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ARMADURA

DE DEUS

Princípios gerais da batalha espiritual

Copyright © 2016 Marcos D. Motta

V3 Publicações

Editora associada à ASEC – Associação Brasileira de Editores Cristãos

Diretor geral Marcos D. Motta

Diretor executivo Vinícius Motta

Diretor de Arte Robson Júnior


Impressão Fléx Gráfica

DIREITOS RESERVADOS É proibida a reprodução total ou parcial da obra,

de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a autorização prévia e por escrito

do autor. A violação dos Direitos Autorais (Lei nº 9610/98) é crime estabelecido

pelo artigo 48 do Código Penal.


Impresso no Brasil

Printed in Brazil

2016
ARMADURA

DE DEUS

Princípios gerais da batalha espiritual


Armadura de Deus – Princípios gerais da batalha espiritual
Categoria: Vida cristã / Ensino / Bíblia
Copyright © 2016 Marcos D. Motta
Todos os direitos reservados

2ª edição
março de 2016

Revisão Thais Teixeira Monteiro

Projeto gráfico e diagramação Michele Araújo Fogaça


Capa Robson Júnior

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada (Sociedade
Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

D. Motta, Marcos, 2016

Armadura de Deus – Princípios gerais da batalha espiritual / Marcos D. Motta. – Goiânia: V3 -


Publicações, 2013

ISBN: 978-85-7929-108-1

1: Vida cristã 2: Ensino 3: Bíblia 4: Título

CDD : 230/240

Índice para Catálogo Sistemático:

1: Vida cristã: Ensino: Bíblia


230/240

Editado e publicado no Brasil por:

V3 – Publicações

Av. T-3, Qd.43, Lt.20, Nº833, 2ºAndar, Sala 03, St. Bueno CEP: 74.215-110, Goiânia–GO–Brasil
Dedicatória

Em primeiro lugar, dedico este trabalho ao meu Deus e Pai, que me amou
antes da criação do mundo; a meu Salvador Jesus Cristo, que pagou o preço
de Seu Sangue para me resgatar e ao Espírito Santo, que me conduz à
maturidade;

À minha equipe de pastores da Igreja Videira do Garavelo, sem


os quais eu
não poderia servir ao Senhor neste tempo;
Aos irmãos de Presbitério, em
especial ao meu amado pastor Aluízio Silva, que nunca desistiu de investir
em meu ministério;
E a minha família, preciosa, amada e querida: Valéria,
Vinícius
e Vitor. Vocês são tudo de mais precioso que tenho nesta terra.

Sumário

Introdução 9

Cap. 01 – Satanás não é tão importante quanto você pensa que ele seja... 13
Cap. 02 – Não vivemos
em função do inimigo 21

Cap. 03 – Satanás não pode possuir o crente, mas pode estimular o seu ego 31
Cap. 04 – A
convocação para o combate 41

Cap. 05 – A guerra é de Deus, e não nossa 51

Cap. 06 – A armadura de Deus: arregimentados para a batalha e cingindonos com a verdade 63

Cap. 07 – A armadura de Deus: a couraça da justiça e a preparação do


evangelho da paz 77

Cap. 08 – A armadura de Deus: o escudo da fé e o capacete da salvação 89


Cap. 09 – A armadura de
Deus: ...e a espada do Espírito, que é a Palavra de
Deus 99

Cap. 10 – Desnutridos não podem guerrear 109

Cap. 11 – Exercitando-nos para a batalha 121

Cap. 12 – Guardar a fé é nossa verdadeira batalha 133

Cap. 13 – A nossa vitória é uma manifestação da graça de Deus 149

Referências Bibliográficas 153

Introdução

F
ui motivado a escrever este livro numa época em que estudamos o livro de
Efésios em nossa igreja. Nesse
tempo o pastor Aluízio era quem estava
ministrando,

mas precisou fazer uma viagem e incumbiu-me de ministrar a passagem


acerca da Armadura de Deus, contida no capítulo 6. Como eu precisava me
preparar de forma adequada, pedi ajuda ao
pastor, que me indicou o livro “O
Soldado Cristão”, do Dr. Martin Lloyd-Jones. Foi nesse momento tão
precioso que tive contato com Efésios 6.10: “Quanto ao mais, sede
fortalecidos no Senhor e na
força do seu poder”. Esse versículo antecede o
ensino do apóstolo Paulo sobre a armadura de Deus, que vai do versículo 13
até o 17.

