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Gálatas 3.10-14 - Est. Contextual - David Silva de Freitas
Gálatas 3.10-14 - Est. Contextual - David Silva de Freitas
Gálatas 3.10-14 - Est. Contextual - David Silva de Freitas
DENOEL
NICODEMUS ELLER
Belo Horizonte
2021
DAVID SILVA DE FREITAS
Belo Horizonte
2021
Sumário
INTRODUÇÃO.................................................................................................................4
ESTUDO CONTEXTUAL...............................................................................................4
1 Contexto histórico da passagem.................................................................................4
1.1. Autor.......................................................................................................................4
1.2. Leitor......................................................................................................................6
1.3. Data.........................................................................................................................7
1.4. Circunstâncias históricas........................................................................................7
1.5. Objetivo................................................................................................................10
2 Contexto literário da passagem................................................................................11
2.1. Gênero literário.....................................................................................................11
2.2. Estrutura do livro..................................................................................................11
2.3. Contexto remoto...................................................................................................12
2.4. Contexto próximo.................................................................................................13
3 Contexto canônico da passagem...............................................................................14
3.1. Antigo testamento.................................................................................................14
3.2. Novo Testamento..................................................................................................16
INTRODUÇÃO
ESTUDO CONTEXTUAL
1.1. Autor
2
GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. 4ª edição. São Paulo: Vida Nova, 1987. p. 288
3
HARVEY, John D. Interpretação das Cartas Paulinas: Um prático e indispensável manual de
exegese. São Paulo: Cultura Cristã, 2017. p. 31
4
Ibid., p. 31
5
STOTT, John R.W. A mensagem de Gálatas. São Paulo: ABU Editora, 2000. p. 15
6
Ibid., p. 16
mostra que a denúncia que faria na carta e o evangelho que pregava em contato com os
gálatas eram verdadeiros porquê eram divinamente instruídos.
1.2. Leitor
É evidente, elas evidência internas do livro (1.2; 3.1), que o público alvo da
Carta aos gálatas fossem os cristãos das igrejas da Galácia. No capítulo 3 Paulo chama
seus leitores de Γαλάται (gálatas). No meio do primeiro século cristão o termo Galácia
tinha mais de um significado7. Indicava a área ao centro-norte da Ásia Menor (Galácia
do Norte), tendo Pessino, Ancira e Távio como principais centros. Mas indicava
também a província romana da Galácia (Galácia do Sul), tendo Antioquia, Icônio, Listra
e Derbe como principais centros (cidades visitadas por Paulo conforme Atos). Em 4.14
Paulo relata uma experiência onde, enfermo, esteve na região de escrita da carta para
cuidar-se e então pregou ali o evangelho. Com isso, é improvável que a carta tivesse
como leitor os cristãos de ambas as regiões supracitadas, uma vez que Paulo relata
experiência pessoal com uma destas. Stott entende que “a referência é à parte Sul da
província, e particularmente às quatro cidades da Pisídia: Antioquia, Icônio, Listra e
Derbe, e que Paulo evangelizou durante a sua primeira viagem missionária, narrada nos
capítulos 13 e 14 de Atos.”8 Paralelo a isto, Nicodemus afirma que
7
HARRISON, Everett F.; PFEIFFER, Charlis F. Comentário Bíblio Moody: Volume 5, Romanos à
Apocalipse. São Paulo: Batista Regular, 2001. p. 139
8
STTOT, p. 13
9
NICODEMUS, Augustus. Livres em Cristo: A mensagem de Gálatas para a igreja de hoje. São Paulo:
Vida Nova, 2016. p.11
1.3. Data
“o apóstolo não teria entrado naquelas áreas até à sua segunda viagem
missionária. Segundo a teoria deles, Paulo visitou novamente a
Galácia do Norte durante sua terceira viagem missionária. Assim,
geralmente sustentam que Gálatas foi escrita em sua terceira viagem
missionária.”
Esta data tardia seria após o concílio de Jerusalém. Nós, embora assumamos a
Galácia do Sul como destinatário, concordamos com esta escrita após o concílio de
Jerusalém. Hendriksen conclui que:
12
PFEIFFER, HARRISON, p. 139
13
Ibid., p. 139
mensagem evangélica que lhes fora ensinada por práticas ritualísticas trazidas pelos
judaizantes. Reparemos que Paulo usa a voz ativa para repreender os gálatas em 1.6.
Paulo diz “estejais passando tão depressa [para outro lado]” e não a voz passiva “que
tenhais sido passados”. Paulo chama os gálatas de volta para o comprometimento com
o evangelho puro apresentado.
Outra circunstância histórica importante nesta carta é, como citado acima, a
chegada e as investidas dos judeus radicais sobre os gálatas. Os judaizantes (judeus
radicais), traziam à igrejas da Galácia um evangelho difícil de carregar, uma vez que
eram recheados de tradicionalismo, ritualismo e radicalidade. Gundry é sumário ao
afirmar que “a epístola de Paulo aos Gálatas diz respeitos à controvérsia judaizante.” 14
Paulo diz que “há alguns que vos perturbam” (1.7b), referindo-se à presença dos judeus.
