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DECLARAÇÃO DE FÉ E CONVICÇÕES DOUTRINÁRIAS

MARCOS DE JESUS GALINA

Declaração de Fé e Convicções Doutrinárias apresentada aos Pastores Componentes


do Concílio Examinatório, com vistas ao Ministério Pastoral.

IGREJA BATISTA DE JORDANÓPOLIS

SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP

2023
DEDICATÓRIA

Em oração, dedico este trabalho ao


Deus Triuno: Pai, Filho e Espírito Santo!
Que me amou e que por meio de Sua
infinita Graça e Misericórdia, livrou-me da
condenação eterna ao dar Jesus Sua vida
por mim, vil pecador. À minha amada
esposa Fernanda, sempre ao meu lado;
bem como, às minhas filhas: Mellyssa e
Myllenna, herança do Senhor. Dedico,
ainda, à Igreja do Senhor.
AGRADECIMENTOS

Sou imensamente grato a Deus pela vida em Cristo graciosamente a mim


concedida; bem como, um dia após o outro, por ter me estendido Sua potente mão, a
fim de que o caráter de Jesus seja continuamente moldado em meu ser. Também sou
grato pela minha família, minhas filhas Mellyssa e Myllenna, minha digníssima esposa
Fernanda, a quem muito admiro por sua garra, coragem e, acima de tudo, sua
simplicidade. Aos meus pais Antonio (Toninho para os íntimos) e Tereza, que foram e
são instrumentos de Deus a me ensinar o real significado de senso de dependência
do Altíssimo, como também, aos meus irmãos Rodrigo, Emerson e Leonardo. Ao meu
irmão, amigo, parceiro, mentor: Maurício Bulcão. A quem me esforço por imitar, pois
sei que tanto se esforça por imitar a Cristo, juntamente com sua esposa Ana, a irmã
que nunca tive, pela amizade, carinho e alegria com que sou refrigerado ao vê-la
sempre ao lado da Fernanda. Ao meu querido amigo pastor Rubinho, que me instigou
a orar por consolidação e clareza quanto à vocação pastoral. E, por fim, a toda a
família IBJ, expressão do verdadeiro sentido da prática da mutualidade, amando e
servindo “uns aos outros”.
TESTEMUNHO DE SALVAÇÃO

Nasci em um lar cujos pais não eram necessariamente religiosos, embora


minha mãe fosse tradicionalmente de origem católica, eu e meus irmãos crescemos
mais propensos à reverência cultural de nossa mãe do que o desinteresse indiferente
de nosso pai com a fé romana. No entanto, meus primeiros contatos com a fé
evangélica se deram por influência de meu pai, pois este, dentre nós, foi o primeiro a
confessar Cristo como seu Senhor e Salvador pessoal.
Assim, aos 19 anos, em 31/out/1999, a convite de meu pai a participar de um
culto evangélico na sede da Comunidade Cristã Paz e Vida, eu ouvi e cri na
mensagem do evangelho neste dia. Lembro-me como se fosse hoje: o sermão
pregado foi no Evangelho de João, capítulo 11: A Ressurreição de Lázaro. E quando
Jesus disse de si mesmo nos versos 25 e 26: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem
crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim,
nunca morrerá. Crês tu isto?” eu entendi plenamente que, sem Cristo, estava
espiritualmente morto e que somente crendo Nele é que eu teria a verdadeira vida.
Em oração, arrependido de meus pecados, eu entreguei minha vida a Jesus
para ser meu Senhor e Salvador pessoal. Desde este dia, a vida que tinha já não era
mais minha, mas Daquele que me salvou.
Algo novo brotou em meu ser: uma sede de Deus e de sua Palavra. Mais do
que nunca eu precisava conhecê-Lo a fundo, conhecê-Lo melhor. A Bíblia passou a
ser o meu livro-guia. E todo e qualquer assunto sobre Deus passou a ser minha
prioridade e o que mais me interessava.
Em paralelo, foi nesta comunidade cristã que eu conheci a Fernanda e, um ano
depois, já estávamos nos casando, em 5/jan/2001.
CONVICÇÃO DE CHAMADO

Em pouco tempo de conversão, especificamente em fev/2000, eu já estava


matriculado em um instituto bíblico, num curso básico de teologia com duração de 2
anos. Isso se deu em razão de não haver estrutura de ensino e aprendizado da Bíblia
na comunidade onde me converti, o que me levou a procurar em outra denominação.
Enquanto eu frequentava tal instituto, conduzi um pequeno grupo de estudos
bíblicos com outros irmãos da Paz e Vida. Eles também tinham sede de Bíblia, mas
não tínhamos quem nos liderasse naquela igreja de linha neopentecostal, com
enfoque na Teologia da Prosperidade. Este foi o início da minha atuação no ensino.
Logo após meu casamento e, antes de concluir o curso no instituto, já não via
mais razão para permanecer na Paz e Vida. O que nos fez chegar à Assembleia de
Deus em mar/2001. Tal mudança me encantou, principalmente pelo incentivo que a
igreja dava ao ensino, pois, até então, eu não sabia o que era uma EBD. Fui aluno
assíduo da escola dominical da Assembleia por 4 anos. E aprendi muito no tempo que
estivemos ali, inclusive, tendo já contato com o grego koinê em um curso lá oferecido
por um pastor e ex-padre.
No entanto, em meus estudos pessoais, outros conflitos me surgiram, como por
exemplo: a questão da doutrina da graça e a da segurança eterna da salvação. O que
nos fez chegar em mar/2005 à IGREJA BATISTA DE JORDANÓPOLIS. Em pouco
tempo, eu já estava servindo como professor de EBD e ingressando no curso bacharel
em Teologia ministrado nas dependências da IBJ, de ago/2005 a jul/2008.
A razão de narrar estes fatos é para declarar que meu chamado ministerial não
se deu com algo extraordinário e miraculoso, como um sonho, visão, revelação ou
qualquer evento nesse sentido. Minha clareza foi construída gradativamente à medida
que eu me dispunha em servir na área de ensino, visitação e pregação. Um senso de
dever, de responsabilidade de cuidado com o rebanho, foi aumentando gradualmente,
a fim de servir como um instrumento nas mãos do Redentor em edificar a Igreja Dele
por meio de Sua Palavra. O que mais ocupa a minha mente e coração é desenvolver
maturidade cristã em minha própria vida conjuntamente com a igreja do Senhor,
servindo aos irmãos com os dons que Ele me confiou.
DECLARAÇÃO DE FÉ E CONVICÇÃO DOUTRINÁRIA

