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DE DEUS
V3 Publicações
de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a autorização prévia e por escrito
Printed in Brazil
2016
ARMADURA
DE DEUS
2ª edição
março de 2016
Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada (Sociedade
Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.
ISBN: 978-85-7929-108-1
CDD : 230/240
V3 – Publicações
Av. T-3, Qd.43, Lt.20, Nº833, 2ºAndar, Sala 03, St. Bueno CEP: 74.215-110, Goiânia–GO–Brasil
Dedicatória
Em primeiro lugar, dedico este trabalho ao meu Deus e Pai, que me amou
antes da criação do mundo; a meu Salvador Jesus Cristo, que pagou o preço
de Seu Sangue para me resgatar e ao Espírito Santo, que me conduz à
maturidade;
Sumário
Introdução 9
Cap. 01 – Satanás não é tão importante quanto você pensa que ele seja... 13
Cap. 02 – Não vivemos
em função do inimigo 21
Cap. 03 – Satanás não pode possuir o crente, mas pode estimular o seu ego 31
Cap. 04 – A
convocação para o combate 41
Introdução
F
ui motivado a escrever este livro numa época em que estudamos o livro de
Efésios em nossa igreja. Nesse
tempo o pastor Aluízio era quem estava
ministrando,
Um soldado diante de uma batalha, mesmo estando com uma boa armadura,
pode sucumbir diante da força do adversário. Dois soldados podem duelar e
ambos estarem revestidos com suas armaduras, no entanto serão outros
fatores que irão influenciar em sua derrota ou vitória. O treinamento e até
mesmo o que chamamos de “moral” do soldado podem ser decisivos nesse
momento. Muitos soldados estão no campo, mas nem todos estão prontos
mental ou emocionalmente para aquela batalha. Ou não tiveram o
treinamento adequado, ou não se fortaleceram. Muito provavelmente esses
fatores são tão importantes quanto a armadura no resultado dessa guerra.
Creio que seja por essa razão que o Senhor nos alerta a sermos fortalecidos
nEle e na força do seu poder. Temos que compreender
os princípios
espirituais que nos ajudam a ser fortalecidos nEle, bem como de que forma
podemos usufruir do poder de Deus a nosso favor para enfrentarmos o
inimigo e, revestidos da armadura
de Deus, entrarmos no campo de batalha.
Esse é o propósito deste
livro. Claro que falaremos da armadura, mas
também abordaremos
vários princípios que poderão levar você a se
fortalecer no Senhor e desfrutar de Seu poder como filho de Deus.
Quando você coloca a armadura, já está entrando no campo de
batalha. A
questão é: Você está preparado para entrar? Você tem clareza de ter sido
fortalecido no Senhor? Você tem entendimento
de como desfrutar do poder
de Deus?
Essas questões nos fazem meditar e refletir para que possamos ajudar nossos
irmãos a enfrentarem o inimigo de nossas almas. Já percebi em meu
ministério que muitos irmãos gastam muito tempo em conhecer o diabo e
suas estratégias. Atribuem a ele todo mal que nos cerca (apesar de que
também creio que ele esteja
por trás da maioria deles) e, dessa forma, nos
isentam de nossas semeaduras ou responsabilidades decorrentes de decisões
desastrosas e insensatas que tomamos no decorrer de nossa caminhada.
A moral da estória é que o diabo tem levado a culpa de muitas coisas pelas
quais nós mesmos deveríamos ser os responsáveis. Sei que ele, até mesmo
quando está certo, está errado; nem por isso podemos nos eximir de nossas
falhas.
O segundo ponto que creio ser pertinente e que deve ser considerado é
quanto aos relacionamentos. Acho muito sugestivo o ensino da armadura de
Deus ter sido dado justamente no contexto
de relacionamentos. Iniciando no
capítulo 5 e finalizando no 6, o apóstolo está falando justamente de
relacionamentos. Iremos abordar esse tema em um de nossos capítulos, mas
de antemão quero que saiba que o principal alvo do diabo é destruir seus
relacionamentos.
Vejamos um exemplo: imagine um casal que esteja passando por uma crise
conjugal e que conheça alguns princípios importantes de batalha espiritual,
por exemplo, que nossa luta não é contra sangue e carne, mas contra as
hostes espirituais do mal (Ef 6.12). Ele irá se fortalecer no Senhor, buscando
Sua ajuda, e lançar mão do Seu poder. Dessa forma poderá revestir-se da
armadura de Deus e entrar no campo de batalha. Este encontrará a vitória,
pois discerniu claramente como vencer em Cristo, e seu casamento será
restaurado.
Minha oração é que cada uma dessas palavras possa ajudá-lo a se fortalecer
no Senhor, a crer que pode usufruir de Seu poder e, acima de tudo, se
deliciar de suas vitórias em Cristo.
Capítulo Um
ste livro tem como base a batalha espiritual, porém não há sequer um
capítulo nele para falar de Satanás. Neste momento ele deve estar possesso
só de me ver escrevendo essas linhas. Por que estou dizendo isso? Porque
muitos irmãos na igreja, e talvez até você mesmo, se preocupam demais com
a batalha espiritual, gastando a maior parte de sua vida pensando nele,
estudando suas estratégias, sua formação hierárquica, todos os nomes dos
seus soldados (demônios) e por aí vai.
Sei que existem irmãos que fazem tais estudos e gastam uma
grande parte de
suas vidas estudando sobre a batalha espiritual em
nível estratégico. Deus
sabe a necessidade de Sua Igreja. Se existem
irmãos que foram chamados
para dedicarem suas vidas conhecendo
o exército das trevas, quero lhe dizer
que esse não é o meu chamado.
Creio que temos que colocar Satanás em seu devido lugar. Ele ainda é
poderoso, eu sei disso, mas há alguém mais poderoso que ele e que habita
em cada um dos crentes. O Pr. Aluízio gosta de contar uma estorinha muito
ilustrativa: Certo homem chegou num bar e sentou numa determinada
cadeira, logo o barman veio correndo e, muito assustado, disse para ele: –
Você está louco! Você
não tem medo, não? Ninguém senta nessa cadeira.
Você não sabe que ela pertence ao Cara Cortada? O homem ficou pensativo
e disse para o barman: – Não vou sair, eu não tenho medo dele, eu tenho
medo de quem cortou a cara dele!
Perceba que Satanás diz para que Deus estenda a mão e toque em tudo que
Jó tinha. Por que ele não disse: “Eu estenderei a mão?”. Pelo simples fato de
que ele não pode fazer nada com um filho de Deus sem permissão do Pai. Na
época de Paulo, havia o “pedagogo” (não com o entendimento atual dessa
palavra). Pedagogo hoje é aquele voltado para o ensino, como professor.
Pedagogo naquela época era um escravo designado como tutor, que
cuidava
do filho de seu dono em todas as situações relacionadas a sua criação. Ele
então ficava ao lado da criança todo o tempo, cuidando e observando
inclusive se ela fazia sua tarefa ou afazeres de forma correta. Acontece que
esse tutor tinha também autoridade do pai para, se necessário fosse, corrigir
a criança a ponto de poder discipliná-la. Veja que o tutor podia bater nela,
mas ele somente podia fazer isso mediante autorização do pai.
Desta forma é Satanás em nossas vidas, ele somente pode agir e
trazer lutas
e provações em sua vida mediante autorização do pai. Não se esqueça, o pai
daquela criança a amava e queria o melhor para ela; ele desejava que ela
fosse tão bem criada que colocava um
escravo só por conta dela.
Obviamente que em muitas situações a criança não queria o tutor, mas era
preciso. Muitas vezes não queremos luta, mas é preciso; não desejamos ser
provados, mas é necessário. O Senhor quer que nós sejamos bem criados,
maduros,
aptos para receber a herança.
Apesar de Deus permitir que Satanás aja em sua vida, trazendo lutas e
provações, você nunca pode perder essa afirmação do foco. É Deus quem
abençoa você. Você é alvo de Deus. Jó era já alguém muito abençoado, mas
havia algo que ainda faltava nele. É muito provável que ele ainda fosse cheio
de justiça própria por ser tão abençoado, ou mesmo por ser tão temente a
Deus. Não importa, o que importa nesse momento é você se lembrar desta
verdade: mesmo com tantas bênçãos, Deus, ainda assim, se preocupa com
você. A Bíblia afirma que Ele irá completar a obra que começou em nós:
“Estou plenamente certo de que aquele que começou a boa obra em vós há
de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus (Fp 1.6)”. Mesmo que você esteja
passando por lutas ou tribulações, não esqueça – a bênção virá. Procure dar a
resposta certa. Gosto do Salmo 37 para esse momento. Creio que o salmista
dá o caminho para essa resposta.
“Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que
praticam a iniquidade.” (Sl 37.1)
Não se preocupe se você passa por lutas e o seu amigo ou vizinho não
passam. Nessas horas o inimigo ganha espaço em sua mente e seu alvo é
colocar argumentos contrários às verdades da Palavra. Então você se sente
rejeitado por Deus, duvida de Seu amor, mas é mentira. Os olhos do Senhor
estão focados em você. O
alvo é destruir sua confiança no Senhor. Não caia
nessa armadilha!
Alimenta-te da verdade
Além da palavra, do regozijo numa hora tão difícil, seu alvo é descansar. E
para descansar nessa situação somente se você entregar
a Ele suas lutas,
angústias, dores, sofrimentos e perseguições. Entregue! Quando você
entrega algo, aquilo não fica mais com você. Imagine o carteiro que entrega
uma correspondência. Quando ele executa o ato de entregar a
correspondência, ela não fica mais com ele. Até a entrega ele era responsável
por ela, mas agora ele entregou. A responsabilidade agora é de quem
recebeu. Entregue agora mesmo o seu caminho ao Senhor, confia nEle, e o
mais Ele fará. Ele sabe o que fazer com seu problema. Seja como uma
criança que se entrega ao pai. Imagine uma criança que acabou de se
machucar. Ela está chorando, mas assim que o papai ou a mamãe chega, ela
se entrega completamente. E a partir daquele momento ela tem a confiança
de que papai vai fazer alguma coisa. A responsabilidade agora é dEle. O
Senhor é quem irá curar a sua ferida. Entregue-se como um sinal de rendição
e você verá o poder de Deus agindo a seu favor.
“
Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao
meio-dia” (Sl 37.6). A tua justiça não a dEle! Ele sabe que você precisa dela
e Ele vai dar pra você. Ela vai brilhar como a luz, como um raio que brilha
no horizonte, como uma luz no fim do túnel. A esperança começa a brilhar e
seu direito será tão evidente que todos verão, porque nada pode ser
encoberto quando o sol está ao meio-dia. A tribulação vai acabar por
completo. A doença vai ser curada. O casamento será restaurado e todos
verão, não há quem possa esconder.
“
A obra de tua mão abençoastes” (Jó 1.10). Nunca se esqueça disso.
Coloque Satanás em seu devido lugar. Procure ser cheio do Espírito Santo e
você poderá experimentar a vitória em seus relacionamentos e o suprimento
de Deus em suas necessidades. Você pode até gastar tempo estudando as
estratégias de Satanás, mas viva todos os momentos de sua vida em prol da
comunhão e intimidade com o Senhor: “...pois disseste: O Senhor é o meu
refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga
nenhuma chegará à tua tenda... caiam mil ao teu lado, e dez mil à tua
direita; tu não serás atingido” (Sl 91.9,10;7). Por quê?
Porque Satanás não é tão importante quanto você pensa que ele seja...
Capítulo Dois
não ignoramos seus desígnios (2Co 2.11), mas não é por isso que temos que
gastar nosso precioso tempo com ele. É melhor gastarmos com Deus, com
Sua palavra, cuidando dos irmãos e evangelizando os perdidos. Estamos
inseridos numa guerra, mas a
grande vitória de um exército sobre o inimigo
virá justamente pelo
comprometimento que ele tem com os membros de sua
equipe e sua liderança. Quando as companhias do exército são fortemente
comprometidas com a alta cúpula e suas direções, com os treinamentos e
compromisso mútuo, quando todos estão empenhados em obedecer e seguir
as ordens e estratégias, a vitória será apenas uma consequência.
Isso é muito importante para você. A batalha espiritual pode ser travada a
qualquer momento na vida de um cristão, mas o primeiro princípio da
batalha espiritual que você precisa conhecer é que a batalha é do Senhor e
não nossa. Quando você ora conhecendo esse princípio, você já entra na
batalha fortalecido. Se em última análise a batalha é de Deus, quem deverá
sair vitorioso nela? Você...! Isso não é maravilhoso? É como as historinhas
do irmão mais velho. Seu irmão mais velho é mais forte e em seu favor.
Pode se afastar, Ele vai resolver essa “parada”. Essa verdade tem que trazer
alívio a você, meu irmão!
