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CAP III- ESTRUTURA CRISTALINA

Dependendo da composição química ou


do processo de fabricação os átomos nos
processos de solidificação ou nos
tratamentos térmicos podem se arranjar
de maneira ordenada (estrutura cristalina)
ou desordenada (estrutura vítrea).

Estrutura cristalina Estrutura vítrea


CAP III- ESTRUTURA CRISTALINA

Estrutura cristalina: compostos por átomos,


moléculas ou íons arranjados de uma forma
periódica em 3 dimensões.
As posições que são ocupadas seguem uma
ordenação que se repete ao longo de grandes
distâncias
Distância entre planos de átomos iguais.

Materiais Vítreos (amorfos): compostos por


átomos, moléculas ou íons que não
apresentam uma ordenação de longo alcance.
Distância entre planos atômicos diferentes
CAP III- ESTRUTURA CRISTALINA

A estrutura física dos materiais sólidos


depende fundamentalmente do arranjo estrutural
de seus átomos, íons ou moléculas.
A grande maioria dos materiais comumente
utilizados em engenharia, particularmente os
metálicos, exibe um arranjo geométrico de seus
átomos bem definido, constituindo uma estrutura
cristalina.
O estudo da estrutura interna dos materiais
necessita da utilização de 7 arranjos atômicos
básicos, que podem representar as estruturas de
todas as substâncias cristalinas conhecidas.
Arranjos atômicos-células unitárias.
Fatores que definem o arranjo mais
estável dos átomos de um cristal:

Preservar a neutralidade elétrica;


Satisfazer o caráter direcional das
ligações covalentes;
Minimizar a repulsão íon-íon;
Ajustar os átomos do modo mais
compacto possível;
Relação entre tamanho de átomos;
Estrutura Cristalina Materiais Metálicos

As Ligações metálicas por não apresentarem


caráter direcional, não impõe restrições a
átomos vizinhos e também por se formados por
átomos iguais ou semelhantes, cristalizam-se
em estruturas simples e compactas. Os metais
se cristalizam nas seguintes estruturas:
• Hexagonal Compacta;
• Cúbica de Face Centrada;
• Cúbica de Corpo Centrado.
Cúbica de Corpo Centrada - CCC

Apresenta átomos localizados no vértice


do cubo e no centro do cubo

Modelo demonstrando
a posição dos átomos Célula Unitária –
da Estrutura CCC Estrutura CCC
Cúbica de Face Centrada - CFC

Apresenta átomos vértice do cubo e no centro


localizados no das faces.

Modelo demonstrando a Célula unitária


Estrutura CFC posição dos átomos da Estrutura CFC
Estrutura CFC
. Estrutura Hexagonal Compacta

Modelo demonstrando a posição dos


Estrutura HC átomos da Estrutura HC
. Comparações entre Estruturas Metálicas

Estrutura CFC CCC HC

Dutibilidade Boa Ruim Ruim

FEA 0,74 0,68 0,74

Dureza Baixa Alta Alta

Coef. Dilatação maior menor maior

FEA Fator de empacotamento atômico


Estrutura Cristalina dos Materiais Cerâmicos

Ø A estrutura dos materiais cerâmicos pode ser


extremamente complexa à medida que um número
elevado de átomos, com diferentes funções, pode
formar a mesma.
Ø Tal estrutura, como de outros materiais
(metálicos e poliméricos) é determinada pela
natureza das ligações atômicas presentes, bem
como das características dos elementos
envolvidos em tais ligações.
Ø Na maioria dos materiais cerâmicos, a estrutura
é resultado da quantidade relativa de ligações
iônicas e covalentes presentes. As parcelas iônica
e covalente dependem basicamente da
eletronegatividade dos átomos envolvidos.
. Estrutura dos sólidos iônicos
Como os sólidos iônicos exibem tendência a
formar estruturas altamente compactas, o limite
de tal compactação é dado pela relação entre
raios iônicos e pelo balanço eletrostático dos
íons envolvidos. Além disso, para que a ligação
iônica ocorra é necessário que os cátions e
ânions estejam em contato.
Número de Relação (r/R)ideal
Coordenação
3 0,155
4 0,225-0,414
6 0,414-0,732
8 0,732-1,00
12 1,00
Tabela 3.5.Número de coordenação para as relações entre raios metálicos ou iônicos.
Ligação iônica - Cloreto de Sódio

Raio iônico

Na+ 0,098
Cl- 0,181
Rc/a = 0,098 = 0,541
0,181

Observando o valor da relação raio do


cátion com raio do anion verificamos que a
Ligação iônica - Cloreto de Sódio
relação está na faixa de 0,414-0,732 que
corresponde ao numero de coordenação 6
Estrutura dos sólidos covalentes

Os materiais cerâmicos formados estritamente por


ligações covalentes apresentam altos pontos de fusão e
elevada dureza. Estas propriedades são oriundas da
alta força de ligação e da simetria da estrutura.

