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IGREJA E MISSÃO:
PIRATININGA - SP
2012
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IGREJA E MISSÃO:
PIRATININGA-SP
2012
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO......................................................................................................01
V. APLICAÇÃO.................................................................................................08
VI. CONCLUSÃO...............................................................................................09
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................10
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I. INTRODUÇÃO
A Igreja não foi inventada pelos homens. Estes a tem usado, e também usado mal.
Contudo, a Igreja foi fundada por Cristo. Cristo é o âmago da Igreja e seu Senhor.
A Igreja existe para dar testemunho de Cristo. Cristo mesmo, não a Igreja, é o
poder transformador da vida do homem. A missão da Igreja é exaltar Cristo, para
que Ele execute Sua obra bendita no coração do homem. (Halley, 1994, p. 727)
O dicionário Aurélio, dentre várias definições, apresenta missão como sendo: função
ou poder que se confere a alguém para fazer algo, ou ainda: obrigação, compromisso, dever
a cumprir. O que constitui a Igreja cristã são as pessoas que confessam Cristo, tornadas por
isso como corpo de Cristo. A Igreja, portanto é o corpo de Cristo na face da terra. Esse corpo
recebeu poder e função (testemunhas, At 1:8) e tem um dever a cumprir (missão, Mt 28:19-
20). Cristo estabeleceu a missão de Deus e a Igreja herdou a continuidade dessa missão. Não
obstante todo o processo de missão, a adoração é a resposta ultima apropriada de missão,
tanto para quem “faz” quanto para quem a “recebe”. A adoração universal, e nada mais, é o
fim ultimo de missão (Carriker, 2005, p.35). O Breve Catecismo ensina que o “O fim
principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre”, ou seja, a missão do homem
é a mesma missão da Igreja. Não poderia ser diferente já que a Igreja é o homem em missão.
Para ajudar a Igreja a cumprir sua missão, Jesus ensina que a dinâmica da adoração
deve acontecer em Espírito e em Verdade (Jo 4:23-24). Isso não significa que há duas
características separáveis da adoração que deve ser oferecida: ela deve ser ‘em espírito e em
verdade’, isto é, ´’centrada em Deus’, possível apenas pelo dom do Espírito Santo, e pelo
conhecimento pessoal da Palavra de Deus (Carson, 2007, p.226). Essa condição vem pelo
cumprimento da missão a partir da proclamação do Evangelho de Cristo pela Igreja. Assim a
Igreja deve repetir a retórica de Cristo acerca da proximidade do Reino de Deus, ao mesmo
tempo em que vivencia a pratica desse Reino. Verdadeiros adoradores são aqueles que são
filhos de Deus, e estes só se tornam filhos na aceitação do Verbo (Jo 1:12), visto que a
Palavra encarnada é a única que batiza seu povo no Espírito Santo (Jo 1:33), pois, a menos
que sejam nascidos do alto, a menos que sejam nascidos do Espírito, não podem ver o Reino
de Deus, eles não podem adorar a Deus de fato (Carson, ibidem), porque não são seus filhos.
Ao expor esses dois elementos Jesus pretende alertar que a adoração verdadeira não coaduna
com a religiosidade, ela vai acontecer não como uma iniciativa humana, mas como revelação
de Deus, onde Deus é espírito e não aquilo que a religião quer mostrar que Ele é, onde Ele
está e como deve ser adorado. Ele é espírito, significa que Deus é invisível, divino em
oposição a humano, doador da vida e desconhecido para os seres humanos a menos que ele
decida se revelar (Carson, ibidem). Não é a religião quem diz quem Ele é, Ele é
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transcendente, além do entendimento humano, mas Ele se faz conhecido, imanente, como
participante da mesma natureza. A religião quer ligar o homem a Deus, mas essa conexão só é
possível pela iniciativa de Deus pelo Espírito. Religião não é a missão da Igreja, é a
intromissão da Igreja na Missio Dei. A missão da Igreja é fazer adoradores que adorem o Pai
em Espírito e em Verdade.
