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Agradecimentos

À pessoa do Espírito Santo, que é a pessoa mais


importante de toda a minha existência e será
eternamente; a minha mãe Regiane Macedo, que
me ensinou os primeiros passos sobre Jesus; a
minha esposa e fiel auxiliadora, que divide comigo o
peso do ministério e do chamado de Deus em minha
vida; ao irmão Eguinaldo Petenusso, que foi o
grande incentivador para esse livro se tornar real;
ao casal pastoral Benilton e Marlena, juntamente
com todos os pastores da Nação do Espírito Santo, e
a todos os meus filhos e filhas espirituais bem como
à toda a igreja que pastoreamos para a Glória de
Deus!

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Sumário

Introdução...........................................................05

1- Ele entrou em meu quarto.............................07


Antes do Espírito
A primeira profecia
Longe de casa
O grande dia
Experimentando plena comunhão
A jovem que foi salva
Uma grande decepção

2- Desenvolvendo relacionamento...................21
Recomeço com o Espírito
Uma experiência nova
Mais experiências
Nova linguagem de oração
Descobrindo o dom de profecia
A primeira pregação

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3- Ele se foi..........................................................40
Completamente envolvido
O Espírito me anuncia a noiva
A reconciliação
A confirmação
Um período de morte

4- O recomeço....................................................56
Ele voltou
Autoridade sobre demônios
Fogo apostólico
A chamada

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Introdução

Nos dias atuais, são muitas as pessoas que têm


pouco ou nenhum conhecimento sobre a terceira
pessoa da trindade. Apesar de termos uma bíblia
que nos dá todas as diretrizes para aprendermos
sobre ele, ainda mantemos um conhecimento raso
sobre o Espírito Santo.
Temos hoje um evangelho modernizado com muitas
teologias para serem discutidas e, em meio a tanta
coisa fácil, esquecemos a pessoa principal no meio
da igreja. Aquela que foi enviada para guiar a
igreja e todo novo nascido à toda verdade muitas
vezes é ignorada.
Este livro não é mais uma obra no meio deste
turbilhão escuro que visa trazer um conhecimento
teológico para gerar informação apenas, mas
conhecimento por relacionamento baseado na
experiência pessoal com a pessoa do Espírito Santo,
para inspirar o máximo de pessoas possíveis a
começar a andar com ele.
Por fim, o principal objetivo deste livro é um só e se
converge em tornar a pessoa do Espírito Santo
conhecida a todo o mundo!
Pr Rafael Macedo

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“Oro a Deus em nome de Jesus, pelo poder
do Espírito Santo bem como sua gloriosa
presença que este livro em cada palavra em
que foi escrito leve a vida do precioso leitor
a experimentar maior e mais profundo
relacionamento com o Precioso Espírito
Santo. Que assim seja em nome de Jesus!

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Capítulo 1

“Como a corça anseia pelas correntes das águas,


assim a minha alma anseia por ti, ó Deus! ”
Salmo 42:1

Ele entrou em meu quarto


Antes do Espírito
Nasci em um berço de família tradicional católica e
cresci aprendendo desde a infância sobre a
religiosidade, as penitências, a tradição e tudo o que
deveria aprender sobre os dogmas católicos desde
muito cedo, agradeço muito a minha mãe, senhora
Regiane Macedo, que ensinou todos os seus quatros
filhos, desde pequenos, nos caminhos que deveriam
andar para que, quando crescessem, não se
desviassem dele. Creio firmemente que tudo que
tenho hoje em todos os níveis devo ao Pai Eterno
primeiro, depois à mãe que ele me deu.
Enquanto crescia, trazia comigo uma extensa
bagagem religiosa, mas, até então em minha
juventude, ainda não havia experimentado no
íntimo do meu ser e conhecido realmente a pessoa
do Senhor Jesus Cristo. Carregava no meu interior
muitos sinais de interrogações e conflitos internos,
sendo assim, não foi muito difícil na minha

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juventude entrar por caminhos que me
distanciariam mais ainda de chegar a ter esse
conhecimento de Jesus.
Por conta de muitos conflitos interiores, sempre fui
um observador de tudo o que havia acontecido em
minha trajetória de vida e, por volta dos 20 anos de
idade, eu estava em crise com todas as verdades
religiosas que haviam sido registradas em minha
alma e, sem saber o porquê, buscava pela verdade,
pois o que conhecia até ali não me satisfazia.
Buscava, em tudo o que eu podia, satisfazer minha
alma sedenta, principalmente nas pessoas em que
facilmente eu fazia se tornarem meu porto seguro.
Sempre tive um ciclo de amizade muito extenso na
tentativa de gerar alguma segurança à minha alma
amedrontada pelo mundo. Isso, para mim, era o que
eu tinha por normal.

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A primeira profecia
Um amigo chamado Jonathan estava em processo
de conversão por estar passando muitos problemas
em sua vida pessoal e estava encontrando saída e
alívio na igreja evangélica. Certa vez, ele me
convidou a ir a um culto que iniciava a zero hora, ou
seja, meia noite, na igreja que estava frequentando.
Conseguiu me convencer ao me dizer que viria um
profeta de outra cidade, muito usado nas mãos de
Deus, ministrar em sua igreja. Eu não sabia por
que, mas, quando ouvi o convite, senti um
sentimento dentro de mim que me impulsionava a
aceitar.
Chegada a data do culto no horário marcado, fomos
até a igreja que não ficava muito longe de minha
casa. Lá, me senti meio fora de contexto por estar
um tanto acostumado ao estilo das igrejas católicas,
mas, de forma estranha, estava me sentindo à
vontade e muito bem.
Depois do culto ter se iniciado e sua programação
ter se desenvolvido, o profeta de quem haviam me
falado foi anunciado. Após terem feitos as honrarias
a ele, entregaram o microfone, confiando a ele dali
em diante a direção do culto.
Comecei a observá-lo atentamente, não sabia o
motivo, mas algo nele me chamava muita a atenção,
ele era diferente, carregava um brilho único difícil
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de explicar, a sua forma de se comportar e até de
falar era diferente. Enquanto ele ministrava a
palavra de Deus, eu ficava querendo decifrá-lo, mas
sem sucesso algum. Ele chegou ao final da
ministração da palavra e então começou a orar por
algumas pessoas e foi então, creio eu, que tive pela
primeira vez contato com o poder de Deus ao ver
aquele profeta orando por curas, libertação e
muitas revelações assertivas.
Aquilo me impressionava, eu estava admirado com
tudo aquilo que meus olhos estavam contemplando.
De súbito, ouvi a voz dele estremecer em minha
direção:
— Você! — disse o profeta enquanto apontava em
minha direção. — Sim, você! Deus te quer no altar
dele pregando a palavra de terno e gravata!
Era impressionante a certeza e a convicção que eu
sentia emanar daquele homem ao me anunciar
aquela informação tão nova e ao mesmo tempo tão
preciosa. Senti uma atmosfera diferente me
envolvendo enquanto ouvia ele com aquele dedo
longo apontado para mim, a ponto de, literalmente,
não conseguir esboçar qualquer tipo de reação, mas
eu sentia cada célula do meu corpo, cada
sentimento em minha alma e cada forma em meu
espírito, aceitando e concordando com o que
acabavam de ouvir. Não sabia o que fazer, muito

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menos o que falar, mas estava completamente de
acordo e hoje sei que aquela profecia sobre minha
vida vinha dos céus, mesmo que, naquele momento,
não estivesse entendendo nada.
Passados alguns meses, lá estava eu da mesma
forma de sempre, com as mesmas interrogações na
mente e o mesmo vazio por dentro, continuava sem
propósito de vida, sem algo que desse o mínimo de
relevância a minha existência.

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Longe de casa
Nessa mesma época, fui convidado por meu irmão
mais velho a passar algum tempo com ele na capital
do estado de Roraima, Boa Vista. Estava vivendo
uma época em que não via sentido em minha vida
ou algum propósito que fosse ao menos relevante
em minha existência, sendo assim aceitei com
facilidade o convite, pois, para mim, tanto fazia o
lugar onde estava.
Como disse, sempre precisei estar buscando algo
para tentar satisfazer a alma e agora, chegando na
cidade nova, não teria as pessoas que sempre tive
comigo por perto, então precisaria de um novo
“remédio” para a alma. Foi quando comecei a correr
novamente atrás de um sonho antigo de me
expressar por meio da musicalidade. Eu era jovem e
estava motivado a realizar aquele sonho, pois enfim
parecia estar encontrando o sentido da vida.
Não demorou muito para começar a ganhar
notoriedade no que eu fazia, com a forma que me
expressava ao cantar os meus versos compostos à
base de sangue e lágrimas somados à verdade que
trazia em mim ao querer vencer o mundo com
muitas pessoas na plateia assistindo. Eu era a
mesma criança amedrontada de sempre, a diferença
era que isso estava acontecendo em cima de palcos
para pessoas que estavam como eu, ou pior. Isso me

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gerou certa fama com o passar do tempo e estava
em progresso.
No começo de tudo, eu estava bem empolgado com a
ideia de me tornar um músico conhecido, mas, com
o passar do tempo, o sonho começou a se tornar um
terrível pesadelo. Era nítido que eu estava bem
somente quando estava nos palcos; nos bastidores,
estava experimentando o início de uma depressão, a
doença em minha alma estava se agravando a cada
segundo e, a passos largos, eu estava caminhando
para a morte. Lembro-me de muitas vezes me
retirar e ficar a sós entre meus pensamentos e as
lágrimas que iam escorrendo por meu rosto, em
crises constantes por ainda não ter experimentado
em mim a vida, procurava ansiosamente por algo
que não conhecia, mas inconscientemente sabia que
era a minha salvação.
Numa dessas vezes quando me encontrava em uma
dessas crises existenciais, fiz umas das minhas
orações mais sinceras de minha vida, julgo
extremamente sincera por ter sido uma oração que
partiu de uma alma ferida que clamava por cura,
uma existência sem propósito que clamava por
salvação mesmo sem saber o que era de fato.
Lembro-me de ter dito essas palavras: “Jesus, se
lembras de mim, eu estou aqui!”.

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Passou-se uma semana após ter feito essa oração e
continuava praticamente da mesma forma, porém
um tanto aliviado. Posso dizer que, depois desse dia
quando orei falando sinceramente com Cristo,
entrei em um processo que culminaria com a
experiência do novo nascimento.

