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Missiologia

ÌNDÍCE DAS ABREVIATURAS


BÍBLICAS
VELHO TESTAMENTO
1

➢ Gn - Gênesis ➢ Sl - Salmos
➢ Ex - Êxodo ➢ Pv - Provérbios
➢ Lv - Levítico ➢ Ec - Eclesiastes
➢ Nm - Números ➢ Ct - Cantares
➢ Dt - Deuteronômio ➢ Is - Isaias
➢ Js - Josué ➢ Jr - Jeremias
➢ Jz - Juízes ➢ Lm - Lamentações
➢ Rt - Rute ➢ Ez - Ezequiel
➢ I Sm - I Samuel ➢ Dn - Daniel
➢ II Sm - II Samuel ➢ Os - Oséias
➢ I Rs - I Reis ➢ Jl - Joel
➢ II Rs - II Reis ➢ Am - Amós
➢ I Cr - I Crônicas ➢ Ob - Obadias
➢ II Cr - II Crônicas ➢ Jn - Jonas
➢ Ed - Esdras ➢ Mq - Miquéias
➢ Ne - Neemias ➢ Na - Naum
➢ Et - Ester ➢ Hc - Habacuque
➢ Jó - Jó ➢ Sf - Sofonias
➢ Ag - Ageu
➢ Zc - Zacarias
➢ Ml - Malaquias

A doutrina de Missões
Missiologia
ÌNDÍCE DAS ABREVIATURAS
BÍBLICAS
NOVO TESTAMENTO
2

➢ Mt - Mateus ➢ Hb - Hebreus
➢ Mc – Marcos ➢ Tg - Tiago
➢ Lc - Lucas ➢ I Pe - I Pedro
➢ Jo - João ➢ II Pe - II Pedro
➢ At - Atos ➢ I Jo - I João
➢ Rm - Romanos ➢ II Jo - II João
➢ I Co - I Coríntios
➢ II Co - II Coríntios ➢ III Jo - III João
➢ Gl - Gálatas ➢ Jd - Judas
➢ Ef - Efésios ➢ Ap - Apocalipse
➢ Fp - Filipenses
➢ Cl - Colossenses
➢ I Ts - I Tessalonicenses
➢ II Ts - II Tessalonicenses
➢ I Tm - I Timóteo
➢ II Tm - II Timóteo
➢ Tt - Tito
➢ Fm - Filemom
➢ Hb - Hebreus

GRADE CURRICULAR TEOLÓGICA

A doutrina de Missões
Missiologia
Básico em Teologia Bacharel Mestrado

➢ 1. Bibliologia ➢ 25. Didática do Ensino ➢ 1. Filosofia da Religião


➢ 2. Doutrina de Deus ➢ 26. Metodologia Científica ➢ 2. Fundamentalismo
➢ 3. Cristologia ➢ 27. Teologia do A. T ➢ 3. Conhecimentos Gerais
3
➢ 4. Paracletologia ➢ 28. Teologia do N. T ➢ 4. Teologia Patrística
➢ 5. Hamartiologia ➢ 29. História da Igreja ➢ 5. Arqueologia Bíblica
➢ 6. Soteriologia ➢ 30. História do Cristianismo ➢ 6. Introdução a Pedagogia
➢ 7. Eclesiologia ➢ 31. Seitas e Heresias ➢ 7. Introdução a Sociologia
➢ 8. Missiologia ➢ 32. Teologia Sistemática ➢ 8. Direito Eclesiástico
➢ 9. Evangelismo ➢ 33. Antropologia ➢ 9. Modernismo Teológico
➢ 10. Escatologia ➢ 34. Aconselhamento 10. Métodos de Estudos
➢ 11. Escola Dominical ➢ 35. Psicologia Pastoral ➢ 11. Teol. Contemporânea
➢ 12. Discipulado Cristão ➢ 36. Liderança Cristã ➢ 12. Ètica Ministerial

Médio em Teologia. ➢ 37. Apologética Doutorado


➢ 38. Exegese Bíblica
➢ 13. Pentateuco ➢ Tese.
➢ 39. Ética
➢ 14. Tipologia Bíblica
➢ 40. Homilética
➢ 15. Livros Históricos
➢ 41. Hermenêutica
➢ 16. Livros Poéticos
➢ 42. Panorama Bíblico
➢ 17. Profetas Maiores
➢ 18. Profetas Menores
➢ 19. Os Evangelhos e Atos
➢ 20. Angelologia
➢ 21. Epístolas Paulinas
➢ 22. Epístolas Gerais
➢ 23. Geografia Bíblica
➢ 24. Adm. Eclesiástica

AOS ALUNOS

A doutrina de Missões
Missiologia
É imprescindível que se tome alguns cuidados para que haja um melhor

aproveitamento da matéria, dentre eles:

1. Estude o material sempre que possível, fora da sala de aula;

2. Adquira material de apoio como bíblias, dicionários, mapas, tabelas,

concordância bíblica, livros etc.;

3. Faça sempre anotações daquilo que aprendeu bem como de suas

dúvidas, que poderão ser esclarecidas posteriormente;

4. Não converse durante a aula, dê toda sua atenção aquilo que está sendo

ministrado em sala de aula;

5. Desligue o celular na sala de aula, se não for possível só o atenda em

caso de necessidade;

6. Não faça perguntas se você já sabe a resposta.

7. Peça o Espírito Santo para lhe abrir o entendimento, pois ele sempre o

faz.

SUMÁRIO
Introdução..........................................................................................9

I. Deus, o Primeiro Missionário..........................................................9

A doutrina de Missões
Missiologia
II. Jesus, o Missionário enviado por Deus.....................................11

III. A Grande Comissão feita por Jesus Cristo.................................11

IV. O Espírito Santo, o Propagador das Missões............................12

V. Bíblia, o Livro Missionário...........................................................12


5

VI. Missões no Antigo Testamento..................................................13

VII. Missões no Novo Testamento...................................................15

VIII. A Grande Comissão.................................................................16

IX. A Igreja Primitiva Cumpriu a Grande Comissão?.......................17

X. O Primeiro Concílio Missionário, em Jerusalém.........................17

XI. Panorama Missionário em Atos dos Apóstolos..........................18

XII. Paulo, o maior missionário do Cristianismo..............................22

XIII. As Viagens Missionárias de Paulo...........................................22

XIV. Missões Transculturais............................................................25

XV. O respeito pelas outras culturas...............................................27

XVI. O Exemplo do Apóstolo Paulo.................................................28

XVII. O Desafio da Obra Missionária Atual......................................28

XVIII. Pessoas dispostas a orar pela obra Missionária...................31

XIX. O Chamado do Missionário e seu Preparo..............................33

XX. Qualificações do Missionário....................................................38

XXI. Evangelismo Pessoal...............................................................39

XXII. Cronologia Histórica das Igrejas Evangélicas no Brasil..........40

XXIII. O que Eles Disseram Sobre Missões....................................41

Referencias Bibliográficas...............................................................43

A doutrina de Missões
Missiologia

Introdução.

Missiologia, é a ciência que tem por objetivo o estudo da grande comissão


dada por Cristo Jesus em sua Igreja. A Missiologia dedica-se, principalmente, ao
caráter transcultural da tarefa evangelizadora. É o estudo da obra missionária
ordenada por Jesus Cristo aos seus discípulos, no sentido nacional e
transcultural (Mt 28.19, Mc 16.15, At 1.8). Esta apostila foi elaborada pelo Pr.
Valter José G. da Silva, autor dos Livros: Teologia da Liderança Cristã, Teologia

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Missiologia
do Jejum e da Oração, Discipulado, Homilética, (SETEFA), Manual de
Mensagens e O que são Mensagens Subliminares.

O estudo de Missiologia é de fundamental importância, por se tratar da tarefa


suprema da igreja, que é a evangelização dos povos. Durante muitos anos,
ouvimos falar essa conhecida frase: “Missão esta no coração de Deus”. Nós
7
sabemos que o interesse de Deus sempre foi, e sempre será, alcançar a todos
os povos, raças, nações e tribos de todas as línguas. Entretanto, nesses últimos
dias, Deus está interessado em saber se missões estão também em nossos
corações. O ponto fundamental da Missiologia é definir as estratégias e os
parâmetros da grande comissão dada por Jesus, tais como: Quem envia e quem
é enviado; quais são os obstáculos das missões contemporâneas; como será o
alcance dos povos não alcançados e a evangelização de todos os povos, de
uma maneira geral.

O Espírito Santo é o agente das missões contemporâneas. Entretanto,


aprendemos que a trindade formou o primeiro concílio missionário.

I. Deus, o Primeiro Missionário.

Toda criação de Deus é importante. Porém, Deus escolheu o homem de um


modo especial, formando-o à sua imagem e semelhança (Gn 1.26-28).

