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PR Enaldo Brito

PR Enaldo Brito
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA

MATRIZ CURRICULAR
ESTUDO, LEITURA E CÓPIA MANUSCRITA DA BÍBLIA

EM 8 ANOS
Ano Trim Antigo Testamento Trim Novo Testamento

1º Gênesis 2º Mateus

2021
3º Êxodo, Levítico 4º Atos

1º Números, Deuteronômio 2º Romanos



2022
3º Josué 4º Marcos

1º Juízes e Rute 2º 1 Coríntios



2023
3º 1,2 Samuel 4º Lucas

1º 1,2 Reis; 1,2 Crônicas 2º 2 Coríntios



2024
3º Esdras, Neemias e Ester 4º João

5° 1º Jó 2º Salmos de Oração
Ano
Poético Provérbios, Eclesiastes,
2025 3º Salmos de Celebração 4º
Cantares

1º Isaías 2º Gálatas, Efésios



2026 Filipenses, Colossenses
3º Jeremias, Lamentações 4º
1,2 Tessalonicenses

1,2 Timóteo, Tito e


1º Ezequiel 2º
7° Filemon
2027
3º Daniel 4º Hebreus e Tiago

Oseias, Joel, Amós,


1,2 Pedro; 1,2,3 João e
1º Obadias, Jonas, 2º
Judas
Miqueias

2028
Naum, Habacuque, So-
3º fonias, Ageu, Zacarias, 4º Apocalipse
Malaquias
PR Enaldo Brito
REVISTA DA
ESCOLA DOMINICAL
Lições Bíblicas para culto doméstico, devocional e pequenos grupos

SUMÁRIO Comentário e adaptação:


Oton Alencar, Leonardo Andrade e equipe editorial

............ /............ /................. LIÇÃO 1 1CORÍNTIOS 1 e 3: UNIDADE E SABEDORIA DE DEUS.......................... 5

............ /............ /................. LIÇÃO 2 1CORÍNTIOS 2: A MENSAGEM PODEROSA.............................................. 11

............ /............ /................. LIÇÃO 3 1CORÍNTIOS 4: MINISTROS E DESPENSEIROS DE CRISTO.................. 17

............ /............ /................. LIÇÃO 4 1CORÍNTIOS 5 e 6: IMORALIDADE E LITÍGIOS........................................ 23

............ /............ /................. LIÇÃO 5 1CORÍNTIOS 7: CASADO OU SOLTEIRO? EIS A QUESTÃO................. 29

............ /............ /................. LIÇÃO 6 1CORÍNTIOS 8 e 10: ALIMENTO, ÍDOLOS E LIBERDADE CRISTÃ.......... 35

............ /............ /................. LIÇÃO 7 1CORÍNTIOS 9: PAULO, EXEMPLO DE LIBERDADE................................ 41

............ /............ /................. LIÇÃO 8 1CORÍNTIOS 11: O CULTO CRISTÃO E A CEIA DO SENHOR.................. 47

............ /............ /................. LIÇÃO 9 1CORÍNTIOS 12: OS DONS ESPIRITUAIS UNINDO A IGREJA............................... 53

............ /............ /................. LIÇÃO 10 1CORÍNTIOS 13: AMOR, CAMINHO EXCELENTE..................................................... 59

............ /............ /................. LIÇÃO 11 1CORÍNTIOS 14: DOM DE PROFECIA E ORDEM NO CULTO.................. 65

............ /............ /................. LIÇÃO 12 1CORÍNTIOS 15: O PODER DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO ................... 71

............ /............ /................. LIÇÃO 13 1CORÍNTIOS 16: PLANOS E SAUDAÇÃO FINAL....................................... 77

Oton Alencar é pastor emérito da Assembleia de Deus em Macapá - A Pioneira. Bioquímico, advogado, jornalista,
especialista em Educação, doutor em Teologia. Membro do Conselho Permanente da Convenção da Assembleia de Deus
no Brasil, membro do Conselho Editorial do Programa de Educação Cristã Continuada.
Leonardo Andrade é pastor na Igreja Assembleia de Deus no Espírito Santo. Graduado em Teologia, Filosofia e História.
Autor do livro Breve Manual de Festas Judaicas.
PR Enaldo Brito

1 CORÍNTIOS EXPEDIENTE
A epístola de 1Coríntios é uma Conselho Editorial
Samuel Câmara, Oton Alencar, Jonatas
inesgotável mina de ensinos e tem Câmara, Philipe Câmara, Celso Brasil,
mais conselhos práticos para os Marcos Galdino Júnior, André Câmara.
cristãos do que qualquer outro li-
vro da Bíblia. Editor
Samuel Câmara
As informações que Paulo rece-
beu e as perguntas feitas pela Igre- Editores Assistentes
ja ensejaram esta carta com res- Philipe Câmara
Pádua Rodrigues
postas práticas sobre vários temas, Tarik Ferreira
resumidos em cinco pontos princi-
pais: divisão (1-4), sexualidade (5- Coordenador Editorial
7), alimento (8-10), culto cristão Jadiel Gomes

(11-14) e ressurreição (15-16). Equipe Editorial


Geralmente, revelamos nossa Auristela Brasileiro, Elielson Figueiredo, Enoc
alma quando escrevemos e, jus- Miranda, Ney Maranhão
tamente pelo fato de Paulo nos Supervisão Pedagógica
deixar tantas cartas, sentimos sua Faculdade Boas Novas (FBN) e Seminário
mente e seu coração pulsarem, Teológico da Assembleia de Deus (SETAD)
enquanto corrige os problemas
Repertório Musical
da Igreja com muita inspiração de Rebekah Câmara
Deus e amor pelas pessoas.
Deus nos fala ainda hoje por Distribuição e Comercial
Jadiel Gomes
meio de 1 Coríntios, de modo que
estudá-la é fazer um diagnóstico Editoração e Projeto Gráfico
da Igreja atual, colocar um gran- Nei Neves e Tarik Ferreira
de espelho diante de nós mesmos
Conteúdo Digital e Imagens
e tratar cada área de nossa vida Jeiel Lopes
através das lentes do Evangelho.
A fé cristã inclui uma vida Versão bíblica: Almeida Revista e Atualizada
(ARA), salvo quando indicada outra versão.
de obediência e se manifesta ao
mundo através do amor, da decên- © 2023. Direitos reservados. É proibida a
cia e da ordem na vida da Igreja. reprodução parcial ou total desta obra, por
Vamos, então, conhecer o que Pau- qualquer meio, sem autorização por escrito
da Assembleia de Deus em Belém do Pará e
lo recebeu do Senhor e quer nos do autor dos comentários e adaptações.
transmitir.
Programa de Educação Cristã Continuada.
Avenida Governador José Malcher, 1571, es-
Pr. Samuel Câmara quina com a Tv. 14 de Março, bairro: Nazaré.
Editor CEP: 66060-230. Belém - Pará - Brasil. Fone:
(91) 3110-2400. E-mail: pecc@adbelem.org.br

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PR Enaldo Brito
LIÇÃO 1
1CORÍNTIOS 1 e 3: UNIDADE E
SABEDORIA DE DEUS
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Entender a importância da 1ª
Em 1Coríntios 1 e 3 há 31 e 23 Carta aos Coríntios para a igreja
versos, respectivamente. Sugeri- de hoje.
mos começar a aula lendo, com • Compreender os benefícios ge-
todos os presentes, 1 Coríntios rados pela unidade da igreja.
1.1-25 (5 a 7 min.). • Reconhecer que a excelência
A revista funciona como guia de es- da sabedoria de Deus excede a
tudo e leitura complementar, mas capacidade de entendimento
não substitui a leitura da Bíblia. humano.
Querido professor, exponha
nesta lição que havia na igreja de PARA COMEÇAR A AULA
Corinto pelo menos quatro fac-
ções, as quais eram simpatizantes Dê início a esta aula fazendo
dos ensinamentos de Paulo, Pedro à classe as mesmas perguntas
Apolo e Cristo, embora estas não que Paulo fez no início do versí-
seguissem fielmente os ensina- culo 13: “Está Cristo dividido?”;
mentos de seus mestres. Esses “Foi Paulo crucificado por vós?”;
grupos disputavam entre si quem “Ou fostes batizados em nome de
era o mais espiritual. Isso gerava Paulo?”. E, no decorrer da aula,
dissensões e partidarismos entre mostre que Paulo teve todos os
o povo de Deus. No entanto, eles seus argumentos direcionados ao
possuíam um denominador co- nome de Cristo, mostrando que
mum: crer em Jesus Cristo e na isto é a sabedoria de Deus: justi-
propagação da Sua mensagem. ça, santificação e redenção. En-
Paulo iniciou o discurso do cerre enfatizando que Cristo é o
versículo 10 empregando a ex- fundamento, e os homens, apenas
pressão “rogo-vos, irmãos em Cris- servos Dele.
to”, mostrando que a igreja possui
um nome que é maior do que qual- RESPOSTAS DA PÁGINA 10
quer nome de escolas teológicas: o 1) Posicional e progressivo.
nome de Jesus Cristo. 2) Partidarismo
3) F - V - V

I
PR Enaldo Brito
Lição 1 - 1Coríntios 1 e 3: Unidade e Sabedoria de Deus

LEITURA ADICIONAL

A maioria de nós que frequenta a igreja por vários anos tem pre-
senciado ou tem sabido de congregações onde houve uma divisão ou
pelo menos uma séria contenda. O problema existe na igreja desde os
tempos do Novo Testamento. Os crentes de Corinto deixaram a desejar
de muitas maneiras e a primeira coisa pela qual Paulo os chamou à
ordem foi a discórdia ou contenda. Contenda é uma realidade na igreja
porque o egoísmo e o pecado são realidades nos seres humanos. Por
causa de desavenças, o Pai é desonrado, o Filho é envergonhado, seu
povo é desmoralizado e desacreditado e o mundo é afastado (despedi-
do) e confirmado na descrença. Em sua oração sacerdotal Jesus orou
para que sua igreja fosse uma (Jo 17.11,21-23). Imediatamente após
o Pentecostes os novos convertidos, cheios de poder, estavam em per-
feita harmonia uns com os outros — compartilhando, regozijando-se,
adorando e testemunhando juntos. A unidade deles produziu grandes
frutos no ministério uns para com os outros e no testemunho diante do
mundo, glorificando e agradando a Deus.

Livro: 1 Coríntios: a solução de Deus para os problemas da igreja (MACARTHUR,


John. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 15).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 1 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 1.1-25

1CORÍNTIOS 1 e 3:
Verdade Prática
UNIDADE E Divisões na Igreja revelam
uma compreensão distorcida
SABEDORIA DE de Cristo e prejudicam a
evangelização.
DEUS
INTRODUÇÃO

Texto Áureo I. SAUDAÇÃO E GRATIDÃO 1Co 1.1-9


"Rogo-vos, irmãos, pelo nome 1. Paulo e Sóstenes 1Co 1.1
de nosso Senhor Jesus Cristo,
que faleis todos a mesma coi- 2. Santificados e santos 1Co 1.2
sa e que não haja entre vós di- 3. Ações de graça 1Co 1.3-9
visões; antes, sejais inteiramen-
te unidos, na mesma disposição II. UNIDADE E DIVISÃO 1Co 1.10-17
mental e no mesmo parecer."
1. Incentivo à unidade 1Co 1.10
1Co 1.10
2. Divisão "racha" a igreja 1Co 1.11,12

3. Cristo não está dividido 1Co 1.13,14

III. SABEDORIA DIVINA 1Co 1.18-31


1. Loucura de Deus 1Co 1.25

2. As coisas loucas 1Co 1.27,28

3. Glorie-se no Senhor 1Co 1.29-31

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
1.11 1.12 3.11 3.12 3.16 3.19

Hinos da Harpa: 175 - 400

5
PR Enaldo Brito
Lição 1 - 1Coríntios 1 e 3: Unidade e Sabedoria de Deus

INTRODUÇÃO ciais de uma saudação comum às


cartas do primeiro século: identifi-
A autoria da Carta é do apósto- cação do escritor, identificação dos
lo Paulo (1Co 1.1). O destinatário, destinatários e votos de bem-estar.
a igreja na cidade de Corinto (1Co
1.2). Quanto ao local e data, a car- 1. Paulo e Sóstenes (1Co 1.1)
ta foi escrita em Éfeso (1Co 16.8), Paulo, chamado pela vontade de
durante a terceira viagem missio- Deus para ser apóstolo de Jesus
nária de Paulo, entre 53 e 58 d.C. Cristo, e o irmão Sóstenes,
(At 18.21-23;19). De acordo com Atos 18, quan-
Paulo plantou a igreja de Corinto do Paulo plantou a igreja em Co-
no final de sua segunda viagem mis- rinto, o líder da sinagoga naquela
sionária. Ele passou um ano e seis cidade era Crispo, que aceita Jesus
meses pregando a Palavra de Deus e é convidado a deixar a sinagoga,
naquela grande cidade, onde teve ficando Sóstenes em seu lugar.
uma visão do Senhor (At 18.9-11). Sóstenes, por sua vez, querendo
Sete anos após a passagem de ver Paulo expulso da cidade, leva-o
Paulo por Corinto a igreja enfren- perante o magistrado com acusa-
tava alguns problemas, trazidos ções ilegítimas. O magistrado deci-
ao conhecimento de Paulo pelos de não agir, entendendo ser este um
da casa de Cleo (1.11). O apóstolo assunto interno dos judeus.
também aproveita para respon- Insatisfeitos, os judeus agar-
der uma consulta que a igreja em ram e espancam Sóstenes, que
Corinto fizera a ele: “Quanto ao posteriormente também aceita
que me escrevestes...” (7.1). Jesus e passa a viajar com Paulo.
Ela é dividida em seções que Agora, encontramos Sóstenes au-
correspondem aos cinco principais xiliando a Paulo.
problemas: divisão (1-4) sexuali- Os habitantes de Corinto co-
dade (5-7), alimento (8-10), ordem nheciam Sóstenes como o ex-líder
no culto e dons espirituais (11-14), da sinagoga que se converteu ao
além de ressurreição (15-16). Exis- Evangelho.
tem outros assuntos diferentes,
mas esses são o eixo central. A 1ª 2. Santificados e santos (1Co 1.2)
carta aos Coríntios é a mais longa À igreja de Deus que está em Corin-
epístola de Paulo. to, aos santificados em Cristo Jesus,
chamados para ser santos, com to-
I. SAUDAÇÃO E GRATIDÃO dos os que em todo lugar invocam o
(1Co 1.1-9) nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
Senhor deles e nosso:
As palavras de abertura da car- A Igreja é de Deus. Não se trata,
ta possuem os elementos essen- portanto, só da igreja de Corinto,

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PR Enaldo Brito Lição 1 - 1Coríntios 1 e 3: Unidade e Sabedoria de Deus

mas da Igreja de Deus em Corin- frente, aguardando a revelação


to. Deus nunca passou procuração de Cristo (v. 8).
transferindo-nos o direito de pos- Se não fossem estes primeiros
se da Igreja. A Igreja só tem um versículos do capítulo 1, caberia
dono: Jesus! perguntar: será que os crentes de
Por sua vez, a santificação tem Corinto eram verdadeiramente
dois aspectos importantes: santi- crentes? Será que a igreja em Co-
ficação posicional e progressiva. rinto era mesmo cristã?
Todo crente é santificado em Do verso 10 em diante, vere-
Cristo. “À igreja de Deus que está mos alguns problemas existentes
em Corinto, aos santificados em nessa comunidade local, os quais
Cristo Jesus” (1.2). Essa é a santifi- também podemos identificar em
cação posicional. Toda pessoa que nosso meio, nos dias de hoje.
crê em Jesus é santa.
Paulo prossegue: “Aos santifica- II. UNIDADE E DIVISÃO
dos em Cristo Jesus, chamados para (1Co 1.10-17)
ser santos...” (1.2). Parece contradi-
tório, pois se já é santo, então por Paulo é informado de que esta-
que ser chamado para ser santo? va havendo dissensões e partida-
Quem está em Cristo é chamado rismo entre os cristãos de Corin-
para andar com Cristo. Quem está to. Essa informação é chegada até
em Cristo precisa ser transformado Paulo por intermédio de Cloe.
contínua e progressivamente à ima- Paulo menciona o zelo da
gem de Cristo. Essa santificação é irmã Cloe e identifica a origem
um processo que só terminará com da informação. Ele não diz: “uma
a volta de Jesus. fonte anônima” ou “uma fofoca”.
Apresenta-se um modelo claro e
3. Ações de graça (1Co 1.3-9) transparente de lidar com dificul-
Sempre dou graças a [meu] Deus a dades, identificando com zelo e
vosso respeito, a propósito da sua responsabilidade problemas que
graça, que vos foi dada em Cristo precisam ser resolvidos.
Jesus (1.4). É preciso reconhecer que, se
Paulo começa essa carta como não fossem os problemas dos co-
um pastor sensível, fazendo elo- ríntios, estaríamos, por exemplo,
gios à igreja. O apóstolo aplaude sem um tratamento teológico da
os crentes de Corinto por esta- Ceia do Senhor; sem o grande ca-
rem ativamente engajados nos pítulo do amor; sem o tratamento
dons. Ele destaca uma igreja en- estendido aos dons espirituais;
riquecida na Palavra, no conheci- sem a clássica passagem a respei-
mento e no testemunho de Jesus to da ressurreição do corpo e sem
(v. 4-7), que também olhava para as instruções relacionadas à disci-

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PR Enaldo Brito
Lição 1 - 1Coríntios 1 e 3: Unidade e Sabedoria de Deus

plina da Igreja, ao casamento, e à também características dos crentes


ética Cristã. partidários dos dias de hoje:
a) Paulo. Como Paulo era o fun-
1. Incentivo à unidade (1Co 1.10) dador da igreja de Corinto e gozava
Rogo-vos, irmãos, pelo nome de de grande prestígio entre eles, ha-
nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis via aqueles do “partido” de Paulo.
todos a mesma coisa e que não haja b) Apolo. O talento de Apolo era
entre vós divisões; antes, sejais intei- tão grande que o mesmo era consi-
ramente unidos, na mesma disposi- derado um grande intelectual das
ção mental e no mesmo parecer. Escrituras na região (At 18.28). O
Neste ensejo, Paulo incentiva a grupo de Apolo era formado pelos
união da igreja de Corinto. A união “intelectuais” da igreja.
é um requisito primordial para c) Cefas. Ainda havia outro gru-
que os crentes convivam em paz e po, o de Cefas. Cefas é o nome ara-
sejam abençoados (Sl 133). maico do apóstolo Pedro (Jo 1.42).
Lucas, autor do livro de Atos, re- Esses crentes existem ainda hoje,
lata que os crentes da igreja primiti- buscando rotular os outros que
va cresciam juntos e, "enquanto isso, não seguem o legalismo judaizante.
acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, d) Cristo. Você poderia se per-
os que iam sendo salvos" (At 2.47). guntar: será que o partido de Cris-
to não seria o ideal para a igreja? A
2. Divisão "racha" a igreja resposta é: Não! Porque estes tais
(1Co 1.11,12) estavam menosprezando os outros,
Pois a vosso respeito, meus irmãos, criando o partido dos “orgulhosos”.
fui informado, pelos da casa de Cloe, Eram pessoas que não se sujeita-
de que há contendas entre vós (1.11). vam à autoridade de qualquer ou-
Paulo usa o termo “dissensão”, tra liderança porque se achavam
na língua grega, schimata, que sig- “diretamente ligados” a Cristo.
nifica literalmente “rasgo” ou “ra- Não há evidências de que
chadura”. Paulo está enfatizando Paulo, Apolo e Cefas apoiavam
que as dissensões e o partidarismo qualquer destes grupos.
“racham” o caráter e o testemunho
da Igreja. E, se está “rachado”, pode 3. Cristo não está dividido
quebrar a qualquer momento. A (1Co 1.13,14)
Igreja deve permanecer sólida e Acaso, Cristo está dividido? Foi
“perfeita”, pois é “coluna e baluarte Paulo crucificado em favor de vós
da verdade” (1Tm 3.15). ou fostes, porventura, batizados em
Na igreja em Corinto havia pelo nome de Paulo? (1.13).
menos quatro partidos: o grupo de Paulo faz uma pergunta: “Acaso,
Paulo, o de Apolo, o de Cefas (Pe- Cristo está dividido?”. A resposta a
dro) e o de Cristo. Cada grupo expõe essa pergunta é: “Claro que não!”

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PR Enaldo Brito Lição 1 - 1Coríntios 1 e 3: Unidade e Sabedoria de Deus

Porém, os crentes de Corinto agiam der do Evangelho para persuadir a


como se estivessem dividindo Cris- audiência deriva da mensagem em
to. Ao permitir a formação de par- si, não do mensageiro que a entre-
tidos no meio da igreja, de certa ga. Paulo não queria que a cruz se
forma, estavam “rachando”, ou seja, perdesse no meio da apresentação.
dividindo a igreja em Corinto. Seu objetivo era uma mensagem
É importante frisar que Pau- simples: Cristo crucificado!
lo não apoiava em nada esse tipo Ao declarar as divergências en-
de atitude, mesmo existindo um tre o pensamento judeu e grego,
partido com seu nome. Paulo per- Paulo afirma o seguinte:
gunta aos cristãos se ele foi cruci- a) Escândalo para judeus. Nos
ficado ou se eles foram batizados tempos bíblicos, a morte de cruz
em seu nome. Deste modo, ele está era algo vergonhoso e significava
dizendo que o centro de sua men- maldição para o condenado. Isso
sagem é Cristo. era escandaloso para os judeus.
Paulo trata de enfatizar seu b) Loucura para gregos. Os gre-
verdadeiro objetivo, que não era gos eram pensadores que estavam
batizar, mas evangelizar. Isso não sempre à procura de explicações
deprecia a importância do batis- novas e atraentes baseadas nos pre-
mo, mas a sua obrigação primária ceitos da sabedoria humana. Para
é de evangelizar (Mc 16.15-16). estes, a mensagem da morte de
Na ordem contida no Evangelho Cristo era completa loucura e a sim-
de Marcos, o “Ide!” vem em pri- plicidade da mensagem era delírio.
meiro lugar (v. 15). Neste contexto, Paulo proclama
a mensagem do Cristo crucificado. A
III. SABEDORIA DIVINA morte de Cristo trouxe salvação. Esta
(1Co 1.18-31) mensagem é central ao Evangelho.

1. Loucura de Deus (1Co 1.25) 2. As coisas loucas (1Co 1.27,28)


Porque a loucura de Deus é mais sá- Pelo contrário, Deus escolheu as
bia do que os homens; e a fraqueza de coisas loucas do mundo para en-
Deus é mais forte do que os homens. vergonhar os sábios e escolheu as
Paulo, aqui, ressalta que seu coisas fracas do mundo para enver-
intuito não é produzir admirado- gonhar as fortes (1.27).
res de sua pessoa, mas proclamar Paulo agora fala sobre a vo-
a salvação em Jesus. Para isso, não cação dos irmãos e afirma que
usa de mecanismos de sabedoria a “mensagem de Cristo”, que ele
humana. Ao invés disso, ele usa pa- tratou no tópico anterior, não faz
lavras simples para dar a ideia de acepção de pessoas.
que o processo é baseado na ação Demonstra, assim, que a sabe-
de Deus e não na do homem. O po- doria de Deus anda na contramão

9
PR Enaldo Brito
Lição 1 - 1Coríntios 1 e 3: Unidade e Sabedoria de Deus

deste mundo. Ou seja, Deus esco- bênçãos espirituais são provi-


lheu as coisas loucas, fracas, hu- são divina e não decorrem de
mildes, desprezadas, que não são, méritos humanos. Temos que
para envergonhar as sábias, as for- reconhecer isso para evitar o
tes e as que são. Até porque todos orgulho e a “autossuficiência”
são pecadores e não têm do que se (1Co 1.29).
gloriar, a não ser da graça de Cristo. Ele destaca que nossa sabe-
doria, justiça, santificação e re-
3. Glorie-se no Senhor (1Co 1.29-31) denção estão no Senhor e não em
Para que, como está escrito: Aquele que nós mesmos (v. 30). Cristo provi-
se gloria, glorie-se no Senhor (1.31). denciou tudo e nós simplesmente
Paulo salienta que todas as confiamos nele.

APLICAÇÃO PESSOAL
O partidarismo e as dissensões em Corinto estavam prejudicando o
crescimento da igreja. Do mesmo modo, nos dias atuais, o mau teste-
munho atrapalha a aceitação do Evangelho.

RESPONDA
1) Quais os dois aspectos da santificação?

2) Qual o problema que afeta a igreja, decorrente da falta de união?

3) Assinale as alternativas com "V", se verdadeiras, ou com "F", se falsas

Paulo desejava produzir muitos seguidores de si mesmo.

A sabedoria de Deus anda na contramão do mundo.

Gloriar-se no Senhor é sinal de sabedoria.

10
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 2
1CORÍNTIOS 2: A MENSAGEM
PODEROSA
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Entender que a mensagem da
Em 1 Coríntios 2 há 16 versos. cruz tem um poder transforma-
Sugerimos começar a aula lendo, dor que independe da eloquên-
com todos os presentes, 1 Corín- cia humana.
tios 2.1-16 (5 a 7 min.). • Compreender o propósito e a
A revista funciona como guia de es- abrangência da mensagem da cruz.
tudo e leitura complementar, mas • Discernir a importância do Espí-
não substitui a leitura da Bíblia. rito Santo na revelação e entendi-
Paulo está se contrapondo, mento da mensagem da cruz.
desde o Capítulo 1, à sabedoria
dos sofistas (pregoeiros gregos), a PARA COMEÇAR A AULA
qual era pautada apenas na retóri-
ca. Por esse motivo, ele escreveu, Amado professor, exponha, ini-
no versículo 4 do capítulo 2, que cialmente, como você se sente privi-
seu discurso não estava pautado legiado por poder anunciar a men-
apenas em palavras persuasivas sagem da cruz por meio desta aula.
de sabedoria humana, mas em de- Pois Paulo, mesmo sendo filósofo,
monstração do Espírito e de poder. poliglota, notável fariseu, apóstolo
Essa oposição foi feita por meio dos gentios, entre outros atributos,
da mensagem do Cristo crucifica- anunciou a Mensagem da cruz em
do, e essa notícia é loucura para fraqueza, temor e em grande tremor.
aqueles que não conhecem a Deus. Isto deve lançar fora qualquer pos-
Também é tão profunda a ponto de sibilidade de exibicionismo pessoal
o apóstolo dizer que sua revelação em relação às nossas pregações, pois
veio por meio do Espírito de Deus, ele não fez menção de quem ele era,
o qual penetra todas as coisas, até mas apenas da mensagem.
as profundezas de Deus.
Essa verdade só pode ser com- RESPOSTAS DA PÁGINA 16
preendida pelas pessoas que são 1) Jesus Cristo – e este crucificado.
2) Ao cumprimento dos planos de Deus na
espirituais, pois estas possuem a pessoa de Jesus.
mente de Cristo. 3) Não foi redimido de seus pecados e não tem
o Espírito Santo.

I
PR Enaldo Brito
Lição 2 - 1Coríntios 2: A Mensagem Poderosa

LEITURA ADICIONAL

Não com palavras sábias e persuasivas.


Essa afirmação não deve ser interpretada equivocadamente como
se Paulo favorecesse a pregação inepta ou os discursos apresentados de
modo deficiente. Antes, sua intenção é enfatizar que ele não se fia nos arti-
fícios retóricos astuciosos usados pelos oradores cujo objetivo é alcançar
a fama.

Uma demonstração do poder do Espírito.


Paulo foi a Corinto para mostrar não sua própria força, mas o poder do
Espírito de Deus na fraqueza humana. A disparidade é apresentada aqui
do modo mais enfático possível. Em contraste com a astúcia humana e
a habilidade de persuadir encontra-se a demonstração da presença e do
poder de Deus (4.19,20).

A linguagem de Paulo é intencional. Lança mão do vocabulário das es-


colas de retórica (persuasão, demonstração, poder) e elimina qualquer
ideia de que a demonstração de Deus é, de algum modo, menos persua-
siva que os discursos pronunciados por oradores humanos. Como Aristó-
teles ensinou quatrocentos anos antes, persuasão (pistis) "é, sem dúvida,
uma espécie de demonstração, uma vez que somos mais plenamente per-
suadidos quando consideramos que algo foi demonstrado".

Livro: "1 Coríntios" (Preben Vang. Série Comentário Expositivo. Editora Vida Nova -
SP, 2018, pág. 35).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 2 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 2.1-16

1CORÍNTIOS 2: Verdade Prática


A mensagem da cruz revela a
A MENSAGEM grandeza do amor de Deus.