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O grande dia
Era uma sexta-feira do mês de julho do ano de 2014
por volta das 18:00. Eu estava na varanda da casa
alugada em que morava quando decidi entrar. Me
levantei e, pela porta principal, entrei em casa,
passei pela sala em direção ao quarto de dormir e
lembro como se tivesse acontecido a cinco minutos
atrás que, quando pisei o pé direito dentro do
quarto, todo o interior dele se encheu de fumaça, e a
atmosfera se transformou completamente.
Enquanto ia percebendo tudo isso pelos milésimos
de segundos que se seguiam, meu corpo foi atirado
de joelhos ao chão e, por dentro de mim, começou a
irromper a pior dor que já senti em toda a minha
vida. Era a dor do arrependimento por todos os
pecados cometidos contra o Senhor Deus até aquele
momento, a sensação de facas afiadas aos milhões
atravessando minha alma e me fazendo lembrar
cada pecado cometido desde a mais tenra idade de
consciência até então. A dor era tanta que meu
corpo foi ao chão e, enquanto eu clamava por perdão
e misericórdia, rolava pelo chão sentindo a sensação
de morte passar por dentro de mim.
Depois de mais ou menos três horas, creio eu,
levantei com uma sensação de plena paz dentro do
peito, algo estranho para mim por nunca ter
experimentado tal coisa antes. Aquele peso na alma
que me matava por dentro simplesmente havia
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desaparecido e dava lugar a uma leveza que nunca
havia sentido antes. Uma voz soava, poderosa, em
um tom de calmaria e grande poder, sussurrando o
nome de Jesus e me fazendo entender que eu estava
na presença do doce Espírito Santo, que acabara de
entrar em meu quarto e em minha vida para
transformar tudo o que havia em mim. Naquele
momento, não podia discernir tal maravilha, mas,
em pouco tempo, descobriria que havia me tornado
uma nova criatura por meio do novo nascimento da
água e do espírito.

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Experimentando plena comunhão
No dia seguinte, acordei com uma sensação de
plena paz irrompendo de meu interior. Tudo em
volta continuava do mesmo jeito, mas, dentro de
mim, tudo havia mudado e, por conta disso, me
fazia agora enxergar tudo diferente, com muita vida
e luz. Isso era estranho para mim, uma sensação
única que eu estava experimentando e não queria
que acabasse.
Me observando, foi fácil perceber que agora eu me
sentia completo, que não necessitava buscar mais
nada para saciar a alma, que tudo o que eu
precisava estava ali, dentro de mim agora, pulsando
junto com as batidas do meu coração.
Eu estava completamente apaixonado pelo Espírito
Santo e agora sentia a necessidade de querer estar
com Ele, então comecei a me retirar para o quarto e
passar muito tempo a sós e, literalmente, sabia em
mim que, mesmo que eu não pudesse ver todas as
vezes que me retirava para orar e buscar a sua
presença, Ele estava lá. Eu podia sentir em mim
que o Espírito Santo muito se alegrava por minha
vida ali em sua presença.
Tudo o que eu conhecia sobre Jesus e o Espírito
Santo antes dessa experiência divisora de águas era
baseado em uma visão religiosa e sem vida, algo
que eu reproduzia da mesma forma que havia
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aprendido. Era mecânico, automático, por isso não
satisfazia a alma, mas agora eu estava vivendo
plena comunhão com o Espírito Santo, e isso ficava
cada vez mais intenso. Agora eu tanto podia falar
com Ele como também podia ouvi-lo. De fato, tinha
encontrado um amigo cheio de amor e de graça, com
quem eu poderia compartilhar qualquer coisa sem
receio algum.
Todos os dias, acordava pensando nele; durante o
dia, fazia os meus afazeres diários pensando no
momento quando me retiraria e poderia ficar a sós
com meu mais novo amigo a quem tanto estava
amando. Eu contava as horas até o momento que
poderia entrar no quarto e dizer: “Espírito Santo,
estou aqui, podes vir e ficar comigo?”. Depois de
ditas essas palavras, o quarto se enchia de uma
presença gloriosa, a atmosfera se transformava, era
meu precioso amigo chegando para ficar um tempo
comigo, e eu com Ele.
Algumas vezes, era tão intenso que eu não
precisava sequer abrir a boca para pedir algo;
quando entrava no quarto, ele já estava lá, e muitas
eram as vezes quando eu não queria falar nada,
apensas ficar na presença dele desfrutando daquela
intensa comunhão de amor.
Encontrar a pessoa do Espírito Santo foi como
encontrar o bem mais valioso de todos, foi como

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encontrar a vida, o sentido de todas as coisas, como
encontrar o que sempre necessitei mesmo sem
saber.
E hoje sei que todo ser humano tem a alma
necessitada da presença de Deus, que vem por meio
da pessoa do Espírito Santo, mas, se não se
permitir ser saciada, com toda certeza vai conseguir
vários substitutos à presença da Glória de Deus,
substitutos que nunca vão conseguir nem se
aproximar do que a Pessoa do Espírito faz conosco.
Oro ao Eterno Pai Celestial para que todo aquele
que necessita de vida encontre a pessoa do Espírito
Santo e seja transformado.

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A jovem que foi salva
Eu não tinha consciência ainda que não era apenas
eu que percebia que eu estava completamente
transformado, as pessoas em volta, todas elas,
estavam me observando no dia a dia e, atônitas,
viam uma transformação que podia soar
assustadora. Não era difícil perceber os olhares
desconfiados, as conversas cuidadosas, de vez em
quando um comentário: “Percebeu? O Rafa está
diferente, né? O que aconteceu?”. Coisas assim
permeavam essa nova e maravilhosa fase de minha
existência. Para algumas pessoas próximas, não foi
muito fácil lidar com essa transformação, pois, por
incrível que pareça, há pessoas que são
apaixonadas por nosso velho “eu” e não querem vê-
lo morrer. Mas, em meio a tudo isso, meu único
anseio era permanecer na presença do Espírito
Santo.
Certa vez eu estava no quarto deitado bem no canto
da cama com as mãos sobre mim e com os olhos
fechados e, em espírito, estava adorando ao Senhor
Jesus na presença do Espírito Santo que me
conduzia. Uma jovem chamada Yasmim, com muito
cuidado, bateu à porta e pediu para entrar.
— Rafa, posso entrar?
— Sim! Pode sim! — eu disse após, de forma
repentina, voltar de onde estava.
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— Você não é mais o mesmo. O que aconteceu?
— Não sei — respondi. — Só sei que era tudo o que
eu precisava.
Ela continuou dizendo:
— Tenho observado que você está complemente
diferente, e todos estão percebendo isso, e eu vim
aqui porque tenho visto com meus próprios olhos
que você foi completamente transformado.
Observando você, vi que tudo do que eu preciso
para a minha vida é essa transformação. Como faço
para conseguir?
Aquela pergunta de Yasmim entrou por meus
ouvidos causando uma mistura de alegria plena
com uma certa preocupação, pois, depois de ter
ouvido a alma dela clamar por transformação, na
minha inocência de novo nascido, eu também
comecei a me perguntar: “Como se faz para receber
isso?”
— Vamos a uma igreja! Lá talvez você encontre —
eu disse, esperançoso para que ela recebesse o que
eu havia recebido também.

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Uma grande decepção
Marcamos o dia e a hora e convidamos mais uma
amiga que estava passando por problemas naquela
ocasião. Fomos, escolhemos a igreja mais próxima e
chegamos pontualmente às sete e meia da noite. O
culto começou, e meu coração já se enchia de
expectativa para de novo ver a atmosfera do lugar
se transformar em um ambiente de plena adoração
na presença do Espírito Santo, e melhor ainda era
imaginar que outras pessoas também teriam as
vidas transformadas por meio da presença do
Espírito Santo. Naquela época, esse desejo já ardia
em meu coração.
O pastor, dando início à reunião, começou a falar, e
eu o acompanhava atentamente em cada palavra,
procurando algo em sua fala que me aproximasse
ainda mais do Espírito Santo e, enquanto ele
conduzia aquela reunião, eu aguardava o momento
em que aquele lugar seria estremecido pela glória
de Deus.
Constantemente, observava as pessoas em volta
para ver se era só eu ou havia mais alguém que
também estivesse sedento, e a impressão assertiva
que eu tinha era que não havia mais ninguém
esperando pelo mesmo. O culto estava chegando à
metade, e nada. Em meu coração, começava uma
leve aflição, mas eu ainda acreditava que algo podia

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acontecer, e foi quando, para finalizar, o pastor
chamou as pessoas à frente para orar por elas. Logo
a esperança voltou com toda a força e pensei: “É
agora!”. Peguei pelo braço das pessoas que estavam
comigo e apressadamente as levei até a frente.
Chegando lá, com grande expectativa, eu
aguardava pela mesma experiência, ou até mais
para aquele momento, eu queria novamente e
também desejava ardentemente que as pessoas que
estavam comigo também experimentassem aquela
glória transformadora. Mas, para minha grande
decepção, o pastor terminou de orar e nada,
absolutamente nada, aconteceu, nem sequer um
resquício. Saímos daquela reunião, e eu
naturalmente comecei a me perguntar porque Ele
não veio, porque não havia acontecido nada.
Foi naquele período que pude aprender que Deus
está em todos os lugares, mas não se manifesta em
todos os lugares, só traz a sua presença manifesta a
lugares onde há corações anelantes por Ele, almas
sedentas de verdade por sua glória, coisa que
realmente não vi naquele culto.
Mas a pergunta de Yasmim continuava a passar
por meus pensamentos: como fazer para que as
outras pessoas que eram necessitadas assim como
eu era recebessem essa benção?

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Yasmim também havia se decepcionado com a
reunião a que tínhamos ido, pois também havia
gerado em seu interior grande expectativa, mas seu
comportamento expressava que ainda havia
esperança para vivenciar a transformação de vida.
Ela era uma jovem que vivia uma vida de
depravação, pelas festas, e com vícios em bebidas
alcoólicas, era como eu antes do Espírito, só que
seus substitutos eram outros. Mas ela viu alguém
do lado dela passar por algo transformador, e isso
gerou nela a esperança para uma vida abundante
como Cristo prometera (João 10:10). Agora era
diferente, ela já havia ouvido falar muito sobre
Jesus, mas agora estava vendo, foi isso que fez toda
a diferença. Yasmim agora queria me ouvir, saber
como era viver isso, como aconteceu, nos mínimos
detalhes. Nesse período, outras pessoas também
estavam como ela e, depois de alguns minutos de
conversa comigo, eu podia ver lágrimas escorrendo
por seus rostos cansados, e era como se eu pudesse
ouvir o clamor de suas almas e, em mim, nascia
compaixão, pois eu sabia exatamente como elas se
sentiam e do que precisavam.
Yasmim foi tendo sua vida transformada à medida
que ouvia sobre o Espírito Santo e aprendia sobre
ele, eu estava funcionando para ela como um
professor ensinando sobre alguém de quem ela
necessitava aprender. À medida que foi crescendo

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em aprendizado sobre o Espírito, foi sendo
transformada gradualmente, aos poucos, com todo
amor e paciência que fluía da presença do Espírito
para ela. Ela aceitou Jesus, deixou a vida regressa
de pecado e passou a viver nova vida
completamente transformada. Era a primeira
pessoa que, diante dos meus olhos, eu estava vendo
ser transformada pela pessoa do Espírito Santo e
era algo maravilhoso, como ver o nascimento de um
filho amado. Algumas pessoas experimentarão o
novo nascimento de forma instantânea assim como
foi comigo, outras terão que iniciar sua caminhada
guiadas por um novo nascido até que nasça de novo
da água e do Espírito (João 3:5). O fato é que, de
uma forma ou de outra, todos precisam disso.

