portanto, é consistente com a santidade de Deus permitir,
ordenar ou criar o pecado;

3.6.6. Não há no mundo mais pecado do que necessita para garantir a


17
suprema felicidade do universo.

Vejamos as objeções a esta teoria:

a) Ela destrói o próprio conceito do bem moral. Confunde o certo com o


conveniente;

b) Opõe-se a nossa natureza religiosa e moral. Nós dependemos de Deus. Mas


esta teoria ensina que somos obrigados a promover nossa felicidade e o meio
para isso é o pecado e não nossa santidade;

c) Se o pecado é o meio para promover a felicidade, então ele deixa de ser


pecado e converte-se em bem.

IV. O que a Bíblia ensina sobre a origem do


pecado

Na Bíblia, o mau moral que assola o mundo, normalmente chamado pelos


homens de fraqueza, equívoco, deslize, queda, fracasso, erro, iniqüidade,
transgressão, contravenção e injustiça se define claramente como pecado, A
Bíblia apresenta o homem como transgressor por natureza. Mas, como adquiriu
o homem essa natureza pecaminosa? O que a Bíblia nos diz acerca disso?
Para termos respondidos estas indagações são interessantes e indispensáveis
considerar o seguinte:

4.1. Deus Não é o Autor do Pecado.

Evidentemente Deus, na sua onisciência, já vira a entrada do pecado no


mundo, bem antes da criação do homem. Porém, deve-se ter o cuidado para
que ao se fazer esta interpretação, não fazer de Deus a causa ou o autor do

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pecado. “Longe de Deus o praticar ele a perversidade, e do Todo-poderoso o
cometer injustiça” (Jó 34.10).

Deus é santo e não há Nele nenhuma injustiça. “Ninguém ao ser tentado, diga:
Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e ele
18
mesmo a ninguém tenta”. Deus odeia o pecado e como prova disto enviou a
Jesus Cristo como provisão salvadora para o homem. Assim sendo, as
Escrituras rechaçam todas aquelas idéias deterministas, segundo as quais
Deus é autor e responsável pela entrada do pecado no mundo.

4.2. O Pecado Teve Origem no Mundo Angélico.

Se quisermos conhecer a origem do pecado, teremos de ir além da queda do


homem, descrita no capítulo 3 de Gênesis, e por a nossa atenção em algo que
aconteceu no mundo dos anjos.

Deus criou os anjos dotados de perfeição, porém, Lúcifer e legiões deles se


rebelaram contra Deus, pelo que caíram em terrível condenação. O tempo
exato dessa queda não é dado a conhecer na Bíblia. Jesus fala acerca do
Diabo dizendo ser ele homicida desde o princípio. O apóstolo João diz que o
Diabo peca desde o princípio. Pouco se diz a respeito do pecado que
ocasionou a queda dos anjos; porém, quando Paulo adverte a Timóteo no
sentido de que nenhum neófito seja designado bispo sobre a casa de Deus, diz
o apóstolo porque: “...para não suceder que se ensoberbeça e caia na
condenação do Diabo”. Daí se concluir que o pecado do Diabo foi a soberba e
o desejo de sobrepujar a Deus.

4.3. Origem do Pecado na Raça Humana.

“Portanto, assim como por um só homem entrou no pecado o mundo, e pelo


pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque
todos pecaram” (Rm 5.12).

V. O conceito de pecado no Antigo e Novo


Testamento

A doutrina do pecado
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O Antigo Testamento descreve o pecado nas seguintes esferas:

5.1. Na Esfera Moral.

A palavra mais usada para o pecado significa “errar o alvo”.


19
- Errar o alvo: Dá idéia de, como um arqueiro que atira, mas erra, do mesmo
modo, o pecador erra o alvo no final da vida.

- Tortuosidade ou perversidade: o contrário da retidão; errar o caminho, como


um viajante que sai do caminho certo.

- Falta: ser achado em falta ao ser pesado na balança de Deus.

- Mal: “violência” ou “infração”

5.2. Na Esfera da Conduta Fraternal.

A palavra usada para determinar o pecado nesta esfera significa, violência ou


conduta injuriosa (Gn 6.11, Ez 7.23, Pv 16.29) ao excluir a restrição da lei, o
homem maltrata e oprime seus semelhantes.

5.3. Na Esfera da Santidade.

As palavras empregadas eram: “profano”, “imundo”, “contaminado” e


“transgressor”. Estes termos empregados nesta esfera implicam que o ofensor
já usufruiu a relação com Deus. Entendemos que os Israelitas como povo
escolhido, deveriam ser santos, pois pelas leis, em toda as atividades e esferas
de suas vidas, estavam reguladas pela Lei da Santidade. E que fosse contrário
a isso se tornava imundo, (Lv 11.24, 27, 31, 33, 39).

5.4. Na Esfera da Verdade.

“Engano”, “Mentira”. As palavras que descrevem o pecado nesta esfera dão


ênfase ao inútil e fraudulento elemento do pecado. Os pecadores falam e
tratam falsamente (Sl 58.3, Is 28.15, Êx 20.16, Sl 119.128).

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O primeiro pecador foi um mentiroso (Jo 8.44), o primeiro pecado começou
com uma mentira (Gn 3.4); e todo o pecado contém o elemento do engano (Hb
3.13).