PODEROSA
INTRODUÇÃO

I. A MENSAGEM DA CRUZ 1Co 2.1-5


1. Tema da mensagem 1Co 2.2
2. Fundamentos da pregação 1Co 2.3
Texto Áureo
"A minha palavra e a minha pre- 3. Intervenção do Espírito 1Co 2.4-5
gação não consistiram em lin-
guagem persuasiva de sabedo- II. MENSAGEM REVELADORA
ria, mas em demonstração do 1Co 2.6-8
Espírito e de poder."
1. A verdadeira sabedoria 1Co 2.7
1Co 2.4
2. O mistério revelado 1Co 2.7

3. Ignorância dos sábios 1Co 2.8

III. MENSAGEM ESPIRITUAL 1Co 2.9-16


1. A Mensagem é revelada 1Co 2.9,10

2. O Espírito ensina 1Co 2.11-13


3. O homem não entende 1Co 2.14-16

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
2.6 2.9 2.11 2.13 2.14 2.16

Hinos da Harpa: 526 - 124

11
PR Enaldo Brito
Lição 2 - 1Coríntios 2: A Mensagem Poderosa

INTRODUÇÃO que somos salvos, poder de Deus"


(1Co 1.18). Para o mundo em tre-
Neste capítulo, Paulo expres- vas, a Cruz não faz sentido, mas
sa que sua ida a Corinto teve o foi por meio dela que o Salvador
propósito único de proclamar o ofereceu perdão aos pecadores.
Evangelho de Cristo. Mas ele lem- Paulo deixa claro que essa era a
bra aos coríntios que não fez isso sua preocupação: pregar o Cristo
baseado em sabedoria ou filoso- crucificado. Não devemos e não
fias humanas, mas no poder do podemos mudar isso. Longe de
Espírito Santo. ser um apêndice, a cruz é o ponto
central e a essência da pregação
I. A MENSAGEM DA cristã.
CRUZ (1Co 2.1-5) A cruz simboliza a religião
verdadeira: a linha vertical, na di-
A cruz de Cristo é o discurso reção de Deus, e a horizontal, na
mais eloquente do amor de Deus. direção dos homens. Graças à cruz
de Cristo, podemos nos relacionar
1. Tema da mensagem (1Co 2.2) bem com Deus e com os homens.
Porque decidi nada saber entre vós,
senão a Jesus Cristo e este crucifi- 2. Fundamentos da pregação
cado. (1Co 2.3)
Embora, devido a sua forma- E foi em fraqueza, temor e grande
ção e preparo, Paulo pudesse de- tremor que eu estive entre vós.
bater filosofia com qualquer um, Os fundamentos da mensagem
ele decide pregar a mensagem da de Paulo continham alguns ingre-
Cruz de Cristo. dientes indispensáveis para todo
Paulo era sabedor de que a e qualquer pregador da Palavra de
Cruz é a mais poderosa das mensa- Deus. A princípio, a mensagem de-
gens, pois mostra, sem meias pala- veria apresentar simplicidade; de-
vras, que somos pecadores e que pois, ser cristocêntrica (com foco
precisamos do perdão de Deus. A na cruz) e, por último, anunciada-
Cruz declara que nossos esforços da no temor de Deus e dependên-
nada valem para a salvação. Sem a cia do Espírito Santo.
Cruz de Cristo não haveria Igreja. Nossa impressão é que o
Somos o povo formado pelo san- Evangelho simples é incapaz de
gue vertido na cruz. alcançar o coração de pessoas e
A Cruz não apenas declara a que antes precisamos impres-
falência humana, mas também sionar com nossa inteligência e
o poder de Deus: "Certamente, capacidade. Paulo, todavia, deixa
a palavra da Cruz é loucura para claro que não foi a Corinto para
os que se perdem, mas para nós, impressionar seus ouvintes ou

12
PR Enaldo Brito Lição 2 - 1Coríntios 2: A Mensagem Poderosa

para criar um fã clube. Uma boa las de retórica, que prezavam pela
pregação não é aquela em que persuasão e eloquência do discur-
saímos admirados com a retóri- sante, apega-se à intervenção do
ca ou talentos do pregador, mas Espírito Santo. Há uma linda pro-
aquela em que nosso coração é gressão onde a mensagem se ba-
convencido de que precisamos de seia na cruz, anunciada com sim-
Jesus. plicidade e com a ação do Espírito
Outro fundamento da mensa- Santo.
gem Paulina era o “temor” (v. 3).
O temor do Senhor é o princípio II. MENSAGEM
da sabedoria (Pv 9.10). Paulo tam- REVELADORA (1Co 2.6-8)
bém ensinava a total dependência
do Espírito Santo. Essa dependên- Não havia da parte do após-
cia não era motivo de relaxamento tolo nenhuma presunção ou au-
para os estudos. Paulo era um exí- toconfiança. Ele sabe que apenas
mio estudioso da Palavra de Deus o Espírito Santo pode convencer
(At 22.3). o homem do pecado, da justiça e
do juízo (Jo 16.8). Como disse um
3. Intervenção do Espírito pregador: "É mais fácil ensinar um
(1Co 2.4-5) leão a ser vegetariano do que con-
A minha palavra e a minha prega- verter uma alma pelo esforço ou
ção não consistiram em linguagem sabedoria humana".
persuasiva de sabedoria, mas em
demonstração do Espírito e de po- 1. A verdadeira sabedoria
der (2.4). (1Co 2.7)
Mesmo as proclamações mais Mas falamos a sabedoria de Deus
dinâmicas do Evangelho se mos- em mistério...
tram ineficazes, a menos que o Jesus Cristo crucificado é a
Espírito Santo convença as men- sabedoria de Deus. A verdadeira
tes e os corações dos ouvintes a sabedoria não é a filosofia, mas o
aceitá-lo. Evangelho. A sabedoria de Deus
A ideia desta passagem é que não está na filosofia humana, mas
Deus salva o mundo através de no Evangelho. A sabedoria de
mensagem simples e espiritual Deus é “Jesus Cristo e este crucifi-
que leva as pessoas a glorificarem cado” (2.2).
a Jesus e não a sabedoria do men- Paulo não está desprezando o
sageiro. "Para que a vossa fé não valor do estudo secular. Paulo está
se apoiasse em sabedoria humana, ensinando que o objetivo da men-
e sim no poder de Deus" (v. 5). sagem da cruz é alcançado sem
Paulo, apesar de ter sido ins- necessidade de artifícios ou mala-
truído e saber do valor das esco- barismos humanos.

13
PR Enaldo Brito
Lição 2 - 1Coríntios 2: A Mensagem Poderosa

São considerados maduros os deste século (v. 8). As autoridades


cristãos que foram transformados judaicas representavam a auto-
pela Palavra de Deus e preferiram ridade religiosa e as autoridades
se submeter à ação da mensagem romanas representavam a autori-
genuína. dade política da época.
Mesmo sendo considerados
2. O mistério revelado (1Co 2.7) profundos conhecedores do An-
...Em mistério, outrora oculta, a tigo Testamento, os judeus não
qual Deus preordenou desde a eter- admitiram a revelação e cumpri-
nidade para a nossa glória. mento desta mensagem no Novo
O Evangelho começou na eter- Testamento.
nidade, antes da história (2.7). Ele Por que as autoridades ju-
não é uma ideia tardia, um plano daicas pediram a crucificação de
de última hora, mas algo planeja- Jesus? Por que as autoridades
do desde a eternidade. A morte de romanas o crucificaram? Porque
Cristo não foi um acidente que fu- não o reconheceram como Mes-
giu da capacidade de intervenção sias! Se tivessem reconhecido, de
divina, mas algo que estava em fato, quem Jesus Cristo era, jamais
seus planos. teriam crucificado o Senhor da
Na realidade, a mensagem de glória.
salvação sempre existiu. Havia Os sábios foram ignorantes de
um plano divino de enviar o Mes- duas formas:
sias para a salvação do mundo. a) Na religião com os judeus.
Entretanto, esta mensagem este- Rejeitaram Jesus como Messias.
ve oculta no Antigo Testamento, Em Mateus 16 Jesus indaga seus
retratada sutilmente em algumas discípulos: “Quem diz o povo ser
passagens. Já no Novo Testamen- o Filho do Homem?". Pedro tem a
to, este "mistério" é revelado, de revelação de quem Jesus era, os si-
modo claro e inequívoco para os nais revelavam quem ele era, mas
que creem. os seus não o receberam.
b) Na política com os romanos.
3. Ignorância dos sábios Os sábios romanos sabiam que es-
(1Co 2.8) tavam errados. Por exemplo, Pila-
Sabedoria essa que nenhum dos tos, ao lavar as mãos; o centurião
poderosos deste século conheceu; e os que com ele guardavam a cruz
porque, se a tivessem conhecido, (Mt 27.54). Eles tinham a intuição
jamais teriam crucificado o Senhor de que a condenação de Jesus era
da glória. um erro. Não erraram por ino-
Paulo culpa as autoridades cência; agiram conscientemente,
judaicas e romanas pela morte de desconsiderando os fatos e conde-
Jesus, chamando-as de poderosos nando um inocente.

14
PR Enaldo Brito Lição 2 - 1Coríntios 2: A Mensagem Poderosa

III. MENSAGEM O apóstolo Paulo realça o va-


ESPIRITUAL (1Co 9-16) lor do Espírito Santo no ensino da
Igreja, para que essa possa assi-
1. A Mensagem é revelada milar a “profundidade” da mensa-
(1 Co 2.9,10) gem da cruz. A função primordial
Mas, como está escrito: Nem olhos do Espírito Santo é ajudar a Igreja
viram, nem ouvidos ouviram, nem a reconhecer e entender a nature-
jamais penetrou em coração huma- za espiritual da mensagem a ela
no o que Deus tem preparado para dirigida.
aqueles que o amam (2.9). Sem o auxílio do Espírito San-
Quantas vezes você já ouviu to, o homem não consegue enten-
este texto sendo mencionado em der o verdadeiro propósito divino
relação ao Céu? O próximo versí- em suas variadas circunstâncias.
culo explica: “Mas Deus no-lo reve- Além disso, quando descartamos
lou pelo Espirito”. esse auxílio, caímos no “precipí-
Paulo afirma categoricamente cio” de ações vazias e interpre-
que a mensagem genuína da cruz tações equivocadas em relação à
contém mistérios que somente se- Palavra. Este é o grande motivo do
rão revelados pelo Espírito Santo crescimento de heresias em nosso
aos Seus. tempo.
Sozinho, nenhum ser huma- As pessoas têm deixado de
no é capaz de discernir Deus; ele lado o ensino do Espírito, criando
precisa de uma revelação externa. fábulas e heresias fundamentadas
A busca de quem é Deus aponta- na sabedoria humana, a qual se
rá a direção certa para Ele, porém opõe à sabedoria divina, que exce-
só chegaremos ao destino correto de todo o entendimento. Devemos
– que é Ele próprio – se receber- nos ater à Palavra e sempre sob a
mos revelação do Espírito Santo. orientação do Espírito Santo.
Por isso, no verso 11 Paulo diz: “As
coisas de Deus ninguém as conhe- 3. O homem não entende
ce, senão o Espírito de Deus”. Só co- (1Co 2.14-16)
nheceremos as coisas de Deus se o Ora, o homem natural não aceita
Espírito nos revelar. as coisas do Espírito de Deus, por-
que lhe são loucura; e não pode en-
2. O Espírito ensina tendê-las, porque elas se discernem
(1Co 2.11-13) espiritualmente (2.14).
Disto também falamos, não em pa- O homem natural é todo aque-
lavras ensinadas pela sabedoria le que ainda não foi redimido. Para
humana, mas ensinadas pelo Espí- estes, o Evangelho parece loucura.
rito, conferindo coisas espirituais O homem espiritual é o cristão
com espirituais (2.13). que é um discípulo de Cristo ama-

15
PR Enaldo Brito
Lição 2 - 1Coríntios 2: A Mensagem Poderosa

durecido, que tem em si a essência mente do Senhor, que o possa ins-


do Espírito e a sabedoria que o faz truir? Nós, porém temos a mente
discernir as coisas de Deus. Aos de Cristo” (2.16). A mensagem que
ouvintes da mensagem, é neces- Paulo pregou em Corinto é produ-
sária a instrução do Espírito Santo to da mente de Deus. O Evangelho
para que essa possa ser entendida. foi elaborado na mente de Deus na
É por este motivo que o homem eternidade. Paulo diz que nós te-
natural não consegue compreen- mos a mente de Cristo, porque nós
der as coisas espirituais. Ou seja, estamos pregando o produto da
“o homem natural não aceita as mente de Cristo, que é o Evangelho.
coisas do Espírito de Deus, porque A mente de Cristo são os pen-
lhe são loucura; e não pode enten- samentos, os conselhos, os planos
dê-las, porque elas se discernem e o conhecimento de Cristo, co-
espiritualmente” (v. 14). O Espírito nhecidos pelo homem mediante a
Santo em nós capacita-nos para ação do Espírito Santo. Portanto,
que tenhamos a mente de Cristo. quando alguém rejeita a mensa-
O apóstolo Paulo conclui per- gem poderosa do Evangelho está
guntando: “Pois quem conheceu a rejeitando o próprio Cristo.

APLICAÇÃO PESSOAL
A mensagem da cruz excede a todo o entendimento e é poderosa para
cumprir seu objetivo de revelar o amor de Deus a todos os homens.

RESPONDA
1) Qual o foco da mensagem de Paulo aos Coríntios?

2) As autoridades judaicas eram ignorantes em relação a qual assunto?

3) Quais as características do “homem natural”?

16
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 3
1CORÍNTIOS 4: MINISTROS E
DESPENSEIROS DE CRISTO
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Entender que os ministros são
Em 1 Coríntios 4 há 21 versos. administradores dos mistérios
Sugerimos começar a aula lendo, de Deus.
com todos os presentes, 1 Corín- • Compreender que a humildade e
tios 4.1-21 (5 a 7 min.). a disposição de servir são traços
A revista funciona como guia de es- marcantes do ministro de Deus.
tudo e leitura complementar, mas • Conscientizar-se do valor do mi-
não substitui a leitura da Bíblia. nistro cristão e de seu serviço.
Aproveite a informação do tó-
pico I desta lição, a respeito dos PARA COMEÇAR A AULA
remadores e exponha à classe que, Inicie esta lição mostrando que o
no capítulo 4 de 1Coríntios, Paulo alvo do ministro é tornar a igreja for-
mostra a insignificância do ministro te, sábia e ilustre. No entanto, Paulo
diante da sua mensagem. No origi- relata, por experiência pessoal, que o
nal grego, a palavra traduzida por ministro deve estar preparado para
"ministro" remetia aos escravos que enfrentar desprezo, humilhação,
trabalhavam nos porões dos barcos, passando por louco, tudo pela cau-
de onde não tinham visão alguma sa de Cristo. Isso contrapõe o pen-
do mar. Ou seja, eles eram respon- samento soberbo dos ministros de
sáveis apenas por remar, mas quem Corinto e continua servindo de aler-
decidia para qual direção se movia ta aos que se consideram ministros
a embarcação era o capitão; caso se hoje. Todavia, isso não significa que
recusassem a remar, poderiam ser os ministros do Evangelho devem
trocados por outros, pois eram ape- ser desonrados no meio do povo de
nas trabalhadores braçais. Deus, mas que, por tal disposição de
Paulo estava combatendo o es- sofrer pelo bem do corpo de Cristo,
pírito de autossuficiência. Por isso, devem ser honrados.
posteriormente, ele se utilizou
RESPOSTAS DA PÁGINA 22
de certa ironia ao perguntar se os
1) Mordomo, com acesso à dispensa de alimentos.
crentes de Corinto já estavam ricos 2) A renúncia a si mesmo em favor dos irmãos.
e fartos. 3) Colocar algo na mente de alguém com o
intuito de advertir ou de repreender.

I
PR Enaldo Brito
Lição 3 - 1Coríntios 4: Ministros e Despenseiros de Cristo

LEITURA ADICIONAL

Paulo não teme ser julgado pelos crentes de Corinto, ou mesmo por
um tribunal romano, isto não tem importância. Paulo diz que não julga
nem a si mesmo. O mordomo nem sequer confia no juízo que faz de si
mesmo; pode não estar cônscio de suas próprias falhas.
A consciência pode estar enganada. Paulo afirma: que a consciência
dele está limpa, mas isso não prova que ele é inocente, pois a consciência
pode estar enganada.
Portanto, nada julgueis, antes do tempo, até que o Senhor venha, o
qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas e manifestará os de-
sígnios dos corações; e, então, cada um receberá de Deus o louvor.
Paulo recomenda que o exercício desse julgamento fique para o Se-
nhor, quando Cristo vier, e então cada um receberá o seu louvor da parte
de Deus.
E a parte significativa do evangelho apresentado por Paulo é o fato de
o Senhor vir para julgar.
Uma cláusula do Credo Niceno conserva-nos de sobreaviso com rela-
ção a esta verdade: “Creio... que Ele virá em glória, para julgar os vivos e
os mortos.”
A expressão: “Deus manifestará os desígnios dos corações” quer dizer
que Deus trará à luz os atos secretos de toda pessoa e revelará seus verda-
deiros pensamentos e motivos, tanto os bons quantos os ruins.
A vida interior da pessoa será revelada, nada ficará oculto.

Livro: Comentário Exegético da I Carta aos Coríntios (Oton Miranda de Alencar,


Editora Inove, Macapá, 2013, pág.37).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 3 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 4.1-21
1CORÍNTIOS 4: Verdade Prática
MINISTROS E Os ministros de Cristo servem
ao mundo com a mensagem do
DESPENSEIROS DE Evangelho.

CRISTO INTRODUÇÃO

I. O MINISTRO É DESPENSEIRO
DE DEUS 1Co 4.1-5
1. Ministro de Deus 1Co 4.1
Texto Áureo 2. Encontrado fiel 1Co 4.2-4
“Assim, pois, importa que os ho-
3. Cada um receberá de Deus 1Co 4.5
mens nos considerem como mi-
nistros de Cristo e despenseiros II. O MINISTRO É HUMILDE
dos mistérios de Deus.” 1Co 4.6-13
1 Co 4.1
1. Tudo vem de Deus 1Co 4.6-8
2. Espetáculo ao mundo 1Co 4.9-12
3. Lixo e escória do mundo 1Co 4.13

III. O MINISTRO TEM AUTORIDADE


1Co 4.14-21
1. Pai espiritual 1Co 4.14-15
2. Sejam meus imitadores 1Co 4.16-18
3. Autoridade e amor 1Co 4.19-21

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
4.2 4.4 4.8 4.10 4.15 4.20

Hinos da Harpa: 93 - 298

17
PR Enaldo Brito
Lição 3 - 1Coríntios 4: Ministros e Despenseiros de Cristo

INTRODUÇÃO Quem faz com que o “barco”


ande de verdade são os “escravos”,
Paulo usa o termo despenseiros ou seja, os ministros do Senhor. O
para identificar os ministros da ministro é encarregado de não dei-
casa de Deus. Homens que, apesar xar o “barco” parar e nem correr o
da humildade, simplicidade e de- risco de afundar.
sapreço dos demais, eram encar- De certa forma, este também
regados de guardar e transmitir os é o papel de todo papai e mamãe:
grandes mistérios de Deus, o ver- ouvir o ritmo do líder Jesus e con-
dadeiro alimento espiritual. duzir a família para o céu.
Enquanto o “ministro” não era
I. O MINISTRO É visto, o “despenseiro” era. Este
DESPENSEIRO DE termo referia-se à atribuição do
DEUS (1Co 4.1-5) mordomo acessar a dispensa e re-
colher os alimentos necessários.
1. Ministro de Deus (1Co 4.1) Os recursos eram distribuídos de
Assim, pois, importa que os homens nos acordo com a intenção do mestre.
considerem como ministros de Cristo e O despenseiro não produz nada,
despenseiros dos mistérios de Deus. apenas distribui o que é do mestre.
No grego, o termo ministro, Agora, os "mistérios de Deus"
também traduzido como servo seriam distribuídos entre todos. A
em outras versões, referia-se pri- obra de salvação pela cruz, até en-
mariamente aos escravos que fi- tão desconhecida no Antigo Testa-
cavam no terceiro pavimento das mento, agora se tornaria conhecida
embarcações, considerados rema- por todos.
dores de baixo escalão.
Como vemos nos filmes anti- 2. Encontrado fiel (1Co 4.2-4)
gos, eles trabalhavam e não eram Ora, além disso, o que se requer dos
vistos, mas desempenhavam o despenseiros é que cada um deles
trabalho mais importante: levar seja encontrado fiel (4.2).
as pessoas de onde estavam para Este verso ressalta uma qua-
onde precisavam chegar. Um líder lidade indispensável aos despen-
ia marcando o ritmo com um tam- seiros de Deus: a fidelidade. Mui-
bor e todos remavam juntos. tos buscam ser pessoas de fé e
É uma linda representação dos carisma, mas Paulo exorta a que
ministros de Cristo que, fora da os despenseiros sejam fiéis, que
vista de todos,“remam” e traba- continuem fazendo o que foram
lham juntos, com Jesus ditando o chamados por Deus para fazer.
ritmo, enquanto levam as pessoas Todavia, a mim mui pouco se
de onde estão na terra para onde me dá de ser julgado por vós ou por
precisam chegar: o céu. tribunal humano; nem eu tampou-

18
PR Enaldo Brito Lição 3 - 1Coríntios 4: Ministros e Despenseiros de Cristo

co julgo a mim mesmo. (v. 3) Ainda mesmo. Neste "tribunal", quem jul-
falando sobre ministério, Paulo de- gará será o próprio Senhor Jesus.
monstra não se importar com o jul- Nosso papel é amar as pessoas e
gamento do povo de Corinto. Eles ser encontrado fiel no cumprimento
enfrentavam problemas por terem do ministério (v. 4). Perdemos o foco
formado várias facções; uns que quando invertemos os papéis e ocu-
gostavam de Apolo, outros de Ce- pamos o lugar de Deus como juiz.
fas e alguns de Paulo. Paulo explica Quando nos exorta a não julgar,
que a motivação dele não era a opi- Paulo não se refere a questões le-
nião e aprovação humanas, mas a gais, de boa conduta e testemunho,
fidelidade à sua missão. Aplicando mas a questões de preferência, di-
para hoje: sendo honrado ou não, ferença de gosto e opinião dentro
com poucos likes ou curtidas, Paulo do corpo de Cristo, as quais, se res-
se manteria fiel ao seu chamado de saltadas, podem resultar na quebra
ministro e despenseiro. da unidade entre os irmãos. Sobre
estas questões, ele afirma que tudo
3. Cada um receberá de Deus será trazido à luz e cada um recebe-
(1Co 4.5) rá sua aprovação ou reprovação de
Portanto, nada julgueis antes do Deus quando Ele revela aquilo que
tempo, até que venha o Senhor, o não podemos ver: as motivações.
qual não somente trará à plena luz
as coisas ocultas das trevas, mas II. O MINISTRO É
também manifestará os desígnios HUMILDE (1Co 4.6-13)
dos corações; e, então, cada um rece-
berá o seu louvor da parte de Deus. 1. Tudo vem de Deus (1Co 4.6-8)
A consciência de Paulo estava Estas coisas, irmãos, apliquei-as figu-
tranquila perante as críticas, em- radamente a mim mesmo e a Apolo,
bora não ousasse julgar a si mes- por vossa causa, para que por nosso
mo, nem como estando certo, nem exemplo aprendais isto: não ultra-
como estando errado. O veredicto passeis o que está escrito; a fim de
final estaria reservado para o Dia que ninguém se ensoberbeça a favor
do Julgamento. de um em detrimento de outro (4.6).
Desde o Antigo Testamento, O apóstolo havia usado a si
Deus sempre deixou claro que, um mesmo e a Apolo como exemplos.
dia, traria julgamento sobre todos os Seria impensável retratá-los como
homens. No “Dia do Senhor”, Deus rivais. Diante disso, os coríntios de-
trará à tona as obras ocultas de cada veriam se dar conta de que é igual-
um, revelando verdadeiramente “os mente absurdo fazer o mesmo com
desígnios dos corações” (v. 5). outros líderes cristãos, separando-
Segundo Paulo, o julgamento -os entre si e criando grupos em
não cabe aos homens, nem a ele torno deles.

19
PR Enaldo Brito
Lição 3 - 1Coríntios 4: Ministros e Despenseiros de Cristo

Visto que estavam cheios de van- selvagens, proporcionando um


glória, Paulo os ironiza dizendo: “Já sangrento espetáculo ao público.
estais fartos, já estais ricos; chegas- Paulo compara os apóstolos a estes
tes a reinar sem nós” (4.8). Paulo diz condenados que estão em desgraça
para eles: "Vocês estão fartos e ricos pública e são executados diante da
demais!". Eles estavam satisfeitos multidão, ao ar livre.
com a sua espiritualidade. Pensa- Paulo faz um contraste entre o
vam que tinham tudo. Eles tinham comportamento soberbo e egoís-
um alto conceito de si mesmos. Os ta dos coríntios, que se achavam
coríntios pensavam que eles eram ricos e cheios de direitos, e a hu-
uma igreja de muito sucesso, mui- mildade dos apóstolos, que colo-
to madura e eficiente. Paulo afirma cavam as necessidades da igreja
que aquilo que cada um tem é o que acima das suas próprias, supor-
cada qual recebeu. “Pois quem é que tando todo tipo de sofrimento
te faz sobressair? E que tens tu que decorrente de sua escolha. Isso
não tenhas recebido? E, se o recebes- prepara o terreno para a recomen-
te, por que te vanglorias como se o dação que o apóstolo faz na passa-
não tiveras recebido?” (4.7). Não há gem seguinte, para que os crentes
margem para a vaidade, para a so- coríntios sejam seus imitadores.
berba e para o orgulho espiritual. Isto se provou verdadeiro na
Se Deus lhe deu um ministério vida de quase todos os apósto-
de projeção, você não tem de ficar los, que morreram perseguidos e
vaidoso com isso; isso não é seu. sem direitos. Paulo, então, usa de
É tudo fruto da graça de Deus. Por ironia para sobressaltar a postu-
que, então, você se vangloria como ra dos Coríntios em relação a ele
se fosse mérito seu? e outros líderes, os quais eram
julgados e desprezados. Paulo es-
2. Espetáculo ao mundo creve como um pai na fé, não para
(1Co 4.9-12) envergonhá-los, mas para corrigir
Porque a mim me parece que Deus rumos.
nos pôs a nós, os apóstolos, em últi-
mo lugar, como se fôssemos conde- 3. Lixo e escória do mundo
nados à morte; porque nos torna- (1Co 4.13)
mos espetáculo ao mundo, tanto a Quando caluniados, procuramos
anjos, como a homens. (4.9). conciliação; até agora, temos che-
O Imperador romano, a fim de gado a ser considerados lixo do
aumentar sua popularidade, con- mundo, escória de todos.
duzia os escravos e condenados A teologia da glória é precedi-
à morte às grandes arenas e an- da pela teologia da cruz. A grande
fiteatros, para se digladiarem, ou bandeira do cristão é a teologia de
para serem devorados por feras João Batista, que dizia: “Convém

20
PR Enaldo Brito Lição 3 - 1Coríntios 4: Ministros e Despenseiros de Cristo

que ele [Jesus] cresça e que eu dimi- Paulo se coloca à frente destes
nua” (Jo 3.30). supostos tutores como um verda-
Os apóstolos são desprezados: deiro pai que instrui e repreende
“vós nobres, e nós desprezíveis” seus filhos com amor. Ou seja, os
(4.10c). Os apóstolos enfrentam crentes de Corinto foram gerados
privações, fome, sede e nudez em Cristo por meio do Evangelho
(4.11). E os apóstolos ainda sofrem anunciado por Paulo. Sua autori-
maus-tratos: "somos esbofeteados, dade era de pai espiritual.
e não temos morada certa”(4.11).
E Paulo conclui: “Quando calunia- 2. Sejam meus imitadores
dos, procuramos conciliação; até (1Co 4.16-18)
agora, temos chegado a ser consi- Admoesto-vos, portanto, a que se-
derados lixo do mundo, escória de jais meus imitadores (4.16).
todos” (4.13). Esta expressão é consequên-
cia do verso anterior. Hoje temos
III. O MINISTRO TEM como referência muitos autores,
AUTORIDADE (1Co 4.14-21) blogueiros, comentaristas, artis-
tas, mas não reconhecemos nos-
1. Pai espiritual (1Co 4.14-15) sos pais espirituais. Paulo está
Não vos escrevo estas coisas para afirmando que ele é um pai espi-
vos envergonhar; pelo contrário, ritual e que sua conduta deve ser
para vos admoestar como a filhos imitada. Isto é o que um bom pai
meus amados (4.14). deve dizer: “Imite-me”. Não ape-
Aqui, Paulo declara que sua nas faça o que eu digo, mas faça o
mensagem vem para “admoestar”, que eu faço. Paulo resgata o vín-
que significa “colocar algo na men- culo de paternidade como quem,
te de alguém”, com o intuito de ad- pela fidelidade, pagou o preço, ge-
vertir ou, até mesmo, repreender. rou e serviu aquela igreja.
Paulo tinha ciência de que algo er- Em trecho posterior da carta,
rado estava acontecendo e neces- Paulo repete esta admoestação de
sitava de conserto. que sejam seus imitadores como
Para realizar essa correção, ele o é de Cristo quando exorta a
o apóstolo se coloca como um igreja de Corinto quanto à liberda-
pai para aquele povo (v. 15), de- de cristã (1Co 10.28 – 11.1).
monstrando que sua relação com Nos dias atuais, é muito raro
os coríntios era paternal, através encontrar bons exemplos. Pau-
do Evangelho. Os pais abastados lo recomenda que os crentes de
geralmente deixavam a educação Corinto sigam o seu exemplo de
de seus filhos totalmente a cargo conduta humilde e altruísta, assim
de escravos letrados, conhecidos como ele próprio seguia o exem-
como tutores ou aios. plo de Cristo.

21
PR Enaldo Brito
Lição 3 - 1Coríntios 4: Ministros e Despenseiros de Cristo

3. Autoridade e amor (1Co 4.19-21) Paulo esperava que esta carta


Que preferis? Irei a vós outros com solucionasse as divergências que
vara ou com amor e espírito de ocorriam na igreja em Corinto.
mansidão? (4.21). Mas, se insistissem nos erros, ele
Encerrando, Paulo manifesta iria visitá-los com uma repreen-
aos coríntios o desejo de visitá- são mais firme e contundente.
-los, embora muitos acreditassem Entretanto, Paulo deixou ao en-
que Paulo não viria mais. Ele an- cargo deles a escolha: “com vara
siava por estar em Corinto e ins- ou com amor e espírito de man-
truí-los pessoalmente. sidão?”.

APLICAÇÃO PESSOAL
A grande bandeira do ministro do Evangelho continua sendo a mes-
ma de João Batista: "convém que ele cresça e que eu diminua".

RESPONDA
1) Quais são as atribuições de um “despenseiro”?