O que fiquei meditando nesse tempo é que talvez muitos


cristãos pensassem
que uma vez que você se reveste da armadura de Deus, você estará
decretando sua vitória contra o inimigo.
Obviamente que a armadura nos
protege numa batalha, mas nossa
vitória não pode depender somente dela.

Um soldado diante de uma batalha, mesmo estando com uma boa armadura,
pode sucumbir diante da força do adversário. Dois soldados podem duelar e
ambos estarem revestidos com suas armaduras, no entanto serão outros
fatores que irão influenciar em sua derrota ou vitória. O treinamento e até
mesmo o que chamamos de “moral” do soldado podem ser decisivos nesse
momento. Muitos soldados estão no campo, mas nem todos estão prontos
mental ou emocionalmente para aquela batalha. Ou não tiveram o
treinamento adequado, ou não se fortaleceram. Muito provavelmente esses
fatores são tão importantes quanto a armadura no resultado dessa guerra.

Creio que seja por essa razão que o Senhor nos alerta a sermos fortalecidos
nEle e na força do seu poder. Temos que compreender
os princípios
espirituais que nos ajudam a ser fortalecidos nEle, bem como de que forma
podemos usufruir do poder de Deus a nosso favor para enfrentarmos o
inimigo e, revestidos da armadura
de Deus, entrarmos no campo de batalha.
Esse é o propósito deste
livro. Claro que falaremos da armadura, mas
também abordaremos
vários princípios que poderão levar você a se
fortalecer no Senhor e desfrutar de Seu poder como filho de Deus.
Quando você coloca a armadura, já está entrando no campo de
batalha. A
questão é: Você está preparado para entrar? Você tem clareza de ter sido
fortalecido no Senhor? Você tem entendimento
de como desfrutar do poder
de Deus?

Essas questões nos fazem meditar e refletir para que possamos ajudar nossos
irmãos a enfrentarem o inimigo de nossas almas. Já percebi em meu
ministério que muitos irmãos gastam muito tempo em conhecer o diabo e
suas estratégias. Atribuem a ele todo mal que nos cerca (apesar de que
também creio que ele esteja
por trás da maioria deles) e, dessa forma, nos
isentam de nossas semeaduras ou responsabilidades decorrentes de decisões
desastrosas e insensatas que tomamos no decorrer de nossa caminhada.

Se semearmos o mal, colheremos o mal; se semearmos o bem, iremos colher


o bem. O amor que recebemos, em sua maioria, é fruto do amor que
plantamos. Mas quantos estão dispostos a reconhecer isso? E quanto a
nossas decisões erradas? Na mesma medida que praticamos tolices,
colhemos os frutos dessa insensatez. Mas quem está disposto a aceitar a
verdade de ter cometido tolices? É mais fácil colocar a culpa no outro ou no
diabo. Isso acontece desde o Éden.

Conta-se uma estorinha que certo marido chegou em casa com


fome e pediu
a sua esposa algo para comer. Ela prontamente pegou
um ovo e o colocou
numa colher para esquentá-lo no fogo. O marido, desapontado com a
preguiça da mulher, bravejou: – Oh! Mulher do diabo! Este saiu detrás de
um sofá logo se defendendo: – Deus que me livre! Não tenho nada a ver com
essa mulher!

A moral da estória é que o diabo tem levado a culpa de muitas coisas pelas
quais nós mesmos deveríamos ser os responsáveis. Sei que ele, até mesmo
quando está certo, está errado; nem por isso podemos nos eximir de nossas
falhas.

O segundo ponto que creio ser pertinente e que deve ser considerado é
quanto aos relacionamentos. Acho muito sugestivo o ensino da armadura de
Deus ter sido dado justamente no contexto
de relacionamentos. Iniciando no
capítulo 5 e finalizando no 6, o apóstolo está falando justamente de
relacionamentos. Iremos abordar esse tema em um de nossos capítulos, mas
de antemão quero que saiba que o principal alvo do diabo é destruir seus
relacionamentos.

Vejamos um exemplo: imagine um casal que esteja passando por uma crise
conjugal e que conheça alguns princípios importantes de batalha espiritual,
por exemplo, que nossa luta não é contra sangue e carne, mas contra as
hostes espirituais do mal (Ef 6.12). Ele irá se fortalecer no Senhor, buscando
Sua ajuda, e lançar mão do Seu poder. Dessa forma poderá revestir-se da
armadura de Deus e entrar no campo de batalha. Este encontrará a vitória,
pois discerniu claramente como vencer em Cristo, e seu casamento será
restaurado.