1 BIBLIOLOGIA

Trata-se do estudo dos assuntos inerentes à Bíblia Sagrada, visando


possibilitar o entendimento da natureza, origem, autoridade e interpretação das
Escrituras Sagradas.

1.1 REVELAÇÃO
Entende-se por Revelação o ato e/ou os meios pelos quais Deus se faz
conhecido aos seres humanos. Tendo em vista que, por ser Deus um ser infinito, e
nós seres humanos finitos, não podemos conhecê-Lo sem que seja de Sua própria
vontade o revelar-se. É impossível ao ser humano (e a qualquer outro ser) conhecer
a Deus por sua própria iniciativa (Is 59.8; Rm 3.17).
1.1.1 Revelação Geral
Revelação Geral é a auto manifestação de Deus através da natureza e da
personalidade do homem. Como disse o salmista: “Os céus declaram a Glória de Deus
e o firmamento anuncia a obra de Suas mãos” (Sl 19.1), bem como Paulo, ao dizer
que: “as coisas invisíveis, o eterno poder e a divindade de Deus se entendem e se
veem pelas coisas criadas, tornando a raça humana totalmente sem desculpas de
seus pecados.” (Rm 1.18-20). E, quando se fala de Deus revelar-Se pela
personalidade do homem, veem-se traços singulares que não são vistos em qualquer
outro ser: o de ter sido feito à imagem e semelhança de seu Criador (Gn 1.26-27).
1.1.2 Revelação Especial
Uma vez que Revelação Geral não comunica plena e especificamente quem é
este Deus, apenas a Revelação Específica demonstrará quem Ele é e como é possível
relacionar-se com o Criador. Daí o fato de Deus se fazer manifesto, por exemplo, a
Adão e sua família, Abrão, Jacó, Moisés (e muitos outros), de maneira consciente e
voluntária, sem que houvesse qualquer iniciativa ou contrapartida da criação (Gn 3,
12.1-3, 28.12-13; Ex 3.2). O ápice desta revelação culmina na pessoa de Jesus e nas
Escrituras em sua composição final (Cl 1; Hb 1.1-3). De maneira que, em Cristo e em
Sua Palavra, temos revelação suficiente para a vida e piedade na presença de Deus.
(Dt 8.3; Mt 4.4; Ap. 22.18-19)

1.2 INSPIRAÇÃO
Na medida em que a Revelação trata da comunicação e do conhecimento que
Deus dá de Si mesmo à criatura, a Inspiração consiste na transmissão dessa
comunicação. Em 2Tm 3.16, a palavra, em seu idioma original, traz consigo a ideia de
ter sido “soprada por Deus” e diz respeito à influência do Espírito Santo sobre os
agentes humanos que redigiram as Escrituras, dirigindo-os com precisão seus
pensamentos, ainda que tenham utilizado o vernáculo que lhes fosse familiar e em
conformidade com sua formação pessoal e com a cultura de suas épocas.
O apóstolo Pedro deixou isto cristalino ao firmar que nenhuma profecia
sobreveio de particular interpretação dos autores humanos, mas que estes falaram
movidos (em algumas versões, impelidos) pelo Espírito Santo (2Pe 1.19-21).

1.3 INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE


Por Inerrância das Escrituras, parte-se da premissa de que a Bíblia é verdadeira
e isenta de erros. Isto, tratando-se dos livros originais (Jo 10.35; 17.17). De sorte que,
em um sentido estrito, a doutrina da inerrância aplica-se somente aos assim
chamados “autógrafos”. E por Infalibilidade, assevera-se que a Palavra sempre
cumprirá o seu propósito: nunca falhou e jamais falhará (Is 40.8; 55.11; Mt 24.35; 1Pe
1.25).

1.4 CANONICIDADE E AUTORIDADE


O padrão (kanon) estabelecido por Deus para a sua Palavra consiste em 66
livros subdivididos em duas partes principais: o Antigo e o Novo Testamentos,
possuindo, respectivamente, 39 e 27 livros. Escrito por cerca de 40 autores diferentes,
em um período aproximado de 1600 anos, com um lapso temporal de 400 anos entre
o último livro do A.T. e o primeiro do N.T., em que houve um “silêncio’’ profético da
parte de Deus (Período Intertestamentário).
Nos dizeres de Millard J. Erickson: “A Palavra objetiva, escrita, inspirada,
juntamente com a palavra subjetiva, a iluminação interior e o arrependimento dados
pelo Espírito Santo, constitui a autoridade do cristão.”
2 TEOLOGIA PRÓPRIA

A doutrina de Deus é a “pedra angular” para o assentamento do restante da


Teologia como um todo. Conhecer Deus através do estudo deve ser visto como meio
de obter uma compreensão adequada Dele e, por conseguinte, maior intimidade em
um relacionamento progressivo e crescente com Ele.