5.5. Na Esfera da Sabedoria.


20

Os homens se portam impiamente porque não pensam ou não querem pensar


corretamente; não dirigem suas vidas de acordo com a vontade de Deus, seja
por descuido ou por deliberada ignorância. O homem precisa crescer na
sabedoria para firmeza e fundamento moral, o que de palavras de sabedoria,
ensino, exortação, fora escrito para ele não esquecer; para não ser facilmente
conduzido ao pecado (Mt 7.26, Pv 7.7, 9.4).

VI. O pecado no Novo Testamento

Palavras que expressam o Pecado no Antigo e Novo Testamento:

a) Errar o alvo i) Fermento

b) Tortuosidade j) Desordem

c) Perversidade k) Iniqüidade

d) Lepra l) Desobediência

e) Violência m) Queda

f) Profano n) Derrota

g) Imundo o) Impiedade

h) Transgressor p) Erro

- Errar o alvo. Expressa a mesma idéia que a conhecida palavra do Antigo


Testamento.

A doutrina do pecado
Hamartiologia
- Dívida (Mt 6.12). O homem deve a Deus a guarda dos seus mandamentos;
todo pecado cometido é contração de uma dívida. Incapaz de pagá-la, a única
Esperança do homem é ser perdoado, ou obter remissão da dívida.

- Desordem. O pecado é iniqüidade (I Jo 3.4), o homem escolheu a sua própria


21
vontade, isto é rebeldia.

- Transgressão. Literalmente “ir além do limite” (Rm 4.15). Os mandamentos de


Deus são cercas, por assim dizer, que impedem ao homem entrar em território
perigoso e dessa maneira sofrer o prejuízo para sua alma.

- Queda. Cair para um lado, (Ef 1.7). Pecar é cair de um padrão de conduta.

- Derrota. È o significado literal da palavra “queda” em (Rm 11.12). Ao rejeitar a


Cristo, a nação judaica sofreu uma derrota e perdeu o propósito de Deus.

- Impiedade. De uma palavra, sem adoração ou reverência, (Rm 1.18, II Tm


2.16). O homem ímpio é o que dá pouca ou nenhuma importância a Deus e as
coisas sagradas, pois não há temor ou reverência, porque está sem Deus e
não quer saber de Deus.

- Erro. (Hb 9.7) Descreve aqueles pecados cometidos como fruto da ignorância,
e dessa maneira diferenciam daqueles pecados cometidos presunçosamente,
apesar da luz esclarecedora. O homem que desafiadoramente decide fazer o
mal incorre em maior grau de culpa do que aquele que apanhado em falta, a
que foi levado por sua debilidade.

O pecado tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento é


considerado uma “brecha” ou “rompimento” de relações entre o pecador e o
Deus pessoal. É o desvio do pecado da vontade de Jeová, ou seja, a quebra
da lei, sendo que Jeová é a própria lei.

VII. Teorias acerca do pecado

7.1. A Teoria Pelagiana do pecado.

A doutrina do pecado
Hamartiologia
O Pelagianismo (do latim “pelagianismus”), é a doutrina fomentada por Pelágio,
clérigo britânico do século IV. Entre outras coisas, ele negava o livre-arbítrio e a
influência da graça divina. É semelhante ao “Determinismo”, que nega o livre-
arbítrio e que o pecado é algo natural do homem.
22
7.2. A Teoria Católica Romana do Pecado.

Pecado Capital. Expressão com que a Igreja Católica romana designa diversos
pecados: orgulho, ódio, inveja, impureza, gula, preguiça e a avareza.

7.3. A Teoria Evolucionista do Pecado.

Baseada e fundamentada na Teoria de Darwin, o Evolucionismo considera o


pecado como herança do animalismo primitivo do homem, ou seja, na fase
evolutiva do homem, erros e falhas são comuns, até que um dia o homem
chegará a ponto de perfeição.

7.4. O Ateísmo.

Nega a Deus, nega também o pecado, porque estritamente falando, todo


pecado é contra Deus, e se não há Deus, não há pecado.

7.5. O Determinismo.

Essa teoria filosófica afirma ser o livre-arbítrio uma ilusão, e não uma realidade.
Uma conseqüência prática do Determinismo é tratar o pecado como se fosse
uma enfermidade por cuja causa o pecador merece pena, compaixão ou
misericórdia (dó), ao invés de ser castigado.

7.6. O Hedonismo.

O Hedonismo (do grego: “hedoné” e do latim: “hedonismus”; prazer), é a teoria


que sustenta que o melhor ou mais proveitoso que existe na vida é a conquista
do prazer e a fuga da dor. Eles desculpam o pecado com expressões como
estas: “Errar é humano”; “o que é natural é belo e o que é belo é direito”.

A doutrina do pecado
Hamartiologia
A consciência testifica inequivocadamente da realidade do pecado. Todos
sabem que são pecadores. Ninguém, que tenha idade de responsabilidade,
tem vivido livre do senso de culpa pessoal e contaminação moral. O remorso
da consciência, por causa do mal praticado, persegue a todos os filhos e filhas
de Adão, ao passo que as conseqüências entristecedoras e terríveis do pecado 23

são vistas através da deterioração e degeneração física, mental e moral da


raça.