Estrutura do diamante Estrutura cristalina do SiO2


ESTRUTURA CRISTALINA DOS SILICATOS

Os silicatos representando cerca de 25% dos


minerais conhecidos e quase 40% dos minerais
comuns.
Os silicatos constituem cerca de 95% do volume da
crosta terrestre, dos quais cerca de 59,5% são
representados por feldspatos, 16,8% por anfibólios e
piroxênios, 12% por quartzo e 3,8% pelas micas, os
outros minerais (silicatos e não silicatos) perfazendo o
volume de aproximadamente 7,9%.
Muitos materiais cerâmicos têm estruturas do tipo
silicato. Muitos minerais que aparecem na natureza
tais como argila, feldspato, talco, micas são silicatos.
Unidade estrutural básica do Silicato

A unidade [SiO4] é formada por um átomo de


silício no centro e os átomos de oxigênio nos
vértices.

Figura 3.14. Estrutura do ortossilicato [SiO4]4 -


Principais estruturas dos silicatos
Estrutura Tridimensional SiO2 : Cada
Silício está cercado por quatro oxigênio
e cada oxigênio está ligado por dois
tetraedros.
Exemplo: Quartzo e Tridimita

Silício
™ Oxigênio

(a) Cristobalita (b) Tridimita


Ortossilicato (SiO4) -4

Um átomo de silício se liga a 4 átomos


de oxigênio

Exemplo: Mg2SiO4 (fosterita)

Átomos de magnésio
Metassilicato ( Si2O7)-6
Quando dois radical ortossilicato
se ligam entre si, usando um
oxigênio como ponte.
Exemplo: Ca2Mg Si2O7

Figura 3.18. Estrutura do metassilicato


Piroxênios (SiO3)-2:

Unidades de (SiO4) -4 unidas em cadeias


Exemplo:Mg SiO3 (enstetita)

Estrutura em Cadeias simples (piroxênios)

Estrutura em cadeias duplas (anfibólios)


Estrutura em Camada

Quando os três átomos do tetraedro


(SiO4)-4 está ligado a três tetraedros,
formando uma estrutura lamelar.
Exemplo: Argilominerais, talco

Figura 3.20. Estrutura lamelar


Estruturas dos argilominerais
Argilominerais : são aluminossilicatos hidratados
que podem ser dispersos em partículas finas e
desenvolvem plasticidade quando misturados com
água.
Exemplos: caulinita, halloysita, pirofilita,
montmorillonita, mica, ilita, etc...

As estruturas cristalinas dos argilominerais são


constituídas por camadas tetraédricas de silício
(tetracoordenado) e octaédricas de alumínio
(hexacoordenado).
Os vértices dos grupos tetraédricos e octaédricas são compostos
por átomos ou íons oxigênio e por íons hidroxila, que estão ao
redor de pequenos cátions, principalmente Si4+ e Al3+,
ocasionalmente Fe3+ e Fe2+, nos grupos tetraédricos Al3+, Mg2+,
Fe2+, Fe3+, Ti4+ nos grupos octaédricas
Estrutura das camadas
de um argilomineral

a- Grupo tetraédrico silício c- Grupo octaédricas alumínio


b- Lâmina tetraédrica d- Lâmina octaédricas
Estrutural de um argilomineral
tipo 1:1 e 1:2

Modelo estrutural de um Modelo estrutural de um


argilomineral tipo 1:1. argilomineral tipo 1:2.
Principais Estruturas dos
argilominerais
Composição química teórica dos
principais argilominerais
Mineral Fórmula química
(estrutural ou em óxidos)
Caulinita Al2(Si2O5)(OH)4 ou Al2O3·2SiO2·2H2O