2.1 A NATUREZA E O CARÁTER DE DEUS


Deus é Espírito, Vivo e Pessoal por natureza (Jo 4.24). Eterno e Autoexistente
no que tange ao tempo (Sl 90.2). Perfeito, Puro e Santo quanto ao caráter. Imutável
quanto Sua índole (Ml 3.6).

2.2 IMANÊNCIA E TRANSCENDÊNCIA


Por imanência, assevera-se que Deus está presente e ativo dentro de sua
criação e dentro da raça humana, mesmo naqueles membros que não creem Nele ou
não O obedecem. Sua influência está em toda parte. Ele age nos processos naturais
e por meio deles. Quanto à transcendência, entende-se que, ainda que Deus esteja
presente no mundo, Ele não é parte do mundo e, muito menos, que o mundo é divino.
Deus existe à parte e além da criação. Deus não é uma mera qualidade da natureza
ou da humanidade; Ele não é simplesmente o mais elevado dos seres humanos. Ele
não é limitado à nossa capacidade de compreendê-Lo. Sua santidade e bondade vão
muito além, infinitamente além das nossas, e isso também é verdade em relação a
Seu conhecimento e poder (1Rs 8.27; Is 55.8-9).

2.3 OS ATRIBUTOS DE DEUS


Quando correlacionados com o ser humano, os atributos de Deus podem ser
discriminados como naturais e morais. Conhecidos também como incomunicáveis
e comunicáveis, ou seja, aqueles atributos que são de prerrogativa exclusiva de
Deus e aqueles que podem ser identificados no ser humano. Erickson também os
classifica como atributos de grandeza e de bondade. Como atributos naturais de
Deus, podemos mencionar: Eternidade (Sl 90.2), Soberania (Sl 10.16), Infinitude (Sl
145.3; 147.5), Imutabilidade (Ml 3.6), Onipresença (Sl 139.7-10), Onipotência (Sl 91.1)
e Onisciência (Sl 139). E por atributos morais temos: Santidade (Lv 11.44; 19.2; 20.7;
1Pe 1.15-16), Justiça (1Jo 1.9), Verdade (Is 65.16), Fidelidade (Sl 100.5), Amor (1Jo
4.8, 16), Bondade (Sl 100.5), Graça (2Co 12.9) e Misericórdia (Lm 3.21-22).
2.4 OS DECRETOS DE DEUS
Por decretos, compreende-se o plano eterno pelo qual Deus tornou certos
todos os eventos do universo, passados, presente e futuros. Os decretos, como atos
eternos de uma vontade infinitamente perfeita, têm relações lógicas. Eles não são
resultado de deliberação em qualquer sentido que implique visão curta ou hesitação
(Rm 8.28; Ef 1.11; 3.11).

2.5 A OBRA DE DEUS


Conforme as Escrituras, Deus é o Criador do universo, visível e invisível,
formado pela sua Palavra (Hb 11.3). Ele o criou do nada absoluto, ou seja, sem o uso
de matéria pré-existente, ressaltando que todas as pessoas da Trindade, não criadas,
têm parte na sua realização (Gn 1.1; Jo1.1-3).
Além de Criador, Deus também é o Preservador e Sustentador de tudo, ou seja,
pelo Seu poder conservam-se existentes toda a criação, bem como as propriedades
e forças de que as dotou. “Só tu és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o
seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há e tu os
guardas a todos” (Ne. 9.6) Ainda, por Sua Providência, Deus faz com que todos os
eventos do universo físico e moral cumpram o desígnio para o qual Ele o criou (Rm 8.
; 11.36.
Outro aspecto no que tange a obra de Deus consiste em correlacionar-se com
o ser humano por meio da oração, respondendo-a conforme o Seu querer, seja pela
intervenção da lei natural, ou mesmo, mediante um cuidado especial Seu (Jr 29.12-
13, 33.3; Mt 7.7-8).

2.6 O DEUS TRIUNO


Embora não haja um texto bíblico que diga expressamente acerca da natureza
trina de Deus, consigne-se que as Escrituras são enfáticas ao declarar que só existe
um único Deus (Dt 6.4; Is 44.6,8; 1Co 8.4-6; 1Tm 2.5), ao mesmo tempo que estas
mesmas Escrituras asseveram que o Pai é Deus (Ml 2.10; Jo 20.17; Ef 1.3, 3.14), que
o Filho é Deus (Jo 20.28; Tit 2.13; 1Jo 5.20) e que o Espírito Santo também é Deus
(At 5.3-4; 2Co 3.17). Pode-se dizer que o desenvolvimento da doutrina trinitária é
simplesmente de esclarecimento e de definição do que já estava implícito nas
Escrituras.
3 CRISTOLOGIA

Trata-se da doutrina que estuda a pessoa e a obra de Jesus Cristo, o Messias.

3.1 DIVINDADE DE JESUS


Como Deus, Jesus é coeterno com o Pai e, juntamente com o Espírito Santo,
esteve presente e ativo no princípio da criação. Há nomes divinos que Lhe são
atribuídos (At 9.17; Rm 9.5; Hb 1.8). Ele é invocado e adorado como Deus (Mt 14.33;
1Co 1.2; Hb 1.6). A Ele são atribuídas obras divinas (Jo 1.3; Cl 1.16-17). Ele pode
perdoar pecados (Mc 2.5-11). Ele pode dar a vida eterna (Jo 10.28; 17.1-2). Ele é
onipresente (Mt 18.20; 28.20; Jo 1.48). Embora seja uma pessoa distinta da pessoa
do Pai, é chamado nas Escrituras como o Caráter do Pai e a exata
expressão do Seu Ser.