Eles eram escravos e saíram às pressas do Egito (Êx 12.33). Sabemos que
eles receberam muito ouro e prata (Êx 12.35), mas essas riquezas não eram
para ser gastas fabricando armas. Daí vem nosso questionamento: Com que
armas eles iriam defender-se dos
ataques inimigos? Estes estavam como
qualquer animal quando se
sente ameaçado: partindo para o ataque. Foi
exatamente isso que aconteceu em Refidim. Amaleque, se sentido ameaçado,
partiu para o ataque.
“
Eis aí vos dei AUTORIDADE para pisardes serpentes e escorpiões
e
SOBRE TODO O PODER DO INIMIGO, e nada, absolutamente, vos
causará dano” (Lc 10.19 – realces nossos). Isso foi o que Jesus disse quando
os 70 enviados voltaram exultantes de alegria porque os demônios se lhes
submetiam. Isso é o que significa o bordão nas mãos de Moisés. Ele recebera
a autoridade de Deus bem como o poder de Deus que acompanhava essa
autoridade.
Quando Moisés foi chamado pelo Senhor na sarça que ardia em fogo (Êx
3.1), ele questionou seu chamado (v.10) usando
vários argumentos. Primeiro
foi quanto a sua capacidade: quem sou eu... (v. 11); segundo, quem o enviou:
qual é o seu nome... (v. 13); terceiro, que os israelitas não acreditariam... o
Senhor não te apareceu (4.1); e, por último, que não sabia falar
adequadamente... Ah! Senhor! Eu nunca fui eloquente, nem outrora, nem
depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua
(4.10).
Segundo, não importa o que você tem nas mãos, o que realmente importa é o
propósito estabelecido por Deus em sua vida. O propósito de Moisés era
libertar o povo. O seu propósito, o Senhor mesmo colocará em seu coração.
E independente de qualquer
debilidade sua, Ele irá ensiná-lo a lidar com o
inimigo e, através de Seu poder, você irá vencê-lo apesar de você mesmo.
Assim era com a sarça que ardia em fogo. Ela estava com o fogo, mas não se
consumia. Ela mesma não era o elemento para a combustão. Da mesma
forma foi Moisés e da mesma forma será você. Apenas aceite o chamado de
Deus para o cumprimento de Seu propósito e você verá a manifestação de
Seu poder.
Ficar de costas para o inimigo pode ser um grande perigo, mas não quando
você está debaixo das asas do Altíssimo e quando você
fez dEle a Sua
morada. Em suma, é Ele mesmo quem se encarrega do inimigo. E a sua parte
é olhar para Ele. Deus tem que ser o centro de nossas vidas. A tenda da
congregação era a tenda que ficava no meio do tabernáculo e, para ter acesso
a ela, tinha que percorrer um caminho.
Para que você possa ir a Deus, você precisa passar por essas três portas, e
não somente por uma. Elas fazem parte de um processo de restauração do
homem caído. Só existe um caminho e esse caminho é Jesus, que é
simbolizado no primeiro utensílio encontrado
no Átrio, o altar de bronze. Ali
eram oferecidos os sacrifícios para alguém que desejava o perdão de seus
pecados e uma restauração com Deus. Jesus foi esse nosso sacrifício.
A segunda porta dava para o Lugar Santo, que tinha o altar de incenso, o
candelabro e a mesa com os pães da proposição. O altar
aponta para nossas
orações, assim como para o clamor do nosso Advogado junto ao Pai,
apelando para o Seu Sangue derramado a nosso favor lá no altar do
sacrifício. E também temos o candelabro, que aponta para a Luz do Espírito
de Cristo, que mostra nossa condição e nos ilumina para passarmos por mais
uma porta.
A porta da Vida... Lá dentro temos a Arca, que simboliza a presença de
Deus. O alvo final da restauração do homem caído: ter Deus como sua vida.
E Jesus mais uma vez é essa Vida que permite a você ter completa
comunhão com Deus e desfrutar de Sua vida e de Sua natureza.
Para você compreender melhor, vou dar um exemplo prático nas guerras. É
costume, em algumas guerras, construírem abrigos subterrâneos para a alta
cúpula de uma nação e exército. Nesse abrigo, normalmente construído de
concreto, as pessoas mais importantes ficarão, diante da iminência de um
ataque por parte do inimigo. Ali eles estarão completamente seguros. Lá fora
podem cair poderosíssimas bombas ou vários outros tipos de artefatos
bélicos (convencionais), que aqueles que estiverem nesses abrigos
subterrâneos não sofrerão os malefícios desse ataque.
Capítulo Três
Satanás não pode possuir o crente, mas pode estimular o seu ego
e possuir. Não cremos que ele possa possuir o verdadeiro cristão, aquele que
nasceu de novo e possui o Espírito Santo em seu interior. Mas o inimigo
pode muito bem influenciá-lo até levar o indivíduo à opressão.
Creio que o alvo e objetivo maior seja tentar levar o crente à opressão. Mas
essa opressão é apenas o resultado final da ação do diabo na vida desses
irmãos. A base de ação dele e a maior guerra espiritual encontram-se
justamente na influência. Aquele irmão que não vigia e ora é uma presa fácil
para receber as influências malignas.
O diabo irá tentar com toda a força influenciar o crente em sua mente,
através dos pensamentos enganosos; nas emoções,
através das frustrações
nos relacionamentos; e em suas vontades para que escolha sempre o
caminho largo, o caminho do prazer e da satisfação independentes da
vontade de Deus.
O ser humano é divido em corpo, alma e espírito. Essas três áreas são a
expressão da alma humana. A Bíblia nos afirma que nosso espírito está
pronto; nosso corpo está contaminado com a natureza pecaminosa e, por
isso, deverá ser trocado; sobra portanto
a nossa alma para que seja
transformada (Rm 12.2). Nossa alma é o centro de nossa personalidade. Em
outras palavras, é o nosso EU.
Originalmente nosso EU foi criado para
expressar nosso espírito, que possuía completa comunhão com Deus. Porém,
com a queda esse EU humano foi atraído pela natureza pecaminosa, que
passou
imediatamente a tentar satisfazer as necessidades do nosso corpo de
uma forma independente daquilo que Deus planejou para ele.
A forma como o diabo age na vida do crente para levá-lo ao pecado é agindo
em seu EU ou EGO. O diabo não pode fazer você
se irar, mas pode agir em
seu EGO estimulando você a perder a paciência para que você fique irritado.
A paciência é um fruto do Espírito. Você a tem quando está em linha com
Ele, alimentando essa relação espiritual. Mas se você se permitir ser
atingindo pelo diabo em seu EGO, simplesmente você perderá a paciência e
cairá
na ira, pecando contra seu próximo.
Ele não pode simplesmente fazê-lo cometer adultério, mas ele pode induzi-lo
a acreditar que a fidelidade é algo muito difícil de ser seguido nos dias
atuais, e ainda mais diante de tantos desentendimentos que você tem com
seu cônjuge, levando-o a crer que não vale a pena permanecer casado ou
apenas “descontar” os abusos ou as acusações que seu cônjuge tem praticado
contra você. Ele convence você de que é normal e, dessa forma, você cai na
tentação do erro e acaba alimentando o pensamento adúltero.
Tanto a vanglória quanto a inveja são as duas faces de uma mesma moeda.
Em 2 Coríntios 10.5, vemos a palavra altivez. Ela significa “algo elevado”,
uma estrutura elevada, um muro alto, uma
parede que não permite a você
enxergar o outro lado. Em outras palavras, isso é o orgulho. Este nada mais é
do que a manifestação do EGO. No entanto, de acordo com a carta aos
gálatas, ele pode se manifestar tanto pela vanglória, ou um pensamento
superior, quanto pela inveja, que é consequência de uma falsa humildade,
aquele que ao se comparar com outro se vê como inferior. Dessa forma,
tanto aquele que chamamos de orgulhoso, ou que possui a autoestima
elevada, quanto aquele que possui uma baixa autoestima são, na verdade, a
expressão do EGO. Alguns dão o nome de complexo de superioridade e
complexo de inferioridade. Mas nada mais são que a expressão do orgulho
ou Ego.
São pessoas que constantemente estão olhando para si mesmas e
sempre se
comparando com outras. Porém não percebem o quanto
isso é maléfico para
elas, e é justamente por essa porta que o diabo entra alimentando, através de
pensamentos, com o propósito de trazer infelicidade, descontrole emocional,
desesperança, até que consiga passar ao seu próximo passo – a opressão.
Apesar de Satanás ser mais poderoso que nós, ele não tem autoridade legal
para nos causar dano, mas ele pode e usa de astúcia para nos enganar e
seduzir. Não só isso, mas também ativar nosso EGO com o fim de nos
conduzir à tentação e à queda.
O Senhor Jesus nos ensinou, na Oração do Pai Nosso, como deveríamos orar
para que o Pai nos livrasse do mal e não nos deixasse cair em tentação,
porque a queda é o resultado final do processo de tentação.
Nós não experimentamos a queda de uma noite para outra. Normalmente não
pecamos de forma instantânea. Não há nenhum
crente casado que saia de
casa com o firme propósito de trair sua esposa, ou nenhuma irmã crente sai
de sua casa para adulterar de forma premeditada. Ninguém pode esquecer-se
disto... A QUEDA
É RESULTADO DE UM PROCESSO.
Todos nós somos bombardeados por nossa vontade, por preconceitos, por
expectativas e além de tudo estamos inseridos em uma rede de
relacionamentos. Não estamos sozinhos. Estamos ligados com o mundo, em
sociedade, com os irmãos na Igreja, com nosso trabalho, estudo e por aí vai.
Nesse mundo moderno virtual, seria “estamos conectados”!!
Essa conexão me liga a tudo que me cerca, e isso vai muito além dos
relacionamentos pessoais. Caminha até mesmo para as coisas físicas que nos
rodeiam. Se tenho ou não uma casa que supre
minhas expectativas, ou um
carro que atende meus padrões do momento, ou a cadeira onde sento para
trabalhar. Por que, ao final
do dia, uma pessoa pode ter tantas dores nas
costas? De repente ela percebe que a cadeira em que senta não é apropriada
para seu uso. Perceba que tudo esta conectado a você, e essa conexão irá
interferir em sua vida quer você queira ou não.
Se o homem ou a mulher de Deus não vigiam, estarão sempre observando
outra pessoa que lhes chama a atenção. Se insistirem em ficar observando,
pecarão se permitirem ao inimigo ganhar espaço nesse momento.
E tudo isso, como resultado dessa conexão, gera sensações, quando percebo
que todas essas coisas, físicas e relacionamentos pessoais, podem ser
elementos que o inimigo usa como armas para
apontá-las diretamente para
nossa cabeça. Como não acordarmos irritados após uma noite mal dormida?
Ou quem não fica estressado no trânsito? Uma pesquisa americana mostra
que o trânsito é a maior causa de uma pessoa ficar nervosa.
É por isso que digo que tais sensações podem ser usadas como ingredientes
pelo inimigo para despertar nosso EGO. E quando menos percebermos, ele
foi ativado e entramos no processo da tentação. Nesse momento seu EGO foi
ativado, sua vontade
agora está decidida a tomar uma atitude. Os
pensamentos foram estabelecidos e as imagens distorcidas tomaram conta de
você.
Percebe que sua decisão vai ser completamente de acordo com a vontade do
inimigo e não com a vontade de Deus?
Há na Bíblia outra situação em que a oração pede para que o Senhor livre do
mal. É a oração de Jabez. No livro de Crônicas, o autor está discorrendo
sobre a genealogia do povo hebreu, nome por nome, e de repente, para a fim
de mostrar a oração que uma dessas pessoas havia feito, e o melhor é que ela
começa dizendo que tal pessoa foi mais ilustre que seus irmãos. Não é de
nosso interesse, neste momento, discorrer sobre todos os aspectos dessa
oração, porém o que chama a atenção é que ela, da mesma forma que a
oração do Pai Nosso, termina pedindo que o Senhor o livre do mal. Isso é
muito significativo e deve ser valorizado por todo crente.
“Foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; sua mãe chamou-lhe Jabez,
dizendo: Porque com dores o dei à luz. Jabez invocou o Deus de Israel,
dizendo: Oh! Tomara que me abençoes e me alargues as fronteiras, que seja
comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha
aflição! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido” (1Cr 4.9,10 – grifo
nosso).
Percebe que Jabez se tornou ilustre porque Deus lhe concedeu o que tinha
pedido? Isso o fez tornar-se ilustre. Essa resposta foi o resultado de ele ter
invocado o Senhor. Infelizmente muitos crentes
procuram viver uma vida em
grande parte independente de Deus.
Jabez, por outro lado, pediu ao Senhor
que o abençoasse, alargasse
suas fronteiras, que Sua mão não o deixasse,
mas acima de tudo que o preservasse do mal, de modo que não lhe viesse
aflição.
