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RESUMO
INTRODUÇÃO
COSMOVISÃO REFORMADA
Hermisten M. P. da Costa
- A teologia nunca é “arquétipo”, mas “ectípica”, não é gerada pelo esforço de nossa
observação de Deus, mas o resultado da revelação soberana e pessoal de Deus. Uma teologia
arquetípica pertence somente a Deus, porque somente ele se conhece perfeitamente, mesmo
tendo a ciência seu conhecimento perfeito. A teologia nunca é a causa primeira, é sempre o
efeito da primeira ação de Deus ao se revelar. A teologia é sempre relativa à revelação de
Deus. Deus precede e o homem acompanha.
- Deus: ainda que o nome de Deus nem sempre apareça em nossas discussões, a fé em
Deus envolvendo, obviamente, o conceito que temos dele é o ponto capital em qualquer
cosmovisão.
PRESSUPOSTOS E PERCEPÇÕES
Qual é a matriz do nosso pensamento? Gostemos ou não, gostemos ou não, temos matrizes
que dão certo sentido à realidade porque é percebida como tal. A cosmovisão é algo inescapável para
os seres humanos. Todos nós temos. Por sua vez, toda visão de mundo possui uma matriz ontológica
que traz conseqüências epistemológicas decisivas para nossa vida e conduta.
Todo conhecimento parte de um pré-conhecimento que nos é fornecido por nossa condição
ontologicamente finita e pelas circunstâncias temporais, geográficas, intelectuais e sociais nas quais
construímos nossas estruturas de conhecimento. Em uma relação de conhecimento, o cérebro
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influencia o olho mais do que o olho influencia o cérebro. Por isso a visão que tenho, embora tenha
um forte referente, é a minha visão, com suas particularidades.
Portanto, a realidade se mostra para nós com seus próprios contornos delineados não apenas
pela barba que é, mas também por nossos olhos que a vêem e apanham fragmentos dela, dando-lhes
novas configurações com cores mais ou menos vivas, e atribuindo-lhes valores que muitas vezes são
bem diferentes dos reais.
Nossas ênfases revelam não apenas nossos pensamentos e valores, mas também aspectos da
realidade como os percebemos. É impossível ter todas as visões; a nossa, além de várias condições, é
feita a partir do nosso tempo, sob o encanto de nossos valores e concepções que, por si só, já
produzem um pré-conhecimento.
Nash diz: Ganhar maior consciência de nossa visão de mundo pessoal é uma das coisas mais
importantes que podemos fazer, e entender a visão de mundo dos outros é essencial para entender o
que os torna distintos.
Os pressupostos, com toda a sua complexidade inerente, constituem a janela através da qual
vejo a realidade. O difícil é identificar nossa janela, mesmo que não possamos ver nada sem ela.
Assim, falar sobre nossa cosmovisão, além de ser difícil de verbalizar, é paradoxalmente
desnecessário. Uma cosmovisão é composta por um conjunto de pressupostos básicos mais ou menos
consistentes entre si, mais ou menos verdadeiros.
Nossa cosmovisão não deve servir apenas para um suposto exibicionismo acadêmico,
jactância arrogante, ou mesmo como demarcação de terreno onde nada acontece, exceto a presunção
compartilhada e demarcada por outras cosmovisões. No entanto, a verdadeira fé não pode ser auto-
referencial, mas começa a partir da Palavra. À medida que buscamos a coerência entre acreditar e
viver há sérios compromissos entre o que acreditamos e como agimos. Somos o que acreditamos, pelo
menos deveria ser nossa vida diária: lutar para viver conforme aprendemos com as Escrituras.
A maneira de ser justo é buscar instrução nas Escrituras perfeitas do Senhor. Devemos buscar
o caminho da perfeição. A vida cristã envolve necessariamente e essencialmente a integridade que
significa a busca da verdade, a compreensão da vida. Nenhum de nós é absolutamente completo, mas é
impossível ser cristão sem essa busca sincera.
