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Guerra e fé: João Filson Soren e a capelania militar da FEB

Chapter · June 2020

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Dennison de Oliveira Luca Lima Iacomini


Universidade Federal do Paraná Universidade Federal do Paraná
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Guerra e fé: João Filson Soren e a capelania militar da FEB

Dennison de Oliveira e Luca Lima Iacomini

Introdução
Durante a Segunda Guerra Mundial, a religião foi um fator importante para os
combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB), como se percebe na atuação de seu
serviço religioso. O presente resultado preliminar visa a analisar a atuação do corpo de
capelães458 febianos, destacando a presença do pastor batista João Filson Soren nesse meio.
Não foi apenas na Segunda Guerra Mundial que se verificou a inter relação entre
conflito armado e religião. Na maior parte das guerras e conflitos semelhantes coexistiu a
preocupação com as questões afetas à espiritualidade com o objetivo de matar, ferir ou
aprisionar oponentes. O tema se insere no campo de estudo dedicado à relação entre a religião
cristã e as guerras ao longo da História. A pertinência e complexidade destes estudos podem
ser melhor entendidas a partir dos exemplos a seguir.
As origens históricas do Cristianismo remontam à época da guerra de conquista e à
posterior ocupação militar por parte do Império Romano da região então conhecida como
Galileia. Dentre as várias motivações para o início do Cristianismo se inclui a reação contra a
guerra e a violência. Tal atitude foi expressa de forma direta na determinação do próprio Jesus
Cristo segundo a qual a melhor reação contra a violência seria oferecer ao agressor a outra
face. O compromisso do Cristianismo com o pacifismo e a não-violência rendeu à nova
crença uma série de perseguições, muitas das quais eram resultado da recusa de seus
seguidores em servir ao Exército Romano. A maioria dos movimentos e instituições cristãs
esteve, desde o início, comprometida com a defesa da paz e a condenação da violência,
assumindo em algumas denominações uma recusa radical à guerra e às instituições militares,
como no caso dos Franciscanos, Anabatistas, Menonitas, Amishs, Testemunhas de Jeová,
Quakers, etc459.
O colapso do Império Romano no Ocidente foi seguido pelo estabelecimento da
autoridade da Igreja Católica por quase toda Europa, tornada a entidade responsável por
organizar a religião que se tornou gradualmente dominante no continente. As sucessivas

458
O Dicionário Online de Português define “capelão” como: “Sacerdote que dá assistência religiosa a qualquer
outra instituição civil (hospital, escola etc) ou militar (quartel)”. Disponível em:
<https://www.dicio.com.br/capelao/> Acesso em: 27 set. 2019.
459
CREVELD, Martin van. The culture of war. New York: Presidio Press, 2008. p. 255.
232

/
guerras e conflitos que permearam toda Idade Média colocaram à prova o compromisso da fé
cristã, então institucionalizada como Igreja Católica Apostólica Romana, tanto com a paz
quanto com a não-violência. Embora a Igreja nem sempre tivesse sido portadora de armas ou
mantenedora de forças armadas, os senhores feudais e a nobreza fundiária que a protegia eram
um estamento de guerreiros que, frequentemente, entravam em conflito militar entre si460.
Surgiram então as sucessivas regulações da guerra por parte da Igreja, limitando as épocas do
ano e os dias da semana em que seria permitido declarar e travar guerra. Ainda assim, os atos
de violência e os assassinatos seguiam sendo objeto de censura e condenação por parte das
autoridades religiosas:

Os teólogos admitiam com relutância a moralidade do combate quando


realizado para impor ou restaurar os direitos legais de um soberano; a
advertência de Cristo de “dar a Cesar o que é de Cesar” proporcionava, por
extensão, a justificativa necessária. Todavia, mantinham que matar e ferir
eram pecados pelos quais era preciso fazer penitência – depois da Batalha de
Hastings, em 1066, os bispos normandos impuseram aos seus próprios
cavaleiros um ano de preces e jejuns por matar um homem, quarenta dias por
ferir – embora Guilherme, o Conquistador, tivesse lutado contra Haroldo e os
anglo-saxões com a aprovação do Papa de sua reivindicação de que buscava a
restituição de seus direitos de soberano.461