A aflição virá todas as vezes que Satanás ganhar espaço em nós. Satanás
detesta o crente que invoca o Senhor e que é abençoado por Deus pelo
motivo simples que tal pessoa possui um relacionamento íntimo com Ele. No
entanto, não basta ter esse relacionamento maravilhoso com o Senhor se não
pedimos a Ele para nos livrar do mal. Perceba que preservar ou livrar do mal
vem
antes da aflição. A aflição é o resultado da tentação, o resultado da
operação do mal seja em qual circunstância for. Aflição, no original
hebraico, é “atsab” que significa ferir, doer ou estar ferido ou com dor.
Bastante sugestivo para quem tinha o nome de Jabez, que significa “afligir
ou ser causador de dor”. Jabez não queria ser nem experimentar daquilo que
havia nascido. Nós também temos
uma natureza maligna que nos faz pecar,
mas não queremos ir até o ponto de pecarmos. Livrar do mal é pedir que o
Senhor nos livre dessa tentação que nos faz pecar. O diabo tem como grande
parte do seu alvo ativar nossa carne para que ela peque contra o Senhor. Não
se esqueça disto: nosso EGO sempre estará envolvido
no processo do
pecado.
Esse foi o mal que Eva não evitou. Digo isso porque em nenhum momento a
Bíblia diz que ela pediu ajuda para seu marido ou para Deus. Ela
simplesmente permitiu que a soberba da vida a dominasse. O Senhor havia
lhe dito que não comesse da árvore do bem e do mal. E entre o que Deus
havia lhe dito e o que Satanás disse, ela preferiu dar ouvidos a Satanás. E
olhe que ela nem mesmo possuía ainda a natureza maligna, mas permitiu que
a soberba dos olhos a dominasse para satisfazer sua carne. A soberba que
procede do mundo e não de Deus, como diz o apóstolo João.
“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e
árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu...” (Gn
3.6)
O que fez Eva ver foi o fato de que o fruto da árvore era bom para se comer.
Que satisfação aquele fruto lhe daria, deve ter sido seu pensamento. E por
que não comer? Será que Deus é tão egoísta que Ele quer esse fruto somente
para Ele? Ela contou com a ajudazinha de Satanás. Ele estará sempre pronto
para dar-nos essa ajudazinha maligna desde que seja para agredir a Deus e
conduzir o homem ao erro.
Aquilo que satisfaz nossa carne fatalmente irá despertar nossos olhos. Se não
tivermos uma disposição de rejeitar essa tentação, iremos tropeçar. A obra
do diabo é oposta a de Deus. Tudo que o Senhor faz em nós Ele inicia dentro
de nós. Primeiro Ele nos dá uma nova natureza. Ele nos dá Sua própria vida.
A partir dela, podemos desejar o que Ele deseja e, acima de tudo, satisfazer
nosso
espírito e não nossa carne.
Quão diferente foi a resposta de nosso Senhor Jesus! No deserto Ele passou
pelo mesmo processo de tentação, mas sua resposta foi diferente.
“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
diabo. E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então,
o tentador, aproximando-se,
lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas
pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito:
Não
só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de
Deus. Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do
templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito:
Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão
nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus:
Também está escrito: Não
tentarás o Senhor, teu Deus. Levou-o ainda o
diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a
glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então,
Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu
Deus, adorarás, e só a ele darás culto.” (Mt 4.1-10)
Capítulo Quatro
Podemos perceber que existem duas coisas que devem ser separadas aqui.
Primeiro você tem que ser fortalecido e, somente depois, deve revestir-se da
armadura. Perceba que existe uma sequência. Não queira vestir a armadura
sem primeiro se fortalecer no Senhor.
Por isso, a convocação é para mim e para você como cristão; porém, é
importante que você entenda que, se estiver prevenido, munido antes,
fortalecido no poder de Deus, quem poderá lhe resistir quando se revestir da
armadura de Deus?
Por que você acha que o povo usava armadura naquele tempo? Quando
alguém usava a armadura, vestia-se da cabeça aos pés e, dessa forma, a
chance de a espada ferir era pouca. É por isso que você deve estar prevenido
e munido da maneira correta, isso já é meia batalha ganha: se alguém que
não tem armadura vai lutar com alguém que se encontra vestido, quem
prevalecerá? Provavelmente aquele que tem a armadura.
Por que insistir nisso? A razão é que você tem a necessidade de se fortalecer.
Primeiro, porque o inimigo é forte. Baseado em 1 Pedro 5.8, já ouvi muita
gente dizer que o diabo é um leão desdentado. Isso é verdade?
Outro aspecto pelo qual temos que nos fortalecer é porque os dias são maus,
e são maus por causa de tudo que nos cerca, da inveja e destruição. O mundo
que nos cerca é um mundo tenebroso e mau, e o pecado e o mal estão
poderosamente organizados. Olha
a sua carne: a natureza pecaminosa que
está no seu corpo, mesmo sendo crente, está em linha com Satanás. Há uma
atração entre sua
carne pecaminosa e ele, pois ambos estão plenamente
conectados.
Por isso os dias são maus. É por essa razão que existe uma batalha no seu
interior todos os dias. Havia um lamento do apóstolo
Paulo quando disse:
“Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço”
(Rm 7.19). Tudo por causa dessa associação.
Jesus não nos enganou, há uma guerra a ser travada aqui na terra, porque o
mundo jaz no maligno. Nós, como igreja, somos desafiados a vencer o reino
das trevas. O inimigo é forte, então precisamos ser fortalecidos, porque os
dias são maus.
Quem gosta de ter fracasso pessoal? Ninguém gosta de ser derrotado. Dessa
maneira, há necessidade de ser fortalecido, porque, quando você fraqueja,
vai se sentir mal, derrotado.
Quero lhe falar algo: antes de você pregar o evangelho para todo mundo, dê
o seu testemunho.
Sabia que só sua resistência aos dias maus em sua vida já é um grande
testemunho para um ímpio? Visto que somos o Corpo de Cristo,
necessitamos de fortalecimento porque carregamos o nome e o testemunho
de Jesus. A segunda razão por que temos que nos fortalecer é porque temos
que nos convencer da fraqueza. Ainda há fraqueza em você. Quando falo de
fraqueza, falo de debilidades da imaturidade.
O orgulhoso não acredita que tem fraqueza. Jacó é um bom exemplo. Ele
demorou a receber as bênçãos de Deus porque era muito forte. Somente
depois de sofrer muito, ele pôde experimentar as bênçãos de Deus.
Jacó era um homem de Deus. É interessante ver a diferença que havia entre
Jacó e Esaú. Este não se preocupava com Deus, não valorizava as coisas de
Deus, não era como Jacó. Jacó valorizava as coisas de Deus e, apesar disso,
era muito forte e arrogante. Precisou passar por muitas lutas e provações, até
que um dia reconheceu que era fraco e precisava de Deus. Trazendo pra
hoje, é como se ele tivesse dito: “Eu preciso dos irmãos, eu preciso do meu
discipulador, do meu líder”.
Este é um dos fatores por que você precisa se fortalecer para a batalha:
porque você é fraco.
Você tem que ser fraco para Deus, tem que perder logo para Ele.
Estou lhe
ensinando princípios básicos da batalha espiritual antes de se revestir da
armadura e de você ir para a guerra. Portanto, é muito melhor reconhecer a
fraqueza e ser fortalecido no Senhor.
Outro aspecto que você precisa saber dentro da necessidade de se fortalecer
é que Deus é forte quando dizemos que DEUS é forte: porque Ele tem poder.
Existe um ponto que desejo avançar nessa explicação. Não é uma questão
somente do dom, isto é, da força que há dentro de você, da natureza de Deus,
do Espírito Santo. A questão é que o “dínamos” de Deus que há em você
pode não ser manifesto.
Sansão não tinha o Espírito Santo em seu interior, mas havia um propósito
sobre sua vida. Ele era um instrumento de Deus. Ele podia contar com a
força do Senhor por causa desse propósito.
Parafraseando... “Dá-me uma única chance; perdoa-me por tudo que fiz de
errado”. Provavelmente, naquele momento, o
Senhor pode ter falado: “Ok,
está bom. Eu o perdoo. Mas, meu propósito está em você, já disponibilizei
este poder a você, agora é só colocá-lo em ação”. A Bíblia mostra então que
Sansão começou
a colocar força sobre aquelas colunas (Jz 16.29). Deus é
poderoso,
isso é maravilhoso e temos esse poder à nossa disposição para o
cumprimento do propósito. Amém. Aleluia!
Ainda mais agora que temos o Espírito Santo! Ele não é uma energia, é
poder. A Sua unção é poder. Muitos são fracos ou estão fraquejando porque
simplesmente não manifestam este poder: o Senhor é forte.
Essa mesma força está à nossa disposição, e como funciona! Nós temos que
ter clareza disto: a força de Deus estará disponível a você quando você viver
tendo Jesus como exemplo.
Ele disse: “
[...] mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33). “Não
se turbe o vosso coração (as lutas podem vir!), nem se atemorize” (Jo 14.27
– parênteses nossos). “Mas, eu venci...” É como se Ele dissesse: “Se você
tem a minha natureza, tem o mesmo poder que eu tenho. Se você tem minha
autoridade, esse poder é consequência dela”.
Essa força é para nós e temos que tirar o maior proveito dela. A nossa força
é quando olhamos para Jesus e O vemos vencendo, apesar de tudo que Ele
passou aqui na terra.
Capítulo Cinco
N
ão tem coisa melhor que descobrir que determinada luta não é nossa, mas de
outra pessoa. Imagine você como um adolescente e, de repente, vindo em
sua
direção um jovem mais forte dizendo que vai pegar você. Só que você fica
tão assustado que não percebe que há, atrás de você, outro
jovem ainda mais
forte vindo em seu socorro e assume a posição de briga em seu lugar. Você
não sentiria uma sensação de alívio indescritível? Dá até para ouvir seu
“ufa”!
O livro de Efésios nos exorta a nos fortalecer no Senhor, mas como posso
usufruir dessa força? Essa é uma questão legítima que,
volta e meia, lampeja
em nossa mente.
Primeiro, a grande guerra é Deus FAZER de você uma pessoa que conheça
as verdades da Palavra e desfrute das bênçãos espirituais. Não se esqueça de
que Cristo é o autor da nossa salvação (Hb 2.10). Essa palavra “autor” no
original nos dá uma ideia de um líder que encabeça. Dessa maneira, se é Ele
quem encabeça, é Ele quem está conduzindo-o, levando-o. O Espírito Santo
nunca desistirá, assim como diz o apóstolo Paulo, até Cristo ser formado em
nós (Gl 4.19). E, acima de tudo, temos que confiar nEle em toda e qualquer
situação que tivermos que passar, uma vez que Ele
está nos conduzindo em
vitória. Ele é o nosso general.
Jesus Cristo caminhou reto, focado: “Se tenho que ir para a cruz, estou indo
para cruz” (paráfrase nossa). Esse é o nosso grande
exemplo, a grande força
que precisamos tomar. Cristo é quem nos
está conduzindo em triunfo e para
a vitória. A igreja é um exército,
mas eu sou um soldado. Eu fui convocado
como um soldado, mas,
apesar disso, a guerra não é minha. Não estamos
travando uma guerrazinha particular, nem uma guerra pessoal com o diabo!
A batalha é do Senhor.
Satanás guerreia comigo e com você para atingir Deus. É a honra de Deus
que ele quer atingir. É o caráter de Deus que está em jogo. Individualmente
lutamos, mas Deus não vai aceitar de maneira alguma Satanás macular a Sua
honra, Seu caráter. Dessa forma, essa luta é de Deus. Os planos são de Deus
e é Ele quem move as peças para que você seja vitorioso. Deus está
movendo tudo para que você seja vitorioso, mas, apesar de Deus ser o
Senhor da guerra, você luta como um soldado (iremos abordar esse tema no
próximo capítulo).
Por que muitas vezes somos derrotados? Porque não temos clareza deste
entendimento. A guerra é de Deus e, se eu me posicionar dentro dessa
revelação, é certo que a vitória nos será dada. Davi tinha entendimento de
que a luta com Golias não era dele, foi para a batalha porque era soldado. A
guerra é do rei, a guerra é da rainha, a guerra é da nação, não é minha, mas
eu sou soldado da rainha, sou soldado do rei. Então, o inimigo não está me
afrontando, está afrontando o rei.
Davi sabia que a guerra era da nação, mas ele disse: “...eu vou te ferir” (1Sm
17.46), porque tinha clareza de que era um soldado,
mas muito mais clareza
de que a guerra não era dele, porém, do rei, da nação e, acima de tudo, do
Senhor. Ele sabia que a vitória não dependia da força dele, por isso tinha
percepção de que a vitória dele dependia da força do Senhor.