A questão é que todos construímos nossa vida com base em suposições, em crenças. A questão
é se eles resistirão às intempéries da existência. Nossa chave epistemológica é a Escritura, então nossa
visão de mundo de uma perspectiva naturalmente nos levará de volta a Deus.
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A MENTE CATIVA
Uma das prisões mais sutis com a qual nos deparamos e, com freqüência, sem
perceber nela estamos, é a prisão de nossa mente: uma forma direcionada de pensar, cativa de
determinados valores com os quais somos bombardeados diariamente e fortalecidos pelo
próprio meio em que vivemos, sem que tenhamos necessariamente um filtro adequado para
selecionar de modo crítico o que vemos e ouvimos. A maior tirania que temos que enfrentar
nesta vida é a perspectiva mundana. Ela se insinua em nosso pensamento em toda parte, e nós
a recebemos imediatamente após nascermos.
Conflito de Senhorio
Paulo escrevendo a segunda epístola aos Coríntios trabalha com um conflito evidente
de “senhorio”: quem é o Senhor de nossa mente e de nossa vida? Quais são os valores que
priorizamos? A maneira como encaramos a realidade, por si só já não nos diz a quem
servimos e o quadro teórico que nos circunda¿ Notemos que as “armas carnais não precisam
ser más, mas incluem as que consistem de poder humano, tais como eloqüência, organização,
propaganda e coisas semelhantes, que são, por si mesmas, neutras, mas que podem ser usadas
para o mal, por serem subservientes ao egoísmo, artimanhas e violência caracteristicamente
humanas.
A Corrupção da Mente
Paulo temia pela corrupção da mente dos coríntios uma vez que eles davam crédito aos
falsos apóstolos que, usados por Satanás, os afastavam da simplicidade do evangelho. Veith
diz que, normalmente, não são os argumentos específicos contra o Cristianismo que
perturbam a fé de uma pessoa, mas toda a atmosfera do pensamento contemporâneo. O
insensato nega a realidade transcendente, não existe Deus nem seres angelicais, o seu mundo
é puramente material. Ele solidifica isso em seu coração, não simplesmente, da boca pra fora,
daí dizer “no seu coração”, a sede de sua emoção, razão e vontade.
Retornando à questão tratada por Paulo, perguntamos: as armas que temos são
poderosas em Deus para que?
Portanto, podemos inferir que não há nada a temer diante da oposição levantada contra
o ensino da fé cristã. A sabedoria carnal se opõe à sabedoria espiritual, e a sabedoria espiritual
a supera. Portanto, devemos enfatizar que o evangelho não é irracional nem obscurantista, no
sentido de que nega o conhecimento, mas sim aponta na direção de uma mente submissa a
Cristo, que busca interpretar a realidade a partir da mente de Cristo, não da “mente” de
Satanás.
Paulo admite que anda na carne, no sentido de que participa de todas as limitações
humanas, mas seu ministério não se caracteriza pela ausência de recursos espirituais, mas é
realizado no poder de Deus. Nosso testemunho requer o uso sábio de nossa inteligência, a
experiência da nossa fé na história, nas circunstâncias em que vivemos.
Nos círculos evangélicos, um dos assuntos mais debatidos em nossos dias, é a questão
do crescimento de igreja. Fala-se com muita veemência sobre “métodos” evangelísticos,
“estratégias” de plantação de igreja, revitalização de igrejas etc. Notemos que estas questões
estão longe de ser irrelevantes, contudo, é necessário que não transfiramos a fonte do poder do
evangelho para o nosso método ou estratégia. Ainda que a natureza revele o seu Criador, não
havendo nenhum tipo de contradição nas formas revelacionais de Deus, as Escrituras se
constituem no meio eficaz estabelecido por Deus para nos comunicar o conhecimento de si
mesmo iluminando os nossos olhos para enxergá-lo de modo salvador. A sabedoria de Deus é
qualitativamente diferente da sabedoria mundana (2Co 2.6-8,13-14). A mente cativa se revela
no ensino do evangelho de modo simples e fiel aos ensinamentos bíblicos, não em
demonstração de erudição, mas, em fidelidade à Palavra, sob o poder do Espírito.