VIII. A árvore do conhecimento do bem e do mal

A árvore proibida ou a “árvore do conhecimento do bem e do mal”, foi colocada


no jardim para prover um teste pela qual o homem pudesse, amorosa e
livremente, escolher servir a Deus e dessa maneira desenvolver seu caráter.
Sem vontade livre o homem teria sido meramente uma máquina.

A árvore da ciência do bem e do mal fosse o que fosse a natureza exata desta
árvore, literal, figurada ou simbólica, o pecado de Adão e Eva, em parte, foi
essencialmente este: a transferência da direção das suas vidas, de Deus para
eles mesmos. Deus lhes dissera em substância, que podiam fazer tudo que
quisessem, exceto aquilo só. Foi um teste de obediência para eles. Para
concluir, a “árvore proibida” era a fonte para o homem ser conhecedor de todas
as coisas, o bem e o mal.

IX. A origem do mal

Devemos compreender que o pecado não teve sua origem aqui na terra. O
primeiro pecado foi cometido no céu. Assim sendo a fim de compreender sua
realidade e natureza, devemos estudar primeiro seu começo no universo, e
depois seu começo na terra.

Vamos considerar a primeira pessoa responsável pelo pecado no universo:

Analisemos Ezequiel 28.

A doutrina do pecado
Hamartiologia
V.12. Filho do homem levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-te:
Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e
perfeito em formosura.

V.13. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a


24
cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a
esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia
em que foste criado foram preparados.

V.14. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo


de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas.

V.15. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até
que em ti se achou iniqüidade.

V.16. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e


pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim
da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas.

V.17. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua
sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te
pus, para que te contemplem. (Ezequiel 28:12-17).

A passagem deixa claro que o profeta está descrevendo um ser sobrenatural.


As palavras poderiam aplicar-se ao rei Tiro, mas elas vão além desta aplicação
e descreve o maior de todos os seres criados. A quem mais poderiam aplicar-
se estas palavras, do que a satanás antes da sua queda?

Vamos agora observar o pecado cometido por esse ser exaltado.

Analisemos Isaías (14.12-14).

V.12. Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste
lançado por terra tu que prostravas as nações!

A doutrina do pecado
Hamartiologia
V.13. E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas
extremidades do norte;

V14. Subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.
25

Cinco vezes Lúcifer opõe sua vontade à vontade de Deus. Pode ser visto então
que o primeiro pecado foi o de rebelião contra Deus e total independência Dele.

"Eu subirei ao céu". Existem três céus: o céu atmosférico, o estrelar ou


astronômico, e o mais alto, ou terceiro céu, onde Deus e santos habitam. (II Co
12.1-4) onde Paulo descreve sobre Ter sido arrebatado até o terceiro céu.

"Acima das estrelas de Deus exaltarei meu trono". As estrelas de Deus


referem-se aos exércitos angélicos, como em"quando as estrelas da alva juntas
alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus" (Jó 38.7) e
"ondas bravias do mar, que espumam suas próprias sujidades; estrelas
errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas para sempre"
(Jd 13). Veja também (Ap 12.3,4, 22.16). O desejo de assegurar o domínio
sobre os seres angélicos é assim expresso: "E no monte da congregação me
assentarei, nas extremidades do Norte" estas palavras foram tidas como
expressando o desejo de possuir também um reino terreno. No simbolismo
bíblico, uma montanha significa um reino. "Acontecerá nos últimos dias que se
firmará o monte da casa do Senhor, será estabelecido como o mais alto dos
montes e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as
nações" (Is 2.2).

"Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os


quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não
se podia achar nenhum vestígio deles; a pedra, porém, que feriu a estátua se
tornou uma grande montanha, e encheu toda a terra" (Dn 2.35).

"Subirei acima das mais altas nuvens". A glória de Deus é muitas vezes
simbolizada por nuvens nas escrituras. Lúcifer queria possuir esta glória.

A doutrina do pecado
Hamartiologia
"Serei semelhante ao Altíssimo". Este é o apogeu dos outros quatro desejos.
Todas essas declarações expressam independência e oposição a Deus, uma
ambição deliberada contra Ele. Se ficarmos imaginando como o pecado pode
entrar num ambiente perfeito, a resposta parece ser, no que diz respeito a
Lúcifer e aos anjos que caíram com ele, que sua queda foi devido a revolta 26

voluntária autodeterminada, contra Deus.

X. A origem do pecado da raça humana

O terceiro capitulo de Gênesis descreve como o pecado entrou pela primeira


vez na raça humana. Um entendimento completo do que ensina este capitulo é
essencial para compreendermos o que se segue nas escrituras. A história da
queda do homem, como dada aqui, é uma contradição absoluta a teoria da
evolução, que pretende ensinar que o ser humano começou bem no inicio da
escala moral e esta agora vagarosamente subindo por ela. Pelo contrario, este
capitulo ensina que o homem começou bem no alto. À imagem e semelhança
de Deus, e passou a cair cada vez mais baixo.