O surgimento dos Estados Nacionais modernos se fez tanto contra as tendências


localistas representadas pelos senhores feudais como contra o poder supranacional
representado pela Igreja em Roma. A medida em que as diferentes nações iam se definindo e
fortalecendo, a Igreja ia se acomodando ao novo poder nacional, num processo cheio de
contradições e conflitos. Em alguns casos a disputa política entre o poder real e o eclesiástico
chegou ao ponto de ruptura como no conhecido episódio de fundação da Igreja Anglicana na
Grã-Bretanha em 1534, com a correspondente ruptura com Roma, resultado de um
prolongado embate com o rei Henrique VIII.
No caso do Brasil independente, a subordinação era praticamente integral, graças ao
poder de que dispunha o Imperador Brasileiro de confirmar ou não as nomeações dos cargos
eclesiásticos na hierarquia da Igreja local, bem como a primazia de confirmar ou não todas as
determinações emanadas de Roma. Cabia ao Estado brasileiro remunerar o corpo eclesiástico,
reduzido à condição de instrumento do poder estatal, manifesto nos deveres de controle da
população através dos registros paroquiais e transmissão de informações, leis e ordens que

460
Para ver sobre participação de bispos em conflitos armados no medievo, ver: RUST, Leandro. Bispos
Guerreiros: Violência e fé antes das Cruzadas. 1ª ed. Petrópolis: Vozes, 2018.
461
KEEGAN, John. Uma História da Guerra. São Paulo: Cia. Das Letras, 1995. p. 305.
233

/
cabia às diferentes paróquias. O Exército Imperial brasileiro mantinha um corpo de capelães
composto de cerca de cinquenta padres católicos e mantinha a rotina de missas semanais e em
demais ocasiões especiais que deveriam ser oferecidas a todos seus efetivos462.

A capelania militar na FEB


Após a Proclamação da República em 1889, foi decretada a separação oficial entre
Estado e Igreja levando, por sua vez, à extinção do corpo de capelães então existente no
Exército Brasileiro. Além disso, as missas semanais deixaram de ocorrer dentro das
instalações das forças armadas e os feriados religiosos passaram a ser ignorados. Isso não
significou, porém, que a decisão foi acatada com tranquilidade por todos os setores tanto da
sociedade civil como das instituições militares. Havia forças que buscavam reverter essa
laicidade, como alguns militares que desde 1917 reivindicavam a “recatolização” do Exército
e a Liga Eleitoral Católica, que encaminhou a proposta de recomposição do corpo de capelães
militares à Assembleia Nacional Constituinte de 1934, dentre outras iniciativas.
O medo do comunismo, porém, unia setores da Igreja e do Exército, tornado
especialmente intenso após a Intentona Comunista de 1935, ocorrida durante o governo
constitucional de Getúlio Vargas. Contudo, há autores, como Thomas Bruneau e Irma Beatriz
Araújo Kappel, que consideram o movimento de 1930 que levou Vargas ao poder como um
primeiro momento de reconciliação do Estado com a Igreja. De acordo com essa leitura, essa
aproximação já teria se manifestado no apoio de instituições religiosas ao então presidente e
um primeiro ensaio de inclusão de capelães militares nas manobras militares da assim
chamada Revolução de 1930463.
Apesar de todas essas questões, o corpo de capelães militares não foi reorganizado,
nem com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, nem com a criação da Força
Expedicionária Brasileira, apesar de a Portaria Nº 47-44 de 9 de agosto de 1943 incluir o
Serviço Religioso entre as unidades que comporiam a Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Questões muito mais urgentes, como a mobilização do número de soldados necessários para a
constituição do futuro Corpo Expedicionário (60 mil homens) com a correspondente forma
física requerida, foram priorizadas, deixando-se para depois a organização das unidades

462
MCCANN, Frank D. Soldados da Pátria: história do Exército Brasileiro (1889-1937). São Paulo: Cia. das
Letras, 2007. pp. 42-43.
463
PIOVEZAN, Adriane. Morrer na guerra: instituições, ritos e devoções no Brasil (1944-1967). Tese
(Doutorado em História) - Setor de Ciências Humanas da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2014. p. 54.
234