Se a Igreja cristã herdou a missão de Cristo, logo o modelo a ser seguido é aquele
ensinado e vivenciado por Jesus. Porem olhando a práxis da igreja o que se constata é que há
muitos paradoxos entre aquilo que Jesus fez e aquilo que a igreja faz. Mais ainda, aquilo que
às vezes a igreja é destoa daquilo que Jesus é. A Igreja de Cristo é Seu corpo, então ela tem
que ser sua imagem e semelhança. A Igreja replica os fundamentos da fonte que alimenta sua
missão. A fonte da missão da Igreja Cristã é Jesus e Ele se revela nos evangelhos, onde a
Igreja deve moldar sua práxis.
O Evangelho de Mateus revela Cristo como Rei, isso comunica à igreja que há um
Reino e esse Reino é de Cristo e não dos homens, assim o governo da igreja pertence a Jesus,
pois a Igreja pertence ao Reino e tudo que pertence ao Reino deve submissão ao Rei Jesus. A
Igreja não é o Reino para querer defender seus interesses desvinculados da vontade do Rei.
Ela não é o Rei, deve acatar as ordens do Rei. Precisa lembrar a todo instante que não é dona
de si mesma nem de suas conquistas, mas chamada à mordomia das insondáveis riquezas de
Cristo (Ef 3:8).
O Evangelho de Marcos revela Cristo como Servo, que veio não para ser servido,
mas para servir, logo Sua igreja deve servir ao Reino e aos propósitos do Rei, servindo à
missão de alcançar os perdidos proclamando, curando e socorrendo. Não existe para servir a
si mesma, mas para o beneficio de outros, como disse o arcebispo William Temple:” A Igreja
é a única sociedade cooperativa no mundo que existe em beneficio dos que não são
membros”. Quanta coisa Jesus com o seu poder poderia ter feito em seu próprio beneficio,
mas abriu mão de tudo para servir a humanidade. A Igreja cristã verdadeira serve a Jesus,
abrindo mão de tudo que atrapalhe esse seu chamado.
O Evangelho de Lucas revela o Cristo humano, modelando para a Igreja um papel de
misericórdia e compaixão com o próximo, assim como Jesus, que se identificava com a
necessidade do outro, a igreja deve ser uma resposta igual à de Jesus aos pecadores, como
observa John Stott: “Isto é, como Cristo teve que entrar em nosso mundo, nós também
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precisamos entrar no mundo de outras pessoas” (Stott, 2010, p. 28). O lado humano de Jesus
pautava pela humildade e empatia com as pessoas, e esse comportamento as atraía à Sua
mensagem. A Igreja muitas vezes aplica um lado humano não praticado por Jesus e que afasta
as pessoas da mensagem, que é a arrogância e a indiferença. A porção humana da Igreja não
pode ser um padrão de pecado, ainda que seja formada por pecadores, tem que replicar o
padrão de Jesus que a justificou para ser santa e um canal de salvação para todas as pessoas.
Finalmente, no Evangelho de João, Cristo é filho de Deus e é Deus. Tem autoridade
e domínio sobre todas as coisas, pois criou todas elas. Jesus delegou autoridade e poder a
igreja para que ela possa cumprir sua missão. Não são qualidades humanas, mas provisão
divina que a capacita ao desafio missionário nas esferas naturais e sobrenaturais. Dessa forma
Jesus empresta porção divina à Igreja para que Ela manifeste Deus em todas as suas ações.
Logo a Igreja deve ficar atenta ao que Deus está fazendo para poder cooperar com Ele e não
se fazer de deus e interferir nos Seus propósitos.
Se a Igreja se desviou do propósito de Cristo, então ela precisa voltar à fonte para
restaurar sua missão, lembrando a todo instante quem Jesus é, o que Jesus fez e o que Jesus
vai fazer. Assim a Igreja restabelece seu norte, consciente de quem é e do que deve fazer
como cooperadora na Missio Dei, a partir da obediência a Cristo.
Jesus usa a figura do arado para confrontar a disposição dos discípulos em segui-lo.