Muitas vezes podemos ser levados a pensar que o incrédulo será levado a Cristo se
falarmos de forma erudita ou, quem sabe, lhe oferecermos algo semelhante ao que ele está
acostumado no mundo. Como vimos, Paulo diz que suas armas não são carnais, mas
poderosas em Deus para derrubar fortalezas, derrubar sofismas; isto é, raciocínios enganosos.
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O desafio de Deus para nós não é nos tornarmos irracionais ou ignorantes, mas submeter
nossa inteligência à Palavra.
Introdução
Toda afirmação envolve definições que, por sua vez, são delimitações, recortes da
realidade. Assim, toda afirmação envolve necessariamente negação, exclusão. Pearcey está
correta ao declarar: “Afirmar que o cristianismo é a verdade sobre a realidade significa dizer
que é uma cosmovisão que envolve tudo”.
A verdade por corresponder ao que é, é o que é “Ainda que o mundo inteiro fosse
incrédulo, a verdade de Deus permaneceria inabalável e intocável”.
Desta forma, podemos observar que ninguém está livre do dogmatismo. Portanto,
pode-se falar do dogmatismo do Estado, da Religião, do grupo social etc., que pode se valer
do estabelecimento de um aparato ideológico para perpetuar seus dogmas e punir seus
infratores. Normalmente, quando definimos dogmatismo, nos referimos ao “dogmatismo
ingênuo” ou absoluto, que consiste em não duvidar do valor de seu conhecimento. Esta é
psicológica e historicamente a primeira posição do homem.
- Subjetivismo Ético Individual: Ainda que este nome (subjetivismo) seja moderno
(século XIX), a sua percepção é bem antiga, sendo encontrada já nos sofistas no 5º século a.C.
O certo e o errado não estão associados às coisas em si, mas como lidamos subjetivamente
com tais coisas. O subjetivismo privilegia o fato de que os seres humanos são diferentes e
com compreensões díspares Assim, toda a verdade encontra um âmbito limitado.
Em sua ação, como vimos, a ética do amor reclama o nosso compromisso intelectual e
vivencial. A ética cristã é um desafio constante à sua aplicação às novas situações que o
homem se encontra.
Não nos iludamos: a chamada tolerância, que tem um apelo tão simpático, tem, na
realidade, se tornado em instrumento para neutralizar o conceito de verdade e de mentira, ou
como disse Colson, hoje, a tolerância é usada para chamar o mal de bem e o bem de mal.
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Nada é mais importante do que Deus e a sua Palavra. Seja qual for o tipo de mudança que
precisemos efetuar em nossa vida, não deixemos de considerar atentamente os ensinamentos
de Deus. A conclusão de MacArthur é correta: Quando o pragmatismo (...) é utilizado para
formularmos juízos acerca do certo e do errado, ou quando se torna a filosofia norteadora da
vida, da teologia e do ministério, acaba, inevitavelmente, colidindo com as Escrituras.
Uma sociedade sem absolutos caminha para o caos moral. Curiosamente, a falta de
absolutos é uma forma de acalmar a nossa consciência e dar rédeas soltas a todas as nossas
inclinações pecaminosas sem o inconveniente sentimento de culpa. Desta forma, passa a
vigorar o que diz uma antiga música popular (1978): “não existe pecado do lado de baixo do
Equador”. Assim, estamos em paz. No entanto, os Mandamentos de Deus permanecem
como norma absoluta de todo o nosso pensar, crer e viver.
O Marxismo: Para Karl Marx (1818-1883), toda a realidade (= história) deve ser
interpretada por meio do materialismo dialético (as leis superiores que regem toda a
realidade) e do materialismo histórico (leis particulares que governam as transformações
econômicas ao longo do curso da história: os fenômenos históricos e sociais têm a sua causa
determinante em fatos econômicos).
1)Teológico; 2) Metafísico e 3) Positivo.) Esta teoria é conhecida como “lei dos três
estados”.