3.2 HUMANIDADE DE JESUS.


Ao mesmo tempo que Jesus é 100% Deus, Ele também é 100% homem (Rm
9.5; 1Tm 2.5). Sua encarnação foi singular. Concebido no poder do Espírito Santo, foi
gerado no ventre de Maria, quando ainda era virgem (Mt 1.18-25; Lc 1.30-31). Depois
de nascido, Seu crescimento aconteceu, nas palavras de Lucas, em sabedoria,
estatura e graça (Lc 2.52). Como homem que era, teve todas as limitações como
qualquer outra pessoa, sejam elas de natureza física ou mesmo espiritual. Tinha fome,
sede, cansaço, sono, toda a fisiologia humana presente. E tocante as limitações
espirituais, Jesus vivia em total dependência do Pai no poder do Espírito Santo (Hb
4.15-16). Tinha uma vida de oração (Mt 4.2, 14.13, 26.36; Jo 17).

3.3 A OBRA DE JESUS


Como já dito, embora Ele tenha coparticipação na obra criadora, Seu principal
ofício consiste na redenção dos pecadores por meio de Sua morte vicária na cruz do
Calvário (1Pe 3.18). Por Sua morte, Jesus carregou sobre si condenação do homem
pecador, recebendo em si mesmo a punição devida ao pecador (1Jo 2.2; 4.10). Com
isso, Seu ato de justiça foi imputado a todos os que Nele creem para a vida eterna,
proporcionando regeneração, salvação, perdão e vida eterna (Rm 5.8-12). Virá outra
vez à terra, em dia e hora desconhecidos por nós, para buscar aqueles que foram
salvos por Ele. (Jo 14.3; Mc 13.32). Derrotará Satanás, e reinará sobre o mundo. Após
ressuscitar, Cristo ascendeu aos céus física e visivelmente, fatores que mostram o
padrão que marcará também a Sua segunda vinda (At 1.9-11).
4 PNEUMATOLOGIA

Trata-se do estudo sistemático tangente à Pessoa e Obra do Espírito Santo,


chamado por Jesus de Consolador (Jo 14.26).

4.1 A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO


O Espírito Santo não é uma força impessoal, conforme dizem algumas seitas.
Ele tem personalidade, ou seja, tem inteligência (Rm 8.27; 1Co 2.10-11), emoções (Is
63.10; Ef 4.30) e vontade (1Co 12.11). É possível blasfemar contra Ele (Mt 12.31-32).
Ele ensina os crentes (Jo 14.26). É possível mentir para Ele (At 5.3). Ele guia os
crentes (Rm 8.14). Ele testifica aos crentes (Rm 8.16). Ele intercede pelos crentes
(Rm 8.26). A Bíblia ensina que o Espírito Santo é divino, sendo uma das pessoas da
Trindade. As provas bíblicas da divindade do Espírito são as seguintes: (i) Ele é
chamado como Deus (At 5.3-4; 2Co 3.17); (ii) Ele tem atributos divinos: Eternidade
(Hb 9.14), Onipresença (Sl 139.7-10), Onipotência (Lc 1.35), Onisciência (1Co 2.10-
11).

4.2 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO


As Escrituras afirmam que o Espírito Santo tem um papel fortemente relevante
na introdução das pessoas na vida cristã, a começar pela conversão, que é a volta do
indivíduo para Deus. Jesus disse que quem não nascer do Espírito, não verá o Reino
de Deus. (Jo 3.5). A isto chamamos de regeneração, pois não se trata de uma mera
reforma do caráter humano, e sim o de se tornar uma nova criatura (2Co 5.17). É o
Espírito Santo que convence a pessoa, de seu estado pecaminoso de incredulidade,
da justiça cumprida por Jesus e do juízo divino sobre todos. (Jo 16.8-11). Com a
conversão, a pessoa é inserida na família de Deus, tratando-se de seu batismo no
Espírito e na Igreja – o corpo místico de Cristo (Rm 6.3-4; 1Co 12.13; Gl 3.26-28) –,
habitando permanentemente no crente (1Co 6.19) como propriedade de Deus (Ef
1.13-14).

4.3 DONS ESPIRITUAIS


O Espírito também concede certos dons espirituais aos crentes dentro do corpo
de Cristo para o que for útil (1Co 12.7), a fim de conduzi-los à maturidade cristã (Ef
4.11-16) e para edificação da Igreja. Há um rol de dons na Bíblia, contido em Rm 12.6-
8, 1Co 12.8-10, Ef 4.11 e 1Pe 4.10-11, sendo os dons categorizados em dons de
serviço/ministério e dons de poder.
5 ANTROPOLOGIA

Trata-se aqui do estudo e compreensão do homem à luz das Escrituras.