Gênesis 3 também contradiz a moderna teoria da hereditariedade e do


ambiente. É-nos dito que a razão do pecado e do mal, se encontram no mundo
e resulta da transmissão corrupta da nossa hereditariedade. Se nossos
ancestrais não tivessem pecado, não seriamos pecadores. Sabemos que Adão
e Eva não tiveram ancestrais corrompidos, mesmo assim pecaram. Somos
ensinados também que a causa do mal no coração do homem é resultado do
ambiente perverso que vivemos. Se tão somente pudéssemos purificar a
sociedade, os homens não ficariam mais sujeitos a pecar. Isto mostra-se falso
pelo fato de que nossos primeiros pais (Adão e Eva) viviam numa condição de
perfeição, toda via pecaram. Assim devemos considerar que o homem não
precisa de um novo berço e sim de um novo nascimento.

A raça humana foi criada de modo a poder receber o amor de Deus e


corresponder a Ele. Para que o amor seja real, ele deve ser concedido

A doutrina do pecado
Hamartiologia
livremente. O amor não é amor se for dado por compulsão. Como Deus saberia
se o primeiro homem e mulher o amavam? Ele lhes deu uma oportunidade de
provar seu amor através de um simples ato de obediência. De fato ele não era
nem mesmo tão difícil quanto se poderia supor. Tudo que lhes foi pedido era
não praticar um determinado ato — comer do fruto de uma das muitas árvores 27

do jardim, e demonstrar desse modo sua dedicação ao Senhor. Deus não


estava privando de nada. Adão e Eva não precisavam do fruto dessa árvore.
Ele não era necessário para felicidade ou para o bem estar de ambos. Por
outro lado, o homem não necessita do pecado. Ele não acrescentou nem
sequer um segundo de prazer genuíno na vida humana.

Até os que pecam contra outros, desejam ser tratados com honestidade. O
mentiroso quer que você lhe fale a verdade, o ladrão que rouba seus bens não
quer que você roube os dele.

Não havia veneno ou mal no fruto daquela árvore. Só era errado porque Deus
dissera para não comerem dele. Na economia moral que Deus estava
estabelecendo aqui na terra, mas não uma necessidade. Adão e Eva jamais
deveriam Ter convertido essa possibilidade em realidade. Cercados de tudo
para prover cada uma das suas necessidades, e advertidos por Deus das
conseqüências que adviriam, só podemos concluir que foram culpados de suas
ações "Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua
própria concupiscência" (Tg 1.14). É muito importante gravar este fato na
mente: Deus não permitiu que Satanás coagisse Adão e Eva. A serpente os
tentou, mas não os forçou a comer do fruto proibido. A maneira como Satanás
agiu foi uma verdadeira prova, mas não constituiu num ato de sujeição
completa de Adão e Eva. Isto se aplica a toda tentação. A tentação bem
sucedida requer colaboração do indivíduo tentado. Ele deve ceder como Adão
e Eva cederam. Poderiam Ter acusado Satanás de Tiago tentado, mas
deveriam culpar-se a si mesmos por ceder a tentação. O pecado deles era de
sua responsabilidade, e assim tiveram de suportar o castigo.

A doutrina do pecado
Hamartiologia
A diferença entre a queda de Satanás e a queda do homem é que Satanás caiu
sem qualquer tentador externo. O pecado entre os anjos teve origem em seu
próprio ser; o pecado do homem se originou em resposta a um tentador e à
tentação externa. Pois se homem tivesse caído sem um tentador, ele teria
originado seu próprio pecado, tornando-se ele mesmo um Satanás. 28

Entretanto o pecado que habita no homem, não é dele mesmo, é sim uma
intrusão externa que não nos pertence. O que é original do homem está
declarado em (I Pe 1.15-16), "mas, como é santo aquele que vos chamou,
sede vós também santos em todo o vosso procedimento; porquanto está
escrito: Sereis santos, porque Eu sou santo".

XI. A Natureza Pecaminosa

a) Significado: A Natureza pecaminosa é a capacidade e inclinação humana


para fazer tudo aquilo que nos torna reprováveis aos olhos de Deus.

b) Passagens Bíblicas relacionadas (II Co 4.4, Ef 4.18, Rm 1.18, 3.20).

c) Resultado da natureza pecaminosa: Depravação total (Absoluta falta de


mérito do homem perante Deus) - Morte Espiritual.

d) Transmissão da natureza pecaminosa: Dos pais para os filhos (Sl 51.5).

e) Remédio: Redenção, que nos concede nova natureza (regeneração) e uma


nova capacidade de servir a Cristo. O Poder do Espírito que habita no crente
para dar vitória sobre a natureza pecaminosa, que já foi julgada.

11.1. Pecado imputado.

a) Significado: O resultado da participação de cada homem no pecado original


de Adão.

b) Texto-chave: Romanos 5:12 - Toda a humanidade estava em Adão,


participando de seu pecado e assumindo a culpa resultante dele.