Deus está convidando você nestes dias a ter uma vida abundante, mas você
precisa de clareza das verdades, caso contrário o inimigo irá derrotá-lo.
Quando você estiver passando por uma luta, vire para o inimigo e diga: “Se
você está pensando que esta guerra é minha, você está enganado. Você está
afrontando é o meu
Pai. Ele é o Rei dos Reis, o Senhor dos Senhores. A Ele
pertence a guerra. A minha luta é a luta dEle. A minha força é a força dEle”.
O diabo anda ganhando muito terreno na vida das pessoas porque elas estão
entrando na batalha sem ter conhecimento das verdades espirituais.
O diabo, seu adversário, antes de tocar em você tem que tocar nos anjos que
estão ao seu derredor. Os anjos trabalham em seu favor (Mt 18.10), e não se
esqueça de se fortalecer em todas essas verdades antes de entrar na batalha.
Alguém pode até dizer: “Eu já estou sendo derrotado neste exato momento.
Tenho lutado sozinho a guerra em meu casamento. Não tenho conseguido
descansar no Senhor”. Essas palavras são como um pedido de socorro ao
Senhor da batalha. “Minha fé está minada. Apenas vejo minha esposa como
minha inimiga. Não estou conseguindo crer que Satanás é quem é o
adversário, e ele deve estar rindo de mim nesse exato momento”. Só que ele
não consegue perceber que você não está sozinho. “Posso ser um soldado
ferido, um soldado que está com os olhos machucados pelo engano, mas não
estou só. O Senhor dos exércitos virá contra Satanás com tamanha fúria, pois
sou amado do Pai”. Esta é a verdade. “Sou a menina dos Seus olhos”. Quem
poderá contra Ele? “Posso não saber como lutar, mas Ele virá em meu
socorro. Ele é a Rocha da minha Salvação!”
“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não
permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais
suportar.” (1Co 10.13)
Mesmo quando estou pensado que estou sozinho, o Autor da minha salvação
está planejando algo. Ele está pensando e tramando
um ataque
poderosíssimo contra o inimigo. Mesmo quando Adão
e Eva pecaram, o
Senhor simplesmente não os exortou, dizendo: “O que foi que fizeram?
Comeram do fruto que Eu dissera para não comer? Pois, de agora em diante,
vocês terão o enganador como inimigo e terão que lutar essa batalha
sozinhos. Não contem comigo!”.
Foi isso que aconteceu? Ou o Senhor exortou Adão e Eva, mas disse que
haveria guerra entre o diabo e o seu descendente, que é Cristo? Na verdade,
esta é a guerra que está sendo travada entre o diabo e o Descendente, a luz
contra as trevas, o céu contra o inferno. No entanto, há um pormenor: Cristo
iria pisar na cabeça da serpente (Gn 3.15), e Ele já pisou. Satanás já está
derrotado. O Senhor o derrotou na cruz do Calvário. São mais de dois mil
anos de vitória. O inimigo já está vencido. Por mais que passemos por
situações de combate, a luta já está ganha e precisamos lançar nossa fé nessa
direção. A batalha não é nossa, mas de Deus.
“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não
pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada
um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a
cobiça, depois de haver concebido, dá á luz o pecado; e o pecado, uma vez
consumado, gera a morte.” (Tg 1.13-15)
O pastor Aluízio Silva, nosso pastor na Videira de Goiânia, sempre diz uma
frase: Se todo o trabalho é de Deus, toda a honra também deve ser dEle. O
homem sempre deseja ser honrado e anseia pela glória, até mesmo na
batalha espiritual. No entanto, como poderíamos vencer um inimigo que não
vemos e ainda por cima mais poderoso que nós? Se toda batalha é de Deus e
nossa vitória é um presente dEle, da mesma forma toda honra e glória devem
ser dadas a Ele.
Não é muita pretensão nossa crermos que podemos vencer qualquer coisa no
mundo espiritual? O Senhor não é incoerente. Ele sabe de nossas
debilidades, inclusive até onde vai nossa condição de enfrentar o inimigo.
Por isso, na realidade, é Ele quem está pelejando por nós. Somente em Cristo
encontramos a vitória.
Sua honra está em jogo. Como poderíamos desejar a
honra para nós em algo impossível? Toda honra deve ser dada a Ele, pois
toda guerra é dEle. Somos como Josué no campo de batalha. Ele somente
prevalecia quando a mão de Moisés era erguida. Por isso, a vitória de Josué
no campo de batalha dependia apenas de Moisés no monte. Monte aqui
aponta para o céu. Se quisermos mudar a terra, temos que tocar no céu. No
entanto, não podemos nos esquecer também de que toda a honra é do céu.
Josué sabia disso, tanto que ele nunca reivindicou para si honra alguma. Ele
apenas queria servir a Moisés que, neste contexto, aponta para o Senhor.
Permanecer e descansar
O Salmo 91 nos ensina muito sobre batalha espiritual. Nossa vitória está em
permanecer no Senhor e descansar nEle.
A forma dessa habitação é mediada pela fé: “Deus meu em quem confio”.
Pela fé, vivemos e nos movemos. A forma de permanecer “em Cristo” é pela
fé. Aquele que não vive pela fé não tem
a confiança necessária para vencer
as batalhas espirituais. Mesmo que você “ande pelo vale da sombra da
morte, não temerá mal nenhum” (Sl 23.4), porque você estará em Cristo, e o
descanso é justamente por você confiar. Uma vez que confia, você pode
habitar, e o descanso virá.
Para você entender melhor, vou fazer uma analogia com um ministério
político de uma nação. Algumas pessoas dizem que o ministro “tal” não faz
nada. Então, alguém replica: “Olha, ele não faz nada não é porque não quer,
mas porque na realidade quem manda no ministério são os burocratas. Até
que o ministro quer fazer algo, mas quem manda mesmo são eles”. Repare
que o mais alto é o ministro, mas quem detém o poder são os burocratas, e é
por isso que dizem que muitos ministros não conseguem fazer tanto quanto
gostariam. Contudo, isso não acontece com o Senhor.
Além de ser o
superior, Ele ainda detém todo o poder. Isto é, a Sua vontade será feita.
Mesmo que as hostes malignas não queiram, terão que obedecer porque Sua
vontade será feita de acordo com “a força de Seu Poder” (Ef 6.10). A
autoridade é dEle, mas também o poder é dEle. Glória a Deus! Confie nisso.
Descanse à sombra do Onipotente.
Aqui é feita alusão a uma ave que guarda seu filhote debaixo de suas asas.
Qualquer inimigo que tentar se aproximar para tocá-lo, primeiramente vai ter
que tocar na ave mãe. Assim é nosso relacionamento com o Senhor;
qualquer um que deseje tocar em nós, primeiramente terá que tocar no
Senhor. Em última análise, seus inimigos em primeiro lugar são inimigos
dEle. Mas isso não pode ser apenas uma teoria em sua cabeça, uma
concordância mental, mas deve ser antes de tudo uma fé do coração. É sua fé
que fará toda a diferença. Confie que o Senhor está lutando suas batalhas e
você terá descanso em sua alma. Pare de viver uma vida tensa preocupado
com problemas que fogem ao seu controle.
Aquilo que você não pode fazer,
Ele fará por você.
Por último, “
a sua verdade é pavês (escudo grande) e escudo (pequeno)”
(Sl 91.4 – parênteses nossos). A palavra verdade poderia ser
traduzida por
fidelidade nesse contexto. Isto é, você pode colocar toda a sua confiança
nEle porque Ele é fiel. Mesmo que você não seja fiel, Ele é. Não é uma
mentira, nem algo apenas para agradar. A Sua palavra é a verdade, e se Ele
disse que vai guardá-lo, é porque Ele irá fazer isso, e não vai desamparar
você. A sua vitória vai chegar porque Ele é fiel e verdadeiro. Aleluia!
Glórias a Deus! Isso não é maravilhoso?
Capítulo Seis
espiritual.
Algum dia desses, conversando com minha esposa, ela fez a seguinte
afirmação sobre determinado assunto: “Os crentes deveriam
se comportar da
mesma maneira que os ímpios, caso contrário, seriam piores que eles”. Eu
retruquei dizendo: “A grande diferença
é que os ímpios não participam da
batalha espiritual que os crentes
participam”. O que estou querendo dizer é
que existem coisas que o crente poderia fazer da mesma forma que o ímpio
(exceto coisas pecaminosas, obviamente), porém, deveriam evitar, uma vez
que nós estamos debaixo de uma guerra espiritual, e eles não.
Quando uma nação entra em guerra com outra, é a nação que está em guerra,
mas seus cidadãos habilitados são convocados a participar dela como
soldados. Da mesma forma somos nós. Pertencemos à nação celestial, não
pertencemos a este mundo. Este mundo jaz no maligno (1Jo 5.19). O Reino
de Deus, através de Sua igreja, está avançando sobre o império das trevas, e
nós somos os soldados dessa nação celestial. A nossa parte na guerra é
reivindicar as estratégias e todo o poderio das armas espirituais ao nosso
general, que é Cristo, o Senhor Jesus, que nos arregimentou:
“Porque as
armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em
Deus, para
destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante
contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à
obediência de Cristo” (2Co 10.4).
Mas, quando o Corpo de Cristo estará pronto para a guerra? Ele mesmo
responde: “...uma vez completada a vossa submissão”.
Nossa convocação
Não existe na Bíblia o conceito de Deus trabalhar sem o homem. Sua palavra
confirma isso: “Os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a ele aos
filhos dos homens” (Sl 115.16). O Senhor decidiu trabalhar na terra com e
através do homem. Tudo que o Senhor faz aqui na terra Ele o faz com a
nossa participação.
Nós fomos escolhidos pelo Senhor para trabalharmos junto com Ele. É por
isso que a vitória na batalha espiritual depende, por um lado, de o Senhor
entregá-la em nossas mãos e, de outro, de irmos e guerrearmos com as armas
que Ele coloca em nossas mãos. Porém, nunca se esqueça de que nossa
grande arma é a Palavra de Deus tomada pela fé.
Tudo que mencionamos até aqui aponta para a batalha espiritual. O crente
não pode viver uma vida sem lembrar e crer em sua existência. Não pode
menosprezar o inimigo. O apóstolo Paulo sabia disso quando expressou:
“...para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe
ignoramos os desígnios” (2Co 2.11).
Não deu outra. O resultado disso tudo foi que ela não perdeu seu marido e
nem mesmo a outra mulher perdeu seu casamento. Ela havia dado de
goleada no inferno.
Uma vez que estamos fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder (Ef
6.10), que não temos mais dúvida de que a batalha pertence ao Senhor, que
pela fé nas verdades da Palavra de Deus já
somos vitoriosos em Cristo Jesus
e que nossa vitória é um presente
de Deus mediante a Sua graça, precisamos
ainda revestir-nos da armadura de Deus para permanecermos firmes contra
as ciladas do diabo.
O alvo é nossa vitória contra as ciladas que virão no dia mau. Não tenha
dúvidas de que todos os teremos. Nossa vitória é manifesta pelo nosso
testemunho. Permaneceremos inabaláveis (v.13), firmes na fé, ainda mais
confiantes em Deus, seguros e íntegros. Este é o resultado: um crente mais
maduro e confiante. De agora em diante, não será qualquer coisa que irá
abalar você. Trata-se de uma mudança de nível. Se você estivesse no
exército, já poderia ocupar o cargo de oficial. Agora, será você que irá
treinar outros para a guerra e ensiná-los a vencer? Que maravilha! Nossas
lutas nos fazem avançar, amadurecer e ficamos mais fortes.
O apóstolo Paulo tinha como modelo, em sua mente, muito provavelmente,
um soldado romano. Em seus pensamentos, estava
visualizando cada parte
das vestes desse soldado e, dessa forma, ele começou a compará-las com a
Palavra de Deus e com todos os elementos de que nossa fé possa lançar mão
para a batalha espiritual. Então, ele medita...
Em sua visão, Paulo percebe que todo soldado carrega consigo suas armas, e
elas estão presas ao cinturão que cinge os lombos do soldado. Esse cinturão
gera confiança no caminhar e no correr. Que
mobilidade esse cinturão lhe
proporciona! Não somente isso, mas ele também gera uma firmeza de que as
armas não sairão daquele lugar e, quando for necessário sacá-las, não ficará
desapontado. A espada estará no lugar onde deveria estar. A firmeza do
cinturão proporcionava tudo isso ao soldado.
Sabe, meu irmão ou minha irmã, por qual motivo o império de Satanás não
subsistirá? Pelo simples motivo de que ele é sustentado pela mentira e pelo
engano. Por isso a Bíblia afirma que ele é o pai da mentira (Jo 8.44). Essa
afirmação é diametralmente oposta ao que Jesus disse: “Eu sou... a verdade”
(Jo 14.6). Não só isso, mas Ele ainda disse que o Pai deu testemunho dEle
(Jo 5.37).
