Você está na página 1de 63

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO

1. O livro do Apocalipse
2. Informações acerca do livro
3. O estudo do Apocalipse
4. A simbologia dos números

2. PANORAMA GERAL

1. Os capítulos da Revelação
2. O tempo da promessa
3. O significado do quinto selo
4. O sangue dos mártires
5. Três exemplos específicos
1. A ressurreição das duas testemunhas
2. O dragão e a mulher
3. Novo céu e nova terra
6. Informações do livro
7. O tempo em apocalipse
8. A validade da mensagem
9. As sete bem aventuranças
10. As sete igrejas
11. Os sete espíritos
12. A identidade de Cristo
13. A majestade de Jesus
14. João em Patmos
15. Lições que perduram por toda a eternidade

3. O DESVENDAR DAS CARTAS DO APOCALIPSE

1. Cartas às igrejas
2. A carta à igreja em Éfeso
3. A carta à igreja em Esmirna
4. A carta à igreja em Pérgamo
5. A carta à igreja em Tiatira
6. A carta à igreja em Sardes
7. A carta à igreja em Filadélfia
8. A carta à igreja em Laodicéia

4. A VISÃO DO TRONO DE DEUS

5. DIGNO É O CORDEIRO

6. O CORDEIRO ABRE OS PRIMEIROS SELOS

7. OS SERVOS QUE PERTENCEM A DEUS

8. AS PRIMEIRAS QUATRO TROMBETAS

9. OS TRÊS AIS

2
INTRODUÇÃO

Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e


guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo.
Apocalipse 1:3

O livro do Apocalipse

Falar sobre Apocalipse é adentrar às câmaras secretas dos grandes mistérios que Deus tem
revelado acerca dos últimos tempos. De fato, temos tido o enorme privilégio ao receber parte
dessas revelações neste livro da Bíblia Sagrada. O livro de Apocalipse é, sem sombra de
dúvida, uma benção de Deus para a edificação da igreja e para seu preparo concernente à
volta iminente de Cristo Jesus.

Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem
acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João,
Apocalipse 1:1

O que o estudante honesto deveria fazer com este livro? Deveríamos nos retrair com medo,
achando que os acontecimentos assustadores das manchetes sejam o cumprimento das
profecias do Apocalipse? Deveríamos orgulhosamente cantar vitórias sobre as forças do mal
cada vez que uma nação ou líder ímpio cai do poder? Deveríamos fechar nossas Bíblias
diante de nossas perplexidades e incertezas?

Jamais! O Apocalipse é um livro que Deus deixou para a edificação da igreja de Cristo na
Terra, para que tornemo-nos cada vez mais aguçados aos sinais dos anos: Jesus está
voltando.

Para isso serão necessárias algumas observações sobre a abordagem do livro, a linguagem
profética e simbólica, a história do período, etc.. Por valorizarmos as próprias escrituras acima
de qualquer fonte extrabíblica, procuraremos sempre informações e exemplos na própria
Bíblia Sagrada para esclarecer o sentido das expressões encontradas nesse livro.

Estudaremos o Apocalipse e, depois, quando possível, considerarmos informações


históricas. Não começaremos com a história ou com as manchetes do dia para interpretar a
Palavra. Quando não encontrarmos informações históricas para explicar algum aspecto de

3
uma profecia, ainda respeitaremos a veracidade da palavra de Cristo acima do registro dos
historiadores: a palavra de Deus está acima de todas as coisas.

Informações acerca do livro

O verdadeiro autor de Apocalipse é o próprio Deus. Do ponto de vista humano, entretanto, a


autoria é de João, filho de Zebedeu:

bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus sócios. Disse Jesus a Simão: Não temas; doravante
serás pescador de homens.
Lucas 5:10

Segundo as teorias acadêmicas mais aceitas, o livro data de 96 d.C. O lugar de escrita foi a
Ilha de Patmos, situada na Ásia Menor, no Mar Egeu, com 40 quilômetros de superfície e uma
população de 3000 habitantes. Lá o palco foi armado para a consolidação dessas
extraordinárias revelações que tanto nos edificam e consolidam nossa fé.

O livro de Apocalipse tem 22 capítulos, 404 versículos, 12.000 palavras e apenas nove
perguntas. O livro é repleto de simbolismos, em especial o número 7:

Sete Cartas às Sete Igrejas da Ásia, atual Turquia; os Sete Selos em um livro nas mãos de
Deus; as Sete Trombetas; Sete Castiçais de ouro; os Sete Anjos, um Cordeiro com Sete
Pontas e Sete Olhos; o Dragão Vermelho com Sete Cabeças e Sete Diademas; uma besta
semelhante ao leopardo com Sete Cabeças e Sete Diademas; Sete Montes e Sete Reis; Sete
Bem Aventuranças para os remidos.

O estudo de Apocalipse

Mas como devemos abordar o estudo do Apocalipse? Inicialmente devemos começar com a
Bíblia, não a história humana. A Bíblia Sagrada é a base e o fundamento que nos leva a
encontrar todas as respostas cabíveis e necessárias para o desempenho de nossa fé e do
nosso ministério.

4
Deus falou antes mesmo dos acontecimentos históricos, e a Sua palavra inspirada é
verdadeira e exata. Mesmo quando faltam registros humanos de cumprimentos precisos, a
palavra é o fundamento maior e mais gabaritado de nossa fé.

Podemos ilustrar esse problema considerando o texto de Mateus 24:1-34. Aqui, Jesus fala de
eventos específicos e catastróficos que ocorreriam em Jerusalém:

Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.
Mateus 24:34

Qualquer pessoa que respeite a palavra de Cristo pode saber que a profecia foi cumprida
ainda na época em que a geração de Cristo estava viva. Vamos lembrar desde o princípio
que Jesus revelou coisas que ocorreriam logo depois que João as registrou:

Disse-me ainda: Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu
anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer. Eis que venho sem demora. Bem-
aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.
Apocalipse 22:6-7

Devemos reconhecer o estilo simbólico da linguagem empregado pelo Espírito Santo na


escrita do livro. Da mesma maneira que o Espírito fez em várias outras partes da Bíblia, aqui
há uma linguagem simbólica ou figurativa, frequentemente com descrições físicas que
retratam conceitos espirituais. Este era o costume de Jesus em suas parábolas:

Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais
terá sede.
João 6:35

Jesus, pois, lhes afirmou de novo: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.
João 10:7

Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor.


João 15:1

Não nos deveríamos surpreender que a linguagem seja figurativa ou simbólica: outros livros
da Bíblia Sagrada, especialmente Ezequiel, Daniel e Zacarias, empregam linguagem
semelhante, tornando esse estilo de revelação algo que coincide com aquele recebido
anteriormente.

5
Ditar quais partes da narrativa são figurativas e quais são literais é um método ruim.
Apocalipse é um livro de visões, isto é, ideias celestiais que excedem a imaginação humana
ao não se reduzirem a algo meramente físico ou meramente literal.

Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem
acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, o qual atestou a palavra
de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu.
Apocalipse 1:1,2

Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como
o sol, e as pernas, como colunas de fogo;
Apocalipse 10:1

Para entendermos as coisas de Deus, precisamos colocar nosso tempo, nossa vida e nossa
mente cativa às coisas do Espírito Santo. O Espírito Santo foi, é e sempre será o maior
intérprete das Sagradas Escrituras.

Conforme o registro do capítulo um, este livro não é uma mera transmissão de palavras, mas
sim uma mensagem dos símbolos e imagens que Deus permitiu a João visualizar naquela
ilha. Estas revelações do Apocalipse falam das coisas que estavam para acontecer logo.

Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta, dizendo: O
que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia.
Apocalipse 1:10,11

Para uma leitura mais aprofundada, devemos nos atentar a alguns princípios:

Primeiro: este é um livro de profecias.

Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo,
Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta
profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste
livro.
Apocalipse 22:18,19

Profetas bíblicos frequentemente usam linguagens simbólicas e ilustrações para apresentar


a verdade. De fato, muitos conceitos errados sobre o texto de Apocalipse resultam de
esforços para interpretar literalmente a linguagem figurativa do livro.

6
Além do mais, o livro de Apocalipse foi escrito próximo do encerramento do primeiro século:
um tempo em que muitos povos do mundo estavam sujeitos ao domínio do Império Romano.
Este governo estava se tornando cada vez mais perverso e menos tolerante com povo de
Deus, e é nessa situação que Deus entrega o Apocalipse a João.

Muitos decidem estudar o livro com a determinação de encontrar aplicações modernas para
algumas das profecias, esquecendo-se do fato de que ele foi escrito originalmente para os
cristãos da Ásia, muitos dos quais sofreram severas perseguições por causa da sua fé.

João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que
há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono
Apocalipse 1:4

dizendo: O que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia
e Laodicéia.
Apocalipse 1:11

A simbologia dos números

O livro do Apocalipse utiliza-se de um estilo literário que emprega os significados simbólicos


dos números

● O número 1 fala da unidade, isto é, algo e incomparável ou exclusivo;

● O número 2 fala de força, coragem e poder;

● O número 3 é divino e fala das Três Pessoas Divinas: o Pai cria, o Filho redime e o Espírito Santo
santifica;

● O número 4 fala de coisas do mundo;

● O número 5 fala dos cinco nomes de Jesus Cristo: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade e Príncipe da Paz;

● O número 6 fala de algo incompleto e fracassado;

● O número 7 fala da perfeição;

● O número 10 fala da totalidade e também da plenitude;

7
● O número 12 fala de totalidade, especialmente do Povo de Deus (as 12 tribos, os 12 apóstolos...);

● O número 24 retrata os representantes do povo de Deus de todos os tempos;

● O número 144 é o número completo do Povo de Deus;

● Os 42 meses, os 1260 Dias e os "três anos e meio" representam um período de tempo indefinido,

PANORAMA GERAL

Os capítulos da Revelação

O livro do Apocalipse demonstra, acima de tudo, o poder de Deus de vencer o diabo e seus
asseclas. Essa mensagem servia de encorajamento para os santos angustiados num tempo
cheio de turbulências e perseguição., pois convida o leitor a se atentar ao lado espiritual das
lutas que constantemente desafiam a fé.

O capítulo primeiro apresenta o retrato categórico de Jesus Cristo em todo Seu poder,
domínio e glória. É comum que imaginemos Jesus em cenas de aparente fragilidade, seja Ele
um bebê nos braços da mãe ou uma figura moribunda na cruz. Mas Cristo é muito mais que
isso: Ele é o grande vitorioso e o Leão da tribo de Judá, Soberano dos reis da Terra.

e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele
que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados,
Apocalipse 1:5

Tudo que se segue deste livro surge dessa poderosa mensagem: Cristo está no comando de
todas as coisas, e, no final, os justos serão vitoriosos na luta contra o mal.

Os capítulos 2 e 3 contém a história das sete igrejas na Ásia menor. As sete cartas seguem
um padrão regular de saudação, lembrança da posição de Cristo, avaliação da condição da
congregação e apelo ao arrependimento unindo ao encorajamento aos fiéis para que
permaneçam firmes em sua fé.

8
O texto também carrega uma lembrança dos galardões que aguardam os santos, reafirmando
que, mesmo diante de problemas, vale a pena ser fiel:

Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Pois, pela fé, os antigos
obtiveram bom testemunho. Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira
que o visível veio a existir das coisas que não aparecem. Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício
do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por
meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala. Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não
foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a
Deus. De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus
creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.
Hebreus 11:1-6

Os capítulos 4 e 5 demonstram a posição do Pai e do Filho. João recebe a permissão de ver


o trono de Cristo, cercado por Seus servos em adoração. Aqui, a cena sai da Terra e adentra
no céu.

Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado; e esse que
se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-
íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles,
vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro. Do trono saem relâmpagos,
vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus. Há diante do
trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro
seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás.
Apocalipse 4:2-6

O próximo capítulo volta a sua atenção a Jesus que, por causa de Sua vitória sobre a morte,
é considerado digno de abrir o livro dos livros, que revelará o plano para a vitória total de
Deus sobre as forças de Satanás.

Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para
abrir o livro e os seus sete selos. Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de
pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos
de Deus enviados por toda a terra. Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono;
e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro,
tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, e entoavam
novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue
compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação
Apocalipse 5:5-9

9
Do capítulo 6 ao 20 encontram-se numerosas demonstrações de vingança e punição. Aqui,
a maioria das mensagens é organizada em séries de sete: sete selos, sete trombetas, sete
taças; bem como em três grandes juízos.

A história não termina até chegarmos à parte sétima e final. Há momentos em que a leitura
pode sugerir que a grande guerra está sendo vencida pelo diabo e seus servos, mas o livro
oferece esperança aos fiéis afirmando que Deus e seu exército de justos serão vitoriosos.

Os capítulos 21 e 22 destacam a condição dos santos vitoriosos na presença de Seus. Aqui,


os privilégios perdidos no Éden em decorrência do pecado de Adão e Eva são restaurados,
e todos desfrutam desta comunhão renovada entre Deus e o homem.

Esses capítulos empregam muito da linguagem encontrada em outros textos proféticos, e


também destacam a grandeza do Céu, a conclusão para a mensagem da Bíblia Sagrada.

O tempo da promessa

O livro do Apocalipse é guiado por uma trama, e precisamos entendê-la para que possamos
compreender a mensagem do autor.

Primeiro, devemos nos atentar ao fato de que, no relato, Jesus falou de coisas que tinham
que acontecer logo depois que o livro fosse escrito. O significado desse ponto não deve ser
diminuído: quando Deus colocou um limite no tempo para o cumprimento de sua palavra, os
leitores não tem direito de ignorar.

Algumas vezes, pessoas tentam evitar o significado desse limite com passagens como 2
Pedro 3:8:

Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil
anos, como um dia.
2 Pedro 3:8

Há aí, entretanto, um deslize. Nesta passagem, o autor está demonstrando a paciência de


Deus em adiar Seu julgamento dos malfeitores, de forma que quando Deus fala de coisas
que acontecerão logo, precisamos respeitar a veracidade de Sua palavra.

10
Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem
acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João
Apocalipse 1:1

Disse-me ainda: Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu
anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer.
Apocalipse 22:6

Esse limite de tempo é colocado tanto no começo quanto no fim do Apocalipse. Deve,
portanto, ser sempre considerado no exercício de interpretação dos capítulos intermediários.

A expressão “em breve” é usada também em outras partes do Novo Testamento. Nessas
passagens, o cumprimento do que fora dito acontece logo depois das palavras ditas:

Festo, porém, respondeu achar-se Paulo detido em Cesaréia; e que ele mesmo, muito em breve, partiria para lá.
Portanto, disse ele, os que dentre vós estiverem habilitados que desçam comigo; e, havendo contra este homem
qualquer crime, acusem-no. E, não se demorando entre eles mais de oito ou dez dias, desceu para Cesaréia; e,
no dia seguinte, assentando-se no tribunal, ordenou que Paulo fosse trazido.
Atos 25:4-6

mas, em breve, irei visitar-vos, se o Senhor quiser, e, então, conhecerei não a palavra, mas o poder dos
ensoberbecidos.
1 Coríntios 4:19

Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica e pela provisão do Espírito de Jesus Cristo, me
redundará em libertação, segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado;
antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida,
quer pela morte. Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz
fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o
desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário
permanecer na carne.
Filipenses 1:19-24

Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve;


1 Timóteo 3:14

Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está
próximo o verão.
Mateus 24:32

E ele lhes respondeu: Ide à cidade ter com certo homem e dizei-lhe: O Mestre manda dizer: O meu tempo está
próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos.
Mateus 26::18

11
Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém.
João 2:13

Ora, a Páscoa, festa dos judeus, estava próxima.


João 6:4

Ora, a festa dos judeus, chamada de Festa dos Tabernáculos, estava próxima.
João 7:2

Estava próxima a Páscoa dos judeus; e muitos daquela região subiram para Jerusalém antes da Páscoa, para se
purificarem.
João 11:55

O significado do quinto selo

Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da
palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando,
ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?
Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo,
até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente
eles foram.
Apocalipse 6:9-11

Aqui temos a linguagem dos mártires: os cristãos mortos pedem por justiça, e o texto nos
assegura que suas mortes não foram em vão, pois morreram na confiança de que Deus é
justo.

Deus punirá todos os malfeitores, mas permitirá que a perseguição continue por pouco tempo,
até que se complete “o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como
igualmente eles foram”. Deus é tardio em irar-se, mas a justiça é o cinto dos seus lombos.

O sangue dos mártires

Numerosas passagens do apocalipse ilustram a maneira como Deus respondeu ao apelo dos
santos martirizados.

● Deus vingou seu sangue:

12
E o lagar foi pisado fora da cidade, e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa extensão de mil e
seiscentos estádios.
Ap 14;20

● A terceira taça representava a merecida vingança contra aqueles que haviam


matado os profetas:

Derramou o terceiro a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue. Então, ouvi o anjo das
águas dizendo: Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas; porquanto derramaram
sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso. Ouvi do altar que se
dizia: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos.
Apocalipse 16:4-7

● Deus vingou a causa dos santos contra a Babilônia:

Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa. Então,
um anjo forte levantou uma pedra como grande pedra de moinho e arrojou-a para dentro do mar, dizendo: Assim,
com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca jamais será achada. E voz de harpistas, de
músicos, de tocadores de flautas e de clarins jamais em ti se ouvirá, nem artífice algum de qualquer arte jamais
em ti se achará, e nunca jamais em ti se ouvirá o ruído de pedra de moinho. Também jamais em ti brilhará luz de
candeia; nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá, pois os teus mercadores foram os grandes da terra,
porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria. E nela se achou sangue de profetas, de santos e de
todos os que foram mortos sobre a terra.
Apocalipse 18:20-24

porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua
prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.
Apocalipse 19:2

● Deus ressuscitou os mártires:

Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo,
fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois
disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo. Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais
foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como
por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não
receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos
mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e
santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo
contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos.
Apocalipse 20:2-6

13
Há uma clara conexão entre esse trecho e as orações do capítulo 6: eles haviam sido
decapitados por causa de sua fé, e agora estavam sendo ressuscitados para reinar
juntamente com Cristo.

Três exemplos específicos

O livro do apocalipse está repleto de cenas dos santos sendo vitoriosos em Deus.

A ressurreição das duas testemunhas:

Mas, depois dos três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou, e eles se
ergueram sobre os pés, e àqueles que os viram sobreveio grande medo; e as duas testemunhas ouviram
grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: Subi para aqui. E subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos
as contemplaram. Naquela hora, houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram,
nesse terremoto, sete mil pessoas, ao passo que as outras ficaram sobremodo aterrorizadas e deram
glória ao Deus do céu. Passou o segundo ai. Eis que, sem demora, vem o terceiro ai. O sétimo anjo tocou
a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do
seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.
Apocalipse 11:11-15

A ressurreição das duas testemunhas, que pregaram com poder e autoridade. As


forças de satanás os mataram, e começa o triunfo do mal contra o bem. Entretanto,
Deus ressuscitou as testemunhas, e as chamou aos céus e enviou punições contra
os que regozijaram com a derrota da injustiça praticada.

O dragão e a mulher:

No capítulo 12 é narrado o triunfo sobre o dragão. A mulher dá a luz a Cristo, e


satanás, o dragão e a serpente, salivava com a expectativa de devorar o filho. No
versículo 5, entretanto, ocorre a vitória completa, que frustra o maligno.

Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi
arrebatado para Deus até ao seu trono. A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus
preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias. Houve peleja no céu.
Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia,
não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga

14
serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com
ele, os seus anjos.
Apocalipse 12:5-9

Satanás se volta contra a mulher, mas Deus a protege. Na batalha contra Miguel e os
anjos, o diabo sofre mais uma derrota, e lhes são negadas outras oportunidades de
acusar os servos do Deus vivo.

Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão; e
foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí
onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente. Então,
a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse
arrebatada pelo rio. A terra, porém, socorreu a mulher; e a terra abriu a boca e engoliu o rio que o dragão
tinha arrojado de sua boca. Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua
descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus; e se pôs em
pé sobre a areia do mar.
Apocalipse 12:13-17

Cada vez mais frustrado, ele ataca a mulher e, novamente, fracassa. A partir de então,
passa a concentrar as suas energias para “pelejar com os restantes da sua
descendência”, os cristãos individuais. Acontece, entretanto, que os filhos da mulher
podem entrar na guerra com confiança, pois:

Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados
além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que
a possais suportar.
1 coríntios 10:13

Novo céu e nova terra

Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi
também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva
adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus
com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E
lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor,
porque as primeiras coisas passaram.
Apocalipse 22:1-4

15
Depois das grandes cenas de julgamento e condenação dos inimigos, esse trecho do
livro revela um vislumbre da gloriosa comunhão entre Deus e os homens, prometida
desde tempos antigos:

Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais
haverá memória delas. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio
para Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo. E exultarei por causa de Jerusalém e me alegrarei
no meu povo, e nunca mais se ouvirá nela nem voz de choro nem de clamor. Não haverá mais nela
criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é
morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado. Eles edificarão casas e nelas
habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão
para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore, e os meus eleitos
desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos. Não trabalharão debalde, nem terão filhos para a
calamidade, porque são a posteridade bendita do SENHOR, e os seus filhos estarão com eles. E será
que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro
pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem
dano algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR.
Isaías 65:17-25

A admissão nesta companhia, entretanto, é limitada: haverá muitos que serão


rejeitados e, então, lançados no lago de fogo. A Nova Jerusalém é um símbolo
profético da comunhão restaurada (Is 52:1; Ap 60:19-20, 61:10, 65:18-19, 48:31-34;
Ez 40:2-3).

Informações do livro

O próprio livro de Apocalipse revela que Jesus Cristo está enviando uma mensagem a todos
os fiéis:

Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem
acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, o qual atestou a palavra
de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu.
apocalipse 1:1-2

Quanto à autoria, ela certamente pertence a João. Mas que João? O versículo não oferece
uma descrição que se estende para além do nome, mas, desde a antiguidade, quase todos
os comentários bíblicos creditam o livro ao apóstolo João, filho de Zebedeu.

16
Também é geralmente aceito que o mesmo João escreveu o evangelho e as três epístolas
que carregam seu nome. Assim sendo, a leitura de seus outros livros, especialmente do
evangelho, ajuda na compreensão da mensagem do Apocalipse.

O tempo em apocalipse

No ano terceiro do reinado do rei Belsazar, eu, Daniel, tive uma visão depois daquela que eu tivera a princípio.
Daniel 8:1

No relato da Bíblia Sagrada, há diversas profecias que revelam acontecimentos que só se


concretizaram centenas de anos após a morte do profeta. No caso de Daniel, por exemplo, o
tempo entre o recebimento da visão e seu cumprimento foi de pelo menos 400 anos. Nesse
caso, o anjo Gabriel explica que a mensagem se refere a dias muito distantes.

Logicamente, podemos deduzir que se 400 anos é um tempo muito distante, o “breve”
presente em Apocalipse deve indicar algo bastante próximo. Esse contraste torna-se mais
nítido no restante da leitura do livro da revelação:

Disse-me ainda: Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo.
apocalipse 22:10

João é proibido de selar sua profecia, pois o tempo estava próximo. A partir disso, podemos
compreender que qualquer interpretação que sugere que o cumprimento principal do livro
ainda está para acontecer se opõe ao texto do próprio livro.

A validade da mensagem

João não teve nenhuma dúvida acerca da fonte de sua mensagem: a palavra de Deus e o
testemunho Jesus Cristo. O próprio autor coloca este livro na mesma categoria do resto das
Escrituras, e fez questão de transmitir a revelação que havia recebido.

Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde
vieram? Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação,
lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro,
Apocalipse 7:13-14

17
A revelação se deu por forma de visões e imagens dramáticas, que transmitiram as visões
que Cristo queria passar para todos os seus servos. Desta forma, o apóstolo João relatou a
tudo aquilo que viu: as evidências dos sinais são categóricas.