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Capítulo 2

“Um abismo chama outro abismo, ao ruído das


tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas
vagas têm passado sobre mim.”
Salmo 42:7

Desenvolvendo relacionamento
Recomeço com o Espírito
Com o passar do tempo, eu não estava só. Logo
estávamos eu e mais três pessoas sempre em busca
de mais do Espírito Santo, sempre buscávamos
lugares distantes e isolados para orar e desfrutar
da presença do Espírito, pegávamos a estrada e as
viagens eram com o único intuito de achar um lugar
para estar em comunhão com o Espírito Santo.
Até que chegou o tempo em que o Espírito falou ao
meu coração que meu tempo ali naquela cidade
havia acabado e que queria que eu viajasse para a
cidade de Santarém no estado do Pará, pois ali era
o lugar que ele escolhera para começar uma obra
através de minha vida.
Foi difícil comunicar aos amigos e irmãos que
estavam comigo durante esse período tão precioso
de minha vida, mas, em detrimento disso, eu
precisava obedecer a voz do Espírito Santo e fazer a
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sua vontade, a obediência é um dos fatores
determinantes para as pessoas que anseiam
desenvolver uma vida de intimidade com o Espírito,
e eu estava aprendendo isso na pele.
Chegada a data marcada, viajei e cheguei até a
cidade de Santarém onde minha irmã Raylla
Macedo já residia e estudava para se formar em
direito. Agora nós dois dividiríamos um
apartamento, e mal sabia eu que seria naquele
apartamento que eu aprenderia a desenvolver real
relacionamento com o Espírito Santo.
Novamente, encontrava-me só, já não havia pessoas
para estar comigo orando e buscando a presença do
Espírito Santo. Devo admitir que, naquele período
recém-chegado a Santarém, sentia-me só e sem ter
com quem contar. Foi quando meu amigo, Espírito
Santo, começou a vir me visitar, como se eu
precisasse desse período completamente sozinho
para aprender a desenvolver meu relacionamento
com ele.
Antes eu podia sentir sua presença intensa quando
separava um tempo para orar, mas agora, sem ter
pessoas comigo, ela me acompanhava todo o tempo
e, onde eu estava, era nítido o fogo que queimava
em meu coração constantemente. Agora, sem ter
pessoas por perto, a única pessoa que eu realmente
tinha comigo era a pessoa do Espírito Santo, e isso

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já me bastava. Estava aprendendo na prática a
priorizar a pessoa do Espírito em tudo. Éramos
apenas nós dois para tudo; se eu estava nos
afazeres da casa, ele estava comigo; no trabalho,
estava me ajudando; se eu fosse ao comércio da
esquina, ele ia comigo; se me sentava para o
almoço, ele também estava lá; e, quando eu ia para
a igreja, certamente não me deixava ir só. Eu
estava aprendendo a desenvolver meu
relacionamento real com o Espírito Santo,
compartilhando com ele os mínimos detalhes do
meu dia a dia.
Creio que essa seja uma das chaves principais para
aquele que deseja desenvolver um relacionamento
com o Espírito Santo. Quando falamos de
relacionamento com Deus, imaginamos coisas
demais em nosso teatro interno, mas, na verdade, é
tudo muito simples. O Espírito só anseia estar
conosco e ter comunhão nas coisas mais simples de
nossa existência; para isso, não precisamos de uma
campanha de oração de 21 dias, basta perguntar a
ele qual roupa ele deseja que você use para ir à
igreja, ou se ele deseja ir com você a determinado
lugar e, assim, compartilhar sua vida nos mínimos
detalhes com ele, desfrutando dessa maravilhosa
comunhão em tudo e em todo lugar.
Um dos problemas que impedem os cristãos de
desenvolverem um relacionamento verdadeiro com
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o Espírito Santo são os ensinos religiosos que
implantaram em suas almas; um deles é que o
Espírito só será encontrado nos dias de culto na
igreja, quando na verdade Ele não anseia estar
conosco nos dias de cultos somente, mas em todo o
tempo e em todos os lugares.

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Uma Experiência nova
Certa vez, eu estava voltando de uma oração da
igreja onde congregava, por volta de meia noite,
depois de ter pego uma carona com um irmão que
me deixava próximo de casa. Estava fazendo o
restante do percurso a pé quando ouvi passos
acelerando perto de mim, vindo por detrás. Achei
estranho, mas, em nenhum momento, senti medo,
apesar dos passos que vinham acelerados e se
aproximando. Eles ainda eram acompanhados de
um fungado de ira e, quando chegou bem perto de
mim, um homem que aparentava ter em torno de 35
anos, 1,80m de altura e uns 80kg parou, como que
estivesse perdido todas as suas forças, e me
perguntou:
— Você usa alguma coisa?
Logo deduzi que ele estava falando de drogas.
— Uso sim! — respondi enquanto mostrava minha
bíblia a ele.
Ele achou estranho a minha resposta, mas aceitou
meu convite para me acompanhar. A rua estava
deserta, e poucos carros passavam com seus faróis
acesos irrompendo a escuridão da noite, e então
ouvi a segunda pergunta do certo homem:
— Você é da igreja?

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— Sim! Sou sim!
— Ah sim! Muito bom.
Depois de alguns minutos de conversa, ele começou
a chorar bem ali na minha frente e a confessar:
— Eu também sou da igreja, mas estou há muito
tempo afastado e agora estou completamente
perdido no mundo das drogas. Quando te vi
andando sozinho com sua bíblia, senti um desejo
imenso de te agredir fisicamente com muita
violência, mas, quando cheguei perto de você, algo
me parou e até agora não sei o que foi.
Depois de ter ouvido aquelas palavras sinceras em
meios às suas lágrimas de dor, fiquei surpreso e
logo perguntei se eu poderia orar por ele. Depois de
ter ouvido o seu desesperado “sim”, pedi que ele
sentasse comigo em uma mureta com umas grades.
Depois que nos sentamos, senti a poderosa presença
do Espírito vir sobre mim. Estávamos ali nós três,
eu, o homem desviado e o Espírito Santo, e eu não
sabia o que iria acontecer.
De súbito, a glória de Deus começou a se manifestar
ali mesmo enquanto eu orava por aquele homem.
Era como se, de dentro de mim, saísse luz e
entrasse nele e, à medida que isso ia acontecendo, o
efeito do álcool e das drogas iam passando, e ele ia
se enchendo de algo poderoso que eu até então não

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sabia explicar, mas hoje sei que era resultado da
doce presença do Espírito.
Depois de mais ou menos dois minutos de oração,
ali mesmo sentado, o homem, que há dois minutos
estava completamente embriagado e sob efeito
entorpecente, deu um salto e começou a gritar:
— Eu amo Jesus! Eu amo Jesus! Minha vida não é
nada sem ele! Eu amo Jesus! Eu quero Jesus!
Eu estava completamente surpreso com o que eu
estava vivendo ali, ao passo que estava, de uma
forma sobrenatural, muito feliz por estar vendo
mais uma pessoa ser transformada bem diante de
meus olhos pela pessoa do Espírito Santo.
Aquele homem há pouco tempo estava
completamente entorpecido por álcool e drogas e
agora estava completamente são, glorificando a
Jesus. Eu esperei aquela euforia glorificante dele
passar e o convidei a continuar caminhando para
que eu pudesse finalizar a noite levando ele de
forma segura até sua casa. Ele, aceitando com
muita alegria, veio andando e me guiando até sua
casa. Quando chegamos, para minha surpresa, ele
morava exatamente à frente do apartamento onde
eu morava. Quando disse isso a ele, de súbito
começou novamente a chorar agradecendo a Deus e
glorificando Seu santo nome.

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No outro dia, quando por voltas das seis da tarde
estava chegando do trabalho, fui até a casa dele
para vê-lo e, para minha alegria, ele estava se
arrumando para ir à igreja, e eu podia perceber que
era outro homem, completamente transformado
pelo Espírito Santo.

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Mais experiências
Estava aprofundando meu relacionamento com o
Espírito Santo a cada dia e aprendendo em todo o
tempo com ele sobre tudo e principalmente sobre as
escrituras sagradas. As experiências se tornaram
quase que constantes, a ponto de não poder estar
relatando a todos, pois já era perceptível que aquilo
era fora da compreensão humana e só poderia ser
repassado a quem já estava em um relacionamento
com Deus fora do nível raso.
Tenho comigo a certeza de que cada cristão deve ter
suas próprias experiências com Deus sem gerar
expectativa para que seja parecida ou igual a do
outro, assim se abre espaço para o Espírito agir de
forma singular, haja visto que cada pessoa é uma
pessoa, cada caso um caso.
Eu estava completamente imerso na presença do
Espírito Santo e completamente envolvido em seu
amor em uma maravilhosa comunhão, não foram
poucas as vezes em que eu estava assistindo a um
programa de televisão evangélico e, quando me
apercebia, estava à frente da televisão, de joelhos,
com o rosto no chão completamente envolvido em
adoração profunda e espontânea. Separava ao
Espírito Santo quase todo o meu tempo, estava
vivendo completamente para ele.

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Houve uma situação incomum de que me recordo
com muita nitidez. Eu estava a sós com o Espírito
em meu quarto, já perto da hora de dormir quando
falei a ele:
— Espírito, eu o amo muito, obrigado por estar aqui
comigo, eu desejo que tua glória me toque
profundamente.
Ditas essas palavras, meu corpo deitado na cama
começou a sentir sensações nunca sentidas antes,
como ondas elétricas que subiam e desciam
passando sobre mim. Parecia que não suportaria
aquela nova experiência, por algum tempo fiquei
imerso debaixo desse poder que o Espírito estava
liberando sobre mim. Algo em mim me dizia que um
dos objetivos do Espírito com aquela experiência
incomum era mostrar a mim que ele estava lá
comigo de forma real, a ponto de poder percebê-lo
com meus sentidos físicos.

35
Nova linguagem de oração
A igreja onde congregava em minha juventude
acabara de adquirir uma chácara para eventos e
retiros espirituais e, logo, toda a igreja estava se
reunindo esporadicamente para vigílias e reuniões
de oração.
Oração, naquela época, era o que eu mais amava
fazer pelo fato de que orar, para mim, significava
estar na presença do maravilhoso Espírito, logo,
uma próxima reunião de oração já estava com data
marcada e, sabendo disso, me empolguei e me
programei para estar presente com toda a igreja
para orar. Chegado o dia marcado, todos pegamos
os transportes e nos dirigimos para a chácara da
igreja, que era um tanto afastada da cidade.
Chegando lá, por volta das oito e meia da noite,
todos começamos a nos organizar em um grande
círculo enquanto alguns irmãos acendiam uma
fogueira para servir de iluminação. Enquanto isso,
eu não via a hora de que tivesse início aquela
oração, meu coração já estava cheio do Espírito
Santo.
O Pastor da igreja chamou a atenção de todos e
começou com uma saudação inicial, logo depois leu
um texto bíblico e então convocou a todos para orar.
Em seguida, todos os presentes começaram a baixar
suas cabeças e a fechar os olhos aos poucos a fim de

36
se conectarem em oração a Deus. Eu também fiz o
mesmo, baixei minha cabeça e fechei meus olhos e
lembro que comecei a adorar a Deus e ao Senhor
Jesus em espírito.
Passando alguns minutos em adoração, senti que
desceu sobre mim ali mesmo onde eu estava uma
forte descarga elétrica que tomava todo o meu
corpo, da cabeça aos pés, me fazendo estremecer de
forma involuntária. Somado a isso, todo o meu ser
queimava como se o próprio fogo da fogueira que
fora acesa antes da oração iniciar estivesse me
envolvendo multiplicado mil vezes mais.
Eu sentia a glória de Deus em todos os níveis da
percepção humana sobre mim. De repente, minha
boca de forma involuntária começou a balbuciar
sílabas estranhas que, somadas umas às outras,
formava uma linguagem completamente
incompreensível a qualquer ser humano. Eu
procurava entender o que estava acontecendo, mas
estava ocupado demais em me permitir ser
envolvido pela maravilhosa glória do Altíssimo. Não
sei precisamente quanto tempo durou aquela
reunião de oração, mas, a mim, parece que me foi
tirado o senso de tempo cronológico. Sendo assim,
aquela reunião poderia ter durado três horas e
meia, mas, para mim, não seria possível perceber o
tempo, pois era como se estivesse em outro lugar
onde o tempo não é contado, mas, sim, eterno.
37
Naquele momento, era tudo muito novo para mim,
mas hoje sei que, naquela reunião de oração, o
Espírito estava me concedendo uma nova
linguagem de oração que somente ele recebia e
compreendia para elevar a níveis mais altos meu
relacionamento com ele.
Antes dessa experiência, eu só conhecia a oração
feita em português, mas, depois, passei a falar em
uma outra linguagem de oração que a bíblia chama
de línguas estranhas ou língua dos anjos (1 Cor
14:13-15). Agora já não era mais minha oração em
si, mas o Próprio Espírito Santo orando através de
minha vida como está escrito na carta aos romanos
capítulo oito, versículo 26.
“E da mesma maneira também o Espírito ajuda as
nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos
de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede
por nós com gemido inexprimíveis.”