A doutrina do pecado
Hamartiologia
c) Transmissão do pecado imputado: Transmitido diretamente de Adão a cada
membro da raça.

d) Penalidade: Morte física.

e) Remédio: A Justiça imputada de Cristo (II Co 5.21). 29

11.2. O Pecado na Vida do Crente.

a) O fato do pecado na vida do crente (I Jo 1.8-10)

b) O padrão para o crente: Andar na Luz (I Jo 1.7)

c) A prevenção do pecado na vida do crente: Através da Palavra de Deus (Sl


119.11), A intercessão de Cristo (Jo 17.15), O Espírito Santo que habita nele
(João 7.37-39)

d) Penalidades do pecado na vida do crente: perda de comunhão (I Jo 1.6),


exclusão da Instituição religiosa (I Co 5.4-5), disciplina de Deus (Hb 12.6), ás
vezes morte física (I Co 11.30).

e) O remédio para o pecado na vida do crente: Confissão (I Jo 1.9).

XII. A classificação do pecado

Assim como o estudo em si, a classificação do pecado também causa polêmica


e discussão.

Existe pecado mais prejudicial do que outro? Ou todo e qualquer pecado é


pecado?

Já vimos que pecado é uma ofensa contra Deus, logo presumimos que todo
pecado leva à morte (Romanos 6.23). Pecar afasta-nos do Espírito Santo e
destrói nossa comunhão com Ele (também já vimos isso Tt 3.3-5, Gl 5.16, Ef
4.25-30). Mas, existem sim pecados que se distinguem dos demais, contudo,
não nos mantém perto de Deus (Is 59.2).

A doutrina do pecado
Hamartiologia
A Bíblia fala-nos de pecados para a morte e pecados que não são para a
morte, pecado de blasfêmia, pecado no corpo e fora do corpo. Vejamos as
tipificações:

12.1. Pecado original (I Co 15.21,22).


30

O pecado de Adão não afetou somente a ele. Toda a humanidade ficou


comprometida por sua causa. Jesus nasceu com a mesma tendência, poderia
ter cometido pecado, mas sabemos que de todo homem que já existiu foi o
único que não pecou (Sl 51.5, Hb 4.15).

O apóstolo Paulo sugere que o pecado habitava nele desde o nascimento.

O mesmo Paulo afirma sermos, antes, filhos da desobediência e da ira.

Nossa natureza é do pecado por causa de Adão, mas por causa do Cordeiro
Perfeito, somos renascidos pelo sangue da cruz (Rm 7.17-25 NVI*; Ef 2.2-5).

12.2. Pecado contra o Espírito Santo (Mt 12.30-32).

“Como pode Satanás expulsar Satanás?” Foi esta a resposta de Jesus aos
mestres da lei quando estes Lhe faltaram com respeito dizendo que havia
expulsado demônios através do Diabo. Ora, Jesus tinha de toda a autoridade
do céu e não precisava se humilhar a Satanás para ter êxito em Seus feitos (Mt
28.18, 4.10,11).

Nesta influenciável palavra de Jesus, é-nos mostrado um tipo de pecado


imperdoável, aquele contra o Espírito Santo, também muito conhecido como
“blasfêmia contra o Espírito”.

Blasfêmia (gr. Blasphêmia = “ato de falar mal”, “difamação”). Esta expressão é


usada tanto em referência a homens (Mc 3.28) como especialmente a Deus
(Ap 13.5,6).

Há duas análises a serem feitas. Blasfêmia contra o Espírito Santo é, assim


como a criação do próprio pecado, algo polêmico e suscetível à discussão.

A doutrina do pecado
Hamartiologia
1ª Análise - Blasfêmia contra o homem será perdoada (Mt 12.31,32, Lc 12.10).

O apóstolo Paulo antes de sua conversão era blasfemador de homens (At 8.3,
I Tm 1.13).

Os mestres da lei, por ter o conhecimento, foram enquadrados como possíveis 31

blasfemadores do Espírito. Isto sugere que eles não tinham desculpas para não
serem rotulados como tais; Se possuíam o conhecimento ou não, era uma
questão íntima deles. Mancharam-se pela grande bobagem que fizeram ao
duvidarem de Jesus que visualizou suas índoles e os qualificaram como
“estudiosos superficiais”, por assim dizer.

2ª Análise – Blasfemadores do Espírito Santo só cabem aos que O conhecem


ou sabem da sua existência e capacidade (cf. Gn. 32.10; Mt. 6.5,8), ou seja, se
você não professa nem admite a Cristo como teu salvador só pode ser
qualificado como blasfemador de homens ou perseguidor do Evangelho porque
não crê (veja exemplo de Paulo At 22.4,5, Gl 1.13, I Tm 1.13). Quando não
cremos na Bíblia, ainda que sem perceber de fato, perseguimos a Palavra
Santa de Deus e espalhamos que é mentira mesmo sabendo lá no fundo que
não é. O fazemos apenas pelo fato de nos incomodar na TV, na internet, nas
redes sociais, nos escândalos que surgem envolvendo possíveis cristãos e em
outras situações. Como Paulo, que blasfemava contra Deus e o Seu povo sem
imaginar a capacidade Dele.

Quando assumimos a aceitação do Evangelho salvífico nos tornamos como


Cristo; santo, irrepreensível e capaz de realizar feitos e milagres em Seu nome.
Se agirmos assim não há desculpas para não acreditarmos na ação do Espírito
Santo. Se mesmo assim não acreditarmos nos tornarmos blasfemadores.

