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A ESTRUTURA DA
NARRATIVA BÍBLICA
Rev. João França
15 DE SETEMBRO DE 2022
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RUA JOÃO CAMPOS – CENTRO – RIACHÃO DO JACUÍPE - BA
Sumario
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 2
2. O Enredo ................................................................................................................ 7
3 – A Caracterização..................................................................................................... 8
4. Ambiente ................................................................................................................ 10
5. O Diálogo ............................................................................................................... 10
7. Estrutura ................................................................................................................ 11
Referências .................................................................................................................... 12
A ESTRUTURA DA NARRATIVA BÍBLICA
INTRODUÇÃO:
Uma vez que tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são amplamente
escritos em forma de história, a narrativa é a essência da revelação bíblica. O
longo corpus narrativo de ambos os testamentos forma o coração da história e
da mensagem da Bíblia. Isso torna a compreensão narrativa essencial para
todos os intérpretes da Bíblia.1
Deve-se ressaltar que a narrativa tem a uma estrutura dinâmica que flui
naturalmente do texto sagrado formando assim uma estrutura hermenêutica-homilática.
Isso ajuda-nos a perceber melhor o sentido do texto sagrado; e, para se ensinar com
clareza este gênero “é necessário compreender como as narrativas são compostas e
como funcionam”.2 A estrutura narrativa está fincada em eventos históricos Greidanus
lembra isso:
*
O autor é Ministro da Palavra e dos Sacramentos na Igreja Presbiteriana do Brasil. Atualmente é pastor
na Igreja Presbiteriana de Riachão do Jacuípe – BA. Foi professor de Línguas Bíblicas (Hebraico e
Grego) no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil – SPFB (Recife), também foi professor de
Hermenêutica, filosofia e Exegese de Atos no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (Patos –
PB), também foi professor de Filosofia e Ética na Faculdade Regional de Riachão do Jacuípe – BA.;
Atualmente é professor de Antigo Testamento no Instituto Teológico Reformado do Brasil (ITRB –
Petrolina) e professor de Hermenêutica no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil – SPFB
(Rondônia). É também professor de Exegese do Antigo Testamento no Instituto Teológico Reformado do
Brasil-Angola (ITRBA).
1
KAISER JR, Walter C. Narrative. In: D. Brent Sandy and Ronald L. Giese, Jr.(editors). Cracking Old
Testament codes: a guide to interpreting Old Testament literary forms. Nashville, Tennessee 1995, p.69.
2
KAISER JR, Walter C. Pregando e ensinando a partir do Antigo Testamento – Um Guia para a
Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.76.
A mensagem de todos os gêneros de literatura depende, de uma forma ou de
outra, da realidade de eventos históricos específicos proclamados na Bíblia.
Não é por acaso que a narrativa histórica é o gênero de literatura bíblica mais
abundante (encontrada na maioria das narrativa hebraicas, nos evangelhos,
em Atos e até certo ponto nos profetas, nos Salmos e nas epístolas). 3
A narrativa ela flui através de uma série de fatores que compõe o texto sagrado.
Greidanus apresenta de forma gráfica o fluxo da narrativa5.
Quando observa-se o gráfico acima sabe-se que a narrativa possui um fluxo bem
definido. Temos um cenário geralmente inia-se de forma pacífica, depois surge um
elemento motivador para a geração de um conflito e durante o desenvolvimento da
narrativa levanta mais complicações, depois, de tudo, parece que o conflito inicial tende
a diminuir-se a ponto de ter uma resolução concluindo assim o enredo da história. Este é
o padrão comum que se encontra em textos narrativos históricos ou em prosa bíblica;
visto, que ele ajuda a visualizar o todo da história narrativa.
3
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São Paulo: Ed. Cultura
Cristã,2006, p.43.
4
ALTER, Robert. A Arte da Narrativa Bíblica. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 2007, p.44.
5
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São Paulo: Ed. Cultura
Cristã,2006, p.246.
2. O fluxo da narrativa esboçado:
Também esse fluxo pode ser demonstrado no formato de esboço homilético que
torna-se o paradigma para ajudar na elaboração de um sermão ou aula bíblica sobre um
texto narrativo:
I. Exposição
A. Circunstâncias Gerais
B. Personagens principais
II. Complicações
III. Resolução
IV. Desenvolvimento
B. Eventos reconciliados.
Todo aquele que tenciona trabalhar com a estrutura da narrativa bíblica deve ser
consciente de que os textos narrativos, por mais que sejam extensos muitos deles foram
estruturados de forma temática seguindo em muito o esquema apresentado acima. Isto
porque há nos textos narrativos seletividade, simultaneidade, e assim a teologia do autor
bíblico fica configurada dentro destes recursos.
6
WRIGHT, Christopher. J. H. Como Pregar e Ensinar com base no Antigo Testamento. São Paulo:
Ed. Mundo Cristão, 2018, p.79.
II – OS ELEMENTOS E ESTRUTURA DA NARRATIVA BÍBLICA.
Neste momento este estudo se ocupa de tratar das características que definem e
estruturam a narrativa bíblica. Estes elementos ou características são importantes para
que se possa determinar a estrutura hermenêutica e homilética do texto bíblico que é
foco do estudo bíblico-exegético-kerigmático. (exegese e pregação). Walter C. Kaiser
Jr, sumariza os elementos componentes na narrativa bíblica:
1. O Cenário (situação).
7
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento – Um Guia para a
Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.76.
8
FOKKELMAN, J.P. Narrative Art in Genesis: Specimens of Stylistic and structural Analysis,
Amsterdam: Ed. Van Gorcum,1975, p.9
9
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São Paulo: Ed. Cultura Cristã,
2006, p.241.
10
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento – Um Guia para a
Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.77
11
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São Paulo: Ed. Cultura Cristã,
2006, p.242.