As sete bem aventuranças

1. Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as
coisas nela escritas, pois o tempo está próximo. (Ap 1.3)

2. Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora,
morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras
os acompanham. (Ap 14.13)

3. Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para
que não ande nu, e não se veja a sua vergonha. (Ap 16.15)

4. Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do
Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus. (Ap 19.9)

5. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda
morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele
os mil anos. (Ap 20.6)

6. Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.
(Ap 22.7)

7. Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes
assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. (Ap 22.14)

As sete igrejas

Nos capítulos 2 e 3, o apóstolo João escreve cartas endereçadas às sete igrejas da Ásia e a
seus sete anjos. Tudo indica que estas eram igrejas reais que existiam na época, porém não
as únicas, como o resto da Escritura confirma:

estes nos precederam, esperando-nos em Trôade. Depois dos dias dos pães asmos, navegamos de Filipos e, em
cinco dias, fomos ter com eles naquele porto, onde passamos uma semana. No primeiro dia da semana, estando
nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou
o discurso até à meia-noite.

18
Atos 20:5-7

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, aos santos e fiéis irmãos em Cristo que
se encontram em Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai.
Colossenses 1:1,2

E dele dou testemunho de que muito se preocupa por vós, pelos de Laodicéia e pelos de Hierápolis.
Colossenses 4:13

Jesus escolheu endereçar as cartas a estas sete igrejas. Talvez isso tenha se dado como
uma forma de representar o simbolismo do número completo, de forma que estas sete igrejas
específicas simbolizam as características das igrejas da região.

Os sete espíritos

João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que
há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono
Apocalipse 1:4

Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas:
Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.
Apocalipse 3:1

A Bíblia Sagrada revela-nos, na carta aos Efésios, que há um só Espírito:

há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação;
Efésios 4:4

Isso se dá porque o número sete representa algo completo. Desta forma, portanto, o sentido
mais provável para as passagens de Apocalipse é o de simbolismo que indica a perfeição do
Espírito.

O número sete é empregado da mesma maneira em diversas outras partes do relato bíblico,
tanto no antigo quanto no Novo Testamento:

Porque eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos; eis que eu lavrarei a
sua escultura, diz o SENHOR dos Exércitos, e tirarei a iniqüidade desta terra, num só dia.
Zacarias 3:9

19
Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete
Espíritos de Deus.
Apocalipse 4:5

Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido
morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra.
Apocalipse 5:6

Aqui cabe uma observação: embora nenhum versículo do texto defina direta e explicitamente
que os sete espíritos de Apocalipse são o Espírito Santo, sua colocação entre as Pessoas
Divinas é evidência bastante concreta para apoiar essa interpretação.

A identidade de Cristo

O relato de Apocalipse não deixa dúvidas acerca da identidade de Jesus Cristo, a fiel
testemunha. Ele é o Sim de Deus, o Amém das promessas do Pai:

Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para
glória de Deus, por nosso intermédio. Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus, que
também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração.
2 Coríntios 1:20-22

Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça.
Apocalipse 19:11

Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas
ter a primazia,
Colossenses 1:18

Cristo, aquele que tem domínio sobre tudo e todos, manda uma mensagem para consolar
aqueles que sofrem e morrem crentes na verdade de Sua ressurreição. Eis aí a grandeza do
livro do Apocalipse: Jesus, chamado soberano dos reis da Terra (Daniel 4:32) é governante
dos governantes, de forma que sua autoridade está acima dos que perseguiram os santos.

A Bíblia Sagrada afirma que Jesus é soberano:

o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes
1 Pedro 3:22

20
E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu
corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.
Efésios 1:22-23

e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro; assim como também eu
recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã.
Apocalipse 2:27-28

Devemos sempre acreditar nas afirmações de Cristo e no princípio escriturístico da


Bíblia Sagrada. É o próprio Jesus quem respalda sua palavra. Ele é Aquele que nos
ama, e Seu sangue nos libertou de nosso pecado.

e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele
que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu
Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!
Apocalipse 1:5,6

O amor divino é constantemente evidenciado nos escritos de João. Esse fato em si é


suficiente para demonstrar a grandeza e o poder do evangelho: a transformação do chamado
filho do trovão no apóstolo do amor (Jo 3:16; 1Jo 4:7-21).

João vai mais além: ele afirma que é o sangue de Jesus que nos liberta, e que é apenas na
remissão dos pecados que encontramos a única e verdadeira libertação:

não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma
vez por todas, tendo obtido eterna redenção. muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo
se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!
Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue,
não há remissão.
Hebreus 9:12,14,22

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes,
não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes
misericórdia.
1 Pedro 2:9-10

O apóstolo também afirma que Jesus Cristo virá com as nuvens, em toda a Sua autoridade
divina e com poder para julgar e castigar os rebeldes e trazer juízo sobre toda a impiedade
(Ex 14:24; 19:9; 20:21; 24:16; 40:34-38; Nm 11:25; 12:5-10; DT 5:22 ; 2Cr 5:13)

21
Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se
lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!
Apocalipse 1:7

Há duas possíveis interpretações para essa promessa:

1 - A segunda vinda de Jesus, quando Ele julgará todos os homens:

depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro
do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.
1 Tessalonicenses 4:17

E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem. Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em
que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão:os que tiverem feito o bem, para a ressurreição
da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.
João 5:27-29

2 - A vinda de Jesus para castigar algum povo ou poder específico na Terra:

Dentro de um contexto, a segunda interpretação faz mais sentido que a primeira, uma vez
que Cristo virá em duas etapas. Assim sendo, devemos nos perguntar qual povo ou poder
seria este.

Alguns acreditam que o texto é direcionado a Jerusalém, fazendo referência à destruição da


cidade que ocorreria no ano 70 d.C. Outros afirmam que este poder representa algum
imperador romano.

O versículo assemelha-se, entretanto, ao trecho de Mateus 24:30, que pode ser usado para
fortalecer a hipótese da referência a Jerusalém:

Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do
Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória.
Mateus 24:30

Apocalipse também fala do Alfa e Ômega:

Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.
Apocalipse 1:8

22
Estas são a primeira e última letra do alfabeto, o que indica um caráter eterno. O trecho pode
fazer referência ao Pai (Ap 4:8; 21:5-8) ou ao Filho (Cl 2:8,9; Hb 1:3)

Esse selo de autoridade encerra-se com mais uma afirmação da natureza absoluta de Deus:
o Todo Poderoso. Essa descrição aparece nove vezes no relato do Apocalipse, e mais de 50
vezes na Bíblia, sendo a maioria delas no livro de Jó.

Os servos de Cristo estavam sendo perseguidos, e portanto precisavam ser lembrados de


que o poder absoluto pertence a Deus. Nesses primeiros versículos, o apóstolo deixa isso
claro, evidenciando que o autor da mensagem tem poder para cumprir Suas promessas.

A majestade de Jesus

Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha
chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. Achei-me em espírito, no dia do
Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta, dizendo: O que vês escreve em livro e manda
às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Voltei-me para ver quem falava
comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com
vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro. A sua cabeça e cabelos eram brancos como
alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo; os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado
numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas. Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma
afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força. Quando o vi, caí a seus pés como
morto. Porém ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que
vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.
Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas. Quanto ao mistério
das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das
sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas.
Apocalipse 1:9-20

O texto dos versículos 9 a 20 responde à seguinte pergunta: quem é Jesus e como devemos
enxergá-lo?

É comum que muitas pessoas imaginem Cristo como um bebê indefeso nos braços da mãe
ou uma figura moribunda (e aparentemente derrotada) sofrendo na cruz. Se por um lado é
certamente verdade que Jesus nasceu e morreu, também é verdade que estas cenas
representam episódios temporários, não o estado permanente do Cristo vitorioso.

23
A mensagem do Apocalipse deriva o seu poder na pessoa que a revelou: o próprio Cristo. Ele
possui toda a autoridade e fala com poder absoluto.

João em Patmos

Durante o relato de Apocalipse, o apóstolo João se encontra na ilha de Patmos por causa da
palavra de Deus. Tradicionalmente, acredita-se que ele tenha sido banido para a ilha por
razão de sua fé. Fontes do terceiro século afirmam que o apóstolo foi banido por Domiciano,
imperador romano que reinou entre 81 e 96 d.C.

O dia do Senhor citado no versículo 10 se refere, em diversas outras passagens, ao dia em


que Deus visitava o homem para castigar os malfeitores. O sentido mais provável, entretanto,
é o dia especialmente dedicado ao Senhor no louvor dos santos no Novo Testamento, o dia
especial da semana em que os cristãos primitivos se reuniam para cear e coletar recursos
para ajudar os necessitados:

No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no
dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite.
Atos 20:7

No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando,
para que se não façam coletas quando eu for.
1Coríntios 16:2.

O apóstolo João também relata ouvir uma voz como de trombeta. O poder que essa descrição
carrega deve ser observado à luz de outros textos das Sagradas Escrituras (Ex 19:16-19; Ap
4:5). O propósito da grande vós foi ordenar a João o que fazer a respeito das coisas que ele
veria. Ele deveria escrever suas visões em um livro, mandá-lo às sete igrejas:

dizendo: O que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia
e Laodicéia.
Apocalipse 1:11

No versículo seguinte, Jesus Cristo aparece ao apóstolo entre os sete candeeiros:

Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro e, no meio dos candeeiros, um
semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro. A sua cabeça

24
e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo; os pés, semelhantes ao bronze
polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas.
Apocalipse 1:12-15

Os candeeiros eram todos de ouro, que simboliza divindade e realeza. No Velho Testamento,
essa figura servia para iluminar o templo (Nm 8:1-4; Ex 27:20; 35:14; 39:37; Lv 24:2-4; 2 Cr
13:11; Hb 9:2) Na visão de João, Jesus identifica os sete candeeiros no versículo 20:

Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete
estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas.
Apocalipse 1:20

A posição de Cristo no meio dos candeeiros aponta para Sua comunhão íntima com Seu
povo: Ele anda no meio das igrejas, fazendo Seu tabernáculo entre Seus servos.

O termo “filho do homem” é uma expressão frequentemente usada no Antigo Testamento


para designar uma pessoa simples (Jó 35:8; Sl 144:3; Is 51:52; Ez 2:1-8; 4:16; Dn 7:13-14).
Percebemos, portanto, que até o final do Velho Testamento a expressão ganhou dois outros
sentidos: homens chamados para um papel especial de revelar a palavra de Deus & o eterno
Rei sobre o reino de Deus. Assim sendo, percebemos que, no Apocalipse, Jesus tomou para
si essa descrição com toda autoridade inerente a ela.

De fato, todos os quatro relatos do evangelho empregam essa expressão com bastante
frequência:

Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem
onde reclinar a cabeça.
Mateus 8:20

João utiliza o termo para destacar as qualidades essenciais de Jesus Cristo: Ele veio do céu
e voltaria para lá. Ele tem autoridade, e só Ele pode dar vida eterna através de Seu sacrifício,
que resultou em glória para o Pai (João 1:51, 3:14, 5:27). Lucas atualiza nossas informações
sobre o filho do homem quando afirma que Estêvão viu-O nos céus e à destra do Pai:

e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus
Atos 7:56

25
João também descreve-o “com vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de
ouro. A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama
de fogo; os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz,
como voz de muitas águas.“

Alguns acreditam que a descrição das vestes faz referência ao sacerdócio como fora descrito
em Êxodo e Levíticos, enquanto comentários de Flávio Josefo afirma que essa descrição
passa a ideia de um ofício de autoridade e poder.

Tecerás, quadriculada, a túnica de linho fino e farás uma mitra de linho fino e um cinto de obra de bordador. Para
os filhos de Arão farás túnicas, e cintos, e tiaras; fá-los-ás para glória e ornamento.
Êxodo 28:39-40

Vestiu a Arão da túnica, cingiu-o com o cinto e pôs sobre ele a sobrepeliz; também pôs sobre ele a estola
sacerdotal, e o cingiu com o cinto de obra esmerada da estola sacerdotal, e o ajustou com ele.
Levítico 8:7

A brancura dos cabelos provavelmente traz uma conotação de avançada idade: neste caso
específico, a eternidade (Is 46:4, 1:18; Dn 7:9; Sl 51:7; Lv 19:32; Pv 16:31). Os olhos como
chamas apontam para o fato de que nada pode ser escondido de Deus. Sua visão alcança
todo o mundo, e vigiam a todas as nações (Pv 15:3; Jr 32:19; Sl 33:18, 34:15, 66:7; Dn 10:6).