2) Quais as características da verdadeira riqueza concedida por Deus?

3) Qual o significado do termo “admoestar”?

22
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 4
1CORÍNTIOS 5 e 6: IMORALIDADE E
LITÍGIOS
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Entender que devemos fugir da
Em 1 Coríntios 5 e 6 há 13 e 20 imoralidade.
versos, respectivamente. Sugeri- • Saber que associações ruins
mos começar a aula lendo, com prejudicam nosso testemunho.
todos os presentes, 1 Coríntios • Compreender que é preferível
5.1-13, 6.1-12 (5 a 7 min.). sofrer a causar injustiças.
A revista funciona como guia de es-
tudo e leitura complementar, mas PARA COMEÇAR A AULA
não substitui a leitura da Bíblia.
Uma das marcas da cidade de Querido professor, inicie esta
Corinto era a imoralidade sexual, aula mostrando que Paulo estava
e, alguns cristãos de lá estavam tão indignado com o posiciona-
sendo influenciados por isso, ao mento da igreja em relação à prá-
praticarem ou aceitarem tais com- tica da imoralidade sexual, que
portamentos com uma naturalida- ele já iniciou seu discurso de uma
de preocupante. Eles acreditavam forma abrupta, exortando a igre-
que não importava o que fizessem,
ja sem se preocupar em suavizar
já estavam salvos.
suas palavras.
A fé cristã está pautada na con-
Destaque na aula as três causas
fiança no sacrifício de Jesus, mas
esta deve resultar no compromisso principais da reprovação de Paulo:
de cada cristão de permanecer fiel 1) a aceitação de práticas imorais;
aos ensinamentos de Cristo, em 2) a prática de atos imorais e com-
constante aperfeiçoamento. portamentos mundanos; 3) a ami-
Por isso, a orientação de Paulo zade e conivência com pessoas de
era que eles consertassem a per- dentro da igreja que praticavam
cepção deles a respeito de sua vida tais atos.
espiritual, bem como se dissocias-
sem daqueles que viviam em práti- RESPOSTAS DA PÁGINA 28
1) Prática do sexo por pessoa solteira.
cas de impureza sexual, reprovan-
2) Com falsos crentes que estimulam dissensões
do tais comportamentos. no meio da igreja.
3) O corpo é templo de adoração a Deus.

I
PR Enaldo Brito
Lição 4 - 1Coríntios 5 e 6: Imoralidade e Litígios

LEITURA ADICIONAL

A proposta de Paulo não está focada no direito e na justiça, mas no


exercício do perdão e da misericórdia. Paulo diz que sofrer o dano é me-
lhor do que ganhar uma causa e envergonhar o nome do evangelho. Leon
Morris enfatiza que o ponto que Paulo assinala é que ir a juízo com um
irmão já é incorrer em derrota, seja qual for o resultado do processo legal.
Obter a vitória no veredicto pouco significa. Já se perdeu a causa quando
um cristão abre um processo. Diz o apóstolo: “O só existir entre vós de-
mandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis antes a
injustiça? Por que não sofreis antes o dano?” (6.7). Nós não gostamos des-
sa proposta. Definitivamente que não! Os coríntios não estavam prontos
para sofrer a injustiça, mas eles estavam ativamente fazendo a injustiça
uns aos outros. Assim, eles estavam cometendo um duplo pecado; pecado
contra os padrões éticos e pecado contra o amor fraternal. O alerta de
Paulo para nós é este: Cuidado com os seus direitos! Você conhece aque-
le tipo de gente que diz: “E melhor passar por cima do meu cadáver do
que por cima dos meus direitos!” Conhece gente assim? Paulo diz para
não brigarmos pelos nossos direitos. Jesus também recomendou sofrer
o dano. A nossa atitude é dar a outra face, andar a segunda milha e dar
também a capa (Mt 5.38-42). Viver bem com as pessoas quando elas nos
tratam bem não é muita coisa. Deus espera de nós reação transcendental!
Abraão agiu assim. Quando houve a contenda entre os seus pastores e os
pastores de Ló, Abraão se dispôs a sofrer o dano.

Livro: 1Coríntios: como resolver conflitos na igreja (LOPES, Hernandes Dias. São
Paulo: Hagnos, 2008, págs. 113-114).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 4 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 5.1-13, 6.1-12
1CORÍNTIOS 5 e 6: Verdade Prática
IMORALIDADE E O Evangelho impõe uma sepa-
ração clara das práticas erradas
LITÍGIOS que o mundo acha normal.

INTRODUÇÃO

I. A IMORALIDADE 1Co 5.1-8


1. Imoralidade em Corinto 1Co 5.1
Texto Áureo 2. Fornicação, adultério, prostituição 1Co 5.2
"Todas as coisas me são lícitas,
mas nem todas convêm. Todas 3. Velho fermento 1Co 5.6-8
as coisas me são lícitas, mas eu
não me deixarei dominar por ne- II. ASSOCIAÇÕES PERIGOSAS
nhuma delas" 1Co 5.9-13
1Co 6.12
1. Aos que se prostituem 1Co 5.9
2. Aos que se dizem irmãos 1Co 5.11
3. Afastando o malfeitor 1Co 5.12-13

III. LITÍGIOS JUDICIAIS 1Co 6.1-20


1. Sofrer ou causar injustiça 1Co 6.1-3
2. Quando recorrer ao Judiciário 1Co 6.4-8

3. Fé e vida andam juntas 1Co 6.20

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
5.5 5.10 6.2 6.5 6.13 6.14

Hinos da Harpa: 75 - 20

23
PR Enaldo Brito
Lição 4 - 1Coríntios 5 e 6: Imoralidade e Litígios

INTRODUÇÃO 1. Imoralidade em Corinto


(1Co 5.1)
No capítulo 5, Paulo alerta a Geralmente, se ouve que há entre vós
igreja em Corinto sobre a prática de imoralidade e imoralidade tal, como
imoralidades no meio dela. Ele os nem mesmo entre os gentios, isto é,
repreende e recomenda que não to- haver quem se atreva a possuir a mu-
lerem tais práticas, reprováveis até lher de seu próprio pai.
mesmo entre os descrentes, nem se Paulo, inicialmente, refere-se a
associem com os que as praticam. uma relação incestuosa entre um
No capítulo 6, Paulo censura os cristão e sua madrasta. Esse tipo
que estavam litigando na justiça co- de comportamento era repudiado
mum romana contra seus irmãos na entre os romanos e, principalmen-
fé, recomendando que as diferenças te, pela Lei de Moisés (Lv 18.8; Dt
entre eles fossem resolvidas interna- 22.30). A Igreja Primitiva seguiu
mente, evitando injustiças e o mau o exemplo, proibindo a impureza
testemunho aos que são de fora. incestuosa no decreto apostólico
Ao final, Paulo censura práticas (At 15.29). É possível que a imora-
impuras que estavam sendo aceitas lidade exposta na igreja de Corinto
como normais pelos crentes corín- estivesse sendo tolerada.
tios, ressaltando que o nosso corpo O termo “geralmente” sugere
também pertence ao Senhor, pelo que a imoralidade mencionada no
que devemos glorificá-lo através dele. verso 1 era conhecida e tolerada.
Este é o problema do pecado e do
I. A IMORALIDADE escândalo tolerado na igreja: espa-
(1Co 5.1-8) lha como câncer dentro da comu-
nidade. Até os ímpios de Corinto
O povo de Corinto era famoso escandalizavam-se com a permissi-
por sua imoralidade. Tamanha era vidade.
essa fama que quando os romanos
queriam se referir a uma "prostitu- 2. Fornicação, adultério, pros-
ta", utilizavam a expressão "moças tiuição (1Co 5.2)
de Corinto". Além disso, segundo E, contudo, andais vós ensoberbeci-
os historiadores, para identificar a dos e não chegastes a lamentar, para
fornicação ou prostituição as pes- que fosse tirado do vosso meio quem
soas utilizavam um termo equiva- tamanho ultraje praticou?
lente a “acorintiar”. Paulo adverte que esta situação
Também havia na cidade um deveria ser lamentada pela igreja,
templo dedicado à deusa grega da mas, ao que parece, alguns até se
fertilidade, Afrodite, cujas sacerdo- ensoberbeciam com a fornicação
tisas a cultuavam oferecendo "servi- e adultério. Dentro da perspectiva
ços sexuais" no interior do templo. bíblica, entende-se por fornicação a

24
PR Enaldo Brito Lição 4 - 1Coríntios 5 e 6: Imoralidade e Litígios

prática do sexo por pessoa solteira; ção, iria se espalhar e fermentar


e adultério, a prática sexual ilícita a todos. O pecado de um membro
envolvendo pessoa casada. poderia afetar a todo o corpo.
Para alguns “libertinos” de Corin- A solução seria lançar fora este
to isso era normal. Tal atitude foge fermento para conservar toda a
totalmente aos princípios estabele- massa. No caso específico do capí-
cidos por Deus para a humanidade. tulo 4, a fala de Paulo também é um
Nos dias atuais, os princípios divinos apelo para que a igreja em Corinto
vêm sofrendo ataques cada vez mais tire do meio de si pessoas que se
intensos, no que tange a se manter dizem cristãs, mas insistem em um
puro na juventude e quanto à fide- estilo de vida mundano. Estamos
lidade ao casamento. Os que vivem diante de um caso de disciplina.
na prática de tais atos deveriam ser A Festa dos Pães Asmos era
retirados do meio dos irmãos. uma celebração judaica que come-
Existe uma corrente que defen- çava no sábado da Páscoa e seguia
de uma postura “inclusiva” da igre- até ao sábado seguinte (Êx 12.14-
ja, na qual práticas condenáveis 18). Durante este tempo, os israe-
são aceitas e celebradas. Isto não litas deveriam jogar fora todas as
pode acontecer. Paulo trata com massas levedadas e não poderiam
todas estas questões, que são mais comer qualquer alimento fermen-
atuais do que imaginamos. tado, simbolizando a purificação
Outro grave perigo que per- do povo de qualquer impureza.
meava a sociedade da época, e de Jesus usou o simbolismo do
hoje, é a questão da prostituição. fermento em relação aos ensinos
Este termo está ligado à troca de equivocados dos fariseus e sadu-
sexo por dinheiro, mas havia tam- ceus, dos quais os seus discípulos
bém a prostituição como uma for- deveriam se resguardar (Lc 12.1).
ma de culto aos deuses pagãos. Para nós, cristãos, lançar fora
o fermento também simboliza va-
3. Velho fermento (1Co 5.6-8) lorizar o sacrifício de Cristo, nosso
Lançai fora o velho fermento, para Cordeiro Pascal, livrar-se de anti-
que sejais nova massa, como sois, gos hábitos pecaminosos, adotan-
de fato, sem fermento. Pois tam- do hábitos sãos e um padrão de
bém Cristo, nosso Cordeiro pascal, vida santificada ao Senhor.
foi imolado (5.7).
O apóstolo faz referência à Pás- II. ASSOCIAÇÕES
coa judaica e também ao ensino PERIGOSAS (1Co 5.9-13)
de Jesus em relação ao fermento
dos fariseus. Seu intento é mostrar 1. Aos que se prostituem (1Co 5.9)
como este pecado que eles permi- Já em carta vos escrevi que não vos
tiram “permanecer” na congrega- associásseis com os impuros.

25
PR Enaldo Brito
Lição 4 - 1Coríntios 5 e 6: Imoralidade e Litígios

Paulo recomenda aos cristãos comunidade de pessoas "chama-


em Corinto que não flertem com o das para fora", ou seja, para deixar
pecado. E, mais uma vez, adverte- para trás antigas práticas e subme-
-os para que não se associem com ter-se aos valores ensinados por
o pecado. Alguns interpretaram Jesus. Devemos receber todas as
erroneamente a fala de Paulo como pessoas de braços abertos, porém,
uma advertência para não manter se recusarem o ensino de Cristo
amizade ou negócios com pessoas sobre arrependimento e transfor-
de fora da igreja. mação, sua permanência no seio
Devemos conviver com o mun- da igreja, em amor, também deve
do, sem nos deixarmos influenciar ser recusada (Mt 10.33-39).
por este. Ao contrário, devemos ser
sal e luz para as pessoas que nos 3. Afastando o malfeitor
cercam, influenciando positivamen- (1Co 5.12-13)
te a nossa sociedade (Mt 5.13-16). Os de fora, porém, Deus os julgará.
Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor
2. Aos que se dizem irmãos (5.13).
(1Co 5.11) Para as pessoas de fora, sejamos
Mas, agora, vos escrevo que não vos luz e deixemos o julgamento para
associeis com alguém que, dizendo- Deus. Não podemos "limpar o peixe
-se irmão, for impuro, ou avarento, antes de pescar". Primeiro pesca-
ou idólatra, ou maldizente, ou be- mos e depois limpamos com a Pala-
berrão, ou roubador; com esse tal, vra e com a ação do Espírito Santo.
nem ainda comais. Quanto aos "de dentro", note
Na trajetória cristã há muitos que a recomendação de Paulo não
que entram nas igrejas, mas se re- é o afastamento de quem está lu-
cusam veementemente a abando- tando contra o pecado e eventual-
nar práticas condenáveis e incom- mente falha, mas a respeito daque-
patíveis com o Evangelho. Esses são les que deliberadamente vivem no
os “que se dizem” irmãos mas, na pecado e o celebram.
verdade, não são (Ap 2.9; 3.9). Essas É preciso tratar estas pessoas
pessoas militam para que a igreja demonstrando desaprovação ao
mude seus valores e passe a aceitar seu comportamento, chamando-as
certas práticas como normais em ao arrependimento. Caso não se
seu meio. Destes Paulo recomenda arrependam e mudem de atitude, a
distância ainda mais severa: “Não única alternativa é afastá-las da co-
vos associeis” e “nem ainda comais”. munhão com os irmãos. São casos
Mudança de curso e arrependi- extremos e isolados, mas, como no
mento são condições inegociáveis caso exposto por Paulo, é a única al-
para que o Reino de Deus se esta- ternativa para evitar que o seu mau
beleça (Mc 1.15). A igreja é uma exemplo corrompa outros irmãos.

26
PR Enaldo Brito Lição 4 - 1Coríntios 5 e 6: Imoralidade e Litígios

III. LITÍGIOS JUDICIAIS 2. Quando recorrer ao Judiciário


(1Co 6.1-20) (1Co 6.4-8)
Entretanto, vós, quando tendes a jul-
Na comunidade cristã, nenhuma gar negócios terrenos, constituís um
diferença interpessoal deve ser irre- tribunal daqueles que não têm ne-
conciliável. Paulo confronta a situa- nhuma aceitação na igreja (6.4).
ção em que um membro da comu- A pergunta que sempre se faz é:
nidade de Cristo leva outro membro os cristãos podem contender uns
ao tribunal de incrédulos antes de contra os outros em processos judi-
buscar solução entre os irmãos. ciais? A resposta não é um simples
"sim" ou "não". O valioso ensino de
1. Sofrer ou causar injustiça Paulo nos permite estabelecer alguns
(1Co 6.1-3) importantes pontos de reflexão:
Aventura-se algum de vós, tendo • A igreja pode resolver o desen-
questão contra outro, a submetê-lo a tendimento entre os irmãos?
juízo perante os injustos e não peran- • Existe alguma forma de a ques-
te os santos? (6.1). tão ser mediada fora do Judiciário?
A preocupação geral de Paulo • Um processo judicial prejudi-
nesses versículos é com o testemu- cará o testemunho dos litigantes, le-
nho cristão da igreja. Quando a igreja vando à conclusão de que Cristo não
usa os mesmos meios que as comuni- faz diferença em suas vidas?
dades não cristãs para resolver seus • A parte que se afirma vitima-
desentendimentos, não há diferença da já refletiu sobre a alternativa de
real entre uma e outra. A extensão da assumir a perda e sofrer o prejuízo?
"crise de testemunho" dos coríntios é • O objetivo é vencer uma sim-
salientada ainda mais por preferirem ples disputa individual ou resolver
resolver suas contendas através de uma questão mais ampla a fim de
meios seculares e não através da pró- promover a paz, a unidade ou mes-
pria igreja. Paulo diz que é preferível, mo a proteção de outras pessoas?
e mais semelhante a Cristo, ser in- De acordo com o ensino bíbli-
justiçado do que sacrificar o próprio co, é preferível abrir mão de direi-
testemunho, resolvendo conflitos por tos, ou sofrer injustiça, a cometer
meios que excluem ou violam princí- injustiça contra um irmão em Cris-
pios cristãos, ensino também minis- to ou expor a Igreja (1Co 6.7; Mt
trado por Pedro (1Pe 3.17-18). 5.38-41; 1Pe 2.18-23).
Uma caminhada cristã mais Só em última instância, a de-
profunda permite que o poder do pender da situação e após esgota-
Espírito volte a ser visível, pois ao das todas as possibilidades cristãs,
resolverem seus conflitos dentro da é que se poderia cogitar da justiça
própria igreja os irmãos mostram humana, cujo acesso é reconheci-
ao mundo o seu bom testemunho. damente um direito na sociedade

27
PR Enaldo Brito
Lição 4 - 1Coríntios 5 e 6: Imoralidade e Litígios

atual. Não esqueçamos, porém, da ções sexuais, a Bíblia simplesmen-


sadia diretriz bíblica: nossos con- te manda fugir. É um erro pensar
flitos precisam ser resolvidos in- que você conhece seus limites e
ternamente, em oração, buscando sabe até aonde pode ir e quando
sabedoria do alto, com espírito de deve parar. A mesma Bíblia que
perdão e desprendimento. nos manda resistir ao Diabo, man-
da-nos fugir da impureza.
3. Fé e vida andam juntas O segundo conselho que Pau-
(1Co 6.20) lo dá é: “Agora, pois, glorificai a
Porque fostes comprados por preço. Deus no vosso corpo” (6.20). Glo-
Agora, pois, glorificai a Deus no vosso rificamos a Deus no nosso corpo
corpo. quando entendemos que este é
Não se pode separar a vida es- o templo de Deus e que não deve
piritual da vida material. Paulo ser associado à imoralidade. Glo-
conclui dizendo que o Espírito San- rificamos a Deus no nosso corpo
to habita em nosso corpo (6.19). E quando empregamos nossas for-
dá dois conselhos para a igreja. ças, energias, dons e talentos para
O primeiro é: “Fugi da impu- servirmos ao Senhor e fazermos a
reza” (6.18). Em relação às tenta- Sua vontade.

APLICAÇÃO PESSOAL
A Igreja de Cristo na terra deve ficar afastada do pecado e não dos
pecadores.

RESPONDA
1) Defina o que significa o termo fornicação.

2) Que tipo de companhias devem ser evitadas pelos cristãos?

3) Qual a relevância espiritual dos nossos corpos?

28
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 5
1CORÍNTIOS 7: CASADO OU
SOLTEIRO? EIS A QUESTÃO
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Compreender o ensino bíblico
Em 1 Coríntios 7 há 40 versos. sobre o casamento.
Sugerimos começar a aula lendo, • Glorificar a Deus independente
com todos os presentes, 1 Corín- do estado civil.
tios 7.1-24 (5 a 7 min.).
• Valorizar a comunhão e o servi-
A revista funciona como guia de es-
tudo e leitura complementar, mas ço cristão.
não substitui a leitura da Bíblia.
Do capítulo 7 ao 11.1, Paulo tra- PARA COMEÇAR A AULA
ta a respeito de dúvidas que os pró- Inicie esta lição evidenciando
prios crentes de Corinto haviam es- que, como o contexto de Corinto
crito a ele, o que é indicado pela frase era de impureza sexual, Paulo reco-
inicial: “Quanto ao que me escreves- mendou o casamento como forma
tes..." (1Co 7.1). Nesse interregno de de proteção contra o pecado, uma
4 capítulos, o tom da carta muda um vez que os cristãos daquela locali-
pouco de exortação e repreensão dade eram tentados à fornicação.
para um tom mais pedagógico.
Paulo reforça que nem o casamen-
A primeira dúvida respondida
to nem o celibato são para todos,
pelo apóstolo foi acerca do dilema
entre permanecer solteiro ou ca- mas que cada pessoa nasceu com
sar-se. Paulo expressa clara prefe- um propósito.
rência pessoal pela permanência Essa foi a exortação de Paulo.
do estado de solteiro. Por outro Posteriormente, ele apresenta as do
lado, reconhece a importância e Senhor, entre elas a que recomenda
as responsabilidades em torno do que o casal viva em reciprocidade
casamento, dando recomendações (1Co 7.3-5).
aos que já são casados.
Paulo fala também da situa- RESPOSTAS DA PÁGINA 34

ção dos que estão casados com 1) Cuidar das necessidades sexuais um do outro,
proteger da tentação e fortalecer a união de
incrédulos, sobre divórcio, viu- corpo e espírito.
vez e novo casamento. 2) Que permaneçam solteiros.
3) Gerado: paz. Evitado: discórdia.

I
PR Enaldo Brito
Lição 5 - 1Coríntios 7: Casado ou Solteiro? Eis a Questão

LEITURA ADICIONAL

Paulo destaca a completa mutualidade dos direitos conjugais (7.3,4).


Paulo vivia em uma sociedade de profunda influência machista, mas ele
quebra esses paradigmas da cultura prevalecente e afirma a igualdade
dos direitos conjugais. Diz Paulo: ‘O marido conceda à esposa o que lhe
é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido’ (7.3). O
imperativo presente “conceda” indica o dever habitual. Paulo está falando
do relacionamento sexual. A mesma Bíblia que condena o sexo antes do
casamento, o pecado da fornicação, e também o sexo fora do casamento, o
pecado do adultério, está dizendo que a ausência de sexo no casamento é
pecado. O marido deve conceder à esposa o que lhe é devido e semelhan-
temente a esposa ao seu marido. Ambos, marido e mulher, têm direitos
assegurados por Deus de desfrutarem a plenitude da satisfação sexual no
contexto sacrossanto do matrimônio. Paulo ainda prossegue: ‘A mulher
não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, se-
melhantemente, o marido não tem poder sobre o seu corpo, e sim a mu-
lher’ (7.4). Paulo define que o sexo é um direito do cônjuge, um direito
legítimo. A satisfação sexual é um direito legítimo do marido e um direito
legítimo da mulher. A chantagem sexual no casamento é um pecado. O
marido não tem poder sobre o seu corpo nem a mulher tem poder sobre o
seu corpo. O corpo de um pertence ao outro. Usar o sexo como uma arma
para chantagear o cônjuge está em desacordo com o ensino da Palavra de
Deus. Paulo se torna ainda mais enfático, quando escreve: ‘Não vos priveis
um ao outro’ (7.5a). A prática do sexo no casamento é uma ordem apostó-
lica. A ausência da relação sexual no casamento é um pecado.

Livro: 1Coríntios: como resolver conflitos na igreja (LOPES, Hernandes Dias. São
Paulo: Hagnos, 2008, pág. 130).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 5 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 7.1-24
Verdade Prática
1CORÍNTIOS 7: Assim como apoiamos e promove-
CASADO OU mos o casamento, devemos apoiar
a condição de solteiro como hon-
SOLTEIRO? EIS A rada e produtiva para Deus.

QUESTÃO INTRODUÇÃO

I. CASAR OU VIVER SOLTEIRO


1Co 7.1-7
Texto Áureo
1. Decisão a ser tomada 1Co 7.1
"Ande cada um segundo o Se-
nhor lhe tem distribuído, cada 2. Fidelidade conjugal 1Co7.2-5
um conforme Deus o tem cha-
3. Abstinência no casamento 1Co 7.5
mado. É assim que ordeno em
todas as igrejas."
II. OS SOLTEIROS 1Co 7.8-11
1Co 7.17
1. Simplesmente solteiro 1Co 7.8,9

2. Solteiro novamente 1Co 7.8

3. Que não se casem 1Co 7.11

III. OS CASADOS 1Co 7.12-40


1. Jugo desigual 1Co 7.12-14
2. Divórcio 1Co 7.15,27

3. Novo casamento 1Co 7.39-40

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
7.3 7.4 7.7 7.14 7.19 7.21

Hinos da Harpa: 77 - 432

29
PR Enaldo Brito
Lição 5 - 1Coríntios 7: Casado ou Solteiro? Eis a Questão

INTRODUÇÃO 2. Fidelidade conjugal (1Co 7.2-5)


Mas, por causa da impureza, cada
Paulo agora trata de pergun- um tenha a sua própria esposa, e
tas e assuntos específicos que cada uma, o seu próprio marido
chegaram até ele em uma carta (7.2)
enviada pela igreja coríntia (7.1). A situação da Corinto romana
Ele passa de um tom de repreen- não era drasticamente distinta da
são um tanto severo e corretivo sociedade atual. Diante dessa rea-
para um tom pastoral e informa- lidade, Paulo lembra aos coríntios
tivo, tratando de questões que a importância da intimidade con-
requerem discernimento espiri- jugal. Uma vez que a intimidade
tual mais profundo e orientação sexual cria entre os cônjuges uma
pastoral. união que vai além do mero pra-
zer físico (6.16), a intimidade e a
I. CASAR OU VIVER relação sexual pertencem exclusi-
SOLTEIRO (1Co 7.1-7) vamente ao âmbito do casamen-
to, entre marido e esposa.
1. Decisão a ser tomada (1Co 7.1) O uso enfático pelo apóstolo
Quanto ao que me escrevestes, é da expressão "seu próprio" é re-
bom que o homem não toque em levante. Cada homem ou mulher
mulher. deve ter relações sexuais com
A propensão mais comum do seu próprio cônjuge. Cristãos que
ser humano é o casamento. Nesse encontram argumentos, sejam
versículo, Paulo trata da questão emocionais ou racionais, para
do celibato em contraste com o a promiscuidade, desprezam as
casamento. A condição de soltei- questões mais profundas associa-
ro, sinônimo de celibatário, não das ao sexo, ao relacionamento e
é para todos, tampouco deve ser à espiritualidade.
buscada a fim de obter benefícios
espirituais, mas algo a ser valori- 3. A abstinência no casamento
zado como dom especial. Cada um (1Co 7.5)
deve fazer sua decisão conforme o Não vos priveis um ao outro, salvo
dom que recebeu de Deus (7.17, talvez por mútuo consentimento, por
20,24). Alguns recebem o dom do algum tempo, para vos dedicardes à
celibato; outros recebem o dom do oração e, novamente, vos ajuntardes,
casamento. para que Satanás não vos tente por
Alguns em Corinto argumen- causa da incontinência.
tavam que a abstinência sexual os Em vez de considerar a intimi-
colocava em um patamar espiri- dade sexual pecaminosa ou vê-la
tual mais elevado. Paulo nega que como obstáculo para a verdadeira
seja o caso. espiritualidade, Paulo a enxerga

30
PR Enaldo Brito Lição 5 - 1Coríntios 7: Casado ou Solteiro? Eis a Questão

como fator de comunhão entre Igrejas que usam ocasiões se-


os cônjuges e de proteção contra culares como "Dia das Mães" e "Dia
o pecado. Aliás, é questão de res- dos Pais" para promover o sólido
ponsabilidade, tanto da esposa ensino sobre família devem con-
quanto do marido, certificar-se siderar a possibilidade de incluir
de que a intimidade sexual per- um "Dia dos Solteiros" para ajudar
maneça constante e habitual. a destacar o ensino de Paulo nessa
O distanciamento sexual ou o área.
desinteresse de uma das partes Há igrejas com ministérios
abre a porta para a tentação e cristãos voltados para solteiros,
dá a Satanás oportunidade para que têm como objetivo ajudá-
romper a união entre os cônjuges. -los a viver bem nessa condição,
A ênfase de Paulo sobre a mutua- como também a encontrar ou-
lidade nessa questão demonstra tras pessoas com potencial de
o caráter santo e protetivo do ca- amizade que viabilize a um ca-
samento cristão. samento bem-sucedido, se for o
Os cônjuges não devem se ver caso.
como pessoas que simplesmente Lembrando que a decisão de
resolveram morar juntos no mes- viver solteiro é encarada por
mo lugar para dividir uma cama e Paulo como um dom dado por
um espaço de convívio, sem qual- Deus. Significa viver em celiba-
quer compromisso permanente. to e consagrar esta área da vida
a Deus. Viver "solteiro", mas se
II. OS SOLTEIROS (1Co 7.8-11) relacionando sexualmente com
alguém, tem outro nome: pro-
1. Simplesmente solteiro (1Co 7.8,9) miscuidade. Caso alguém não
E aos solteiros e viúvos digo que possua este chamado, case-se.
lhes seria bom se permanecessem
no estado em que também eu vivo 2. Solteiro novamente (1Co 7.8)
(7.8). E aos solteiros e viúvos digo que
A forte ênfase sobre o casa- lhes seria bom se permanecessem
mento na maioria das igrejas no estado em que também eu vivo.
evangélicas dá a impressão de que Solteiro novamente é a pessoa
a condição de solteiro é indesejá- que, pelo divórcio ou viuvez, vol-
vel e deve ser considerada uma tou à condição de solteira.
infeliz situação temporária. Ministérios para aqueles que
Por essa razão, se é difícil per- já foram casados se concentram
manecer solteiro no mundo de com frequência em ajudar as pes-
hoje, de modo geral, por vezes soas a lidar com a dor do divórcio
pode ser ainda mais difícil em al- ou da viuvez, visando prepará-las
guns meios cristãos. para a vida a sós ou para um novo