Deus criou os seres angelicais, com graus distintos de responsabilidades e


autoridades. Deu a um querubim uma formosura jamais vista nos outros anjos
e sabedoria esplêndida (Ez 28.12-17). Esse anjo atuava como primeiro ministro
de Deus, tendo além das qualidades citadas, grande poder e livre arbítrio. Mas,
com tanto poder e formosura, Lúcifer, conforme ficou conhecido, ficou tão
deslumbrado com o que Deus lhe dera, que desejou “ser semelhante ao
altíssimo” (Is 14.14), com isso encabeçou uma rebelião jamais vista em toda
história, com o propósito de estabelecer um reino espúrio, juntamente com os
anjos que lhe acompanharam nesta rebelião (Ap12.4-9). Por ter incitado a
rebeldia, Lúcifer, agora chamado de Satanás, recebeu o juízo de Deus e a
expulsão dos céus. Tempos depois da rebelião, Deus fez outra criação, a qual
também concedeu livre arbítrio: o homem. Ao criá-lo, Deus mostrou o seu

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cuidado especial: fez um jardim de delícias para a sua nova criação habitar.
Satanás, observando isso, encheu-se de ira e ciúme, e partiu para perturbar e
atacar o homem, a nova criação de Deus.

Deus estabeleceu um relacionamento de companheirismo, e comunhão com


Adão e Eva, no Jardim do Éden, mediante o amor. Para que eles continuassem
8
esse relacionamento com Deus, teriam apenas que passar na prova de
obediência total à vontade divina, mas eles falharam. Com a queda, o amor de
Deus escreveu e história da redenção. Pois Ele já havia previsto a possibilidade
do homem pecar e idealizou um meio para resgatá-lo. E foi assim que Deus
desceu ao Jardim do Éden, naquela tarde sombria, e proclamou, como autêntico
missionário, a primeira mensagem evangelística, registrada em (Gn 3.15)
"...porei inimizade entre ti e a mulher, entre a sua descendência e o seu
descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirá o calcanhar”. Esta é a
primeira referência a Cristo na Bíblia, relacionando a derrota de satanás, a sua
sentença e as boas novas da vitória sobre o fracasso.

Naquele momento, Deus estava anunciando Cristo a todos os descendentes de


Adão, que iriam nascer no decorrer dos séculos.

II. Jesus, o Missionário enviado por Deus

Em (Jo 3.16), encontramos o plano de Deus se caracterizando, ao enviar o seu


único Filho ao mundo, para construir a história da redenção, numa inexplicável
expressão de amor, a ponto, do apóstolo João, que soube tão bem descrever a
cena apoteótica do amor de Deus, ter usado a expressão “de tal maneira”, como
uma forma de tentar explicar a profundidade do amor de Deus ao mundo. Amor
este que ultrapassa as fronteiras culturais, racionais e lingüísticas, não se
restringindo a uma raça, nação ou grupo cultural especifico. Ele ama a todos os
povos e deseja que todos os homens se arrependam e sejam salvos, mediante
a obra realizada por Jesus Cristo.

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Conforme o texto de (II Pd 3.9) "...Ele é longânimo para convosco, não querendo
que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se".

III. A Grande Comissão feita por Jesus Cristo

Após a ressurreição, o Senhor Jesus Cristo priorizou três ordens aos discípulos,
a saber: "Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). 9

"Ide, portanto fazei discípulos de todas as nações" (Mt 28.19). "E sereis minhas
testemunhas tanto em Jerusalém..., até aos confins da terra" (At 1.8). Estas três
passagens bíblicas são suficientes para descrever as prioridades do Senhor
Jesus, que é a evangelização do mundo. Antes mesmo da ressurreição, o
Senhor Jesus Cristo já havia dito que primeiro, o evangelho seria pregado a
todas as nações e depois viria o fim (Mt 24.14). Já naqueles dias, o Senhor Jesus
sentia tanto a necessidade da obra missionária que certa vez, ao olhar para
seara, e ainda faltando quatro meses para a colheita! Já via os campos brancos
para a ceifa: “Não dizeis: Ainda há quatro meses até a ceifa? Eu vos digo: Erguei
os vossos e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa” (Jo 4.35).

IV. O Espírito Santo, o Propagador das Missões

O livro de Atos dos apóstolos menciona os grandes feitos dos apóstolos no início
do cristianismo, em Jerusalém. Nós sabemos, entretanto, que os discípulos nada
fariam se não fosse o preceito dado pelo Senhor Jesus, antes da sua ascensão
aos céus: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vos o Espírito Santo, e sereis
minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda Judéia, Samaria, e até
os confins da terra" (At 1.8).

Após terem sido cheios do Espírito Santo, o mundo foi alcançado pela pregação
do evangelho, e isso se deve ao grande propagador de missões, o Espírito
Santo. É ele o maior incentivador da obra missionária, pois impulsiona, encoraja

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e chama os missionários, nós percebemos tal afirmação no livro de (Atos 13),
quando a Igreja de Antioquia estava reunida: "Disse o Espírito Santo: Separai-
me agora, Saulo e Barnabé, para obra que os tenho chamado” (At 13.2). A
missão do Espírito Santo é chamar os missionários, como também é convencer
o mundo do pecado da justiça e do juízo (Jo 16.8).
10
Os missionários são enviados para pregar ao pecador, mas é o Espírito Santo
quem os convence a aceitar a mensagem pregada pelos missionários.

V. Bíblia, o Livro Missionário

Sem a Bíblia, a evangelização do mundo seria não só impossível, mas também


inconcebível. Ela nos dá o mandato, o modelo e o poder para evangelização do
mundo. A Bíblia não apenas contém o evangelho, como ela é o próprio
evangelho (boas novas). Através dela, Deus está evangelizando, isto é,
comunicando as boas novas ao mundo. Jesus mesmo ordenou aos seus
discípulos, dizendo: “Ide por todo mundo pregai o evangelho a toda criatura” (Mc
16.15).

A Bíblia é o manual do missionário, sem ela não há salvação: “De sorte que a fé
vem pelo ouvir, e o ouvir a palavra de Deus" (Rm 10.17). ”E conhecereis a
verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8.32), portanto a Bíblia é a ferramenta
inseparável do bom soldado (Js 1.8).

VI. Missões no Antigo Testamento

Já aprendemos no primeiro capítulo desta apostila que o Deus vivo, é um Deus


missionário. E o maior exemplo de missões no Antigo Testamento, começa com
o chamado de Abrão, cerca de quatro mil anos atrás.

Em (Gênesis 12), começa a grande promessa feita a Abraão: “Em ti serão


benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1-4). A promessa de Deus, feita a
Abraão se divide em três aspectos principais:

A promessa de uma terra.

A promessa de uma benção.

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A promessa de uma posteridade.

Após Ló ter se separado de Abraão, Deus disse a esse: "Ergue os olhos e olha
desde onde estás para norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente, porque
toda essa terra que vês, Eu darei a ti, e a tua descendência, para sempre" (Gn
13.14-15), ali foi confirmada a promessa de uma terra a Abraão e sua
11
descendência.

Em (Gn 12.1-4), aparecem cinco vezes as palavras: bênçãos e abençoar. A


bênção que Deus prometeu a Abraão transbordaria sobre toda humanidade.

Um pouco mais tarde, Deus confirma a Abraão a promessa de sua posteridade,


simbolizada como o pó da terra e como as estrelas do céu de tão inumerável que
seria.

Deus cumpriu esta promessa, porque o pó da terra simbolizava a descendência


natural de Abraão, os filhos de Israel, que nasceram através de seu neto Jacó
(Gn 32.12).

As estrelas do céu simbolizavam a descendência espiritual, que são todos os


que aceitam a Jesus Cristo, que é descendente de Abraão na carne (Gl 3.29),
portanto a promessa de Deus feita a Abraão, dizendo: "Em ti serão bendita todas
as famílias da terra" (Gn 12.3), se cumpre perfeitamente porque o Novo
Testamento inicia-se dizendo:”Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi,
filho de Abraão" (Mt 1.1). Todas as famílias da terra que aceitam Jesus se tornam
também filhos de Abraão e herdeiros da mesma promessa dada a ele (Gl 3.7-
29, Rm 4.16-17).

Jesus Cristo é esta promessa missionária, feita por Deus no Antigo Testamento,
ao afirmar: "Digo-vos que muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar
à mesa com Abraão, Isaac e Jacó no reino dos céus” (Mt 8.11-12).

6.1. O chamado missionário de Israel.

Muitos acham que a visão missionária não soa tanto no Antigo Testamento. Isso
se dá pelo fato de muitos não compreenderem que Deus estava preparando a

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nação de Israel como luz do mundo em meio aquele mundo pagão. Notemos
isso em Êxodo 19. 4 - 6 / Salmos 67 e, principalmente em Gêneses 12. 1 - 3.
Depois disso percebemos a história de Jonas, que foi enviado por Deus à cidade
de Nínive, como autêntico missionário judeu, para pregar aos ninivitas. Ainda
vemos a história de Isaías (Is. 6. 8), de Jeremias (Jr. 1. 5) e outros profetas.
12
O plano missionário de Deus para Israel, se dividia em três pontos:

Proclamar seu plano de abençoar as nações (Gn 12 1-3).

Participar do seu sacerdócio como agente dessa bênção (Ex 19 4-6).

Provar seu propósito de abençoar todas as Nações (Sl 67).

O primeiro ponto mostrado acima contradiz as pessoas que defendem a teoria


de que, no Antigo Testamento, a visão Missionária era extremamente
nacionalista, pelo fato de Deus tratar de forma peculiar a nação de Israel.