E por último: nossa vitória é sempre uma dádiva de Deus, é pura


manifestação de Sua superabundante GRAÇA. Nossa vitória
é um presente
de Cristo porque, estando nEle, desfrutamos de Seu
Espírito, nos
fortalecemos nEle e somente nEle teremos a vitória.

“E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo


Jesus, cada uma de vossas necessidades.” (Fp 4.19)

Minha oração é que cada uma dessas palavras possa ajudá-lo a se fortalecer
no Senhor, a crer que pode usufruir de Seu poder e, acima de tudo, se
deliciar de suas vitórias em Cristo.

Capítulo Um

Satanás não é tão importante


quanto você pensa que ele seja...

ste livro tem como base a batalha espiritual, porém não há sequer um
capítulo nele para falar de Satanás. Neste momento ele deve estar possesso
só de me ver escrevendo essas linhas. Por que estou dizendo isso? Porque
muitos irmãos na igreja, e talvez até você mesmo, se preocupam demais com
a batalha espiritual, gastando a maior parte de sua vida pensando nele,
estudando suas estratégias, sua formação hierárquica, todos os nomes dos
seus soldados (demônios) e por aí vai.
Sei que existem irmãos que fazem tais estudos e gastam uma
grande parte de
suas vidas estudando sobre a batalha espiritual em
nível estratégico. Deus
sabe a necessidade de Sua Igreja. Se existem
irmãos que foram chamados
para dedicarem suas vidas conhecendo
o exército das trevas, quero lhe dizer
que esse não é o meu chamado.

Creio que temos que colocar Satanás em seu devido lugar. Ele ainda é
poderoso, eu sei disso, mas há alguém mais poderoso que ele e que habita
em cada um dos crentes. O Pr. Aluízio gosta de contar uma estorinha muito
ilustrativa: Certo homem chegou num bar e sentou numa determinada
cadeira, logo o barman veio correndo e, muito assustado, disse para ele: –
Você está louco! Você
não tem medo, não? Ninguém senta nessa cadeira.
Você não sabe que ela pertence ao Cara Cortada? O homem ficou pensativo
e disse para o barman: – Não vou sair, eu não tenho medo dele, eu tenho
medo de quem cortou a cara dele!

Você compreendeu a moral da estória? O que acontece é que existem muitos


crentes que têm mais medo do diabo do que de Deus. O Cara Cortada
representa o diabo, e foi Jesus Cristo quem
cortou a cara dele. Portanto, se
você tiver que ter medo, tenha de Deus. O diabo somente pode agir na vida
do crente com a permissão de Deus. A Bíblia mostra, no livro de Jó, essa
verdade:

“Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor,


veio também Satanás entre eles... observaste o meu servo Jó?... porventura,
Jó debalde teme a Deus? Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e
a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus
bens se
multiplicaram na terra. Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto
tem, e verás se não blasfema contra a tua face. Disse o Senhor a Satanás:
Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder...” (Jó 1.6-12)

Vamos entender essa verdade baseada no texto acima:

Apresentar-se perante o Senhor

Primeiro, Satanás também tem que se apresentar diante do Senhor. Todos


devem submissão a Ele. Deus é o Senhor dos céus, da terra e também do
inferno. Tudo lhe pertence como Criador de todas as coisas. Apresentar
também significa que Satanás não pode agir de forma independente, pelo
menos não na vida dos servos de Deus! Você é um servo de Deus? Se você
for, então Satanás somente pode tocar em você mediante uma liberação de
Deus. E por que razão Deus permite a ele agir em nossas vidas? Não se
iluda: quando um soldado de determinado exército está em treinamento, o
general permite que seus oficiais façam coisas terríveis com os soldados para
os aperfeiçoarem na batalha. É por isso que Tiago diz em sua epístola:
“...tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações” (Tg
1.2). Meu Deus! Como pode isso? Alegrar-me nas provações? Sim, é isso
mesmo, até suas lutas e provações têm um propósito de aperfeiçoá-lo. Sei
que não gostamos disso, mas existem muitas coisas que não
compreendemos, mas pelas quais é importante passarmos. Vou lhe fazer uma
pergunta: Uma criança prefere um chocolate ou um prato de salada? Não
tente fazer esse teste com seu filho na hora do almoço. Claro que ele vai
preferir o chocolate. A salada para ele vai ser uma provação. Ele ainda não
consegue enxergar sua necessidade da salada e nem mesmo tente ensinar-lhe
do valor nutritivo dela; primeiro que ele não vai entender nada, segundo que
não vai dar o mínimo valor para isso. Somos como essa criança, Satanás é a
cozinheira que traz a salada e não o chocolate. Mas, não esqueça: foi a
mamãe quem mandou!

Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem

Perceba que Satanás diz para que Deus estenda a mão e toque em tudo que
Jó tinha. Por que ele não disse: “Eu estenderei a mão?”. Pelo simples fato de
que ele não pode fazer nada com um filho de Deus sem permissão do Pai. Na
época de Paulo, havia o “pedagogo” (não com o entendimento atual dessa
palavra). Pedagogo hoje é aquele voltado para o ensino, como professor.
Pedagogo naquela época era um escravo designado como tutor, que
cuidava
do filho de seu dono em todas as situações relacionadas a sua criação. Ele
então ficava ao lado da criança todo o tempo, cuidando e observando
inclusive se ela fazia sua tarefa ou afazeres de forma correta. Acontece que
esse tutor tinha também autoridade do pai para, se necessário fosse, corrigir
a criança a ponto de poder discipliná-la. Veja que o tutor podia bater nela,
mas ele somente podia fazer isso mediante autorização do pai.
Desta forma é Satanás em nossas vidas, ele somente pode agir e
trazer lutas
e provações em sua vida mediante autorização do pai. Não se esqueça, o pai
daquela criança a amava e queria o melhor para ela; ele desejava que ela
fosse tão bem criada que colocava um
escravo só por conta dela.
Obviamente que em muitas situações a criança não queria o tutor, mas era
preciso. Muitas vezes não queremos luta, mas é preciso; não desejamos ser
provados, mas é necessário. O Senhor quer que nós sejamos bem criados,
maduros,
aptos para receber a herança.

A obra de suas mãos abençoaste

Apesar de Deus permitir que Satanás aja em sua vida, trazendo lutas e
provações, você nunca pode perder essa afirmação do foco. É Deus quem
abençoa você. Você é alvo de Deus. Jó era já alguém muito abençoado, mas
havia algo que ainda faltava nele. É muito provável que ele ainda fosse cheio
de justiça própria por ser tão abençoado, ou mesmo por ser tão temente a
Deus. Não importa, o que importa nesse momento é você se lembrar desta
verdade: mesmo com tantas bênçãos, Deus, ainda assim, se preocupa com
você. A Bíblia afirma que Ele irá completar a obra que começou em nós:
“Estou plenamente certo de que aquele que começou a boa obra em vós há
de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus (Fp 1.6)”. Mesmo que você esteja
passando por lutas ou tribulações, não esqueça – a bênção virá. Procure dar a
resposta certa. Gosto do Salmo 37 para esse momento. Creio que o salmista
dá o caminho para essa resposta.

“Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que
praticam a iniquidade.” (Sl 37.1)

Não se preocupe se você passa por lutas e o seu amigo ou vizinho não
passam. Nessas horas o inimigo ganha espaço em sua mente e seu alvo é
colocar argumentos contrários às verdades da Palavra. Então você se sente
rejeitado por Deus, duvida de Seu amor, mas é mentira. Os olhos do Senhor
estão focados em você. O
alvo é destruir sua confiança no Senhor. Não caia
nessa armadilha!

A chave da vitória é: Confia no Senhor e faze o bem


Vamos pensar numa coisa. O que é fazer o bem numa hora que
parece que os
outros prosperam enquanto você anda mal financeiramente; outros estão
com saúde, enquanto você doente; outros com
um casamento bom, e o seu
ruim. O que é fazer o bem nessa hora?
Eu creio que essa hora é a hora da
batalha da mente. Satanás lhe
mostra que está tudo ruim. O salmista, pelo
contrário, diz: Confia
no Senhor. Dessa forma, creio que fazer o bem aqui
seja fazer para
você mesmo. Não creio que seja dar esmola ou alguma ajuda
para
alguém. Veja que o alvo do diabo é gerar a inveja em você, portanto
você está numa batalha espiritual: a batalha da mente. E o bem para
você
nesse momento é lançar fora a dúvida, é rejeitar as mentiras,
é fortalecer-se
em Deus. Mas como fazer isso?