A idolatria não se emoldura no pecado da blasfêmia contra o Espírito. Apesar


de ser um pecado grave e arrasador contra Deus, a Bíblia diz que há perdão
para quem pratica este mal desde que se arrependa em tempo oportuno e
ainda existente (Isaías 55.6; Apocalipse 2.21; cf. Ex. 32 e Dt. 9.18-20).

A doutrina do pecado
Hamartiologia
A calúnia mais vil contra Deus é sugerida e respondida em Hebreus 10.29-31
NTLH****:

“Então, o que será que vai acontecer com os que desprezam o Filho de Deus e
consideram como coisa sem valor o sangue da aliança de Deus, que os
32
purificou? E o que acontecerá com quem insulta o Espírito de Deus, que o
ama? Imaginem como será pior ainda o castigo que essa pessoa vai merecer!
Pois sabemos quem foi que disse: ‘Eu me vingarei, eu acertarei contas com
eles.’ E quem também disse: ‘O Senhor julgará o Seu povo!’ Que coisa terrível
é cair nas mãos do Deus vivo!”

12.3. Passos que levam a blasfemar contra o Espírito Santo (Mc 3.29).

1. Entristecer o Espírito Santo. Se isto for contínuo levará a resistência ao


Espírito (Ef 4.30,31);

2. Resistir ao Espírito Santo. Acontecendo de forma contínua, o Espírito será


apagado do crente (Ef 5.19):

3. Apagar o Espírito Santo. Apagado o Espírito, o crente é levado a criar um


coração duro (Hb 3.8-13);

4. O endurecimento do coração. Coração duro é levado à uma mente


depravada (Rm 1.28-31; Is 5.20).

Eis porque, blasfemar contra o Espírito de Deus é algo imperdoável:

(Gn 6.3) “O meu Espírito não mais insistirá com aquele cujo coração se tornou
duro e impenetrável, porque se tornou extremamente carnal”.

(Dt 29.19-21 NVI*) “O Senhor jamais se disporá a perdoá-lo...”

Outras referências: (I Sm 2.25; Pv 29.1).

12.3. Pecado venial (Tg 1.27).

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Hamartiologia
Venial quer dizer “digno de vênia” (perdoável, desculpável). Vênia é “licença”,
“perdão”. Não há muito que falar sobre este tipo de pecado. A própria definição
já sugere suas características.

Pecados veniais são pequenas faltas morais como, por exemplo, omitir algum
33
fato, negligenciar alguma obrigação como cristão, dizer alguma mentira sem
maior importância (não estou mencionando que “mentir de leve” é permitido,
mas faço menção de que algumas vezes faltamos com a verdade por
esquecimento, ignorância ou o simples fato de acharmos estar corretos sobre
algo).

Coloquei propositalmente como subtema a passagem que fala de uma


“obrigação” cristã de todo seguidor de Jesus; visitar órfãos e viúvas.

Tiago fala de dois princípios a serem seguidos pelo que professa o verdadeiro
cristianismo:

12.3.1. O amor genuíno pelos necessitados;

Literalmente falando, órfãos e viúvas naquela época não tinham ninguém para
cuidar deles.

Então, era papel dos cristãos cuidarem com o mesmo amor que Deus cuidava
dos necessitados (Dt 10.17,18, 24.17, Sl 68.5, 146.9).

Hoje, no meio dos nossos há aqueles que precisam constantemente de ajuda e


conselhos para seguir a vida. Quantas vezes em nossa igreja há pessoas
humildes que tem dificuldade de abrir a Bíblia para encontrar o que será lido e
nenhum crente experiente se habilita a ajudá-lo a encontrar? Quantas vezes há
pessoas ansiosas por uma palavra amiga e confortante para seguir o seu curso
com mais vigor? Quem se habilita a ajudá-los? Esse é o nosso papel como
servos de Cristo e Sua igreja.

Precisamos lembrá-los de que Deus tem cuidado deles quando estes lançam
vossas ansiedades nas mãos de Jesus Cristo (Lc 7.11-17, Gl 6.10, I Pe 5.7).

A doutrina do pecado
Hamartiologia
12.3.2. Manter-se santo como Deus;

Tiago fala da necessidade de se manter santo ao ajudar os necessitados.


Explica que ajudá-los sem a manutenção da santidade perante Deus não é
amor divino.
34

Cuidar dos mais fracos é uma ordem expressa biblicamente. Muitas vezes
esquecemos-nos de realizar também este serviço nobre. Quando isto acontece
constitui-se pecado venial. Com essas palavras pareço minimizar a importância
desta ordenança. Só parece. Como povo de Deus devemos fazer a diferença e
mostrar o motivo de servirmos ao Senhor. Em um mundo tão mal educado
onde as pessoas esfriaram seus amores para com o próximo, nós, povo de
Deus, adentramos com a educação adquirida nas Santas Escrituras para
ensinar que o amor de Deus ainda existe.

XIII. A diferença entre tentação e pecado

Para texto base, analisaremos (Gn 3, Lc 4.1-13). Tentação é pecado? Essa


pergunta tem assolado a vida de muitas pessoas.