/
não-combatentes. O caso do corpo de capelães da FEB é extremo, só vindo a se constituir às
vésperas do embarque do primeiro efetivo de militares brasileiros para a Europa.
Pouco se sabe sobre os motivos que levaram ao grande atraso na reconstituição da
capelania militar brasileira para a Segunda Guerra Mundial, mas, segundo a historiadora
Adriane Piovezan, as evidências de que se tem conhecimento levam a crer que apenas
tardiamente houve um acordo entre elites políticas e religiosas neste sentido. As resistências
vindas de diferentes setores do governo Vargas seguiam sendo importantes, mas tinham que
se adequar ao contexto de guerra. A autora aponta para o fato de que as “experiências recentes
com os conflitos e revoluções internas sugerem que não se cogitava a ausência de capelães
nestas circunstâncias”464.
Consta no Censo de 1940, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), que a religiosidade da população brasileira era constituída de 95,01% de católicos,
2,61% de protestantes, 0,13% de judeus e 1,7% praticantes de outros cultos (dentre os quais é
possível mencionar as religiosidades afro-brasileiras e até mesmo o positivismo)465.
Fosse por causa de acordos políticos com a Igreja Católica ou por conta da
subordinação da FEB aos padrões do Exército dos EUA (que incluía em suas tabelas de
efetivos um corpo de capelães), o presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto-Lei nº 6535 de
26 de maio de 1944, recriando o Serviço de Assistência Religiosa nas Forças Armadas
(SAFRA)466. Fizeram parte desse corpo 25 capelães católicos e dois protestantes - dentre eles
o presbiteriano Juvenal da Silva e o batista João Filson Soren - todos voluntários467. Esses
últimos, mesmo com suas históricas divergências religiosas, eram admirados pelos colegas
católicos, como consta o relato do padre Jacob Emílio Schneider sobre a reunião dos capelães
militares:

Ambos [Silva e Soren] eram bem estimados pelos colegas, oficialidade e


tropa, primando pela educação, prestimosidade e coleguismo. O reverendo
Soren, por diversos meses, foi meu companheiro de barraca e sempre admirei
seu senso de ordem, asseio e gentileza. Meu cantil de água estava sempre
abastecido de água fresquinha, que ele buscava numa fonte que ficava a
algumas centenas de metros. Quando eu celebrava missa, ele cuidava da
disciplina e silêncio nas mediações. Após a guerra ele foi eleito para
presidente da Aliança Batista Mundial. O reverendo Juvenal [da Silva]

464
PIOVEZAN. op. cit., p. 55.
465
Idem. p. 78.
466
Idem. p. 56.
467
Vale lembrar que nos Estados Unidos havia a possibilidade de capelães judeus no Exército, o que não foi
considerado no caso brasileiro, dada quase inexistência de judeus na FEB. A esse respeito ver: BLAJBERG,
Israel. Os soldados que vieram de longe. Resende, RJ: AHIMTB, 2008.
235

/
aglutinava desde logo as simpatias de todos pela sua alegria e singeleza no
trato. Reinava já então entre todos os capelães um sadio ecumenismo468.

No teatro de operações da FEB na campanha da Itália os capelães realizavam


missas, procissões, funerais e extremas unções, além de darem auxílio espiritual para os
combatentes “tanto na linha de frente quanto nos hospitais à retaguarda”469. No entanto,
compreendendo a participação na FEB como um chamado divino, eles chegavam a enfrentar
perigos nas batalhas, como é o caso do reverendo Juvenal, que tomou em suas mãos a
incumbência de entregar uma correspondência a um pracinha “que estava entrincheirado em
uma posição altamente bombardeada pela artilharia do inimigo”470. Ao ver que se tratava de
conteúdo de alto valor afetivo, no caso, bombons que a mãe do soldado havia enviado ao
filho, o capelão se sensibilizou e cumpriu a missão de fazer a correspondência chegar a ele.

FIGURA 1

Imagem retirada de: SCHNEIDER. op. cit. p. 146.

468
SCHNEIDER, Jacob Emílio. Vivência de um ex-capelão da FEB. Curitiba: Edições Rosário, 1983. p. 72.
469
PIOVEZAN, Adriane. op. cit., p. 58.
470
LIMA, Rogério de Carvalho. Capelães nas Trincheiras. Rio de Janeiro: Multifoco, 2014. p. 96.
236