Dada a natureza dessa ferramenta usada para lavrar o solo e o consequente esforço que ele
exigia daqueles que o manejavam, Jesus oferece aos discípulos uma imagem da
dificuldade do serviço que lhes era oferecido. A Igreja que toma o arado deve fazê-lo
diligentemente, com determinação e olhando para frente, para os desafios que estão
adiante. Sua motivação não deve ser as obras do passado, mas sim o que está por fazer. A
Igreja para restaurar sua missão, precisa por a mão no arado, porem ela vai precisar se
livrar de outras ferramentas com que decidiu ocupar as mãos. Existem duas ferramentas
que a igreja usa e que lhe tomou o lugar do arado, ocuparam suas duas mãos com recursos
ineficazes para o cumprimento da sua missão.
A primeira é a religiosidade. Essa ferramenta capacita a Igreja a produzir religiosos
em vez de fazer discípulos, manipula a Palavra de Deus para exigir obras como prova de
fé e condição para a salvação de almas, impõe dogmas, regras e tradição que redunda em
julgamentos, preconceitos e condenação, mudando o propósito da Igreja de missão para
aculturação.
A segunda ferramenta é o evangelho humano. Essa ferramenta tem a finalidade de
entronizar o homem e roubar o lugar de Cristo na Igreja. Não bastasse isso promove a
exaltação de denominações e a proclamação de teologias e doutrinas proselitistas, onde os
interesses humanos tem prioridade em relação à missão. É uma ferramenta que amolda a
igreja ao mundo, prega filosofias humanas e ensina seus membros a acumular tesouros na
terra, promovendo o egoísmo e o individualismo.
Ambas as ferramentas sempre foram condenadas por Cristo, pois não são apropriadas
para a missão. Para restaurar sua missão a Igreja precisa largar essas ferramentas e ter as
mãos livres para pegar no arado, consciente de que o arado não trabalha sozinho, logo ela
vai precisar se esforçar para cumprir sua missão. Nesse esforço a igreja vai percorrer a
seara, saindo da sua zona de conforto e enfrentando o “calor e a dureza do campo”
pregando o Evangelho do Reino. Esse Evangelho deve ser pregado com cuidado e
atenção, conforme o solo que se apresenta o que significa que ele será exposto a diferentes
culturas e para ser aceito deve ser contextualizado, isso exige esforço. Mas essa
ferramenta vai ajudar a Igreja cumprir sua missão resultando na presença do reino de Deus
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por onde ela passar. Ao usar essas figuras Jesus atenta a Igreja sobre as inevitáveis
aflições que surgirão no processo de lavrar os campos. O trabalho é árduo, às vezes
demora a colheita, mas a recompensa é a fidelidade de Deus. Por isso adverte das
consequências de se deixar o arado. A Igreja que é digna de Cristo não tem a opção de
decidir a sua missão, pois ela apenas dá continuidade à obra de Cristo a ser consumada na
Sua volta. Enquanto a plenitude desse tempo não chega, a Igreja inspira-se no Seu
testemunho, em perseverança e obediência ao privilégio de trabalhar em favor do Reino
de Deus.
V. APLICAÇÃO
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VI. CONCLUSÃO
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Reino de Deus, a metáfora usada por Jesus, define o mundo em que vivemos.
Vivemos num mundo onde Cristo é Rei. Se Cristo é Rei, tudo, literalmente tudo e
todos, precisa ser reconcebido, reconfigurado, reorientado em direção a uma forma
de vida que consista em seguir a Jesus de modo obediente. (Peterson, 2009, p.19)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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HALLEY, H. H. Manual Bíblico: Um comentário abreviado da Bíblia, 4ª. Ed., São Paulo-SP:
Vida Nova, 1994.
TOZER, A. W. O Melhor de A. W. Tozer, 3ª. Ed., São Paulo-SP: Mundo Cristão, 1997.
YANCEY, P. Igreja: Por que me importar?, São Paulo-SP: Editora Sepal, 2000.