O Pai testemunhou que tudo que Ele fazia era a verdade. Satanás
não possui nenhum testemunho que seja verdadeiro, muito pelo contrário.
Quem pode testificar que ele fala a verdade? As obras de Jesus testificam
que Ele é verdadeiro? E Satanás? Suas obras testemunham a seu favor?
Por isso quero fazer a você um grande alerta: não trilhe sua vida
sobre a
mentira ou o engano, por menor que seja. Não caminhe sua vida na
obscuridade, mas seja transparente, e que as pessoas possam ver realmente
quem você é. Não deixe que esse hábito cresça em você, pois isso é uma
cilada em sua vida. Um soldado cingido com seu cinturão pode se
locomover com facilidade, uma vez que tudo que ele necessita certamente
estará com ele, mas até onde você poderá ir com a mentira?
Ser levado ao redor por todo vento de doutrina é onde mora o perigo.
Algumas pessoas acabam se perdendo em seu crescimento e maturidade e
por isso levam “bordoadas” do diabo, porque simplesmente não conhecem
ou não cresceram no conhecimento do corpo doutrinário verdadeiro da
Bíblia. Dessa forma, “pela artimanha dos homens”, através de “suas
astúcias”, conduzem
tais pessoas ao erro.
Há alguns dias, dei esse exemplo em sala de aula. Disse aos alunos que,
quando fui ao Peru ministrar em nossa conferência, os irmãos me levaram a
um excelente restaurante. Quiseram que eu experimentasse um prato típico
do país, que é um tipo de rato. Confesso que encarei o desafio e provei do
rato, mas não é o tipo de comida que estou acostumado a comer. Aqui no
Brasil, a base de nosso prato, no almoço ou no jantar, é arroz com feijão. Se
eu desejo me alimentar e permanecer forte, terei que comer arroz com feijão
em todas as refeições. Porém, se todos os dias eu começo a experimentar
tipos diferentes de comida, meu organismo irá achar estranho; não comerei
de forma satisfatória e logo estarei subnutrido.
Quero dar outro exemplo para que você possa entender melhor. Às vezes,
faço um teste com a igreja na hora do culto e peço aos irmãos que levantem
as mãos aqueles que se consideram justos. Infelizmente, a maioria não
levanta. Por quê? Simplesmente porque não conhecem a Palavra de Deus em
sua plenitude. Não conhecem a doutrina completa. Eles não levantam a mão
porque na maioria das vezes estão debaixo de acusação e, por isso, pensam
que não são justos. Eles não se acham dignos.
Capítulo Sete
omo era inspirador para o apóstolo observar aquele soldado! Em seu peito
havia uma pesada couraça que o protegia, principalmente os órgãos vitais: o
coração e
“Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse
um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua
própria justiça o susteve.
Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o
capacete
da salvação na cabeça.” (Is 59.16,17)
É muito provável que seja essa a passagem bíblica na qual Paulo
pode ter-se
inspirado ao “ver” o soldado romano. Jesus, em última
análise, é toda a
armadura, porém, nunca se esqueça do preço que o Senhor Jesus pagou
morrendo na cruz do Calvário para que Ele fosse toda a nossa proteção e
salvação.
É elucidativo que a couraça que protegia o soldado não lhe pertencia. Não
vinha dele. Ela era de couro e, para que ele pudesse
desfrutar daquela
segurança, um animal havia sido morto. O couro era “fruto” desse animal,
que deu sua vida para que o soldado tivesse sua própria vida preservada.
Assim é conosco. A justiça que
nos protege não veio de nós. Não se trata de
minha justiça, mas da justiça daquele que morreu para me dar vida e
proteger-me da morte. Nosso Senhor Jesus Cristo é a nossa justiça (1Co
1.30). Não é a justiça própria que nos protege, mas a justiça de Cristo. Não o
meu mérito, mas a Sua obra, a obra da cruz.
A justiça de Cristo nos protege dando vida, representada por fé e amor. Uma
pessoa que não desfruta da fé não desfruta do relacionamento com Deus e, se
não possui amor, da mesma forma não pode relacionar-se com os homens de
forma prazerosa e gratificante.
A grande cilada do diabo é nos convencer de que a justiça própria pode gerar
vida e desfrutar da alegria e vitória ao agradar a Deus. Apesar disso,
infelizmente, muitos estão olhando para si mesmos, crendo que os frutos são
gerados pela sua capacidade e que sua salvação é pelo seu mérito, ou que seu
crescimento e maturidade são obras de sua santidade e consagração. Mas
isso é um engano. Sua justiça própria vai gerar morte em sua vida porque
fará você olhar para si mesmo e não para o Autor e Consumador da nossa fé
(Hb 12.2). Sabe por quê? Na primeira oportunidade que o inimigo tiver,
quando você “pisar na bola”, ele vai gerar acusação e condenação em sua
vida. Dessa forma, ele vai lhe trazer
tristeza, uma sensação de derrota e de
impotência.
“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim
mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para
que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por
obras da lei, ninguém será justificado.” (Gl 2.16)
Aquele soldado romano não andava descalço. Por mais que o Império
Romano houvesse feito um grande trabalho de infraestrutura, inclusive
pavimentando grande parte de sua malha viária,
o soldado necessitava das
sandálias em seus pés. Não podemos esquecer que essas sandálias também
eram feitas de couro. Um animal também havia sido morto para que o
soldado pudesse caminhar livremente e proteger-se de feridas, à semelhança
de nosso
Senhor, que carregou sobre Si as nossas enfermidades (Is 53.4).
Por exemplo: imagine que você tenha clareza de que está fazendo algo fora
do propósito da Bíblia. Você luta para sair, mas não está conseguindo. A
verdade é que você está em pecado, mas a mentira é que Deus não aceita
mais você, que não há solução para você. Repare que é uma verdade
misturada com uma mentira. Quando colocada em sua mente, você chega à
conclusão de que não tem mais chance com Deus. Isso é um engano. Mesmo
estando errado, você ainda continua sendo filho de Deus, desfrutando do
amor do Pai, e Ele não irá abandoná-lo. Essa é a verdade pura. Você pode
sair dessa situação porque Ele é a sua força, basta tomar posse da vitória em
Cristo.
Essa palavra, como todos sabem, significa boas-novas. Quais são as “boas-
novas” na batalha espiritual que podem colaborar para a vitória do crente? A
PAZ.
A paz é primordial para uma vitória espiritual, assim como o moral da tropa
é importantíssimo para a vitória de um exército. O
irmão que está preparado
e firmado na paz de Cristo pode resistir ao inimigo com maior força. Ele está
vigilante contra as ciladas e, por isso, está seguro.
Da paz com Deus porque imagine você entrar numa batalha sem dispor de
sua melhor arma? Se o crente deve estar fortalecido na força do poder de
Deus, como ele irá desfrutar dessa força se não tiver paz com Deus?
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo [...] pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e
gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.1,2).
Tudo que estiver causando problemas em sua vida pode ser solucionado
colocando suas petições em oração, mas, se necessário, suplique. Suplicar
fala de intensidade. Se uma oração normal não estiver funcionando, aumente
a intensidade. Suplicar é um grito de socorro, um clamor profundo. Faça
isso, mas sem ansiedade. Faça isso crendo que Deus “é poderoso para fazer
infinitamente mais
do que tudo quanto pedimos ou pensamos...” (Ef 3.20).
Capítulo Oito
“
Embraçando sempre...” (Ef 6.16). A ideia é um ato contínuo, algo que
você deve levar continuamente. Não se permita ficar sem. A fé é seu escudo
que o protege sempre. Ela é tão grande quando aqueles escudos a ponto de
protegê-lo completamente. No entanto, uma vez que, por negligência, você
deixá-la para trás,
o dardo inflamado irá prevalecer.
O que poderia ser o dardo inflamado? Ele pode ser a incredulidade como
antagonista da fé ou mesmo a independência como manifestação da rebeldia
contra Deus. Em Hebreus 11.1 “...a
fé é a certeza de coisas que se esperam,
a convicção de fatos que se não veem”. Certeza, no original grego, é uma
palavra que pode significar fundamento ou firmeza. Portanto a fé é o
fundamento de coisas que se esperam, ou esperança. A fé é o fundamento da
esperança. Quando estamos aplicando fé, temos a certeza de que Deus irá
cumprir com Suas promessas, de que teremos nossa oração
respondida, de
que podemos confiar plenamente nEle, pois Ele cuida de nós. O dardo
inflamado age nessa certeza, ele age para destruir esse fundamento que
sustenta a esperança. E o crente sem
esperança é um crente derrotado. A fé
foi minada, uma vez que a incredulidade foi estabelecida.
“
Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de
maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem...” O fato
de as coisas não serem visíveis não significa que não existam! E quando
Deus, o soberano, deu uma ordem de comando as coisas invisíveis passaram
a ser vistas, literalmente tornaram-se visíveis.
O dardo atingiu seu ego. Você começa a confiar em si mesmo, na sua força
própria, em seus próprios conceitos e convicções. O dardo nublou a lente
que permitia focar o mundo espiritual e limpou a lente que foca no mundo e
em seus conceitos, esse é o conceito da força e da justiça própria. Ele
conseguiu tirá-lo da árvore da vida e o colocou na árvore do conhecimento
do bem e mal. Você agora vê sua força, sua capacidade e se esquece da força
e capacidade de Deus. Sua confiança foi depositada em o quanto você faz,
fez ou pode fazer. Você abandona a graça e entra debaixo da lei. Deixa o
amor do Pai e entra na esfera do merecimento!
Ainda assim, Ele ama e protege você, porque um dia você fez do Altíssimo a
sua morada...
Perceba que tudo que estava envolvido com as mortes continuou existindo:
as motocicletas, os meios-fios, os buracos e a cabeça do motociclista. Logo
podemos concluir que a única coisa que mudou foi o uso do capacete. O
apóstolo Paulo também sabia
que o uso, pelos soldados romanos, de um
capacete os livraria da morte quando fossem enfrentar o inimigo. Assim é na
batalha espiritual. Existe um capacete que deve ser colocado para enfrentar
nosso inimigo. Esse capacete é o da salvação.
“
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar
os
pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). Mas quem crê nessas
palavras? A maioria prefere viver debaixo de acusação e condenação a crer
que o sangue de Cristo é completa provisão para todo pecado. Isso inclui
pecados pequenos e grandes. Não há pecado tão grande que o sangue não
possa lavar. O sangue é provisão completa para os pecados passados,
presentes e futuros.
“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim
mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para
que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por
obras da lei, ninguém será justificado.” (Gl 2.16)
“Não, mas tenho tanta certeza do perdão, como possuo a convicção de que
existe um Deus no Céu. Os sentimentos vêm e vão e nos enganam. Minha
garantia é a Bíblia Sagrada e nada mais merece tanta confiança. Ainda que
meu coração se sinta condenado, por causa de seus desejos inflamados,
existe Alguém maior que meu ser, cuja Palavra não pode falhar. Confiarei na
inerrante Escritura até a morte, pois ainda que tudo desapareça, a Palavra de
Deus para sempre permanecerá!”
Serei salvo
“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo,
passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16.33)
Paz em Cristo significa confiança de que o que Ele disse, o que prometeu, irá
se cumprir. Quando o inimigo disser que a vida cristã
é muito difícil ou
complicada e que não vale a pena vivê-la, diga ao diabo, na mente, como
resposta: “Eu tenho paz com Jesus, Ele nunca me enganou, nunca mentiu
para mim. Ele mesmo passou por tudo que estou passando, mas teve bom
ânimo; Ele venceu o mundo e eu também vencerei. Ele podia contar com o
Espírito Santo eu também posso. Ele podia confiar no Pai; eu também
confio. Eu tenho paz com Jesus e com Deus. Sou amado do Pai e fiz do
Altíssimo a minha morada”.
Oh! Meu amado irmão! Creia nessas verdades e não aceite as mentira do
diabo em sua mente. Deus o ama incondicionalmente
e Ele lhe deu provisão
completa para sua salvação. Não perca essa esperança. Sua história ainda
não chegou ao fim. O mais importante não é o começo de um filme, mas
como ele irá terminar. Você
está escrevendo um livro, no meio existem
muitas batalhas, mas a vitória é certa no final da história. Você será vencedor
e Satanás derrotado. Esse enredo já está escrito no céu.
