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SEMINÁRIO TEOLÓGICO INTERDIOCESANO SÃO PIO X-MAPUTO

Nome: Arnaldo Daniel

Ficha de leitura da obra de Dietrich Bonhoeffer: Discipulado

DISCIPULADO

O presente trabalho consiste na produção de uma ficha de leitura sobre a obra


´´Discipulado´´ de Dietrich Bonhoeffer (1906-1945). A obra em estudo, está dividida
em duas secções: a 1ª secção discursa sobre a graça e o discipulado. Na visão de
Dietrich, é por meio da graça que um se torna discípulo de Cristo. Bonhoeffer, faz
distinção de dois tipos de graças, por um lado, apresenta a graça barata, e por outro, fala
da graça preciosa. Ainda na 1ª secção desta obra, nos é explicado o real sentido do
discípulo. É discípulo, aquele que vive na obediência a Cristo, porque não se vive o
discipulado manifestando a apenas fé, mas é sobretudo, na obediência total ao Senhor
que uma pessoa vive integralmente o discipulado. Entretanto, na 2º secção, Dietrich fala
sobre a Igreja de Jesus Cristo e o discipulado. Nesta parte da obra, ele nos apresenta
elementos e condições necessárias para que um se torne verdadeiramente discípulo de
Cristo e, consequentemente membro da Igreja. Assim sendo, nos apresenta o Baptismo
como condição primária ao discipulado e de seguida para pertencer à Igreja.

Sobre a graça: Dietrich apresente dois tipos de graças completamente divergentes. 1º


temos a graça barata, identificada pela superficialidade e pela ausência da doação. Este
tipo de graça é, entretanto, uma mera pregação do perdão sem arrependimento. A graça
barata não evoca a presença da cruz e, muito menos o esforço por parte daquele que
procura viver o seu discipulado. Portanto, este tipo de graça não leva ao crescimento
daquele que segue os passos de Jesus, uma vez que, não consciencializa o discípulo da
tamanha responsabilidade a que é chamado a viver. 2º Graça Preciosa: caracterizada
pela autêntica vivência dos valores que o evangelho nos apresenta. É pela graça preciosa
que o discípulo orienta a sua vida ao Mestre. Este tipo de graça é bastante exigente,
evoca a oferta incondicional dos que procuram imitar a Ele, torna a pessoa totalmente
oferecida à causa do Evangelho. E finalmente, para que se obtenha a graça preciosa, a
pessoa terá que viver orientada pela submissão a Jesus. Deverá agir segundo a vontade
de Deus e seguindo os passos de Jesus Cristo. Portanto, ser discípulo é comprometer-se
a ser outro Cristo, isto implica conhecer a Sua doutrina e fazer dela o fundamento da
vida. Viver o discipulado é um acto de fé, uma vez que, só vive obedientemente aquele
que acredita e crê em Jesus. Então, podemos concluir que a obediência é um acto puro
da fé, ou seja, vivemos a nossa fé quando obedecemos unicamente a Ele.

Na 2ª parte da obra Discipulado, Dietrich ocupa-se a estabelecer relação entre Igreja e o


discipulado. Ao longo da história de salvação, Jesus chamou homens e mulheres para
testemunhar a Sua Palavra, mas esse testemunho foi feito de maneira diferente. Ao se
viver o discipulado é preciso ter em conta, antes de tudo, o contexto em que os
discípulos vivem o seu chamamento. É preciso ter em conta a situação social por um
lado, mas por outro, é necessário que se olhe pela época em que se vive o discipulado.
Feita essa constatação, é fácil perceber que obviamente a vivência do discipulado será
diferente. Pese embora, haja essa diferença da forma como se vive o discipulado, Jesus
sempre chama e continuará chamando homens e mulheres para O testemunhar.

O baptismo é a porta para o discipulado, quer dizer que, uma vez recebido o baptismo, a
pessoa tem o dever de agir em conformidade com Cristo. Também é pelo baptismo que
nos tornamos Igreja (conjunto de discípulos). Assim sendo, se pode estabelecer uma
relação intrínseca entre o discipulado e a Igreja. Partindo do pressuposto de que a Igreja
é o conjunto de pessoas baptizadas, isto é, de discípulos de Cristo, pode-se concluir que
sem o discipulado não se pode falar da Igreja. Falamos da Igreja, corpo de Cristo porque
há o discipulado, pessoas que pelo baptismo se comprometem em imitar o Fundamento
do chamamento, que é Cristo. Portanto, são os discípulos que hoje representam o corpo
de Cristo e transmitem a Sua Boa Nova com a intenção de pela graça de Deus fazer
mais seguidores de Jesus.

Pelo baptismo se cria comunhão com Cristo, que consiste em viver santamente,
manifestando a presença viva e real de Jesus Cristo no meio dos homens. Essa
comunhão remonta a Abraão, passa pelos profetas e reis, é experimentada nos
primórdios do cristianismo pelos apóstolos e continua até aos nossos. A maneira mais
perfeita encontrada por Deus para manifestar a Sua comunhão com a humanidade dá-se
na encarnação. Deus assume o corpo humano para de forma física criar a comunhão
com o seu povo, dai que os baptizados devem se caracterizar com comunhão. É por
meio da comunhão que o corpo de Cristo se torna visível e numa linguagem meramente
humana, algo é visível quando se faz sentir no meio da sociedade. Contudo, essa
comunhão é graças ao Espírito Santo que infunde nos corações dos discípulos o espírito
de pertença e de mútua responsabilidade à exemplo das primeiras comunidades cristãs
(cf. Act 2,42-47).

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