Você está na página 1de 6

CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER

VIII – DE CRISTO O MEDIADOR

ESTUDO DIRIGIDO

1) Quando o Filho foi escolhido e ordenado pelo Pai para ser o mediador
entre Deus e os homens? Qual a implicação disso quanto à antiguidade do Plano de
Deus?

- Desde a eternidade soberanamente o escolheu. O eterno propósito de Deus Pai,


mostra-nos sua auto existência, sua imensa misericórdia e seu grande amor, firmou um pacto
com base na graça, escolheu um povo para ser seu dentre a raça caída, prometendo-lhe
salvação.

2) Como o Filho desempenhou as funções de Profeta, Sacerdote e Rei, e qual a


relação destes ofícios com a nossa salvação?

- No exercício de Mediador, Cristo efetua nossa redenção, Ele intervém entre Deus e o
homem, não somente para fazer petição de paz, mas eficientemente luta por ela e faz tudo o
que é necessário para alcançá-la. Sendo Mediador Ele aplaca o juízo, fazendo expiação pelo
pecado, apresentando súplica em nosso favor. Em nosso coração revela-nos a verdade
concernente a Deus e suas relações com Ele, bem como as condições para que o serviço seja
aceitável.

Como Profeta: Ele é a fonte original da revelação à igreja em todos os tempos, por seu
Espírito e por sua Palavra, toda a vontade de Deus em todas as coisas concernentes à sua
edificação e salvação.

Como Sacerdote: comparece diante do Pai, discute em nosso favor, faz propiciação e
intercede, nos representando com o único sacrifício aceitável para oferecer. A si mesmo se
entregou como sacrifício.

Como Rei: Ele é a cabeça soberana sobre todas as coisas. Chama do mundo um povo
para si, concede-lhe ofícios, leis e disciplinas, por meio dos quais Ele o governa. Concede
graça salvífica aos seus eleitos. Tendo como objetivo especial neste senhorio, à edificação e
glória da igreja redimida (Ef. 1.22,23).
3) Qual o objetivo da escolha do Filho?

- Ser o Mediador entre Deus e os homens, a Cabeça e Salvador de sua Igreja, Herdeiro
de todas as coisas e Juiz do mundo.

4) A vinda do Filho foi em favor de quem? Discorra sobre isto.

- Em favor dos eleitos, escolhidos antes da fundação do mundo (Ef. 1.4-5), dado a Ele
desde a eternidade para ser seu povo, sendo por Ele no tempo certo, redimido, chamado,
justificado, santificado e glorificado.

5) O Filho encarnado é mais Deus ou mais homem? Explique isto.

- Cristo é 100% Deus e 100% homem, sendo filho de Deus é verdadeiramente Deus,
de uma só substância com o Pai e igual a Ele, quando da plenitude do tempo, tomou para si a
natureza humana, com todas as propriedades essenciais e fraquezas comuns a ela, contudo
sem pecado.

6) Quantas naturezas e pessoas possui o Cristo encarnado?

- Duas naturezas, perfeitas e distintas, a Deidade e a humanidade, foram


inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão, composição ou confusão. Não
obstante ser uma pessoa, as naturezas divina e humana em Cristo não se misturaram, nem se
confundiram numa só, permaneceram puras e distintas.

7) Qual a necessidade da Divindade e Humanidade de Cristo?

- Nascer numa condição humilde demonstrou um ato de infinita condescendência por


parte da Deidade de Jesus, bem como de transcendente e permanente benefício a toda a
criação inteligente, toda a plenitude da Deidade estivesse corporalmente Nele, e assim
revelada sob as limitações de uma natureza finita. Pois essa era a única maneira de o Infinito
ser “visto e conhecido”, “sentido e tocado” e de “sua plenitude” e “graça sobre graça”
pudéssemos todos nós receber (Jo. 1.16,18; 1Jo. 1.1).

8) Podemos dizer que na encarnação do Filho, Maria serviu apenas como um


recipiente do Espírito Santo? Por que?