31
PR Enaldo Brito
Lição 5 - 1Coríntios 7: Casado ou Solteiro? Eis a Questão

relacionamento bem-sucedido. a dignidade da condição de soltei-


De acordo com o apóstolo, se- ro e seu valor inclusive para o mi-
parados ou viúvos, enquanto per- nistério do Reino.
manecerem nesse estado, devem
canalizar suas energias para viver III. OS CASADOS (1Co 7.12-40)
bem e servir a Deus.
1. Jugo desigual (1Co 7.12-14)
3. Que não se casem (1Co 7.11) Aos mais digo eu, não o Senhor: se
(Se, porém, ela vier a separar-se, algum irmão tem mulher incrédu-
que não se case ou que se reconcilie la, e esta consente em morar com
com seu marido); e que o marido ele, não a abandone (7.12).
não se aparte de sua mulher. A presença de Cristo por meio
Permanecer solteiro deve ser do cristão deve gerar paz e não
entendido como uma exortação discórdia no casamento e no lar,
para que os cônjuges, uma vez pois o cristão é ajudado pelo Es-
separados, se reconciliem. Os que pírito de Cristo. A bênção e a pro-
chamam de Senhor aquele que teção espiritual que o cristão traz
reconciliou o mundo consigo de- para o lar em que o outro cônjuge
vem buscar a reconciliação. Nada não tem a mesma fé, no entanto,
aquém disso evidenciará o poder e não tem o propósito de incentivar
a presença de Cristo. Esse é o prin- casamentos mistos ou jugo desi-
cípio entre os cristãos, conforme gual, mas oferecer uma palavra de
ensinado por Cristo. encorajamento e confiança para o
No entanto, a aguçada cons- cônjuge cristão que recebeu Jesus
ciência de Paulo da situação es- como Senhor e Salvador já dentro
pecífica em Corinto, bem como desse relacionamento.
sua mudança de tom nesses ver- Geralmente, a desigualdade en-
sículos, de diretivas para orien- tre um e outro é comparada a um
tação pastoral, atenua o caráter objeto denominado “jugo”. O jugo
incisivo da ordem. Como os ver- era uma peça de madeira que ser-
sículos mostram (v. 8-9, 12-15), via para alinhar dois animais para
é preciso levar em consideração fins de trabalhos no campo. O obje-
circunstâncias especiais, tratan- tivo é que o trabalho seja dividido
do os casos com muito cuidado em dois coordenadamente, para
e graça. que não seja dificultada a ação por
Não é bom exercer pressão uma só pessoa.
e colocar um fardo para que os À medida que o cristão per-
solteiros cristãos se casem. A fim manecer fiel em sua adoração e
de atentar para o ensino de Pau- devoção a Cristo, o poder de Deus
lo nesses versículos, é necessário operará por meio do cristão para
que as igrejas comecem a ressaltar trazer as bênçãos da presença divi-

32
PR Enaldo Brito Lição 5 - 1Coríntios 7: Casado ou Solteiro? Eis a Questão

na ao seu lar. O foco do ensino de de divórcio era uma exceção dada


Paulo continua a apontar para a ca- por Moisés por causa da dureza do
pacitação concedida pelo Espírito coração humano. "Replicaram-lhe:
e para o testemunho da presença Por que mandou, então, Moisés
renovadora de Cristo que o cristão dar carta de divórcio e repudiar?
trará a seu lar, principalmente so- Respondeu-lhes Jesus: Por causa
bre seus filhos (1Co 7.14). da dureza do vosso coração é que
Moisés vos permitiu repudiar vossa
2. Divórcio (1Co 7.15,27) mulher; entretanto, não foi assim
Estás casado? Não procures sepa- desde o princípio" (Mt 19.7-8).
rar-te. Estás livre de mulher? Não Em outras palavras, quanto
procures casamento (7.27). ao casamento, ser fiel ao seu dom
O objetivo de Paulo não é criar significa manter-se casado; ou
uma nova "lei cristã" adequada a manter-se celibatário, se esse for
todas as situações imagináveis, o seu dom. Qualquer coisa fora
mas fornecer orientação teológi- disso tem suas consequências
ca e pastoral acerca de como os
cristãos podem e precisam per- 3. Novo casamento (1Co 7.39-40)
manecer voltados para a imitação A mulher está ligada enquanto
de Cristo em situações diversas e vive o marido; contudo, se fale-
difíceis. cer o marido, fica livre para casar
Preocupado com a preservação com quem quiser, mas somente no
do lar cristão, ele instrui seus lei- Senhor (7.39).
tores à sujeição mútua e à recon- Divórcio e novo casamento é
ciliação. Preocupado com o cristão contemplado neste texto como ex-
que talvez precise ser liberado de ceção e não como regra. Somente
uma situação intolerável em um quando inevitável. A reconciliação
lar misto, ele remove a culpa do e a restauração do casamento são
divórcio, quando inevitável. possíveis mesmo depois do divór-
Paulo tem a convicção de que cio e devem ser buscadas em lugar
a presença de Cristo se torna evi- de novo casamento.
dente por meio da reconciliação Nos últimos versículos do ca-
e da sujeição mútua. Em outras pítulo 7, Paulo expõe sua preo-
palavras, a capacitação pelo Es- cupação com as viúvas e viú-
pírito de Cristo proverá a graça vos. E acrescenta que o vínculo
necessária para manter o foco na matrimonial perdura enquanto
semelhança de Cristo dentro da ambos os cônjuges estiverem vi-
situação em questão; e também vos. Em caso de morte de algum
a permanecer na vocação e dom deles, essa união é dissolvida e
de cada um. o cônjuge vivo fica livre para vi-
Segundo Jesus, a permissão ver solteiro ou “casar com quem

33
PR Enaldo Brito
Lição 5 - 1Coríntios 7: Casado ou Solteiro? Eis a Questão

quiser”, mas somente no Senhor. que deve ser em amor e fé. Isso
Deus quer o melhor para nossas significa maior probabilidade de
vidas. harmonia se compartilharem a
Paulo dá dois conselhos para mesma fé. O amor supremo che-
as viúvas naquele contexto. Pri- ga quando duas pessoas se amam
meiro conselho: fiquem como vo- entre si e quando seu amor é co-
cês estão. Segundo conselho: se mum em Cristo. Vivem juntos,
você decidir casar, case-se, mas oram juntos; e a vida e o amor se
somente no Senhor. combinam para ser um ato contí-
O casamento no Senhor indica nuo de adoração a Deus.

APLICAÇÃO PESSOAL
A Igreja deve apoiar a condição de solteiro como honrada e produtiva
para Deus, assim como apoia o casamento, promovendo iguais inicia-
tivas e oportunidades a ambos os casos.

RESPONDA
1) Qual o objetivo individual de cada cônjuge dentro do casamento?

2) Qual a recomendação para os cônjuges separados?

3) Quais sentimentos devem ser gerados e quais devem ser evitados pelo cristão no casamento?

34
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 6
1CORÍNTIOS 8 e 10: ALIMENTO,
ÍDOLOS E LIBERDADE CRISTÃ
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Explicar o conceito da liberda-
Em 1 Coríntios 8 e 10 há 13 e 33 versos, de cristã.
respectivamente. Sugerimos começar • Compreender a diferença entre
a aula lendo, com todos os presentes, 1 liberdade e libertinagem.
Coríntios 8 e 10.23-33 (5 a 7 min.). • Buscar e promover aquilo que é
A revista funciona como guia de lícito e edificante.
estudo e leitura complementar, mas
não substitui a leitura da Bíblia. PARA COMEÇAR A AULA
No capítulo em apreço, Paulo
sai de um assunto mais específico, Comece a aula sob a perspec-
o casamento, e vai para um assunto tiva de que os judeus já eram en-
mais amplo, o relacionamento so- sinados desde cedo a crer na exis-
cial, a exemplo das festas daquela tência de um único Deus (como
sociedade, nas quais, de alguma sugestão, leia com a classe Deute-
forma, os cristãos de Corinto esta- ronômio 6.4).
vam inseridos; e nisso há um ape- Sendo assim, Paulo evidenciou
lo para que os crentes fossem um que os deuses estranhos nada são,
exemplo de fé na graça de Deus. isto é, eles não têm nenhuma reali-
É nessa perspectiva que o após- dade e nem um poder sequer nes-
tolo direciona o seu argumento so- te mundo. Dessa maneira, o comer
bre liberdade cristã, mostrando que ou não comer as comidas sacrifi-
ele era um grande incentivador des- cadas aos ídolos - o que é enfati-
sa liberdade. Porém, não no sentido zado no Capítulo 8 - não faz bem
amplo, mas restritivo, o que mostra nem mal. Então, por que comer,
que a liberdade em Cristo não nos se o comer escandaliza os nossos
deixa mais presos aos ritos judaicos, irmãos? Nossa liberdade está ba-
todavia, também não somos livres seada no amor.
para fazermos o que queremos; mas
RESPOSTAS DA PÁGINA 40
tudo isso está pautado no amor ao
1) Porque seria um mal testemunho aos mais fracos.
próximo. 2) Ajudar a fortalecer a fé dos mais fracos.
3) Salvação por meio de Cristo e o testemunho para a
comunidade.

I
PR Enaldo Brito
Lição 6 - 1Coríntios 8 e 10: Alimento, Ídolos e Liberdade Cristã

LEITURA ADICIONAL

No contexto de Corinto, a questão era a participação em eventos pú-


blicos importantes tanto para a estrutura social da cidade quanto para a
proeminência pessoal do indivíduo. A participação no culto imperial era
uma excelente oportunidade para interação social e para fazer contatos.

É possível que fosse considerada um dever cívico pelos coríntios an-


siosos por demonstrar sua lealdade a Roma. O antigo Apologista Tertulia-
no (160-220 d.C.) permite a participação em banquetes em homenagem
ao aniversário do imperador como um dever cívico, mas logo em seguida,
ressalta como a participação dos cristãos deve diferir nitidamente da par-
ticipação dos não cristãos.

Parece haver um paralelo direto com nossa situação atual. O desejo


humano de obter proeminência pessoal e a empolgação de circular por
meios socialmente importantes apresenta diversas tentações de minimi-
zar a importância do relacionamento com Deus.

Livro: "1 Coríntios" (Preben Vang. Série Comentário Expositivo. Editora Vida Nova -
SP, 2018, pág.138).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 6 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 8 e 10.23-33

1CORÍNTIOS 8 e 10: Verdade Prática


A liberdade cristã é enriquecida
ALIMENTO, ÍDOLOS E pelo amor ao próximo e o bom
testemunho.
LIBERDADE CRISTÃ
INTRODUÇÃO

I. COISAS SACRIFICADAS A
ÍDOLOS 1Co 8.1-8
1. Amor versus conhecimento 1Co 8.1-3
Texto Áureo 2. Deus versus ídolos 1Co 8.4-6
"Todas as coisas são lícitas, mas 3. Fortes versus fracos 1Co 8.7-8
nem todas convêm; todas são lí-
citas, mas nem todas edificam." II. LIBERDADE TEM LIMITES
1Co 10.23 1Co 8:9-13, 1Co 10.1-13
1. O amor ao próximo 1Co 8.9-12
2. Não ao individualismo 1Co 8.13
3. Em pé, não caia 1Co 10.11,12

III. DIREITOS VERSUS


TESTEMUNHO 1Co 10.14-33
1. Celebrações 1Co 10.21,22
2. Lícito, mas não edifica 1Co 10.23
3. Fé e vida prática 1Co 10.31-33

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
8.3 8.6 8.12 10.6 10.13 10.33

Hinos da Harpa: 235 - 266

35
PR Enaldo Brito
Lição 6 - 1Coríntios 8 e 10: Alimento, Ídolos e Liberdade Cristã

INTRODUÇÃO para o ídolo; 2) para quem a ofe-


recia levar para casa e comer; e 3)
O Capítulo 8 é diretamente era dada ao templo/sacerdote. A
relacionado ao assunto tratado carne ofertada ia muito além do
no capítulo 10: alimentos ofereci- que precisavam os que serviam no
dos a ídolos. Ao abordar o assun- templo. Por isto comumente era
to pela primeira vez no Capítulo vendida em restaurantes e feiras
8, Paulo orienta a igreja sobre a por um preço bem mais barato,
questão de alimentos sacrificados sendo muito procurada por todos,
e também escreve sobre os limites inclusive cristãos.
da liberdade cristã. No Capítulo Isto levantava a seguinte per-
10, o apóstolo expressa profunda gunta: “Os cristãos podem comer
frustração com as práticas pagãs esta carne oferecida a ídolos, ven-
de alguns indivíduos que se di- dida nas feiras a menor preço ou
ziam cristãos. servida na casa dos amigos?”. Em
vez de falar de comida, Paulo pri-
I. COISAS meiramente compara o saber e o
SACRIFICADAS A amor. O comportamento cristão é
ÍDOLOS (1Co 8.1-8) baseado no amor e não somente
no conhecimento/saber. “O saber
1. Amor versus conhecimento ensoberbece, mas o amor edifica”.
(1 Co 8.1-3) O verdadeiro conhecimento
No que se refere às coisas sacrifi- de Cristo leva o cristão a consi-
cadas a ídolos, reconhecemos que derar de que maneira seu com-
todos somos senhores do saber. O portamento pessoal afeta outros
saber ensoberbece, mas o amor cristãos quanto a sua fé. O amor
edifica (8.1). a Cristo e a preocupação com os
A igreja em Corinto estava in- outros devem prevalecer sobre os
serida num contexto pagão, assim direitos pessoais.
como Israel estava entre os cana-
neus, e nós, semelhantemente, es- 2. Deus versus ídolos (1Co 8.4-6)
tamos cercados por toda sorte de No tocante à comida sacrificada a
crenças e tipos de “fé”. Era comum, ídolos, sabemos que o ídolo, de si
entre os coríntios, servir a car- mesmo, nada é no mundo e que não
ne sacrificada a ídolos em festas há senão um só Deus (8.4).
e banquetes, convidando amigos Paulo compara os ídolos a
e parentes (dentre eles cristãos) nada, porque não existem outros
para compartilharem juntos. “deuses” senão um só, que é Deus.
A carne oferecida em sacrifício Existem muitos ídolos e imagens
a ídolos em templos pagãos era que tentam ocupar o lugar do
dividida em três partes iguais: 1) Deus verdadeiro, mas são meras

36
PR Enaldo Brito Lição 6 - 1Coríntios 8 e 10: Alimento, Ídolos e Liberdade Cristã

tentativas de representar algo di- pressava abertamente suas preo-


vino. Por mais que sejam adora- cupações e críticas em relação aos
dos e chamados deuses, só há um mais fortes.
único Deus. Por causa da sabedoria e co-
Os cristãos de Corinto, aqueles nhecimento dos mais instruídos,
com mais conhecimento, usavam os fracos teriam que perecer? Este
este princípio e arrazoavam: “Se é o centro desta passagem. Jesus
os ídolos são nada, então, comer não morreu por todos?
alimentos oferecidos a ídolos tam-
bém não representa nada”. Isto II. LIBERDADE TEM
atropelava a fé dos cristãos com LIMITES
menos conhecimento e recém- (1Co 8.9-13, 1Co 10.1-13)
-chegados à igreja.
1. O amor ao próximo (1Co 8.9-12)
3. Fortes versus fracos (1Co 8.7-8) Vede, porém, que esta vossa liber-
Entretanto, não há esse conheci- dade não venha, de algum modo, a
mento em todos; porque alguns, ser tropeço para os fracos (8.9).
por efeito da familiaridade até Este é o foco do início deste
agora com o ídolo, ainda comem capítulo: o amor com os novos e
dessas coisas como a ele sacrifica- menos entendidos na fé. Paulo
das; e a consciência destes, por ser volta sua preocupação pastoral
fraca, vem a contaminar-se (8.7). tanto para cristãos maduros quan-
Havia dois grupos diferentes to para os mais frágeis na fé. Seu
dentro da igreja. Os "mais fortes", verdadeiro objetivo é ajudar todos
que se orgulhavam de seu conhe- a reconhecer que o conhecimento
cimento, afirmavam ter o direito obtido de Cristo precisa ser exer-
de comer qualquer coisa. Quer os cido em amor pelo próximo, se
cristãos participassem de refei- necessário, renunciando a direitos
ções cultuais pagãs em templos para que a igreja caminhe em paz
ou servissem carne do templo em e comunhão.
casa, essas ações não exerciam im- Os mais frágeis na fé são mais
pacto algum sobre sua fé cristã. legalistas e sensíveis a questões
Embora se achassem livres e como estas. Quanto mais maduro
no direito de comer estes alimen- é o cristão, menos sensível e lega-
tos, que para eles não faziam mal lista ele se torna. Isto vai contra o
algum, o exercício desta liberdade que se pensa, que a maturidade
feria os menos instruídos. Como traz mais legalismo, mas é justa-
ficava a consciência do irmão mais mente o contrário.
fraco? O outro grupo ("os fracos" A resposta pastoral de Paulo
ou cautelosos) não achava esses aos fracos é: "Vão em frente, co-
argumentos convincentes e ex- mer carne não prejudicará seu

37
PR Enaldo Brito
Lição 6 - 1Coríntios 8 e 10: Alimento, Ídolos e Liberdade Cristã

relacionamento com Deus". E aos Para prevenir os coríntios


fortes, afirma: "Em vez de pensar de praticarem a idolatria e se
só em seus próprios direitos, cer- manterem separados de um am-
tifiquem-se de não escandalizar o biente repleto de festas e rituais
cristão mais fraco”. idólatras, Paulo apresenta os
O exercício da liberdade cristã, exemplos da história de Israel.
em detrimento ao próximo e le- Ele narra os grandes feitos e pri-
vando-o a perecer, é pecado contra vilégios concedidos pelo Senhor
Cristo. Jesus também morreu por ao Seu povo, bem como o trágico
este irmão mais fraco e não quer fim que tiveram – seus “corpos
que ele tropece. espalhados pelo deserto” – quan-
do o Senhor não se agradou da
2. Não ao individualismo (1Co 8.13) maioria deles.
E, por isso, se a comida serve de es- Após ilustrar seu ensino com
cândalo a meu irmão, nunca mais exemplos do povo de Israel, Pau-
comerei carne, para que não venha lo conclui, dizendo: "Estas coisas
a escandalizá-lo. lhes sobrevieram como exemplos
O individualismo tende a rei- e foram escritas para advertência
nar quando os cristãos consi- nossa" (v. 11).
deram que a fé é uma questão A liberdade cristã poderia ser
pessoal e particular. É mais conve- exercida: comer certos alimentos,
niente concluir que cada indivíduo ter certas amizades, estar em al-
é exclusivamente responsável por guns lugares, mas Paulo escreve
sua própria fé, mas Paulo rejeita a primeira parte do capítulo 10
esse individualismo entre os cris- como se dissesse: “Atenção, vocês
tãos. não são tão fortes como pensam”.
Com base em princípios cristo- O que sobreveio ao povo de Israel
lógicos, ele remove qualquer argu- lhes serve de exemplo. No exercí-
mento que sugira que só o cristão cio desta liberdade, isto também
mais fraco precisa lidar com a con- pode sobrevir a vocês. O povo no
fusão causada pelo estilo de vida deserto teve experiências incrí-
dos cristãos mais fortes. Aqueles veis e mesmo assim pereceu. Por
que pertencem a Cristo são, acima isto: “Aquele que está de pé veja que
de tudo, responsáveis por ajudar não caia” (10.11).
a fortalecer a fé dos mais fracos; Ele parece contradizer o que
os direitos pessoais e individuais disse no capítulo 8, mas no capí-
ficam em segundo plano. tulo 10 ele apresenta o outro lado
da mesma moeda e esclarece os
3. Em pé, não caia (1Co 10.11,12) limites da liberdade cristã.
Aquele, pois, que pensa estar em pé Não seja pedra de tropeço e
veja que não caia (10.12). cuidado para não tropeçar.

38
PR Enaldo Brito Lição 6 - 1Coríntios 8 e 10: Alimento, Ídolos e Liberdade Cristã

III.DIREITOS VERSUS ambientes também pode não ape-


TESTEMUNHO nas estar comendo um alimento,
(1Co 10.14-33) mas se associando com demônios
(v. 20). Paulo apresenta o outro
Os seguidores de Jesus têm lado da moeda. Lembre-se que es-
como objetivo ser imitadores de tamos falando de liberdade cristã.
Cristo em tudo o que fazem. O
testemunho deles acerca de seu 2. Lícito, mas não edifica
relacionamento com Cristo tem (1Co 10.23)
precedência sobre seus direitos e Todas as coisas são lícitas, mas nem
os leva a rejeitar ações que com- todas convêm; todas são lícitas,
prometem esse testemunho. mas nem todas edificam.
Declarar que algo é lícito não
1. Celebrações (1Co 10.21,22) o torna moralmente correto. De
Não podeis beber o cálice do Se- acordo com Paulo, os cristãos são
nhor e o cálice dos demônios; não norteados por princípios mais
podeis ser participantes da mesa elevados, que adicionam mais al-
do Senhor e da mesa dos demônios gumas camadas ao julgamento
(10.21). daquilo que seria correto e ade-
Paulo se preocupa com a mis- quado praticar: É lícito? Convém?
tura entre a adoração a Deus e a Edifica? Se algo é ilegal, ou não é
adoração idólatra da cultura pagã. permitido, não deve ser feito; se é
Os fortes se julgavam capazes de legal ou permitido, existe a possi-
lidar com a participação direta em bilidade de que, ainda assim, não
eventos seculares sem serem leva- deva ser feito. A balança na qual
dos à idolatria. Os eventos sociais, se deve pesar a questão é a edi-
religiosos, profissionais e cultu- ficação da comunidade. A ação
rais que podem ser considerados contribui para o fortalecimento
inofensivos, muitas vezes têm po- ou a edificação da igreja de Cris-
tencial de levar à transigência do to ou serve de obstáculo? Em vez
ensino de Cristo. de concordar com um conjunto de
Por detrás dos ambientes e leis cristãs a ser aplicado de forma
alimentos sacrificados por toda a indiscriminada, ele coloca dian-
cidade de Corinto, demônios es- te de seus leitores três perguntas
tavam em atuação. Assim como que os obrigam a pensar: É lícito?
quando nos aproximamos da Ceia, Convém? Edifica? Portanto, se esta
não participamos apenas de um ação prejudica seu testemunho ou
pedaço de pão e um pouco de vi- ofende a fé de outrem, vale a pena
nho, mas participamos da comu- perguntar: em seu lugar, o que fa-
nhão do corpo de Cristo (v. 16); ria Jesus?
Quem participa destes alimentos e É importante não buscar ape-

39
PR Enaldo Brito
Lição 6 - 1Coríntios 8 e 10: Alimento, Ídolos e Liberdade Cristã

nas seus próprios interesses, mas torna-se possível dissociar a dou-


também os dos outros ao nosso trina cristã da vida cristã.
redor. Quem vive para Cristo vive Uma maneira simples de ava-
para Ele e também por todos que liar a liberdade crista é: 1) Deus
foram alcançados pelo Seu amor. está sendo glorificado com o meu
testemunho? 2) Os outros estão
3. Fé e vida prática (1Co 10.31-33) sendo edificados e se tornando
Portanto, quer comais, quer bebais pessoas melhores com meu teste-
ou façais outra coisa qualquer, munho?
fazei tudo para a glória de Deus Para corrigir essa situação,
(10.31). Paulo os chama a serem seus imi-
Para o apóstolo, o que reve- tadores, assim como ele procura
la de fato a identidade cristã é a imitar a Cristo. A vida prática cris-
salvação por meio de Cristo e, ao tã deve demonstrar o ensino de
mesmo tempo, o testemunho para Cristo. Essa é a regra para a vida
com a comunidade. Quando o pa- e o pensamento cristãos. O ensino
drão do comportamento cristão cristão não deve estar separado
é só o fato de algo ser permitido, do viver cristão.

APLICAÇÃO PESSOAL
Paulo nos desafia a sermos seus imitadores assim como ele é de Cris-
to tanto no amor ao próximo como no bom testemunho.

RESPONDA
1) Por que Paulo orienta os coríntios a não comer carnes oferecidas a ídolos?

2) Qual a responsabilidade dos cristãos mais maduros?

3) Segundo a lição, o que de fato revela a identidade cristã do indivíduo?

40
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 7
1CORÍNTIOS 9: PAULO, EXEMPLO DE
LIBERDADE
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Atestar a autenticidade do
Em 1 Coríntios 9 há 16 versos, no apostolado de Paulo.
total. Sugerimos começar a aula • Entender que vale a pena abrir
lendo, com todos os presentes, 1 Co- mão de alguns direitos em prol
ríntios 9.11-27 (5 a 7 min.). do reino de Deus.
A revista funciona como guia de es- • Aprender com o exemplo de li-
tudo e leitura complementar, mas berdade e renúncia de Paulo.
não substitui a leitura da Bíblia.
Exponha, amado professor, PARA COMEÇAR A AULA
que embora pareça abrupta a
transição do capítulo 8 para o 9, Pergunte à classe quem acha
Paulo não está fugindo comple- digno que nossos professores do
tamente da ideia de participação Brasil sejam mais bem remunera-
dos coríntios em festas a fim de dos; se alguém aceitaria trabalhar
falar sobre o seu digno direito incansavelmente sem ser pago
de ser remunerado por exercer por esse trabalho; se pastores de
o apostolado. O fato é que, em nossa igreja são tão importantes
ambas as sessões, o que está em quanto o médico, que cuida da
questão são os direitos. nossa saúde; o advogado, o qual
O apóstolo evidencia que ele cuida das nossas causas judicias,
tem todo o direito de exigir algo entre outros profissionais.
dos coríntios; ele foi o agente de Pergunte também o porquê de
salvação para os crentes daquela não termos dificuldade de aceitar
localidade, recebeu o apostolado que as pessoas que cuidam da nossa
de maneira diferenciada dos de- vida aqui na terra sejam recompen-
mais; isto é, aqueles crentes eram sadas por isso, mas que, às vezes,
beneficiários de Paulo, eram seus temos dificuldades em valorizar
devedores. Contudo Paulo abriu aqueles que cuidam da nossa alma.
mão de seus direitos, a fim de ser RESPOSTAS DA PÁGINA 46
um exemplo de liberdade e renún- 1) F
cia àquela igreja. 2) F
3) V

I
PR Enaldo Brito
Lição 7 - 1Coríntios 9: Paulo, Exemplo de Liberdade

LEITURA ADICIONAL

O Apóstolo Paulo era questionado por um grupo em Corinto. Ele


começou esse capítulo com cinco perguntas. A primeira pergunta, ele
responde com a sua própria vida. Paulo era um homem livre. Não
para fazer o que ele bem desejasse; mas para usar todos os direitos
que ele tinha como Apóstolo de Cristo.
Paulo se dizia liberto de todo sistema secular e religioso vigente;
assim, ele estava livre das amarras para exercer o seu apostolado, em
toda sua plenitude.
As exigências fundamentais para ser apóstolo foram cumpridas
por ele. Ele tinha visto Jesus no caminho de Damasco.
Em seguida, ele assenta seu apostolado sobre as bases de seu efei-
to; ou seja, por meio de sua pregação do Evangelho, ele conquista os
coríntios para o Senhor.
Paulo apresenta sua forte defesa de si mesmo; ao qualificar a con-
versão dos coríntios, como sendo ele um instrumento nas mãos de
Cristo; porquanto, ela envolve uma espécie de nova criação da alma.
No versículo 2, ele consolida esse pensamento ao dizer: “Mesmo
que os outros não me aceitem como apóstolo, vocês não têm como não
me aceitar. A prova é que vocês estão unidos com o Senhor. Isto prova
que sou um apóstolo.”

Livro: "Comentário Exegético da I Carta aos Coríntios" (Oton Miranda de Alencar,


Editora Inove, Macapá, 2013, págs. 79-80).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 7 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 9.11-27
1CORÍNTIOS 9: Verdade Prática
PAULO, EXEMPLO O compromisso com o Evangelho
é maior do que qualquer direito
DE LIBERDADE pessoal.