/
O fato de os brasileiros terem travado a guerra no país que abrigava a sede do
catolicismo mundial teve profundas consequências. Num efetivo composto quase que
totalmente de católicos, era grande a ansiedade por conhecer o Vaticano e, se possível,
professar a fé numa missa rezada pelo próprio Papa Pio XII. Mesmo os militares agnósticos
acabaram cedendo ao imenso prestígio e autoridade que a figura papal então inspirava. O
chefe do Estado-Maior da FEB Floriano de Lima Brayner descreve em que circunstâncias os
primeiros militares brasileiros tiveram contato com o Papa, justamente os seus membros e o
então comandante, o General Zenóbio da Costa.
Tudo começou na noite do dia 27 de julho de 1944, quando os primeiros efetivos da
FEB a chegarem a Itália no início daquele mês se deslocavam de Nápoles, onde haviam
desembarcado, para as imediações do front em Tarquinia, distante 350 Km dali. Naquela
noite, seu comandante e respectivo Estado-Maior pernoitaram na cidade de Roma. Foi ali que
Zenóbio recebeu do Embaixador brasileiro, creditado junto à Santa Sé, a notícia de que havia
sido agendado para o dia seguinte um encontro privado do comando da FEB com o Papa. A
reação do general ao compromisso foi fria e hostil. Zenóbio não era católico e ficou irritado
com a perda de tempo que lhe seria imposta num evento puramente protocolar no
deslocamento, ao fim do qual a recém-chegada FEB finalmente receberia suas armas,
despachadas do porto próximo de Civittavecchia.
De todos presentes o mais chocado com a recusa do General era o Embaixador
brasileiro, para quem se tratava de uma oportunidade única, uma vez que “... levar a se curvar
perante o Papa um grupo de chefes militares brasileiros que se encaminhava a frente de
batalha, era a maior prova da submissão, ao poder espiritual, da maior nação católica da face
da Terra”471. Uma considerável dose de persuasão foi necessária para convencer o General a
concordar em comparecer à audiência que havia sido marcada. Foi a percepção do caráter de
alta deferência ao Brasil por parte do papado implícito nesta audiência que o fez, finalmente,
se submeter a tão indesejado compromisso.
Cerca de 11:30 o Embaixador Hildebrando Acioly chegou ao hotel, para
acompanhar o General Zenóbio da Costa. Estava de casaca. Nós estávamos
no humilde verde-oliva, de camisa e bibico. Fomos conduzidos rapidamente
à sala do “Thronetto”, pequena dependência, rica de tradições na história do
Vaticano. Veio ao nosso encontro um sacerdote que nos foi apresentado:
Monsenhor Montini, Secretário de Sua Santidade Pio XII. Não podíamos
imaginar que ali se encontrava o futuro Pontífice Paulo VI. Fez um pequeno
exórdio e explicou:

471
BRAYNER, Floriano de Lima. A verdade sobre a FEB: memórias de um chefe de estado-maior na
campanha da Itália (1943-1945). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. p. 126.
237

/
- Sua Santidade vai entrar por aquela porta, à direita. Sua figura inspira
profunda emoção e todos se ajoelham para receber sua benção. Tem
particular estima pelo Brasil e fala português corretamente. Manifestará sua
alegria por este encontro feliz.
Ato contínuo, Monsenhor Montini se afastou.
Zenóbio da Costa ouvira atentamente aquela verdadeira preparação
espiritual. E, sôfrego, olhava o relógio a todo momento. Voltou-se ao
Coronel Brayner e deu vazão a sua rebeldia:
- Sou espiritualista – exclamou. Quem quiser que se ajoelhe. Eu não me
ajoelharei. Minha visita é de cerimônia.
Não houve tempo nem de rebater a bravata do caudilho mato-grossense. A
mesma porta por onde se retirara Monsenhor Montini se entreabriu e, como
um imenso pássaro branco, num imponente gesto quase teatral, Pio XII
entrou na sala do “Thronetto”, aturdindo e comovendo a todos. Em meio a
imponência das suas vestes pontifícias, sobressaía a cabeça de estátua grega
e a fisionomia de uma brancura quase transparente. A entrada fora
espetacular. Os cinco oficiais estavam em linha, um do lado do outro:
Zenóbio, Brayner, Castelo Branco, Kruel e Moraes. Num gesto instintivo de
sua vibrante personalidade, Zenóbio foi o primeiro a ajoelhar-se, como se
uma centelha o tivesse atingido. Todos o seguiram em meio a grande
emoção. Pio XII aproximou-se de Zenóbio, estendendo-lhe carinhosamente a
mão, em que brilhava o Anel do Pescador, que foi beijado com profundo
respeito. E com um gesto generoso, ergueu-o. Zenóbio estava transfigurado.
Com os outros, o Grande Pacelli procedeu de modo idêntico e, falando em
bom português disse:
- É grande a minha alegria em vê-los junto ao meu coração. Lamento,
apenas, que seja em momento de tanta tristeza para a humanidade. A
misericórdia divina é infinita e saberá protegê-los na volta aos lares no nosso
caro Brasil. Minha benção e as minhas preces vos acompanharão por toda
parte.
Recordou sua passagem pelo Rio de Janeiro e a bondade do nosso povo. Em
seguida distribuiu a cada um dos expedicionários uma medalha que tinha,
numa das faces, uma efígie e, na outra, a da Sagrada Família. Todos se
ajoelharam novamente. E a voz morna, doce e solene de Pio XII ecoou,
abençoando:
- In nomine Pater, Filius et Spiritus Sanctus, Amen.
Retirou-se Pio XII, como entrara: imponente e sobrenatural. Outras
peregrinações o esperavam em outros salões. Tudo aquilo transcorrera como
num sonho. Imprevisto, inesperado, num mundo estranho, num ambiente em
que a moeda corrente era o perdão e a esperança em dias melhores. Durante
alguns momentos esquecêramos as agruras que nos cercavam e as
vicissitudes por que vinhamos passando.472