5.1 CRIAÇÃO
Deus criou o primeiro homem à Sua imagem a partir do pó da terra e com Seu
sopro de vida, no sexto dia da Criação (Gn 1.27, 2.7). Nunca existiu uma criatura
subumana ou um processo de evolução. No que tange a sua estrutura, a pessoa
humana é constituída de uma parte material, o corpo físico, e outra imaterial,
alma/espírito (Ec 12.7). Há, basicamente, duas concepções distintas acerca da
estrutura do ser humano: (i) o tricotomismo (corpo + alma + espírito), baseando-se
em 1Ts 5.23 e Hb 4.12; e (ii) o dicotomismo (corpo + alma/espírito), com fulcro em
alguns textos tais como Mt 10.28; Lc 1.46-47 (aqui há um paralelismo em que alma e
espírito são sinônimos); Rm 8.10; 1Co 5.5; 2Co 7.1, e outros, nos quais as duas
palavras são intercambiáveis, casos em que, substituindo-se uma pela outra, seu
significado semântico permanece inalterado (1Co 5.5; Tg 1.21; 2Co 7.1; 1Pe 1.22).

5.2 A CONDIÇÃO ORIGINAL


Originalmente o homem foi criado (i) à imagem e semelhança de Deus (Gn
1.27, 5.1, 9.6; 1Co 11.7), envolvendo a personalidade, o senso moral, a capacidade
de se relacionar num nível pessoal, exercício de domínio sobre a criação e a
espiritualidade; (ii) com faculdades intelectuais (Gn 2.19-20), capaz de pensar, falar
e tomar decisões; bem como, (iii) com uma natureza moral santa (Ec 7.29), pois,
quando Deus criou o homem, este não tinha qualquer pecado ou impureza.

5.3 A TRANSMISSÃO DA PARTE IMATERIAL DO HOMEM


É consensual o entendimento de que seu tomo material provém de nossos pais,
o deles de seus antecessores, até chegarmos em Adão (Lc 3.23-38). No entanto,
existem divergências quanto à sua parte imaterial. Os adeptos da Preexistência
dizem que as almas de todos os homens foram criadas por Deus no início do universo,
passando a alma por várias encarnações. Hebreus 9.27 refuta categoricamente este
conceito. Outra visão é a do Criacionismo, que afirma que Deus cria uma nova alma
ex nihilo para cada criança concebida. Há, ainda, o Traducianismo, a defender que
a alma dos filhos deriva da dos pais, como acontece com o corpo (Gn 5.3; Hb 7.9-10).

5.4 O PROPÓSITO DA CRIAÇÃO DO HOMEM


O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e deleitar-se Nele para
sempre (Sl 73.24-26; Is 43.7; Rm 11.36; 1Co 10.31; Jo 17.22-24).
6 HAMARTIOLOGIA

6.1 DEFINIÇÃO, ORIGEM, NATUREZA E FORMA DO PECADO


Como o nosso alvo é glorificar a Deus, pecado é, por definição, errar este alvo.
É a desconformidade com a lei moral de Deus, quer em ato, disposição ou estado (Rm
3.10-20). É transgredir Sua Lei, Palavra e vontade (1Jo 3.4). E sua origem se deu com
a desobediência do primeiro homem, Adão, tornando o pecado universal (Gn 3; Ec
7.20; Sl 14.3; Is 64.6; Rm 5.12). Como estado e disposição, o pecado é uma inclinação
interior para o mal (Rm 7.14-24), acarretando total deformação e extravio do homem
de sua condição original, o que chamamos de queda/lapso. A Bíblia diz que “as vos-
sas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados
encobrem o seu rosto de vós para que vos não ouça” (Is 59.2). Basicamente, o pecado
provoca o rompimento das relações do homem com Deus. Quanto ao ato, o pecado
não é somente um estado, mas uma conduta errada, nas suas mais diversas formas:
avareza (Lc 12.15); blasfêmia (Mt 12.22-37); transgressão da Lei (Mt 15.3-6); orgulho
(Mt 20.20-28; Lc 14.7-11); deslealdade (Mt 8.19-22); imoralidade (Mt 5.27-32); ausên-
cia de frutos (Jo 15.16); ira (Mt 5.22); mal uso das palavras (Mt 5.33-37, 12.36); exibi-
cionismo (Mt 6.1-18); falta de fé (Mt 6.25); falta de oração (Lc 18.1-8); etc.

6.2 CULPA E PENALIDADE DO PECADO


A culpa pecaminosa não é, necessariamente, aquela sensação de remorso que
nos sobrevém quanto erramos diante de Deus, mas sim o impacto jurídico que a trans-
gressão de Adão teve sobre toda a humanidade, imputando-lhe condenação (Rm
5.15-19; 1Co 15.22). Tal imputação se deu, na concepção federalista, em Adão, como
o representante de cada ser humano ou, na concepção participativa, estando a huma-
nidade contida seminalmente nele (como Levi estava em Abraão, cf. Hb 7.9-10), sendo
participante do pecado cometido no Éden (Rm 5.12). Por esta culpa, a única pena
devida à humanidade, necessariamente, a cada pessoa, é a morte (Gn 2.16-17; Ez
18.4,20; Rm 6.23; Tg 1.15).

6.3 CONSEQUENCIAS E ALCANCE DO PECADO


Nada no universo que Deus criou ficou fora do alcance do pecado, atingindo:
(i) os céus, por conta da rebelião de Satanás e dos anjos que o seguiram (Jó 1.6; Ap
12.7); e a terra que, com a queda do homem, sujeitou a natureza ao sofrimento e à
futilidade (Rm 8.18-23), tanto o reino vegetal (Gn 3.17-18) como o animal (Gn 9.1-3)
foram afetados, além de toda a humanidade (Ec 7.20; Rm 3.10-12,19,23; 5.12).
7 SOTERIOLOGIA

O problema central do homem é o pecado que nos separa de Deus (Is 59.2),
sendo Sua Palavra o meio pelo qual Ele nos apresenta a salvação encontrada em
Cristo (Ef 1.13) e a fé o meio pelo qual somos alcançados por esta salvação (Ef. 2.8-
9).