INTRODUÇÃO

I. AUTENTICIDADE 1 Co 9.1-6
1. Autenticidade do chamado 1Co 9.1
Texto Áureo 2. Autenticidade dos direitos 1Co 9.3-6
“Fiz-me fraco para com os fracos,
com o fim de ganhar os fracos. 3. Autenticidade da liberdade 1Co 9.15
Fiz-me tudo para com todos,
com o fim de, por todos os mo- II. DIREITOS 1Co 9.5-11
dos, salvar alguns."
1Co 9.22 1. Casamento 1Co 9.5
2. Sustento 1Co 9.7
3. Legalidade 1Co 9.8-11

III. RENÚNCIA 1Co 9.12-27


1. Liberdade para renunciar 1Co 9.12
2. Renunciar para pregar a todos 1Co 9.22

3. Prêmio da renúncia 1Co 9.25

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
9.2 9.9 9.10 9.14 9.16 9.26

Hinos da Harpa: 186 - 418

41
PR Enaldo Brito
Lição 7 - 1Coríntios 9: Paulo, Exemplo de Liberdade

INTRODUÇÃO Por toda a carta, Paulo argu-


menta, como se perguntasse: “O
No capítulo 8, vimos que a li- que prova que alguém é verdadei-
berdade do cristão não é regida pe- ramente um apóstolo de Jesus?” Ele
los seus direitos, mas pelo amor ao mesmo enumera esses requisitos:
próximo. Paulo instrui os irmãos 1) Ter visto a Jesus Cristo;
a abrirem mão de certos direitos 2) Trabalhar pelo Evangelho;
individuais em favor da unidade 3) Produzir frutos.
entre os irmãos e do testemunho Ele tinha todas os predicados
da igreja perante os de fora da co- de um chamado autêntico. Qual-
munidade cristã (1Co 6.7). A ética quer outra pessoa poderia ques-
cristã consiste em colocar as neces- tionar seu apostolado, menos a
sidades do próximo acima de nos- igreja de Corinto (1Co 9.2). Paulo
sos direitos individuais (1Co 8.9). gerou aqueles irmãos em Jesus
No capítulo 9, Paulo ilustra es- (1Co 4.15). Paulo os compara ao
ses princípios através de sua pró- selo de seu apostolado. O selo é
pria vida abnegada. Ele enumera um carimbo que prova a autentici-
vários direitos aos quais faria jus dade; ou seja, a própria existência
na qualidade de apóstolo, mas de- deles, como seguidores de Cristo, é
monstra como abriu mão de todos prova de seu apostolado autêntico.
eles para que o Evangelho fosse Reconhecida a autenticidade de
pregado com liberdade, sem obstá- seu apostolado, Paulo teria inúme-
culos, ao maior número de pessoas ros direitos e privilégios legítimos,
possível. mas resolveu abrir mão de todos
eles para poder pregar o Evange-
I. AUTENTICIDADE lho a todos os grupos que viviam
(1Co 9.1-6) em atrito na igreja de Corinto.
Paulo tem o cuidado de não afir-
1. Autenticidade do chamado mar que os coríntios são sua igre-
(1Co 9.1) ja, ou de sugerir que ele é a causa
Não sou eu, porventura, livre? Não de sua salvação. Antes, Corinto é a
sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso lavoura de Deus, e a existência de
Senhor? Acaso, não sois fruto do uma comunidade de Cristo ali é re-
meu trabalho no Senhor? sultado da fidelidade de Paulo como
Alguns crentes de Corinto lavrador de Deus (1Co 3.6, 3.9).
questionavam o chamado de Pau-
lo e a autenticidade de seu apos- 2. Autenticidade dos direitos
tolado. Havia aqueles que o con- (1Co 9.3-6)
sideravam um impostor. Devido a não temos nós o direito de comer
isso, Paulo não teria direitos nem e beber? E também o de fazer-nos
liderança sobre aqueles irmãos. acompanhar de uma mulher irmã,

42
PR Enaldo Brito
PR Enaldo Brito
PR Enaldo Brito
PR Enaldo Brito

O Dom Excelente!
1 Coríntios 13.4-8

“O amor é paciente,
o amor é bondoso.
Não inveja, não se vangloria,
não se orgulha.
Não maltrata, não procura
seus interesses,
não se ira facilmente,
não guarda rancor.
O amor não se alegra
com a injustiça, mas se alegra
com a verdade .
Tudo sofre, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta .
O amor nunca
acaba !”
PR Enaldo Brito Lição 7 - 1Coríntios 9: Paulo, Exemplo de Liberdade

como fazem os demais apóstolos, e isto para que assim se faça comigo;
os irmãos do Senhor, e Cefas? (9.4-5). porque melhor me fora morrer, antes
Paulo defende direitos legíti- que alguém me anule esta glória.
mos no cumprimento do seu cha- Embora tivesse todos esses
mado apostólico. direitos, Paulo exerce a liberda-
Primeiro, o direito ao suporte de de poder abrir mão de muitos
da igreja e sustento material digno, deles por um objetivo maior e, as-
sem que ele precisasse trabalhar em sim, ilustra a aplicação autêntica e
outro ofício enquanto o trabalho do equilibrada da ética cristã.
ministério lhe tomasse todo o tempo Em nenhum momento ele
e potencial. A Timóteo, Paulo diz que condena os direitos do sustento
o trabalhador é digno do seu salário. ministerial e do casamento, como
O ministério é uma “obra excelente” veremos nos próximos tópicos.
e que, em muitos casos, demandará Ele primeiro defende esses di-
a integralidade do tempo e esforço reitos como autênticos e, ao final,
para que seja exercida com excelên- reivindica a liberdade para renu-
cia. É algo bíblico, digno e autêntico. nuciar-lhes em favor da causa do
O segundo direito mencionado Evangelho (1Co 9.15).
por Paulo, do qual ele abdicou, era Paulo destaca com proprieda-
o de se casar e fazer-se acompa- de o princípio superior da renún-
nhar de sua esposa, mulher irmã, cia, que consiste em abrir mão de
como fazem os demais apóstolos, e seus direitos pessoais, ainda que
os irmãos do Senhor, e Cefas. Nesse legítimos, em benefício do próxi-
caso, Paulo teria o direito de pedir à mo, imitando a atitude de Cristo.
igreja que suprisse as necessidades A preocupação de Paulo é que
tanto dele quanto de sua esposa. os cristãos que se julgam fortes não
Se Paulo havia sido casado em levem os cristãos "fracos" a perde-
alguma época, é difícil determinar. rem a fé. Ele não se preocupa se os
Mas, à vista de seu conhecimento cristãos fortes se sentirão ofendidos
da vida de casado (7.1-9), é plau- pelos fracos. Para os fortes, é como
sível supor que ele já havia sido se dissesse: "Seus direitos são irre-
casado. Os estudiosos que assim levantes; sua incumbência maior
pensam sugerem que ele pode- é imitar o Cristo que abriu mão de
ria ser viúvo, ou mesmo ter sido Seus direitos divinos a fim de tornar
abandonado por sua esposa em a salvação possível a todos".
razão da sua conversão.
II. DIREITOS (1Co 9.5-11)
3. Autenticidade da liberdade
(1Co 9.15) 1. Casamento (1Co 9.5)
Eu, porém, não me tenho servido de E também o de fazer-nos acompa-
nenhuma destas coisas e não escrevo nhar de uma mulher irmã, como

43
PR Enaldo Brito
Lição 7 - 1Coríntios 9: Paulo, Exemplo de Liberdade

fazem os demais apóstolos, e os ir- prar legumes? Qual o pastor que,


mãos do Senhor, e Cefas? após cuidar do rebanho, tem que
Paulo menciona o direito de ir comprar 1 litro de leite para ali-
casar e levar consigo uma espo- mentar a si e sua família e só de-
sa crente, podendo prover a ela a pois voltar para continuar cuidan-
proteção e sustento. Era costume do e protegendo o rebanho?
da época casais cristãos viajarem Paulo aplica esse mesmo ra-
juntos para pregar o Evangelho. ciocínio ao ofício apostólico, de-
Outros apóstolos e, especifica- monstrando que é lógico e justo
mente, Tiago e Cefas, que eram que aquele que dedica sua vida à
conhecidos dos coríntios, tinham causa do Evangelho, gerando mi-
cada qual a sua esposa, e podiam lhares de frutos, seja sustentado
desfrutar desse direito. por estes frutos. Se isso é verdade
para o soldado, para o agricultor e
2. Sustento (1Co 9.7) para o pastor do rebanho, também
Quem jamais vai à guerra à sua o seria para o apóstolo. Se era ver-
própria custa? Quem planta a vi- dade no que diz respeito a profis-
nha e não come do seu fruto? Ou sões seculares, quanto mais seria
quem apascenta um rebanho e não em relação à obra de Deus.
se alimenta do leite do rebanho?
O apostolado era considerado 3. Legalidade (1Co 9.8-11)
como um ofício, um trabalho em Porque na lei de Moisés está escrito:
prol da igreja, que exigia esforço Não atarás a boca ao boi, quando
e dedicação. Alguns dos apóstolos, pisa o trigo. Acaso, é com bois que
pela importância da missão, e até Deus se preocupa? Ou é, seguramen-
pelo chamado que receberam de te, por nós que ele o diz? (9.9-10).
Cristo (Lc 5.10,11), escolheram Paulo se refere às Escrituras
abrir mão de suas profissões para (Dt 25.4) para lembrar que esses
se dedicarem de maneira exclusi- direitos estão fundamentados
va à pregação do Evangelho. na Lei. Quando Deus fornece di-
Paulo compara o ofício apos- retrizes à eira, dá aos que aram,
tólico a três profissões muito co- semeiam e debulham a expecta-
muns à época: 1) Soldado; 2) Agri- tiva de participação da colheita.
cultor; 3) Pastor de gado. Uma vez que Paulo arou, semeou e
Ele pergunta: Qual é o solda- trouxe uma colheita para a eira de
do que vai à guerra à sua própria Deus em Corinto, ele teria o direi-
custa? Quem é o agricultor que, to de contar com o suporte dela.
após colheita da lavoura, não pode Aliás, se outros apóstolos passa-
comer da colheita que ele mesmo ram pela cidade e tiveram direitos
plantou e colheu? Seria justo que referentes a essa colheita, Paulo
ele precisasse ir ao mercado com- ainda mais.

44
PR Enaldo Brito Lição 7 - 1Coríntios 9: Paulo, Exemplo de Liberdade

Até dos animais Deus cuidava gelho a todos com toda autorida-
e impediu que se atasse a boca do de, até aos que criticavam a ajuda
boi enquanto trabalhava. Paulo de- financeiramente aos apóstolos.
monstra que não é somente com os
animais que Deus está preocupado, 2. Renunciar para pregar a
mas com o obreiro que trabalha na todos (1Co 9.22)
obra, para que viva dignamente. Fiz-me fraco para com os fracos, com
o fim de ganhar os fracos. Fiz-me
III.RENÚNCIA (1Co 9.12-27) tudo para com todos, com o fim de,
por todos os modos, salvar alguns.
1. Liberdade para renunciar O contexto de se “fazer tudo
(1Co 9.12) para com todos” demonstra a dis-
Entretanto, não usamos desse di- posição de Paulo de abrir mão de
reito; antes, suportamos tudo, para seus direitos pessoais e de com-
não criarmos qualquer obstáculo portamentos que possam preju-
ao Evangelho de Cristo. dicar a fé dos cristãos mais fracos.
Os coríntios se orgulham de seus Caso contrário, Paulo poderia sim-
direitos; se Paulo tinha algo de que plesmente defender os direitos dos
se orgulhar, era de ter abdicado de cristãos "fortes" de comer a carne
seus direitos. Em outras palavras, o oferecida a ídolos (1Co 8) e argu-
orgulho de Paulo é um "não orgu- mentar em favor deles. Ele trata
lho". Paulo não quis tirar nenhum dos pontos de tensão entre os co-
proveito próprio do Evangelho em ríntios, das áreas que geravam con-
relação aos coríntios. Ele tinha o di- flito entre os "fortes", que exigiam
reito de receber o necessário para certos direitos, e os "fracos", cuja fé
o seu sustento, e o recebeu de algu- era prejudicada ou dificultada em
mas igrejas, para que ele servisse em razão dessas exigências.
Corinto. Mas, nesse caso específico, Ele não sugere uma disposição
preferiu abrir mão para não criar de transigir convicções cristãs. Po-
embaraços à pregação do Evangelho demos resumir suas afirmações
naquela cidade (2Co 11.7-9). da seguinte forma: "Para ganhar
É exatamente pelo fato de os pobres, estou disposto a viver
Paulo haver renunciado aos seus como os pobres; para ganhar aque-
direitos que ele tem liberdade de les cuja tradição étnica é diferente
pregar o Evangelho plenamente. da minha, estou disposto a mudar
Essa é a sua recompensa. Já que o minhas preferências; para ganhar
apóstolo prega sem cobrar e sem aqueles que têm menos liberdade
exigir seus direitos como benfei- que eu, estou disposto a abrir mão
tor espiritual dos seguidores de de minha liberdade cristã. Contu-
Cristo em Corinto, ele tem o direi- do, de modo algum renuncio às exi-
to e a liberdade de pregar o Evan- gências do Evangelho".

45
PR Enaldo Brito
Lição 7 - 1Coríntios 9: Paulo, Exemplo de Liberdade

3. Prêmio da renúncia (1Co 9.25) Os atletas se sacrificam ao


E todo aquele que luta de tudo se abrir mão de diversos prazeres e
abstém; eles o fazem para alcançar direitos. Isso, levando em conta
uma coroa corruptível; nós, porém, que competem por um prêmio pe-
uma incorruptível. recível (uma coroa feita de folhas
Os famosos Jogos Ístmicos, um de pinheiro ou de aipo silvestre).
dos dois mais importantes even- Portanto, os cristãos devem estar
tos atléticos daquela época (o mais que dispostos a abrir mão de
outro eram os Jogos Olímpicos), seus direitos para obter um prê-
eram patrocinados e realizados a mio que jamais desvanece.
cada dois anos em Corinto. As ilus- Este capítulo finda com uma
trações esportivas servem para advertência sobre a consequência
explicar "como as coisas são". É temerosa de não praticar a abne-
óbvio que o atleta compete para gação ou o domínio próprio no que
receber o prêmio; deve ser igual- se refere à liberdade. Ele tornou-
mente óbvio que cabe aos cristãos -se exemplo do exercício correto
concentrarem-se em alcançar seu da liberdade cristã ao renunciar
objetivo de se tornarem seme- legítimos privilégios apostólicos
lhantes a Cristo. em nome da causa do Evangelho.

APLICAÇÃO PESSOAL
A vida cristã não é regida somente pelos direitos, mas pela renúncia
destes em favor do Evangelho.

RESPONDA
Marque “V” para a opção verdadeira e “F” para a falsa:

1) Paulo era o apóstolo daquela igreja, que era o selo do seu apostolado;
portanto, Paulo estava reivindicando seu próprio sustento.

2) Paulo estava condenando o sustento dos ministros de Cristo, visto que ele
próprio era o exemplo de não ser sustentado pela igreja. Assim, todos os ministros
deveriam trabalhar fora da igreja para seu sustento.

3) Há, no apóstolo dos gentios, um grande exemplo de uma pessoa que abriu
mão de direitos legítimos visando a causa maior, o alcance de pessoas pelo
Evangelho.

46
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 8
1CORÍNTIOS 11: O CULTO CRISTÃO E
A CEIA DO SENHOR
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Entender que a Ceia do Senhor
Em 1Coríntios 11 há 34 versos. é um instrumento de comunhão
Sugerimos começar a aula lendo, com o Senhor.
com todos os presentes, 1 Coríntios • Identificar a Ceia como uma or-
11.23-34 (5 a 7 min.). denança de cunho espiritual.
A revista funciona como guia de es- • Reconhecer que a Ceia é a reno-
tudo e leitura complementar, mas vação e elevação espiritual para
não substitui a leitura da Bíblia. a igreja de Cristo na terra.
Nesta lição, trataremos de um
assunto de suma importância para PARA COMEÇAR A AULA
a igreja. Ele é importante para defi-
nirmos a origem da Ceia do Senhor. Professor levante um pouco mais
Além disso, o professor deverá levar da história das interpretações para
ao conhecimento dos alunos a ver- debatê-las em sala de aula. Além dis-
dadeira forma de interpretação da so, no início da aula, interrogue-os
liturgia da cerimônia. sobre a origem da Ceia do Senhor.
Deverá discutir sobre as outras Depois, discorra sobre a origem da
formas de interpretação da Ceia, Ceia, fale um pouco sobre a Páscoa
tais como: Transubstanciação e e os elementos usados no Antigo
Consubstanciação, levando o aluno Testamento. E por fim, questione os
a compreender, através das Escritu- alunos se todos podem participar da
ras, que o modo correto de celebrar Ceia do Senhor, independente se são
a Ceia que mais encontra base Bíbli- batizados ou não. Reforce o verda-
ca é o memorial. deiro significado da Ceia do Senhor
Ademais, é preciso entender que e a sua importância espiritual para
não se trata de uma simples refei- nós cristãos.
ção, e sim de uma cerimônia espiri-
tual. Faz parte dela uma autoanáli- RESPOSTAS DA PÁGINA 52

se de nossa comunhão com Cristo, 1) Na época, a mulher que andava sem véu em
público era associada à prática da prostituição.
indicando a seriedade com a qual 2) Batismo e Ceia.
devemos tratar o momento. 3) Examinar-se e discernir o significado da cele-
bração.

I
PR Enaldo Brito
Lição 8 - 1Coríntios 11: O Culto Cristão e a Ceia do Senhor

LEITURA ADICIONAL

O apóstolo Paulo acabara de fazer um elogio à igreja de Corinto (11.2).


Agora, porém, traz uma séria exortação: “Nisto, porém, que vos prescrevo,
não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior”
(11.17). O que estava acontecendo? Mais uma vez divisão na igreja de
Corinto. As divisões na igreja haviam chegado a proporções alarmantes.
Além do culto à personalidade em torno de alguns líderes (1.12), agora
Paulo mostra que os crentes estavam indo à igreja e voltando para casa
piores (11.17). O culto na igreja estava desembocando em certo esnobis-
mo perverso e odioso por parte dos ricos. Eles estavam desprezando os
pobres. Os ricos estavam desprezando a Igreja de Deus e envergonhando
os pobres. “Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua
própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se em-
briague” (11.2). A Ceia era precedida pela Festa do Amor, a Festa do Ága-
pe. A Bíblia fala dessa festa em Judas 12. No dia em que a Ceia do Senhor
era celebrada servia-se uma refeição completa. Os crentes comiam, be-
biam, repartiam, se confraternizavam e depois, num clima de comunhão,
celebravam a Ceia do Senhor. Essa foi uma prática da igreja apostólica
que se perdeu na História. A Festa do Ágape era não apenas um tempo
de comunhão, mas, também, e sobretudo, um ato de amor aos membros
mais pobres da igreja. Era uma oportunidade para os cristãos ricos re-
partirem um pouco de seus bens materiais com os pobres. Uma vez que
todos traziam de casa alguma coisa para comer e faziam uma espécie de
ajunta-prato, os pobres poderiam participar de uma boa refeição pelo me-
nos uma vez na semana. Depois desse banquete, então, eles celebravam
a Ceia.

Livro: 1Coríntios: como resolver conflitos na igreja (LOPES, Hernandes Dias. São
Paulo: Hagnos, 2008, págs. 210-211).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 8 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 11.23-34

1CORÍNTIOS 11: Verdade Prática


A Santa Ceia é um memorial que
O CULTO CRISTÃO E celebra a vida, morte e ressurrei-
ção de Cristo até que Ele venha.
A CEIA DO SENHOR
INTRODUÇÃO

I. O USO DO VÉU 1Co 11.1-16


1. Extremos devem ser evitados 1Co 11.1-6
Texto Áureo 2. Homem e mulher 1Co 11.11,12
“Porque, todas as vezes que co- 3. A mulher e o véu 1Co 11.13-16
merdes este pão e beberdes o
cálice, anunciais a morte do Se-
nhor, até que ele venha." II. A CEIA DO SENHOR 1Co 11.23-26
1Co 11.26 1. Ordenança 1Co 11.25
2. Elementos 1Co 11.23-25

3. Significado 1Co 11.26

III. A FESTA DA SALVAÇÃO 1Co 11.26-29


1. Examinar a si mesmo 1Co 11.28
2. Discernir o significado 1Co 11.29
3. Anunciar a morte e a volta do Senhor
1Co 11.26

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
11.3 11.12 11.24 11.27 11.31 11.32
Hinos da Harpa: 301 - 393

47
PR Enaldo Brito
Lição 8 - 1Coríntios 11: O Culto Cristão e a Ceia do Senhor

INTRODUÇÃO Cristo (11.1-3). A tradição era o


ensino que Paulo recebeu de Deus,
Três problemas principais transmitiu à igreja e esta o guar-
surgiram na igreja em relação ao dou e o observou.
culto: a posição da mulher; a ma- O que aconteceu com as mu-
neira que a Ceia do Senhor estava lheres de Corinto quando elas re-
sendo celebrada; e, o uso correto ceberam as boas novas do Evange-
dos dons espirituais. Do capítulo lho? Algumas mulheres cristãs de
11 ao 14, Paulo trata desses três Corinto saíram de um extremo, o
problemas. Os dois primeiros são desprezo que recebiam, para ou-
tratados no capítulo 11. tro extremo, a quebra de alguns
paradigmas culturais e, desse
I. O USO DO VÉU modo, provocaram desordem no
(1Co 11.1-16) culto. A reação imediata foi abo-
lir o uso do véu. Paulo, porém, as
Religiões refletiam o distor- exorta dizendo que se elas orarem
cido conceito da época de que e profetizarem sem o véu deson-
as mulheres eram inferiores aos rarão a própria cabeça e, se forem
homens e não precisavam de re- casadas, os próprios maridos.
ligião. Esse era o pano de fundo O momento central da ceri-
cultural da época em que Paulo mônia de casamento romana era
chegou a Corinto. No entanto, esse a colocação do véu sobre a noiva.
bandeirante do reino de Deus che- O véu era o indicador social de
gou com uma mensagem nova, que a mulher era casada. Já cor-
com as boas novas do Evangelho tar o cabelo era uma punição que
de Cristo, uma nova perspectiva anunciava publicamente as espo-
para as mulheres. As boas novas sas adúlteras e mulheres ligadas à
do Evangelho de Cristo trouxeram pratica da prostituição.
uma revolução profunda acerca do A fé cristã inclui uma vida de
valor da mulher na sociedade. O obediência e a maneira pela qual
Evangelho do Reino dos céus pre- a fé se manifesta no mundo é atra-
gado por Jesus resgatou o valor e a vés do exemplo, do amor, da de-
dignidade da mulher. cência e da ordem na igreja.

1. Extremos devem ser evitados 2. Homem e mulher (1Co 11.11,12)


(1Co 11.1-6) No Senhor, todavia, nem a mulher
Sede meus imitadores, como tam- é independente do homem, nem o
bém eu sou de Cristo (11.1). homem, independente da mulher
Esse capítulo começa com o (11.11).
elogio de Paulo à igreja e o convi- Na Grécia, as roupas dos ho-
te para que sejam imitadores de mens e das mulheres eram muito

48
PR Enaldo Brito Lição 8 - 1Coríntios 11: O Culto Cristão e a Ceia do Senhor

parecidas, exceto pela “cobertura vam de um culto pagão sem véu.


da cabeça”. O que distinguia a mu- Quando uma mulher era vista sem
lher dos homens era o véu. Toda véu, seja na rua ou em uma ceri-
mulher honrada usava o véu. Ne- mônia pagã, ou mesmo na igreja,
nhuma mulher honesta ousava essa mulher estava desonrando a
sair de casa sem o véu. Nenhuma si mesma, dando motivo para que
mulher frequentava uma reunião sua reputação fosse questionada.
pública sem usar o véu. As profe- Agindo assim, ela também, se fos-
tisas pagãs do mundo greco-ro- se casada, desonrava a seu marido
mano exerciam seu ofício com as (11.5). Uma mulher em Corinto
cabeças descobertas e cabelos participando do culto público sem
desgrenhados. véu seria a mesma coisa que uma
O apóstolo Paulo mostra o mulher chegar hoje num culto com
padrão de relacionamento que trajes mínimos. Você pode ima-
Deus estabeleceu na comunida- ginar a reação? Isso provocaria
de cristã (11.3). E ele nos mostra escândalo e seria absolutamente
também uma ordem no Reino de inconveniente.
Deus. Podemos dizer que é uma A mulher tem espaço na igre-
ordem lógica, pois a hierarquia ja. Paulo fala que a mulher orava
divina é: Deus-Homem-Mulher. A e profetizava na igreja (11.5). Elas
submissão da mulher ao homem exerciam um ministério de oração
não é uma questão de superiori- e palavra na igreja. O véu protegia
dade do homem ou inferioridade a reputação das mulheres soltei-
da mulher, mas de respeito e au- ras e a honra no casamento das
toridade, assim como numa tropa mulheres casadas.
militar funciona a hierarquia e a
disciplina. II. A CEIA DO SENHOR
(1Co 11.23-26)
3. A mulher e o véu (1Co 11.13-16)
Julgai entre vós mesmos: é próprio 1. Ordenança (1Co 11.25)
que a mulher ore a Deus sem trazer Por semelhante modo, depois de
o véu? (11.13). haver ceado, tomou também o cá-
O véu, portanto, representava lice, dizendo: Este cálice é a nova
duas coisas na cultura de Corinto: aliança no meu sangue; fazei isto,
a honradez da mulher e a submis- todas as vezes que o beberdes, em
são ao seu marido. Nesse sentido memória de mim.
o véu era símbolo da dignidade A Ceia do Senhor é parte fun-
e da modéstia feminina. Apenas damental na liturgia do culto cris-
as prostitutas e as sacerdotisas tão. A Ceia é uma das duas orde-
cultuais dos cultos pagãos saíam nanças de Cristo: Batismo e Ceia.
a público sem véu, ou participa- Paulo exorta os Coríntios, dei-

49
PR Enaldo Brito
Lição 8 - 1Coríntios 11: O Culto Cristão e a Ceia do Senhor

xando claro que a Ceia não é uma mação do compromisso de noivado


cerimônia vazia na qual os fiéis nos tempos bíblicos. Depois de pa-
digerem o pão e o vinho. É, sim, gar o dote, o jovem trazia o contra-
uma proeminente doutrina bíblica to de casamento, também chamado
embasada em uma ordenança cla- de “pacto da aliança”. E por último
ra e direta de Jesus durante o Seu era oferecida à noiva uma taça de
ministério terreno, com objetivos vinho. Se ela bebesse o vinho, esta-
bem definidos. va aceitando o compromisso com o
Não se trata de uma refeição jovem. Simbolicamente, a Ceia é o
comum, ou seja, não é apenas co- momento no qual a “noiva” (Igreja)
mer ou beber. A Ceia vai muito celebra a aliança, ou seja, seu com-
além disso. A Ceia do Senhor é um promisso com o “noivo” (Jesus).
memorial cujo objetivo central é
relembrar e anunciar a morte do 3. Significado (1Co 11.26)
Senhor até que Ele venha. Porque, todas as vezes que comer-
Além disso, é um instrumento des este pão e beberdes o cálice,
de comunhão com o Senhor, cha- anunciais a morte do Senhor, até
mado pelos primeiros cristãos de que ele venha.
festa ágape, ou seja, festa do amor. Devemos celebrar a Ceia como
É também uma ocasião de cele- um memorial no qual recordamos
brar a comunhão entre os irmãos. a vida, a morte e a ressurreição de
Cristo. Este é o significado que en-
2. Elementos (1Co 11.23-25) contra embasamento bíblico para
E, enquanto comiam, tomou Jesus sua aplicação.
um pão e, abençoando-o, o partiu A Bíblia Sagrada aponta a cele-
e lhes deu, dizendo: Tomai, isto é o bração da Ceia como um memorial
meu corpo (....) Tomou também o (1Co 11.24-25). Esta visão não es-
cálice, dizendo: Este cálice é a nova tabelece seu modo de celebrar na
aliança no meu sangue (11.24-25). hipervalorizarão dos elementos e,
Os elementos da Ceia do Senhor sim, no seu simbolismo.
são de grande importância para o Apesar de não fazer parte da
estabelecimento da sua liturgia. doutrina das igrejas pentecostais,
“Isto é o meu corpo” (v. 24). O corre em nosso meio um certo
pão representa o corpo do Senhor. misticismo em relação aos ele-
“Este cálice é a nova aliança no mentos, depois da oração feita
meu sangue” (v. 26). O vinho re- pelos fiéis. Alguns pretendem dar
presenta o sangue de Jesus. Rece- um significado maior aos elemen-
bia o nome de “fruto da vide” (Mc tos e para a cerimônia do que a
14.25). ideia bíblica de um memorial.
Um fato curioso em relação ao Para o Catolicismo, os elemen-
vinho é que se trata de uma confir- tos se transformam em carne e

50
PR Enaldo Brito Lição 8 - 1Coríntios 11: O Culto Cristão e a Ceia do Senhor

sangue no momento da eucaristia, dos com os ensinamentos bíblicos,


dogma conhecido como transubs- para, então, participar da Festa da
tanciação. Quanto a nós, cristãos Salvação.
evangélicos, celebramos a ceia da
perspectiva bíblica, ou seja, como 2. Discernir o significado
público memorial de fé. (1Co 11.29)
Pois quem come e bebe sem discernir
III. A FESTA DA o corpo, come e bebe juízo para si.
SALVAÇÃO (1Co 11.26-29) A Ceia (nova aliança) teve ori-
gem por ocasião da Páscoa, mas
A Ceia é uma das ordenanças do não era a Páscoa (antiga aliança),
Senhor Jesus. Por isso, ela é regular- a Páscoa era apenas uma pálida fi-
mente celebrada na igreja. A Ceia é a gura do que viria.
festa da salvação e do perdão. A Ceia tem a ver com a igreja
Vejamos algumas recomenda- celebrando a morte e ressurrei-
ções para participar da Ceia do ção; aguardando a vinda do Rei
Senhor. pelo Seu sacrifício vicário que
trouxe de volta a realidade da co-
1. Examinar a si mesmo (1Co 11.28) munhão com Deus.
Examine-se, pois, o homem a si Discernir significa evitar de
mesmo, e, assim, coma do pão, e participar indignamente e sem ar-
beba do cálice. rependimento (v. 27). A ceia é des-
Após explicar sobre os ele- tinada aos que creem em Jesus e
mentos, o significado e a impor- querem celebrar a memória da Sua
tância da Ceia do Senhor, Paulo morte e ressurreição, e anunciar a
exorta o povo de Corinto a exami- Sua vinda. É por este motivo que,
nar-se a si mesmo antes de parti- em muitas igrejas, para cear, a pes-
cipar da cerimônia. soa precisa ser batizada em águas
Neste momento, cada partici- e estar em comunhão com Deus e
pante deve ser juiz de si mesmo, com os irmãos.
conscientizando-se de suas ati-
tudes e arrependendo-se de seus 3. Anunciar a morte e a volta do
pecados. É hora de contrição, dis- Senhor (1Co 11.26)
cernimento, perdão. Um detido Porque, todas as vezes que comer-
autoexame é um requisito primor- des este pão e beberdes o cálice,
dial para ser participante da cele- anunciais a morte do Senhor, até
bração da Ceia. que ele venha.
Cada participante deve colocar Nos tempos de Jesus, depois que
a vida cristã na balança da Palavra selavam o compromisso de casa-
de Deus, observando se suas atitu- mento, o noivo não poderia tomar
des e pensamentos estão alinha- nada que fosse produto da uva até

51
PR Enaldo Brito
Lição 8 - 1Coríntios 11: O Culto Cristão e a Ceia do Senhor

o momento do casamento. Já para a so com o Senhor Jesus, anunciando


noiva, a ordem era oposta. Ela esta- que Ele, em breve, voltará.
va liberada para beber um cálice de É bom lembrar as palavras de
vinho a fim de lembrar que, em bre- Jesus: "Pois vos digo que, de ago-
ve, seu noivo voltaria para tomá-la ra em diante, não mais beberei do
como sua esposa e levá-la para seus fruto da videira, até que venha o
aposentos. A igreja de Cristo, ao reino de Deus" (Lc 22.18).
cear, relembra do seu compromis-

APLICAÇÃO PESSOAL
A Ceia é uma ordenança do Senhor como um memorial da Sua morte e
ressurreição. Além disso, ela anuncia a volta gloriosa do Senhor Jesus.