O então capelão Padre Jacob Emílio Schneider conta em suas memórias sobre a
visita dos soldados brasileiros ao Papa Pio XII, que exerceu o papado entre 1939 e 1958473.
Segundo o padre, a missão principal dos pracinhas era o combate, num contexto em que a
escassez de efetivos tornava raras as licenças e folgas, “mas desde logo, a chefia da FEB
também facilitou as visitas a Roma”474. De fato, os combatentes aproveitavam quando tinham

472
BRAYNER. op. cit., p. 127-129.
473
O papel desempenhado pelo papado na ascensão do nazismo segue sendo objeto de controvérsias, A esse
respeito ver: CORNWELL, John. O Papa de Hitler: a história secreta de Pio XII. Rio de Janeiro: Imago, 2000.
474
SCHNEIDER, Jacob Emílio. op. cit., p. 86.
238

/
momentos livres e visitavam espaços religiosos, tanto na distante Roma quando nas cidades
próximas como Florença e Pistoia, onde pudessem ter contato com relíquias religiosas e obter
símbolos sagrados. Estes eventos, vividos por centenas de combatentes brasileiros comuns,
também aparecem no relato de Schneider:
Bem agasalhados partimos às duas da madrugada e chegamos no Colégio
Pio Brasileiro às treze horas e ali fiquei hospedado. Pio XII costumava
receber em audiência os militares em conjunto, ao meio dia e trinta minutos.
Fomos no dia três de fevereiro [de 1945], encontrando lá reunidos alguns
milhares de diversas nacionalidades. (...) Surge um vulto branco lá na frente,
sobe num estrado e assenta-se. É ele, Pio XII. (...) Olha por cima de todos,
abre o rosto num gostoso sorriso e diz: “É brasileiros. Sejam benvindos”. (...)
Via nossos bolsos cheios de terços, medalhas e análogos. Depois desceu do
trono e veio dar a mão individualmente. Chegou a mim. Dei o nome e falei
“capelão brasileiro”. Muito bem, diz ele e ajuntei “padre jesuíta”. “Melhor
ainda”, respondeu. Pedi uma bênção especial para uma lata de AYMORÉ
cheia de terços. Colocou a mão por cima e falou “certamente”. Foram
momentos inesquecíveis.475

No Museu Tenente Max Wolff Filho, nome oficial do Museu do Expedicionário em


Curitiba, se encontram alguns símbolos religiosos, doados por veteranos brasileiros que os
adquiriram no decorrer da Campanha da Itália. Dentre eles estão: uma placa de recordação do
Papa Pio XII e um crucifixo com fotografia do Pontífice; uma medalha do Sanctuario de
Montenero, da cidade italiana de Livorno; e uma lembrança do Santuário de Pompeia. Há
também medalhas de santos com importantes memoriais na Itália como Santo Antônio de
Pádua e Santa Cecília, além de manuais de oração em português, inglês e italiano. O caso do
museu curitibano serve para ilustrar a importância que os símbolos religiosos exerciam sobre
o cotidiano dos pracinhas. Abaixo segue tabela com objetos encontrados com soldados mortos
na Guerra e símbolos expostos no museu mencionado.

TABELA 1

475
Idem. p. 87. AYMORÉ refere-se a uma famosa marca de biscoitos enlatados.
239

/
Objetos encontrados com soldados mortos em batalha. Em negrito estão os referentes a questões
religiosas.476

476
Tabela disponível em: LIMA, Rogério de Carvalho. “FÉ NA MISSÃO”: HISTÓRIA COMPARADA DA
CAPELANIA MILITAR BRASILEIRA NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1944/1945). Dissertação
(mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de História, Programa de Pós-Graduação em
História Comparada. Rio de Janeiro, 2016.
240

/
FIGURA 2

Alguns dos objetos expostos no Museu do Expedicionário, em Curitiba. Fonte: acervo dos autores.