Testamento.”12 É bom que se diga que cada cena geralmente é “composta de dois ou
mais personagens. Nos casos onde aparece um grupo em uma cena, este grupo funciona
como um dos personagens”13, o grande diferencial da narrativa bíblica, segundo
Greidanus, é “a presença difundida de Deus” mesmo em narrativas onde o nome dele
não aparece, mas isto indica que todo o cenário irá, “sem dúvida, revelar a presença de
Deus”.14 Isto quer dizer que a presença divina é sempre sugerida “pelo ponto de vista do
narrador”15
I – Dias anteriores (v.1): “Naqueles dias, a palavra do Senhor era mui rara”.
I – O Palácio (v.1)
II – O ribeiro de Querite (vs.2-7)
III – A porta da cidade de Sarepta (vs. 8-16)
12
PRATT, JR. Richard. Ele nos deu Histórias. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 2004, p.185.
13
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento – Um Guia para a
Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.76.
14
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São Paulo: Ed. Cultura Cristã,
2006, p.242.
15
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento – Um Guia para a
Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.76.
16
Ibid,p.78.
17
Idem
2. O Enredo:
Ele [nosso narrador] entra dentro dos compartimentos mais secretos, ele ouve
a conversa íntima entre Amon e Jonadabe, ele testemunha Amon subjugando
à resitente Tamar e ele está consciente de que o Velho Davi não ‘conheceu’ a
bela Abisague. De tempos em tempos ele informa o ouvinte, por meio de
entendimentos diretamente interiores, sobre pensamentos, sentimentos e
intenções de personagens...
A mais notável evidência da onisciência do narrador deve ser encontrada no
que ele nos diz acerca de Deus, seu julgamento (“porém isto que Davi fizera
foi mal aos olhos do Senhor”), seus sentimentos (“e o Senhor o amou”) e
suas intenções (“Pois ordenara o Senhor que fosse dissipado o bom conselho
de Aitofel, para que o mal sobreviesse contra Absalão”)(2ºSamuel 11.27;
12.24; 17.14)24
3 – A Caracterização.
O fluxo narrativo vem dos personagens em suas palavras e em seus atos; por
isso, não se deve tratar os personagens de forma isolada dos eventos circundantes da
narrativa bíblica. Richard Pratt, Jr lembra que “os personagens desempenham um papel
22
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento – Um Guia para a
Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.79
23
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São Paulo: Ed. Cultura Cristã,
2006, p.248
24
BAR-EFRAT, Shimon. Literary Modes and Methods in the Biblical Narrative in View of 2 Samuel 10-
20 e 1 Reis 1-2. Immanuel 8 (1978),pp.19-31.
25
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento – Um Guia para a
Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.81
central nas histórias do Antigo Testamento. A relação inclui Deus, criaturas
sobrenaturais e seres humanos”.26
26
PRATT, JR. Richard. Ele nos deu Histórias. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 2004, p.164.
27
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento – Um Guia para a
Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.81
28
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São Paulo: Ed. Cultura Cristã,
2006, p.242.
29
PRATT, JR. Richard. Ele nos deu Histórias. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 2004, p.165.
30
Ibid, p.167.
4. Ambiente.
5. O Diálogo.
Kaiser lembra que o “diálogo é uma parte tão importante que frequentemente é
possível de encontrar, nas palavras de um dos principais personagens da narrativa, o
ponto de vista de toda a passagem”32 As vezes a narrativa é suspensa se concentra no
diálogo revelando a sua proeminência no processo narrativo. Um exemplo clássico
pode-se ser encontrado em Rute 1.9 quando Noemi declara: “O Senhor vos dê que sejais
felizes, cada uma em casa com seu marido!”. Esta declaração define um estágio no
enredo desta narrativa: Rute encontrará uma casa em Israel?33
31
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento – Um Guia para a
Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.83
32
Ibid, p.84
33
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São Paulo: Ed. Cultura Cristã,
2006, p.245.
7. Estrutura.
A estrutura quiástica pode ser definida pelo uso da repetição de temas na ordem
invertida no fluxo da narrativa. Como usá-la para elaborar a sua estrutura homilética?
Primeiro deve-se de fato ler toda a passagem na qual tenciona ensinar; e assim,
observando se as ideias dos segmentos repetem-se, aquele segmento que não repetir-se
este deve ser tomado como o centro da narrativa (sempre indicado por um X) e
consequentemente o tema da mensagem.
34
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento – Um Guia para a
Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.87.
Referências:
1. ALTER, Robert. A Arte da Narrativa Bíblica. São Paulo: Ed. Companhia das
Letras, 2007, p.44.
2. BAR-EFRAT, Shimon. Literary Modes and Methods in the Biblical Narrative in
View of 2 Samuel 10-20 e 1 Reis 1-2. Immanuel 8 (1978),pp.19-31.
3. FOKKELMAN, J.P. Narrative Art in Genesis: Specimens of Stylistic and
structural Analysis, Amsterdam: Ed. Van Gorcum,1975, p.9
4. GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São
Paulo: Ed. Cultura Cristã, 2006, p.245.
5. KAISER JR, Walter C. Narrative. In: D. Brent Sandy and Ronald L. Giese,
Jr.(editors). Cracking Old Testament codes: a guide to interpreting Old
Testament literary forms. Nashville, Tennessee 1995, p.69.
6. KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a partir do Antigo Testamento
– Um Guia para a Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.87.
7. PRATT, JR. Richard. Ele nos deu Histórias. São Paulo: Ed. Cultura Cristã,
2004, p.165.
8. WRIGHT, Christopher. J. H. Como Pregar e Ensinar com base no Antigo
Testamento. São Paulo: Ed. Mundo Cristão, 2018, p.79.