Paulo em sua doxologia (Ef 1.3-14) reconhece que o Deus bendito já nos abençoou em
Cristo na eternidade, no entanto, estas bênçãos são-nos aplicadas pelo Espírito ao longo da
história. A verdade revelada nas Escrituras é a realidade como Deus a percebe. A situação do
homem alienado de Deus é de tão intensa gravidade que não comporta paliativos, abstrações
e, muito menos, ficções.
O propósito eterno de Deus nos fala do amor concreto de Deus que se manifesta de
forma contundente na morte e ressurreição de Cristo. Sem a historicidade da morte e
ressurreição não há o que fazer. Permaneceríamos em nossos pecados, fadados à condenação
eterna. E por isso que a mensagem cristã é uma mensagem verdadeira e urgente. Dentro da
perspectiva “pós-moderna” há uma crise epistemológica forjada - este forjar é resultante da
verdadeira crise epistemológica ocorrida com a queda que gera a concepção de que a verdade,
se existe, é inacessível.
O Ensino Verdadeiro do Verdadeiro Deus: Jesus Cristo por ser verdadeiro ensina a
verdade, o reto ensino. O evangelho é verdadeiro, é a Palavra da verdade (G1 2.5,14; Ef 1.13;
Cl 1.5-6; 2Tm 2.15; Tg 1.18).
Essa Palavra produz frutos naqueles que creem. O acolhimento da Palavra faz parte
essencial do processo de santificação que se dá gradativamente conforme o evangelho for
preservado em nós. A verdade de Deus vai revelando a sua eficácia em nossa vida
gradativamente, conforme a formos praticando. Como evidência de nosso novo nascimento
espiritual, devemos falar a verdade.
Verdade Real: Acontece que muitas vezes o crente vive como se a Palavra de Deus
fosse apenas uma aparente verdade, ou uma verdade distante. Às vezes, afirmamos crer na
Bíblia como verdade, mas a negamos com o nosso comportamento.
Verdade que Permanece: Como vimos, é comum em nosso tempo ouvir-se falar de
minha verdade, sua verdade e, verdade de cada um. A Palavra de Deus é a verdade que
permanece, cumpre-se cabalmente, não apenas no passado, nem simplesmente no futuro, mas
sempre. Um sinal de que a Palavra permanece está no fato de nos reunirmos para estudá-la
porque ela permanece como a Palavra eterna de Deus para a nossa vida, sobre qualquer
questão e em qualquer tempo e circunstâncias. Paulo, no final de sua vida, não deu um “salto
no escuro”, antes, declarou a sua inabalável confiança no Deus que conhecia e a quem
dedicou a sua vida.
Verdade Reveladora: A verdade proclamada por Cristo revela o Pai (Jo 17.1,3-
9,11,15,17,21-25) e aponta para o Filho (Jo 17.8,20). A tomada de consciência da grandeza e
da santidade de Deus deve nos conduzir ao desejo de sermos santos conforme ele é.
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Verdade Libertadora
1. A vida eterna está em conhecer o Pai e o Filho; 2. Por meio da Palavra os discípulos
conhecem a Cristo e a sua procedência; 3. O mundo – os que não creem – não conhece a
Deus; 4. O Filho conhecer perfeitamente o Pai.
1) Negativamente considerando.
a) O Mundo não conhece o seu Criador; b) Usar o nome de Deus não significa
relacionar-se com Ele; c) Ignorância Espiritual de Israel
2) Positivamente Considerando
Somente Jesus torna conhecido a anjos e seres humanos a glória do Deus invisível:
A liberdade concedida por Cristo é recebida pelo conhecimento dele como nosso
Senhor e Salvador (Jo 8.32 / Jo 14.6); deve nos conduzir ao desejo de sermos santos conforme
ele é.