Capítulo Nove
não andava conosco. Crente há muitos anos. Assim que entrei no quarto, ele
simplesmente começou a dizer: − Olha, pastor, quero que o senhor saiba que
já li a Bíblia sete vezes. Confesso que não entendi o motivo de sua
explicação, porém sua declaração só me fez pensar numa coisa: Este irmão
leu a Bíblia tantas vezes. Será que ele não leu em Isaías que o Senhor levou
sobre si todas as nossas enfermidades? (Is 53.4). A minha intenção não era
acusá-lo, tanto que nem falei nada com ele. Mas confesso que fiquei com um
sentimento de pena de meu irmão. Ele já havia lido a Bíblia inúmeras
vezes
e muito provavelmente deveria conhecer vários versículos de cor, mas
infelizmente ele não havia se valido das verdades da Palavra de Deus.
Creio que o motivo dessa atitude esteja escrito em 2 Coríntios 3.6: “...porque
a letra mata, mas o espírito vivifica”. Esse irmão apenas valorizou a palavra
escrita e menosprezou o Espírito que a vivifica. Nunca podemos cair na
tentação de separá-los. Tudo que Deus faz Ele faz pela ação da Palavra e do
Espírito.
A espada é a única das seis peças da armadura que pode ser usada tanto para
a defesa quanto para o ataque. No meio da batalha, não podemos ficar
passivos, recebendo os dardos inflamados do maligno sem fazer nada e
apanhando dele. Temos que nos defender e atacá-lo para que não venhamos
a sucumbir em seus ardis.
Posso resumir assim: a Palavra de Deus sem o selo do Espírito não tem valor
na batalha. Ela tem valor, sim, para ser o substrato da revelação, mas não
para o uso no momento da guerra. É como um alimento, o arroz, por
exemplo. Ele somente é comestível depois de cozido. A Palavra realmente
tem poder, mas depois de revelada. Essa é a razão de a Palavra ser a espada
do Espírito.
A palavra revelada, essa, sim, tem poder para defender do inimigo, pois é
uma palavra que anula as mentiras do diabo pela fé. Não consigo imaginar
alguém que possua revelação e não tenha fé. Não creio, pois, somente
aqueles que possuem fé alimentamse da Palavra, através das orações e
meditações. São essas as duas disciplinas espirituais que geram revelação. É
na intimidade da comunhão com o Pai que Ele revela Seu coração.
Quando passei pela luta do câncer, certo dia o Senhor me deu uma palavra.
Ela é viva dentro de mim até hoje. Todas as vezes que
estou enfrentando
uma batalha na mente ou me sentindo fraco, essa palavra se torna fresca
dentro de mim pela fé. Nesses momentos, muitas vezes o sentimento de
fraqueza ou de incapacidade é instalado, pois o inimigo desvia meu olhar
para mim mesmo através de seus dardos inflamados. Ele procura me fazer
olhar para
mim, e não para Deus. Então, o Senhor me lembra de Sua
maravilhosa e poderosa palavra: “Não temas, porque eu sou contigo, não te
assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te
sustento com a minha destra fiel” (Is 41.10). O Senhor me deu essa palavra
num momento de muita dor e luta, no entanto, Ele me deu a vitória. Apesar
de mim, saí vencedor. Combati o bom combate, guardei a fé. Por isso, todas
as vezes que o inimigo vem contra mim com seus dardos inflamados eu
lanço mão da Palavra,
que é a espada do Espírito. Defendo-me e ataco.
Em Mateus 4, o Senhor Jesus foi tentado pelo diabo antes do início de Seu
ministério. Nessa circunstância, Ele pôde resistir ao diabo e o fez usando a
Palavra. O resultado final foi que “... o deixou o diabo, e eis que vieram
anjos e o serviram” (Mt 4.11). O Senhor não aceitou passivamente a
investida do diabo e, dessa forma, Ele o resistiu para confirmar o que a
Palavra diz: “Sujeitaivos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá
de vós” (Tg 4.7). Veja que Ele usou a palavra escrita. Em todas as vezes, o
Senhor disse: “Está escrito”. Por que a palavra escrita valeu para Ele? Onde
entra o Espírito Santo nessa hora?
“Obrigado, Senhor, porque não tenho dúvidas de Seu amor por mim. Não
importa o que eu faça ou deixe de fazer, sou amado do Pai. Eu não preciso
fazer mais nada para que o Senhor me ame mais ou menos, pois Jesus já fez
tudo por mim.”
Muitos crentes vão perdendo terreno para o diabo pelo fato de não terem
certeza do amor do Pai. É extremamente importante você ficar atento a isso,
pois você não imagina o tamanho da porta que o cristão dá ao inimigo para
suas investidas na mente. Gostaria de avaliar dois motivos pelos quais você
duvida que não seja amado de Deus.
Primeiro, por causa de seu comportamento. Você ainda tem a ideia de que
Deus o ama quando você faz algo correto e, consequentemente, Deus deixa
de amá-lo quando você faz algo de errado. Deus não age assim. Nós não
somos amados por Deus com base em nosso comportamento, mas pelo que
Jesus fez por nós na cruz do Calvário. Isso é fruto da manifestação da Graça
de Deus. A Palavra de Deus é categórica quando diz que: “...Deus amou ao
mundo de tal maneira que deu o seu Filho...” (Jo 3.16). O que você acha que
significa “mundo” aqui? Significa as pessoas que
vivem nesta terra.
Portanto, Deus já amava você mesmo quando você era inimigo dEle.
Ele ama mais ainda agora que você é filho! Não somente isso, mas a Bíblia
diz que Ele escolheu você antes da fundação do
mundo:
“Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos
santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele...”
(Ef 1.4,5)
E, ainda:
“Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram
escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando
nem um deles havia ainda.” (Sl 139.16)
Você é uma pessoa amada porque foi Ele mesmo que escolheu você. Ele o
designou para um propósito, e tudo isso por causa do Seu amor.
“Para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio
sangue.” (At 20.28)
Depois, você foi parar na mão do inimigo e, mais uma vez, por causa do Seu
grande amor, Ele se humilhou ao descer à terra como Filho do Homem para
nos redimir e pagar toda a dívida que estava escrita contra nós. Morreu,
derramou Seu sangue e nos tirou das mãos do inimigo.
Deus é o Todo-Poderoso
“Oh! Senhor Deus, criador dos céus e da terra, quem é maior do que o
Senhor?! Todas as coisas o Senhor as tem em Suas mãos e todas estão
debaixo de Seu governo, por isso descanso em Ti.”
Uma vez que Ele o ama e você não tem dúvida disso, vale a pena lembrar
que Ele é Todo-Poderoso para realizar completamente o Seu propósito em
sua vida e, se qualquer situação não estiver dentro desse propósito, Ele irá
reorganizá-la para que aconteça. A Palavra de Deus diz que o Senhor
“endireitará as tuas veredas” (Pv 3.6). Mesmo que você se desvie para a
esquerda ou para a direita, Ele colocará você no caminho reto. Sendo assim,
então para que se preocupar? Ele tem poder para mudar situações e alinhar
circunstâncias. Eu costumo dizer que somente você, e você mesmo,
pode
não permitir que o propósito de Deus se cumpra em sua vida.
Esse é o nosso Deus, que cuida de nós individualmente, mas que é o único
que possui condições de mover todas as peças do xadrez, preocupando-se
com cada uma, e todas elas, no final,
cumprem Seu propósito. Nosso erro é
não confiar nesse amor e esquecer que Ele pode todas as coisas de acordo
com Seu eterno propósito. Por isso, descanse no Senhor e na força do Seu
poder. Use essas duas verdades, pois elas irão protegê-lo de muitos ataques
do diabo em sua mente.
Sei que a tentação pode significar muitas coisas, e sei também que a palavra
mal pode significar todo tipo de mal. Não quero entrar nos detalhes ou no
significado de cada uma dessas palavras, porém, creio que o fato de terminar
dizendo: “pois, teu é o reino, o poder e a glória”, seja pelo simples fato de a
maior tentação do homem ser buscar tudo isso para si. O homem ímpio
busca todas essas coisas, e a tentação e o mal do crente são também buscar
para si cada uma dessas coisas da mesma maneira. Portanto, qual o motivo
de você permitir que o diabo ganhe espaço em sua vida? Comece seu dia
declarando o que a Palavra de Deus nos ensina: “Nada façais por
partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os
outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3).
Jesus fez-se servo para que eu tivesse um modelo a seguir. Ele se humilhou
para que eu fosse exaltado. Por isso, sempre me humilharei para que meu
irmão seja exaltado.
Capítulo Dez
L
emos agora pouco que a Palavra de Deus é autoridade e
que ela deve ser
fresca, renovada pelo Espírito. É por essa
razão que os cristãos devem
alimentar-se da Palavra de
O irmão espiritual sabe que existe um inimigo, mas não tem medo dele.
Conhece a forma de o inimigo agir, sem gastar tempo com ele, mas também
sabe a forma de se fortalecer. Sabe como se alimentar, como obter os
elementos necessários para uma boa alimentação. Não há dúvidas de que,
somente através das disciplinas espirituais como constância, perseverança,
jejum e oração, ele pode sempre ter uma Palavra viva e poderosa para poder
resistir no dia mau.
Quem possui uma palavra viva de Deus é como Davi, que não teve medo do
inimigo. Se você tiver medo do inimigo, ele fatalmente o derrotará. O
inimigo é poderoso, portanto se você olhar para si não tenha dúvida de que
terá medo. Mas se, como Davi, você colocar toda a sua confiança no Deus
dos Exércitos, o medo será lançado fora e você poderá desfrutar da vitória
através da graça de Deus.
Quero que você saiba que eu não sou muito corajoso para enfrentar
cachorros. Toda casa aonde eu chego e tem cachorro é uma
angústia para
mim. É claro que eu não deixo ninguém perceber isso, pelo óbvio. Mas no
meu interior sei o que estou passando.
Certa vez alguém me ensinou algo sobre cachorros. Eles são demarcadores
de território, e aqueles que traspassarem os limites de seu território terão
problema. E não somente isso, mas eles percebem, pelo cheiro, o nosso
medo. Dizem que quando estamos com medo liberamos uma substância
química que é captada pelo olfato canino. Por isso a melhor forma de
enfrentar os cães é justamente não demonstrar medo e não olhar para eles,
pois isso também é um sinal de fraqueza.
O Senhor deseja nos tornar perfeitos, como Seu primogênito, o Senhor Jesus
Cristo. Mas não espere ser perfeito para experimentar a vitória na batalha
espiritual. Alimente-se das verdades espirituais. Se você se alimentar da
Palavra, irá avançar. Ela é como
uma semente dentro de você que precisa ser
regada, adubada com a alegria e o frescor do Espírito. Quando isso acontece,
a Palavra cresce, ganha vigor e, ao ser liberada, libera poder e autoridade.
“
Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim
jamais
terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6.35). Fome e sede, pão
e água, Palavra e Espírito. As duas coisas caminham juntas, por isso
necessitamos de ambos. O nosso alimento completo inclui a Palavra e o
Espírito. Aleluia!
Viver uma vida dependente dEle, ser alimentado por Jesus, significa assumi-
lo. Como Deus é o grande “El Shadai”, que significa o Todo-Poderoso ou o
Todo-Suficiente, todas as respostas às nossas necessidades encontram-se
nEle.
Você precisa crer em toda a plenitude de Cristo. É Ele quem supre todas as
nossas necessidades. NEle encontramos conforto, nEle encontramos paz.
Quando nos alimentamos da Sua Palavra, estamos nos alimentando de Jesus.
Não podemos ser alimentados pelas coisas do mundo, pelo trabalho, pela
ciência, pela luxúria. Nada disso terá valor na batalha. Ela é espiritual, não
natural. Sabemos que nossa luta não é contra carne ou sangue, mas contra os
principados e potestades do ar. Portanto nossa luta é espiritual e não natural.
Não será o dinheiro que irá nos livrar da batalha, ou não será ele que nos
dará a vitória. A Palavra viva que sai de nossa boca, cheia de fé e confiança
no Senhor, é que nos levará a vencer.
São pessoas que têm apenas um relacionamento religioso com Deus e não
um relacionamento de amor, de cumplicidade. Não estão dispostas a fazer a
vontade do Pai. Não possuem autoridade porque não foram alimentadas de
maneira correta. A Palavra de Deus não é atual, não é viva, não é fruto de
um relacionamento íntimo. Essa é a razão de não ser eficaz.
Alimentados no descanso
Nas ordenanças do Senhor ao Seu povo havia o ano do descanso, que seria o
sétimo ano. Eles deveriam trabalhar a terra para colheita durante seis anos,
mas no sétimo era proibido trabalhar a terra. Daí que em Levítico 25.6,
lemos:
“...mas os frutos da terra em descanso vos serão por alimento, a ti, e ao teu
servo, e à tua serva, e ao teu jornaleiro, e ao estrangeiro que peregrina
contigo; e ao teu gado, e aos animais que estão na tua terra, todo o seu
produto será por mantimento.”
Esse versículo tem tudo a ver com a forma como cremos que deve ser
trilhada nossa vida espiritual mesmo durante a batalha espiritual – no
descanso.