Infelizmente, hoje as línguas estranhas estão um


tanto banalizadas ou, de alguma forma, caídas em
descrédito a ponto de haver pessoas que nunca
receberam tal dom e apenas reproduzem de forma
cognitiva. Mas, para os que compreendem e usam
as línguas estranhas em sua forma bíblica,
adquirem tesouros imensuráveis como, por
exemplo, a edificação do próprio espírito.

38
Descobrindo o dom de profecia
Após a vigília em que o Espírito me visitou no meio
da congregação para transformar minha
linguagem de oração, me concedendo o dom de
línguas estranhas, eu passei a me envolver ainda
mais nas atividades da igreja onde congregava,
principalmente nas atividades que envolviam a
oração. Logo fui chamado a fazer parte do grupo de
intercessão da igreja, o que aceitei de bom grado e
com muito entusiasmo.
Agora, em todas as reuniões de oração e vigílias
que a igreja promovia, eu estava lá presente,
orando e ajudando outras pessoas a orar também.
Nesse período, já ardia em mim, ainda mais forte,
o fogo de ver muitas pessoas transformadas pela
presença do Espírito Santo, e eu acreditava com
toda a certeza que isso não se alcançaria de outra
forma a não ser por meio da oração incessante.
Hoje tenho plena certeza de que estava correto.
Numa dessas reuniões de oração, eu estava lá,
fervoroso, com o coração cheio de desejo pela
presença do Espírito, orando junto com os irmãos
que também estavam ali por algum motivo.
O líder do ministério de intercessão, Irmão
Eduardo, homem de fé e de oração, no meio da
reunião de forma branda e sutil, interrompeu
pedindo a todos os que estavam ali que se
39
organizassem de dois em dois para que orassem
uns pelos outros. Logo, todos acataram a direção e
começaram a se organizar. Eu estava próximo a
um irmão e fiz sinal com a cabeça a ele para nos
unirmos, e ele concordou.
Todos os presentes estavam agora organizados em
pares e orando uns pelos outros. Eu com o irmão
que estava comigo também começamos a orar, e,
quando iniciei a oração por ele, algo tomou o meu
corpo, gerando em mim uma postura de autoridade
que não havia antes experimentado. Era como um
fogo que ardia por dentro e, de alguma forma,
queria sair. Enquanto eu sentia esse poder por
dentro de mim queimando, começou a irromper
algumas palavras desconhecidas por minha mente.
Antes que eu pudesse compreendê-las, elas
simplesmente começaram a sair por minha fala,
uma por uma, formando frases e anunciando
alguma coisa para aquele irmão por quem eu
estava orando. Havia um sentimento em mim de
certo receio e insegurança por não saber ao certo o
que estava acontecendo, e de fato não sabia.
Quando aquela experiência profética cessou, eu
olhei para o irmão, e ele estava com os olhos
fechados, e a sensação que tive dentro de mim foi
que Deus acabara de falar com ele e a respeito de
seu futuro de uma forma poderosa.

40
Depois dessa primeira e nova experiência, isso
continuou se repetindo através de minha vida,
fosse a uma pessoa apenas, fosse a uma igreja
inteira onde eu estivesse ministrando, e continua
se manifestando até os dias de hoje.
Atualmente, quando estou tomado pelo Espírito e
completamente entregue à sua vontade ao estar
ministrando, esse dom se manifesta falando a
respeito de coisas futuras sobre o local onde estou
ou até mesmo de abrangência mundial. Houve
profecias que lancei no início da minha caminhada
com o Espírito Santo e hoje em dia é que as estou
vendo se cumprir de forma exata e assertiva.
Quando estamos andando com o mesmo Espírito
que estava com a igreja primitiva, vivenciamos as
mesmas experiências que eles viveram, assim
podemos concluir que o dom de línguas e o dom de
profecia também são pelo mesmo Espírito para os
dias de hoje.
“E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o
Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam.”
Atos 19:6

41
A primeira pregação
Na igreja onde eu congregava, já estava servindo de
muitas formas e completamente envolvido na obra
de Deus. Trabalhava durante o dia, e todas as
noites eu estava na igreja servindo de alguma
forma. Era o lugar onde melhor me sentia, os outros
jovens da minha idade queriam estar em muitos
programas pela cidade se divertindo, mas para mim
diversão era estar na casa do Pai.
Os irmãos da igreja já percebiam minha paixão e
amor por Cristo Jesus e sua obra e me olhavam com
grande admiração, e era bom ter aquele tipo de
admiração, pois não ficava em mim e ia direto para
Jesus, o único merecedor.
O Pastor Roberto Evan, pastor geral da igreja,
também já estava muito alegre com o jovem que
estava dedicando sua juventude completamente a
Jesus, e começou a me dar mais responsabilidades a
fim de me ver crescer mais e mais na obra de Deus.
Na igreja, haveria um retiro espiritual chamado
Encontro com Deus, e toda a igreja estava
empenhada na realização desse grande encontro
que aconteceria na mesma chácara da igreja onde o
Espírito transformou minha linguagem de oração.
Sendo assim, os cultos continuariam acontecendo
durante o período do Encontro, porém com baixa
frequência de participantes, visto que quase todos
42
estariam para o encontro. Pastor Roberto Evan
julgou bem me convidar a ser o pregador do culto de
jovens que aconteceria no mesmo período do
encontro, e eu recebi o convite com muito
entusiasmo. Seria a primeira que falaria em público
no altar da igreja, então disse sim e comecei a
aguardar com ansiedade e muita expectativa por
aquela data. Estava sempre em meus pensamentos
ensaiando como seria pregar pela primeira vez,
chegando mais ou menos dois dias antes da data
marcada para eu ser o preletor do culto de jovens.
Começou a me dar certo nervoso e certa apreensão,
parecia que subia sobre minha veias o peso de
responsabilidade que acompanhava pregar a
palavra de Deus no altar de uma igreja. Mas já não
poderia desmarcar, já havia dado minha palavra e
não poderia voltar atrás.
Chegado o dia, fiquei pensando o que pregaria e
como faria aquilo. Peguei a bíblia e comecei a
folheá-la, encontrando a passagem no evangelho de
Mateus, capítulo 5, versículo 13 e 14, que falava
sobre o sal da terra e a luz do mundo. Quando li,
gostei muito daquela expressão que vinha
diretamente de Jesus em sua palavra. Correndo, fui
para uma lan house na esquina da rua onde eu
morava para pesquisar tudo o que eu podia sobre o
que acabara de ler. Passei a tarde quase que toda
lendo artigos e vendo vídeos de outros pregadores

43
que abordavam o assunto que agora eu também
queria pregar. Chegando próximo à hora de estar
na igreja, deixei a lan house e voltei para casa com
muitas informações que julgava serem
importantíssimas para a minha pregação, afinal,
não poderia decepcionar na minha primeira vez
pregando. Havia pesquisado contexto histórico,
correntes teológicas e muitas outras coisas mais e,
de alguma forma, me sentia seguro para subir no
altar.
Cheguei à igreja meia hora antes do culto começar
para evitar qualquer possibilidade de atraso, bem
próximo do início do culto tomei meu assento para
aguardar o momento que seria chamado a subir à
plataforma.
O culto iniciou com algumas músicas bem animadas
que faziam toda a primeira fileira da coluna de
cadeiras centrais da igreja dançar e pular. Sim,
havia no culto ao todo umas sete pessoas contando
comigo e, por incrível que pareça, aquilo não
diminuía o nervoso em minhas mãos. Depois dos
hinos e louvores, oraram e logo em seguida me
convidaram, anunciando-me como o pregador da
noite. De forma tímida, me levantei e fui até o altar.
Me organizando no púlpito, peguei o microfone e,
agradecendo, saudei a igreja com a Paz de Cristo e
então pedi que abrissem suas bíblias na passagem
que eu desejava usar de base para desenvolver
44
minha pregação. Depois de lida a passagem bíblica,
comecei a falar, tentando transmitir todas as
informações que havia adquirido na internet mais
cedo. Mesmo que me esforçasse, não parecia de
forma alguma que eu estava conseguindo chegar a
algum lugar. Eram apenas seis pessoas e, mesmo
assim, eu estava conseguindo cansá-las com minha
fala exaustiva. E, quanto mais me esforçava, pior
ficava. Todo o trabalho de pesquisa e estudo não
estava me ajudando em nada, pelo contrário,
estavam pesando contra mim. Não vi outra solução
a ter que encerrar pela metade tudo que havia
trazido de anotações, estava impossível, até para
mim, continuar ali em cima sem ver nada
acontecer. E, quando encerrei, pude contemplar as
expressões de alívio nos rostos dos ouvintes. Devo
admitir que, naquele momento, a pessoa mais
aliviada era eu mesmo. Então depois de tentar
concluir, saudei a igreja e entreguei o microfone. Ao
deixar o púlpito da igreja, já me direcionei ao meu
assento bombardeando minha mente com
pensamentos do tipo: “O que aconteceu? Era para
ter sido bom, mas foi um fiasco.”
Fui para casa aquela noite após o culto, e
pensamentos do tipo não me deixavam. Os dias iam
se passando, e aquela cena não saía de minha
mente. Comecei a me indagar com Deus, porque eu
estava preso a uma profecia de alguns anos atrás