Halloysita Al2(Si2O5)(OH)4·2H2O ou Al2O3·2SiO2·4H2O

Pirofilita Al2(Si2O5)2(OH)2 ou Al2O3·4SiO2·H2O

Montmorillonita (Al1,67Na0,33Mg0,33)(Si2O5)2(OH)2 ou
5/6Al2O3·1/6Na2O·1/3MgO·4SiO2·H2O
Mica moscovita Al2K(Si1.5Al0.5)2(OH)2 ou 3/2Al2O3·K2O·3SiO2·H2O

Talco Mg3(Si2O5)2(OH)2 ou 3MgO·4SiO2·H2O


Caulinita

Silicato de alumínio hidratado de estrutura lamelar,


argilomineral. Estrutura 1:1
Composição: Al 2(Si2O5)(OH)4

Reações:
l >500°C se decompõe em metacaulinita,
Al2O3·2SiO2, (perde água de constituição)
l >900°C forma mulita, 3Al2O3·2SiO2, e alumina
l >1150°C forma cristobalita

Propriedades e aplicação: Plasticidade


Caulinita

7,1Å

Figura 2.24. Estrutura da caulinita

Figura 2.25.Microscopia da caulinita


ILITA
Silicato de alumínio hidratado de estrutura lamelar,
argilomineral. Estrutura 2:1. As camadas sucessivas
estão ligadas entre si pelos átomos de potássio.
Composição: 3/2Al2O3·K2O·3SiO2·H2O

Reações:
l >550°C perde OH (água de constituição)
l >980°C nucleação e a cristalização

Propriedades e aplicação: Plasticidade e fundente


Ilita

10Å

K K K K

K K K K K

K K K K

Figura 2.26. Estrutura da ilita


MONTMORILONITA

Silicato de alumínio hidratado de estrutura lamelar,


argilomineral. Estrutura 2:1. As camadas sucessivas
estão ligadas entre si por camadas de água.

Composição: (0,67Na0,33Mg0,33)(Si2O5)2(OH)2 ou
5/6Al2O3·1/6Na2O·1/3MgO·4SiO2·H2O
Reações:
l 100 a 250 °C perde água interfoliar
l 500 e 700 °C água de constituição

Propriedades e aplicação: Plasticidade e fundente


MONTMORILONITA

14Å
H20 H20 H20

H20 H20 H2 0 H20 H20

H20 H20 H20

Figura 2.28. Estrutura da MONTMORILONITA


Talco

Silicato de magnésio hidratado de estrutura lamelar,


similar a argilomineral

Composição: Mg3(Si2O5)2(OH)2

Reações:
1000°C se decompõe em protoenstatita, MgSiO3, e
enstatita, MgO·SiO2
1547°C se funde

Propriedades e aplicação:
Alto coeficiente de expansão térmica, usado na
formulação de azulejos e esmaltes.
Feldspato

Silicato de alumínio anidro

Composição:
l K2O·Al2O3·6SiO2 (ortoclásio)
l Na2O·Al2O3·6SiO2 (albita),
l CaO·Al2O3·2SiO2 (anortita)

Reações:
800-1000°C apresenta uma composição próxima do
eutético (ortoclásio, feldspato potássico)
CRISTALOGRAFIA E
DETERMINAÇÃO DE
ESTRUTURAS CRISTALINAS

POSIÇÕES, DIREÇÕES E PLANOS EM CRISTAIS

figura 3.29- Posições atômicas de uma célula CCC


DIREÇÕES EM CRISTAIS CÚBICOS

Para se obter uma direção em um cristal, deve-se observar que:


a. Os eixos cristalinos são utilizados como direções básicas;
b. As coordenadas de um ponto são medidas em relação ao
parâmetro de cada eixo e assim, não representam valores reais de
distância;
c. A direção [222] é idêntica à direção [111] e dessa forma, a
combinação dos menores números inteiros deve ser utilizada;
d. As direções negativas são indicadas com um traço sobre o
índice;
e. Uma direção é representada por índices entre colchetes.
. PLANOS EM CRISTAIS CÚBICOS

Em determinadas situações é necessário definir planos atômicos


dentro de uma estrutura cristalina. Para identificar planos
cristalinos em cristais cúbicos, o sistema de notação dos índices
de Miller deve ser utilizado. Os índices de Miller de um plano
cristalino são definidos como sendo os inversos das
coordenadas de interceptação do plano com os eixos x, y e z. O
procedimento básico para determinar os índices de Miller para
um cristal cúbico são:
a. Escolha de um plano que não passe pela origem
(0,0,0);
b. Determinação dos pontos de interceptação do plano
com os eixos x, y e z;
c. Obtenção dos inversos das interceptações;
d. Obtenção dos menores números inteiros para
representar o plano;
e. Apresentação dos índices obtidos entre parênteses.
Índices de Miller,

a b c

¥,, 1, ¥ 1, , ,1, ¥ 1 ,, 1, 1
0, 1, 0 1, 1, 0 1, 1, 1
(010) (110) (111)
DENSIDADES ATÔMICA
EM CRISTAIS

Dentre os planos e direções de um cristal, alguns


revelam ser mais compactos, ou seja, possuem mais
átomos por unidade de comprimento ou de área.