Aqui diz que os frutos em descanso serão para alimento. Isso significa que
nosso alimento na Palavra de Deus deve ser da mesma forma – no descanso.
A vitória da batalha espiritual não pode envolver ansiedade ou temor. A
ansiedade é fruto da incredulidade. Não podemos ser ansiosos. Se temos nos
alimentado da Sua Palavra, temos que entrar no descanso.
Hebreus diz até que temos que nos esforçar para entrar no descanso, o
descanso da fé nas promessas de Deus. Esforçar-se é exercitar a fé. É ser
diligente nas orações, na perseverança. Em nossa vida e nos
relacionamentos, tudo corrobora para a ansiedade. Não temos o que
queremos na hora em que queremos, as respostas não vêm na hora que
desejamos. Parece que o tempo e as demais pessoas nos resistem.
O descanso é crer na Palavra de Deus e saber que Ele vela pela Sua Palavra.
Em seu livro “Ânimo”, Eugene H. Peterson nos mostra que o Senhor certa
vez disse para o profeta Jeremias que ele seria transformado em cidade
fortificada e em muro de bronze, no entanto o conceito que Jeremias tinha de
si mesmo era que ele não passava de uma criança. O Senhor então lhe dá
dois sinais: o de uma panela fervente e o outro de uma vara de amendoeira.
Amendoeira era uma planta comum naquela região, que quando findava o
inverno e iniciava a primavera florescia, e a existência da flor da amendoeira
era a certeza de que a primavera havia chegado e o inverno terminado.
Portanto a flor era a certeza de um novo tempo. Acontece que o Senhor disse
a Jeremias que Ele vela pela Sua palavra para cumpri-la. O mais interessante
é que o Senhor usa um jogo de palavras a fim de dar mais ênfase à certeza
do cumprimento de Sua promessa. Amendoeira em hebraico é “shaqed”, e o
verbo velar “shoqed”. Em suma, todas as vezes que o profeta visse a
“shaqed”, ele se lembraria de “shoqed” (velar), a prova de que o Senhor
cumpriria com Sua palavra.
“Veio ainda a palavra do Senhor, dizendo: Que vês, tu, Jeremias? Respondi:
vejo uma vara de amendoeira (shaqed).
Disse-me o Senhor: Viste bem,
porque eu velo (shoqed) sobre a minha palavra para a cumprir.” (Jr 1.11,12
– parênteses nossos)
Sabemos que incenso, na Bíblia, aponta para as orações. Repare no texto que
foi dado ao anjo “muito” incenso. Isso aponta para muita oração. Muitos
dizem que nossas orações devem ser de qualidade e não de quantidade.
Claro que não questiono sobre isso, agora mesmo disse que nossas orações
devem ser focadas para que obtenhamos êxito, mas isso não significa que
não temos que nos preocupar com a quantidade. O Senhor mesmo disse “...
então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não
entreis em tentação...” (Mt 26.41,42)
Perceba que havia, sim, no Senhor, uma preocupação com a quantidade. Ele
não apenas disse: − Irmãos, vamos orar apenas uns
10 minutos, mas nossa
oração será focada, específica e em linha com a vontade de Deus, pois isso é
que dá qualidade a uma oração!
Não, obviamente que a oração de Jesus
deveria possuir todos esses elementos, mas acima de tudo deveria ter
quantidade envolvida.
Creio ainda mais, nossas orações devem conter estes elementos: qualidade e
quantidade, e deve ser acrescida a eles também o que chamamos de
completude. Nossas orações devem ser completas. Foi por isso que nosso
Senhor orou três vezes. Não foi à toa, não foi por acaso. Na Palavra de Deus
o número três significa completude, algo realizado completamente, até o
fim. Em outras palavras, deve haver ação completa. E creio que a ação
completa da oração seja até que o céu responda. Devemos orar com
qualidade, e a quantidade deve ser até que... Até que haja resposta do céu.
Até que você perceba em seu espírito a resposta do Pai. Até que a Palavra de
Deus seja liberada de Seu trono.
É por isso que afirmo que podemos ser alimentados pela oração.
Quando
estamos em constante sintonia com o espiritual, nossos olhos se afastam das
coisas terrenas, mundanas, dos prazeres desse mundo. Olhamos para o céu.
Vislumbramos as coisas do porvir. “Porque para mim tenho por certo que os
sofrimento do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser
revelada em nós” (Rm 8.18).
A oração nos alimenta, pois sabemos que a melhor forma de saber se Deus
tem ouvido nossas orações é através dos nossos alvos
respondidos. Disse que
precisamos estar antenados com o mundo
espiritual. A vontade do Senhor é
feita na terra quando homens e mulheres quebrantados e dependentes se
curvam em oração.
Nunca podemos esquecer que estamos inseridos na batalha espiritual, mas a
nossa vitória é um presente de Deus. Temos que colocar diante dEle nossas
questões. Ele é Pai para nos ouvir e atender nossas orações. Somos
alimentados por essa sintonia espiritual.
Essa sintonia nos alimenta, nos protege e nos fortalece. Podemos resistir no
dia mau. Podemos estar vigilantes contra as ciladas do inimigo. Nossos
relacionamentos serão guardados, nossas emoções protegidas, nossa alegria
de viver mantida e as ações de graças ao Senhor sempre presentes em nosso
coração e inundando
nossa alma alimentada para todas as bênçãos que estão
disponíveis
para nós. Por meio das orações, somos alimentados para manter
viva a chama da fé, da esperança e do amor.
Capítulo Onze
odo soldado que vai para batalha se exercita e passa horas e horas em
treinamento de guerra. O preço é altíssimo. Certa vez conversei com um
discípulo que
Ele me relatou quantas vezes ficou sem dormir, sem comida, e outras tantas
andando por lugares terríveis. Enfrentaram chuva, lama e sol escaldante. Se
esses homens são dispostos a passar por tantos exercícios para serem
treinados para a batalha, por qual motivo os crentes não deveriam ser?
Como no exercício físico, assim deveríamos também exercitar nosso
espírito. Temos que ter o espírito forte e a alma transformada,
com a mente
renovada pela Palavra de Deus. Não podemos ter uma vida cristã passiva,
nem um pensamento tolo de que, como filhos, apenas temos que esperar
tudo do Pai. Não podemos ficar alheios à terra que Deus deu aos filhos dos
homens (Sl 115.16) e que o homem transferiu a Satanás (Mt 4.9), mas que
Cristo agora nos deu Sua autoridade sobre a terra para reconquistá-la para o
Senhor (Mt 28.8-20).
Nossa vida cristã deve ser, portanto, ativa. E, para que possamos
ser fortes e
ativos, é de extrema necessidade que nos exercitemos para o nosso
fortalecimento.
Quais devem ser nossos exercícios? O que podemos fazer para sermos
fortalecidos nEle? Quais são os elementos envolvidos? Vamos explorar
alguns princípios que creio serem importantíssimos para esse fortalecimento.
“Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os
meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus
pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” (Is 55.9)
Muitas das derrotas impostas pelo inimigo estão no fato de que os irmãos
simplesmente possuem sua mente conformada
com o presente século. Em
outras palavras, possuem, permitem ou desenvolvem uma mente mundana,
forjada e alicerçada nos princípios do mundo. Não desenvolvem o perdão,
uma vez que, no mundo, o que prevalece é a justiça própria. Não se
preocupam com a santidade, pois o que impera no mundo é a depravação, a
luxúria e o prazer. É claro que muitos não entrarão de cabeça nessas coisas,
mas amam desfrutá-las numa medida menor. Tudo com base no “todas as
coisas são lícitas”, esquecendo-se do “mas, nem todas convêm” (1Co 10.23).
Saul foi um rei ungido por Deus, mas não permaneceu no Senhor. Ainda no
segundo ano de seu reinado, numa determinada situação, o profeta Samuel
havia lhe ordenado que o esperasse para
que pudesse sacrificar ao Senhor,
mas Saul disse que, forçado pelas
circunstâncias, ofereceu holocaustos, algo
que não estava no raio de sua autoridade (1Sm 13.8-14). Nesse dia, Saul
havia desobedecido ao profeta e à lei e, por isso, foi reprovado. Mas, por que
razão Saul fez isso? Não tenho dúvida de que ele pensou de acordo
com o
mundo, e não de acordo com o Senhor e Seus princípios. É o mundo que age
por impulso. É a mentalidade mundana que age por pressão das
circunstâncias, não nós. Os cristãos devem ser guiados pelo Espírito Santo.
Não podemos ser guiados pela pressão
das circunstâncias, mas pela
percepção espiritual. A mente de Saul
era mundana e não se preocupou em
renová-la.
Por que digo que Saul não tentou renovar sua mente?
Numa outra situação, após essa, o Senhor determinou que
Saul guerreasse
contra Amaleque e o destruísse totalmente, incluindo homens, mulheres,
crianças e animais, mas o que ele fez? Preservou seu rei Agague, bem como
o melhor do gado para que fosse sacrificado ao Senhor. Sua desculpa foi que
temeu o povo e seus soldados. Ele não queria desagradar seus homens, pois
eram mundanos como ele. No mínimo eles acharam um desperdício matar
tantas coisas valiosas (1Sm 15.1-31). Ou talvez devam ter pensado que
Samuel estava equivocado, que provavelmente não havia entendido a voz de
Deus corretamente. Ou ainda podem ter pensado: Isso não parece com Deus!
Para tentar falar sobre esse assunto, temos que primeiro responder qual é o
caminho que o Senhor anda. Qual é o caminho do Senhor?
Para responder a essa pergunta, temos que buscar na Palavra, tanto no Velho
quanto no Novo Testamento. Um testamento é o documento que expressa a
vontade do testador, e a vontade de alguém está intimamente ligada ao seu
caráter. Não está ligada ao temperamento, mas ao caráter. Uma pessoa pode
ser extrovertida, mas seu caráter é quem vai ditar seu caminho. Outra pode
ser reclusa e introvertida, e o seu caráter, e não o seu temperamento, é que
ditará seu caminho. Muitas pessoas introvertidas andam por caminhos
tortuosos tanto quanto pessoas extrovertidas. O caminho de alguém,
portanto, depende de sua vontade e de seu caráter. E qual é o caráter de
Deus?
O salmista disse: “
Pois tenho guardado os caminhos do Senhor e não me
apartei perversamente do meu Deus. Porque todos os seus juízos
me estão
presentes, e não afastei de mim os seus preceitos. Também fui íntegro para
com ele e me guardei da iniquidade” (Sl 18.21,22).
Por qual motivo contei essa estória? Pelo fato de que grande parte dos
irmãos pensa que sua derrota está em suas fraquezas, e não em sua força
natural. Nas áreas em que eles são frágeis e, consequentemente, buscam
ajuda de Deus, no final acabam se fortalecendo. Porque, nesse caso, tornam-
se dependentes de Deus,
e em Deus, e somente nEle, é que podemos vencer.
Somente nEle podemos ser fortalecidos.
Quero alertar você de que as áreas nas quais você mais acredita que é forte
são justamente as brechas por onde o inimigo irá derrotar você.
Não se iluda, pois você não tem áreas fortes. Sua área forte chama-se Cristo.
É justamente nessas áreas que você pode dar brecha para que o inimigo
ganhe vantagens sobre você.
Muitos dizem: − Eu não caio em pecados sexuais; não sou tentado nessa
área. Não sou tentado em pornografia, procuro me santificar. Não tenho
pensamentos impuros. Não sou tentado pelo
sexo oposto. Aí é que está o
problema. As serpentes da Etiópia estão aí. Você não está em Cristo nessa
área. Você está confiante na sua força e a sua força será a sua fraqueza, a
brecha por onde o inimigo um dia poderá entrar. E ele sabe disso. Todas as
vezes que não confiamos no Senhor para nos proteger, o orgulho foi
instaurado, e seu orgulho um dia irá derrubá-lo.
Mas você pode mudar essa realidade. Consagrar-se é entregar todos os seus
caminhos ao Senhor. Não confie em si, mas somente nEle. Santificar-se é
viver uma vida separada, dedicada a Ele. Não permita que seus pensamentos
estejam contaminados pelos pensamentos do mundo. Tais pensamentos são
brechas abertas para a ação maligna, mas você pode se santificar aos
pensamentos e caminhos do Senhor. Exercite-se nessas verdades que o
inimigo não encontrará lugar para entrar.
Certa vez estava visitando uma igreja quando o pastor que ministrava disse
que o poder é maior que a autoridade. Aquela afirmação não entrou com
clareza dentro de mim. Parecia que meu
espírito não havia concordado com
ela, então comecei a meditar no assunto e pedir luz ao Senhor sobre essa
afirmação.
Como sabemos, o policial pode andar armado. Pode acreditar no que vou
dizer: arma é poder. Não tente experimentar para ver. Tem poder para ceifar
vidas, assim como tem poder para evitar uma tragédia. Esse poder pode ser
usado para o mal, mas também para o bem.