45
onde Deus me dizia que me queria de terno e
gravata pregando a palavra dele. Certo que na noite
quando preguei eu não estava de terno e gravata,
mas poderia ao menos me ter usado para pregar.
Enfim, aquelas lembranças estavam me matando
enquanto me entristeciam muito, e creio que isso se
devia ao grande desejo em mim de ministrar a
poderosa palavra de Deus.
Em um desses dias quando eu estava perdido em
minhas memórias relembrando o episódio no altar
da igreja, ouvi a voz do Espírito soar dentro de mim
dizendo: “Pregue para a mesa e as cadeiras na
cozinha”. Achei muito estranho, mas eu conhecia
aquela voz. Foi quando ouvi com mais intensidade
novamente: “Pregue para a mesa e para as cadeiras
na cozinha.”
Em minha mente, passavam muitas coisas, mas
resolvi obedecer, sabia que era o Espírito Santo
falando dentro de mim. Abri rapidamente a bíblia,
encontrei uma passagem aleatória, li e então
comecei a pregar para a mesinha e as quatro
cadeiras que ficavam na pequena cozinha do
apartamento onde eu e minha irmã morávamos.
Enquanto eu pregava, sentia algo fluir dentro de
mim, dando-me ousadia ao passo que gerava em
minha alma uma paixão pelo que eu estava
pregando. Preguei com tanta autoridade e ousadia
que parecia que realmente a mesa e as cadeiras
46
estavam me ouvindo, apesar de até hoje imaginar
que apenas os vizinhos me ouviram naquela
ocasião.
Enquanto ministrava, o Espírito me fazia entender
que em tudo e em todo lugar ele desejava estar
comigo, inclusive quando eu fosse ministrar a
palavra de Deus. Então comecei a compreender que
a primeira vez quando fui ministrar eu fiz de tudo,
menos convidar o Espírito Santo a estar comigo no
altar. Naquele momento, estava aprendendo um
segredo precioso que nunca mais esqueceria.
Depois de ter pregado à mesa e às quatro cadeiras,
me senti renovado e cheio de autoridade e ousadia
para uma próxima oportunidade.
E ela não demorou a vir. Pouco tempo depois de ter
aprendido aquela valiosa lição espiritual, recebi um
novo convite para ministrar a palavra de Deus em
um próximo culto de jovens.
Dessa vez, estava aguardando a data com mais
calmaria e confiança, consciente de que não
dependia de mim ou do quanto eu estudasse, mas
apenas da presença e do poder do Espírito sobre
mim para tocar aquelas pessoas. A data do culto
enfim chegou e até então eu não fazia nada a não
ser passar bastante tempo na presença do Espírito
Santo.

47
Chegada a hora de estar na igreja, cheguei
pontualmente e procurei pelo meu assento. O clima
estava leve, e eu me sentia cheio do Espírito com
uma certa expectativa porque, no fundo, sabia que
aquela noite seria diferente.
O culto iniciou. Dessa vez, havia muito mais
pessoas presentes. Depois de toda a programação
da noite, chegou o momento que foi anunciado pelo
dirigente do culto e que me convidou a subir ao
altar. Dessa vez enquanto me dirigia ao altar, já
senti algo diferente fluir no ar. Cheguei ao púlpito e
recebi o microfone enquanto todo o meu interior
clamava pela presença do Espírito Santo que então
veio sobre mim.
Já quando fui saldar a igreja, uma descarga de
unção desceu sobre minha cabeça me enchendo de
algo muito intenso parecido com as experiências
vividas antes. Logo comecei a sentir meu interior
fluir e, de forma direcionada, comecei a falar à toda
igreja que também já percebia algo diferente na
atmosfera; eles me fitavam como se fosse eu o
responsável.
Depois que li o texto base para iniciar a pregação,
aquela fluência sobre mim ficou mais intensa a
ponto de me fazer apertar o microfone com grande
força na mão. As palavras simplesmente saíam com
ousadia e muita autoridade, e eram nítidos os

48
olhares dos ouvintes atentos a cada palavra que
fluía debaixo da unção do Espírito, sentia
literalmente o que Jesus prometeu no evangelho de
João capítulo 7, versículo 38.
“Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu
interior fluirão rios de água viva".

O tempo passou e eu nem percebi, realmente estava


em outra dimensão. Finalizando a palavra, chamei
as pessoas à frente a fim de orar por elas e
praticamente toda a igreja presente naquele culto
veio a fim de receber algo de Deus. Comecei a orar,
e a atmosfera de adoração começou a fluir e debaixo
do poder de Deus. Comecei a ser conduzido para
orar por todos que o Espírito Santo ordenava,
gerando um grande mover do Espírito como nunca
antes havia experimentado. A sensação que tinha
em meu interior é que não queria de forma alguma
que aquele momento se encerrasse, mas
infelizmente teve que chegar ao fim quando a
presença do Espírito cessou.
Depois daquela experiência única e impactante,
voltei para casa glorificando a Jesus em meu
coração, completamente satisfeito com tudo o que o
Espírito Santo havia operado por meio de sua graça
e misericórdia. E até os dias de hoje não faço nada

49
no que diz respeito a meu ministério e em tudo em
minha vida sem antes convidar o Espírito Santo.

50
Capítulo 3

“Quanto a vocês, cuidem para aquilo que ouviram


desde o princípio permaneça em vocês, se o que
ouviram desde o princípio permanecer em vocês,
também permanecerão no filho e no Pai. ”
1 João 2:24

Ele se foi
Completamente envolvido
Já se passavam mais ou menos três anos desde que
o Espírito havia transformado minha vida após ter
entrado em meu quarto e, naquele período de
minha vida, eu estava queimando toda a minha
juventude no altar de Cristo, dedicando cada
segundo de minha existência na terra à obra de
Deus, vivia para servir a Deus e sua obra e não via
prazer em mais nada ao não ser naquilo. Sempre
estava na igreja e, quando não, estava em casa
estudando ou orando e jejuando, mantendo meu
relacionamento com o Espírito Santo a todo vapor.
Lembro-me de muitas vezes ir ao bosque da cidade
ficar a sós com o Espírito Santo, ele era a minha
única companhia, meu único amigo.
É importante que eu fale que o cristão que está
buscando verdadeira intimidade com o Espírito

51
Santo pode experimentar grande solidão, é um dos
preços para desenvolver relacionamento de fato com
a pessoa do Espírito, pois, assim como nossos
relacionamentos terrenos precisam que se invista
tempo, muito tempo e dedicação para que deem
certo, assim é com o Espírito Santo.
Sem falar do fator de afastamento de todos aqueles
que foram seus amigos e companheiros no mundo, e
agora lhe veem confessando uma convicta fé em
Cristo e não estão dispostos a compartilhar dela.
Quando nascemos de novo, somos santificados pelo
Sangue de Jesus e preenchidos pela Presença do
Espírito, somos literalmente separados de tudo o
que não vem de Deus, e isso pode significar solidão
total mesmo rodeados de muitas pessoas.
Eu estava assim, mas gostava muito de manter-me
a sós com o Espírito Santo, nunca foi um preço orar
e jejuar, fazia porque amava ao Espírito Santo e
gostaria de conhecê-lo mais custasse o que me
custasse. Lembro-me de madrugadas de oração e
adoração a Cristo Jesus, de jejuns intensos, de
muitas horas em sua presença sempre mantendo o
fogo que ele liberara no início sobre mim aceso.
O Espírito Santo era o meu bem mais precioso, eu
cuidava dele mais que minha própria vida e sentia
que isso realmente era recíproco, pois me sentia da
mesma forma em relação a ele. Sempre queria estar

52
perto dele e sentia que, da mesma forma, ele
ansiava por minha presença. Isso fazia bem a mim
em todos os sentidos, pois o Espírito era a própria
vida fluindo em mim. É difícil imaginar como o Ser
eterno que criou todo o universo agora estava ali
bem ao meu lado, mas eu não perdia tempo
querendo entender, preferia investir tempo em
conhecê-lo ainda mais. (Oseias 6:3)

53
O Espírito me anuncia a noiva
Certa ocasião, eu estava em um culto de domingo
sentado no lugar de sempre, mais ou menos ao meio
da primeira coluna de cadeiras (havia 3 colunas de
cadeiras distribuídas pelo salão principal da igreja).
O culto fluía normalmente, e eu estava atento ao
Pastor Roberto Evan que pregava com fervor e
paixão no altar a uma multidão de pessoas que
atentamente o ouvia.
Como que guiados por alguém, meus olhos foram
tirados do altar e levados aos primeiros assentos da
primeira coluna de cadeiras da igreja. Como que
voltando a mim, retomei a visão do altar, mas
novamente meus olhos foram para as primeiras
fileiras de assentos à minha frente e foi quando
percebi uma jovem de pele clara, cabelo na altura
dos ombros de cor castanho, bem vestida, olhar
baixo e ar de descrição. Aquela jovem começou a
brilhar no meu olhar, e eu não estava entendendo o
motivo. De súbito no meio do culto, senti a voz do
Espírito fluir dentro de mim me dizendo que aquela
jovem seria a minha esposa.
O impacto daquela informação no meu interior foi
imediato, pois nem sequer conhecia aquela jovem
ou pretendia conhecê-la. Fui para casa naquela
noite após o culto, relutando dentro de mim de

54
forma ferrenha, tentando convencer a mim mesmo
que era coisa da minha cabeça.
Passei toda a segunda-feira seguinte pensando no
que havia acontecido no domingo à noite, tentando
me resolver com a informação recebida. Continuei
seguindo normalmente com minha vida na igreja e
meu relacionamento com o Espírito Santo, com um
detalhe a mais, agora todos os cultos de domingo
via aquela jovem lá, aquela jovem que nunca havia
percebido antes no meio da igreja. Agora eu
procurava para ver se a avistava, e ela estava lá,
sempre sentada no mesmo lugar, às vezes com a
mãe, às vezes com o pai e o irmão.
Comecei a achar estranho o que estava acontecendo
e resolvi que, se falasse com ela, saberia se aquilo
de fato aconteceria. Chamei umas das jovens da
igreja chamada Thalia, jovem cheia do Espírito e de
paixão por Jesus e, como líder dos jovens que na
época era, pedi que Thalia convidasse aquela jovem
que eu ainda não havia visto no culto de jovens.
Thalia, muito obediente, foi a tal jovem misteriosa e
começou a falar com ela. Eu, de longe, observava
enquanto conversava com outras pessoas. De
repente, Thalia veio em minha direção me informar
que aquela jovem não poderia ir ao culto de jovens
aos sábados à noite, pois estava estudando em um
cursinho para a faculdade. Concordei e fiz com a
cabeça que tudo bem. Tentei outras vezes a mesma
55
coisa, mas sem sucesso porque a tal jovem
misteriosa estava afundada nos livros e sob muita
pressão para passar em uma prova importante. Os
meses se passaram, mas, de vez em quando, aquela
jovem me vinha à memória como que precisasse
ficar viva em meus pensamentos.
Agora estava eu na primeira fileira da coluna
central de cadeiras da igreja em um culto de jovens
que acontecia no sábado à noite, culto sempre bem
animado e cheio de programações diferentes e
atrativas para os jovens. Quando lancei meu olhar
sobre toda a igreja pouco antes do culto começar,
pude ver a tal jovem misteriosa entrar pela porta
principal e se acomodar quase que nos últimos
assentos da mesma coluna que eu estava. “Ela veio
ao culto”, pensei, com uma alegria contida em mim.
No momento da ministração da palavra, o preletor
da noite pediu para que nos sentássemos em duplas
e usássemos apenas uma bíblia, emprestando a
outra a quem não a tivesse trazido ou estivesse só.
Foi naquele momento que o jovem que estava
sentado fazendo dupla comigo me disse:
— Estava vendo a jovem sozinha lá atrás? Leva sua
bíblia a ela.
Naquele momento, tive receio, fiquei um tanto
apreensivo, pois era justamente a tal jovem
misteriosa que estava sem bíblia, mas não podia
56
ficar sem levar a bíblia a ela, já que a ordem do
ministrante foi emprestar a bíblia restante da
dupla a quem não tivesse. E, por incrível que
pareça, a única bíblia que restava era a minha, e a
única pessoa que estava sem bíblia era a jovem
misteriosa, parecia que os céus estavam
conspirando para haver um contato. Então fui até
ela.
— Oi! — eu a cumprimentei.
Ela permaneceu em absoluto silêncio.
— Você está sem bíblia.
Mas o silêncio dela permanecia. Resolvi estender a
mão e entregar minha bíblia a ela, que recebeu sem
falar uma palavra sequer. Bem, missão cumprida,
retomei ao meu assento. Depois do culto, fui até ela
para pegar minha bíblia de volta e, quem sabe,
conseguir algum contato verbal, mas simplesmente
me devolveu bíblia com um rápido agradecimento e
sem muita conversa.
Mais tempo se passou, e aquela jovem continuou
frequentando a igreja, aos cultos de domingo e aos
sábados somente quando não tinha aula, e eu
continuava a observá-la, medindo-a atentamente.
Certas vezes, eu me reprendia por medo de estar
fazendo algo errado.