- Não. Pois Jesus foi genuinamente humano, possuía todas as propriedades essenciais
da humanidade, concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da virgem Maria, e da
substância dela. A natureza humana de Jesus não é meramente uma criação independente,
como a nossa, mas gerada da vida comum de nossa raça, da própria substância da virgem
Maria, pelo poder do Espírito Santo.

9) Em Cristo, o Filho encarnado, houve o processo de santificação? Por que?

- Sim. O Senhor Jesus em sua natureza humana, foi santificado e ungido com o
Espírito Santo além de qualquer medida. Contudo, Cristo sempre foi puro sem mácula, sem a
necessidade deste processo santificador requerido a nós. Cristo precisava ser puro,
incorruptível, para oferecer-se a Deus como Cordeiro vicário, portador dos pecados (original
e fatuais) de seus eleitos, mas sem tê-los em si mesmo. Qualquer mancha impedir-lho-ia de
ser imolado em favor dos pecadores.

Ele, não trouxe na sua natureza divina a marca racial da culpa adâmica, nem cometeu
pecado pessoal, mas incorporou o ônus da herança pecaminosa para, como culpado, pagar a
pena do pecado pela a morte, e conceder-nos a vida eterna.

10) Como conciliar o chamado do Pai e a voluntariedade do Filho com respeito


ao seu ofício?

- O Senhor Jesus exerceu mui voluntariamente esse ofício. Para desincumbir-se, ele se
fez sujeito à lei e a cumpriu perfeitamente.

11) No que consistiram os sofrimentos e humilhações de Cristo?

- Suportando em sua alma os mais severos tormentos e em seu corpo os mais


dolorosos sofrimentos, foi crucificado e morto.

12) Discorra sobre a exaltação de Cristo.

- Assentar-se à destra de Deus denota a exaltação oficial do Mediador à suprema


glória, felicidades e domínio sobre todo nome. Ali a glória de Cristo se revela e sua
autoridade é exercida, ali Ele intercede por seu povo, sacerdote sobre seu trono e, dali
eficazmente aplica a seu povo, por meio do seu Espírito, aquela salvação que Ele previamente
efetuou por eles em estado de humilhação.

13) De que forma podemos dizer que a Missão do Filho foi cumprida e, também,
que não foi cumprida totalmente?

- Cremos ter sido cabalmente cumprido todos os propósitos do Senhor em relação à


obra expiatória de cristo. Pagando o preço da reconciliação de Deus Pai com seus eleitos,
contudo ainda se faz necessário a presença constante do Espírito Santo a santificar, consolar e
conduzir o povo escolhido até a volta do Senhor Jesus no último dia, onde haverá a
glorificação de sua igreja e consequentemente o juízo sobre os ímpios.

14) Por que o sacrifício de Cristo foi único?

- Porque somente Ele era capaz de cumprir fielmente a lei.

15) Qual a necessidade do Filho satisfazer plenamente a justiça do Pai?

- Para cumprir o eterno propósito de Deus na eleição de certos indivíduos para a vida
eterna.

16) Quem são os beneficiados pela reconciliação e herança adquirida por Cristo?

- O Senhor Jesus, por sua perfeita obediência e pelo sacrifício de si mesmo.... adquiriu
não só reconciliação, mas também herança eterna no reino do céu, para aqueles que o Pai lhe
deu (CFW VIII, § 5).

17) Se o Cristo encarnado viveu e morreu num determinado período da história,


como puderam se beneficiar da sua Obra, aqueles que historicamente viveram e
morreram antes da sua encarnação? Discorra sobre isto.

- Os propósitos de Deus são eternos e imutáveis, o Pais e o Filho a aplicam agora


precisamente àqueles a quem propuseram aplicá-la quando Cristo fosse suspenso na cruz, e
quiseram aplicá-la, então, precisamente àqueles a quem propuseram aplicá-la desde a
eternidade.

18) Podemos, então dizer, que alguém foi salvo independentemente da Obra de
Cristo? Por que?