Vamos imaginar agora a seguinte situação. Se o policial de trânsito tentar
parar um caminhão somente com sua arma, sem estar vestido com sua farda,
muito provavelmente o motorista irá acelerar mais e, se o policial estiver em
sua frente, poderá até mesmo passar por cima dele, pois poderia pensar
tratar-se de um assalto. Mas, da mesma forma, se o policial estivesse sem a
arma e apenas vestido com sua farda munido de um apito, haveria grande
chance de o motorista parar e respeitar a ordem que lhe fora dada.
Nesta dispensação, toda autoridade foi dada a Jesus, tanto no céu quanto na
terra, para que Ele seja o Senhor. Na Segunda Epístola de Pedro 1.17, vemos
que “...ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela
Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu filho amado, em
quem me comprazo”. Deus Pai tem tanto prazer no Filho que lhe delegou
toda a autoridade. E, na terra, como Jesus recebeu essa autoridade? A
autoridade da terra
até então estava sob o domínio de Satanás. Este falou, em
Mateus 4.9: “...e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado me adorares”.
Você não acha que foi muito atrevimento de Satanás?
Não foi, sabe por quê? Ele recebeu essa autoridade quando Adão
pecou. A
Bíblia afirma que o Senhor Deus deu a terra aos filhos do homem (Sl
115.16). A terra é de Deus, tudo é de Deus, mas o Senhor havia colocado a
terra debaixo da autoridade do homem, no entanto, na queda, o homem
entregou essa autoridade ao diabo.
Dessa forma, vimos que Jesus tem autoridade sobre a terra e, por isso, Seu
poder está disponível para ser usado na terra. O poder
de curar, de libertar,
de salvar e o poder de amar, acima de tudo. Esse poder está disponível para
nos fortalecer no Senhor. A força do Seu poder está fundamentada na
autoridade de Cristo, que foi reconquistada sob a face da terra. Ela está
disponível a nós, seus irmãos menores e servos, porque pertencemos a Ele.
O que Ele mandar podemos fazer, porque Seu poder está disponível a nós.
Isso não é maravilhoso? Como isso é tremendo!
Por causa dessa maravilha é que podemos dizer: “Tudo posso naquele que
me fortalece” (Fp 4.13).
Capítulo Doze
Eis a razão. Crer que Ele existe implica diretamente que Ele também enviou
Seu Filho, o Cristo, para nos redimir, nos purificar
dos pecados e que agora
está assentado à direita da Majestade, nas alturas (Hb 1.3). E não somente
isso, mas que tudo que pedirmos
devemos pedir em Seu nome. Nossa fé
deve estar atrelada a esse nome. Essa é a verdadeira fé. Crer na existência do
Pai, no Seu Filho e no Espírito Santo, que nos consola e nos guia.
O segundo motivo por que sem fé é impossível agradar a Deus é “...e que
[Ele] se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). Galardão é
recompensa. E o Senhor é quem recompensa quem O busca. Aquele que é
convencido de que é um pecador e busca a Deus recebe a recompensa da
salvação. Aquele salvo que decide viver uma vida fazendo Sua vontade
recebe a recompensa do reino. Meu Deus, isso é maravilhoso! Todas as
vezes que o buscamos, seremos recompensados. Ele está sempre pronto para
ser achado, para ser buscado. Seu coração está sempre pronto para
recompensar. E não somente quando fazemos algo para Ele, mas quando O
buscamos acreditando em Sua maravilhosa graça. Até mesmo quando não
merecemos, podemos receber a recompensa da graça. Isso é viver uma vida
completamente dependente dEle. Se não cremos nessa verdade,
desagradamos a Ele.
Viver pela fé implica em acreditar nisso. Aqueles que não duvidam, entram
no descanso da fé e perseveram até o fim. Esses poderão desfrutar de um
Deus que é recompensador. Há uma recompensa quando combatemos o bom
combate da fé (2Tm 4.7), e essa verdade anula o engano da dúvida. A dúvida
diz que Deus não existe, que Jesus Cristo não passa de um bom homem, que
o Espírito Santo é apenas uma energia, um poder, em suma, que a Trindade é
apenas uma invenção do homem, que se trata apenas de uma doutrina, é
apenas um erro linguístico. Mas a fé diz: tudo isso é verdade.
Toda tentação tem por base a dúvida sobre a Palavra de Deus, assim como a
vitória tem por base a fé na Palavra. Se creio na Palavra de Deus, recebo Sua
recompensa. Se coloco minha fé no Senhor, recebo a vitória. Ele é o Todo-
Poderoso, Ele pode todas as coisas, pode realizar tudo aquilo que promete.
Ele vela pela Sua Palavra. Velar é ter um zelo para que se cumpra tudo
aquilo que foi prometido.
A outra coisa que Satanás faz é levar o homem a duvidar do que Deus é.
Primeiro Satanás lançou dúvida sobre a bondade de Deus. “Não é assim que
Deus disse: Não comereis de toda árvore do Jardim?” (Gn 3.1). Na
sequência, ele sempre tenta lançar dúvida sobre o caráter de Deus, por isso
ele faz uma afirmação confrontativa... “É certo que não morrereis” (Gn 3.4),
o alvo é tentar nos convencer de que Deus mente. A questão não é estimular
a incredulidade da existência de Deus ou da Sua bondade, mas atingir Seu
caráter. Ele quer tentar nos convencer de que nem tudo que Deus diz é
verdade. Essa é a intenção do maligno. Não crer em toda a Palavra é tão
grave quanto não crer na Palavra. Não crer em tudo que Deus diz é tão grave
quanto não crer que Ele existe.
Certa vez fui visitar uma pessoa que estava com câncer de pulmão. Assim
que cheguei a sua casa e perguntei como ela estava, disse-me: − Estou como
Deus quer... Então eu lhe disse: − Isso não é verdade. Deus não deseja que
você seja doente. Ele não preparou um câncer pra você. Essa não é Sua
vontade, muito pelo contrário, Ele deseja a sua saúde! Então a ensinei acerca
da verdade da Palavra, que o Senhor já levara consigo na cruz todas as
nossas enfermidades. Ela creu e confessou a verdade. Algum tempo depois,
recebi a notícia de que essa irmã havia sido curada.
Veja que Davi já havia se fortalecido no Senhor. Por isso dizemos que o
servo do Senhor é forjado na batalha. Essa é a experiência que eu chamo de
conhecer os princípios espirituais da batalha espiritual.
As pessoas do mundo não têm a batalha espiritual que você tem, por quê?
Porque elas já estão do lado do inimigo. Somente tem batalha quem não está
do lado do inimigo. Você agora é de Deus, você é do céu, você não é mais
aqui da terra, você agora pertence a Deus, não pertence ao diabo. Você já foi
transportado do “império das trevas para o reino do filho de Seu amor” (Cl
1.13).
É por isso que ímpio não tem problemas com batalha espiritual; ele já faz o
que o diabo quer, o diabo não precisa guerrear contra o ímpio, este chamado
de batalha espiritual é seu, é meu. Deus nos convocou. Assim como foi o
homem que entregou a terra
para o diabo, será o homem que irá retomar a
terra de Satanás. Você é o instrumento da batalha, não é Deus que está
tomando a terra de novo, é você, no “front” da terra.
Por isso o apóstolo Pedro diz, “seja sóbrio”. Essa palavra, no original, tem o
sentido de estar calmo e sereno de espírito. Gosto disso. Como você pode
ficar calmo e sereno dentro do contexto de uma guerra? Vejo pelo menos três
aspectos. O primeiro fala de confiança. Se eu creio que apesar de travar uma
batalha em última análise ela é uma guerra do Senhor, então eu posso entrar
no descanso. Pois quem é maior que o Senhor? Quem é maior que o Senhor
dos Exércitos? Veja o que o Salmo 76.3-7 diz a Seu respeito:
A segunda razão, creio eu, pela qual o apóstolo Pedro nos diz para ficarmos
sóbrios é no sentido de tomarmos cuidado em não ser precipitados. Uma
batalha precisa de soldados e oficiais sóbrios
para não tomarem medidas
tolas, insensatas, que poderão comprometer a vitória. Quantos irmãozinhos
não estão perdendo a batalha para o inimigo pelo simples fato de serem
precipitados? Provérbios diz:
“Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado.” (Pv 19.2)
O pastor Ricardo Guimarães, em seu livro “21 dias para ativar o Reino”, nos
mostra que o Império Romano conquistava os povos usando duas
estratégias. A primeira estava relacionada ao seu poderio militar, que
infundia medo e terror nos povos. Mas a mais forte e infalível arma que os
romanos usavam eram as “eklésias”: um grupo de pessoas romanas civis
escolhidas a dedo com a finalidade de se mudarem para as nações
conquistadas com o objetivo específico de neutralizar qualquer tentativa de
revolta. Além disso, era um grupo financiado pelo governo para que seu
testemunho pudesse influenciar os povos conquistados para desejarem ter
uma vida semelhante a deles – o estilo de vida romano. Em outras palavras,
o alvo das “eklésias” era conquistar o coração das pessoas para Roma.
Porque não foi vigilante. De acordo com seu significado original, não foi
cautelosa, ativa. Permitiu de forma negligente e passiva a aproximação do
inimigo e, como se diz num jargão de luta, “baixou a guarda”. Não prestou
atenção à estratégia do inimigo.
É por isso que o Senhor em 1 Pedro nos diz para sermos vigilantes.
Vigilantes com as propostas do inferno. Vigilantes com as propostas de
tentar ver o pecado como algo bom. Algo prazeroso ou apenas por
necessidades.
Temos que ser vigilantes para não cairmos nas armadilhas do inimigo.
Nunca se esqueça de que uma armadilha contém aquilo que apreciamos.
Nunca se esqueça de que os ratos apreciam o queijo. Por isso coloca-se
queijo nas ratoeiras.
É por isso que o versículo diz... “o diabo, vosso adversário” (1Pe 5.8).
Deus e Sua Palavra são um só. Ele é vivo, Sua Palavra também
é. Sua
Palavra é eficaz. A Palavra é cortante, ela anula as mentiras
do diabo, pois é
a Verdade. A Verdade é luz e a mentira trevas. As
trevas não irão prevalecer
contra a luz. Satanás vem com suas mentiras e enganos, nós vamos a ele com
a Palavra de Deus. Esse foi
o testemunho de Davi contra Golias. Sabemos
que Golias estava
afrontando o exército de Israel. Estava infundindo medo e
terror
devido a sua estatura. Mas nas palavras de Davi podemos ver a
autoridade de Deus sobre Davi. Como suas palavras foram vivas! Como
elas
foram operantes! O alvo de Deus é que Seus filhos usem Sua
Palavra, usem
a autoridade de filhos, de herdeiros, contra as obras
do inferno, contra os
enganos malignos.
Capítulo Treze
ocê não acha que seria muita pretensão acreditarmos que por nossa conta e
por tudo o que somos, podemos
ou praticamos é que somos vencedores?
Ainda mais
Francis Frangipane, em seu livro “Os três campos de batalha”, conta uma
pequena história em que ele havia conhecido um homem que era dono de
uma gravadora e que, além de administrá-la,
passava a maior parte do tempo
ouvindo a “matriz do disco”. Com
base nessa matriz, todos os demais discos
seriam produzidos. Com
o passar do tempo os ouvidos desse homem
especializaram-se em pegar os ruídos e chiados e as imperfeições dessa
matriz. Certo dia o pastor Francis disse para esse homem que ele deveria
gostar muito de ouvir música por ser um trabalho tão prazeroso. Mas o
homem respondeu: – Há muitos anos não ouço música, pois todas as vezes
que ligo meu potente som em casa o que ouço são apenas ruídos e chiados.
Da mesma forma que esse homem somente ouvia ruídos e chiados ao escutar
as músicas, são os irmãos que sempre veem o inimigo por trás de toda
situação em sua vida. É por isso que muitos estão gastando mais tempo com
o diabo e seus demônios do que propriamente mantendo sua comunhão e
dependência de Cristo.
Nossa derrota está quando olhamos para nós mesmos ou para o diabo. Nossa
vitória está quando somos conquistados por Cristo. Quando chegamos ao
fim de nós mesmos e encontramos o Senhor, entramos nEle e permanecemos
nEle pela fé. Isto é permanecer em Cristo, a realidade do sonho do salmista:
Fizeste do Altíssimo a tua morada.
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
De Jacó a Israel
Marcos D. Motta
Anos, meses e dias passaram, a experiência da salvação ficou para trás, mas
aquele que é nascido de deus necessita avançar
em maturidade. A alma que
não é transformada não consegue experimentar a boa, agradável e perfeita
vontade de deus.Daí a necessidade de ser transformada.