57
Algum tempo depois, acontecia na igreja uma
conferência de células, um evento para comemorar
a multiplicação das células da igreja e
consequentemente seu crescimento. E eu estava lá
como líder de algumas células comemorando
também o avanço da igreja. Depois de um culto
muito animado, colorido e cheio de alegria, muitas
pessoas estavam procurando líderes a fim de se
ingressar em alguma célula.
Foi quando fui tomado de assalto por um “oi” e,
quando me apercebi, era a tal jovem misteriosa que
continuou:
— Oi, meu nome é Helena. Me informei com os
pastores da igreja sobre como ingressar em uma
célula jovem e me indicaram você para me ajudar.
— Sim, sim! Não, não! Comigo? Ah, sim, verdade,
eu sou líder de algumas células jovens — falei em
um tom um tanto nervoso.
— Pois é! Como faço?
— O quê? — respondi, ainda nervoso.
— A célula!
— Ah, sim! Você quer o endereço?
— Sim!
— Atah! Deixa eu ver.

58
Naquele momento, deu um branco em todas as
minhas memórias, e eu tentei de várias formas
explicar o endereço da célula mais próxima da casa
dela, mas não tive sucesso.
Ela, percebendo meu nervosismo e que nunca
conseguiria o endereço de uma célula jovem naquele
momento, sugeriu me dar seu número de telefone
celular. Coloquei a mão no bolso e havia deixado
meu celular em casa, corri por toda a igreja para
conseguir uma caneta e consegui com uma irmã que
estava passando. Anotei na mão direita o número
dela e, naquela noite até chegar em casa, tive todo
cuidado para que não apagasse.
No dia seguinte, começamos a conversar por
mensagens de texto. O assunto inicial foi a célula,
depois evoluiu para a igreja e, logo depois,
estávamos conversando sobre tudo.
Estávamos iniciando uma linda amizade que estava
sendo muito saudável a nós dois, ela estava
adorando conhecer o jovem dedicado a Deus e eu
estava adorando ter uma amiga para ter com quem
conversar.
Os dias se passavam e nos conhecíamos ainda mais,
ela passou a ir com mais frequência aos cultos de
jovens onde eu sempre estava ministrando a
palavra de Deus ou servindo de outras formas.

59
A reconciliação
Naquele período, eu estava ainda completamente
imerso na Glória de Deus por meio do Espírito
Santo e constantemente fluindo em muitas
experiências. Quando era convidado a ministrar a
palavra de Deus, eu chegava à igreja às sete horas e
ficava a sós com o Espírito em uma salinha de
oração ao lado do altar em oração até ser chamado a
ministrar.
Certa vez, estava eu lá, na salinha, orando e
adorando ao Senhor Jesus, aguardando o momento
de entrar para ministrar a palavra de Deus, e foi
quando, enquanto estava em profunda adoração,
ouvi anunciarem que chegara o momento de
ouvirem a palavra de Deus. Sai da sala em direção
ao púlpito com todo o corpo envolvido pelo Espírito
Santo e muito desejo de anunciar as revelações do
Dele para aquele culto. Para minha surpresa, a que
eu antes tinha por jovem misteriosa e que agora era
minha amiga estava lá sentada no mesmo lugar que
eu quando emprestei minha bíblia a ela.
Comecei a ministrar debaixo de uma fluência
poderosa do Espírito e anunciei tudo conforme
havia recebido dele, estava sendo único mais uma
vez ministrar a palavra de Deus na presença do
Espírito. No final, chamei todos à frente
novamente, Helena veio junto, e percebi que ela

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chorava muito, borrando toda a maquiagem sem
parecer se preocupar. Algo doía dentro dela e era
extremamente perceptível. No final do culto,
conversando com ela, descobri que ela era desviada
dos caminhos do Senhor, e aquela noite estava se
reconciliando com o Senhor Jesus. Meu coração se
encheu de alegria.
Depois desse acontecido, estreitamos mais os laços.
Agora ela estava de volta à presença de Deus e
precisava de ajuda para permanecer, logo se firmou
em mim como referência para dar continuidade À
sua vida cristã que há alguns anos estava parada.
Com o passar dos meses, logo percebemos que havia
algo muito maior que uma amizade entre nós e
começamos a orar pedindo a Deus confirmação.
Lembro-me de ter pedidos várias confirmações a
Deus sobre Helena e se ela seria de fato a mulher
escolhida por Ele para se casar comigo. Certa vez,
lembro-me de ter orado assim:
— Meu Senhor Deus, hoje a Helena estará no culto,
e o Senhor sabe que estamos orando para sabermos
se é de tua vontade que iniciemos um namoro
cristão, seguido de noivado e casamento. Se é ela
para mim, Senhor, me confirma hoje fazendo com
que ela me ajude em algo na igreja onde eu esteja
servindo.

61
A confirmação
Depois que orei, fui para o culto crente que seria
respondido naquela noite. E de fato fui. Só não
esperava que fosse daquela maneira.
Cheguei na igreja como de costume, pontualmente
uma hora antes do culto iniciar para deixar tudo
preparado, então estava tudo normal, mas no meu
coração era uma noite decisiva. O culto se iniciou
com o ministério de louvor louvando e adorando a
Deus com muita alegria. Estávamos lá eu, Helena
ao meu lado, e uma pequena ansiedade dentro de
mim. Eu estava observando atentamente a tudo em
volta, pois a qualquer momento poderia vir um
sinal de resposta de Deus. Eu temia muito em
seguir meu coração e acabar entristecendo o
Espírito Santo e perder toda a comunhão com ele.
Estava na hora da palavra e um jovem seminarista
da igreja estava pregando. Eu ouvia atentamente a
cada palavra e, em meu interior,, de vez em
quando, lembrava-me da oração que fiz antes de
sair de casa. O jovem seminarista terminou sua
pregação e chamou todas as pessoas a ir à frente
para receberem oração. Em um instante, o
ministério de louvor começou a tocar um profundo
hino de adoração a Deus e logo todos estavam à
frente, adorando a Deus com suas vidas se
derramando no altar. Eu estava por trás de todos

62
dando apoio e servindo. Já estava se aproximando
do final do culto, e eu já tinha perdido as
esperanças de receber uma resposta de Deus.
Quando, de repente, uma jovem caiu ao chão de
forma estranha e começou a se contorcer e a gritar
de agonia. O jovem ministrante me pediu ajuda, e
nós começamos a orar por ela, mas sem alcançar
qualquer êxito.
Ela continuou ali jogada ao chão gritando em
desespero, já parecia há tempos não estar mais em
si. Depois de muitas tentativas sem sucesso,
começamos a repensar o que fazer. Mais tarde, eu
mesmo receberia grande autoridade contra
demônios, mas, naquele momento, não sabia o que
fazer, só ardia dentro de mim o grande desejo
movido por compaixão de ajudar aquela jovem.
Foi quando o jovem seminarista me disse que
precisaríamos levar a jovem para a sala onde eu
costumava orar, pois se tratava de um caso de
libertação. Concordei com ele, mas não sabia como
faria aquilo, pois nós juntamente com toda equipe
de liderança tínhamos direções expressas em várias
áreas, e uma delas era não poder ministrar a sós no
caso de alguém do sexo masculino tivesse que
ministrar alguém do sexo feminino. O jovem
seminarista, percebendo minha preocupação, me
disse para convidar Helena para me acompanhar
para que eu pudesse orar pela jovem sem precisar
63
estar a sós com ela. Prontamente, acatei a ideia,
pois era a única forma de ajudar aquela jovem no
momento.
Então, foi o que fizemos. Fui até Helena e solicitei
sua ajuda, explicando toda a situação, e ela
prontamente aceitou. Pegamos a jovem em questão
e a levamos até a sala de oração. Lá, a situação da
jovem se agravou, nos dando muito trabalho para
ajudá-la. Se à frente do altar ela se contorcia
enquanto gritava, agora dentro daquela sala ela o
fazia ainda mais, era perceptível que havia algo na
atmosfera que a atormentava muito, qualquer que
fosse o ser espiritual que estivesse oprimindo
aquela jovem.
Comecei a orar por aquela jovem mais ainda, não
sabia lidar direito com a situação, tentei tudo o que
estava ao meu alcance, mas nada parecia surtir
efeito. Foi quando Helena pediu para orar por ela
Eu permiti, mas me indagando o que uma jovem
recém reconciliada com Jesus podia fazer em um
caso espiritual tão complexo.
Helena tomou a frente da situação e, com muita
autoridade, começou a ordenar aos demônios que
deixassem a vida daquela jovem, em nome de Jesus.
Eu estava as observando com muita atenção e,
enquanto isso, o Espírito Santo soprava em meu
interior que aquela era a resposta da minha oração.

64
Entrei em uma espécie de êxtase espiritual, pois
Deus estava me confirmando que Helena era a
mulher com que eu casaria e que dividiria comigo a
vida e o ministério. Quando voltei a mim, a jovem
estava bem e sem nada mais a atormentando
graças ao bom Deus e à Helena que soube conduzir
a situação. Mais tarde, descobriria que Helena já
carregava certa experiência na área de libertação,
mesmo sendo muito nova, pelo fato de toda a
adolescência ter presenciado a mãe, que era
ministra de libertação e atuava com muita
intensidade na área na cidade onde moravam antes
de se mudarem a Santarém.