Apocalipse 1:15 também descreve-o como tendo “os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa
fornalha; a voz, como voz de muitas águas.”

Esse trecho do relato de João faz-nos lembrar das visões de Ezequiel e Daniel. Frequentemente os
profetas apresentam a imagem de Deus ou de seus servos através de seus calçados. Desta forma, os
pés metálicos de Cristo sugerem a força para esmagar os inimigos.

As suas pernas eram direitas, a planta de cujos pés era como a de um bezerro e luzia como o brilho de bronze
polido.
Ezequiel 1:7

Quem suscitou do Oriente aquele a cujos passos segue a vitória? Quem faz que as nações se lhe submetam, e
que ele calque aos pés os reis, e com a sua espada os transforme em pó, e com o seu arco, em palha que o vento
arrebata?
Isaías 41:2

Quanto à voz “como que de muitas águas”, mais uma vez voltamos à visão de Daniel:

26
o seu corpo era como o berilo, o seu rosto, como um relâmpago, os seus olhos, como tochas de fogo, os seus
braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como o estrondo de muita
gente.
Daniel 10:6

O versículo 16 descreve Cristo como uma figura que ”Tinha na mão direita sete estrelas, e da
boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua
força.”

As estrelas são identificadas nos versículo anteriores como os anjos das sete igrejas, os
mesmo que recebem as cartas nos capítulos 2 e 3. Essa imagem aponta para a enormidade
de Jesus, que segura as estrelas das igrejas na mão, e pode fazer com elas o que Ele, em
Sua justiça, desejar.

A espada afiada de dois gumes certamente representa a palavra de Deus, destacando Seu
poder para julgar e castigar os desobedientes (Hb 4:12-13). Na condição de luz do mundo,
Jesus resplandece em Glória. De fato, ao fitar a figura de Cristo, João “cai a seus pés como
morto”.

E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como
a luz.
Mateus 17:2

Ao meio-dia, ó rei, indo eu caminho fora, vi uma luz no céu, mais resplandecente que o sol, que brilhou ao redor
de mim e dos que iam comigo.
Atos 26:13.

No versículo 19, o próprio Filho de Deus apresenta orientações ao apóstolo acerca da escrita
e objetivos do livro:

Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o
primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as
chaves da morte e do inferno. Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois
destas. Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as
sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas.
Apocalipse 1:17-20

Aqui nota-se que, apesar de João ter sido um dos companheiros mais íntimos de Jesus
durante Seu ministério terrestre, ele demonstra e revela absoluta reverência a Cristo,

27
reagindo com respeito e temor diante do Senhor. Ele acaba de ver Cristo pronto para julgar,
e cai como morto:

Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de
impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!
Isaías 6:5

Jesus não veio para condenar e para esmagar a João: a mão estendida de Cristo oferece ao
apóstolo conforto, consolo e alívio. Nesse trecho, Jesus também afirma sua eternidade e sua
divindade pelos séculos dos séculos.

E o que significam as chaves no versículo 18? São as chaves da morte e do inferno,


evidentemente. Na ressurreição, Jesus não aparece apenas escapando de uma situação,
fugindo do sepulcro. Ele venceu a morte, o inferno, as potestades e os principados. A morte
e ressurreição de Cristo são temas centrais para o pensamento cristão (1Co 15:3,4; At 2:24-
32; Rm 5:8-11):

Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo;
eu venci o mundo.
João 16:33

Somente Jesus Cristo pode falar tamanha expressão. Ele não permitirá que seus servos
sejam presos eternamente. Há três mortes na Bíblia: a física, a espiritual e a eterna. Há
solução para as duas primeiras, mas para a última não há mais solução. Apenas os crentes
em Jesus podem ser salvos da morte eterna. O relevante papel de João, é, portanto, transmitir
uma mensagem: passado, presente e futuro, o apóstolo observa e descreve tudo o que vê,
sendo fiel em seu relato.

Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete
estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas.
Apocalipse 1:20

Não podemos errar essa interpretação, pois Jesus Cristo claramente fala que as estrelas são
os guias espirituais da igreja. “Anjo” quer dizer mensageiro, sejam eles mensageiros do céu
ou entre os homens, que devem transmitir a mensagem de Jesus às igrejas. No caso dessa
passagem, percebe-se que os anjos são os pastores da igreja. A igreja é composta por santos
e deve transmitir a luz de Deus para o mundo. Somos luz, e devemos prová-lo diariamente
com nossos atos e nossos comportamentos.

28
Cristo complementa a visão falando dos sete candeeiros: as sete igrejas. Depois de Sua
grande vitória sobre a morte, Jesus volta numa visão especial para reconfortar Seus
seguidores. O mesmo Jesus serve para nos reconfortar também. Ele ainda garante aos fiéis
a vitória sobre a morte, e essa é a nossa esperança. Fiel é aquele que prometeu, pelo que
também o fará.

Lições que perduram por toda a eternidade

O Apocalipse nos traz lições que marcam épocas e séculos. É como se vivêssemos esse
momento do apóstolo João na ilha. A palavra de Deus é viva e eficaz, e penetra a divisão de
alma e espírito. Diante dessa somatória de valores proféticos, analíticos, escatológicos e
vivenciais, a Palavra vem para o consolo espiritual e edificação da igreja: as riquezas do
Apocalipse trazem alegria e contentamento.

29
O DESVENDAR DAS
CARTAS DO APOCALIPSE

Cartas às igrejas

A mensagem do Apocalipse foi enviada principalmente às sete igrejas da Ásia. Esse fato é
ressaltado diversas vezes pelo livro (Ap 1:4, 1:11, 1:20, 22:16).

Os capítulos 2 e 3 são direcionados especificamente às igrejas, e estão carregados com uma


mensagem especial para cada uma delas. Nossa interpretação deve sempre levar em
consideração a identidade dos destinatários originais. Interpretações que ignoram esses
fatores devem ser questionados e até mesmo rejeitadas.

Se Jesus Cristo mandou um recado às igrejas da Ásia, devemos entender que a mensagem
era para o benefício das mesmas. Desta forma, os textos apresentam formato de decretos
imperiais. Estas cartas foram escritas em uma forma padrão, mas o conteúdo de cada uma é
específico, e fala a respeito das necessidades da própria congregação em questão.

As igrejas não eram subordinadas a uma hierarquia, e cada congregação era independente,
de forma que cada uma delas recebia um comunicado exclusivo diretamente de Jesus, e
respondia por sua própria obediência ou rebeldia.

O fato de haver necessidade de sete cartas para sete igrejas reforça a importância do respeito
à autonomia de cada uma das congregações. Essa igrejas encontravam-se numa área
relativamente pequena, de forma que uma pessoa entregando as cartas completaria o circuito
de destinatários em pouco mais de 500 quilômetros.

A carta à igreja em Éfeso

Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que
anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e

30
que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não
são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste
esmorecer. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste,
arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro,
caso não te arrependas. Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida
que se encontra no paraíso de Deus.
Apocalipse 2:1-7

Éfeso era a cidade mais importante da província romana da Ásia. Foi situada na margem do
rio Castro, que desemboca no mar egeu. Duas estradas muito importantes cruzavam-se na
região, tornando esta uma área importantíssima de contato entre os dois lados do Império
Romano. Éfeso também era bastante relevante por ser um foco de adoração da deusa da
fertilidade, Diana.

Sabemos algumas coisas acerca desta igreja, segundo o relato de Atos 18:18-26, Atos 19:1-
41, Atos 20:17-38, 1 Timóteo 1:1-4. Isso, é claro, sem considerar a carta aos Efésios. A partir
da análise de todas essas referências, podemos notar alguns fatores importantes coisas
importantes:

Desde o início, houve a necessidade de se examinar doutrinas e aceitar apenas o que Deus
havia revelado. É justamente por essa razão que Áquila e Priscila ajudaram a Apolo em Atos
18:24-26, e Paulo advertiu-os intensamente contra os falsos mestres (At 20:29-31; 1Tm 1:3-
7).

A descrição de Jesus mostra-nos o conhecimento e soberania de Cristo em relação às igrejas.


Tanto os efésios quanto as outras igrejas precisavam lembrar da presença de Jesus, que
ainda anda no meio das igrejas, observando seu procedimento pronto para agir quando for
necessário: segurando as estrelas, Ele demonstra domínio sobre elas.

Jesus elogia as qualidades da igreja em Éfeso. Deus quer servos dedicados que não
desistam e que sigam em frente em sua caminhada. De fato, o Novo Testamento fala da
importância da perseverança diante da perseguição (Tiago 1:4, Mateus 10:22, Romanos 5:3,
Tiago 1:12)

O versículo quatro, entretanto, faz uma dura crítica à igreja de Éfeso. Seu problema não era
um de doutrina incorreta, mas de amor: eles haviam se esquecido dos grandes mandamentos
que sintetizam a base dos ensinamentos de Deus:

31
Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu
entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo
como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.
Mateus 22:37-40

De fato, a importância do amor é fortemente ressaltada nos textos de Paulo (Efésios 3:17;
4:2-16; 5:2 e 6:23). Desta forma, devemos defender a verdade (como a igreja de Éfeso fizera)
enquanto praticamos o amor, para que seguissem a verdade em amor:

Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
Efésios 4:15

No versículo 5 há uma chamada de Deus à ação. Ele demanda que os efésios lembrem-se
de onde caíram, arrependam-se e voltem às prática das primeiras obras:

Arrepende-te, pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado o intento do coração;
Atos 8:22

O versículo seguinte reforça o elogio anterior. Não menção aos nicolaítas em nenhuma parte
além desta, entretanto sabemos que seus ensinamentos que eram abomináveis aos olhos de
Deus (Tito 1:8-9, Salmo 97:10).

A carta termina com “quem tem ouvidos ouça”. Aquele que desiste, abandonado para sempre
o amor, não receberá o galardão. Jesus descreve a comunhão com Deus em termos que nos
lembram do jardim do Éden, e apenas aqueles que andam com o Senhor possuem a
esperança de chegar à casa do Pai.

A carta à igreja em Esmirna

Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver:
Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus
e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás. Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para
lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte,
e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo
sofrerá dano da segunda morte.
Apocalipse 2:8-11

32
Durante o período em que Paulo ficou em Éfeso em sua terceira viagem evangelística, e stá
escrito que todos os habitantes da Ásia ouviram o evangelho de Jesus, conforme o relato de
Atos 19:10. E Pedro, o apóstolo, inclui os eleitos e forasteiros da Ásia entre os destinatários
de sua primeira carta:

Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia
e Bitínia,
1 Pedro 1:1

É bem possível que a igreja em Esmirna esteja incluída nessas situações, mas a primeira vez
em que ela é identificada por nome ocorre no Apocalipse.

Jesus começa esta carta declarando Sua eternidade. Na situação da perseguição dos
cristãos em Esmirna, era especialmente importante lembrar da ressurreição de Cristo: Ele
não fracassou diante da morte, mas a venceu, dando esperança aos fiéis.

Jesus Cristo se compadeceu de seus servos atravessando momentos de sofrimento em


Esmirna. Porém, mesmo assim, Ele não os poupou de toda a dor que haveria de vir.

É interessante notar que os cristãos de Esmirna eram bastante pobres, provavelmente


sofrendo discriminação por causa da fé, ou seguindo o exemplo dos macedônios alguns anos
antes (2 Coríntios 8:1-9). A pobreza material, entretanto, não tem importância quando há
riquezas espirituais:

Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma.
3 João 1:2

Assim, percebemos que a situação dos discípulos em Esmirna era muito melhor que os de
Laodicéia, que se achava rica apesar de sua pobreza espiritual.

A blasfêmia é um aspecto do sofrimento dos cristãos de Esmirna, pois os judeus perseguiam


os cristãos. Aqui há uma crítica severa aos servos de satanás, acusadores dos fiéis. Mas há
também uma palavra de encorajamento, conclamando os fiéis à fidelidade até a morte.

Cristo anima dos discípulos a não desistirem, apesar das tribulações. O diabo é visto como a
fonte da perseguição, mas os discípulo não devem negar sua fé. O efeito da tribulação seria

33
o de provar a fé dos cristãos, testada sob a ameaça de morte. O tempo de 10 dias sugere um
tempo curto, mas completo, que tem um fim.