Os planos e direções compactos são importantes


porque desempenham papel significativo no estudo
da deformação plástica de metais. Os átomos de um
cristal solicitado mecanicamente escorregam ao
longo de planos compactos, seguindo direções
compactas
. Plano e direção 100 da estrutura cúbica
simples

1 1 1 1
o
n de atomos + + + 1
= = 4 4 4 4 = 2
Dplanar
area a2 a
ANÁLISE DE ESTRUTURAS
CRISTALINAS

Grande parte do conhecimento adquirido sobre


estruturas cristalinas é resultado da utilização
de técnicas de difração de raios-X. Estas
técnicas permitem obter informações
detalhadas sobre dimensões, presença de
defeitos e orientação da rede cristalina. O uso
do raios-X no estudo de cristais deve-se ao
fato de que esta radiação tem comprimento de
onda próximo aos valores de distâncias entre
planos cristalinos.
OBTENÇÃO DE RAIOS-X

A obtenção de raios-X para difração envolve


a aplicação de tensões da ordem de 35kV
entre um catodo e um anodo, dentro de um
sistema apresentando alto vácuo.
Raios refletidos em fase, por isto haverá
reflexão, interferência construtiva.
Raios refletidos não em fase, por isto não
haverá reflexão, interferência destrutiva.
Condição para que haja
difração

Para que haja refração ou seja interferência construtiva


MP+PN tem que ser igual a um inteiro de comprimento
de onda.
Goniômetro empregado na
técnica de difração de raios-X

Como no ensaio de difração


de raios-x o ângulo de Amostra
incidência varia, haverá um
ângulo onde a lei de Bragg é
Fonte
satisfeita ou seja, MP +
PN = n.l, desta forma,
neste ângulo haverá um
difração do raios-x, que será
detectada pelo Detector. A
intensidade do raios-x Detector
difratado será maior quanto
mais compacto é o plano
LEI DE BRAGG
l Conhecendo-se o ângulo onde houve a
interferência construtiva podemos facilmente
calcular a distancia interplanar.

q
d
M N d-distância interplanar
q
P
MP+PN= n.l então
MP= d. sen q
n.l=2.d.sen q n=1
MP+PN= 2. d. sen q
Exemplo de Exercícios:

Um espectro de difração de raios-x de um elemento


com estrutura cristalina apresentam os seguintes
picos de difração para os seguintes valores de ângulo:
12000
Pico Ângulo de
difração (2q) 10000

8000
1o 40,00
6000

2o 58,00 4000

3o 73,00 2000

0
4o 86,8 0 20 40 60 80 100 120
A ngul o de D i f r a ção 2 O

Com base nos dados acima determine:


1 - a estrutura cristalina
2 - a distancia interplanar entre do 1o Pico
3 - o parâmetro de rede(aresta)
4- o raio do metal
5- o metal
1– Para determinar a estrutura devemos calcular a
relação entre o quadrado do seno do ângulo do 1º pico
com o quadrado do 2º.

CCC=0,5,
CFC=0,75
HC¹ 0,5 ou 0,75

2q q
Pico
1 40,00 20
2 58,00 29
3 73,00 36

Sen2q1° = = 0,117 = 0,498 = 0,5 CCC


Sen2q2° 0,235
2-a distancia interplanar entre do 1o Pico

2-Utilizando esta equação

l = 2 d hkl senq
, podemos determinar a distancia interplanar

dhkl = l .
.
2.senq
d110= 0,154056 nm = 0,225 nm
2.sen 20
l 3- Para calcular o parâmetro de rede(aresta)
devemos utilizar a formula:
l

l a = dhkl. (h2 + k2 +l2)


l a = 0,225.(12+12+02) 0,5=
l a =0,225.(2) 0,5 = 0,3185nm
o raio do metal

a= 4R
3

R= a. 3 = 0,318. 1,732 = 0,1377nm


4 4

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