Se observarmos a Bíblia, descobriremos que em seu primeiro capítulo, antes


mesmo do homem pecar, a palavra dada a Adão e Eva foi esta: "E Deus os
abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos". Após o pecado essa
benção foi quebrada pela maldição (veja o contraste entre Gn 1.28, e Gn 3.17),
mas em (Gn 12.3), com a chamada Abraão, Deus promete abençoar novamente
todas as famílias da terra, através da descendência de Abraão (Israel):
"Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”.

O segundo ponto mostra o plano de Deus de usar Israel como intercessor das
demais nações diante de Deus.

O terceiro ponto é o significado do (Sl 67), aplicado a todos os povos, por


intermédio do que Deus havia dado a Israel, mostrado através dos sinais e das
maravilhas. Isso é percebido, principalmente, quando Deus abriu o Mar
Vermelho e o rio Jordão, estes fatos, fizeram com que todas as demais nações
temessem ao Deus de Israel, fato que é comprovado pelo testemunho de Raabe
"...porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho diante
de vós, quando saístes do Egito, e o que fizestes aos dois reis dos amorreus, a

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Seor e a Ogue que estavam além do Jordão, os quais destruístes. Ouvindo isso,
desmaiou o nosso coração e em ninguém há mais ânimo algum, por causa da
vossa presença, porque o Senhor vosso Deus, é Deus em cima nos céus e
embaixo da terra".

VII. Missões no Novo Testamento


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Já aprendemos que o Antigo Testamento é uma base indispensável e


insubstituível na tarefa missionária da Igreja, entre as nações e povos deste
mundo. O Deus que no Antigo Testamento se identifica como o Deus de Abraão,
de Isaque e de Jacó, e que revela a Moisés o seu nome pessoal Yahweh, é o
Deus de todo o mundo. No Novo Testamento, nos é apresentado Jesus, o
Salvador do mundo. Do inicio ao fim, o Novo Testamento é um livro de Missões.

Os Evangelhos anunciam a chegada definitiva do reino dos céus, o livro de Atos


dos Apóstolos anuncia a propagação deste reino e as Epistolas são instrumentos
reais e autênticos do trabalho missionário dos apóstolos às Igrejas recém-
inauguradas. Com base na própria pregação de Jesus pode-se afirmar que a
obra missionária da Igreja, por todo o mundo, é a exata razão do intervalo entre
a ascensão de Jesus e seu retorno como o Filho do Homem.

O mandado missionário do Evangelho de Mateus é a grande Comissão (Mt


28.19-20). O de Marcos é uma ordem imperativa: "Ide" (Mc 16.15). O de João é
de que, se alguém não nascer de novo, não poderá ver o reino do céu (Jo 3.3).

VIII. A Grande Comissão

Em (Mt 28 19-20), temos o registro da grande comissão dada por Jesus aos seus
discípulos. Dentre os vários aspectos dados por Jesus a essa Grande
Comissão, queremos destacar dois pontos principais:

Primeiro. Uma Ordem.

Segundo. Uma promessa.

Uma ordem. "Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações” Este


“Ide”, ordenado por Jesus é uma confirmação de (Mc 16.15), “Ide e pregai

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o Evangelho a toda criatura”. Isso é uma ordem imperativa. Jesus, após
ressuscitar disse: “É me dado todo o poder no Céu e na Terra” (Mt 28.18).
Nesse momento, Ele, como General vitorioso, não pediu aos seus
discípulos para evangelizar, Ele deu uma ordem expressa: “Ide”.
Uma Promessa: “E eis que estou convosco todos os dias até a
consumação dos séculos” (Mt. 28. 20). Ao mesmo tempo em que Jesus 14

nos deu uma ordem, Ele nos consolou, dizendo que estaria conosco na
execução de sua grande comissão. Não estamos sozinhos nesta missão,
por isso devemos realizar o mais rápido possível o que o Senhor nos
confiou, pois Ele está conosco em qualquer hora, em qualquer lugar e
em qualquer dia que sairmos para fazer a sua obra, cumprindo a suprema
tarefa da Igreja, que é a evangelização do mundo.

IX. A Igreja Primitiva Cumpriu a Grande


Comissão?

No livro de Atos dos Apóstolos, encontramos a resposta para a pergunta feita


acima. Milhões de cristãos julgam que o livro de Atos dos Apóstolos e o de Lucas
registram a obediência dos doze Apóstolos à grande comissão. Mas, na verdade
relatam a relutância dos mesmos em obedecê-la. Sabemos que os judeus
sempre foram exclusivistas e este foi o grande obstáculo para a realização da
grande comissão. Parece-nos que os doze apóstolos não entenderam a missão
outorgada por Jesus a eles. Percebemos isso quando Cornélio mandou
mensageiros buscarem a Pedro. Se não fosse a advertência que o Senhor havia
feito a Pedro, através da visão do lençol (Leia At 10.9-16), ele não teria aceitado
ir anunciar o evangelho, pela primeira vez, aos gentios.

O próprio Espírito de Deus advertiu a Pedro, dizendo: “Levanta-te, pois e desce


e vai com eles, nada duvidando, porque eu os enviei” (At 10.20). Quando chegou
ao conhecimento dos apóstolos, em Jerusalém, e dos crentes, na Judéia, que
Pedro havia pregado aos gentios, começaram a criticá-lo por sua atitude. Agora
pergunto: será que eles já haviam esquecido que Jesus disse: "Ide até os confins
da terra"? Na verdade queriam que o evangelho ficasse restrito somente aos

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judeus. Vejamos o que diz (Gl 3.26-28) "Portanto os judeus e os gentios são
unidos por Deus pelo sacrifício da morte de Cristo na cruz do calvário".

X. O Primeiro Concílio Missionário, em


Jerusalém

Nós aprendemos pela história do Cristianismo que, a princípio, os apóstolos 15

achavam que esse seria apenas uma continuação do Judaísmo, só que de uma
forma mais ampliada. Mas não foi isso que o Senhor Jesus passou para eles.
Quando a notícia de que Pedro havia pregado para a casa de Cornélio chegou
em Jerusalém, os apóstolos se reuniram para dar o seguinte parecer: "Ou o
cristianismo ficaria restrito à região da Palestina, ou avançaria por ela até os
confins da Terra". Após haver grande debate entre os apóstolos, Pedro tomou a
palavra, fazendo uma exposição do que Deus havia feito por intermédio dele aos
gentios, na casa de Cornélio, e como Deus o havia escolhido para levar o
evangelho aos gentios.

Depois da exposição feita pelo apóstolo Pedro, a multidão silenciou para ouvir a
exposição feita por Barnabé e Paulo, acerca do que Deus fizera por intermédio
deles, na primeira viagem missionária. Ao terminarem, Tiago, que presidia a
reunião, tomou a palavra e fez uma exposição, mostrando referências bíblicas
em que os profetas prediziam que o nome de Jesus seria invocado entre os
gentios. Com isso, o Concilio de Jerusalém, por volta do ano 50 d.C., registrado
em Atos dos Apóstolos, capítulo 15, deu seu parecer favorável à expansão do
cristianismo entre os gentios e até os confins da terra.

XI. Panorama Missionário em Atos dos


Apóstolos

Estudaremos, agora, a ação missionária desenvolvida pela Igreja primitiva e


pelos apóstolos, no início do cristianismo.

Atos 01 - Antes da ascensão, Jesus traça o perfil geográfico da obra


missionária, começando por Jerusalém, Samaria, Judéia e até os confins
da terra (Atos 1. 8).

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Atos 02 - No dia de Pentecostes, o Espírito Santo desce sobre os
primeiros 120 membros da Igreja local, fundada por Cristo. Neste dia,
houve a conversão de quase três mil almas. As 14 nações que estavam
reunidas, em Jerusalém, ouviram o discurso de Pedro, que estava
"inflamado" pelo Espírito Santo de Deus.
16
Atos 03 - A Igreja primitiva já se encontrava com mais de 3.000 membros.
Era um exército de gente, cheio do Espírito Santo, disseminando a
semente por todas as regiões.

Atos 04 - O resultado dessa disseminação, referida no capítulo três já é


notado neste capítulo, pois a Igreja de Cristo já ultrapassa a marca de
5.000 membros. Este crescimento começa assustar as autoridades, a
ponto de Pedro e João comparecerem no Sinédrio e serem proibidos de
falar o Nome de Jesus.

Atos 05 - A Igreja primitiva cumpre a primeira parte missionária que Jesus


havia determinado, pois toda a Judéia já havia sido evangelizada.

Atos 06 - São consagrados sete diáconos para servir a Igreja, o relato do


versículo 7 desse capítulo, mostra o avanço extraordinário da Igreja de
Cristo. Até mesmo, muitos dos sacerdotes que perseguiram o Senhor
Jesus, se convertiam a Deus. A Igreja crescia de forma tal, que as
autoridades, mesmo com as astúcias do inimigo, não podiam mais
controlar nem frear seu desenvolvimento. A obra missionária tinha força
de gigante, e o povo cumpria com alegria os ensinamentos do Mestre
Jesus Cristo.