Sabemos que estamos vivendo num tempo de angústia, e para esses tempos a palavra é
esta: vale a pena servir a Deus e ostentar a bandeira da fidelidade e da graça, pois a vida
vem de Deus (Jo 5:26, 14:6; 1Jo 1:1-2; 2 Tm 4:7,8)..

Como em todas as cartas, Jesus chama os destinatários a ouvirem Sua mensagem. Não há
coisa mais gloriosa que ouvir a palavra de Deus, a boa mensagem do evangelho.

Os que permanecem fiéis diante das perseguições são chamados de vencedores. e nada
neste mundo pode lhes arrancar da presença de Deus. O castigo eterno não é para os fiéis,
mas para os que rumam no outro caminho.

A carta à igreja em Pérgamo

Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes: Conheço
o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não negaste a minha fé,
ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Tenho,
todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a
Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a
prostituição. Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas. Portanto,
arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca. Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei
uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que
o recebe.
Apocalipse 2:12-17

A espada afiada de dois gumes representa a autoridade e o poder para julgar e castigar. É
Jesus, e não o governo romano, que segura essa espada.

A igreja em Pérgamo se encontrava numa situação difícil, pois de todos os lados os vizinhos
de pérgamo praticavam idolatria e davam honra aos líderes romanos. Os cristãos não
abandonaram a verdade do Senhor, mas tanta influência de falsas doutrinas teve um impacto
negativo na igreja, imbuindo a congregação com doutrinas falsas e imoralidades.

34
Jesus, sempre vigiando para ajudar Seu povo, sabia das circunstâncias da cidade, que desde
29 a.C. foi local de um templo dedicado à idolatria oficial de Roma. Mais tarde foram
construídos ainda outros templos tanto aos imperadores quanto a outros deuses.

Cristo elogia a perseverança dos cristãos de Pérgamo, que foram fiéis a Jesus mesmo sob
perseguição intensa. A fé em Cristo é a palavra de Cristo revelada aos homens:

Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me
senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez
por todas foi entregue aos santos.
Judas 1:3

Quanto a Antipas, esta figura é mencionada apenas aqui. Evidentemente, este foi um mártir,
talvez da própria congregação de Pérgamo.

Apesar da perseverança dos cristãos de Pérgamo, entretanto, havia problemas graves


ameaçando o bem estar da congregação. Eles mostraram-se tolerantes em relação à falsa
doutrinas:

A doutrina de Balaão (Nm 22:25 e 31:16):

Na igreja em Pérgamo., algumas pessoas agiam como Balaão, incentivando o povo a ser
tolerante de outras religiões, até participando da idolatria e prostituição. Sua doutrina foram
como as ideias atuais de pluralismo e aceitação religiosa de sincretismo, banalizando a fé em
Deus e Cristo.

A doutrina dos nicolaítas:

Esta doutrina não é identificada, mas o texto afirma que Jesus odiava obra deles.
Infelizmente, a igreja de Pérgamo tolerava esses falsos mestres.

Deus condena a tolerância de falsas doutrinas. Às vezes, os homens valorizam tanto a


unidade entre ao ponto de tolerar maldades dentro da igreja. Persistir nesse erro trará castigo,
porque Deus não busca números, mas qualidade. A pureza da palavra é mais importante que
a paz entre os homens:

35
A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia
e de bons frutos, imparcial, sem fingimento.
Tiago 3:17

O arrependimento exigido no versículo 16 é o de uma igreja que tolerava os falsos mestres.


Os professores das doutrinas de Balaão e dos nicolaítas deveriam se arrepender, ou seriam
rejeitados. As bênçãos são condicionais:

Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina
que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio
ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos.
Romanos 16:17-18

Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida,
e vive pecando, e por si mesma está condenada
Tito 3:10-11

Como em todas as cartas, Jesus chama os ouvintes a darem atenção à palavra. Além disso,
há aqui a promessa de uma bênção em duas partes:

1 - O maná escondido: aqueles que recusassem qualquer participação na mesa dos


demônios seriam sustentados pelo maná de Deus: Cristo.

2 - A pedrinha branca com novo nome: esta pedrinha branca sugeria uma nova direção na
vida, a exemplo de Abrão, Sarai e Jacó (Isaías 62:2-4) Também pode indicar inocência de
pessoas acusadas de crimes, um item dado a escravos libertados. ou um ingresso para algum
evento, a saber, Apocalipse 19:6-9.

A carta à igreja em Tiatira

Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e
os pés semelhantes ao bronze polido: Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua
perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras. Tenho, porém, contra ti o tolerares
que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus
servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. Dei-lhe tempo para que se
arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição. Eis que a prostro de cama, bem como em
grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita. Matarei os seus
filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um
segundo as vossas obras. Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina

36
e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás: Outra carga não jogarei sobre vós;
tão-somente conservai o que tendes, até que eu venha. Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu
lhe darei autoridade sobre as nações, e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem
objetos de barro; assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã. Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Apocalipse 2:18-29

Não temos muitas informações acerca da igreja em Tiatira. O que sabemos dessa igreja vem
das referências que estão postadas no livro do Apocalipse. Como as outras cidades da época,
Tiatira teve seus templos e santuários religiosos a deuses pagãos. A importância das figuras
femininas na cultura religiosa de Tiatira pode ter facilitado o trabalho de Jezabel, a
autodeclarada profetiza que seduzia os discípulos e incentivava-os às práticas de idolatria e
prostituição.

Os olhos como chama de fogo significam a capacidade de penetração do juízo divino:


ninguém consegue fugir de seu olhar que percorre toda a Terra. Seus pés são semelhantes
ao bronze polido e refinado, e têm força para castigar e esmagar todos os seus inimigos.

Ele afirma que conhece as obras da igreja de Tiatira. Essa é uma congregação ativa, que,
em vez de esfriar, tornou-se cada vez mais atuante no serviço de Deus: a fé que agrada a
Deus é acompanhada de obras (Tg 2:14-17; 1Co 15:58; Ef 2:10).

O princípio fundamental da igreja de Tiatira é o amor, o imprescindível fruto do Espírito que


deve ser gerado nos verdadeiros cristãos. O princípio fundamentador da vida cristã é o amor.

Junto com as sua obras, os discípulos mostraram também a sua fé, pois há crentes e
incrédulos, e não pode haver comunhão entre os dois, da mesmo forma que não há
comunhão entre trevas e luz, entre Cristo e Belial.

Mas isso não impede-nos de persuadimos essas pessoas a Cristo Jesus. O mundo jaz do
maligno, e à igreja cabe o papel de lançar o salva vidas de Deus aos náufragos que vivem à
margem do Evangelho.

Há ainda outro elogio à igreja a Tiatira: uma alusão à sua perseverança. O bom solo produz
frutos com perseverança, e esta virtude é frequentemente considerada característica
fundamental do comportamento piedoso verdadeiro, principalmente em tempos de
perseguição (Lc 8:15; Col 1:11; 2Tim 3:10; 2 Pe 1:6; Rm 5:3-4; Tg 1:3,4,12).

37
Deus também traz uma palavra de aviso contra a igreja (2:20-23). É interessante notar que o
verbo empregado está no futuro, indicando que a punição segue o pecado, mas que ainda
há espaço para frutos dignos de arrependimento. Caso os pecadores não se arrependam de
suas obras, entretanto, Deus tomará as providências cabíveis.

O principal problema de Tiatira foi a atitude de tolerância em relação à falsa profetisa,


uma figura repleta de maldade, luxúria e práticas idólatras. O bom seguidor de Cristo
deve buscar viver neste mundo sem habitar na lama do pecado (At 15:20-29; 1Co 10:19-
22).

A carta à igreja em Sardes

Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas:
Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. Sê vigilante e consolida o resto que estava
para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus. Lembra-te, pois, do que
tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás
de modo algum em que hora virei contra ti. Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não
contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. O vencedor será assim
vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário,
confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às igrejas.
Apocalipse 3:1-6

Quando Cristo enviou essa carta ao anjo da igreja em Sardes, contrariou a impressão popular
dos discípulos ao demonstrar as falhas que haviam deixado a congregação em estado
moribundo.

Cristo não apenas vê nossos erros, como também controla todas as situações. Ele segura os
mensageiros das igrejas na mão direita, e cada pastor é responsável pelo seu rebanho,
havendo de prestar contas a Deus, que julga a todos segundo Sua sabedoria.

Cristo conhece as obras de Sardes, e sabe que aquela igreja é morta, diferindo entre sua
reputação e seu caráter. Ele não fala de perseguição romana, conflitos ou em falsos mestres,
mas sim de uma congregação aparentemente em paz mas que foi tomada por um sentimento
de indiferença e apatia.

38
No passado, a negligência da cidade de Sardes fez com que ela caísse nas mãos de seus
inimigos. Agora, a falta de vigilância da congregação de Sardes tornaram-na espiritualmente
morta. Os cristãos devem sempre estar vigilantes contra o pecado (Mt 26:41, 24:42-43; 1Pe
5:8; At 20:29-3;1; Lc 12:29-39; 1Co 16:13; 1Ts 5:6; Ef 6:18; Cl 4:2).

O problema de Sardes não foi a ausência total de obras, mas a falta de integridade nas
mesmas. É possível fazer coisas certas com motivos errados, e Deus vê as obras e os
corações dos homens ((Jd 1:22,23; 2Cr 25:2).

Assim como a cidade de Sardes olhava para seu passado glorioso, a igreja também deveria
relembrar e aprender a valorizar melhor sua comunhão com Deus. Esquecer-se da Palavra
de Deus e da salvação do pecado é, em si mesmo, cair no pecado.

Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem
infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele a quem estas coisas não estão
presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora.
2 Pedro 1:8,9

Para nos firmarmos na fé, devemos nos lembrar do que temos recebido. Não é por acaso que
a ceia do Senhor foi dada como celebração central das reuniões dos cristãos: quando
recordamos da morte de Jesus e Seu sacrifício, firmamo-nos ainda mais em nosso caminho
rumo ao Céu.

O Senhor também demonstra Sua misericórdia ao preservar remanescentes fiéis no meio de


uma igreja moribunda, lembrando-nos que o julgamento não ocorrerá de forma coletiva, mas
individual (Ap 2:23, 22:12; 2 Co 5:10).

A salvação é um dom projetado por Deus sobre seus fiéis para dar-lhes vida eterna. Essa
bênção se dá puramente por meio da Graça, sem que haja o envolvimento de nenhum mérito
humano, pois nossas maiores obras de justiça são como trapos de imundície (Isaías 64:6).
Jamais seremos justificados pelas obras da lei, mas pela pregação e justificação da fé.

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
Efésios 2:8

A carta conclui com a promessa de vestiduras brancas aos vencedores (Apocalipse 7:9), que
terão seu nome confessado diante do Pai pelo próprio Filho: eis aí nossa maior esperança
(Mt 10:32-33; Mc 8:38).

39
A carta à igreja em Filadélfia

Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi,
que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá: Conheço as tuas obras – eis que tenho posto diante
de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar – que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra
e não negaste o meu nome. Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos
se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te
amei. Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há
de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra. Venho sem demora. Conserva o
que tens, para que ninguém tome a tua coroa. Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais
sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que
desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às
igrejas.
Apocalipse 3:7-13

Entre as sete cartas às igrejas no Apocalipse, encontramos duas que não contém nenhuma
crítica: a de Esmirna, uma congregação pobre sob grande perseguição, e de Filadélfia, uma
igreja fraca e limitada, mas que confiava em Deus, e nEle tinha sua força.

As únicas referências bíblicas à igreja de Filadélfia encontram-se em Apocalipse 1:11 e 3:7.


Fundada or Átalo, rei de Pérgamo, em cerca de 140 a.C., A cidade de Filadélfia gozava de
uma localização estratégica de acesso entre os países antigos da Frígia, Líbia e da Mísia.

Nesta carta, Jesus não empregou as descrições usadas no capítulo 1 para se identificar,
antes fazendo-o como “o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi”,
características que apontam para a divindade de Cristo (Ap 6:10, 4:8; Is 6:3, 40:25).

A palavra “verdadeiro” é usada frequentemente no Novo Testamento, especialmente nos


escritos do apóstolo João, fazendo referência a Deus, Pai e Filho (Jo 3:33, 7:28, 8:26, 17:3;
1Jo 5:20; Ap 3:7, 6:10, 9:11; Rm 4:1; 1Ts 1:9). Esse termo enfatiza a sinceridade de Jesus
em contraste com a falsidade dos judeus em Filadélfia.