Alimenta-te da verdade

Vamos falar desse assunto mais à frente, mas é importante aqui


você
entender que há somente uma maneira de combater o bom combate da fé:
lançando mão da verdade. Jesus disse, em relação ao Pai, “...a tua palavra é
a verdade...” (Jo 17.17). E quanto a Ele mesmo: “Eu sou... a verdade” (Jo
14.6). Jesus e Sua palavra são um só. Lance mão de Sua palavra. Lance mão
das verdades contidas nela e você encontrará alimento nessa hora. Se você se
tornar forte,
irá enfraquecer o inimigo.

Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração

Não é o Senhor agradar-se de você. É o contrário, agrade-se dEle. Por quê?


Nas horas de tribulação será que você tem a disposição de ter o Senhor como
algo que satisfaça sua alma? Nesses momentos você ainda se alegra nEle,
inclusive para ficar com Ele em comunhão ou intimidade através da oração?
Se isso acontecer, a vitória virá e Ele satisfará os desejos de seu coração.

Além da palavra, do regozijo numa hora tão difícil, seu alvo é descansar. E
para descansar nessa situação somente se você entregar
a Ele suas lutas,
angústias, dores, sofrimentos e perseguições. Entregue! Quando você
entrega algo, aquilo não fica mais com você. Imagine o carteiro que entrega
uma correspondência. Quando ele executa o ato de entregar a
correspondência, ela não fica mais com ele. Até a entrega ele era responsável
por ela, mas agora ele entregou. A responsabilidade agora é de quem
recebeu. Entregue agora mesmo o seu caminho ao Senhor, confia nEle, e o
mais Ele fará. Ele sabe o que fazer com seu problema. Seja como uma
criança que se entrega ao pai. Imagine uma criança que acabou de se
machucar. Ela está chorando, mas assim que o papai ou a mamãe chega, ela
se entrega completamente. E a partir daquele momento ela tem a confiança
de que papai vai fazer alguma coisa. A responsabilidade agora é dEle. O
Senhor é quem irá curar a sua ferida. Entregue-se como um sinal de rendição
e você verá o poder de Deus agindo a seu favor.

O que Ele vai fazer?


Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao
meio-dia” (Sl 37.6). A tua justiça não a dEle! Ele sabe que você precisa dela
e Ele vai dar pra você. Ela vai brilhar como a luz, como um raio que brilha
no horizonte, como uma luz no fim do túnel. A esperança começa a brilhar e
seu direito será tão evidente que todos verão, porque nada pode ser
encoberto quando o sol está ao meio-dia. A tribulação vai acabar por
completo. A doença vai ser curada. O casamento será restaurado e todos
verão, não há quem possa esconder.


A obra de tua mão abençoastes” (Jó 1.10). Nunca se esqueça disso.
Coloque Satanás em seu devido lugar. Procure ser cheio do Espírito Santo e
você poderá experimentar a vitória em seus relacionamentos e o suprimento
de Deus em suas necessidades. Você pode até gastar tempo estudando as
estratégias de Satanás, mas viva todos os momentos de sua vida em prol da
comunhão e intimidade com o Senhor: “...pois disseste: O Senhor é o meu
refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga
nenhuma chegará à tua tenda... caiam mil ao teu lado, e dez mil à tua
direita; tu não serás atingido” (Sl 91.9,10;7). Por quê?

Porque Satanás não é tão importante quanto você pensa que ele seja...

Capítulo Dois

Não vivemos em função


do inimigo
A
maior parte de nosso tempo deve ser gasto com o
Senhor e não com o
inimigo. A Bíblia não gasta tanto tempo ou versículos em função de Satanás.
Nós

não ignoramos seus desígnios (2Co 2.11), mas não é por isso que temos que
gastar nosso precioso tempo com ele. É melhor gastarmos com Deus, com
Sua palavra, cuidando dos irmãos e evangelizando os perdidos. Estamos
inseridos numa guerra, mas a
grande vitória de um exército sobre o inimigo
virá justamente pelo
comprometimento que ele tem com os membros de sua
equipe e sua liderança. Quando as companhias do exército são fortemente
comprometidas com a alta cúpula e suas direções, com os treinamentos e
compromisso mútuo, quando todos estão empenhados em obedecer e seguir
as ordens e estratégias, a vitória será apenas uma consequência.