Atos 07 - Após uma exposição poderosa das Escrituras e debaixo de


muita unção, o diácono Estevão foi expulso da cidade e apedrejado, mas,
mesmo diante de tanta intempérie do adversário, seguiu o exemplo de
Cristo e perdoou os seus executores (Atos 7. 60). Tornou-se o 1° mártir
do cristianismo. Parece ter sido a sementeira que o evangelho precisava
para crescer ainda mais.

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Atos 08 - A Igreja primitiva cumpre a segunda parte do perfil missionário
geográfico ensinado por Jesus, e toda a Samaria é evangelizada pelo
poder da pregação do diácono Felipe (Atos 8. 6).

Atos 09 - Acontece a conversão do homem considerado como o maior


missionário da História, o apóstolo Paulo. Esse Missionário traria muitos
17
benefícios ao cristianismo.

Atos 10 - O apóstolo Pedro recebe uma visão divina de missões


transculturais, e em obediência àquela visão, leva o evangelho de Cristo
aos gentios, na casa de Cornélio.

Atos 11 - O evangelho cresce entre os gentios, toma os rumos de


Antioquia, a terceira cidade mais importante do Império Romano, com
cerca de 500.000 habitantes. Os discípulos são chamados, pela primeira
vez de cristãos, pois se pareciam com Cristo.

Atos 12 - O crescimento evangélico incomoda as autoridades. Herodes


Agripa I, neto de Herodes, o Grande, manda matar Tiago, o primeiro dos
Apóstolos a ser morto, e lança na prisão a Pedro, mas esse é liberto
milagrosamente da prisão. Herodes Agripa I morre comido de bicho, por
não dar glória a Deus.

Atos 13 - A Igreja de Antioquia torna-se a primeira Igreja Gentílica, com a


visão de missões transculturais, e envia os seus dois primeiros
missionários: Paulo e Barnabé.

Atos 14 - É grande o resultado obtido por Paulo e Barnabé na primeira


viagem missionária, fundando Igrejas fortes na província da Galácía. Em
qualquer lugar que passassem, deixavam igrejas formadas.

Atos 15 - Primeiro Concílio realizado em Jerusalém pelos apóstolos,


dando incentivo ao impulso da obra missionária aos gentios.

Atos 16 - A Igreja atinge a terceira meta do perfil missionário geográfico


ensinado por Jesus, e toda a Judéia e Ásia já haviam sido evangelizadas.

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A visão transcultural de Paulo é ampliada em Trôade, e o evangelho
chega à Europa. Lídia é a primeira convertida, na viagem de Paulo à
Europa.

Atos 17 - Paulo e Silas fundam duas Igrejas fortes: uma em Tessalônica


e a outra em Beréia. Depois partem para Atenas, capital mundial da
18
filosofia, e evangelizam os filósofos Epicureus e Estóicos no Areópago de
Atenas, capital da Grécia.

Atos 18 - O Apóstolo Paulo funda uma Igreja forte em Corinto, cidade


comercial da Grécia, e conclui a segunda viagem missionária, iniciando
logo após essa, sua terceira viagem missionária.

Atos 19 - Paulo chega a Éfeso, cidade comercial da Ásia Menor e ali


permanece dois anos, dando aula na escola de Tirano. Funda, nesta
cidade, uma Igreja bem sólida e teologicamente bem preparada.

Atos 20 - Paulo passa novamente a Macedônia e Grécia, fortalecendo as


Igrejas fundadas por ele nas suas primeiras viagens missionárias.

Atos 21 - Paulo é avisado pelo profeta Ágabo, que se fosse a Jerusalém


seria preso, mas decidido, foi à Jerusalém. Lá chegando reuniu-se com
seus anciãos e fez um relato do que Deus havia feito através da sua vida
aos gentios. No dia seguinte, entra no templo e cumprindo-se a profecia,
é preso.

Atos 22 - Após sua prisão no templo, faz um grande discurso em sua


defesa e dá testemunho de sua conversão no caminho de Damasco, e
afirma seu chamado por Deus para pregar aos gentios (v. 21).

Atos 23 - O perseguidor é perseguido, Paulo que, quando membro do


Sinédrio, consentiu na morte de Estevão, agora é julgado perante o
Sinédrio por causa do evangelho.

Atos 24 - O apóstolo prega com autoridade e poder perante o Governador


Félix, e este fica atemorizado.

A doutrina de Missões
Missiologia
Atos 25 - Deus cumpre na vida de Paulo o que disse através da vida de
Ananias, no ato de sua conversão: "Vai, porque este é para mim um
instrumento escolhido para levar meu nome perante aos gentios e reis,
bem como perante os filhos de Israel" (Atos 9. 15).

Atos 26 - Perante as autoridades, Paulo evangeliza o Governador Festo,


19
sucessor de Félix. Por pouco sua mensagem não converte o rei Agripa e
sua mulher Berenice.

Atos 27 - O Apóstolo Paulo faz uma viagem forçada e, após o naufrágio,


ganha 276 vidas que estavam com ele, no navio. Ao chegar à ilha de
Malta, ganha muitos indígenas para Cristo, e o evangelho chega até os
confins da terra.

Atos 28 - Este é o capítulo final do livro de Atos dos Apóstolos. Paulo


chega a Roma, capital do Império, e testifica do evangelho perante a
autoridade Suprema do Império Romano. Dali por diante, o cristianismo
alcança todo Império e até os confins da terra, cumprindo a quarta meta
do plano missionário traçado por Jesus Cristo, em (At 1.8).

XII. Paulo, o maior missionário do


Cristianismo

O Apóstolo Paulo é, indiscutivelmente, o maior missionário que o cristianismo já


teve. Quando ele se converteu no caminho de Damasco, Deus disse para
Ananias: "Este é para mim um vaso escolhido, para levar meu nome perante os
gentios e os reis, bem como, perante os filhos de Israel" (At 9.15). O chamado
de Paulo foi completo. Ele seria missionário perante autoridades religiosas, civis
e militares, perante ricos e pobres,perante ignorantes e intelectuais, gentios e
israelitas. No livro de Atos dos Apóstolos, encontramos Paulo evangelizando
todos esses tipos de pessoas; desde o ignorante Demétrio até os sábios e
filósofos epicureus e estóicos; de pessoas pobres da Judéia até as de alta
posição em Beréia, desde o falso profeta Elimas até o proconsul Sérgio Paulo;
da plebe do Império até o comandante de tropas Cláudio Lísia, desde o fariseu
até o presidente do Sinédrio.

A doutrina de Missões
Missiologia
Deus percebeu que os doze apóstolos não estavam cumprindo corretamente a
grande comissão, pois só queriam ficar em Jerusalém. Foi neste momento que
Jesus apareceu a Paulo, no caminho de Damasco, e o chamou para ser o grande
apóstolo missionário entre os judeus dispersos e gentios do vasto Império
Romano, naquela época.
20
XIII. As Viagens Missionárias de Paulo

O apóstolo Paulo foi o grande trunfo do cristianismo na sua expansão mundial.


Segundo o que ele mesmo afirma, em sua carta escrita aos Gálatas (Gl 1.15-
18), após sua conversão partiu para Arábia, provavelmente para um preparo com
Deus, depois de 3 anos, subiu para Jerusalém, onde esteve com os apóstolos.
Essa visita de Paulo à Jerusalém, parece ter sido suficiente para se perceber a
falta de interesse daquela Igreja por missões e, pela conversa que teve com o
pastor daquela Igreja que era Tiago, Paulo observou o desinteresse em cumprir
a ordem de Jesus, quando disse aos seus discípulos: "Ficai em Jerusalém até
que do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49).

Ouve uma interpretação errônea por parte dos discípulos, por que Jesus disse:
"...até que..." , isto é, até o derramamento do Espírito Santo, e depois deveriam
partir para os confins da terra. Porém os apóstolos queriam permanecer somente
em Jerusalém. Em Marcos 16.15, o Imperativo dado por Jesus Cristo: "Ide...", é
traduzido para palavra grega "Poreuthentes", que quer dizer: partir, deixar,
atravessar fronteiras. Paulo, sabendo disso, foi congregar na Igreja de Antioquia.

13.1. Primeira Viagem Missionária de Paulo.

A Igreja de Antioquia se tornou a primeira a fazer missões transculturais. Durante


uma consagração de jejum e oração, disse o Espírito Santo: "Separai-me agora,
a Barnabé e a Paulo para a obra que eu os tenho chamado" (At 13. 2). Em sua
primeira viagem, Paulo passou por várias províncias da Ásia Menor, tais como:
Salamina e Pafos, na ilha de Chipre, Antioquia e Icônio, em Listra e Derbe, na
Licônia. Sendo essa a primeira viagem missionária, feita antes do Concílio de
Jerusalém, no ano 50 d.C..

A doutrina de Missões
Missiologia
13.2. A Segunda Viagem Missionária de Paulo.