65
Um período de morte

Depois de ter recebido a confirmação do Espírito


Santo sobre Helena, fiquei em paz em relação a
isso, pois em mim já havia um grande sentimento
por ela assim como dela por mim. Então, depois de
mais algum tempo nos conhecendo melhor,
resolvemos evoluir para um namoro cristão.
Resolvemos que eu teria que falar com os pais dela,
e prontamente aceitei, falei tanto com o pai de
Helena como também com sua mãe e, depois de
ambos nos abençoarem, começamos a namorar
como o figurino baseado na vida cristã manda.
Sempre depois dos cultos, meu destino agora era
um banquinho de madeira que ela costumava ficar
sentada me esperando em frente sua casa para
passarmos horas conversando. Helena morava
quase em frente à igreja, então todos os dias nos
víamos sem falha. Passávamos muito tempo juntos,
falando sobre tudo, tínhamos uma excelente
amizade e nos sentíamos muito à vontade um com o
outro. Logo começamos a sair, fazer várias coisas
juntos, era um tempo muito feliz para nós dois.
Quando não estávamos juntos, estávamos gastando
todo o crédito do celular em longas conversas.
Meus pastores começaram a se preocupar e, como
bons pastores, me aconselhavam a ter cuidado, mas
creio eu que estava gostando tanto do que estava
vivendo que praticamente não dava ouvidos. Os
66
irmãos mais próximos sempre estavam conversando
comigo, me falando a mesma coisa, para que eu
tivesse cuidado, pois eu tinha um ministério e agora
estava dando mais atenção ao namoro. Eu, em
minha ignorância, não ligava muito, achava que
não era bem como eles falavam e seguia como
estava.
Com o passar do tempo, estava vivendo quase que
exclusivamente para meu namoro, já não estava
mais jejuando como antes e muito menos orando,
não estava mais dedicando o tempo necessário à
Pessoa do Espírito Santo pelo fato de estar
colocando Helena em seu lugar. Helena sem dúvida
era a mulher escolhida para que eu casasse, mas
era eu que não estava mais sabendo administrar
meu tempo e meus sentimentos e, aos poucos,
estava deixando de lado o precioso Espírito Santo.
Depois de mais ou menos um ano de namoro, já
estávamos completamente envolvidos e com planos
para casamento todos bem estabelecidos, mas,
infelizmente por falta de vigilância, caímos em
tentação abandonando completamente os termos de
santidade estabelecidos pela palavra de Deus e nos
tornamos um antes do casamento. Confesso que
ainda não é fácil falar sobre esse período de minha
vida e ministério mesmo depois de tantos anos, pois
as consequências foram terríveis.

67
Tive que assumir a responsabilidade de meu erro e
confessar a meus pastores todo o ocorrido, e isso
gerou grande prejuízo e tive que ser afastado de
minhas atividades da igreja e minhas funções de
liderança de células, do ministério de jovens, da
intercessão e outras coisas mais, sem falar do fato
de ter que encarar que já não era mais o mesmo.
Tive que suportar o peso de ruína que meu pecado
havia me causado e aprender a lidar com isso,
aprender a lidar com a morte. De certa forma,
quando pecamos, estamos dizendo diretamente ao
Espírito que não o queremos mais conosco, e agora
era essa a parte mais difícil de lidar: a ausência
total do Espírito Santo.
O fato de ter sido afastado de todas as atividades da
igreja não estava me doendo tanto, porém, o fato de
ter que aprender a viver sem o Espírito me cortava
a alma ao meio, me gerando dor de morte. A ficha
estava caindo, estava percebendo o tamanho da
besteira que tinha feito, começava a brotar um
arrependimento que consumia por inteiro cada
centímetro de meu interior. Era quase que
insuportável ter que admitir que um dia estive
completamente envolvido pela glória de Deus em
todos os níveis e agora estava completamente vazio,
seco e sem vida.

68
Estava me sentindo como Davi, quando foi
confrontado pelo profeta Natan depois de ter caído
em tentação com Batseba. Agora tudo o que me
restava era a morte, eu havia trocado a preciosa
presença do Espírito Santo pelo pecado e estava
sofrendo todas as consequências que me cabiam.
Chegado o tempo, eu e Helena casamos e já
estávamos morando juntos, e era tudo o que
sonhávamos. Tudo havia se realizado, mas eu por
dentro estava vazio, morto vivendo a vida por viver,
pois estava descobrindo da pior forma que não
existia vida fora da presença do Espírito Santo.
Lembro certa vez ter entrado no quarto depois de
muito tempo sem orar e comecei a chorar me
derramando em lágrimas pedindo para que ele
voltasse à minha vida e, depois de muito tempo,
tudo dentro do quarto continuava do mesmo jeito,
ele não voltava. Foi o pior período que já vivi até os
dias de hoje.
Era difícil, mas teria que continuar vivendo e
aprendendo a me conformar. As horas passavam, os
dias se consumiam, os meses corriam conforme as
ordens do tempo, e eu a cada segundo não tirava a
Pessoa do Espírito da memória. Ficava pensando
comigo mesmo se um dia viveria ao menos um terço
de tudo que havia vivido na juventude com ele, era
desesperador não ter respostas, era desesperador

69
pensar que o resto de minha existência na terra
seria sem Ele.

70
Capítulo 4

"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele


me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele
me enviou para proclamar liberdade aos presos e
recuperação da vista aos cegos, para libertar os
oprimidos
e proclamar o ano da graça do Senhor".

Lucas 4:18-19

O recomeço
Ele voltou
Eu estava já praticamente conformado a viver o
resto de minha vida sem o Espírito, mesmo não
sendo o que queria. As lembranças antes de dormir
me maltratavam, tudo o que eu queria era voltar no
tempo e fazer tudo diferente, mas definitivamente
não era possível.
Eu e Helena estávamos casados já há algum tempo
e vivíamos uma boa vida em comum. Eu trabalhava
em minha profissão como designer gráfico, e ela na
dela como cabeleireira, aos domingos íamos ao culto
e assim os dias se passavam.
Mas estava faltando algo, não me sentia bem, nada
fazia sentido a mim, no fundo algo me dizia que não

71
havia sido criado para viver aquela vida normal,
sem Espírito, sem vida, sem luz. E foi em um dia
desses normais que tudo aconteceu.
Era um sábado e, depois de ter chegado em casa
após o horário do meio dia, estava na sala sentado
no sofá em frente à TV. Com o controle na mão,
mudava todos os canais e, debaixo de puro tédio,
não encontrava nada relevante para assistir ou ao
menos passar o tempo. Foi quando parei em um
canal evangélico em que um pastor estava
ministrando, resolvi ouvir aquela palavra, mal
sabia eu o que viria a acontecer depois.
O pastor ministrava com fervor e muita unção,
havia algo diferente nele e eu conhecia aquele
brilho. Ele falava e todas as suas palavras
ganhavam vida nos meus ouvidos. De repente,
percebi que, mesmo que o estivesse vendo pela
televisão, aquela palavra era para mim, cada
palavra estava penetrando com grande efeito em
meu espírito.
Quando menos esperei, a atmosfera da sala se
transformou, e eu já conhecia aquele ambiente de
glória. Em uma fração de segundos, eu estava de
joelhos ao chão, chorando grande de dor de
arrependimento, só que agora era na preciosa
presença do Espírito Santo que acabara de voltar à
minha vida. Meu corpo queimava em cada

72
centímetro e novamente eu estava sentindo o peso
da glória de Deus fluir sobre mim. Era inexplicável
a sensação de intensa alegria que se misturava a
um grande arrependimento, mas não tinha muito
tempo para raciocínios; o Espírito, a quem tanto
amava, acabara de voltar e estava ali de novo
comigo e, dessa vez, todo o meu ser gritava que
nunca mais o trocaria por qualquer pessoa ou coisa,
até meu último dia de vida nesta terra.
Após a extraordinária volta do precioso Espírito
Santo à minha vida, tudo começou a mudar da água
para o vinho. Aquele vazio no peito já não existia
mais, agora estava completamente preenchido e
transbordando, meus dias agora tinham vida, e a
luz voltou a brilhar dentro de minha alma. Voltei a
conversar com meu amigo constantemente, a orar e
a jejuar com intensidade, queria compensar o tempo
perdido, queria que agora fosse diferente. Nem
acreditava, mas agora novamente estávamos a sós
eu ele trancados no quarto desfrutando de plena
comunhão.
Com o passar do tempo, compreendi que todo o
tempo que passei sem a presença do Espírito Santo
havia um propósito, o Senhor não havia planejado
este período de morte, mas o permitiu para me
ensinar algo poderoso. Desde este período de morte
e depois de ter aprendido o que o Senhor quis me
ensinar, nunca mais sequer cogitei a possibilidade
73
de trocar o Espírito por alguém ou por qualquer
outra coisa que fosse.

74
Autoridade sobre demônios
Mas depois da presença do Espírito Santo voltar a
queimar em minha vida, comecei a perceber
nitidamente que agora era diferente, agora era
mais forte, havia mais intensidade na comunhão, os
períodos quando eu passava em oração carregavam
muito mais da Glória de Deus, o Espírito Santo
havia acrescentado muito mais sobre mim e sobre
meu ministério.
Era literalmente um novo tempo em minha vida, e,
aos poucos, enquanto desenvolvia mais comunhão
com o Espírito, eu ia descobrindo coisas novas,
segredos espirituais poderosos, coisas que o Espírito
revelava só a mim porque confiava em mim. Isso
era realmente maravilhoso.
Uma das coisas novas que me estava sendo
entregue pelo Espírito nesse novo tempo era a
autoridade contra demônios, que começou com o
Espírito colocando em meu coração grande desejo
pela área de libertação. Começou a arder em meu
interior ver vidas libertas de espíritos imundos, logo
comecei a ler muito sobre o assunto e, com o
Espírito me ensinando, aprendia de forma rápida e
precisa.
Após ter aprendido o básico na teoria, era a hora de
aprender na prática. Quando o Espírito nos dá algo,
ele mesmo se encarrega de que vamos usar o que
75
nos deu, criando situações, nos levando até elas ou
fazendo com que elas cheguem até nós. E foi assim
que ele fez comigo.
Havia acabado de chegar em casa depois de uma
reunião na igreja onde congregava e fui pego de
surpresa por um casal que estava esperando minha
chegada sentados no sofá de nossa casa. Quando os
vi, não imaginava o que aconteceria a seguir.
A jovem moça eu conhecia, ela fazia parte da igreja
onde atualmente eu congregava, mas se encontrava
afastada, havia se casado e estava enfrentando
grandes problemas em seu interior e era esse o
motivo de sua inesperada visita; inesperada para
mim, mas logo saberia que o Espírito havia
promovido tudo para que aquelas vidas fossem
grandemente abençoadas.
Ali mesmo na pequena sala onde estávamos
reunidos, começamos a conversar. Aquela jovem
estava me relatando que aquela noite havia
recebido uma direção em seu espírito para chegar
até minha casa, pois necessitava de ajuda urgente.
Naquela noite, ela iria tirar sua própria vida, mas,
antes de fazer isso, pediu um sinal de Deus, fazendo
prova se ainda era amada por Ele. Graças a Deus e
seu infinito amor, Ele respondeu sua oração
provando a ela grande amor por sua alma, depois
disso a direcionou até mim e minha esposa.