Se formos analisar bem um exército, seus soldados gastam a maior do tempo


uns com os outros do que propriamente com o inimigo. Obviamente que
haverá o tempo do confronto direto, no entanto, a maior parte é gasta no
planejamento estratégico e fortalecimento dos soldados. Dessa maneira, em
relação ao inimigo, o que eles mais fazem é vigiar. É gasto um grande tempo
vigiando. Assim também é na batalha espiritual. Temos que vigiar e orar,
mas não perder tempo com o inimigo. Nosso foco deve ser o Senhor. A
maior parte do tempo de Jesus foi com Seus discípulos e com o próximo. A
maior parte do tempo de Paulo foi gasta ensinando os irmãos. A maior parte
das palavras do apóstolo João foram palavras de exaltação ao amor entre os
irmãos.

A batalha pode ocorrer a qualquer momento nessa caminhada

“Disse o Senhor a Moisés e Arão: Os filhos de Israel se acamparão junto ao


seu estandarte, segundo as insígnias da casa de seus pais; ao redor, de
frente para a tenda da congregação, se acamparão.” (Nm 2.2)
No terceiro mês da saída dos filhos de Israel do Egito, eles chegam ao Monte
Sinai. Ali o Senhor lhes dá os mandamentos, as ordenanças e os juízos.
Depois levantam o tabernáculo e, no primeiro mês do segundo ano, Deus
lhes dá uma ordem de como deveriam se acampar. Nesse texto do livro de
Números, podemos ver que todas as tribos deveriam acampar ao redor do
tabernáculo e de frente para a tenda da congregação.

É importante observar o pano de fundo dessa cena. Moisés está


conduzindo
o povo de Deus através do deserto na Península do Sinai. O Egito estava
completamente arruinado, e os povos daquela
região obviamente tomaram
conhecimento de todos esses fatos.

“Respondeu Moisés ao Senhor: Os egípcios não somente ouviram que, com


a tua força, fizeste subir este povo do meio deles, mas também o disseram
aos moradores desta terra; ouviram que tu, ó Senhor, estás no meio deste
povo, que face a face, ó senhor lhes apareces, tua nuvem está sobre eles, e
vais adiante deles numa coluna de nuvem, de dia, e numa coluna de fogo, de
noite.” (Nm 14.13,14)

Os povos daquela região foram tomados de medo e pavor em razão dessas


notícias. Havia uma preocupação em relação a essa situação uma vez que
Moisés estava conduzindo aproximadamente
três milhões de pessoas. A
possibilidade de guerra era iminente. Moisés sabia disso e o Senhor também.
Essa preocupação quanto à batalha era real a ponto de Moisés orar:
“Partindo a arca, Moisés dizia: levanta-te, Senhor, e dissipados sejam os
teus inimigos, e fujam diante de ti os que te odeiam” (Nm 10.35). Moisés
orava porque sabia que a possibilidade de guerra era real. Infelizmente
muitos crentes não são como Moisés. Não creem na real possibilidade da
guerra espiritual em sua caminhada cristã.

Outro ponto importante foi como Moisés orou. Ele disse


“teus inimigos” e
não meus ou nossos inimigos. Ele sabia que se houvesse uma batalha, eles,
como soldados, iriam guerrear; mas, como um todo, a batalha era de Deus e
não deles.

Isso é muito importante para você. A batalha espiritual pode ser travada a
qualquer momento na vida de um cristão, mas o primeiro princípio da
batalha espiritual que você precisa conhecer é que a batalha é do Senhor e
não nossa. Quando você ora conhecendo esse princípio, você já entra na
batalha fortalecido. Se em última análise a batalha é de Deus, quem deverá
sair vitorioso nela? Você...! Isso não é maravilhoso? É como as historinhas
do irmão mais velho. Seu irmão mais velho é mais forte e em seu favor.
Pode se afastar, Ele vai resolver essa “parada”. Essa verdade tem que trazer
alívio a você, meu irmão!

A provisão de Deus para a batalha

Ainda durante a jornada, antes de chegar ao Sinai, o povo de Israel sofreu


seu primeiro ataque. Amaleque, uma tribo daquela região, veio atacá-los (Êx
17.8). Essa foi sua primeira experiência de guerra. Antes eram escravos no
Egito, mas agora estavam livres e teriam que enfrentar seus próprios
inimigos. Se lembrarmos
como eles saíram do Egito, vamos compreender a
provisão de Deus para a batalha.