- Não. Pois o decreto de Deus Pai é eterno, o Filho já estava com o Pai antes da
fundação do mundo, embora a satisfação só tenha sido exprimida por Cristo depois de sua
encarnação, os plenos benefícios dela foram aplicados pelo Espírito Santo a cada um dos
eleitos individualmente em suas sucessivas gerações desde o princípio, através das várias
formas da verdade que se lhes fez conhecer (CFW VII, § 5,6).

19) Biblicamente falando, temos condições de dizer em quais momentos e


circunstâncias, o Filho agiu como homem ou como Deus?

- Sim. Através de sua natureza humana Ele se sujeitou à lei, em obediência e


intercessão vicária, passou pelos sofrimentos temporários e finitos, sendo equivalente perfeito
e eficaz dos sofrimentos eternos de todos os eleitos que a justiça exigia.

Através de sua natureza divina, cumpriu cabalmente os propósitos do Pai sendo o


último Adão, a Cabeça de uma raça redimida e glorificada, o Primogênito entre muitos
irmãos, Ele exerce domínio sobre todas as criaturas. Com um coração humano agindo através
das energias da sabedoria e poder divinos, Ele faz com que todas as coisas operem em
harmonia para o cumprimento de seus propósitos de amor.

20) A salvação é aplicada eficazmente a quais homens?

- Aos eleitos de Deus, todos aqueles por quem Cristo adquiriu a redenção, que Ele
infalível e eficazmente aplica e comunica a mesma (CFW, cap VIII, §8)

21) Quais são os meios usados pelo Filho para a aplicação desta salvação?

- A aplicação efetiva da redenção dar-se-á no uso dos seguintes métodos: 1) Fazendo


intercessão pelas pessoas envolvidas; 2) Revelando-lhes os mistérios da salvação em sua
Palavra; 3) Pela operação eficaz de seu Espírito em seus corações e, 4) Por todas as
dispensações necessárias de sua providência.

22) Discorra sobre a afirmação de que Cristo morreu pelos eleitos, emitindo o
seu parecer, fundamentando-o biblicamente.

- Cristo morreu na cruz para cumprir o eterno propósito de Deus na eleição de certos
indivíduos para vida eterna, somente esses e nenhum outro. O morrer de Cristo na cruz, não
foi meramente tornar possível a salvação de todos os homens, mas adquirir reconciliação para
os que lhe foram dados pelo Pai. (CM 59; Jo. 6.37, 15.13-15; Rm.8.34).

CONSIDERAÇÕS FINAIS

A obra de Cristo atendeu satisfatoriamente a todas as exigências da lei e justiça de Deus


para com o pecador. A lei não condena mais o pecador que crê em Cristo, estes pela lei
infinitamente santa e severa de Deus têm direito à comunhão e graça divinas. Portanto, a obra de
Cristo não foi apenas um substituto para a execução da lei, que Deus em sua soberana
misericórdia julga apropriada para substituir o que o pecador era obrigado a dar. Ela tinha um
valor inato que a fazia perfeita satisfação, então a justiça não tem mais exigências.

No mundo inteiro e em todos os tempos, as religiões engendradas pelo homem, se


esforçam para abrir caminhos para Deus. Buscam agradar a divindade por meio de obras,
rituais e sacrifícios. É uma tentativa desesperada e inócua de abrir caminhos da terra para o
céu. Nomeiam uma infinidade de mediadores entre Deus e os homens, no propósito
fracassado de conseguir o favor divino. As Escrituras, porém, são categóricas em nos dizer
que há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo Homem. Só há
um caminho que leva o homem a Deus e esse Caminho é Jesus. Só há uma porta de acesso ao
céu e essa Porta é Jesus. Há outros caminhos que parecem ser caminhos de vida, mas no final
são caminhos de morte.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

- Confissão de Fé de Westminster, comentada por A.A. Hodge. Traduzido do original


pelo Rev. Valter Graciano Martins. Editora Os Puritanos, São Paulo, 1999.

ABREVIATURAS:

B.C. – Breve Catecismo

C.F. – Confissão de Fé

C.M. – Catecismo Maior

Maringá, 10 de janeiro de 2022.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

Você também pode gostar