RESPONDA
1) Por que a orientação paulina sobre uso do véu pelas muheres em Corinto?

2) Quais foram as duas ordenanças de Cristo em sua vida terrena?

3) Que requisitos devemos observar antes de participar da Santa Ceia?

52
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 9

1CORÍNTIOS 12: OS DONS


ESPIRITUAIS UNINDO A IGREJA
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Compreender a contempora-
Em 1 Coríntios 12 há 31 versos. Su- neidade dos dons espirituais.
gerimos começar a aula lendo, com • Entender a tensão entre unida-
todos os presentes, 1 Coríntios 12.1- de e diversidade.
20 (5 a 7 min.). • Incentivar a busca dos dons es-
A revista funciona como guia de es- pirituais para fins proveitosos.
tudo e leitura complementar, mas
não substitui a leitura da Bíblia.
A aula de hoje é uma daquelas PARA COMEÇAR A AULA
que convidam os crentes a viverem
em santidade e fiéis a Deus. É real- Caro professor, os dons espi-
mente impossível falar de “dons rituais no meio da igreja são um
espirituais” sem citar o grande avi- instrumento fundamental que nos
vamento ocorrido em Los Angeles, faz ser identificados como pente-
na rua Azuza, sob a liderança do costais.
pastor Metodista William Joseph Somos chamados de “conti-
Semour. E, principalmente, dos nuístas”, porque acreditamos na
dois suecos Daniel Berg e Gunnar continuidade dos dons e na ma-
Vingren que, por revelação divina, nifestação do Espírito Santo, que
vieram até o Brasil, na cidade de atua, até os dias atuais, batizando
Belém do Pará, para propagar os os fiéis no Espírito Santo.
feitos ocorridos do Espírito Santo O aluno deverá estar ciente de
e a atualidade dos dons espirituais. que os dons espirituais são uma
Precisamente, chegaram ao Bra- promessa veterotestamentária,
sil no ano de 1910 e, até hoje, a Igreja que se cumpriu com exatidão no
Assembleia de Deus propaga a conti- dia de Pentecostes (Jl 2.28-29; At
nuidade dos dons e o batismo no Es- 2.16-18) e permanecem atuais.
pírito Santo. Hoje em dia, são milha-
res de pessoas que já tiveram uma RESPOSTAS DA PÁGINA 58
experiência transformadora com o 1) F
Espírito Santo. 2) V
3) V

I
PR Enaldo Brito
Lição 9 - 1Coríntios 12: Os Dons Espirituais Unindo a Igreja

LEITURA ADICIONAL

A ligação que Paulo faz entre buscar o amor e desejar avidamente os


dons espirituais norteia a compreensão de seus leitores da relevância
dos dons espirituais como capacitações divinas para demonstrar amor.
Muito diferente de algo semelhante a um teste de perfil psicológico
aplicado aos membros da igreja com o propósito de revelar desejos e
talentos ocultos, Paulo incentiva cada membro a buscar avidamente os
dons que edifiquem a fé dos outros membros.

Para o apóstolo, pelo menos nesse contexto, amar significa tirar o


foco dos desejos pessoais e voltá-lo para o fortalecimento da vida e da
fé dos outros membros. Tanto os dons mais espetaculares quanto os
mais prosaicos cumprem esse propósito. Uma vez que são concedidos
pelo Espírito de Deus, revelam o caráter de Cristo. O desejo ávido por
dons não é, portanto, uma questão secundária, reservado aos particu-
larmente devotos, mas a capacitação do Espírito conferida ao corpo
de Cristo, sem o qual é impossível a seus membros revelar o amor de
Cristo.

Livro: "1 Coríntios" (Preben Vang. Série Comentário Expositivo. Editora Vida Nova
- SP, 2018, pág.189).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 9 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 12.1-20

1CORÍNTIOS 12: Verdade Prática


Deus continua concedendo
OS DONS dons aos homens, os quais são
indispensáveis para a vida da
ESPIRITUAIS igreja atual.

UNINDO A IGREJA INTRODUÇÃO


I. DONS DE REVELAÇÃO 1Co 12.8-10
1. Palavra da sabedoria 1Co 12.8
2. Palavra do conhecimento 1Co 12.8
3. Discernimento de espíritos 1Co 12.10
Texto Áureo
"De maneira que não vos falte ne- II. DONS DE PODER 1Co 12.9-10
nhum dom, aguardando vós a reve- 1. Fé 1Co 12.9
lação de nosso Senhor Jesus Cristo." 2. Dons de curar 1Co 12.9
1Co 1.7 3. Operação de milagres 1Co 12.10
III. DONS DE INSPIRAÇÃO 1Co 12.10
1. Profecia 1Co 12.10
2. Variedade de línguas 1Co 12.10
3. Interpretação das línguas 1Co 12.10
IV. UM CORPO, MUITOS MEMBROS
1Co 12.12-30
1. Unidade e diversidade 1Co 12.12
2. Dons para unidade do
corpo 1Co 12.20,25
3. Exerça seu dom 1Co 12.27-30
APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
12.1 12.4 12.7 12.11 12.13 12.28

Hinos da Harpa: 437 - 349

53
PR Enaldo Brito
Lição 9 - 1Coríntios 12: Os Dons Espirituais Unindo a Igreja

INTRODUÇÃO Palavra de Deus. Exemplo: Salo-


mão (1Rs 3.16-28). Concílio de Je-
Os nove dons podem ser agru- rusalém (At 15.12-29). Exemplos
pados em três categorias: dons de em Jesus: Mc 6.2; 12.17.
revelação, dons de poder, dons de
inspiração. Cada uma dessas cate- 2. Palavra do conhecimento
gorias, por sua vez, inclui 3 dons, (1Co 12.8)
a saber: E a outro, segundo o mesmo Espíri-
Dons de revelação (palavra to, a palavra do conhecimento.
da sabedoria, palavra do conhe- Este dom, por sua vez, trata do
cimento e discernimento de espí- conhecimento profundo e de ori-
ritos); dons de poder (fé, dons de gem divina. Está ligado ao primeiro
curar e operação de milagres) e; e deve ocupar um lugar primordial
dons de inspiração (profecia, va- na vida dos fiéis. A ciência é o co-
riedade de línguas e interpretação nhecimento profundo ou a com-
de línguas). preensão das coisas divinas de uma
maneira sobrenatural. A palavra do
I. DONS DE conhecimento é a capacitação do
REVELAÇÃO (1Co 12.8-10) crente, movido pelo Espírito, para
declarar fatos que estão em oculto
Esse conjunto de dons (Palavra ou que ainda não ocorreram. No
da sabedoria, Palavra do conhe- Antigo Testamento, Elias e Eliseu
cimento e Discernimento de es- foram exemplos da manifestação
píritos) serve para a “blindagem” do conhecimento divino.
espiritual do corpo de Cristo. São Exemplo: Pedro e Ananias (At
imprescindíveis para o momento 5.3-9). Paulo (At 27.34, 35). Exem-
atual da igreja e atuam na forma- plos em Jesus: Jo 1.48; Mt 20.18.
ção profunda do salvo, principal-
mente, no discernimento frente às 3. Discernimento de espíritos
heresias e erros doutrinários. (1Co 12.10)
A outro, discernimento de espíritos;
1. Palavra da sabedoria (1Co 12.8) Na língua grega, usa-se o termo
Porque a um é dada, mediante o Es- diakrisis, que é traduzido como
pírito, a palavra da sabedoria; “ato ou efeito de julgar, distinguir,
A palavra da sabedoria é uma ver claramente”. Verificar de modo
forma sobrenatural da manifes- sobrenatural a origem de uma
tação da sabedoria divina na vida ação: se é procedente do espírito
pessoal do crente. A sabedoria do homem, de um espírito malig-
provém estritamente de Deus e no, ou do Espírito de Deus. O dis-
pode ser adquirida através da ma- cernimento é fundamental para
nifestação do Espírito e ensino da reconhecer a natureza das mani-

54
PR Enaldo Brito Lição 9 - 1Coríntios 12: Os Dons Espirituais Unindo a Igreja

festações espirituais que ocorrem grandes exemplos de fé nas Sagra-


em nosso meio. das Escrituras (Gn 22.5).
Um grande exemplo de manifes- Exemplo: Heróis da fé (Hb 11).
tação de discernimento é um epi- Paulo mordido por serpente (At
sódio envolvendo Jesus e Pedro em 28.3-6).
Mateus 16.13-23. Nesta passagem,
Jesus pergunta a Pedro o que os ou- 2. Dons de curar (1Co 12.9)
tros achavam Dele. Pedro, por reve- ...e a outro, no mesmo Espírito, dons
lação divina, responde corretamen- de curar.
te, mas, logo em seguida repreende Os dons de curar são recursos
Jesus quando Ele falava acerca de utilizados por Deus para a reali-
sua morte. Jesus teve discernimento zação de curas milagrosas. Uma
para saber quando Pedro falara por observação que deve ser verificada
revelação divina e quando falou sob neste dom é que ele está no plural.
influência maligna. Isto indica que são várias as formas
Exemplo: Saulo com Elimas, o e manifestações de cura realizadas
mágico (At 13.8-10); e com a jovem através deste dom.
adivinhadora (At 16.16-18). Outro Apesar de, nos dias de hoje, o ho-
exemplo em Jesus: Lucas 13.11,16. mem querer patentear a autoria des-
te dom, temos que saber que é Deus
II. DONS DE PODER quem cura. Temos que fazer como
(1Co 12.9-10) um dos alunos do profeta Eliseu que,
ao deixar cair o ferro do machado,
1. Fé (1Co 12.9) ou seja, seu instrumento de traba-
A outro, no mesmo Espírito, a fé lho, reconheceu que era emprestado.
O dom da fé é diferente da fé sal- Nosso instrumento de trabalho é a
vadora (Rm 10.17; Ef 2.8). A fé, como capacitação do Espírito Santo conce-
dom, é uma capacitação do Espírito dida através dos dons, mas isso não é
Santo para a realização de proezas nosso, pertence a Deus!
e feitos sobrenaturais em nome do Quem melhor o demonstrou
Senhor. Esta fé é manifestada através foi Jesus: Mt 8.16; Mc 1.34.
de uma ação sobrenatural, impulsio- Exemplo: Sombra de Pedro (At
nada pelo Espírito Santo (1Co 13.2). 5.15,16). Paulo na ilha de Malta
De maneira simples, podemos (At 28.8-10).
definir este dom como a capacida-
de outorgada pelo Espírito Santo 3. Operação de milagres (1Co 12.10)
para permear o campo do impossí- A outro, operações de milagres;
vel. Aqueles em que é manifestado A operação de milagres ou ma-
esse dom, creem na realização de ravilhas não pode ser confundida
algo extraordinário antes mesmo com os dons de curar. Milagres está
de ter acontecido. Abraão é um dos no rol de maravilhas extraordiná-

55
PR Enaldo Brito
Lição 9 - 1Coríntios 12: Os Dons Espirituais Unindo a Igreja

rias. É a capacidade de realizar in- criturística. Nenhuma manifestação


tervenções extraordinárias através do dom de profecia pode alterar de
do poder de Deus. Tais realizações alguma forma os textos bíblicos ou
ocorrem na esfera espiritual e física, acrescentar algo às Escrituras (Gl
de forma que podem ser observa- 1.1-12).
das a “olho nu”. Exemplo: filhas de Filipe (At
Nas Escrituras, temos inúmeros 21.8-9); Ágabo (At 21.10-11).
casos de operação de maravilhas.
O ministério terreno do Senhor 2. Variedade de línguas (1Co 12.10)
Jesus foi marcado por vários casos A um, variedade de línguas;
de maravilhas. A ressurreição de É a habilidade espiritual do
Lázaro é apenas um dos exemplos. crente falar em línguas, que fluem
Já havia quatro dias que o mesmo sobrenaturalmente para edificar
estava morto, em estado de putre- aquele que as fala (1Co 14.2,4).
fação, e Jesus o ressuscitou. Em Atos 2, temos evidências
Exemplo: Paulo em Éfeso, rou- notórias de que esse dom fazia
pas (At 19.11,12). Paulo e Êutico parte da igreja primitiva. Desde
(At 20.9-12). os primórdios da igreja, o Espí-
rito Santo continua se manifes-
III. DONS DE tando no meio dos salvos através
INSPIRAÇÃO (1Co 12.10) do dom de línguas (Mc 16.17). O
dom de línguas deve ser buscado
1. Profecia (1Co 12.10) pelos fiéis, para que haja edifica-
A outro, profecia; ção e renovo espiritual constante
O termo significa “falar em na vida dos servos. O capítulo 14
nome de alguém”, o dom de pro- de Coríntios cuida de explanar de
fecia capacita o homem para falar forma detalhada esse dom e como
em nome de Deus. É uma ação do utilizá-lo com decência.
Espírito Santo, transmitida sempre Exemplos: Paulo (1Co 14.39);
racionalmente, expostas conforme os discípulos em Éfeso (At 19.6).
suas próprias palavras. A profecia
deve ser expressa no idioma de 3. Interpretação das línguas
quem profere e dos que ouvem. Sua (1Co 12.10)
ação é direcionada à igreja, para E a outro, capacidade para inter-
que ela seja “edificada, consolada e pretá-las.
exortada” (1Co 14.3). De imediato, temos que obser-
Paulo incentiva o povo a buscar o var que não é tradução, e sim in-
dom de profecia (1Co 14.1). Apesar terpretação de línguas. Outra coisa
da relevância espiritual e edificação que é importante salientar é que,
que traz ao corpo de Cristo, ele não apesar de parecer com o dom de
possui relevância canônica ou es- profecia, é distinto. São necessárias

56
PR Enaldo Brito Lição 9 - 1Coríntios 12: Os Dons Espirituais Unindo a Igreja

duas pessoas cheias do Espírito uma ameaça para a unidade so-


Santo: a pessoa que fala e a outra mente quando os cristãos, indivi-
que interpreta. Mas uma única pes- dualmente, confundem o propósi-
soa pode sim manifestar os dois to de Deus com seu próprio desejo
dons, isto é, falar e interpretar. de obter proeminência e reconhe-
Já no caso da profecia, é neces- cimento.
sário uma pessoa só, e não precisa A tensão entre unidade e diversi-
de intérprete, já que é proferida no dade não é nova. Contudo, essa ten-
idioma materno do falante e dos são é superada por meio da clareza
ouvintes. do propósito de Deus ao conceder
O falar em línguas não é conce- seus dons. Por mais diversos que
bido pela mente humana, da mesma sejam, eles servem para capacitar e
forma que interpretar as mensagens conferir poder a cada comunidade
divinas. Exemplo: Daniel 5.5-24. de cristãos para que se demonstre o
ministério de Cristo na terra. O de-
IV. UM CORPO, MUITOS safio para aqueles que recebem os
MEMBROS (1Co 12.12-30) dons é reconhecer sua função como
"partes do corpo" e entender como
A multiplicidade dos dons espi- Deus projetou seus dons específicos
rituais visa capacitar os membros a para fortalecer outras partes a fim
atuarem unidos no corpo de Cris- de que o corpo cumpra o propósito
to. A linha de raciocínio flui com definido por Deus.
naturalidade ao longo dessa seção. Os membros da igreja de Cristo
Semelhante ao corpo físico, criado precisam resgatar o significado de
por Deus com muitos membros; viver como corpo de Cristo. Assim
todos são diferentes e exercem como no corpo físico, nenhuma
funções diversas. Ainda assim, de- parte é dispensável; todas são im-
pendem uns dos outros; o mesmo portantes.
se aplica ao corpo de Cristo.
2. Dons para unidade do corpo
1. Unidade e diversidade (1Co 12.20,25)
(1Co 12.12) Para que não haja divisão no cor-
Porque, assim como o corpo é um po; pelo contrário, cooperem os
e tem muitos membros, e todos os membros, com igual cuidado, em
membros, sendo muitos, consti- favor uns dos outros (12.25).
tuem um só corpo, assim também A ênfase sobre o fato de que
com respeito a Cristo. Deus é quem concede os dons não
O apóstolo argumenta que a apenas ressalta o propósito uni-
diversidade pode vicejar na comu- ficador dos diversos dons, mas
nidade e até mesmo fortalecer sua também descreve sua suficiência
unidade. A diversidade se torna como provisão de Deus para sua

57
PR Enaldo Brito
Lição 9 - 1Coríntios 12: Os Dons Espirituais Unindo a Igreja

comunidade. A tônica do argu- vidualmente, membros desse corpo


mento de Paulo é a natureza co- (12.27).
munitária da concessão dos dons De acordo com o apóstolo,
por Deus. Assim como Deus deter- igrejas e pessoas que pensam pre-
mina diferentes funções para os cisar de mais dons ou de dons di-
olhos e as orelhas no corpo físico, ferentes daqueles que o Espírito
também concede dons espirituais lhe concedeu, devem refletir an-
variados a diferentes partes do tes se estão usando seus dons de
corpo de Cristo. acordo com os propósitos de Deus
Em um corpo, todas as partes ou se estão procurando se tornar
são importantes; quando falta uma comunidade diferente do pla-
uma parte, o corpo se torna defi- no de Deus para elas.
ciente. Ademais, nenhuma parte Os dons visam capacitar a igre-
pode existir separada do corpo. Se ja a dar continuidade ao ministério
um dedo for cortado do corpo, o realizado por Cristo. Para constatar
corpo sentirá falta, e o dedo desli- a verdadeira utilidade dos dons es-
gado morrerá. pirituais, basta perguntar de que
maneira eles estão capacitando
3. Exerça seu dom (1Co 12.27-30) o corpo de Cristo a expressar seu
Ora, vós sois corpo de Cristo; e, indi- amor e a sua salvação.

APLICAÇÃO PESSOAL
Os dons espirituais são atuais e indispensáveis na vida da Igreja. Visam
o serviço cristão e o aperfeiçoamento do povo de Deus; jamais a
autoglorificação ou promoção pessoal.

RESPONDA
Marque “V” para a opção verdadeira e “F” para a falsa:

1) O dom de sabedoria é o mesmo dom de conhecimento, diferindo apenas a


grafia para ressaltar a importância do dom.

2) A variedade de línguas estranhas, nunca ensinadas, flui naturalmente para


edificar aquele que as fala.

3) Os dons são dados para a unidade do corpo de Cristo, não sua divisão.
Portanto, a diversidade de dons e operações não tinham por propósito segre-
gar, mas agregar o corpo de Cristo.

58
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 10
1CORÍNTIOS 13: AMOR, CAMINHO
EXCELENTE
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Assimilar a importância do
Em 1 Coríntios 13 há 13 versos. amor.
Sugerimos começar a aula lendo, • Discernir o que é e o que não é
com todos os presentes, 1 Coríntios o amor.
13.1-13 (5 a 7 min.). • Incentivar a prática do amor
A revista funciona como guia de es- cristão.
tudo e leitura complementar, mas
não substitui a leitura da Bíblia. PARA COMEÇAR A AULA
Caro professor, seja bastante
enfático em abordar que os dons Vamos iniciar esta aula mos-
são dádivas da graça de Deus, mas trando as sete ações hipotéticas
que há uma relação dinâmica en- que Paulo expõe à igreja de Corin-
tre ter o dom e a vida de piedade
to, as quais sem amor não teriam
do cristão. É sobre isso que Paulo
sentido algum, o que é evidencia-
trata no capítulo em apreço, enfa-
tizando que o servo de Deus não é do pelo advérbio “ainda” ou pela
coisa alguma nem conquista coisa conjunção subordinativa condi-
nenhuma sem amor (1Co 13.2-3). cional “se”, ambos evidenciando
Os coríntios consideravam ter uma possibilidade. Esses gestos
dons como o ápice da vida espi- são: o falar em línguas dos ho-
ritual, e estes possuem sua im-
mens e anjos; o dom de profecia; o
portância, pois devem ser usados
conhecer toda ciência do mundo;
para edificação do corpo de Cristo.
Inclusive, os coríntios são exorta- o ter toda fé; o dar todos os bens
dos a buscá-los com zelo. Todavia, pessoais aos pobres; e o entregar-
Paulo se propõe a mostrar a eles -se por alguém.
um caminho mais excelente, isto é,
o caminho do amor, sem o qual é RESPOSTAS DA PÁGINA 64
impossível que haja eficácia numa 1) Línguas, profecia, fé e sacrifício.
vida de dons espirituais. 2) Paciente, bondoso, sofredor, fiel e perseverante.
3) Invejoso, arrogante, orgulhoso, rude, egoísta irascí-
vel, rancoroso, alegre com a injustiça.

I
PR Enaldo Brito
Lição 10 - 1Coríntios 13: Amor, Caminho Excelente

LEITURA ADICIONAL

O Espírito concede dons aos cristãos a fim de capacitar a comu-


nidade de Cristo a ser um exemplo de Cristo. Uma vez que os dons
são expressões de poder, seu uso indevido pode produzir resultados
opostos aos pretendidos. Essa inversão acontece quando a pessoa
que recebe o dom (ou dons) é glorificada em lugar do doador do dom
(ou dons).

Aqui, Paulo deixa claro que todos os dons, quer sejam mais espe-
taculares ou mais comuns, precisam se tornar articulações do amor
de Cristo, e não ilustrações de devoção pessoal. Paulo chama o amor
de caminho mais excelente (lit., "hiperpropulsor") exatamente por-
que guarda os cristãos desse egoísmo. Quando o amor impele o uso
dos dons espirituais, eles se tornam expressões da presença de Cris-
to e, desse modo, fortalecem o corpo de Cristo. Quando o egoísmo
impele o uso dos dons, eles revelam a presença de quem os recebeu
e, desse modo, abafam em vez de amplificar a voz de Deus.

Livro: "1 Coríntios" (Preben Vang. Série Comentário Expositivo. Editora Vida Nova
- SP, 2018, pág.184).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 10 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 13.1-13
Verdade Prática
1CORÍNTIOS 13: Sem amor o exercício de
qualquer dom do Espírito se
AMOR, CAMINHO torna inútil.
EXCELENTE
INTRODUÇÃO

I. SEM AMOR, NADA VALE 1 Co 13.1-3


1. Línguas 1Co 13.1
2. Profecias, mistério e fé 1Co 13.2
3. Bens e autossacrifício 1Co 13.3
Texto Áureo
"Agora, pois, permanecem a fé, II. O AMOR RESOLVE TUDO
a esperança e o amor, estes três;
1Co 13.4-8
porém o maior destes é o amor."
1Co 13.13 1. O que o amor é 1Co 13.4
2. O que o amor não é 1Co 13.4-8
3. Aplicação prática do amor 1Co 13.7

III. O AMOR É MAIOR QUE TUDO


1Co 13.8-13

1. Dons passam, amor não 1Co 13.8


2. Sinal de maturidade 1Co 13.11

3. O amor jamais acaba, é o dom maior


1Co 13.8,13

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
13.5 13.7 13.9 13.10 13.12 13.13

Hinos da Harpa: 88 - 145

59
PR Enaldo Brito
Lição 10 - 1Coríntios 13: Amor, Caminho Excelente

INTRODUÇÃO 1. Línguas (1Co 13.1)


Ainda que eu fale as línguas dos ho-
Ao introduzir o capítulo 13 mens e dos anjos, se não tiver amor,
falando, surpreendentemente, so- serei como o bronze que soa ou
bre a excelência do amor, como como o címbalo que retine.
que abrindo um parênteses entre Você já ficou bravo quando o
os capítulos 12 e 14, que instruem baterista se empolga no culto e
sobre os dons espirituais, Paulo acerta os pratos da bateria com
está ensinando que o propósito tanta intensidade que começam a
de Deus para os dons espirituais irritar os ouvidos? Pois então!
é que sejam exercidos com amor. Aquele que fala em línguas
Uma vez que os dons são expres- mas não demonstra amor para
sões de poder, seu uso indevido com os outros é comparado, se-
pode produzir resultados desas- gundo Paulo, a um címbalo que
trosos. Essa inversão acontece retine. Alguém assim é como um
quando a pessoa que exercita o prato enorme, sendo agredido e
dom é glorificada em lugar do gerando um barulho ensurdece-
doador do dom. Falar em línguas dor, que não edifica a ninguém.
é dom, controlar a língua é fruto. A intenção de Paulo, ao se ex-
Paulo chama o amor de cami- pressar desse modo, é produzir
nho sobremodo excelente, exata- imagens grosseiras e desagradá-
mente porque guarda os cristãos veis na mente de seus leitores,
desse egoísmo. para que entendam como o seu
comportamento está soando da
I. SEM AMOR, NADA VALE mesma maneira e podem pertur-
(1Co 13.1-3) bar mais do que abençoar.

Nos primeiros três versículos 2. Profecias, ministério e fé


deste capítulo Paulo não está fa- (1Co 13.2)
zendo um poema sobre amor para Ainda que eu tenha o dom de pro-
ser lido só em casamentos. Muito fetizar e conheça todos os misté-
pelo contrário. Ele está exortando rios e toda a ciência; ainda que
a igreja em Corinto, que estava em eu tenha tamanha fé, a ponto de
pé de guerra, dividida em facções transportar montes, se não tiver
(1Co 1.10-17). amor, nada serei.
Como pode uma igreja se ga- Profecias servem para a edi-
bar de grandes feitos e grandes ficação do Corpo de Cristo, mas
dons espirituais se está tão lon- como isso pode acontecer com
ge do que Deus é? (1Jo 4.8). De profetas vazios? Ainda que rece-
que servem os dons, se não há besse o maior dos dons do Espíri-
amor? to, a capacidade de ouvir a voz de

60
PR Enaldo Brito Lição 10 - 1Coríntios 13: Amor, Caminho Excelente

Deus, entender Suas revelações, todas as coisas e ao próximo como


comunicar Suas verdades e de- Jesus nos amou (Jo 13.33-35).
monstrar um nível de fé que evoca
o poder de Deus, um cristão não II. O AMOR RESOLVE
seria coisa alguma sem amor. TUDO (1Co 13.4-8)
Não é a toa que, de tempos em
tempos, vemos grandes homens e 1. O que o amor é (1Co 13.4)
mulheres da igreja caindo, pois a O amor é paciente, é benigno; o
soberba toma o lugar do amor e o amor não arde em ciúmes, não se
passo seguinte é a ruína. ufana, não se ensoberbece.
A ideia, aqui, não é anular os Paulo descreve o que é o amor
dons espirituais, que continuam a e tenta demonstrar que os pro-
ser úteis e benéficos, pois não de- blemas dentro da igreja de Corin-
pendem da pessoa, mas do Espí- to existem porque eles não estão
rito. Porém, fica claro que os dons agindo em amor. Ele lista 18 ca-
devem ser exercidos com amor, racterísticas do amor, dentre as
decência e ordem. quais, destacaremos as 10 carac-
terísticas que qualificam o que o
3. Bens e autossacrifício (1Co 13.3) amor é:
E ainda que eu distribua todos os a) O amor é paciente (v4). Mes-
meus bens entre os pobres e ainda mo quando eu sinto o forte desejo
que entregue o meu próprio corpo de me expressar ou decidir. Com a
para ser queimado, se não tiver ajuda do Espírito Santo, decidindo
amor, nada disso me aproveitará. amar, eu exercito a paciência, de-
Deus já deixou bem claro em monstro domínio próprio diante
Sua Palavra que Ele não se importa das provocações ou tensões cria-
com o sacrifício em si, mas com o das por pessoas ou situações. O
coração do adorador (Sl 51.16-17; amor se mantém firme a despeito
Jo 4.23). Paulo esclarece que abrir de qualquer oposição, dificuldade
mão de todos os bens aos pobres – ou adversidade.
como sugerido ao jovem rico por b) O amor é benigno (v4). Mes-
Jesus (Lc 18.18-23) – ou até sa- mo quando me tratam mal (Rm
crificar a própria vida, sem amor, 12.17-21). É a ideia de vencer o mal
é um ato sem proveito algum. Por fazendo o bem. O amor é bondoso,
que o ato de Deus dar Seu único compassivo, atencioso e agradável
Filho, Jesus, foi tão poderoso? Por até com quem não merece.
causa do amor (Jo 3.16). c) O amor regozija-se com a
O que fica bem nítido nestes verdade (v6). Mesmo que men-
três primeiros versículos é que tir pareça ser mais fácil. O amor
os mandamentos de Deus ainda alegra-se com o conhecimento da
se resumem a amar a Deus sobre verdade, pois a verdade liberta.