Eles eram escravos e saíram às pressas do Egito (Êx 12.33). Sabemos que
eles receberam muito ouro e prata (Êx 12.35), mas essas riquezas não eram
para ser gastas fabricando armas. Daí vem nosso questionamento: Com que
armas eles iriam defender-se dos
ataques inimigos? Estes estavam como
qualquer animal quando se
sente ameaçado: partindo para o ataque. Foi
exatamente isso que aconteceu em Refidim. Amaleque, se sentido ameaçado,
partiu para o ataque.

A Bíblia mostra, em Êxodo 17.13, que “


... Josué desbaratou a Amaleque e a
seu povo a fio de espada”. O que significa que venceram
a batalha. Mas, de
onde vieram essas espadas? Nós não podemos ser ingênuos o suficiente para
crer que foi Faraó quem deu as espadas para os filhos de Israel. A Bíblia
menciona que Deus ordenou a Moisés que exigisse vestimentas, prata e
ouro. Esses elementos eram para ser usados na construção do tabernáculo e
não para a fabricação de armas. Era para adoração ao Senhor e não para
guerrear. Flávio Josefo, o grande historiador romano-judaico, foi quem nos
deu uma luz a essa questão. Ele afirma, historicamente, que, por uma
provisão divina, os corpos dos soldados do exército de Faraó que morreram
no mar Vermelho ficaram do lado de onde
os filhos de Israel estavam e
poderiam retirar todas as armas desses soldados mortos, armando assim, os
homens de Israel. Apesar de a Bíblia não mencionar os lados, porém ela
afirma que “Assim, o Senhor livrou Israel, naquele dia, da mão dos egípcios;
e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar” (Êx 14.30).

Eu já estive às margens do mar Vermelho. Existem alguns lugares em que se


pode visualizar a margem do outro lado do mar. Porém, se esses corpos não
tivessem ficado na margem do lado em que estava o povo de Deus, eles não
poderiam ter-se armados. Creio que o fato de eles terem se armado foi
verdadeiramente uma
provisão de defesa para seu povo.

Assim também é conosco. Satanás é um leão acuado. Cada vez mais


aproxima a sua ruína. Ele será preso por mil anos e depois será lançado no
lago de fogo e enxofre, portanto seus dias estão contados e ele sabe disso.
Por isso, cada vez ele fica mais feroz, mas o Senhor já providenciou as
armas para nossa defesa e ataque. Ele será desbaratado assim como
Amaleque foi. O Senhor já disponibilizou para nós todas as armas
necessárias para a vitória: a fé e a Sua Palavra, que é a verdade; já nos deu o
sangue de Seu Filho, que é uma provisão completa de justiça e perdão; e
também concedeu-nos o Espírito Santo, que nos guia por todos os nossos
caminhos. Toda essa provisão está a nossa disposição, basta lançarmos mão
dela.

O elemento principal da vitória, o bordão de Deus

Ainda nesse texto de Êxodo 17, vemos o principal princípio da


vitória na
batalha espiritual. No verso 11, lemos: “...quando Moisés
levantava a mão,
Israel prevalecia; quando, porém, ele abaixava a mão, prevalecia
Amaleque”. Dessa forma, podemos concluir que era a mão de Moisés que
tinha poder para prevalecer na guerra? Claro que não. O que fez Josué
prevalecer na guerra não foi a mão de Moisés, mas o que havia nela.

“Com isso ordenou Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, e peleja


contra Amaleque; amanhã, estarei eu no cimo do outeiro, e o bordão de
Deus estará na minha
mão.” (Êx 17.9)

Aqui está a chave para prevalecermos na batalha – o bordão de Deus. O que


é o bordão de Deus? Para responder a essa pergunta, teremos que nos
remeter ao momento em que Moisés recebeu esse
bordão. Aí deve estar o
seu significado.
“Toma, pois, este bordão na mão, com o qual hás de fazer os sinais.” (Êx
4.17)

Todos os sinais que Moisés realizou no Egito, inclusive todas as


pragas,
foram realizados através desse bordão. Mas não creio que saía algum raio
poderoso do bordão como se Moisés fosse algum super-herói da Liga da
Justiça das revistas de quadrinho; nem que o bordão tinha poderes especiais
como o martelo poderoso do Thor. Não, mil vezes não pode ser esse seu
significado! Esse bordão só pode representar o PODER de Deus, nas mãos
de Sua autoridade delegada.


