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Seminário Teológico Interdiocesano S.

Pio X
Nome: Abú Ferreira Agostinho, 1o ano de Teologia Teologia Fundamental

O presente trabalho visa fazer a ficha de leitura da obra de Dietrich Bonhoeffer, intitulada “O
Discipulado”, publicada em 1937. Esta obra, no seu contexto genérico, se concentra da vida
cristã na qual é apresentada como a vida no discipulado de Jesus. O livro é composto por duas
partes. A primeira fala da “Graça e o Discipulado” e, a segunda versa sobre a “Igreja de Jesus
Cristo e o Discipulado”.

Na primeira parte, sobre a “Graça e o Discipulado”, concentra-se em falar sobre a graça preciosa,
o chamado ao discipulado, a obediência simples, o discipulado e a cruz, o discipulado e o
indivíduo, o extraordinário da vida cristã, sobre a invisibilidade da vida cristã, a separação da
comunidade dos discípulos e os mensageiros.

Bonhoeffer faz uma distinção sobre a “graça barrada” e a “graça preciosa”. A graça barrada é
aquela sem o discipulado em Jesus; onde o crente não dá sua vida. A graça preciosa é a acção
continua do crente para com o Evangelho de Cristo, que custa a vida do discípulo de Cristo.
Bonhoeffer segue mostrando que com a expansão do cristianismo e o crescimento da
secularização da Igreja, a consciência da graça preciosa foi se perdendo, causando danos para
Igreja e de forma individual.

Na vida monástica estava o lugar onde se mantinha viva a consciência de que a graça é preciosa.
Com a saída de Lutero no mosteiro, Deus lhe mostrou que o discipulado de Jesus não é a
recompensa para alguns por um comportamento especial, mas sim que o mandamento divino
abrange todos os cristãos. No “chamado ao discipulado”, Bonhoeffer mostra que o chamado é
feito e, de imediato, aquele que o ouviu obedece. A resposta do discípulo é um acto de
obediência. Ser discípulo significa dar determinados passos.

Bonhoeffer advoga que a nossa obediência à palavra de Jesus consiste na negação da obediência
simples conforme prescrita, a fim de sermos obedientes “na fé”. Onde, a verdadeira obediência
consiste justamente em não abandonar a profissão, ficar junto à família e servir a Jesus onde
estou, em verdadeira liberdade interior. O discípulo deve aceitar na sua vida a rejeição e o
sofrimento de Jesus Cristo, da qual, Mesmo na Cruz Jesus passou, entretanto, o discípulo só é
discípulo no sofrimento e na rejeição, por causa de Jesus Cristo.
O chamado de Jesus ao discipulado torna o discípulo um indivíduo. Cada qual é chamado
individualmente, e sozinho deve seguir esse caminho. Portanto, a privação verdadeira e a
renúncia pessoal têm uma origem comum; ambas partem do chamado e da promessa de Cristo.
Jesus declara seus discípulos bem-aventurados por causa do chamado de Jesus, ao qual
obedeceram.

O discípulo tem de ficar oculto a si mesmo em sua justiça, deve ter a invisibilidade da oração, a
invisibilidade das práticas piedosas e a simplicidade da vida despreocupada. Entretanto,
Bonhoeffer ilustra que na relação dos discípulos e de demais seres humanos não se posiciona
num lugar de onde atacará o outro; antes, aproxima-se dele na verdade do amor de Jesus, com a
oferta incondicional da comunhão. O discípulo se encontra com o outro somente porque vai ao
encontro dele na companhia de Jesus.

Na segunda parte sobre “a Igreja de Jesus Cristo e o discipulado”, Bonhoeffer começa a ressaltar
em relação as questões preliminares e, posteriormente, centra-se no baptimo, Corpo de Cristo, a
Igreja visível, os santos e a imagem de Cristo.

O batismo significa rompimento com o mundo e consigo mesmo. E a partir do rompimento, o


discípulo pertence somente a Cristo e se relaciona com o mundo apenas por meio de Cristo.
Entretanto, os discípulos tornam-se participantes da comunhão do corpo de Cristo por meio dos
dois sacramentos do corpo de Cristo, o batismo e a Ceia do Senhor. É no corpo de Jesus Cristo
que os discípulos têm a comunhão, e é na comunhão corporal de Cristo que eles vivem e sofrem,
a cruz lhes é imposta na comunhão do corpo de Jesus. Pois é nela que todos são carregados e
aceitos e, constitui a nossa salvação.

A igreja se torna visível na medida em que precisa de lugar para seu culto e organização e
também para a vivência diária de seus membros. Por isso, a Igreja se tona santa na sua
visibilidade, e ela torna característica fundamental da santificação. Entretanto, em Levítico, Deus
esclarece claramente em relação a santidade da própria Igreja: “Santos sereis, porque eu, o
Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2). A santificação da Igreja é comprovada em seu andar
de modo digno do evangelho. Ela produz o fruto do Espírito e vive sob a disciplina da Palavra.
Na imagem de Cristo é claro que não somos nós que nos tornamos à imagem de Cristo, mas é a
própria imagem de Cristo que quer tomar forma em nós (Gl 4.19), isso mostra que Cristo
manifesta-se em nós, na medida em que a imagem de Cristo toma a forma em nós.

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