Eu responderia assim: “Jesus pecou?” Se você entende que Jesus não pecou
lembra que Ele foi tentado no deserto por Satanás, certo? Fica claro então que
ser tentado não significa cometer pecado. A tentação é a forma que o Diabo
usa para nos levar ao pecado da mesma forma como usou com Jesus no
deserto. Então entendemos que a tentação se torna pecado mediante a
condição nossa de aceitá-la em nossa vida até que se consuma de fato.

A primeira lembrança que temos de tentação é no Jardim do Éden tão falado


em nosso estudo. Satanás aguça a visão e a audição de Eva mostrando-lhe
supostas vantagens no fruto da árvore do conhecimento até então não vistas
por ela (Gn 3.4-6). A tentação foi lançada e até aqui não houve pecado.
Entretanto, nos versículos conseguintes vemos a consumação do pecado pela
mulher, ou seja, esta cedeu a tentação e esqueceu-se da ordem anterior de
Deus (Gn 2.16,17).

A doutrina do pecado
Hamartiologia
Quantos não estão cedendo às tentações e quebrando a relação íntima com o
Senhor?

Muitos em tal situação passam a reclamar de Deus como se a tentação viesse


propriamente Dele, sendo que a Bíblia enfatiza o contrário (I Co 10.13). Ele
35
permite tentações em nossas vidas, mas isso não significa que Ele é quem nos
tenta (Tg 1.13,14).

XIV. O Pecado e a Lei

(Rm 7.7-25 NVI*). Bastava para nós apenas o conhecimento da Lei, não fosse
Adão e Eva. Entretanto, o apóstolo Paulo diz aos romanos que não conheceria
o pecado se não soubesse da Lei. Se a Lei diz “não cobiçarás” é porque
cobiçar é pecado. O Mandamento provoca tentação àquele que resolve
obedecê-Lo. O pecado aproveita-se do Mandamento para enganar e levar
todos a ele. Subentende-se que Paulo fala da guerra violenta entre Deus (a
Lei) e Satanás (o pecado). Intermediando os dois está o homem (tentação ver
Tg. 1.14). Porém, o apóstolo afirma que em meio a toda essa troca de
informações com o objetivo de fazer cair o homem, a Lei é santa, justa e boa
(v. 12). Eu ainda afirmo que a tentação é a consequência da desobediência do
homem no Éden.

O apóstolo também afirma ser a Lei espiritual (v. 14) enquanto nós não o
somos (cf. Jr. 17.9). Quando desejamos fazer o bem sempre haverá próximo a
nós o mal a fim de derrubar a Lei, mas este apenas pode nos vencer quando
cedemos-lhe uma brecha (v. 21, I Pe 5.8). A Lei não é pecado, mas o pecado
deseja se tornar lei.

xV. O pecado e sua eterna consequência

(Ap 21.1-8). Se precisamos saber o conceito de “eternidade” na Bíblia não é


bom procurarmos muito. Apenas entender qual a idade de Deus nos faz refletir
como Ele é poderoso: “Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o

A doutrina do pecado
Hamartiologia
mundo, de eternidade a eternidade Tu és Deus” (Sl 90.2 NVI*). Com relação ao
pecado observemos o seguinte:

15.1. Houve o “nascimento” do pecado;

Nem sempre o pecado existiu, mas sabemos que teve seu princípio em um 36

tempo desconhecido concebido no coração de Lúcifer (Is 14.13,14; Ez 28.15).

15.2. Aconteceu a propagação do pecado;

Depois de ser expulso do céu, Lúcifer, agora Satanás, espalha o pecado pelo
mundo usando da fraqueza humana (Gn 3.1-5).

15.3. O pecado terá um fim;

A Bíblia fala de um novo céu e uma nova terra como morada de Deus e os
Seus santos: “...Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda
lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto nem pranto, nem dor,
porque as primeiras coisas já passaram.” (v. 3,4). Por essas características
percebemos que não haverá espaço para a iniquidade.

As palavras-chave para o versículo 4 são:

• Morte: Do grego “thanatos” = “morte natural”, “extinção da vida” e a qualidade


“mortal”;

• Dor: Do grego “ponos” = “esforço”, “angústia” ou a expressão “dores de


parto”.

Assim, compreendemos que morte e dor são consequências do pecado


(Gênesis 3.16,19), ou seja, não haverá pecado propriamente dito por que suas
consequências não terão lugar no novo céu e na nova terra (v. 8; Ap 20.10).

Os ímpios não se farão presentes no novo Tabernáculo de Deus nem sofrerão


mais as tentações do Diabo porque este também estará fora dessa bênção.

A doutrina do pecado
Hamartiologia
Todas as coisas se farão novas, haverá novas moradas onde habitará a justiça
e o céu e a terra que hoje temos ciência envelhecerão como pano velho. Deus
tem novos e melhores planos para o Seu verdadeiro povo, aqueles que vão
morar no céu com Deus e os anjos. Tudo será novo e não reinará o pecado (v.
5, II Pe 3.13, Hb 1.10-12). 37

15.4. O pecado e sua eterna consequência (Ap 20.10,14,15);

Enquanto Deus e a igreja estão a viver no novo céu e na nova terra, o pecado
junto com seu idealizador sofrerá eternamente. Todo o inferno e todos os que
não se acharam escritos no Livro da Vida foram jogados no lago de fogo e
enxofre, a morte eterna (Mt 10.28, 25.41).