1) Liberdade “do”
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a) Pecado; a Escritura nos fala que todos pecaram. Isso indica a necessidade de
convertido adquirir novos hábitos pela prática da verdade em amor (Ef 4.15). A graça de Deus
é educadora (Tt 2.11-15), agindo por intermédio das Escrituras, nos corrigindo e educando na
justiça para o nosso aperfeiçoamento (2Tm 3.16,17); b) Morte Espiritual e Eterna: Deus nos
deu vida; c) Poder de Satanás: Deus nos libertou definitivamente do poder de Satanás, o deus
do secularismo; d) Mundo: Cristo morreu e ressuscitou para nos libertar definitivamente das
garras de um mundo perverso, ou seja, dos valores deste mundo de uma ética egoísta e
terrena; e) Da Superstição: Nesta libertação do pecado, a Escritura nos mostra que
fomos salvos da superstição; f) Da Maldição: Cristo nos resgatou da maldição da lei.
2) Liberdade “para”:
A mente secular do século XX vacila entre dois extremos, sendo que os dois resultam
da rejeição do Criador e da negação da criação. Calvino compreendeu bem esse fato ao dizer
que: Visto que toda verdade procede de Deus, se algum ímpio disser algo verdadeiro, não
devemos rejeitá-lo, porquanto o mesmo procede de Deus. Devemos estar atentos ao fato de
que ser reformado envolve uma cosmovisão unificada que se reflete em nossa maneira de ver
e atuar no mundo.
mundo pode ter uma noção do que significa a salvação eterna (Rm 8.17; Ef 1.15-18; 2.6; Its
2.12; Cl 1.13).
Pois os filhos de Deus nascem, não da carne e do sangue, mas pelo poder do Espírito.
Nós somos o meio ordinário estabelecido por Deus para que o mundo ouça a mensagem do
evangelho. A Igreja de Deus é identificada e caracterizada pela genuína pregação da Palavra.
Igreja é uma testemunha comissionada pelo próprio Deus, para narrar os seus atos Gloriosos e
Salvadores.
A igreja é o meio ordinário de Deus para esta tarefa. Assim, a sua mensagem não foi
recebida de terceiros, mas diretamente de Deus, por meio da Palavra do Espírito, registrada
nas Sagradas Escrituras. Por isso, a Igreja como testemunha, não tem o direito, nem realmente
deseja, optar se deve ou não dar o seu testemunho, nem a quem deve testemunhar. O Espírito
dirige a Igreja na glorificação de Cristo, ensinando-lhe a obediência proveniente da fé.
Quando a evangelização transforma-se apenas em questão de estatística - número de
membros, tamanho do edifício, arrecadação, relevância social das pessoas que frequentam os
cultos, etc. - há muito deixamos de compreender o genuíno significado do evangelho bíblico.
O objetivo final da evangelização também é a glória de Deus.
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Se atender à nossa vocação pode nos parecer difícil, em algumas circunstâncias, pode
parecer dificílimo permanecer nela. No texto que lemos, Paulo fala sobre a infantilidade dos
coríntios em suas facções, e revela o seu não crescimento espiritual.
A lavoura de Deus
- Deus utiliza-se de seus servos: Os homens são instrumentos de Deus no seu serviço.
O valor daquele que serve só lhe é conferido realmente quando reconhecemos a proporção do
seu trabalho: nem mais, nem menos. “A fé não admite glorificação senão exclusivamente em
Cristo. Segue-se que aqueles que exaltam excessivamente a homens, os privam de sua
genuína grandeza. Pois a coisa mais importante de todas é que eles são ministros da fé, ou
seja: conquistam seguidores, sim, mas não para eles mesmos, e, sim, para Cristo.
- O Crescimento provém de Deus: É fato, como já vimos, que Deus utiliza-se de seus
servos, mas o segredo da vida da Igreja está em Deus.
- Tem Consciência de que tudo pertence a Deus: Paulo insiste no combate à arrogância
daqueles que querem se nomear na Igreja como tendo grandes dons e competência. Paulo tem
clareza a respeito de sua vocação e do senhorio de Cristo: ele é despenseiro de Deus, não de si
mesmo ou dos bens alheios, mas, de Deus.