Após o Concílio de Jerusalém, Paulo empreendeu sua segunda viagem


missionária, visitando as Igrejas dos Continentes, as quais foram estabelecidas
na primeira viagem. Foi até as costas do Mar Egeu, Trôade, antiga cidade de
Tróia, viajou para Europa, estabelecendo Igrejas em Felipos, Tessalônica e
21
Beréia, na província da Macedônia. Foi a Atenas , a cidade culta da Grécia, e
estabeleceu uma viagem bastante forte em Corinto. Por fim encerrou essa
segunda viagem com uma breve visita a Éfeso, na Ásia Menor.

13. 3. Terceira Viagem Missionária de Paulo.

Esta terceira viagem do apóstolo foi muito longa, partindo de Antioquia, Galácia
e Frígia, permaneceu dois anos em Éfeso, passando novamente pela
Macedônia. Na Grécia prega um sermão em Trôade, onde na unção de Deus,
ressuscita um jovem que havia caído do terceiro andar. Despede-se dos Anciãos
em Éfeso, passa por Tiro, Cesaréia e chega à Jerusalém. Após ser salvo de um
complô armado pelos judeus, é resgatado para Cesárea, onde apresenta sua
defesa perante os governadores Félix, Festo e o rei Agripa, quando então, apela
para César, e é enviado para Roma.

Na viagem para Roma, seguiu em um navio com 276 pessoas, e sofre um


naufrágio, porém todos chegam salvos, numa ilha chamada Malta, por ali
permanece três meses, evangelizando aquele povo e os ganhando para Cristo,
inclusive o chefe da ilha. Após sua partida, chega à Roma, onde dali escreve
seis Epístolas, que são: Efésios, Filipenses, Colossenses, Gálatas, Romanos e
Filemom.

13. 4. Quarta Viagem Missionária de Paulo.

Em Roma, Paulo esteve preso por cerca de dois anos, e durante três ou quatro
anos em que esteve em liberdade, empreendeu sua quarta e última viagem
missionária. Esteve em Nicápoles, no mar Adriático, onde a tradição afirma que
Paulo foi preso e levado de volta para Roma, sendo ali martirizado no ano de 68
d.C.. Entretanto, o apóstolo teve 33 anos de ministério. A obra missionária era

A doutrina de Missões
Missiologia
tão forte na vida de Paulo, que ele considerava como uma obrigação (ICo. 9. 16).
Paulo apesar de morto, deixou-nos sua teologia imortal, o maior legado que a
Igreja pode ter. Foi o autor de um dos maiores tratados de missões transculturais:
"Como ouvirão, senão há quem pregue?E como pregarão, se não forem
enviados?" (Romanos 10. 14-15). "Pois sou devedor, tanto a gregos como a
bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes, por isto, quanto está em mim, estou 22

pronto a anunciar o evangelho também a vós, em Roma" (Romanos 1. 14-15).

XIV. Missões Transculturais

Missão transcultural trata-se de um movimento cristão, que atualmente é de


alcance mundial.

O lema principal das missões transculturais é este: A missão primária das Igrejas
é proclamar o evangelho de Cristo e implantar novas congregações no mundo
inteiro.

14. 1. Perspectiva Cultural.

O que é cultura? O primeiro passo num estudo de cultura, é dominar a sua


própria cultura. Todo o mundo tem uma cultura. Ninguém consegue se elevar
acima de sua própria cultura ou de outras culturas de modo a ter uma perspectiva
verdadeiramente supracultural. Por esta razão o estudo da cultura é uma tarefa
difícil.

A primeira coisa que um visitante recém chegado irá perceber é o


"comportamento do povo", suas crenças, valores e educação. Deus deu ao
homem um mandamento cultural, que impôs certo domínio, sobre o seu
ambiente. Quando criou o homem e o seu ambiente, Deus declarou que tudo era
"muito bom" (Gn 1.26-31). O mandamento evangélico (Mt 28.18-20) requer dos
missionários que ensinem aos outros homens a observarem tudo o que Cristo
ordenou. Ao ensinarem sobre Cristo, os missionários afetam a cultura, pois todas
as culturas necessitam de transformação. Portanto, como Calvino já havia

A doutrina de Missões
Missiologia
insistido, os crentes devem trabalhar para tornar cristã a cultura (isto é, colocá-
la debaixo de Cristo).

Dentro do conceito da vida não-cristã, os costumes e práticas servem como


tendências idólatras e afastam a pessoa de Deus. Quando o missionário chega
com o evangelho, a vida cristã recolhe esses costumes e práticas e lhes da um
23
conteúdo inteiramente diferente. Ainda que na forma exterior haja muito que
lembre práticas do passado, na verdade, tudo se fez novo. Na essência, o antigo
já passou e o novo chegou.

Cristo toma em suas mãos a vida de um povo, renova e reconstrói o que estava
distorcido e deteriorado. Ele mexe em cada detalhe, cada palavra, e cada prática,
com um novo sentido, lhes dá uma nova direção.

Para muitos, erroneamente, "cultura" refere-se ao comportamento dos ricos e da


elite, porém para os nossos propósitos, definiremos cultura como o sistema
integrado de padrões de comportamento aprendidos, idéias e maneiras de se
relacionar com o mundo. O missionário deve aprender a conviver essas
diferenças transculturais, não apenas na forma pelo qual os povos comem,
vestem-se, falam e agem, e nos seus valores e crenças, mas também nas
presunções fundamentais que fazem sobre o seu mundo, para tentar ganhá-los
para Cristo.

O apóstolo Paulo nos deu o maior exemplo transcultural, quando disse: "Fiz-me
tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns" (I Co 9.22).
Paulo se fazia romano, para ganhar os romanos, se fazia grego, para ganhar os
gregos, e assim sucessivamente.

14. 2. Perspectiva Bíblica.

O cristianismo não tem o objetivo de padronizar o mundo e nem destruir as


culturas, sua mensagem, porém, é universal.

No dia do triunfo de Cristo e da Igreja, cada povo ou etnia, se apresentará


louvando a Deus, na sua própria língua (Ap. 5. 9) "E cantavam um novo cântico
dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto

A doutrina de Missões
Missiologia
e com o teu sangue compraste para Deus, homens de toda tribo, e língua, e
povo e nação".

24

XV. O respeito pelas outras culturas

Não é preciso destruir a cultura de um povo, para levá-los a fé cristã, por que o
cristianismo é transcultural.

Os missionários devem respeitar as culturas de um povo. Barnabé sabia que a


tradição judaica era mais uma forma de manter a identidade nacional, e que isto
em nada implicaria na salvação dos novos crentes, portanto, não seria
necessário observar o ritual da Lei de Moisés. "Pelo que jugo, que não se deve
perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas escrevo-
lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é
sufocado, e do sangue" (At 15.19-20).

Convêm lembrar que a importação de inovações para as nossas Igrejas pode


desrespeitar a nossa herança espiritual. Muitas coisas não servem para a nossa
cultura, pois já temos a nossa identidade cultural, como igualmente, essa pode
não servir para outras etnias pelas mesmas razões. O missionário enviado para
outro país, precisa ser integrado a cultura daquele povo, e compete a Igreja do
missionário, fazer com que ele conheça as instruções necessárias sobre os
problemas transculturais, respeitando a cultura, a civilização de cada país.
O missionário precisa ser instruído a ir cautelosamente, e zelosamente,
aplicando a doutrina bíblica.

O respeito às autoridades de cada país é essencial. Um missionário clandestino


está exposto a sofrer vergonha e envergonhar o nome da Igreja que o envia.

A doutrina de Missões
Missiologia
15.1. Um missionário é clandestino de duas maneiras:

Imigrando por conta própria, desordenadamente e sem respaldo de uma


Igreja e de um ministério.

Sendo enviado por uma Igreja, mas sem a devida documentação


imigratória e sem as instruções transculturais. 25

Portanto, a Igreja de origem do missionário precisa ficar atenta para não se


comprometer vergonhosamente, e prejudicar o missionário enviado.

XVI. O Exemplo do Apóstolo Paulo

O apóstolo Paulo era um judeu rico e culto, que sacrificou as tradições de seus
antepassados, deixando tudo para a salvação do maior número possível de
almas (Fp 3.5-8), pois considerava a salvação dos homens mais importante do
que sua identificação cultural como judeu.

Todos os meios lícitos são válidos para conquistar os pecadores para o Reino
de Deus. Paulo conhecia o mundo e sua geração, e soube conquistá-lo para
Jesus.

Nestes últimos dias, vemos o Espírito Santo como grande estrategista de


missões, despertando e mobilizando a sua Igreja para evangelizar todos os
povos não alcançados. Podemos ver até mesmo pastores e líderes que não se
importam muito por missões transculturais, ampliando sua visão, no sentido de
cumprir, em caráter de urgência, a grande comissão dada por Jesus. Muitos
desses pastores e líderes, a exemplo dos discípulos, só tinham uma visão de
missões nacionais.

Mas graças a Deus, que pelo seu Espírito está mobilizando todo o mundo cristão,
para abraçar todos os povos não alcançados ainda pelo evangelho.

XVII. O Desafio da Obra Missionária Atual

"Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia, pois, a
noite vem, quando ninguém pode trabalhar" (Jo 9.4).

A doutrina de Missões
Missiologia
17.1. Pessoas dispostas a cumprirem o ide de Jesus.