Sobre esta perturbação causada, Nicodemus afirma que
14
GUNDRY, p. 289
15
NICODEMUS, p. 11
16
HENDRIKSEN, p. 34
questionamento e descrédito da autoridade apostólica de Paulo. Nicodemus afirma que o
primeiro objetivo de Paulo nesta carta é defender sua autoridade apostólica.17 O apóstolo
Paulo já começa a carta mostrando suas credenciais apostólica (1.1,10). A defesa logo
de início era necessária primeiro porque os judaizantes estavam colocando em
descrédito sua autoridade, a fim de desmoralizar sua mensagem, e segundo porque a
autoridade e a supremacia da mensagem evangelizada por Paulo dependiam da plena
aceitação de Paulo como apóstolo verdadeiro de Cristo. Sobre isso, Gundry ressalta o
fato da epístola ser iniciada “com uma saudação na qual Paulo ressalta o seu
apostolado”, e explica, dizendo que Paulo “queria estabelecer firmemente a sua
autoridade, em contraposição aos judaizantes.”18 Paulo estabelece sua autoridade
mostrando aos gálatas que não buscava persuadir os homens buscando o favor deles,
mas buscando agradar a Deus – o que um real apóstolo faz (1.10). E Paulo diz-lhes que,
como apóstolo, recebeu o evangelho diretamente do Senhor Jesus Cristo (1.12), e não
por seus predecessores. Portanto, o que Paulo lhes falara, era ensino diretamente divino
aos gálatas.
A trabalho evangelístico de Paulo entre os gálatas, a presença dos judaizantes
naquela igreja e a apostolicidade de Paulo são circunstâncias que permeiam a carta aos
gálatas e dão o tom do escrito paulino. Escrevendo sob estas circunstâncias, Paulo
escreve a carta aos Gálatas com objetivos claros e definidos, os quais seguem abaixo.
1.5. Objetivo
O objetivo desta carta parece ser a transmissão aos cristãos de noções justas,
claras, enraizadas e apostólicas sobre o evangelho e a finalidade da obra de Cristo.
Paulo transmite estas noções dividindo a carta em objetivos específicos. Como dito
acima, um primeiro objetivo desta carta é defender a autoridade apostólica de Paulo
(1.1). Um ensino procedente deste é combater o ensino e a influência dos judaizantes no
meio daquele povo cristão (caps. 3 e 4). Um ensino final desta carta é exortar e
encorajar os cristãos gálatas a viverem firmar na fé e na liberdade dadas por Cristo Jesus
(caps. 5 e 6).
Na ótica da divisão acima, Pfeiffer e Harrison mostram que os primeiros dois
capítulos são para estabelecer a natureza do apostolado de Paulo. Depois Paulo passa a
declarar o que é o Evangelho (caps. 3 e 4) e o que é viver no e com o Evangelho (caps.
17
NICODEMUS, p. 13
18
GUNDRY, p. 294
5 e 6).19 Portanto, de maneira objetiva e prática, os objetivos de Paulo em Gálatas são:
defender sua autoridade apostólica, reafirmar o evangelho cristão e expor a incoerência
judaizante, e mostrar o evangelho praticado na vivência diária dos cristãos que o
seguem.
1) Introdução (1.1-9):
. Saudação aos gálatas (1.1-5)
. Chamada de atenção e anátema (1.6-9)
19
PFEIFFER e HARRISON, p. 140
20
BETZ, Hans Dieter. Galatians: a commentary on Paul’s letter to the churches in Galatia. Philadelphia:
Fortress, 1979, p.14-15
21
LONGENECKER, Richard N. Galatians. Dallas: Word, 1990, p. CIV-CV
. A maldição e o cumprimento da lei (3.10-14)
. A superioridade da promessa sobre a lei (3.15-18)
. A finalidade da lei: das transgressões até Cristo (3.19 – 4.7)
. Autorreflexão e testemunho (4.8-20)
. A liberdade sobre a lei dada por Cristo (4.21 – 5.12)
5) Conclusão (6.11-18)
O texto desta exegese tem como contexto imediatamente anterior uma áspera
nota de Paulo aos gálatas, seguida de algumas perguntas retóricas e reflexivas (3.1-5) e
uma ilustração de Abraão trazendo a temática da fé (3.6-9). Como contexto posterior, há
a validação da promessa de Deus em abençoar os descendentes de Abraão em Cristo
(3.15-22).
No contexto anterior, Paulo relembra aos gálatas da primeira vez que receberam
o evangelho, tendo havido uma ação poderosa do Espírito. Aqui, Paulo tinha em mente
alguns ensinos de Atos (10.47; 11.17; 15.8) que mostram o recebimento do Espírito
como uma etapa na iniciação cristã, sendo este uma promessa e ação de Deus. O que
Paulo faz, ao trazer à memória gálata este fato por meio de perguntas reflexivas, é
mostrar-lhes que ritualismo algum (como os judaizantes ensinavam) era necessário para
a iniciação cristã. Os gálatas haviam recebido o Espírito ao crerem no evangelho pela fé.
Com isso, imediatamente após estas perguntas, Paulo traz o exemplo de Abraão (3.6). O
intuito aqui é exemplificar aos gálatas a vivência na fé somente e a promessa bíblica que
não deviam negligenciar. Com isso, o apóstolo mostra que seu ensino sobre fé é similar
ao ensino da Lei que os gálatas ousavam seguir erroneamente.
Já no contexto posterior, Paulo detalha a promessa divina de abençoar os povos
por meio do descendente de Abraão. Tendo mostrado Cristo como o canal desta benção
(3.14), o apóstolo exemplifica aos gálatas como Cristo era suficiente para o recebimento
prometido (v. 16 e 17) e como a Escritura é coesa e harmônica (v. 21 e 22) para a plena
confiança cristã.
25
Segundo Calvino: “Além do mais, caso alguém objete: Visto que Deus promete vida aos praticantes da
lei, por que Paulo nega que os mesmos são justos?”.