Figura 1: Os Aspectos da Salvação

Fonte: Millard J. ERICKSON, Introdução à Teologia Sistemática (Edições Vida Nova, 1992) p. 377.

7.1 OS ANTECEDENTES DA SALVAÇÃO: ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO –


CHAMADO REAL
Sem ignorar o fato bíblico de que todos somos inteiramente responsáveis pelos
nossos pecados (Ez 18.4,20; Tg 2.10), também é fato escriturístico que Deus escolheu
certas pessoas para serem Seus filhos espirituais, ou seja, para receberem vida
eterna (Is 65.9; Rm 8.29;11:5-7; Ef 1.4-5; 1Pe 1.2), em detrimento de alguns outros
que não foram objetos desta eleição divina (Rm 9.22). Tudo isso sendo parte dos de-
sígnios eternos de Deus (2Tm 1.9).

7.2 O INÍCIO DA SALVAÇÃO: SEUS ASPECTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS


Objetivamente falando, da salvação em Jesus decorre a posição que o crente,
imediatamente, passa a ocupar diante de Deus: sua união com Cristo como que já
estando seguro nos céus (Ef 1.3). O que chamamos de salvação (ou santificação)
posicional. Como também, tornamo-nos Seus filhos adotivos (Ef 1.5), obtendo o
cancelamento da dívida e o perdão do pecado que era contra nós (Cl 2.13-14), com-
preendendo, assim, a nossa Justificação (At 13.38-39; Rm 5.1,9,18), acarretando a
salvação da punição eterna pelo pecado.
Há o aspecto subjetivo que não pode ser ignorado: esta salvação só surte efei-
tos quando a pessoa responde ao chamado para arrepender-se de seus pecados e
converter-se de seus maus caminhos a Jesus, mediante a fé no Evangelho,
decorrente da pregação da mensagem de Sua obra vicária na cruz, recebendo-O
como seu Senhor e Salvador pessoal (Mc 1.15; Jo 1.12; At 3.19). Ainda, aliado ao
aspecto subjetivo do arrependimento e fé correlata à atitude a ser principiada pelo
pecador em direção à Cristo, nas palavras deste em João 3.5, “Ninguém pode entrar
no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito”. Assim, como imprescindível
condição para a salvação (entrar no Reino de Deus), Jesus fala de um outro nascer
além no nascimento natural: o nascer do Espírito. Nas palavras do apóstolo Paulo:
“...se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que
surgiram coisas novas!” (2Co 5.17), este novo nascimento, nova vida, nova criação,
trata-se da regeneração. No sacrifício vicário de Jesus, temos propiciação, redenção,
justificação, regeneração e salvação.

7.3 A CONTINUIDADE DA SALVAÇÃO: SANTIFICAÇÃO E PERSEVERANÇA


Além da posição da salvação do crente já firmemente estabelecida em Cristo,
outro aspecto diz respeito à um processo contínuo dessa salvação, que se inicia na
conversão e se desenvolve durante toda a vida terrena do crente, até a sua glorifica-
ção, Este processo é chamado de santificação. Trata da salvação (ou santificação)
progressiva (Hb 12.14; 1Pe 1.14-16), processo no qual o crente vai sendo salvo do
poder do pecado, esvaindo-se sua influência dia após dia.
E, uma vez que Deus é soberano e que Sua vontade não pode ser frustrada
por seres humanos ou por qualquer outra maneira, aqueles a quem Deus tenha posto
em comunhão com Ele continuarão na fé até o fim (Jo 6.37,39-40; 10.26-29; Rm
30.28-30, 38-39). A isto chamamos Perseverança dos Santos, sendo válido o lema:
“uma vez salvo... salvo para sempre.”

7.4 O CUMPRIMENTO DA SALVAÇÃO: GLORIFICAÇÃO


Com isso, uma vez que Aquele que começou a boa obra da salvação no crente,
certamente há de completá-la até o dia de Cristo. Assim disse Paulo aos Filipenses
(1.6) estar convencido dessa promessa. E a completude dessa salvação se dará com
a glorificação de todo o crente em Cristo (Rm 8.28-30; 1Co 15.42-44, 51-54; Ap
20.4,6). Esta é a salvação (ou santificação) plena do crente, ocasião em que estará
plenamente salvo da presença do pecado em sua vida.
8 ECLESIOLOGIA

A palavra Igreja tem origem no vocábulo grego εκκλησια (ekklesia), que


significa: “chamados de dentro para fora”, sendo o grupo de crentes chamado para se
desligar do mundo e se unir a Cristo. De sorte que a Igreja é o ajuntamento de todas
as pessoas salvas por e em Cristo, sendo, portanto, propriedade Dele, pois fora
comprada com Seu próprio sangue (At 20.28).

8.1 IGREJA COMO COMUNHÃO E PROPÓSITOS


A razão de ser e de existir da Igreja consiste em glorificar a Deus (Rm 11.36),
cumprindo basicamente dois objetivos: (i) edificar os santos (Ef 4.11-16) e (ii)
evangelizar os perdidos (Mt 28.18-20; Mc 16.15). Atos 2.41-47 descreve com tamanha
expressividade a comunhão daquela igreja embrionária, que reflete exatamente o
ideal de Deus para a Sua Igreja em todos os tempos; dedicação ao ensino dos
apóstolos e à comunhão, ao partir do pão (festa ágape) e às orações; temor ao
Senhor; unidade de vida, fé e bens; generosidade; participação regular no templo e
nas casas com alegria e sinceridade.