A evangelização mundial é uma tarefa urgente. Trata-se de um trabalho de prazo


limitado, que requer ação rápida, iminente e preciosa, temos que encher o
mundo com a Palavra da Fé, antes da "meia noite". Este é um trabalho que não
pode ser adiado, sob qualquer pretexto. Evangelização é o mais importante e
26
requer urgência, mais que qualquer outra missão da Igreja. Cada servo de Deus
deve compenetrar-se de sua própria responsabilidade. Hoje, pense no que você
pode fazer, no que você pode realizar para contribuir com a obra missionária.

O desafio da obra missionária é urgente, por que as portas estão se fechando.


Cada dia mais os obstáculos estão surgindo, tentando impedir a divulgação do
evangelho, vejamos o que disse Jesus: "E por aumentar a iniqüidade, o amor de
muitos esfriará" (Mt 24.12). Enquanto o pecado aumenta, o amor de muitos vai
esfriando, o desinteresse em fazer a obra de Deus tem ganhado espaço no meio
do povo de Deus, a exemplo disso, estão os "cultos ao ar livre" que estão
desaparecendo, cultos que outrora foram instrumentos de Deus, para que muitas
almas se convertessem ao Senhor Jesus Cristo, vejamos ainda a freqüência dos
cristãos nas congregações, nos cultos de ensino, de oração, etc.

Um dos desafios da Igreja Atual para não parar de evangelizar, é não deixar o
amor de Deus esfriar. Glorificamos a Deus, porque Jesus disse que o amor de
muitos esfriaria, mas Ele não disse de todos, isso é sinal que haverá um grupo
de cristãos que permanecerá com a chama do amor de Deus acesa em seus
corações. Leiamos (Ef 5.14-17). "Qual é a vontade do Senhor?" é a pergunta, a
resposta está em (II Pe 3.9). O Senhor não quer que ninguém se perca, mas que
todos venham se arrepender.

Paulo pediu oração a várias Igrejas para que as portas se mantivessem abertas.
A Igreja do Senhor necessita possuir visão espiritual para desenvolver um
arrojado programa evangelístico, enquanto é possível.

Muitas vezes nos deparamos com cristãos, criticando as TJs (testemunhas de


Jeová), mas eles não desistem, estão sempre de portão em portão, vendendo
suas literaturas e pregando aquilo que aprenderam, é bem verdade que ensinam

A doutrina de Missões
Missiologia
a Palavra de Deus distorcida, entretanto, nunca desistem. Temos também, os
Mórmons, que gastam seus sapatos, andando de um lado para o outro, pregando
aquilo que entenderam ser o evangelho de Cristo. De alguma forma, estão
obedecendo algum "Ide", e nós, qual "Ide" estamos obedecendo? Jesus disse:
"Se estes se calarem, até as pedras clamarão" (Lc 19.40). Quem são estes? São
os que vêem as obras de Deus, seus milagres, tem o conhecimento da verdade, 27

provaram as delicias da salvação, mas nada fazem para que outros se juntem a
esse banquete de bênçãos, estão de braços cruzados e vendo o tempo passar,
então se esses abençoados (nós), se calarem, as pedras (aqueles que
criticamos), irão clamar.

Uma jumenta "missionária" por um dia - A frase parece assustadora, mas quando
lemos o texto de (Nm 22.28-33) não é tão assustadora assim, porque um dia, na
história bíblica, Deus já usou uma jumenta para salvar uma vida, a do profeta
mercenário Balaão.

Mas é lamentável que nos nossos dias alguém de pouco entendimento, quer
fazer disso uma pregação, dando ênfase ao fato de que Deus "usa" até mesmo
uma jumenta, mas isso não é honroso para nós, pois Deus tem seus vasos
escolhidos para falar sua Palavra, e somos nós, pois já somos salvos,
pescadores de homens (Mc 1.17). Deus já usou de vários meios para realizar
sua obra, num momento de urgência Deus usou:

Uma jumenta para livrar Balaão da morte (Nm 22.28).

Uma menina para salvar um grande general (II Rs 5.2-3).

Um grande peixe, para transportar o missionário fujão (Jn 1.17).

Um tronco de uma árvore, para adoçar as águas (Ex 15.25).

Usou o sal para purificar o manancial das águas (II Rs 2.19-22).

Deus usa aquilo que estiver a mão, quando e como Ele quer. Hoje, porém, não
é honroso pregar que Deus usa uma jumenta, mas que possamos dizer como
disse Isaías o profeta: "Eis me aqui, envia-me a mim" (Is 6.8).

A doutrina de Missões
Missiologia
XVIII. Pessoas dispostas a orar pela obra
Missionária
28
"Rogai ao Senhor da seara, que mande obreiros para sua seara" (Lc 10.2).

"Rogai", nessa palavra está explícita a necessidade de oração, a obra da


evangelização é urgente e nos obriga a orar. Temos de ir aos pés do Senhor, a
fim de clamar por obreiros de valor.

Ninguém pode destruir, a obra construída com jejum, lágrimas e oração. Na


oração sentimos qual a vontade de Deus para este mundo. Deixar de lado o
compromisso da oração, é abandonar um tesouro incomparável que Deus tem
posto a nossa disposição.

Devemos orar para recebermos a capacitação de Deus necessária a fim de


sairmos para o campo missionário, e sem essa preparação prévia, ou seja,
aqueles que saem de qualquer maneira, correram um o risco de fracassarem em
sua missão.

Foi a oração que sustentou os obreiros da Igreja primitiva, ela deu força, coragem
e direção a eles. "E tendo eles orado, moveu-se o lugar onde eles estavam
reunidos e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a
Palavra de Deus" (At 4.31).

A Igreja orou e Pedro foi liberto milagrosamente da prisão (At 12.5-12). Somente
através da oração, os obreiros são sustentados na "luta" ministerial e
missionário. O apóstolo Paulo conhecia o poder da oração quando disse à Igreja
de Colossos: "Perseverai em oração... orando também juntamente por nós, para
que Deus nos abra a porta da Palavra, a fim de falarmos do ministério de Cristo,
pelo que estou também preso" (Cl 4.2-3).

Em (At 2.45). "Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiram com todos,


segundo cada um tinha necessidade"

A doutrina de Missões
Missiologia
Muitos cristãos primitivos venderam as suas propriedades e entregaram o valor
correspondente aos apóstolos, em beneficio da obra missionária. Como prova
disso lemos a passagem bíblica que registra: "Então José, cognominado pelos
apóstolos, Barnabé (que traduzido, é filhos da consolação), levita, natural de
Cripre, possuidor de uma herdade, vendeu-a e trouxe o preço e depositou aos
pés dos apóstolos" (At 4.36-37). 29

Oswald Smith, um dos maiores enviadores de missionário do século XX,


conhecido por muitos como "Sr. Missões", disse a célebre frase: "A Igreja que
não faz missões, breve deixará de ser evangélica". Atualmente, sua Igreja em
Toronto, no Canadá, sustenta quase mil missionários em todo mundo, com um
orçamento milionário de mais de dois milhões de dólares anuais. O trabalho
agora, é liderado pelo seu filho, que o sucedeu, após sua partida para estar com
o Senhor das missões.

Não existe outro motivo para a Igreja ainda existir na terra, que não seja missões.
É responsabilidade da Igreja local, o ensino e o sustento do missionário no
campo.

Foi o próprio Deus, quem estabeleceu que o crente contribuísse, para que o seu
povo tenha os recursos suficientes para a expansão do evangelho e manutenção
da obra do Senhor.

O Pastor Deiró de Andrade (Pr. de uma Igreja missionária, no Estado de São


Paulo), ao apresentar à Igreja as conquistas do campo missionário, tais como:
terrenos, prédios e o próprio envio de obreiros para missão, sempre faz a
seguinte pergunta: "Os irmão sabem como foi que conseguimos isso?" E em alto
e bom som, toda Igreja responde: "Com os nossos dízimos e ofertas".

Entretanto, se você não pode ir, pode contribuir para que o Reino do Mestre
Jesus cresça e se fortaleça na face da terra, e para que outros possam ir em seu
lugar.

A doutrina de Missões
Missiologia
XIX. O Chamado do Missionário e seu Preparo

"Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angustia, ou a


perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?"
30
Uma coisa primordial na vida do missionário, deve ser a convicção de sua
chamada, para realizar a obra de Deus, caso contrário, na hora da adversidade,
irá recuar, pois as batalhas no campo missionário são grandes, e quase sempre
não há amigos com quem contar.

Vejamos, a convicção do apóstolo Paulo: "Paulo, servo de Jesus Cristo,


chamado para Apóstolo, separado para o Evangelho de Deus" (Rm 1.1).

Se o missionário tem a certeza que é servo, chamado e separado, certamente


alcançará seu objetivo evangelístico e o nome do Senhor será glorificado.

Vejamos o que diz o Bispo Dr. Manoel Ferreira, sobre o preparo missionário:
“Além de outras necessidades, pesa sobre o missionário a necessidade de mais
espiritualidade no campo. O missionário pensa que no campo onde cumpre sua
missão, pode orar tanto quanto orava onde antes cooperava. Em sua Igreja, ele
contava com o companheirismo dos colegas de ministério, sob a orientação de
seu presidente. Era uma equipe unida e vitoriosa! Mas agora o obreiro está
sozinho, e as lutas são constantes e bem maiores. É preciso muito mais oração
e muito mais poder de Deus, se assim não for, o missionário não conseguirá
êxito em sua missão” (livro: Reflexões e desafios para o Terceiro Milênio).