Dentre os capelães que foram à Guerra, o único que não sobreviveu foi Antônio
Álvares da Silva, também conhecido como Frei Orlando. Elevado à condição como líder dos
capelães no posto de capitão do Exército, Frei Orlando é descrito como um sujeito alegre, que
usava sempre do bom humor durante as viagens, muitas vezes cantando acompanhado de sua
gaita, que também tocava para anunciar a hora de os soldados rezarem o terço. Frei Orlando,
porém, morreu em um acidente com uma arma, ocasião em que estava em um Jipe com
alguns soldados e, em um errado manuseio de um fuzil feito por um dos partigiani que os
acompanhava, a arma disparou e acabou por matar o capelão. Frei Orlando é tido até hoje
como Patrono do Serviço de Assistência Religiosa do Exército Brasileiro.
Uma das importantes missas celebradas no período foi a solenidade pelos mortos em
combate, que ocorreu em 11 de maio de 1945, ocasião que marcava o fim da guerra. A
cerimônia ficou a cargo do Tenente Coronel Capelão João Pheeney Camargo e Silva. Os
militares mortos, incluindo o Frei Orlando, foram enterrados no Cemitério Militar de Pistóia,
na Itália. Quinze anos depois, em 1960, os corpos seriam retirados de Pistóia e levados ao Rio
de Janeiro, onde foi construído um memorial aos pracinhas no Aterro do Flamengo, em que se
encontram até hoje.

João Filson Soren, o capelão batista da FEB


Conforme já mencionado, os pastores protestantes Juvenal da Silva e João Filson
Soren tiveram prestígio no meio militar, por suas atuações não apenas na assistência religiosa,

241

/
mas também pelas atitudes de empatia que tomaram para com os combatentes,
independentemente da crença que professassem.
João Filson Soren merece destaque pela importância política e religiosa que tinha
antes mesmo da guerra. Nascido no Rio de Janeiro em junho de 1908, Soren desde criança
confessa sua fé e é batizado com oito anos por seu pai, também pastor batista. Ao longo de
sua vida, em universidades brasileiras e estadunidenses, Soren alcança diversas formações:
bacharel em Teologia e Humanidades, mestre em Teologia e Artes.

FIGURA 3

Segundo Rogério de Carvalho Lima, Soren estaria removendo mina de soldado morto colocada por nazistas477.
Imagem disponível em: <https://www.diariodepetropolis.com.br/integra/vida-militar-161324> Acesso em 22 set.
2019.

Em 1935, João Filson Soren inicia seu trabalho como pastor da Primeira Igreja
Batista do Rio de Janeiro e, antes de entrar na Guerra, é eleito duas vezes presidente da
Convenção Batista Federal (1936/1941) e da Convenção Batista Brasileira (1938/1939). Em
1944, ano de nascimento de seu terceiro e último filho, João Marcos, Soren ingressa na
capelania militar da Força Expedicionária Brasileira.
Não foi possível ter acesso ao livro João Filson Soren, o combatente de Cristo,
escrito por Israel Belo de Azevedo, devido ao restrito estoque do mesmo. No entanto, sabe-se
que Soren tem forte influência no meio batista, visto que após a Guerra, volta a assumir
cargos de presidência na Convenção Batista Brasileira e na Convenção Batista Federal. Na
década de 60, assume a presidência da Aliança Batista Mundial. Fizeram parte da trajetória
em seu cargo na ABM o famoso evangelista Billy Graham e o pastor protestante e ativista
político estadunidense Martin Luther King Jr.

477
LIMA, 2016, p. 82.
242

/
Segundo Piovezan, uma passagem mencionada em lembranças de ex-combatentes é
de um momento em que Soren “buscou, mesmo estando sujeito a ser atingido pelo inimigo,
identificar e remover os corpos insepultos dos soldados mortos em um dos ataques de Monte
Castelo”478. A ação tomou espaço no episódio que, segundo Ricardo Bolanume Neto e Cesar
Campiani Maximiano, demonstrou as deficiências no comando brasileiro na coordenação
entre as forças estadunidenses e brasileiras e no uso da artilharia, além da subestimação da
defesa alemã, que, nos meses de novembro e dezembro de 1944, ceifou a vida de combatentes
febianos479.
O ex-capelão foi também alvo de controvérsias por conta de indícios de que houve
capelães que se utilizaram do Serviço Religioso da FEB para fomentar sua fé, visto que o
pastor criou o primeiro coral militar evangélico no país, que logo chegou a alcançar 70
integrantes. Independentemente da forma como o caso possa ser avaliado, não se sabe de
veteranos que tenham desgostado da participação da capelania febiana.
Em 28 de abril de 1945, o corpo do ditador italiano Benito Mussolini foi exposto em
uma praça em Milão após ter sido fuzilado pela resistência antifascista; no dia seguinte, uma
divisão alemã e duas divisões italianas se renderam à FEB após extensos combates na
localidade de Fornovo di Taro. Poucos dias depois, as forças alemãs na Itália assinaram a
rendição incondicional, que veio a ser efetivada no dia 2 de maio480. Em 20 de maio do
mesmo ano, o jornal carioca Diário de Notícias publica um texto escrito pelo ex-capelão. O
artigo “Prismas da guerra na Itália”481 é dotado de sentimentos e experiências pessoais das
viagens dos pracinhas.