8.2 A ORIGEM PNEUMÁTICA DA IGREJA


O apóstolo Paulo assevera em Efésios 3 que a Igreja, também chamada “a
multiforme sabedoria de Deus’’ é um projeto estabelecido por Ele desde a eternidade
e realizado em Cristo Jesus (v.11) que, em Suas Palavras, “as portas do inferno não
prevalecerão contra ela’’, pois foi por Ele edificada (Mt 16.18). O derramamento do
Espírito, no Dia de Pentecostes (At 2), marcou o início da Igreja como um corpo
funcional. De sorte que, esta “assembleia universal” (Hb 12.22) não se autoproclamou
Igreja do Senhor por deliberação humana, como no caso de uma associação que,
aprovando seu estatuto de fundação, vem à existência no mundo jurídico.

8.3 IGREJA LOCAL E IGREJA UNIVERSAL


Há dois sentidos para o uso de Igreja na Bíblia: (I) igreja local: referindo-se a
uma congregação local de crentes, de uma determinada cidade ou região (1Co 1.2;
Gl 1.2; Ap 1.4); (ii) Igreja universal: referindo-se ao corpo total dos salvos de todas
as épocas, após Cristo, que terá a sua primeira reunião completa nos céus (Ef 5.32;
Hb 12.23). Conforme a “Confissão de Fé Batista de 1646”, “a Igreja é uma companhia
visível de santos, chamados e separados do mundo pela Palavra e pelo Espírito de
Deus, para a profissão visível da fé do evangelho; sendo batizados nessa fé” (artigo
33).
8.4 A LIDERANÇA DA IGREJA
A Bíblia menciona cinco grupos distintos de líderes eclesiásticos: apóstolos,
profetas, evangelistas, pastores-mestres (Ef 4.11) e diáconos (Fp 1.1). Apóstolos e
profetas, em sentido estrito, existiram só até o final do século I, quando a Igreja
lançava seus alicerces (Ef 2.20). Os evangelistas são pessoas que receberam da
parte de Deus uma aptidão peculiar para proclamar a mensagem de salvação em
Cristo aos perdidos (At 21.8, 2Tm 4.5). Bispos, pastores, presbíteros ou anciãos, todos
esses termos se referem ao mesmo ofício desempenhado pela figura do pastor. O
termo “diácono” (Gr. diákonos) designa alguém que serve, apoia ou auxilia. Está ligado
ao verbo diakonéo, cujo sentido é servir a mesa (Lc 12.37), cuidar ou ajudar.

8.5 AS ORDENANÇAS DA IGREJA


Por “ordenanças” se entende as duas instituições que Cristo deixou para seus
seguidores observar, a saber: o Batismo e a Ceia. Nos dias do Novo Testamento, o
batismo era a total imersão do crente na água (Mc 1.9-11; Jo 3.23; At 8.36-39), cujo
fim é (i) uma profissão pública de fé (1Pe 3.21); (ii) a identificação do batizando com
os demais discípulos de Jesus (Mt 28.19); (iii) a representação da morte do crente
para o pecado, seu sepultamento com Cristo e sua ressurreição para uma nova vida
(Rm 6.1-4; Cl 2.12). A Ceia do Senhor é um memorial que recorda o sacrifício de
Cristo (1Co 11.24-25), que visa (i) celebrar a memória de Jesus (1Co 11.24-25); (ii)
comungar com Cristo e com a Igreja (1Co 10.16-17); e (iii) comunicar o sacrifício do
Senhor até que Ele venha (1Co 11.26).
9 ANGELOLOGIA

Trata-se da doutrina que visa compreender a natureza e a obra dos anjos à luz
das Escrituras. Anjos são seres espirituais criados por Deus e que ministram e louvam
continuamente na presença do Soberano (Sl 148.2,5). Os anjos qualificam-se como
personalidades porque possuem aspectos de inteligência (1Pe 1.12), emoções (Jó
38.7; Tg 2:19) e vontade própria (Jd 6). O Senhor ensinou que os anjos não podem
gerar filhos angelicais (Mt 22.30) e que eles não morrem (Lc 20.36). São criaturas
distintas dos homens (Hb 2.7-9).

9.1 ANJOS BONS


Também chamados “espíritos ministradores’’ (Hb 1.14), servem a Deus e, a Seu
comando, ministram aos crentes (e àqueles que ainda vão crer) auxílio, livramento
(Gn 19.1-21), transmissão de mensagens da parte de Deus (Dn 9.21-27; Lc 1.11-13;
26-38).

9.2 ANJOS MAUS


Todos os anjos foram criados santos por Deus (Jó 38.4-7; Cl 1.16). Contudo, a
Bíblia diz que muitos se rebelaram contra o Criador, tornando-se definitivamente
maus, cujo estado de queda é irreversível (2Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.4). Os demônios são
chamados de espíritos malignos ou imundos (Lc 8.2; 11.24-26), sendo estes, uma
alusão a todos os anjos que seguiram a Satanás, seu líder, em tal rebelião. Satanás
também é chamado de diabo, dragão, antiga serpente (Ap 12.9) e nosso adversário
(1Pe 5.8). Esses demônios podem se apossar de pessoas (Mt 12.43-45) ou mesmo
de animais (Mt 8.31-33).
10 ESCATOLOGIA

Trata-se da doutrina das últimas coisas, ou seja, o estudo atinente aos eventos
futuros, em cumprimento das profecias bíblicas proferidas no passado e que ainda
pende ser concretizados, que abrange o ensinamento bíblico a respeito do estado
intermediário, do arrebatamento da Igreja, da Tribulação, da Segunda Vinda de Cristo,
das ressurreições e do milênio.