61
PR Enaldo Brito
Lição 10 - 1Coríntios 13: Amor, Caminho Excelente

d) O amor tudo sofre (v7). Mes- de insatisfação com o que Deus


mo quando as decepções são esma- tem lhe dado.
gadoras. O amor é tolerante. Sofre b) O amor não ufana. Mesmo
mas não perde a esperança e guar- quando eu tenho vontade de con-
da a perspectiva do Espírito Santo tar para todos as minhas realiza-
na possibilidade de mudança. ções. O amor não glorifica a mim
e) O amor tudo crê (v7). Ainda mesmo, mas honra ao próximo e
que os outros não creiam, eu devo glorifica a Deus.
manter a minha fé no poder trans- c) O amor não se ensoberbece.
formador do Evangelho e do Espí- Mesmo quando eu penso que estou
rito Santo. com a razão. O amor não é altivo
f) O amor tudo espera (v7). e não tenta dominar os outros; o
Mesmo que a esperança de todos amor se preocupa em dar-se e não
já tenha morrido. O amor aguarda em afirmar-se.
o cumprimento do plano de Deus. d) O amor não se conduz incon-
g) O amor tudo suporta (v7). veniente. Não age inconvenien-
Abrir mão de privilégios em favor temente, mesmo que isso possa
dos irmãos. Especialmente quan- trazer a atenção para mim. O amor
do eu penso que não posso mais não constrange os outros, mas os
suportar certas pessoas ou cir- recebe e os faz sentir bem.
cunstâncias. O amor permanece e) O amor não procura os seus
firme diante do sofrimento. próprios interesses. Mesmo quando
As próximas três características eu tenho muito a ganhar com isso.
serão estudadas mais amplamente O amor, por um ato de vontade, pro-
no tópico III, ao final desta lição: cura servir ao invés de ser servido.
h) jamais acaba (v8). f) O amor não se exaspera. Mes-
i) permanece (v13). mo quando tentam me provocar,
j) é o maior (v13). não devo me exasperar. A ideia é
não ser uma pessoa melindrosa,
2. O que o amor não é (1Co 13.4-8) nem estar predisposto a ofender.
Não se alegra com a injustiça, mas O amor não desiste de treinar ou-
regozija-se com a verdade (13.6). tros na justiça, mesmo diante de
Segue a lista das oito carac- falhas e provocações.
terísticas que designam o que o g) O amor não se ressente do
amor não é: mal. É o grande perigo de me tornar
a) O amor não arde em ciúmes. prisioneiro do meu próprio ódio. O
Especialmente quando percebo amor decide não levantar ofensas
que outros têm se destacado mais passadas, já cobertas pelo perdão.
que eu; não é certo, nem amoroso, h) O amor não se alegra com a
fomentar a rivalidade, nem cobi- injustiça. Mesmo que a outra pes-
çar a vida do próximo. Isso é sinal soa mereça.

62
PR Enaldo Brito Lição 10 - 1Coríntios 13: Amor, Caminho Excelente

3. Aplicação prática do amor Os dons espirituais são bên-


(1Co 13.7) çãos de Deus para nós. É uma de-
tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo monstração do Seu reino visando
suporta. ao crescimento e desenvolvimen-
Se pegarmos o que já estuda- to espiritual do Seu povo. Mas,
mos no capítulo 6 desta carta, o eles terão fim. Quando Jesus vol-
contexto do litígio entre os irmãos tar e nos tornarmos plenos Nele,
fora da igreja, o que deveria ter então não necessitaremos mais
acontecido se o amor fosse o cami- dos dons. Porém, o amor perma-
nho seguido pelas partes? Teriam necerá.
resolvido os litígios e, provavel- Amor é sinal de maturidade.
mente, não haveria um processo O amor será a régua, a forma, os
entre irmãos, caso eles fossem: usos e costumes do céu. Por isso,
pacientes; bondosos uns com os o amor deve ser preservado e pra-
outros; não arrogantes; não sober- ticado desde já, nos preparando e
bos; se não buscassem os próprios amadurecendo para aquele dia.
interesses; não guardassem ran-
cor pelos erros uns dos outros; so- 2. Sinal de maturidade (1Co 13.11)
fressem o dano; cressem na ação Quando eu era menino, falava
do Espírito Santo nas vidas uns como menino, sentia como meni-
dos outros; se cressem que Deus no, pensava como menino; quando
está cuidando de tudo e de todos; cheguei a ser homem, desisti das
se esperassem em Deus; se supor- coisas próprias de menino.
tassem uns aos outros. Chega um momento em que
Aplique o amor a todos os pro- Paulo diz que abandonou as coi-
blemas da igreja de Corinto e fica sas de menino, como egoísmo,
claro que eles tinham os meios ne- exclusivismo etc., pois ele quis
cessários para resolução de con- buscar coisas maiores. O amor ca-
flitos através do amor. Assim tam- racteriza a vida de um discípulo
bém nós, a igreja de hoje, temos os de Cristo que é adulto espiritual.
mesmos recursos para evitar ou De que forma? Amando os outros
solucionar problemas. com o amor que Deus já derra-
mou em seu coração.
III. O AMOR É MAIOR
QUE TUDO (1Co 13.8-13) 3. O amor jamais acaba, é o dom
1. Dons passam, amor não maior (1Co 13.8,13)
(1Co 13.8) Agora, pois, permanecem a fé, a es-
O amor jamais acaba; mas, haven- perança e o amor, estes três; porém
do profecias, desaparecerão; ha- o maior destes é o amor (13.13)
vendo línguas, cessarão; havendo Por fim, o texto apresenta o
ciência, passará. amor junto com a fé e a esperan-

63
PR Enaldo Brito
Lição 10 - 1Coríntios 13: Amor, Caminho Excelente

ça e afirma categoricamente que até mesmo que a fé e a esperan-


o amor é o maior que todos. Isso ça. O amor jamais acaba. Que
acontece justamente porque a fé afirmações profundas e maravi-
e a esperança apontam para o lhosas!
amor. Se observarmos Hebreus O contraste paulino entre a
11.1, perceberemos que a fé é a natureza temporal dos dons e a
certeza absoluta das coisas que natureza eterna do amor, revela
se esperam. E é justamente isso uma característica impressio-
o que Paulo está dizendo: temos nante: “o amor jamais acaba”. Por
certeza absoluta de que o amor isso o amor é bom e firme alicerce
permanecerá, e isso nos traz es- para todos os nossos atos, inclusi-
perança, porque o amor é maior ve como sustentáculo da família.

APLICAÇÃO PESSOAL
O propósito de Deus para os dons espirituais é que eles sejam exer-
cidos com amor.

RESPONDA
1) O que Paulo demonstra tornar-se vão sem o amor?

2) Quais são as características do amor?

3) O que o amor não é, segundo o texto bíblico?

64
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 11
1CORÍNTIOS 14: DOM DE PROFECIA E
ORDEM NO CULTO
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Entender porque o dom de pro-
fecia é considerado superior.
Em 1 Coríntios 14 há 40 versos. • Aprender o que é prioridade
Sugerimos começar a aula lendo, nos cultos e reuniões públicas.
com todos os presentes, 1 Coríntios • Entender que o culto deve ser
14.20-40 (5 a 7 min.). ordenado e refletir a unidade e
A revista funciona como guia de es- diversidade do Corpo de Cristo.
tudo e leitura complementar, mas
não substitui a leitura da Bíblia. PARA COMEÇAR A AULA
Amado professor, explique nesta
aula que devemos sempre estar no Dê início nesta aula tentando
caminho do amor; temos que nos falar – ou pedindo para alguém
esforçar para vivermos em amor; fazê-lo – algumas palavras de um
todavia, não devemos nos limitar outro idioma, de preferência um
a viver uma vida de amor sem os que seja pouquíssimo conhecido.
dons espirituais, porque ambos Em seguida, pergunte se alguém
provêm do Espírito Santo. entendeu o que você disse.
Todos os cristãos devem ter in- Logo após isso, demonstre a
teresse pelos dons, não apenas importância de transmitir a infor-
aqueles que exercem funções de mação de uma maneira que todos
liderança, sobretudo o dom de entendam, pois o nosso maior
profecia, o qual não é necessa- propósito é comunicar as verda-
riamente uma previsão, mas um des de Deus de uma maneira que
anúncio da vontade de Deus para todos compreendam.
o Seu povo. Dito isso, faça um paralelo en-
Os profetas eram o sensor ético tre os dons de profecia e o dom de
de Israel; hoje, o são da igreja, pois variedade de línguas.
as profecias mostram a situação
real do povo de Deus. O dom de
profecia, por seu turno, deve edi-
ficar, consolar e exortar. RESPOSTAS DA PÁGINA 70
A única opção correta é a letra "b".

I
PR Enaldo Brito
Lição 11 - 1Coríntios 14: Dom de Profecia e Ordem no Culto

LEITURA ADICIONAL

Qual a ênfase principal nesses versículos? O apóstolo compara duas


manifestações do Espírito Santo: o falar em línguas e o profetizar. E então
estabelece os contrastes entre uma manifestação e outra. Ele declara no
versículo dois que o que fala em línguas não fala ao homem, mas a Deus;
por outro lado, temos como subentendido que a profecia é justamente o
oposto, pois nela Deus é que fala ao homem. Depois, ainda no versículo
dois, ele diz que ninguém entende o falar em línguas; mas deixa claro no
versículo quatro que a profecia todos entendem. Mais uma vez, vemos o
quanto são distintas. Finalmente, no versículo quatro, ele contrasta o falar
em línguas com a profecia ao mostrar o nível de edificação que cada um
produz.
Resumimos estes contrastes no quadro abaixo:

LÍNGUAS PROFECIAS
1. O homem fala a Deus (v. 2) 1. Deus fala aos homens (v. 3)
2. Ninguém entende (v. 2) 2. Todos entendem (v. 4)
3. Edificação pessoal (v. 3) 3. Edificação coletiva (v. 4)

Observando as distinções estabelecidas pelo apóstolo Paulo nos versí-


culos acima, podemos afirmar taxativamente que não há qualquer seme-
lhança entre o falar em línguas e o profetizar, salvo o fato de serem ambos
uma fala inspirada pelo Espírito Santo de Deus.
Estamos destacando as distinções entre o falar em línguas e o pro-
fetizar por uma única razão: no versículo 5, Paulo diz que línguas com
interpretação são equivalentes à profecia. Ou seja, há um aspecto do falar
em línguas totalmente oposto à profecia, e outro igual a ela; logo, são dois
tipos do falar em linguas diferentes entre si. Nessa comparação feita pelo
apóstolo podemos perceber que se tratam de dois tipos distintos do falar
em línguas.
As línguas SEM interpretação são exatamente o oposto do profetizar.
Já as linguas COM interpretação são o mesmo que a profecia. Se não reco-
nhecermos as distinções entre os dois aspectos do falar em línguas (sem
e com interpretação), teremos então uma grande incoerência.

Livro: "O Falar em Línguas: A Linguagem Sobrenatural de Oração" (Luciano Subirá.


Editora Orvalho, Curitiba, 2017, págs. 12,13).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 11 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 14.20-40

1CORÍNTIOS 14: Verdade Prática


O culto é um momento de adoração
DOM DE PROFECIA E a Deus e edificação da igreja; não
há espaço para o individualismo.
ORDEM NO CULTO
INTRODUÇÃO

I. DOM DE PROFECIA 1Co 14.1-3

1. Incentivado a buscar 1Co 14.1


2. As línguas edificam quem fala 1Co 14.2
Texto Áureo
"Tudo, porém, seja feito com de- 3. A profecia edifica a igreja 1Co 14.3
cência e ordem."
1Co 14.40 II. MAIS ÚTIL NO CULTO 1Co 14.5-25
1. Profecia é mais útil 1Co 14.5
2. Línguas com interpretação 1Co 14.13-15
3. Prova da presença de Deus 1Co 14.25

III. ORDEM NO CULTO 1Co 14.26-40


1. Participação de todos 1Co 14.26
2. Participação com ordem 1Co 14.27-28

3. Decência e ordem 1Co 14.39,40

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
14.4 14.9 14.12 14.16 14.20 14.39

Hinos da Harpa: 24 - 358

65
PR Enaldo Brito
Lição 11 - 1Coríntios 14: Dom de Profecia e Ordem no Culto

INTRODUÇÃO devido à sua clareza e possibilida-


de de entendimento.
No capítulo 14 desta carta aos É mais edificante profetizar
Coríntios, Paulo ensina como de- que falar em outras línguas no
veria ser o culto na igreja primi- culto da igreja do Senhor. Por
tiva. Ele visa corrigir o exercício isso, Paulo recomenda que todos
desordenado de dons pelos corín- os cristãos procurem falar em
tios, salientando a necessidade de línguas, mas principalmente que
edificar a congregação e de aplicar busquem o dom de profecia.
os ensinos dos capítulos 12 e 13.
Os dons exercidos no culto público 2. As línguas edificam quem fala
devem ser de benefício coletivo; (1Co 14.2)
caso contrário, tudo resultará em Pois quem fala em outra língua não
desordem e confusão. fala a homens, senão a Deus, visto
que ninguém o entende, e em espí-
I. DOM DE PROFECIA rito fala mistérios.
(1Co 14.1-3) O dom de línguas não deve ser
desprezado pelos crentes de hoje
Toda a linha de raciocínio des- e tem uma grande importância na
te capítulo envolve a comparação edificação pessoal.
entre o dom de profecia e os dons Além disso, ele é um sinal para
de falar e interpretar línguas. O os incrédulos (1Co 14.22), consti-
dom de profetizar é a capacidade tuindo evidência inequívoca da pre-
sobrenatural de falar em nome de sença e operação do Espírito Santo.
Deus, entregando uma mensagem Porém, pelo seu caráter perso-
Dele aos seus destinatários. nalíssimo, principalmente quando
não há quem a interprete, este dom
1. Incentivado a buscar (1Co 14.1) deve ser exercitado com parcimô-
Segui o amor e procurai, com zelo, nia durante as reuniões públicas.
os dons espirituais, mas principal- Devemos levar em conta que
mente que profetizeis. Paulo não está desprezando o
O dom de profecia é a capaci- dom de línguas, e sim enfatizando
dade de falar em nome de Deus. a necessidade de ordem no culto e
Neste dom está envolvido também o seu caráter de edificação coleti-
o poder para profetizar eventos va. Dentro deste contexto, é dese-
futuros (At 11.27-28; 21.10-11). O jável que as mensagens entregues
dom de profecia tem o claro pro- sejam proveitosas para todos os
pósito de “edificar, exortar e con- ouvintes, inclusive os incrédulos,
solar” a igreja de Cristo na terra. como ocorre com o dom de profe-
Para Paulo este dom é considera- cia, ou com o dom de línguas con-
do maior que o dom de línguas, jugado com a interpretação.

66
PR Enaldo Brito Lição 11 - 1Coríntios 14: Dom de Profecia e Ordem no Culto

3. A profecia edifica a igreja prezando as pessoas que falam em


(1Co 14.3) línguas, nem exaltando as pessoas
Mas o que profetiza fala aos ho- que profetizam. Isso seria danoso
mens, edificando, exortando e con- como "tirar o pino de uma granada"
solando. e ficar com ela na mão, pois incenti-
A profecia edifica a igreja e varia mais partidarismos e divisões
todos os presentes, exorta-os a em uma igreja que já sofria com tais
permanecer firmes em seu fun- males, justamente os mais combati-
damento e consola os fiéis nos dos na epístola de Paulo (v. 33).
momentos difíceis, especialmente Lembre-se que Paulo está tra-
com a esperança da volta de Jesus tando sobre ordem no culto. Or-
e de nosso futuro glorioso ao lado ganizar significa, dentre outras
Dele. Não sem razão é um dom tão coisas, escolher o que deve ser
desejável para os crentes. priorizado e o que deve ser con-
O termo edificar significa lite- siderado secundário. Há uma in-
ralmente “construir”, "levantar". dicação dessa lista de prioridades
Entendemos que a vida cristã é no Capítulo 12.28, nela o profeta
uma construção que está em de- aparece em segundo lugar, após o
senvolvimento. Temos que ter ciên- apóstolo, e a variedade de línguas
cia que estamos levantando “tijolo aparece em último.
por tijolo” desta tão grande obra. Durante o culto, a prioridade
E, decerto, a profecia fará com que deveria ser a edificação da igreja,
este “edifício” seja construído com de forma coletiva.
bases bastante sólidas. Neste contexto, aquele que ti-
vesse uma profecia para entregar
II. MAIS ÚTIL NO CULTO deveria ser priorizado na ordem
(1Co 14.5-25) do culto em relação ao que falava
em línguas, pois aquela mensa-
1. Profecia é mais útil (1Co 14.5) gem edificaria a igreja, enquanto
Eu quisera que vós todos falásseis as línguas edificariam apenas o
em outras línguas; muito mais, po- indivíduo.
rém, que profetizásseis; pois quem
profetiza é superior ao que fala em 2. Línguas com interpretação
outras línguas, salvo se as interpre- (1Co 14.13-15)
tar, para que a igreja receba edifi- Pelo que, o que fala em outra lín-
cação. gua deve orar para que a possa in-
Durante o culto, a prioridade de- terpretar (14.13).
ver ser a edificação da igreja, de for- Como fica claro, o importante no
ma coletiva. Quando Paulo fala que culto é que a igreja receba edifica-
o que profetiza é superior ao que ção. Por isso Paulo recomenda que
fala em línguas, não está menos- aquele que fala em línguas diante

67
PR Enaldo Brito
Lição 11 - 1Coríntios 14: Dom de Profecia e Ordem no Culto

da igreja deve orar para que a pos- vemos entender que as pessoas a
sa interpretar (1Co 14.13). quem o Espírito Santo concede os
Dessa forma, o apóstolo está fa- dons são tão somente canais, ins-
zendo um apelo para que os corín- trumentos utilizados por Ele para
tios sejam maduros no modo de edificar a Sua igreja.
pensar, deixando partidarismos e O dom é do Espírito Santo, que
individualismos de lado para prio- faz conforme lhe apraz. Adore a Ele!
rizar a unidade da igreja. E não à pessoa que exercitou o dom.
Paulo evoca tão fortemente a fi-
gura da igreja como um corpo, em III. ORDEM NO
que cada fiel é um membro dife- CULTO (1Co 14.26-40)
rente, que não há espaço na epís-
tola para ninguém se sentir autos- 1. Participação de todos (1Co 14.26)
suficiente e fora do corpo da igreja Que fazer, pois, irmãos? Quando vos
(1Co 12.27). reunis, um tem salmo, outro, doutri-
na, este traz revelação, aquele, outra
3. Prova da presença de Deus língua, e ainda outro, interpretação.
(1Co 14.25) Seja tudo feito para edificação.
Tornam-se-lhe manifestos os segre- Paulo está afirmando que todos
dos do coração, e, assim, prostran- os crentes de Corinto podem contri-
do-se com a face em terra, adorará buir para a edificação da igreja local.
a Deus, testemunhando que Deus O culto deve ser variado e fer-
está, de fato, no meio de vós. voroso, não precisa ser composto
Desde o Capítulo 12, o apósto- só de profecia, também não se vai
lo Paulo já havia se pronunciado a passar o culto todo cantando.
respeito da manifestação do Espí- O culto não deve cair em mono-
rito Santo. Ele ponderou que “os tonia, nem deve virar um monólogo,
dons são diversos, mas o Espírito é no qual apenas uma pessoa fala a
o mesmo” (1Co 12.4). Também ob- reunião toda. Há espaço para a va-
servou que "A manifestação do Es- riedade e para a diversidade. O cul-
pírito é concedida a cada um visan- to é da igreja para Deus. Cada qual
do a um fim proveitoso" (1Co 12.7). pode contribuir de diferentes for-
Em outras palavras, os dons per- mas e em diversas oportunidades.
tencem ao Espírito Santo, e não à
pessoa a quem são concedidos. 2. Participação com ordem
Hoje em dia, o Espírito San- (1Co 14.27-28)
to tem se manifestado de muitas No caso de alguém falar em outra
maneiras. Muitas das pessoas que língua, que não sejam mais do que
são usadas por Deus são bajula- dois ou quando muito três, e isto
das, até idolatradas, e, por vezes, sucessivamente, e haja quem inter-
isso acaba "subindo à cabeça". De- prete. Mas, não havendo intérprete,

68
PR Enaldo Brito Lição 11 - 1Coríntios 14: Dom de Profecia e Ordem no Culto

fique calado na igreja, falando con- de ser um momento de adoração a


sigo mesmo e com Deus. Deus para virar palco de mais dis-
Paulo orienta que, ao falar em senções, exibicionismo, concorrên-
profecia ou línguas, os crentes de- cia, partidarismo e desordem.
veriam seguir as seguintes orien- De um lado, havia irmãos que
tações: 1) nem uma nem outra de- queriam falar em línguas em alto
vem ser proibidas; 2) os irmãos se e bom som, ao mesmo tempo em
manifestem um após o outro; 3) as que outra pessoa naquele momen-
línguas devem ser interpretadas. to, estava orando, cantando ou
Esses parâmetros se aplicam ao entregando uma mensagem. De
culto e não a momentos particula- outro lado, havia os que, irritados
res de oração. com essa atitude, queriam proibir
Paulo ratifica que o dom se en- qualquer manifestação do dom de
contra sob o controle de quem o línguas durante o culto.
exerce, e que este pode e deve fi- Este duelo de extremos estava
car em silêncio quando apropria- tornando o culto em um momento
do (1Co 14.32). Ele reconhece que insuportável. Uma bagunça sem
os dons são uma manifestação do sentido e sem ordem.
Espírito Santo e isso pode ocorrer Paulo explica que todos devem
de forma espontânea no meio da ter o seu espaço e sua oportunidade
igreja, mas os irmãos devem ter durante o culto. Tudo, porém, deve
bom senso e domínio próprio para ser feito de forma agradável, orde-
controlar a manifestação de modo nada e sucessiva, organizando as
que não atrapalhe o desenrolar da prioridades com base naquilo que
reunião. Falar é dom, calar é fruto. seja mais edificante para a igreja.
Quando Paulo fala que, em não
3. Decência e ordem (1Co 14.39,40) havendo intérprete, o que fala em
Portanto, meus irmãos, procurai línguas deve se calar, não significa
com zelo o dom de profetizar e não que só pode haver manifestação de
proibais o falar em outras línguas. línguas se houver alguém para in-
Tudo, porém, seja feito com decên- terpretar. Além disso, quando Paulo
cia e ordem. fala para ficar calado, não significa
A manifestação do Espírito que o crente deve ficar em silêncio
Santo no meio da igreja não é um absoluto dentro da igreja duran-
"mover" no qual os envolvidos fi- te o culto. Como já dito, tudo deve
cam “enlouquecidos” e fora de si. ser regulado pelo bom senso e pelo
A fala de Paulo nesta passagem é domínio próprio, com todos dando
marcada pelo equilíbrio e pela pon- prioridade à edificação coletiva.
deração. Extremos devem ser evita- Dentro deste contexto, enten-
dos. É possível deduzir que, na igreja demos que o crente pode perma-
em Corinto, o culto estava deixando necer falando em línguas, em tom

69
PR Enaldo Brito
Lição 11 - 1Coríntios 14: Dom de Profecia e Ordem no Culto

moderado, de modo que não atra- sada, deveria conversar com o


palhe os demais irmãos. marido (v. 35).
Continuando sua instrução, Nesse contexto fica evidente
enquanto alguém profetiza, os ou- que a intenção de Paulo não é di-
tros julgam. Julgar significa discer- zer que as mulheres, em geral, não
nir, avaliar o que está sendo dito, podem falar nas igrejas. Uma proi-
retendo o que for bom. bição dessas seria uma contradição
Após enfatizar que a profecia direta à afirmação que já estuda-
deve ser julgada (v. 29), as pala- mos no Capítulo 11.5.
vras do apóstolo a respeito do si- Lembremos que a Igreja se reu-
lêncio da mulher visavam a tratar nia nas casas e tinha muito valor o
diretamente dessa questão de jul- testemunho da harmonia entre os
gar e analisar a fonte e o sentido esposos e esposas, principalmente
da profecia. do casal dono do local, sempre ob-
Os homens eram encarrega- servado por todos os que visitavam
dos desta missão. As mulheres os cultos. Daí a recomendação final
deveriam evitar questionar na de Paulo: "Tudo, porém, seja feito
hora do culto, e se ela fosse ca- com decência e ordem" (v. 40).

APLICAÇÃO PESSOAL
O culto é um momento de adoração a Deus e edificação da igreja
como corpo de Cristo, no qual cada um pode exercitar os dons, desde
que seja com decência e ordem.

RESPONDA
Marque a única opção correta abaixo:

a) O dom de línguas é o maior dom, pois ele edifica quem fala por meio desse
dom, promovendo edificação do corpo de Cristo pelas partes individuais.

b) O dom de línguas equipara-se ao de profecia apenas quando há o dom de


interpretar, porque desse modo a igreja toda pode ser edificada.

c) Não há relação prioritária entre os dons, sendo eles de igual importância e


urgência.

70
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 12
1CORÍNTIOS 15: O PODER DA
RESSURREIÇÃO DE CRISTO
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Esclarecer a importância da
Em 1 Coríntios 15 há 58 versos. ressurreição de Cristo.
Sugerimos começar a aula lendo, • Descrever alguns aspectos do
com todos os presentes, 1 Coríntios corpo da ressurreição.
15.35-58 (5 a 7 min.). • Consolar a igreja com a esperan-
A revista funciona como guia de es- ça da volta de Jesus e da ressurrei-
tudo e leitura complementar, mas ção dos que dormem em Cristo.
não substitui a leitura da Bíblia.
O que poderia fazer com que PARA COMEÇAR A AULA
pescadores medrosos viessem a Interrogue a classe a respeito
morrer por amor a uma causa? O de quantos já sentiram a dor de
que faria alguém perder a sua vida perder alguém! Sem dúvidas, após
por amor ao Evangelho de Jesus a queda do homem, esse é o maior
Cristo? Eu diria que somente uma mal que temos que enfrentar.
grande convicção de que essa cau- Logo em seguida, inicie a aula
sa é verídica. expondo que o pecado nos pro-
Esse foi um dos maiores benefí- porcionou a vulnerabilidade dian-
cios da ressurreição. Jesus morreu te da morte e que, devido isso, já
para que houvesse expiação e per- perdemos tantas pessoas queri-
dão dos nossos pecados e reconci- das. Porém, a morte de Cristo e
liação do homem com Deus; e res- Sua ressurreição nos garantem
suscitou para nos justificar e para futuramente uma suprema vitória
que assim, houvesse igreja (Rm sobre o pecado e a morte, o que
4.25). Porque os primeiros márti- Paulo evidencia ao dizer: “Onde
res, os grandes responsáveis, aqui está, ó morte, a tua vitória? Onde
na terra, pela multiplicação da está, ó morte, o teu aguilhão?”.
igreja foram movidos pela certeza
que o Cristo que eles viram subir RESPOSTAS DA PÁGINA 76

à cruz foi o mesmo que eles viram 1) Que ele não tinha vencido a morte e o pecado.
2) Na união com Adão há a morte, mas aquele que
após a Sua ressurreição. está unido a Cristo há de ressuscitar.
3) Serão transformados, de corpos corruptíveis para
corpos incorruptíveis.

I
PR Enaldo Brito
Lição 12 - 1Coríntios 15: O Poder da Ressurreição de Cristo

LEITURA ADICIONAL

O capítulo 15 funciona tanto como um crescendo da carta de Paulo


quanto como o ápice da exposição teológica do apóstolo. Ele fornece
a chave teológica que revela a mente de Paulo a seus leitores e explica
a estrutura de sua ética. Para o apóstolo, tudo o que ele disse nessa
carta depende da realidade histórica da ressurreição física de Cristo.
A ressurreição de Cristo é o ápice sem o qual seu sofrimento e morte
não fazem sentido algum e em razão do qual a graça restauradora
concedida por Deus a sua criação agora é revelada.

Por causa da ressurreição de Cristo, seus seguidores têm esperan-


ça de vida eterna na presença de Deus, uma vida que já iniciou e que
provou seu poder na comunidade de Cristo. Os cristãos que se tor-
naram parte do corpo de Cristo e recebedores de seu Espírito têm a
garantia de que serão ressuscitados dentre os mortos com Cristo. E
Cristo, que se relaciona com seu corpo como cabeça, também se rela-
ciona com seus seguidores como as primícias daqueles que são res-
suscitados dos mortos (15.23).

Livro: "1 Coríntios" (Preben Vang. Série Comentário Expositivo. Editora Vida Nova
- SP, 2018, pág.200).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 12 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 15.35-58

1CORÍNTIOS 15: Verdade Prática


A ressurreição é o alicerce da fé
O PODER DA cristã e a vitória sobre o pecado
e a morte; sem ela, a fé não se
RESSURREIÇÃO DE mantém.