Todo poder está nas mãos de Cristo. A linguagem empregada nesta carta vem de Isaías
22:20-24, onde a autoridade sobre Jerusalém é transferida a Eliaquim. A chave representa a
autoridade e poder de Jesus com descendente real de Dav.

40
Jesus conhece em primeira mão as obras dos cristãos de Filadélfia. Antes de falar sobre as
obras deles, Ele oferece encorajamento a esses discípulos, assegurando Sua fidelidade
sobre Seus discípulos.

Portas abertas representam acesso e oportunidades. Deus abre as portas da fé quando Ele
nos oferece o Seu evangelho. O homem agora tem acesso à comunhão com Deus. Ele abre
portas para Seus servos divulgarem Sua palavra, e facilita meios para que possam rumar
seguros:

Ali chegados, reunida a igreja, relataram quantas coisas fizera Deus com eles e como abrira aos gentios a porta
da fé.
Atos 14:27

porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu; e há muitos adversários.
1 Coríntios 16:9

Ora, quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de Cristo, e uma porta se me abriu no Senhor
2 Coríntios 2:12

Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta à palavra, a fim de falarmos do mistério
de Cristo, pelo qual também estou algemado;
Colossenses 4:3

Esta carta também nos mostra que a fraqueza não é sinônimo pecado. A Bíblia diz que o
poder de Deus em nós se aperfeiçoa em nossas fraquezas, para que a glória seja dEle, não
do homem. Jesus não condena essa igreja por nenhum erro, apesar de sua pouca força.

Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois,
mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas
fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando
sou fraco, então, é que sou forte.
2 Coríntios 12:9-10

Ele respondeu: Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. Orou Eliseu e
disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. O SENHOR abriu os olhos do moço, e ele viu que
o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu.
2 Reis 6:16-17

Apesar de suas limitações, a igreja em Filadélfia se mantinha fiel na Palavra. Jesus Cristo
veio ao mundo e revelou Sua palavra que nos julgará no último dia (João 12:48-50). Mesmo

41
pobres e fracos, esses cristãos serviram brilhantemente a Cristo, o vencedor, que subjugaria
seus inimigos (Is 60:14). Os servos fiéis do Senhor poderão reinar com Cristo (Ap 20:4) e
exercer autoridade sobre as nações (Ap 2.26-27). Essa honra cedida aos discípulos serviria
de prova do amor de Cristo para seus seguidores.

Sabemos por meio de Atos que as primeiras perseguições à igreja foram feitas por judeus.
Tanto em Jerusalém como na Ásia, alguns judeus tentaram destruir a fé dos cristãos, e a
igreja em Filadélfia sofreu muito por causa desses falsos judeus, chamados de Sinagoga de
Satanás.

Porque guardaram a Palavra, os discípulos em Filadélfia seguiam guardados num período de


provação que afligiria o mundo inteiro. Esta pode ser uma referência a uma perseguição
iniciada no reinado de Domiciano, e que causou terrível sofrimento e morte de centenas de
milhares de pessoas. Independentemente da natureza específica da provação, Jesus
prometeu proteger os fiéis de Filadélfia.

Venho sem demora, diz o Senhor. Jesus viria para julgar os malfeitores e proteger os fiéis.
Este seria um dia de alívio para os servos que sofriam em nome dEle e de castigo terrível
para os perseguidores que não se submetiam ao Senhor.

Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror
eterno.
Daniel 12:2

O cuidado de Cristo para com sua igreja é extraordinário. Aos vencedores, Deus promete
fazê-los coluna no santuário. No passado, as colunas da cidade Filadélfia racharam-se e
caíram num terremoto, mas as colunas do verdadeiro templo de Deus jamais serão
destruídas. Essas colunas não são de pedra, pois são colunas vivas e firmes.

e, quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me
estenderam, a mim e a Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles, para
a circuncisão;
Gálatas 2:9

Os vencedores permanecerão no templo para sempre, gozando de comunhão Eterna com


Deus. Os nomes gravados apontam para um possuidor: Deus. O vencedor pertence a Deus,
e faz parte do povo dEle.

42
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
1 Pedro 2:9.

A carta à igreja em Laodicéia

Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da
criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim,
porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e
abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te
vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que
vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se
alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor, dar-
lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Quem
tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Apocalipse 3:14-22

A igreja em Laodicéia é citada em Ap 1:11 e Cl 4:13-16. Esta cidade situava-se no local do


cruzamento entre as principais estradas da Ásia menor. Antigamente, a água da cidade era
proveniente de aquedutos, e, ao chegar à cidade era morna e de qualidade inferior. Jesus
compara a igreja da cidade a esta água, afirmando vomitá-la de Sua boca.

Jesus identifica-se como o Amém, uma expressão que vem do hebraico e indica certeza ou
verdade. Jesus é a Palavra final de autoridade, pois Ele é o princípio da criação de Deus e a
testemunha fiel e verdadeira do Pai (Pv 8:22-36).

A expressão “o princípio da criação de Deus” admite duas interpretações: um sentido passivo,


a primeira criatura de Deus, ou ativo, a fonte da criação. A resposta vem de outras passagens:
Jesus é o Verbo encarnado que habitou entre nós (Jo 1:1; Ap 1:18), Ele é o primeiro e o último
(Ap 1:17), o Deus conosco (Mt 1:23), o Soberano Deus que se fez carne (Jo 1:14), o Eu Sou
(Jo 8:24,58; Ex 3:14) e Senhor dos senhores e ao Rei dos reis (Ap 17:14).

Jesus não foi criado. Ele não veio a existir porque Ele é o Deus Eterno, e todo aquele que
não aceita este fato morrerá em seu pecado (João 8:24). Cristo já existia juntamente com o
Pai, e assim é o princípio de todas as coisas.

43
Jesus expressa o seu conhecimento íntimo e latente da igreja em Laodicéia. Ele anda no
meio dos candeeiros, e observa os corações das igrejas, principalmente a de Laodicéia. Ele
faz uma crítica tremenda a esta congregação, afirmando que a temperatura morna da igreja
era inútil, servindo apenas para ser vomitada.

Cristo não encontra nela virtudes que possam ser admiradas. Laodicéia estava contente em
seu estado e autossuficiência. Apesar disso, as afirmações da própria igreja não refletem seu
verdadeiro estado. Jesus conhece a verdade, pois Ele pode tanto ver as obras quanto sondar
os corações dos homens.

Esta igreja necessitava da humildade dos publicanos e pecadores para ser conforme registro
de Lucas:

Respondeu-lhes Jesus: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, e sim
pecadores, ao arrependimento.
Lucas 5:31,32

Apesar de encontrar-se numa cidade que produzia roupas de lã, a igreja andava moralmente
e espiritualmente nua, sem as vestimentas de Justiça oferecida pelo Senhor (Co 5:03; Cl 3:9-
10).

Jesus não apresenta elogio algum à igreja em Laodicéia, mas oferece a seus membros
conselhos para guiá-los de volta ao caminho da comunhão íntima com Ele. Cristo sugeriu três
coisas: “Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres,
vestiduras brancas para te vestires (At 13:4; Ap 19:8), e colírio para ungires os olhos, a fim
de que vejas. (Mt 15:14)”

Cristo disciplina a quantos ama, de forma que a correção que vem de Deus é uma
manifestação do Seu amor por nós (Hb 12:4-11). Os bastardos não aceitam a correção,
apenas o fazem os filhos verdadeiros, sendo conduzidos ao arrependimento e à plena
comunhão com Ele.

Na sequência, Cristo afirma que está à porta e bate. Ele não invade a moradia, de forma que
aquele que ouve deve atender ao chamado. Uma vez aberta, Cristo entrará e banqueteará
conosco: uma ceia de comunhão com a glória de Deus (1Co 10:21; 2 Sm 19:28). Jesus
colocou uma porta aberta dentro da igreja em Filadélfia (Ap 3:7), porém a igreja de Laodicéia
colocou uma porta fechada diante de Cristo.

44
Os vencedores terão o privilégio de reinar com Cristo e receber dEle a excelente bem-
aventurança (Apocalipse 2:26-28). Jesus Cristo não citou nenhuma doutrina errada e nenhum
pecado de imoralidade na igreja de Laodicéia. A crítica era fundamentada no fato de que a
igreja que se achava rica e orgulhosa, acreditando ser autossuficiente e independente de
Deus.

45
A VISÃO DO TRONO
DE DEUS

Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi,
como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas
coisas. Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado; e
esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há
um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e
assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro. Do trono
saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de
Deus. Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta
do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro ser vivente é semelhante a
leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante
à águia quando está voando. E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão
cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo,
Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir. Quando esses seres viventes
derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos
séculos, os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o
que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando: Tu és digno,
Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da
tua vontade vieram a existir e foram criadas.
Apocalipse 4:1-11

Após terminar as cartas aos anjos das sete igrejas, João passa para uma nova parte da
Revelação. Nos capítulos 4 e 5, o texto mostra-nos a glória de Deus, apresentando primeiro
o Pai no Seu trono e depois o Filho glorificado ao lado dEle (Dn 7:9-14).

No primeiro versículo, o apóstolo vê uma porta aberta no céu. Aqui, a ênfase não está no
acesso ao céu em termos da salvação ou comunhão com Deus como em Jo 1:51 (At 7:55-
56, Ef 2:6, Fp 3:20). João viu o céu aberto porque Deus queria lhe mostrar as coisas que lá
aconteciam (Ez 1:1). Anteriormente, Jesus transmitiu mensagens às igrejas da Ásia. Agora,
João subirá ao céu para buscar outras mensagens para os servos do Senhor em toda a Terra.

João então ouve uma voz como de trombeta (Ap 1:10) que chama-o. Nos capítulos anteriores,
Cristo revelou o estado das igrejas, agora, Deus convida-o para subir e ver as coisas que
ainda irão acontecer, proporcionando uma transição entre o que os discípulo enfrentam para
o que eles virão a enfrentar.

46
O versículo 2 descreve que João achou-se em espírito (1:10) e recebeu a visão do trono e de
alguém sentado sobre ele. Essa afirmação desfaz a noção de que o universo era governado
a partir do trono romano ou das cadeiras de deuses diversos, conferindo todo o poder a Deus.

A descrição do rei vem logo em seguida. As comparações demonstram que João jamais seria
capaz de encontrar palavras adequadas para descrever perfeitamente aparência de Deus.
Há várias interpretações acerca destas pedras, porém, independentemente disso, suas cores
certamente apontam para a glória e o poder de Deus (Sl 89:14, 97:2-3; Is 60:1-2; Dn 7:9-10;
Ez 1:26-28, 10:1). O arco-íris remete à benevolência de Deus manifesta em sua aliança para
com as criaturas (Gn 9:12-13; Ez 1:28).

Ao redor do trono, João observa 24 tronos ocupados por 24 anciãos coroados (Ap 2:10; 3:11;
4:4,10; 6:22; 14;14), aqueles que reinam com Deus. Esta é uma descrição apologética da
igreja, isto é, dos vencedores vestidos de branco que recebem suas coroas (Ap 2:10,26-17,
3:4, 5:11).

O quinto versículo afirma que “ Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono,
ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.”. Essa imagem implica poder de
julgamento (Sl 18:13-14, 144:6; Ex 19:16-19). Essas manifestações do Poder de Deus são
características da última fase da série dos Sete Selos (Ap 8:5), das Sete Trombetas (Ap
11:19) e das Sete Taças (Ap 16:18). Semelhantemente, as sete tochas, que são os sete
Espíritos de Deus (Ap 1:4), demonstram a onisciência, onipotência e onipresença de Deus.

O mar de vidro revela um Deus inacessível e imortal (1Tm 6:16). Deus é santo, isto é,
separado do resto de suas criaturas. No Velho Testamento, o sacerdote deveria lavar-se
antes de chegar perto de Deus com sacrifício (2Cr 4:1-6), denotando a importância da
santificação e culminando no capítulo 21:

Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.
Apocalipse 21:1

Nos versículos 7 e 8 temos uma descrição mais aprofundadas dos seres viventes (Ez 1:1-
28). O fato de estarem cheio de olhos novamente enfatiza a capacidade de ver: nada escapa
do conhecimento do Deus soberano.