- Trabalham para prestar contas a Deus, o reto Juiz: O despenseiro fiel tem em vista
sempre que prestará contas a Deus do uso que fez do que lhe foi confiado. Algumas
ponderações:
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1) Mesmo sendo verdade que o crescimento da Igreja provém de Deus, não devemos
nos esquecer de nossa responsabilidade: somos cooperadores de Deus; 2) Paciência: Não há
lugar para precipitação. Deus sempre age no tempo certo; 3) Lembremo-nos sempre: a Igreja
é de Deus, devemos trabalhar, orar e zelar por ela; 4) É da inveja que nascem as disputas, as
quais, uma vez inflamadas, se prorrompem em seitas perigosas; 5) Toda Glória ao Senhor; 6)
Não há diferença qualitativa entre serviços que prestamos a Deus; 7) Todas as coisas
pertencem a Deus. Nós somos de Cristo, herdeiros com ele de todas as coisas; 8) Todos
somos servos; 9) Os talentos que Deus graciosamente nos concedeu devem ser usados para a
sua glória, não a nosso bel-prazer; 10) Não sejamos precipitados em nossos juízos, somente
Deus pode julgar com justiça de fato; 11) Ainda que sejamos injustiçados devemos
permanecer perseverantes em nossa obediência a Deus; 12) Hoje é tempo de glorificar a Deus.
1. É-nos dito que Cristo é o Senhor de todas as coisas. Tudo está debaixo de seus pés.
2. Ele é Senhor do universo, e cuida particularmente de sua igreja, que é o seu corpo.
3. A glória de Cristo se tornará plena e completa por meio da Igreja, quando ele
mesmo consumar a obra enchendo a igreja e sendo cheio por ela em alegria e amor. A igreja é
comandada por Cristo como o cabeça e ao mesmo tempo tem a sua vitalidade em Cristo como
o cabeça.
a esta vida, antes, tem um sentido escatológico, aponta para o fim, quando Cristo será
plenamente glorificado, consumando a sua obra na criação. Assim, o alvo final de todas as
coisas é a glória de Deus. Nada mais é elevado ou importante do que o próprio Deus.
Desde o Iluminismo, prevalece o entendimento de que o homem, por sua razão, é a lei
para si mesmo. O secularismo consiste na reivindicação humana de ser autônomo, reduzindo a
realidade à nossa percepção limitada do concreto: o real é o concreto, ou o que pode ser
percebido do concreto. O homem compartilha duas identidades: uma divina e outra animal de
uma forma que aponta para nossa proveniência de Deus fomos criados. No entanto, o homem
tem seus limites físicos, intelectuais, morais e espirituais. Devemos também notar que em
uma sociedade onde a “realidade” é socialmente construída através da “linguagem cultural”
não há lugar para absolutos. Tudo se torna relativo. Desta forma tudo é possível dentro dos
significados dados pelas pessoas individualmente.
Sem a sabedoria dada por Deus, o conhecimento humano torna-se uma razão para
pretensão frívola ou um fardo que nos permite ver com mais clareza aspectos da realidade
sem, no entanto, ter a solução definitiva. Assim, a esperança para o mundo, em última análise,
não está na ciência, mas em homens fiéis a Deus que usam os recursos fornecidos por ele para
sua glória. Desta forma, a reflexão teológica deve ser sempre um prefácio à ação sob a
influência modeladora do Espírito que nos instruiu através do evangelho. Uma igreja que só
reflete e não age é semelhante ao exército que passa o tempo manobrando dentro do quartel.
Talvez aqui esteja uma das armadilhas mais sutis para nós Reformados. Valorizamos a
doutrina, entendemos que ela é fundamental para a vida cristã, porém, nessa ênfase e
compreensão tão corretas, podemos esquecer a importância vital da piedade. O interesse
puramente acadêmico pela teologia é incapaz de contribuir por si só para a solidificação da
teologia e da fé da igreja. Toda a teologia é portanto, apaixonada. Como falar de Deus e de
sua Palavra de forma objetiva e distante do seu objeto? A teologia é elaborada pelos crentes.