Missionário é aquele que foi especificamente chamado por Deus. Em (At 9.15)
vemos o exemplo de Paulo quando Deus disse: "Disse-lhe, porém, o Senhor:
Vai por que este é para mim, vaso escolhido...". Além de ser chamado, deve
receber um preparo, ou seja, passar por um estágio e ser aprovado. A igreja local
deve ter uma equipe de treinamento, com o objetivo de selecionar, treinar e
habilitar candidatos ao campo missionário, e estabelecer alvos e estratégias
definidas. Ninguém melhor que a igreja local para reconhecer e identificar uma

A doutrina de Missões
Missiologia
pessoa chamada para missões. Um homem enviado ao campo, não pode ser
neófito, ou seja, sem experiência (I Tm 6.3).

Quando Davi compareceu diante de Saul e se propôs a lutar contra o gigante


Golias, ele não era só um jovem, era muito mais, as experiências do sol
causticante e das noites frias que passou, quando cuidava das ovelhas de seu
31
pai, lhe trouxeram experiências corajosas, que agora estavam lhe servindo, para
enfrentar o gigante, veja o que ele mesmo disse em (I Sm 17.32-37) portanto é
fundamental a chamada, e a preparação, antes de ser enviado um missionário
ao campo de "batalha".

19.1. As Responsabilidades da Igreja que envia.

A Igreja que envia o missionário, tem que estar bem orientada sobre a obra
missionária, quais seus deveres como Igreja, e que privilégios a aguardam como
enviadora e promotora de missões.

A Igreja é a primeira a aparecer no cenário da missão, pois é dentro dela que o


surge o missionário. É a igreja que o envia.

''Enviar" significa colocar dentro da obra ou da comunhão, assumir e pagar o


preço da responsabilidade do envio.

A Igreja é responsável por conhecer o missionário que envia. É seu dever saber
quem ele é, conhecer seus defeitos e virtudes, aspectos negativos e positivos.
Quando o missionário comete tolices em seu campo de trabalho, culpa-se
primeiramente à igreja que o enviou e que está por detrás dele.

A Igreja é responsável em manter o missionário que envia. É preciso mantê-lo


financeiramente. Um homem com uma família ás custas, sem casa, sem comida,
sem roupa, sem remédio, sem dinheiro, sem saúde, enfim, sem respaldo
financeiro, não conseguirá trabalhar.

A Igreja precisa manter o missionário socialmente. O missionário enviado pela


Igreja é mantido por suas contribuições, através da secretaria de missões,
ofertas, dízimos etc. É de suma importância que a Igreja incentive os crentes a

A doutrina de Missões
Missiologia
contribuírem para a obra missionária. Uma Igreja que envia e mantém
missionários, é uma Igreja que está constantemente debaixo da benção de Deus,
e está sendo fiel à razão de sua obra e existência. "Portanto ide e ensinai todas
as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt
28.19). A Igreja existe por causa da necessidade da salvação de todas as
nações, caso ela não cumpra sua missão, ela perderá a razão de sua existência. 32

19.2. A Responsabilidade do Missionário que vai.

Já falamos sobre as responsabilidades da Igreja que envia, falaremos agora, da


responsabilidade do missionário que vai. Pois o mesmo vai representando a
Igreja, e suas ações refletem o nome dela. Por esse motivo, ele não pode fazer
o que quer ou o que pensa, tem o nome a zelar, pois toda Igreja pode ser atingida
pela boa ou má fama do tal missionário. A igreja jamais pode enviar ao campo o
obreiro com experiência de rebeldia. O homem de Deus deve ser pacífico e
pacificador, respeitando a Igreja que o enviou, bem como as existentes na cidade
ou país para onde o mesmo foi enviado. Fazemos o que diz a Palavra de Deus:
"Não dando nós escândalos, em coisa alguma, para que o nosso Ministério não
seja censurado" (II Co 6.3). Ele deve ter a consciência que seus atos podem
exaltar ou denegrir a Igreja de Cristo, daí a necessidade de se preparar o obreiro,
antes de seu envio ao campo.

19.3. Quando Vem a Perseguição.

"Tenho vos dito isso, para que em mim tenhais paz, no mundo tereis aflições,
mais tendes bom ânimo, eu venci o mundo" (Jo 16.33).

Entre muitas coisas, com as quais o missionário tem que se preocupar, não deve
esquecer-se, do alerta que faz o Senhor Jesus. Aflições e perseguições, sempre
surgem no campo de baralha.

A perseguição é uma das armas que satanás usa na tentativa de impedir a


proclamação da Palavra de Deus. O próprio Jesus disse que somos perseguidos,
porque não somos deste mundo (Jo 15.18). Paulo enfrentou perseguições em
suas viagens missionárias, mesmo assim, ele fundou Igrejas na Ásia Menor e

A doutrina de Missões
Missiologia
Europa, ora, se ele enfrentou tal situação, nós, na atualidade, também
enfrentaremos. Precisamos aprender com ele, se você deseja ir ao campo
missionário, tenha convicção, prepare-se e vá, mas vá consciente das lutas e
perseguições que virão, não só por parte do diabo, mas também por outros, até
daqueles que se dizem cristãos. Sobre os falsos irmãos, Paulo falou: "Em perigos
dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos 33

no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos" (II Co 11.26).


Certamente, tendo consciência dessas provações que virão, o missionário
conseguirá amar mesmo não sendo amado, conseguirá perdoar como Cristo
perdoou, mas lembre-se, você não esta só, o próprio Jesus disse: "... e eis que
estou convosco até a consumação dos séculos" (Mt 28. 20), Deus se
responsabiliza por aquele que Ele envia, por isso o apóstolo Paulo podia dizer:
"Mas em todas essas coisas, somos mais do que vencedores, por aquele que
nos amou" (Rm 8.37). O medo das lutas e provações no campo da missão, tem
apagado a chama no coração de muita gente, mas os que permanecerem firmes
e cumprirem o Ide de Cristo, terá grandes recompensas, vejamos: "Os que
semeiam em lagrimas, segaram com alegria. Aquele que leva a preciosa
semente andando e chorando, voltará, sem duvida, com alegria, trazendo
consigo os seu molhos (Sl 126.5-6).

A Bíblia diz que pela fé, Abraão sendo chamado obedeceu (Hb 11.8), os que
obedecem o chamado de Deus, estão debaixo dos cuidados dEle. Deus chama,
capacita, envia, e cuida. As lutas e perseguições são, muitas vezes,
"instrumentos" que Deus usa para levar seus servos para o lugar da benção. As
provações que o povo de Deus passou no Egito, fez com que os mesmos
clamassem por livramento, e Deus os livrou e os colocou numa terra que mana
leite e mel. Se Deus não permitisse aquela perseguição contra os primeiros
discípulos em Jerusalém, a Igreja estaria limitada, só em Jerusalém até hoje,
mas vindo as perseguições, saíram e foram por todas as partes do mundo,
anunciando a Palavra de Deus. Entretanto, não devemos olhar só para as lutas,
mas também para a recompensa (Hb 11.26).

19.4. Nunca diga não para missão.

A doutrina de Missões
Missiologia
Quando Deus nos chama, ele nos capacita para sua obra, entretanto Ele jamais
aceitará um não como resposta. A palavra nos ensina que Jonas foi designado
para uma missão, Entretanto, disse não para Deus, não disse verbalmente, mas
sua atitude falou por ele.

Vejamos que Tarso ficava no sentido oposto de Nínive, assim Jonas toma rumo
34
contrário a sua missão. A pergunta que paira ao ar é: "Porque Jonas disse não?"
Faltaram a Jonas três qualidades fundamentais que o missionário precisa ter.

Obediência - se Jonas tivesse obedecido, não questionaria a Deus,


simplesmente obedeceria. Vejamos o caso de outro missionário, Abraão
(Gn 12.1), sem se quer saber para onde iria, obedeceu a voz de Deus, o
chamado missionário.

Coragem - Segundo a tradição, os Ninivitas, tempos atrás, teriam


invadido as terras dos judeus, saqueado seus bens e matado seus
homens e nesta lista de perdas estavam os irmãos de Jonas. Não foi
apenas um sentimento egocêntrico, mas sim o medo, e a falta de coragem
o fizeram dizer não.

Amor - Este é sem dúvida, o sentimento que deve palpitar no coração do


missionário. Se Jonas tivesse amor por aquelas vidas, sem sombra de
dúvida, ele teria rompido todas e quaisquer barreiras, á sua frente, e teria
dito sim para sua missão.

Nós, missionários da última hora, precisamos nos encher do amor de Deus, para
amarmos também nossos semelhantes, sem esquecer de que estamos diante
de um Deus que nos chamou para sua obra, nos capacitou com seu Espírito
Santo e já nos designou o campo de trabalho, portanto, jamais aceitará um “não”
como resposta.