47
48
DIGNO É O CORDEIRO

Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com
sete selos. Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe
desatar os selos? Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem
mesmo olhar para ele; e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar
para ele. Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu
para abrir o livro e os seus sete selos. Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos,
de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos
de Deus enviados por toda a terra. Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono;
e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro,
tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, e entoavam
novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue
compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste
reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra. Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres
viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando em grande
voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e
louvor. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que
neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e
o domínio pelos séculos dos séculos. E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos
prostraram-se e adoraram.
Apocalipse 5:1-14

Quem é digno de abrir o livro? Não há homem nem anjo que possa chegar à presença de
Deus para receber o livro. O problema apresentado encontra solução em Jesus, o Leão de
Judá e Cordeiro de Deus (Dn 7:9-14).

A mão direita sugere uma posição de grande importância, pois representava a bênção do
primogênito (Gn 48:13-18), a posição de honra na presença do rei (1Rs 2:19), a força vitoriosa
(Jó 40:14) e o poder, sabedoria e autoridade de Deus (Is 63:11-14; Pv 3:16; Jr 22:24; Mt 27:9;
Ap 1:16). O livro escrito por dentro e por fora e selado os sete selos representa a vontade de
Deus para ser executada por seus servos (Sl 40:7-8; Jr 36:6; Ez 2:8-10, 3:2).

O versículo 2 relata “um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o
livro e de lhe desatar os selos?”. Por três vezes no Apocalipse o anjo forte aparece como
servo de Deus. Aqui, seu papel é deixar clara a vontade de Deus ao buscar quem é digno de
abrir o livro. Porém “nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir
o livro, nem mesmo olhar para ele;”.

49
João, então, lamenta, pois ninguém foi achado digno. Porém um dos anciãos dirige-se a João,
consolando-o com a verdadeira esperança que procede de Jesus Cristo, o Cordeiro e o Leão,
e a resposta para o problema de dignidade imposto pelo livro. Jesus Cristo venceu para abrir
o livro e desatar os seus sete selos. O fato de Jesus ter sido o único da carne que venceu o
inimigo com Sua própria justiça o torna exclusivamente qualificado para a função.

Quando João vira-se para ver o leão, e depara-se com um “Cordeiro como tendo sido morto”
(João 1:29). Cordeiros foram amplamente usados em alianças e sacrifícios a Deus desde a
época dos patriarcas (Gn 15:9-10). O significado mais importante no Velho Testamento vem
do cordeiro pascal (Ex 12:1-28), enquanto que, no Novo Testamento, Jesus se torna o novo
Cordeiro (1Co 5:7; 1Pe 1:19; At 8:32; Is 53:7).

O apóstolo descreve-O como tendo “sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete
Espíritos de Deus enviados por toda a terra”, um sinal de que todo o poder Lhe foi dado:

Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do
século.
Mateus 28:18-20

e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro,
tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, e entoavam
novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue
compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação
Apocalipse 5:8-9

Quando o Cordeiro toma o livro, todas as figuras prostram-se diante dEle, mostrando que Ele
é digno de receber a adoração reservada exclusivamente a Deus (Mt 4:10, 15:25, 28:17; Jo
9:38; Hb 1:6). Há no texto um forte elemento simbólico do culto no Antigo Testamento (Sl 4:3-
5, 8:1, 141:2; 1Rs 7:48-50; Hb 9:3-4).

Na sequência, os versículos 9 e 10 descrevem um novo cântico (Sl 33:3, 40:3, 144:9-10)


entoado em ocasião da abertura dos selos. Quando uma mensagem era enviada por um rei,
deveria chegar a seu destinatário sem ser aberta. Desta forma, Deus está entregando o livro
nas mãos do único digno de abri-lo.

50
51
O CORDEIRO ABRE
OS PRIMEIROS SELOS

Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos e ouvi um dos quatro seres viventes dizendo, como se fosse voz de
trovão: Vem! Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma coroa; e ele
saiu vencendo e para vencer. Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizendo: Vem! E saiu
outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns
aos outros; também lhe foi dada uma grande espada. Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente
dizendo: Vem! Então, vi, e eis um cavalo preto e o seu cavaleiro com uma balança na mão. E ouvi uma como que
voz no meio dos quatro seres viventes dizendo: Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por
um denário; e não danifiques o azeite e o vinho. Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser
vivente dizendo: Vem! E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno
o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com
a mortandade e por meio das feras da terra. Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles
que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram
em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso
sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram
que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus
irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram. Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio
grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue, as estrelas do céu caíram
pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes, e o céu recolheu-se
como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. Os reis da
terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas
e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face
daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que
pode suster-se?
Apocalipse 6:1-17

No capítulo 6, a atenção de João volta-se finalmente ao Cordeiro, que começa a abrir os


selos. No versículo 2, há a introdução do primeiro cavaleiro. Na Bíblia, cavalos são ligados a
figuras de importância (Ec 10:7; Ezl 23:6; Sl 33:17; Pv 21:31; Is 43:17) ou a contextos de
guerra e visões (Jr 8:6; Ex 15:1,21; Ez 38:14-15; Zc 1:7-11).

A cor branca normalmente é representante de santidade. Aqui nós temos a figura de um


cavaleiro branco armado com arco: um guerreiro real. Em Apocalipse 19:11, o cavaleiro
branco é Jesus em sua cena de vitória. Percebe-se, entretanto, o trecho do capítulo 6 faz
parte integral da mensagem do livro: o arco é geralmente uma arma de guerra (1Cr 5:18; 2Cr
14:8, 17:17; Jó 20:24; Sl 78:19, 7:12, 21:12; Is 41:2; Zc 10:03).

52
Na sequência, o texto de que foi lhe dado uma coroa. A mesma palavra foi empregada em
outros trechos: 2:10, 3:11, 4:10. Ele “saiu vencendo e para vencer”, confirmando sentido no
cavaleiro armado e coroado. Ele se apresenta como vencedor executando a vontade de
Deus, de forma que qualquer coisa que se siga da abertura dos próximos selos deve ser
entendida como algum aspecto de vitória divina.

Na abertura do segundo selo, vem à tona o cavalo vermelho e seu cavaleiro. Esta cor
usualmente carrega a conotação de sangue e guerra, um instrumento recorrente no juízo
divino (Êx 15:3; Jr 28:8; Js 11:20).

Na visão de Zacarias, o relatório de paz na terra trazido pelos cavaleiros não foi uma boa
notícias para os servos de Deus, pois aguardavam o cumprimento da profecia de Ageu (Ag
2:17). No Apocalipse, temos uma situação diferente, porém paralela. A Terra em paz
significaria ausência de castigo, de forma que este cavaleiro recebe uma grande espada.

O terceiro selo apresenta o cavalo preto e seu cavaleiro, que porta uma balança em sua mão
(Ez 4:10-16). Preto é a cor da angústia e do desespero, e indica o sofrimento no qual a
humanidade entrará no período da Grande Tribulação (Jr 4:28; Is 50:2). A voz que segue o
versículo anuncia preços altíssimos para itens essenciais, anunciando fome e crise.

Quando o cordeiro abriu o quarto selo, surge o último cavalo e seu cavaleiro: o de cor amarela
que simboliza a morte (Ez 14:21).

E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo, e
foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por
meio das feras da terra.
Apocalipse 6:8

Com a abertura abertura do quinto selo, João vê “, debaixo do altar, as almas daqueles que
tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.”.
O contexto do termo empregado sugere uma referência ao altar de sacrifício um paralelismo
com o martírio desses homens (Lv 4:30; Gn 4:10; Is 26:21; Nm 35:33).

O versículo 10 relata que “Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano
Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre
a terra?” (Sl 13:1-2, 35:17, 74:10, 90:13, 94:3; Hc 1:2, ).

53
Assim como fizeram Davi, Asafe e Habacuque, também o fazem os mártires. O tom da
pergunta é, evidentemente, um de extrema reverência. Não há uma discussão, mas sim um
apelo ao Deus soberano. A vingança do Senhor não é uma atitude fútil e egoísta, mas sim a
reflexão de Sua santidade (Dt 32:43).

No versículo 11, “ a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que
repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus
conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.”. As vestiduras
brancas são a recompensa prometida aos vencedores (Ap 3:5). Deus está no controle de
todas as coisas, e fará tudo em seu tempo correto (Ap 14:20, 16:4-7).

Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos
decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não
adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e
reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil
anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição;
sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão
com ele os mil anos.
Apocalipse 20:4-6

54
OS SERVOS QUE
PERTENCEM A DEUS

Depois disto, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra,
para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma. Vi outro anjo que
subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais
fora dado fazer dano à terra e ao mar, dizendo: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até
selarmos na fronte os servos do nosso Deus. Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e
quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel: da tribo de Judá foram selados doze mil; da tribo de
Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de
Manassés, doze mil; da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; da tribo
de Zebulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim foram selados doze mil. Depois destas
coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em
pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em
grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação. Todos os
anjos estavam de pé rodeando o trono, os anciãos e os quatro seres viventes, e ante o trono se prostraram sobre
o seu rosto, e adoraram a Deus, dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a
honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém! Um dos anciãos tomou a
palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram? Respondi-lhe: meu
Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e
as alvejaram no sangue do Cordeiro, razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de
noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Jamais terão
fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no
meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda
lágrima.
Apocalipse 7:1-17

Os primeiros seis selos já passaram, e o sexto mostrou o desespero total dos castigados. A
pergunta final do capítulo 6 salienta ainda mais a circunstância difícil dos habitantes da Terra,
“porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?” (Ap 6:17).

Se o sexto selo revelou coisas tão terríveis, ainda mais o sétimo o faria. A grande pergunta
respondida no capítulo 7 é “Quem pode sobreviver à ira do Deus todo-poderoso?”. O Senhor
a responde enquanto consola Seus fiéis, os quais Ele não esquece (Ap 7:1-8). Aqui cabe uma
observação: qualquer interpretação que procure nesses versículos o número fixo de pessoas
no céu desrespeita a linguagem óbvia do texto: além das referências à terra, ao mar, às
árvores, etc... O número 4 sugere um tema relacionado à Terra.

O texto evidencia que os quatro anjos têm poder para danificar a Terra, mas que ainda não
receberam a ordem para fazê-lo. Os quatro cantos e quatro ventos representam os quatro

55
pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste (1Cr 9:24; Is 11:12; Jr 49:36; Ez 7:2; Zc 20:16; Mt
24:31). Na Bíblia, o soprar do vento pode trazer conotação de castigo ou alívio (Ex 10:13-19,
14:21, 15:10, Salmo 11:6, 78:26; Is 29:6). Independente de sua natureza, o vento é algo que
demonstra o pleno poder de Deus (Nm 11:31; Sl 107:24-25, 135:5-7).

“Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em grande voz
aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar,”
Apocalipse 7:2

A nascente do sol representa a habitação de Deus (Nm 3:38, 2:3, Ez 8:16, 10:19, 11:1, 11:23,
43:2-4). Este anjo vem de Deus do ponto de vista do santuário, o povo de Deus (1Co 3:16-
17; 1Tm 3:15). O Anjo traz o alívio:

“Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis
e saltareis como bezerros soltos da estrebaria.”
Malaquias 4:2

O selo carregado pelo anjo demonstra que este veio da parte de Deus, pois este era um
símbolo de identificação (Gn 38:18,25; Gn 41:42; Ester 3:10, 8:2; Ct 8:6). No Novo
Testamento, os discípulos fiéis têm o selo de Deus (2Co 1:21-23; Ef 1:13-14, 4:30; 2Tm 2:19).

O anjo mensageiro traz uma ordem quatro anjos, confirmando o propósito dos ventos que
estes seguravam. O que detinha o castigo era a determinação divina, pois Deus havia
decidido identificar os seus eleitos (Ez 9:1-8). O contraste entre a marca de Deus e a marca
da besta se dá no fato de que esta leva ao Lago de Fogo, enquanto aquela assinala o povo
escolhido por Deus.

“Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos
de Israel:”
Apocalipse 7:4

Tentar interpretar literalmente esse trecho situado num livro repleto de simbolismos seria uma
abordagem incorreta. Aqui, os 144 mil representam o povo de Deus: 12 é o conhecido número
do povo do Senhor. Além disso, o autor refere-se a Israel a partir dos comentários de Jesus
em João 8:39.

56
Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu
é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor
não procede dos homens, mas de Deus.
Romanos 2:28-29

A visão de Ap 7:1-8 que fala dos fiéis na Terra, de forma que o texto só retorna ao trono a
partir de Ap 7:9. A única maneira coerente de interpretá-la em seu contexto é considerar os
144.000 como servos de Deus selados na Terra antes de começar os grandes castigos dos
Quatro Ventos.

Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos
e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos;
Apocalipse 7:9

Algumas interpretações tratam a grande multidão como um grupo distinto dos 144.000. Isso
parece mais coerente, pois a narrativa transloca-se dos fiéis na Terra para os fiéis no céu. A
diversidade da multidão não consiste de anjos ou outros seres celestiais, mas pessoas
abençoadas por meio dos descendentes de Abraão (Gn 12:13; Gl 3:28-29; Ap 7:14, 3:4-5,
6:11).Os ramos de palmeira identificam para nós o pano de fundo da cena (Lv 12:33-43; Jo
7:37-39; 12:13). O louvor é direcionada ao Pai que se assenta no trono e ao Cordeiro que se
mostrou digno de abrir o livro.

Todos os anjos estavam de pé rodeando o trono, os anciãos e os quatro seres viventes, e ante o trono se
prostraram sobre o seu rosto, e adoraram a Deus, dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações
de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!
Apocalipse 7:11-12

As multidões dizem amém e oferecem todo o louvor e toda a glória para Deus. Ele é perfeito
e merecedor de todas as honrarias (Ap 5:12). O texto ainda revela-nos que um dos anciãos
toma a palavra e questiona João acerca da identidade dos que “se vestem de vestiduras
brancas”:

Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram
suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, razão por que se acham diante do trono de Deus e o
servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu
tabernáculo. Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o
Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus
lhes enxugará dos olhos toda lágrima.
Apocalipse 7:14-17

57
Certamente o apóstolo João já poderia ter uma noção acerca dessa resposta, pois certamente
se lembrava das almas debaixo do altar na ocasião do quinto selo (Ap 6:9-11), porém opta
por perguntar ao ancião para que todas as suas dúvidas possam ser sanadas.

O termo “vêm” indica que ainda havia pessoas que chegavam ao céu, vítimas da Grande
Tribulação. Aqui percebemos que os selados não seriam protegidos do sofrimento na Terra,
pois enfrentariam horríveis perseguições, porém seriam protegidos da segunda morte (Ap
2:11).

Novamente somos obrigados a respeitar os limites de tempo que estudamos nas primeiras
lições: interpretações que afirmam que esta grande tribulação começará em algum momento
futuro distorcem o sentido do trecho.

58
AS PRIMEIRAS
QUATRO TROMBETAS

Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora. Então, vi os sete anjos que se
acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas. Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com
um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o
altar de ouro que se acha diante do trono; e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com
as orações dos santos. E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões,
vozes, relâmpagos e terremoto. Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar. O
primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. Foi, então,
queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde. O segundo anjo tocou a trombeta, e
uma como que grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar, cuja terça parte se tornou em sangue, e
morreu a terça parte da criação que tinha vida, existente no mar, e foi destruída a terça parte das embarcações.
O terceiro anjo tocou a trombeta, e caiu do céu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas uma
grande estrela, ardendo como tocha. O nome da estrela é Absinto; e a terça parte das águas se tornou em absinto,
e muitos dos homens morreram por causa dessas águas, porque se tornaram amargosas. O quarto anjo tocou a
trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles escurecesse e, na
sua terça parte, não brilhasse, tanto o dia como também a noite. Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo
meio do céu, dizia em grande voz: Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta
dos três anjos que ainda têm de tocar!
Apocalipse 8:1-13

O capítulo oito inicia-se na esperança da abertura do sétimo selo. Quando ele é rompido,
abre uma outra série de sete capítulos que relata os acontecimentos das quatro trombetas.
Para a abertura deste selo, não se ouve o clamor das almas dos mártires e não há nenhum
terremoto: por enquanto, apenas o silêncio.

Falou mais Moisés, juntamente com os sacerdotes levitas, a todo o Israel, dizendo: Guarda silêncio e ouve, ó
Israel! Hoje, vieste a ser povo do SENHOR, teu Deus. Portanto, obedecerás à voz do SENHOR, teu Deus, e lhe
cumprirás os mandamentos e os estatutos que hoje te ordeno.
Deuteronômio 27:9-10

O Senhor escolheu-nos como povo eleito, e portanto devemos obedecer às Suas ordens e
seguir Seus estatutos. Quando Habacuque questiona a justiça de Deus, a resposta que obtém
é esta:

O SENHOR, porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.
Habacuque 2:20

59
No versículo 2, os sete anjos que estão em pé diante do trono do Senhor recebem sete
trombetas (Nm 10:10). Dando sequência a esse evento, outro anjo achega-se ao altar
portando um incensário de ouro que representa as orações dos santos. Aqui, o anjo imita a
função de um sacerdote (Lv 16:11-14, Nm 16:46).

“e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos. E o anjo tomou o
incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.”
Apocalipse 8:4-5

Aqui podemos perceber que o incensário era uma figura que servia tanto para levar as
orações ao Senhor quanto trazer Sua resposta. Os santos clamavam por justiça, e o anjo
atira à Terra o incensário cheio do fogo do altar (Sl 50:3-7).

Cada uma das sete trombetas será tocada por um anjo do Senhor:

“O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. Foi,
então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde.”
Apocalipse 8:7

Os eventos da primeira trombeta lembram os acontecimentos de Êxodo 9:24: De maneira


que havia chuva de pedras e fogo misturado com a chuva de pedras tão grave, qual nunca
houve em toda a terra do Egito, desde que veio a ser uma nação.

“O segundo anjo tocou a trombeta, e uma como que grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar,
cuja terça parte se tornou em sangue, e morreu a terça parte da criação que tinha vida, existente no mar, e foi
destruída a terça parte das embarcações.”
Apocalipse 8:8-9

Aqui podemos observar as dimensões do poder de Deus e Seu juízo acionado sobre a Terra.
Frequentemente, as montanhas são representantes de reinos e autoridades (Is 2:2) e os
mares, como alvo dos juízos de Deus (Ez 27:3). Nesse sentido, a segundo trombeta pode
sugerir um castigo que atinge a economia em escala global (Sl 98:7; Is 23:11, 41:5; Ez 26:16-
18; Dn 7:2-3). O castigo seria uma derrota sobre todos aqueles que habitam na Terra, cuja
terça parte tornar-se-á em sangue. Aqui há novamente o uso da linguagem de Êxodo.

O terceiro anjo tocou a trombeta, e caiu do céu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas uma
grande estrela, ardendo como tocha. O nome da estrela é Absinto; e a terça parte das águas se tornou em
absinto, e muitos dos homens morreram por causa dessas águas, porque se tornaram amargosas.
Apocalipse 8:10-11

60
Uma vez que as estrelas são parte da criação, Deus faz uso delas em Suas batalhas a favor
dos fiéis (Jz 5:20). Como instrumento de castigo, as estrelas caíram dos céus sobre as fontes
das águas. As potências do céu serão abaladas e a poluição da terça parte dos rios e das
fontes das águas tornará a sobrevivência extremamente difícil (Lm 3:15-19; Jr 9:15).

O quarto anjo tocou a trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles
escurecesse e, na sua terça parte, não brilhasse, tanto o dia como também a noite. Então, vi e ouvi uma águia
que, voando pelo meio do céu, dizia em grande voz: Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa das restantes
vozes da trombeta dos três anjos que ainda têm de tocar!
Apocalipse 8:12-13

A linguagem da quarta trombeta é típica de profecias e visitações divinas, pois Deus controla
todos os corpos celestes, que são exército de Deus. Os sete selos foram divididos com uma
série de trombetas e juízos. Já se passaram quatro, e agora uma águia anuncia a vinda das
últimas pragas.

A tripla repetição do “Ai” sugere uma dor extrema, um prenúncio dos castigos que serão
severos e impenitentes sobre todos aqueles que não amaram a Deus e não constituíram a
Jesus Cristo como seu salvador.

61
OS TRÊS AIS

O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na terra. E foi-lhe dada a chave do poço do
abismo. Ela abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira
saída do poço, escureceu-se o sol e o ar. Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado
poder como o que têm os escorpiões da terra, e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a
qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão-somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a
fronte. Foi-lhes também dado, não que os matassem, e sim que os atormentassem durante cinco meses. E o seu
tormento era como tormento de escorpião quando fere alguém. Naqueles dias, os homens buscarão a morte e
não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles. O aspecto dos gafanhotos era
semelhante a cavalos preparados para a peleja; na sua cabeça havia como que coroas parecendo de ouro; e o
seu rosto era como rosto de homem; tinham também cabelos, como cabelos de mulher; os seus dentes, como
dentes de leão; tinham couraças, como couraças de ferro; o barulho que as suas asas faziam era como o barulho
de carros de muitos cavalos, quando correm à peleja; tinham ainda cauda, como escorpiões, e ferrão; na cauda
tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses; e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do
abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom. O primeiro ai passou. Eis que, depois destas
coisas, vêm ainda dois ais. O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar
de ouro que se encontra na presença de Deus, dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os
quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates. Foram, então, soltos os quatro anjos que se
achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens. O número
dos exércitos da cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares; eu ouvi o seu número. Assim, nesta visão,
contemplei que os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre. A cabeça
dos cavalos era como cabeça de leão, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre. Por meio destes três flagelos,
a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens; pois
a força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua cauda se parecia com serpentes, e tinha
cabeça, e com ela causavam dano. Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se
arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre,
de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar; nem ainda se arrependeram dos seus assassínios,
nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos.
Apocalipse 9:1-21

Os escorpiões descritos na quinta trombeta não são pestes devoradoras de colheitas, mas
sim criaturas que atacam os homens. Serpentes e escorpiões representam o poder do diabo
sobre os moradores da terra.

O texto deixa claro que essa punição mão será para a morte, mas sim para o tormento. Os
gafanhotos são direcionados a não atacarem as plantes, mas apenas os homens que não
possuem o selo de Deus (Apocalipse 7:3-8), de forma que os homens atingidos por essas
pragas são aqueles que vivem nas trevas, seguem ao diabo e servem a ele.

62
Essas pragas também demonstram que os 144 mil são servos de Deus na Terra, não no céu.
O tormento de cinco meses denota um período determinado e limitado por Deus para essa
situação, de forma que essa praga não é nem fatal, nem final.

Os opressores do povo de Deus sofreriam muita dor em decorrência desses eventos, mas
não morreriam. De fato, a intensidade do sofrimento é evidenciada pelo fato de que os
homens buscarão a morte, porém não conseguirão encontra-la (Jó 3:20-22; Jr 8:3).

A descrição da aparência dos gafanhotos lembra-nos dos textos de Joel (Jl 1:4-6, 2:4-10):
opressores terríveis que vem com uma força quase irresistível contra os homens. Na narrativa
bíblica, cavalos aparecem frequentemente como forma de poder, castigo e destruição (Jr
4:13; 6:23; 8:16; 47:3; 50:42; 51:27; Ez 26:11; Na 3:2; Hc 1:8).

Suas coroas parecidas com ouro sugerem uma falsa vitória, pois parecer não é ser! Os rostos
de homem implicam força, e os dentes de leão, poder de destruição. O cabelo de mulher
representa tanto a submissão a satanás (1 Cor 11:15) quanto a beleza: um aspecto
enganador. A couraça de ferro apresenta-os como guerreiros da parte do diabo, que lutarão
para tentar vencer. Porém a armadura de Deus é muito mais forte:

Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus,
para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim
contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais
do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e,
depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e
vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o
escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da
salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;
Efésios 6:10-17

Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são
carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante
contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo, e estando prontos
para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão.
2 Coríntios 10:3-6

Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o
seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as
coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É
Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por
nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou
perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados
como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele
que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados,
nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer
outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Romanos 8:31-39

63

Você também pode gostar