478
PIOVEZAN, Adriane. op. cit., p. 58.
479
MAXIMIANO, C. C.; BOLANUME N., R. Brazilian Expeditionary Force in World War II. Oxford:
Osprey Publishing, 2011. p. 11.
480
MAXIMIANO, C. C.; BOLANUME N., R. op. cit., p. 33.
481
SOREN, João Filson. Prismas da Guerra na Itália. Diário de Notícias. 20 maio 1945.
243

/
FIGURAS 4 E 5

Edição do Diário de Notícias de 20 de maio de 1945. Texto “Prismas da Guerra na Itália”, pelo capelão Soren,
foi publicado nas páginas 1 e 6482.

Existe a percepção no texto de Soren de um elemento de novidade: a neve. Foi difícil


a adaptação de brasileiros que foram à Guerra, no que diz respeito à troca do calor carioca
pelo extremo frio italiano. A admiração do capelão diz respeito, também, à beleza e à arte do
país. Considera que “a arte tem pátria”, ou seja, que a arte de cada país traz consigo as
características de seu país de origem. É possível, porém, identificar uma crítica no texto do
capelão ao racismo praticado pelos italianos e seu modelo político vigente:
Repito, pois, a arte tem pátria. E poucas coisas são mais inerentemente da
pátria do que a arte genuína de um povo. O que a arte não tem é jabonismo
acanhado e intolerante, bairrismo exclusivista e racismo pretencioso. Isso,
decididamente a arte não tem. A arte grava as glórias de sua pátria sem
aviltar a honra das demais. A arte esculpe as grandezas de sua pátria, mas
não amesquinha os valores de outras. A arte imortaliza as excelências de um
povo, mas não macula as virtudes dos demais. A arte é criadora. Constrói,
concretiza, edifica, preserva, reúne e sublima na imortalização. A arte é uma
bela lição de patriotismo. O patriotismo que não é só de palavras e discursos,
patriotismo que não é aversão ao estrangeiro, patriotismo que não promove
guerras mas que aproxima, associa e confraterniza todas as pátrias.483

482
O texto está disponível no link: <https://www.pastorjoaosoren.com/cap-soren-prismas>. Acesso em: 19 set.
2019.
483
SOREN, João Filson. op. cit., p. 1.
244

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Considera, porém, que a arte italiana é “o reflexo de uma terra de coloridos vivos”484
, elogiando os lagos, as montanhas, os vulcões e as paisagens, que, no entanto, foram
transformados com a neve. Em referência à canção natalina “Noite Feliz”, cuja letra foi
escrita pelo padre austríaco Joseph Mohr no início do século XIX, Soren diz que a neve traz a
precisão de que “tudo é paz”, mas nem “tudo é amor”.
A guerra desvirtua tantas coisas dignas e excelentes, até mesmo a beleza da
neve. Uma das coisas mais trágicas neste mundo é a aplicação de coisas
maravilhosamente boas e sublimes para os fins do mal e do pecado. A
prostituição dos valores da pessoa é o maior pecado contra a Providência.
Deus criou para o bem, e o homem canaliza para o mal. Deus planeja a
glória, e o homem desfigura a glória das coisas e de si mesmo, subordinando
à tirania do mal os valores magníficos que Deus lhe põe nas mãos.485