XX. Qualificações do Missionário

A doutrina de Missões
Missiologia
Mencionamos abaixo algumas condições necessárias para ser um próspero
ganhador de almas:

Ser convertido. "...E tu, quando te converteres confirma a teus irmãos"


(Lc 22.32). "...E grande número creu e se converteu..." (At 11.21).

Ter bom testemunho. "...Convém que tenha bom testemunho dos que 35

estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo" (I Tm


3.7).

Ter conhecimento da palavra de Deus. "... Então Felipe, abrindo sua boca,
e começando nesta escritura, lhe anunciou a Jesus" (At 8.35). "Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneje bem a palavra da verdade" (I Tm 2.15).

Viver o que prega. "Tu, pois que ensina a outro, não te ensinas a ti
mesmo ..." (Rm 2.21-22).

Ser irrepreensível para não ficar reprovado. "Antes subjugo o meu corpo
e o reduzo a servidão, para que pregando aos outros, eu mesmo não
venha de alguma maneira ficar reprovado" (I Co 9.27, Pv 25.26).

Ser exemplo para ganhar almas sem pregar. "Pelo porte de suas
mulheres sejam os maridos ganhos sem palavras" (I Pe 3.1-2).

Exemplos:

Elizeu. "...Eis que tenho observado que este homem que passa sempre por nós
é um santo homem de Deus" (II Rs 4.9).

Abraão. "...Príncipe de Deus és no meio de nós" (Gn 23.6). Pelo seu porte, o
crente exercerá influencia sobre os que estão ao redor, pois passa a ser
respeitado.

Herodes. "temia a João, sabendo que era varão justo e santo ..." (Mc 6.20).

Ter sabedoria. "...O que ganha almas sábio é" (Pv 11.30).

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Ser crente de oração. "Orar sem nunca desfalecer" (Lc 18.1).

XXI. Evangelismo Pessoal

21.1. Maneiras de levar as almas a decisão.Este é o ponto decisivo e que requer


do crente um cuidado especial. Não é suficiente apenas falar, mas insistir na
aceitação de Cristo. O ganhador de almas deve proceder da seguinte forma: 36

Escolher com quem deseja falar. Para isto é indispensável a direção do


Espírito Santo.

Decidir a maneira de falar. Se em particular (At 18.26), ou publicamente


(At 20.20), se com cortesia (II Tm 2.24-25), ou com exortação (At 2.40).

Falar sempre: Com vida de oração (Ef 6.18-20). Sem pressa demasiada
(Pv 29.20, Is 28.16). De maneira que a pessoa possa entender (Mt 13. 19,
I Co 2.14).

Mostrar que: O homem é pecador (Rm 3.23, Is 64.6). Pelo pecado o


homem está condenado (Jo 3.18, Rm 6.23). Deus enviou Jesus para
salvar o pecador (Jo 3.16-17). As boas obras não podem salvar (Gl 2.16,
Rm 3.20). Só Jesus pode salvar (Jo 5.24, Mt 1.21). A vida eterna está em
Jesus (I Jo 5.11-20).

Falar com convicção, que o homem que crer é perdoado. (Is 43.25, Sl
10.3 -12, I Tm 1.15).

Incutir a certeza da salvação. (At 10.43, Jo 5.24, Jo 10.28-30).

Finalmente, com muita sabedoria de Deus, convidar a pessoa a aceitar Jesus


como salvador, e ao mesmo tempo: Ficar orando em espírito. Esperar que a
semente germine (Tg 5.7). Vigiar (Mt 13.19). Caso a pessoa aceite Jesus, orar
com ela apresentando-a ao Senhor - Às vezes, as circunstâncias ou o local
podem não permitir uma oração em voz audível. Nesse caso deve-se orar em
voz baixa ou em espírito, pois o valor é o mesmo. Caso a pessoa não aceite
Jesus, proceder de tal modo que a porta fique aberta. É sempre bom verificar se
a causa de a pessoa não aceitar Jesus não foi falha nossa. Contudo, não se

A doutrina de Missões
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deixar abater, mas prosseguir na importante tarefa, pois pode ser que a semente
germine noutra ocasião (Ec 11.1-6).

XXII. Cronologia Histórica das Igrejas


Evangélicas no Brasil

Veremos agora, um panorama histórico simples das principais Igrejas no Brasil, 37

somente para percebermos o que é o fruto de missões estrangeiras e a dívida


que temos com as nações que outrora investiram em missões, em nossa pátria.

1855 - Roberto Kalley - médico escocês, chega ao Brasil e funda no Rio de


Janeiro a Igreja Evangélica Fluminense, segundo a ordem Congregacional.
Roberto Kalley é o exemplo do missionário "fabricante de tendas".

1859 - A. G. Simonton - chega ao Rio de Janeiro e inicia a Igreja Presbiteriana


no Brasil.

1881 - W. B. Bagby - chega em terra brasileira e inicia o trabalho Batista.

1876 - J. S. Newmam e Jonh J. Ranson - conseguiram estabelecer a Igreja


Metodista em nossa nação depois de muitas tentativas frustradas.

1911 - Funda-se a maior Igreja Pentecostal de todos os tempos, Assembléia de


Deus, pelos missionários Daniel Berg e Gunnan Vigren. Hoje a referida Igreja, já
passa de 16 milhões de membros, isso só no Brasil.

1946 - Harold Edwin - chega ao Brasil, funda a Igreja do Evangelho


Quadrangular.

Poderíamos citar muitas outras Igrejas aqui, porém foi dada prioridade às Igrejas
que foram fundadas através de missionários estrangeiros. Igrejas como: O Brasil
para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é amor, Igreja Internacional da Graça de
Deus, etc. Foram Igrejas fundadas por missionários nacionais, que
inegavelmente foram chamados para desenvolver o seu trabalho, movidos por
uma visão de missões nacionais e, posteriormente transculturais. Já temos
notícia do que essas Igrejas estão fazendo além das fronteiras.

A doutrina de Missões
Missiologia
O nosso objetivo é conscientizar todos os cristãos brasileiros da dívida que
temos com missão transcultural. Por exemplo, se A. G. Simonton, não fosse
enviado para o Brasil, existiriam os presbiterianos em terras brasileiras? E se
Daniel Berg e seu companheiro Gunnan Vigren não fossem enviados a nossa
nação, existiria, hoje, este movimento pentecostal no Brasil, chamado
Assembléia de Deus? E assim vale também aos demais missionários enviados 38

de lá para cá, e fincaram aqui no Brasil, a bandeira do evangelho de Cristo e


representaram suas respectivas Igrejas. Fica isso para nossa reflexão.

XXIII. O que Eles Disseram Sobre Missões

Willam Carey -"Eu vou descer, mas vocês não se esqueçam de que devem
segurar bem as cordas".

Adoniran Judson - "Muitos crentes consagrados jamais atingirão os campos


missionários com seus próprios pés, mas poderão alcançá-los com os joelhos".

Dick Hills - "Cada coração com Cristo é um missionário, e cada coração sem
Cristo, é um campo missionário".

Willam Carey - "Na mente Divina não há distinção entre missões estrangeiras ou
missões nacionais. Onde houver uma alma perdida, ai está um campo
missionário".

Conde Zinderdorf - "A região do mundo que mais precisa do evangelho passa a
ser, doravante, o meu país".

Johannes Blaun - "Enquanto houver neste mundo homens em trevas, sem Deus
e sem misericórdia, há de prevalecer a tarefa missionária da Igreja Cristã".

Osvald Smith - "Oramos sempre; "Venha o teu Reino". Mas nunca dizemos:
"Envia-me a mim".

Hendrick Kraemer - ”O momento do nascimento da Igreja, no pentecostes, foi


também o instante em que tarefa missionária nasceu. A descida do Espírito
Santo fez dois discípulos apóstolos, isto é missionários".

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Adams Brown - O único, entre os doze apóstolos que não se tornou missionário,
veio a ser o traidor".

Walter Knkght - "Quando Jesus disse: "Vinde", Ele vem nos encontrar. Quando
Ele diz: "Ide", Ele vai conosco".

Here - "O melhor remédio para uma Igreja enferma, é colocá-la em uma dieta 39

missionária".

Hudson Taylor - "Se Deus o deseja trabalhando nos campos missionários, nem
seu dinheiro, nem suas orações, jamais poderão ser substitutos aceitáveis".

Referencias Bibliográficas

Reflexões e Desafios Para o Novo Milênio (Betel) - Bispo Dr. Manuel Ferreira.

Missões - Janelas para o Oriente (Betel) - Pr. Samuel Cássio Ferreira.

O Desafio da Evangelização - Pr. Gesiel Gomes.

A Igreja e a Obra Missionária (CPAD) - Pr. Túlio de Barros Ferreira.

Evangelismo e Missões (CPAD) - Pr. Antonio Gilberto.

Apostila - Igreja Local e Missões - Pr. Valter José G. da Silva.

Manual de evangelismo (CPAD) - Pr. Valdir Biscego.

Fatebom - Faculdade Cristã no Estado de São Paulo.

A doutrina de Missões
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IMPORTANTE

A elaboração deste material consistiu na pesquisa das obras


mencionadas acima e todos os méritos são dos autores das
mesmas. Esta apostila não é para a venda, e sim para fins de
estudo.

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