A palavra “enxofre” define muito bem o futuro de toda a perversidade. Diz-se de


uma substância continuamente consumidora. Na terra é encontrada no interior
de vulcões. Na Bíblia é usada para simbolizar o castigo eterno. Apesar de ser
mais conhecida como o “lago de fogo e enxofre” descrito em Apocalipse.

XVI. As consequências do pecado

(Ap 2.1-3,20-22). O Pecado trouxe ao homem consequências espirituais,


emocionais e físicas. Esses resultados foram danosos a vida humana. Nas
cartas reveladas a João no Apocalipse às sete igrejas da Ásia encontramos
exemplos de consequências do pecar contra Deus.

Em Éfeso achamos o distanciamento da igreja quanto às primeiras obras, um


claro sinal de apostasia. Sabemos que muitos deixarão o início de tudo quando
a Cristo aceitaram e se tornaram cheios do Espírito e ativos para todo o serviço
do Senhor. Isto procede de um andar desobediente na presença de Deus,
deixando-se levar pelos ensinamentos que lhes parecem corretos –
consequentemente, pecado (Jo 14.28-31, Mt 24.12).

Em Esmirna achamos a aparência. Grande parte (cf. Lc 13.24) do povo de lá


se diziam santo, quando na verdade encontrada pelos olhos do Senhor (Jr
17.10) eram servos de Satanás. Isto concorreu para a permissão de Deus em

A doutrina do pecado
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autorizar o Inimigo na provação dos mesmos ainda que por um determinado
tempo.

Em Pérgamo foi achado seguidores da pornografia no meio do povo santo,


bem como adoradores do Império Romano, que era idolatria. Isto concorreu
38
para o julgamento dos mesmos pela Palavra da Justiça, salvo os que ainda se
arrependessem imediatamente (cf. Is. 55.6).

Em Tiatira foi achado a insistência no pecado. Quando isso acontece é


revelado a plena consciência de que se está no erro e não esboça qualquer
tipo de reação para se livrar dele. Todos de Tiatira toleravam a falsa profetiza
de nome Jezabel que influenciava a todos na prática da prostituição e da
idolatria usando de sofismas. Isto fala de um líder apto a enganar com suas
palavras astutas e ardilosas concorrendo para a condenação de si próprio e
seus seguidores (Mt 7.15-20).

Em Sardes achamos a negligência, que é pecado. Esta igreja levava a fama de


adoradora e de sucesso espiritual. Entretanto, o que sonda os corações e
esquadrinha a vida humana no mais íntimo do ser, Jesus Cristo, enxergou a
profunda morte.

Em Filadélfia achamos o anticristianismo. Os que participavam da igreja de


Deus sendo membros da igreja de Satanás seriam postos a reconhecer a glória
do Grande Eu Sou pela dor.

Em Laodicéia foi encontrado a dúvida. Embora se achassem servos da igreja


de Deus, os laodicenses se conservavam no meio termo, ora aqui ora ali. O
problema é que o Senhor não abre mão da insegurança dos que Os seguem.
Ou participantes do cálice Dele, ou do cálice dos demônios (I Co 10.21; Mt
6.24).

A morte espiritual (Gn 2.17, 3.6, I Co 15.22).

No sentido literal esta passagem fala de morte natural (como em Gn 25.8 e Jz


8.32).

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Hamartiologia
No sentido espiritual nada mais é do que a destruição da comunhão do homem
com Deus. Quando a primeira mulher comeu do fruto da árvore do
conhecimento e a compartilhou com seu homem, destruiu ali a sua comunhão
com o Senhor. O homem herdou a quebra dessa comunhão por participar
sabidamente da ordem divina. A partir do momento em que desconsideramos 39

uma ordem divina bloqueamos automaticamente nossa comunhão com o Rei


dos reis.

Nossas iniquidades nos separam de Deus e mesmo assim Ele nos deu vida
através de uma morte de cruz, assim como antes estivemos mortos (Is 59.2; Ef
2.1-5, 5.14 NVI*).

Por que o homem foi tentado?

Por possuir o livre-arbítrio, o homem poderia optar em continuar sujeito às


ordens divinas. Entretanto, achou-se na posição de dono de si próprio,
podendo agir da forma que lhe bem agradasse (cf. Ef 2.3, I Co 6.12 NVI*).

O verdadeiro amor e submissão só poderiam ser manifestos mediante uma


prova de fidelidade. Por causa disso, Deus criou para o homem um meio de
escapar da tentação de desobedecê-Lo e o faz até hoje.

A doutrina do pecado
Hamartiologia
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Predestinação e Livre-Arbítrio. Quatro perspectivas sobre a soberania de Deus
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A doutrina do pecado
Hamartiologia
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VALADARES, Samuel Rodrigues. Anotações sobre Hamartiologia. Espírito


Santo. 2011.

ANDRADE, C. Claudionor. Dicionário Teológico. Ed. CPAD.

IMPORTANTE

A elaboração deste material consistiu na pesquisa das obras


mencionadas acima e todos os méritos são dos autores das
mesmas. Esta apostila não é para a venda, e sim para fins de
estudo.

A doutrina do pecado

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