10.1 O ESTADO INTERMEDIÁRIO


As Escrituras apresentam o estado intermediário como sendo o período entre
a morte e o arrebatamento ou ressurreição dos mortos. De regozijo consciente para o
justo, e de dor consciente para o ímpio, a Bíblia também apresenta este estado como
sendo incompleto (Lc 16.23-24; 1Pd 3.19). O perfeito regozijo dos santos e a total
miséria dos ímpios acontecerão com a ressurreição e o juízo final.

10.2 O ARREBATAMENTO DA IGREJA


Trata-se do “chamado abrupto” ou “rapto” dos crentes em Cristo que estiverem
vivos num dia e hora conhecidos apenas por Deus, ocasião em que seus corpos serão
glorificados, conjuntamente com aqueles que morreram em Cristo, que serão
vivificados também em um estado de glorificação, ou seja, corpo mortal sendo
revestido da imortalidade, sendo plenamente santificados, separados para o Senhor,
a fim de se encontrarem com Jesus nos “ares” e com Ele permanecer para sempre
(1Ts 4.13-18).
Entre os cristãos, não há unanimidade quanto ao tempo do arrebatamento,
tendo como referência a tribulação que acometerá a terra. O ponto controverso
consiste no tempo em que o arrebatamento ocorrerá, se (i) antes, (ii) durante ou (iii)
após a Tribulação e as Grande Tribulação. Conforme o entendimento, os adeptos são
assim chamados, respectivamente, como pré-tribulacionista, meso-tribulacionista
ou pós-tribulacionista. Para quem, como eu, é da escola de interpretação literalista
histórico-gramatical, a concepção pré-tribulacionista é a mais adequada.

10.3 O PERÍODO DE TRIBULAÇÃO


A Bíblia assevera claramente que haverá um período complexo de eventos e
distúrbios de sete anos que acometerão os que estiverem vivos ante ao iminente
segundo advento de Cristo. Sete anos em alusão à última semana descrita na profecia
de Daniel (Dn 9.27;12; Mt 24-25; Ap 4-19).
10.4 A SEGUNDA VINDA DE CRISTO
Jesus voltará como prometeu e Seu retorno se dará em duas fases: (i) na
primeira fase da Sua vinda, Jesus terá vindo apenas para os seus, os crentes, como
já discorrido nas linhas acima acerca do arrebatamento (1Ts 4.17). Após o período
tenebroso da Grande Tribulação, com duração de 7 anos, numa segunda fase, Jesus
voltará com poder e grande glória para implantar o Reino Milenar sobre a terra. Esta
segunda vinda será visível, em que Ele será visto por todo o mundo. Virá majestoso e
vitorioso para castigar os ímpios e livrar Israel do extermínio, livrando-o na Batalha do
Armagedon, aprisionando o Anticristo e o Falso Profeta, e executando Seu juízo sobre
as nações.

10.5 O MILÊNIO.
Trata-se do período de reinado de Jesus Cristo na terra, assessorado pela
Igreja glorificada, atestando para o mundo quão diferente e singular será este governo
quando comparado com todos os governos humanos que o antecederam. Jesus
governará sobre a terra a partir de Jerusalém, que será a capital do mundo.
Semelhantemente como acontece com o arrebatamento, o Milênio também enfrenta
questionamentos sob a perspectiva da segunda vinda de Cristo. De sorte que, são
assim chamados de pré-milenistas os que entende que Jesus, ao voltar, inaugura
Seu Reino literal de 1000 anos sobre a terra; e os que concebem a vinda de Jesus
após o período de 1000 anos de Seu reinado (apenas no âmbito espiritual), são
chamados de pós-milenistas. São conhecidos como amilenistas, os que não creem
em um reino de Jesus na terra antes do estado eterno, que compreendem como
alegoria a menção de um reino de 1000 anos em Apocalipse 20.1-7.

10.6 O JUÍZO FINAL


De acordo com a Bíblia, o Juízo Final (do Trono Branco) ocorrerá logo após a
segunda prisão de Satanás (Ap 20.2,7,10), nos eventos finais após o Milênio (Ap 20.7-
10). Todo o universo, céu e terra, presenciará o juízo divino sobre todos os ímpios,
desde que existe o ser humano sobre a terra (Ap 20.11-15).

10.7 NOVOS CÉUS E NOVA TERRA


O juízo final marcará o fim de uma era, pondo termo à presente criação (2Pe
3.10-13). Após sua realização, haverá novos céus e nova terra, com bênçãos infindas
para os salvos e tormento constante para os perdidos (Ap 21.1-8).
BIBLIOGRAFIA

 ERICKSON, Millard J., Introdução à Teologia Sistemática, Edições Vida Nova,


1992.

 GRANCONATO, Marcos, Pequeno Manual de Doutrinas Básicas, Hermeneia,


São Paulo, 2014.

 JUSTO GONZÁLEZ, ed. Juan Carlos Martinez, trans. Silvana Perrella Brito,
Breve Dicionário de Teologia, Hagnos, São Paulo, 2009.

 MACARTHUR, John, Manual Bíblico MacArthur, Vida Melhor Editora S.A.,


2015.

 RENOVATO, Elinaldo, O Final de Todas as Coisas, CPAD, 2015.

 RYRIE, Charles Caldwell, 1925, Teologia Básica ao Alcance de Todos,


Traduzido por Jarbas Aragão, Mundo Cristão, São Paulo, 2004.

 STRONG, Augustus Hopkins,Teologia Sistemática, Editora Hagnos, 2003.

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