76
Depois de algum tempo conversando, senti em meu
espírito que era hora de orar e assim fiz,
convidando a jovem a ficar de pé. Quando ela se
posicionou à minha frente, minha esposa se
posicionou por detrás dela, e seu marido
permaneceu sentado no sofá. Impus as mãos em
sua fronte e, após poucos segundos orando, pude
ouvir uma grande e estranha gargalhada. Logo
soube em mim que ela havia ficado possessa por
espíritos malignos, mas a sensação em mim era de
pura tranquilidade e segurança. Imediatamente, a
glória de Deus me envolveu me dando grande
autoridade, me sentia um gigante e que poderia
entrar no inferno para resgatar quem quer que
fosse. De súbito, algo em mim começou fortemente a
guerrear contra os demônios que estavam nela, me
gerando certa revolta contra tudo que eles estavam
fazendo com aquela vida.
O fato de saber que aqueles demônios poderiam ser
os responsáveis pela morte daquela jovem naquela
mesma noite me partia o coração, e uma
responsabilidade por aquela vida se acendia de
forma poderosa em mim. Eu não poderia de forma
alguma deixar acontecer algo com aquela e com
nenhuma outra vida, pois eram preciosas a meu
Senhor.
Depois de ter neutralizado os espíritos imundos e
ter dominado completamente a situação pela
77
direção do Espírito Santo que estava ali comigo,
ordenei que fossem embora e nunca mais
voltassem, em nome de Jesus, e assim foi feito.
Logo todos os atormentadores daquela vida a
deixaram, e ela recobrava consciência
completamente livre. A sensação dentro de mim era
inexplicável, quase não estava acreditando que
acabara de expulsar demônios como havia lido na
bíblia.
“Eu quero este poder para libertar o máximo de
pessoas que eu puder”, pensava comigo enquanto
estava ali vivendo aquele momento tão precioso.
Graças a Deus, mais tarde descobriria que aquela
seria apenas uma das muitas pessoas que Deus
traria até nós para que fosse libertada.
São incontáveis até os dias de hoje quantas pessoas
foram livres de espíritos imundos de todo tipo, nos
cultos, cruzadas e reuniões que ministramos, e a
sensação é sempre como da primeira vez.

78
Fogo apostólico
Minha vida estava de novo funcionando de acordo
com a vontade de Deus, e, de forma poderosa, eu me
aprofundava cada vez mais em meu relacionamento
com o Espírito Santo, agora com muito mais do que
poderia imaginar um dia receber.
Estava tudo indo aparentemente muito bem quando
então começaram os dias em que meu coração
começou a se desprender das coisas da igreja. De
forma muito estranha, me percebia querendo largar
meus cargos de liderança que há tanto tempo
exercia, já não queria mais me envolver em muitas
coisas em relação às atividades da igreja, inclusive
dos jovens que era umas das minhas maiores
paixões.
Aquilo era tão estranho a mim, temia com todo meu
ser, pois não sabia o que de fato estava acontecendo
comigo, mas era mais forte do que eu. De forma
natural, comecei a ir me desfazendo de todas as
minhas funções eclesiásticas. Mesmo sem entender,
deixei fluir o que estava dentro de mim. Mal sabia
eu que Deus estava me levando a um novo tempo
em meu ministério de forma muito rápida. Era o
tempo apostólico e, para acender um fogo novo, Ele
teria que tirar o antigo. Eu tinha um amor muito
grande pela igreja a que pertencia e achava que

79
serviria toda a minha vida nela, mas os propósitos
de Deus eram outros e estavam em andamento.
Depois que já estava sem nenhuma
responsabilidade eclesiástica, me vi sem muito o
que fazer. Foi então que comecei a olhar para o
mundo. No meu período de oração a sós com o
Espírito Santo, era como se sentisse a dor dos que
estavam perdidos sem conhecer a Cristo. Começou a
vir sobre meus ombros grande peso de
responsabilidade por todo o mundo. Era como se
literalmente eu pudesse ouvir o clamor de almas
perdidas enquanto caminhavam rumo ao inferno, e
algo me dizia que eu poderia fazer algo para mudar
o destino daquelas vidas. Durante muito tempo,
estive com essas sensações sobre mim, sensações
que me faziam parecer responsável por todos os
perdidos do mundo.
Já era o Espírito Santo de Deus acendendo em mim
um fogo apostólico para que eu saísse das quatro
paredes da minha igreja e agora fizesse do mundo a
minha plataforma de ministração. Era difícil
pensar sobre, pois tinha plena certeza que exigiria
de mim grande fé e renúncia, mas, no fundo, eu
sabia que seria meu destino e não seria difícil para
eu aceitar.
Resolvi começar a buscar no Espírito como faria
aquilo, como sairia para buscar os perdidos e

80
ministrar a presença transformadora de Deus sobre
os necessitados.
Não fazia ideia de como começar, mas logo recebi
direções. Certo dia, senti fortemente em meu
interior que deveria procurar as igrejas pequenas
da cidade e me oferecer para ministrar a palavra de
Deus. Já conhecia aquele sentimento e sabia que
vinha do Espírito Santo, então comecei a procurar
as “igrejinhas” e, falando com os pastores
responsáveis, marcava a data para que eu fosse
ministrar, mas certamente só ia naquelas onde o
Espírito me permitia ir.
Estava começando a viver um tempo novo, um
tempo apostólico, um tempo de me arriscar para ver
a Glória de Deus fluir fora da minha zona de
conforto, e estava amando aquilo. Era sem
explicação poder levar a presença de Deus a muitas
pessoas. Há algum tempo, estava resolvendo como
seria isso; agora estava vivendo na prática e, como
tudo que vinha do Espírito a mim, estava sendo
poderoso.

81
A chamada

Uma grande mulher de Deus, que conheci logo no


início de minha caminhada com Cristo e que me
acolhera como filho e que eu carinhosamente
chamava de Dona Lílian, ficara sabendo que agora
eu estava vivendo esse novo tempo e me ligou
perguntando se eu não poderia substitui-la para
ministrar em uma pequena igreja em um bairro
afastado, pois para ela não seria possível.
Prontamente, aceitei, e marcamos a data. Algo em
mim me dizia que seria poderoso o que o Espírito
faria naquele lugar, e de fato foi.

O dia de ministrar na pequena igrejinha chegou, a


ansiedade e grande expectativa me rodeavam.
Desejava logo que chegasse a hora, pois eu, mais do
que ninguém, queria vivenciar o que o Espírito
faria de tão poderoso aquela noite. O horário de sair
de encontro ao endereço da igreja chegou e, pronto
com minha bíblia em punhos, me dirigi até lá.
Chegando, logo pude perceber que se tratava de
uma igreja muito simples, mas que havia algo de
especial nela. Depois saberia que era um povo
sedento da presença de Deus. Entrei observando
atentamente a tudo e maravilhado com algo que
ainda não sabia o que era.

82
Um irmão dirigia o culto, com muita simplicidade,
mas com grande fervor no coração, e aquilo me
fascinava. Já havia ministrado em outras igrejas,
mas agora estava sendo diferente, algo naquelas
paredes simples daquela igrejinha em um bairro
afastado falava fortemente comigo.

Enfim, chegou o momento quando fui chamado a ir


ao púlpito para ministrar a palavra de Deus. Fui
com grande alegria no coração e, no momento exato
em que recebi o microfone, a presença do Espírito e
sua unção me tomaram, Quando comecei a falar, a
atmosfera daquela igrejinha se transformou,
tornando-a grandiosa, era simplesmente poderoso.
Eu sabia já que seria tremendo o que o Espírito
faria, mas não imaginava que seria tanto assim.

Preguei a palavra falando da presença de Deus pela


pessoa do Espírito Santo como se fosse a minha
última pregação, era inexplicável o peso de glória
que sentia naquele púlpito ao estar pregando a
palavra de Deus.

Finalizei toda a revelação da palavra àquele povo


precioso presente e, logo depois, chamei à frente
aqueles que queriam ser tocados pela glória de
Deus. Simplesmente toda a igreja veio à frente,
demonstravam grande sede pela presença de Deus,
e o Espírito por sua vez liberou grandes coisas
83
àqueles que pediam por sua glória. Era incrível o
que eu estava vivenciando, eram muitas pessoas
sendo libertas, curadas, salvas e transformadas
pela presença de Deus. Todos em que eu colocava as
mãos iam ao chão completamente tomados pelo
Espírito Santo, era algo extraordinário. Foram
tantos feitos do Espírito que perdemos a noção do
tempo. Quando dei por mim, a hora se aproximava
das onze da noite, e todos ainda estavam com
grande sede da presença do Espírito Santo.
Finalizamos porque era necessário, mas a vontade
unânime era de permanecer, ninguém queria ir
embora. De forma inocente, perguntei se todos os
cultos ali eram daquele jeito e, para minha
surpresa, a resposta foi que aquele foi o primeiro
culto que tiveram aquele nível de glória e presença
de Deus. Voltei para casa extremamente feliz com o
que havia vivenciado da parte do Espírito e com a
certeza de que queria muito mais daquilo.

Depois da experiência poderosa na igrejinha,


comecei a ansiar por muito mais, e, se pudesse,
gostaria de viver em função daquilo, dedicar toda a
minha vida e tempo exclusivamente para fazer a
glória de Deus vir sobre as vidas daquela forma ou
mais intensa ainda. Começou a arder em mim o
desejo de viver completamente para Deus, de
queimar cada segundo da minha existência no fogo
do seu altar.
84
Esse desejo foi ficando tão forte em mim que, certa
vez antes de ir trabalhar, orei a Deus de forma
sucinta e muito sincera dizendo a ele que não
aguentava mais, que agora era tudo ou nada, ou me
colocava de vez em sua obra ou que me retirasse
completamente. Fui trabalhar certo de que fui
ouvido por Ele.

Dois dias se passaram após ter feito essa oração ao


Pai, e eu estava na frente da casa onde morávamos
conversando com minha esposa depois de um dia
cansativo de trabalho, quando então o meu celular
tocou, no visor indicava o nome de Dona Lílian.

— Oi? — disse ao atender o celular.


— Oi, Rafael?
— Sim, ele mesmo.
— Você está de pé?
— Não, estou sentado! — respondi estranhando a
pergunta.
— Ah, sim, que bom que está sentado! É porque
tenho uma grande notícia para lhe dar.
— Entendi! — continuei a conversa, sem fazer a
mínima ideia do que poderia ser a tal grande
notícia, mas um ar apreensivo já tomava conta de
mim.
— Lembra a igrejinha onde você foi pregar?
— Sim, lembro! — Era impossível esquecer.
85
— Então, o pastor presidente daquele ministério
entrou em contato comigo me informando que
precisa com urgência de um pastor para aquela
igrejinha e que sente no coração que é você depois
que foi informado sobre tudo o que aconteceu no
culto em que você ministrou. Se você aceitar, ele
está querendo ir falar com você amanhã já.

Naquele momento, meu coração disparou, o ar me


faltou, uma alegria sem tamanho tomava conta de
mim. Fiquei em silêncio alguns segundos sem saber
o que falar, minha esposa, que ouviu toda a
conversa, me disse: “É de Deus!”. E, em meu
espírito, eu sabia que era a resposta de Deus para a
oração que havia feito dois dias atrás. Agora tinha
que responder Dona Lílian e a Deus se iria ou não
aceitar. Então, respondi com voz trêmula e quase
sem ar:

— Sim, pode dizer para ele vir.

Esta história continua...

86

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