Calvino está convencido de que ninguém pode “provar sequer o mais leve gosto da
reta e sã doutrina a não ser aquele que se haja feito discípulo da Escritura”. É muito
importante que estejamos atentos às circunstancias de nossos ouvintes, consideremos os fatos
cotidianos, os ensinamentos que vigoram e as inquietações próprias de nossa geração. É
extremamente estimulante ao pregador saber que os nossos sermões atendem às necessidades
concretas de nossos ouvintes.
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A Palavra de Deus deve ser nossa lente de escrutínio para que possamos ler a realidade
e aplicar os ensinamentos bíblicos aos nossos ouvintes. Nós, como pastores, não devemos
reter a verdade por medo de desagradar alguém, ou por medo das consequências de ensinar a
verdade. O pregador não compartilha experiências, não dá simplesmente suas “opiniões”
sobre o texto bíblico, nem parafraseia irreverentemente o texto, mas prega a Palavra. É uma
tentação muito sutil, nem sempre perceptível, de “suavizar”, de torcer a Palavra de Deus, para
nos tornarmos agradáveis aos nossos ouvintes.
O pregador proclama a Palavra de Deus. Para que isto seja feito com fidelidade, é
necessária uma interpretação cuidadosa do texto Bíblico, considerando contexto, exegese bem
feita a fim de que ensinemos com fidelidade o que o texto diz. Schaeffer diz que “O lado
positivo da apologética é a comunicação do evangelho à geração presente de modo que
possam entender.” O grande propósito da Escritura é nos conduzir a Cristo, o nosso Senhor.
Somente pela Palavra podemos ter conhecimento adequado de todas as coisas. O Sábio
manejo da Escritura significa estudá-la, vivenciá-la e proclamá-la conforme o seu propósito.
O Espírito Santo é quem nos conduz à compreensão das Escrituras. A Teologia não
termina em conhecimento teórico e abstrato, antes, se plenifica no conhecimento prático e
existencial de Deus por meio da revelação nas Escrituras. A autoridade não se baseia no
testemunho de nenhum homem ou instituição, antes, baseia-se na autoridade divina. O
Espírito e a Palavra são inseparáveis. O Calvinismo com sua ênfase na centralidade das
Escrituras são mais do que um sistema teológico, é, sobretudo uma maneira teocêntrica de
ver, interpretar e atuar na história tendo os olhos direcionados para a glória de Deus.
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A vida que o Calvinismo tem pleiteado e tem selado, não com lápis e pincel no
estúdio, mas com seu melhor sangue na estaca e no campo de batalha. Assim podemos dizer
que o Calvinismo prima não simplesmente, pela preocupação teológica – o que sem dúvida é
fundamental – mas pela obediência incondicional ao Deus da Palavra. Assim, nossa
cosmovisão reformada enfatiza os seguintes pontos:
Um dos perigos para nós cristãos é simplesmente não usar a nossa mente. O nosso
testemunho exige o uso abalizado de nossa inteligência. Pensar, pensar sobre o pensar é algo
salutar e muito desafiante e abençoador. Por vezes pensamos que o pensar com intensidade é
uma tarefa exclusiva para profissionais, mas o cristianismo nos apresenta um Deus que
planeja, executa e avalia a sua obra e nos fez à sua imagem. Reflexão e oração caminham
juntas.
Devemos pensar e pedir a Deus que nos ajude com sua iluminação. Pensar, orar e
discernir sobre todas as coisas.
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OBSERVAÇÕES PESSOAIS
A pregação fiel das Escrituras é a arma pela qual a igreja se mantém firme e segue
como esperança e resposta às angustias da alma humana que não se satisfaz com as relativas e
desesperadas respostas do nosso tempo. A obra constitui-se numa bela e acessível leitura para
aqueles que pretendem entender o valor e a intencionalidade das cosmovisões, bem como a
ação responsável da igreja, abraçando o Calvinismo de maneira fiel e dedicada, exaltando a
Cristo pelo evangelho em todas as esferas da vida de forma que Deus seja glorificado. Este é
um papel que não podemos abrir mão como crentes.