O capelão passa a narrar uma situação em que três homens estavam subindo um
morro e, expostos ao fogo inimigo, tentavam sobreviver diante do bombardeio de granadas.
Soren atribui a Deus o fato de os três terem sobrevivido ao terceiro lançamento de granadas e,
posteriormente, revela que era um deles, e passa a falar de si na terceira pessoa:
A granada não explodiu! Defeito da espoleta de percussão? Nada disso. Foi a
Providência Divina. O Senhor dos Exércitos não permitiu a explosão daquela
granada. São frequentes na guerra essas ocorrências. Ocorrências que nos
ensinam a confiar em Deus e a implorar a sua divina proteção.
(...)
Nota-se agora que os três homens estão desarmados. É estranho. Os pesados
agasalhos e o capacete de aço dificultam a identificação à distância. O
primeiro é oficial. Traz um porta-cartas a tiracolo. Traz também algo no
braço – é a braçadeira amarela do capelão. Capelão por aqui! Capelão Soren,
do Regimento Sampaio. Atrás dele, a uns vinte cinco metros, o
soldado-ajudante Pastor João Lemos. O terceiro é Júlio Andermann, o
sargento brasileiro que até os italianos gostam de ouvir cantar.486

Soren descreve a participação dos soldados nos cultos realizados nos domingos:
cansados, com a roupa “enlamentada” (sic), muitos há tempos sem se barbear ou tomar
banho. Menciona também que “em ninhos de metralhadoras não há ateus”, referindo-se ao
fato de que, independentemente dos credos, todos os combatentes participavam das
celebrações.
O capelão está agora se despedindo dos soldados. Mais parece uma família
unida que vai separar-se. Querem que ele se demore para conversar um
pouco. Mas ele explica que deverá ir ainda a outro pelotão antes de regressar.
Um soldado improvisa um café com uma pequena máquina que a família lhe
mandou do Brasil. O café também veio diretamente do Brasil. Não é aquele
pó americanizado de gosto diferente da nossa rubiacea.

484
Idem.
485
Ibidem. p. 6.
486
Idem.
245

/
Estão agora se retirando o capelão e os seus dois companheiros. Quando já
vão se afastando, um soldado o chama:
- Pastor Soren, aquela granada que não explodiu vinha mesmo para o
senhor.
E o capelão responde, quase gritando para se fazer ouvir:
- É mesmo, mas “o anjo do Senhor se acampa em derredor daqueles que o
amam, e os livra”.
E ouve-se então, amortecidas pela absorção sonora da neve, as vozes
daqueles soldados, que murmuram reverentemente em coro:
“Amém, amém...”487

No parágrafo mencionado acima, percebe-se a aproximação dos laços entre o


capelão e os militares; a religião servia de consolo em meio ao caos em que viviam. Mesmo
sendo batista em um meio predominantemente católico, Soren era querido entre os soldados e
os demais capelães. O ânimo espiritual representado na figura do pastor ultrapassava
possíveis barreiras religiosas que os pracinhas católicos pudessem apresentar.
Como afirma Leandro Karnal,
Pelo menos para os sinceros, a crença em Deus não é um recurso, um
placebo, um paliativo para enfrentar algo mais duro. É algo real que, por
vezes, leva até a fazer coisas que tornam a vida mais difícil. Claro que a fé é
um conforto para o crente e a oração, um elo poderoso, mas a religião só
nasce da fantasia ou da ingenuidade na cabeça do crítico da religião. Ela
também é conforto, mas ela não é apenas conforto.488

Para os combatentes na guerra, a religião serviu como conforto, como algo que os
religaria ao divino e os traria esperança, diante do medo da morte que causaria não somente
ao indivíduo, como também ao seu parceiro e ao exército inimigo. Para os capelães, a
vivência religiosa na batalha era mais do que simples alento. Eles se viam motivados e
chamados por Deus para levar esse conforto e luz aos soldados em um ambiente de escuridão,
mesmo que lhes custasse a vida. Para além das vicissitudes e conflitos então travados entre
Estado, Exército e igrejas no Brasil, viveram a maioria dos pracinhas durante a Campanha da
Itália uma intensa reativação das suas crenças religiosas. Essa reconciliação foi derivada tanto
da proximidade da morte e da intensidade dos sofrimentos intrínsecos à guerra, quando do
fato da luta ter sido travada no país que abrigava a sede do Catolicismo mundial e berço de
quase toda arte religiosa que sua formação católica havia ensinado a respeitar e venerar.

487
Idem.
488
KARNAL, Leandro. Pecar e perdoar: Deus e o homem na história. Rio de Janeiro: HarperCollins, 2017. p.
188.
246

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Referências

Bibliografia:

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2000.

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HarperCollins, 2017.

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Janeiro, Instituto de História, Programa de PósGraduação em História Comparada. Rio de
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PIOVEZAN, Adriane. Morrer na guerra: instituições, ritos e devoções no Brasil


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Fonte:

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Disponível em:
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=093718_02&pasta=ano%20194&pesq
=prismas%20da%20guerra>. Acesso em: 16 set. 2019.

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