CRISTO INTRODUÇÃO

I. A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
1Co 15.1-34
1. Testemunhas da ressurreição 1Co 15.4-8
Texto Áureo 2. As primícias dos que dormem 1Co 15.20-23
"Se a nossa esperança em Cristo
se limita apenas a esta vida, so- 3. Ressurreição e vida prática 1Co 15.32,33

mos os mais infelizes de todos os


II. O CORPO DA RESSURREIÇÃO
homens." 1Co 15.35-49
1Co 15.19
1. Adão e Jesus 1Co 15.48,49
2. Carnal versus espiritual 1Co 15.50
3. A transformação do corpo 1Co 15.51

III. A RAPIDEZ DA RESSURREIÇÃO


1Co 15.50-58
1. Um piscar de olhos 1Co 15.52
2. A última trombeta 1Co 15.52b
3. O triunfo sobre a morte 1Co 15.53-58

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
15.3 15.4 15.10 15.19 15.21 15.26

Hinos da Harpa: 48 - 300

71
PR Enaldo Brito
Lição 12 - 1Coríntios 15: O Poder da Ressurreição de Cristo

INTRODUÇÃO mulo vazio confirma a ressurreição


corporal de Jesus.
Alguns cristãos de Corinto re- Sempre aparecerão pessoas
sistiam à doutrina da ressurrei- para contestar que Jesus ressusci-
ção. Não acreditavam que haveria tou dos mortos. Porém, as aparições,
ressurreição do corpo. Mas Pau- várias vezes e a muitas pessoas dife-
lo é enfático ao dizer que, assim rentes, comprovam a ressurreição.
como Cristo ressuscitou, também Paulo não pretende dar uma lista
os que creem Nele ressuscitarão. completa, Ele não menciona várias
Se não tivéssemos essa certe- aparições mencionadas nos evange-
za, vã seria a nossa crença, não te- lhos. Todavia, enriquece a lista com
ríamos uma mensagem a anunciar mais três aparições não menciona-
e continuaríamos sem perdão; das nos evangelhos qual sejam: a
porque um deus morto não salva mais de 500 irmãos, a Tiago e a si
ninguém. próprio. Cefas, os doze apóstolos,
Para provar aos coríntios que Tiago, e mais de quinhentos irmãos
existe ressurreição, Paulo lança (At 1.1-15; 9.8).
mão do Evangelho, menciona as Quando Paulo escreveu a car-
ocasiões em que Jesus apareceu ta, algumas testemunhas oculares
vivo e fala sobre o seu próprio en- ainda estavam vivas; outras já dor-
contro com o Cristo ressuscitado. miam.
Podemos crer firmemente na
I. A RESSURREIÇÃO DE ressurreição de Cristo. Crer segu-
CRISTO (1Co 15.1-34) ramente na ressurreição do Cristo é
crer no Seu triunfo sobre o pecado e
A ressurreição de Cristo, além a morte (1Co 15.56-57). Paulo alerta
de provar a sua divindade, é tam- sobre o erro de esperar em Cristo
bém a garantia de que os mor- somente para esta vida, como se
tos em Cristo irão ressuscitar no ela fosse durar para sempre. Existe
acontecimento da volta de Jesus. a vida eterna além desta vida, e que
pode repercutir significativamente
1. Testemunhas da ressurreição na existência humana.
(1Co 15.4-8)
Depois, foi visto por mais de quinhen- 2. As primícias dos que dormem
tos irmãos de uma só vez, dos quais a (1Co 15.20-23)
maioria sobrevive até agora; porém Cada um, porém, por sua própria
alguns já dormem (15.6). ordem: Cristo, as primícias; depois,
A crucificação e a ressurreição são os que são de Cristo, na sua vinda.
os fatos centrais dos Evangelhos e (15.23)
comprovam que Jesus é o Messias Nestes versos, Paulo trata da
predito no Antigo Testamento. O tú- ordem dos acontecimentos deste

72
PR Enaldo Brito Lição 12 - 1Coríntios 15: O Poder da Ressurreição de Cristo

dia glorioso da volta de Jesus: pri- "conversas fiadas": “As más con-
meiro, a ressurreição dos que esti- versações, corrompem os bons
verem mortos; em seguida, a trans- costumes” (v. 33).
formação dos que estiverem vivos. "Doutra maneira, que farão os
Os dois episódios correspondem que se batizam por causa dos mortos?
àquilo que aprendemos como res- Se, absolutamente, os mortos não res-
surreição para a vida eterna. suscitam, por que se batizam por cau-
Cristo foi o primeiro a ressusci- sa deles?" (15.29).
tar dentre os mortos e jamais mor- Parece que em Corinto havia
rerá novamente. Ele foi o primeiro pessoas que eram batizadas a fim
de todos, abrindo o caminho, mas de garantir ressurreição de parentes
na Sua vinda será a vez daqueles que tinham morrido. Paulo não esta
que Nele dormiram e aguardam. apoiando esta prática, ele usa apenas
Ele é o nosso precursor; é o penhor para ilustrar seu argumento com a
de que também nós ressuscitare- própria prática dos coríntios.
mos ou seremos transformados Alguns de dentro da igreja já
se estivermos vivos durante este estavam assimilando ideias contra
grande evento (1Ts 4.1,16-18). a ressurreição e corrompendo os
bons costumes cristãos, isso por
3. Ressurreição e vida prática causa das más companhias e con-
(1Co 15.32,33) versações. Vale muito aquele dita-
Se, como homem, lutei em Éfeso do popular: “Diz-me com quem tu
com feras, que me aproveita isso? andas e te direi quem és”.
Se os mortos não ressuscitam, co-
mamos e bebamos, que amanhã II. O CORPO DA
morreremos. (15.32) RESSURREIÇÃO
Paulo adverte com certa ironia (1Co 15.35-49)
sobre as consequências de se igno-
rar a verdade acerca da ressurreição 1. Adão e Jesus (1Co 15.48,49)
após a morte física. Nenhum esforço Como foi o primeiro homem, o ter-
valeria a pena e seria mais proveito- reno, tais são também os demais
so viver um estilo de vida despreo- homens terrenos; e, como é o ho-
cupado e desregrado até a hora da mem celestial, tais também os ce-
morte. lestiais (15.48).
De fato, muitos dos que nega- Nesta passagem, Paulo faz um
vam a ressurreição vindoura esta- contraste entre Adão e Cristo. Na-
vam agindo assim e convencendo turalmente, semelhante a Adão,
a outros de que deveriam viver da nascemos com um corpo terres-
mesma maneira (1Co 15.32,33). tre, sujeito à morte e aos desgastes
Paulo os chama à razão e os acon- físicos. Já em Cristo, na Sua vinda,
selha a não darem ouvidos a essas receberemos o corpo espiritual,

73
PR Enaldo Brito
Lição 12 - 1Coríntios 15: O Poder da Ressurreição de Cristo

que está isento de qualquer tipo Por estarmos unidos a Adão, have-
de desgaste físico. Ele será es- remos de morrer, mas aquele que
piritual, celestial e imortal (1Co está unido a Cristo, há de ressuscitar.
15.21-22). Paulo poderia, se quisesse, ter dito
"Mas alguém dirá: Como ressus- apenas que para Deus.
citam os mortos? E em que corpo
vêm?" (15.35). Os coríntios tinham 2. Carnal versus espiritual
um bloqueio para compreender a (1Co 15.50)
ressurreição dos mortos. Um corpo Isto afirmo, irmãos, que a carne e o
que já se encontra em decomposição sangue não podem herdar o reino
e se incorporou aos elementos de de Deus, nem a corrupção herdar a
sua origem – o pó da terra –­ pode ser incorrupção.
restaurado, numa natureza gloriosa? Temos um corpo terreno. Se nas-
Paulo chama os seus inquiri- cemos em um território terreno, é
dores de insensatos. Querem ser natural absorvemos todas as suas
tão sábios, mas não compreendem características; já o que é celestial traz
a lei primordial da vida vegetal? consigo as coisas celestiais. Quando
Uma árvore, para nascer, precisa nascermos de novo, passaremos a fa-
primeiramente que a semente caia zer parte do “território celestial”.
no solo e seja enterrada (morra) Quando Paulo afirma que “car-
para depois germinar e, em segui- ne e sangue não podem herdar o
da, nascer a planta. A semeadura Reino de Deus”, indica que nossos
da semente (ou morte da mesma) corpos físicos, por estarem sujeitos
é a origem de sua germinação, a à corrupção, não podem adentrar
partir da qual ela se tornará uma no lugar celestial (Mt 16.17). Isso
planta, um pé de milho, por exem- não significa que não teremos um
plo, com muitas espigas e milha- corpo, mas que herdaremos um
res de grãos. Existe um nexo cau- novo corpo não sujeito às fraque-
sal entre a morte da semente e a zas da carne, ou seja, transforma-
sua germinação. Nesse fenômeno do. Um corpo transformado, espi-
da vida temos uma representação ritual, glorificado, imortal. Aleluia!
do que acontece na ressurreição.
Não deve causar espanto o fato 3. A transformação do corpo
de que nossos corpos, incorpora- (1Co 15.51)
dos ao solo, serão ressuscitados Eis que vos digo um mistério: nem
em estado glorioso. Deus dará um todos dormiremos, mas transfor-
novo corpo como lhe aprouver dar. mados seremos todos.
Se todos hão de morrer por cau- Paulo ressalta que no momento
sa de um homem – Adão – todos que exato da “volta de Jesus” alguns es-
morrem em Cristo hão de ressusci- tarão vivos. Aqui, o termo “dormir” é
tar por causa de um homem – Cristo. um eufemismo usado para a morte.

74
PR Enaldo Brito Lição 12 - 1Coríntios 15: O Poder da Ressurreição de Cristo

A geração que estará viva, esperan- seja, a morte foi totalmente vencida,
do a volta de Jesus será transformada abolida para sempre!
e arrebatada sem passar pela morte. No versículo 55, Paulo cita
Tamanha era a expectativa do retorno Oseias 13.14. “Onde está, ó morte, a
de Jesus, que Paulo emprega o termo tua vitória?”. A morte foi aniquilada,
“nós”. A expectativa de Paulo nos faz não existirá mais. Paulo pergunta
refletir e nos inspira a vivermos prepa- onde está o aguilhão (vara longa
rados para a vinda de Jesus a qualquer com ponta de ferro afiada, usada
momento, até mesmo hoje! para tanger animais) da morte? O
aguilhão da morte é o pecado, que
III. A RAPIDEZ DA está cheio de veneno infernal. Ele foi
RESSURREIÇÃO também destruído. Ao vencer o pe-
(1Co 15.50-58) cado, Jesus anulou o que dava poder
à morte e ao Diabo (Hb 2.14,15).
1. Um piscar de olhos (1Co 15.52)
Num momento, num abrir e fechar 2. A última trombeta (1Co 15.52)
de olhos. Ao ressoar da última trombeta.
Quando Paulo diz: “Num mo- No Antigo Testamento a trom-
mento”, quer dizer numa fração de beta tinha vários usos:
segundo, num piscar de olhos. A últi- 1) Como um instrumento litúr-
ma trombeta ressoa, na imitação do gico para convocar Israel ao en-
comandante, conclamando seu exér- contro do Senhor (Êx 19.16-17);
cito para a batalha, os mortos ressus- 2) Para adorá-lo na Festa das
citarão primeiro e os salvos que es- Trombetas (Lv 23.23-25);
tiverem vivos serão transformados. 3) Anunciar o descanso do ano
Aqueles que já morreram em do jubileu (Lv 25.9);
obediência a Deus, desde Adão, res- 4) Também era usada para
suscitarão incorruptíveis. Aqueles convocar os soldados para batalha
que estiverem vivos serão transfor- (Jz 7.19-23; Jr 4.19).
mados, de corpos corruptíveis para Essa última trombeta mencio-
corpos incorruptíveis. Quando este nada por Paulo será tocada em
corpo assim tornar-se espiritual, breve e levará todo o crente fiel à
o corruptível se revestirá de incor- Jerusalém Celestial.
ruptibilidade e o que é mortal se
revestirá de imortalidade. Cumprir- 3. O triunfo sobre a morte
-se-á o que está escrito em Isaías (1Co 15.53-58)
25.8. “Tragará a morte para sempre, Portanto, meus amados irmãos,
e, assim, enxugará o SENHOR Deus sede firmes, inabaláveis e sempre
as lágrimas de todos os rostos, e tira- abundantes na obra do Senhor, sa-
rá de toda a terra o opróbrio do seu bendo que, no Senhor, o vosso tra-
povo, porque o SENHOR falou”. Ou balho não é vão (15.58).

75
PR Enaldo Brito
Lição 12 - 1Coríntios 15: O Poder da Ressurreição de Cristo

Diante do falso ensino e tantas corajamento é o que está reserva-


tentações diferentes, a esperança do para todos nós. A vida eterna e
da ressurreição deve incentivar galardão celestial para os que ser-
os coríntios a perseverar em sua vem a Deus de modo inabalável e
fé. Paulo sente-se plenamente re- participam abundantemente da
compensado em expor aos corín- sua obra. Naquele dia, teremos re-
tios a doutrina da ressurreição. compensa completa.
O apóstolo Paulo termina o seu Nunca deixemos de cultivar a
argumento, fazendo uma gloriosa santificação, para manter essa espe-
declaração de gratidão a Deus que rança e anseio por esse dia glorioso,
nos dá a vitória por intermédio de quando, na extensão máxima da ex-
nosso Senhor Jesus Cristo e uma pressão, a morte será tragada para
exortação de encorajamento aos sempre e milhões de vozes, após o
irmãos. "Portanto, meus amados longo silêncio do túmulo, brada-
irmãos, sede firmes, inabaláveis e rão, de uma vez por todas, a can-
sempre abundantes na obra do Se- ção triunfante: "Onde está, ó morte,
nhor, sabendo que, no Senhor, o vos- a tua vitória? Onde está, ó morte, o
so trabalho não é vão" (1Co 15.58). teu aguilhão?” (v. 55). Glória a Deus!
A razão dessa exortação de en- Maranata! Ora vem senhor Jesus!

APLICAÇÃO PESSOAL
Glória a Deus que nos dá a vitória, por intermédio de nosso Senhor
Jesus Cristo para sermos firmes, e constantes e sempre abundantes
nesta vida e por fim gozarmos a vida eterna com Jesus, no céu.

RESPONDA
1) Qual seria a decorrência lógica, segundo Paulo, de Cristo não haver ressuscitado?

2) Qual o paralelo entre a união da humanidade com Adão e a união com Cristo?

3) O que ocorrerá aos corpos dos fiéis ressurretos?

76
PR Enaldo Brito
LIÇÃO 13
1CORÍNTIOS 16: PLANOS E SAUDAÇÃO
FINAL
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Entender o valor da caridade
Em 1 Coríntios 16 há 24 versos. entre os irmãos.
Sugerimos começar a aula lendo, • Saber que o Evangelho genuíno
com todos os presentes, 1 Coríntios pode “abrir portas” e gerar con-
16.1-24 (5 a 7 min.). tenda com o inferno.
A revista funciona como guia de es- • Incentivar a prática dos valores
tudo e leitura complementar, mas cristãos como: amor, igualdade e
não substitui a leitura da Bíblia. renúncia.
Parabéns, inestimável profes- PARA COMEÇAR A AULA
sor! Chegamos à última lição
de mais um trimestre. Conclua Começamos e vamos terminar es-
esta revista, percebendo que o tas lições interrogando a nossa classe!
Capítulo 16 do texto em estudo Pergunte: Quem já desejou que Deus
sucede a uma orientação sobre abençoasse os projetos da igreja lo-
morte e ressurreição Mas, de re- cal? Pergunte também: É melhor
pente, Paulo trocou de assunto e dizer: “Deus abençoe" ou "Deus me
começou a falar em dinheiro, o use para abençoar sua obra”? Deus é
que mostra que tantos assuntos espírito, e quando ele quer abençoar
escatológicos, a exemplo da últi- algo, comumente, Ele escolhe um cor-
ma lição, bem como assuntos so- po e usa-o para ser um instrumento
bre dons e tantos outros tratados de bênçãos. Ou seja, Ele quer usar as
nesta revista, são tão importantes nossas mãos ou nosso esforço para
quanto contribuição. abençoar os projetos da Sua obra.
Paulo trabalhava para não ser As ofertas não se limitaram à Lei
um peso às igrejas, no entanto ele de Moisés, mas caminharam com a
nunca foi relutante em falar a res- igreja primitiva e devem permane-
peito de ofertas para atender às cer com a igreja até Jesus voltar.
necessidades da obra e do povo
do Deus. RESPOSTAS DA PÁGINA 82
1) A igreja em Jerusalém.
2) Sob a permissão do Senhor.
3) O Senhor vem.

I
PR Enaldo Brito
Lição 13 - 1Coríntios 16: Planos e Saudação Final

LEITURA ADICIONAL

As comunidades cristãs são mantidas ao longo de gerações por uma


sucessão de líderes semelhantes a Cristo. As instruções de Paulo a Ti-
móteo em 2Timóteo 2.2 (que ecoam Êx 18.21) indicam claramente que
o processo de discipular, avaliar, incumbir e liberar novos líderes para
trabalhar é o sistema correto de transmitir liderança e autoridade den-
tro da igreja de Cristo. Vemos outra imagem dessa realidade quando
Paulo se despede dos presbíteros efésios em Atos 20.13-38. A fé cristã
é um chamado para todas as épocas da vida; a opção de nos aposentar-
mos cedo de nosso trabalho cristão nunca será uma opção.
Oliver Wendell Holmes. Certa vez, Holmes afirmou: "Os homens
não param de brincar porque envelhecem; eles envelhecem porque
param de brincar". O mesmo se aplica aos cristãos no tocante a seu
chamado e a sua vocação: cristãos idosos não se afastam de sua mis-
são e de seu propósito no reino porque estão cansados e deprimidos;
ficam cansados e deprimidos quando se afastam de sua missão e de
seu propósito no reino.

Livro: "1 Coríntios" (Preben Vang. Série Comentário Expositivo. Editora Vida Nova
- SP, 2018, pág.235).

II
PR Enaldo Brito
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 13 Leitura Bíblica Para Estudo


1 Coríntios 16.1-24
Verdade Prática
1CORÍNTIOS 16: Ser cristão é seguir as pegadas
do Cristo ressurreto, confiando
PLANOS E Nele que tem todo o poder nos
céus e na terra.
SAUDAÇÃO FINAL
INTRODUÇÃO

I. O VALOR DA SOLIDARIEDADE
1 Co 16.1-3

1. Ajuda à igreja em Jerusalém 1Co 16.3

Texto Áureo 2. A urgência da ordem 1Co 16.1


"Sede vigilantes, permanecei
3. O primeiro dia 1Co 16.2
firmes na fé, portai-vos varonil-
mente, fortalecei-vos."
II. OS PLANOS DE PAULO 1Co 16.4-12
1Co16.13
1. Irei, porém, ter convosco 1Co 16.5-6

2. Longo tempo em Corinto e Éfeso


1Co 16.7-8

3. Uma porta grande se abriu 1Co 16.9

III. CONSELHOS FINAIS 1Co 16.13-24


1. Vigiar e permanecer firme 1Co 16.13

2. Fazer tudo com amor 1Co 16.14


3. Ósculo santo e Maranata 1Co 16.20-24

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
1Co 1Co 1Co 1Co 1Co 1Co
16.15 16.17 16.18 16.19 16.23 16.24

Hinos da Harpa: 449 - 107

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PR Enaldo Brito
Lição 13 - 1Coríntios 16: Planos e Saudação Final

INTRODUÇÃO O profeta Ágabo profetizou


uma “grande fome por o todo
No capítulo anterior, 15, mundo” (At 11.28). Ágabo era um
Paulo nos levou às regiões celes- profeta oriundo da região da Pa-
tiais, falando sobre o arrebata- lestina que anteviu a perseguição
mento e o que acontece com os e prisão de Paulo em Jerusalém
que morrem primeiro, mas agora, (At 21.10-11).
saímos das nuvens e voltamos Esta fome foi registrada por
para a terra. No capítulo 16, o au- historiadores como: Tácito, Sue-
tor discorre sobre coisas muito tônio e Flávio Josefo. Estes re-
práticas do dia a dia da igreja, e lataram que houve uma grande
inicia falando sobre a coleta para fome que assolou o leste do Me-
os santos mais necessitados. diterrâneo, por volta de 40 d.C.
Em meio a esse caos anuncia-
I. O VALOR DA do, Paulo ergue-se para incentivar
SOLIDARIEDADE (1Co 16.1-3) os cristãos a realizar caridades e
a serem solidários. Essa crise afe-
A comunidade dos discípulos tou grande parte das igrejas. Os
de Jesus não pode deixar de lado irmãos menos afetados e que go-
questões relacionadas à obra de zavam de melhores condições ti-
caridade. A ênfase na salvação de nham o dever moral de ajudar os
almas não pode servir como des- seus irmãos mais necessitados.
culpa para fecharmos os olhos à
realidade ao nosso redor, princi- 2. A urgência da ordem (1Co 16.1)
palmente quando os nossos pró- Quanto à coleta para os santos,
prios irmãos na fé estão passan- fazei vós também como ordenei às
do por necessidades. igrejas da Galácia.
Um fator primordial a ser sa- Na terceira viagem missio-
lientado é que a caridade pode nária de Paulo, ele se empenhou
não ter relevância na Salvação do em coletar o máximo de doações
homem, porém é um inequívoco para ajudar os pobres da igreja-
resultado e uma verdadeira evi- -mãe em Jerusalém. Nas igrejas
dência da salvação e bom teste- formadas por Paulo, esse gesto
munho. estava amadurecendo, o valor da
solidariedade entre os cristãos.
1. Ajuda à igreja em Jerusalém A urgência era tamanha que
(1Co 16.3) Paulo não só pede, ele pratica-
E, quando tiver chegado, enviarei, mente ordena. Ele sabia e reco-
com cartas, para levarem as vossas nhecia o valor da caridade e da
dádivas a Jerusalém, aqueles que solidariedade cristã entre as igre-
aprovardes. jas em quaisquer circunstâncias,

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PR Enaldo Brito Lição 13 - 1Coríntios 16: Planos e Saudação Final

principalmente, neste caso, por agora a adoração ganha um novo


se tratar da igreja em Jerusalém. contorno, o principal culto era no
Por isso, tinha urgência e incenti- domingo, por causa da ressurrei-
vava todas as igrejas: Asia Menor, ção de Jesus neste dia.
Grécia e Macedonia. Paulo aproveita o ensejo para
Ninguém era obrigado a par- sensibilizar o coração dos fiéis a
ticipar e muito menos encora- doarem generosamente, confor-
jado a dar mais do que podia. A me a prosperidade de cada um
exigência e o estímulo da coleta (v. 2). Observemos que é propor-
de doações entre os cristãos era cional ao que tinham, segundo
um modo de equilibrar as de- a prosperidade dada por Deus
ficiências econômicas entre os a cada um, nada aquém ou além
crentes em tempo de crise ou es- disso. Ele não queria que nenhu-
cassez (2Co 8.13-15). É por este ma “esforço de última hora” ou
motivo que o povo de Corinto es- oferta mais sacrificial fosse feita
tava sendo motivado a ajudar os após a sua chegada, preferiu re-
mais necessitados. comendar que fossem se organi-
zando antes e fazendo aos poucos
3. O primeiro dia (1Co 16.2) para que quando chegasse, cada
No primeiro dia da semana, cada um já tivesse uma quantia para
um de vós ponha de parte, em ajudar os necessitados em Jeru-
casa, conforme a sua prosperida- salém.
de, e vá juntando, para que se não Vemos também o cuidado e a
façam coletas quando eu for. transparência com a qual Paulo
Geralmente, no domingo, ou conduziria a oferta e a entregaria
seja, o “primeiro dia da semana”, no destino certo, junto com pes-
os fiéis se reuniam e entregavam soas confiáveis escolhidas pela
suas ofertas como forma de agra- própria igreja (v. 3,4).
decimento (At 20.7).
Este dia era muito comemora- II. OS PLANOS DE PAULO
do pelo acontecimento da ressur- (1Co 16.4-12)
reição do Senhor. Por este e outros
motivos, os cristãos daquela época 1. Irei, porém, ter convosco
se reuniam no primeiro dia da se- (1Co 16.5-6)
mana para adorar a Deus. . Vemos Irei ter convosco por ocasião da
aqui uma nova característica da minha passagem pela Macedô-
Igreja que crescia também, e pre- nia, porque devo percorrer a Ma-
dominantemente, entre os gentios. cedônia (16.5).
No início da Igreja, se reuniam no Paulo havia projetado que de-
sábado, porque eram judeus que pois de passar pela Macedônia iria
se converteram ao Evangelho, mas à cidade de Corinto. Almejava pas-

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PR Enaldo Brito
Lição 13 - 1Coríntios 16: Planos e Saudação Final

sar um longo tempo com os cris- há muitos adversários.


tãos daquela cidade. Isso porque "Uma porta grande” se refere
sabia da necessidade deste povo. aos grandes feitos de Deus atra-
Porém, Paulo sabia que esta vi- vés das viagens missionárias de
sita só poderia ocorrer mediante Paulo, principalmente da terceira
uma ressalva: “se o Senhor permi- viagem (cf. At 19).
tir” (v. 7), demonstrando depen- Um destes feitos está regis-
dência total de Deus. trado em Atos 19, quando Paulo
impôs as mãos sobre alguns dos
2. Longo tempo em Corinto e moradores de Éfeso e estes fo-
Éfeso (1Co 16.7-8) ram batizados no Espírito Santo
Porque não quero, agora, ver-vos e falaram em outras línguas (At
apenas de passagem, pois espero 19.6). Como parte do povo de
permanecer convosco algum tem- Éfeso aceitara a Cristo como sal-
po, se o Senhor o permitir (16.7). vador, houve uma grande revolta
A estada de Paulo em Corinto dos adoradores da deusa Diana.
foi um período longo de dezoito Os ourives fabricantes de ima-
meses (At 18.10,11), só superado gens foram esses grandes adver-
pelo tempo que ficou em Éfeso, sários que se levantaram contra
onde o apóstolo se demorou por Paulo e o Evangelho de Jesus que
três anos (At 20.31). Logo, isto lhe estava sendo anunciado na cida-
proporcionou um ministério pro- de de Éfeso (At 19.8-41).
fícuo e a oportunidade de efetuar
um grande trabalho, o qual pros- III. CONSELHOS FINAIS
perou fazendo de Corinto um dos (1Co 16.13-24)
mais importantes centros cristãos
da igreja primitiva. 1. Vigiar e permanecer firme
Com os cristãos de Corinto, (1Co 16.13)
Paulo manteve uma das mais Sede vigilantes, permanecei firmes
efusivas relações epistolares, na fé, portai-vos varonilmente, for-
destinando a eles pelo menos talecei-vos.
três epístolas, uma das quais nos Paulo recomenda aos irmãos
é desconhecida (1Co 5.9). de Corinto que permanecessem
Foi em Corinto que Paulo es- vigilantes e firmes. Nos tempos
creveu a carta aos Romanos, e a 1ª bíblicos o termo vigiar tinha mui-
e 2ª Tessalonicenses. ta relevância. A expressão “vigiar”
significa literalmente “manter a
3. Uma porta grande se abriu luz acesa”. Jesus afirma que so-
(1Co 16.9) mos "a luz do mundo" (Mt 5.14).
Porque uma porta grande e opor- E, nestes momentos difíceis, nos
tuna para o trabalho se me abriu; e quais as trevas têm se alastrado

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PR Enaldo Brito Lição 13 - 1Coríntios 16: Planos e Saudação Final

por toda parte, temos que nos er- 3. Ósculo santo e Maranata
guer como “luz”. O prêmio por an- (1Co 16.20-24)
dar na luz é não ser pego de sur- Todos os irmãos vos saúdam. Sau-
presa no dia da volta do Senhor dai-vos uns aos outros com ósculo
(1Ts 5.4; Mt 25.6-13). santo (16.20)
Outro conselho de Paulo foi Nos dias atuais é comum sau-
para que o povo estivesse firme na darmos uns aos outros com aper-
fé. Alguns poderiam pensar: “Mas to de mãos e abraços. Naqueles
a fé não é algo abstrato? Como, tempos, porém, o gesto comum
pois, se firmar nela?”. Não é bem de saudação era o “ósculo santo”,
assim. “A fé é o firme fundamento” literalmente, um beijo no rosto.
(Hb 11.1, ARC), e o seu fundamen- Esse exemplo foi referido por Je-
to é o próprio Jesus (1Co 3.11). sus (Lc 7.45) e usado na parábo-
É por isso que a fé, algumas ve- la do “filho pródigo”. A Bíblia diz
zes, manifesta-se como concreta, que o pai “correndo, o abraçou,
quando nossas ações demonstram e beijou” (Lc 15.20). Atualmente
nossa confiança Nele. Um exemplo nós usamos o aperto de mãos, di-
disso ocorre quando Jesus vê os zendo: "A paz do Senhor!".
quatro homens que levavam um "Se alguém não ama o Senhor,
paralítico até Ele em Cafarnaum: seja anátema. Maranata! A graça do
“Vendo-lhes a fé” (Mc 2.5). Jesus Senhor Jesus seja convosco. O meu
viu a fé daqueles homens pela amor seja com todos vós, em Cristo
atitude que estavam tomando, ao Jesus" (v. 22,23). Nas últimas pala-
levar o seu amigo doente até Ele. vras de Paulo, ele emprega o termo
Será que, se Jesus olhar para as “Maranata”. Este termo é de origem
suas ações, poderá ver também a aramaica, e se traduz como: “O Se-
sua fé? nhor Vem”. Este termo está relacio-
nado ao arrebatamento, o dia que
2. Fazer tudo com amor Jesus virá para buscar a Sua igreja.
(1Co 16.14) Ao utilizar esta palavra, o após-
Todos os vossos atos sejam feitos tolo Paulo estava incentivando a
com amor. igreja a viver uma vida de vigilân-
O amor é parte fundamental cia. O povo de Corinto não poderia
para o serviço na obra do Se- viver uma vida descuidada e, ao
nhor. Nenhum serviço para Deus mesmo tempo, esperar ser arreba-
deve ser realizado por imposi- tado e encontrar-se com o Senhor.
ção ou qualquer outra motiva- Há grande semelhança entre
ção que não seja amor. O próprio o final desta carta e as últimas
Paulo já havia falado que “se não palavras da Bíblia, no Apocalip-
tivesse amor”, nada aproveitaria. se: "Amém! Vem, Senhor Jesus!"
(1Co 13.1). (Ap 22.20,21).

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PR Enaldo Brito
Lição 13 - 1Coríntios 16: Planos e Saudação Final

E assim, Paulo conclui a carta, É por causa da ressurreição


assinando-a com seu próprio pu- de Jesus e da certeza da Sua vin-
nho, e afirmando: Maranata!, Ou da que temos razão para viver
seja: "Nós acreditamos que Jesus unidos como Igreja Dele, com
ressuscitou dentre os mortos e integridade. Moral e sexual. É a
há de voltar". Isto significa que o fonte de energia para amar ou-
Evangelho mostra toda uma nova tras pessoas mais do que a nós
realidade de vitória sobre a mor- mesmos e, em última análise, é a
te e o pecado. Não é apenas um nossa vitória sobre o pecado e a
conselho moral ou uma receita morte. Juntos dizemos: Marana-
de espiritualidade pessoal. ta! Vem, Senhor Jesus!

APLICAÇÃO PESSOAL
Somos incentivados a permanecer firmes em todo o tempo e, princi-
palmente, quando a nossa fé e valores cristãos são desafiados ao inte-
ragirmos com o mundo. Maranata! Vem, Senhor Jesus!

RESPONDA
1) Para qual igreja Paulo ordeou a coleta de uma oferta em Corinto?

2) Sob qual condição Paulo desejava visitar a Igreja em Corinto?

3) O que significa o termo "Maranata"?

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Pg. 83
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CAPA3
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