Eis aí vos dei AUTORIDADE para pisardes serpentes e escorpiões
e
SOBRE TODO O PODER DO INIMIGO, e nada, absolutamente, vos
causará dano” (Lc 10.19 – realces nossos). Isso foi o que Jesus disse quando
os 70 enviados voltaram exultantes de alegria porque os demônios se lhes
submetiam. Isso é o que significa o bordão nas mãos de Moisés. Ele recebera
a autoridade de Deus bem como o poder de Deus que acompanhava essa
autoridade.

Quando Moisés foi chamado pelo Senhor na sarça que ardia em fogo (Êx
3.1), ele questionou seu chamado (v.10) usando
vários argumentos. Primeiro
foi quanto a sua capacidade: quem sou eu... (v. 11); segundo, quem o enviou:
qual é o seu nome... (v. 13); terceiro, que os israelitas não acreditariam... o
Senhor não te apareceu (4.1); e, por último, que não sabia falar
adequadamente... Ah! Senhor! Eu nunca fui eloquente, nem outrora, nem
depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua
(4.10).

No entanto, o Senhor não desistiu de Moisés, e para cada


um desses
argumentos o Senhor lhe dava uma resposta, porém em relação ao bordão,
quando Moisés disse que os egípcios não acreditariam nele, o Senhor lhe
perguntou: “Que é isso que tens na mão? Respondeu-lhe: Um bordão” (4.2).
Continuou o Senhor: “Lança-o na terra. Ele o lançou na terra, e o bordão
virou uma
serpente. E Moisés fugia dela” (4.3). Mas agora algo importante
iria acontecer com o bordão que se transformara numa serpente: “Estende a
mão e pega-lhe pela cauda (estendeu ele a mão, pegoulhe pela cauda, e ela
se tornou em bordão); para que creiam que te apareceu o Senhor, Deus de
seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (4.5).
A partir de agora, Moisés saberia lidar com a serpente (simbolizada por
Faraó), ele teria poder para lidar com ela, mas não somente isso, ele seria a
autoridade de Deus para lidar com essa serpente, e o sinal dessa autoridade
era justamente aquilo que ele tinha em suas mãos: o bordão.

Sempre teremos a vitória na batalha pelo cumprimento do


propósito

Alguns princípios que podemos aprender dessa situação:

Primeiro, nunca menospreze aquilo que você tem em suas


mãos, pois Deus
pode usar qualquer coisa para atingir o propósito dEle. Assim como Ele usou
o bordão que estava nas mãos de Moisés, Ele pode usar os dois pães e cinco
peixes que estavam nas mãos de um menino para alimentar uma multidão.

Segundo, não importa o que você tem nas mãos, o que realmente importa é o
propósito estabelecido por Deus em sua vida. O propósito de Moisés era
libertar o povo. O seu propósito, o Senhor mesmo colocará em seu coração.
E independente de qualquer
debilidade sua, Ele irá ensiná-lo a lidar com o
inimigo e, através de Seu poder, você irá vencê-lo apesar de você mesmo.
Assim era com a sarça que ardia em fogo. Ela estava com o fogo, mas não se
consumia. Ela mesma não era o elemento para a combustão. Da mesma
forma foi Moisés e da mesma forma será você. Apenas aceite o chamado de
Deus para o cumprimento de Seu propósito e você verá a manifestação de
Seu poder.

Acampados ao redor e de frente para a tenda da congregação

O último princípio que gostaria de compartilhar sobre esse aspecto de não


viver em função do inimigo é quando voltar os olhos para o lugar certo.
Deus deu a Moisés a determinação para o povo se acampar ao redor e de
frente para a tenda da congregação. Naturalmente falando, é como se Deus
os tivesse ordenado a ficarem de costas para o inimigo e ao mesmo tempo
olhando e gastando a maior parte de seu tempo com o Senhor.

Ficar de costas para o inimigo pode ser um grande perigo, mas não quando
você está debaixo das asas do Altíssimo e quando você
fez dEle a Sua
morada. Em suma, é Ele mesmo quem se encarrega do inimigo. E a sua parte
é olhar para Ele. Deus tem que ser o centro de nossas vidas. A tenda da
congregação era a tenda que ficava no meio do tabernáculo e, para ter acesso
a ela, tinha que percorrer um caminho.

O tabernáculo, em todos os seus aspectos, aponta para Jesus. A tradição


judaica diz que a primeira porta do tabernáculo, a que entrava para o Átrio,
se chamava Caminho; a segunda porta, a que dava acesso ao Santo Lugar,
chamava-se Verdade; e a última, onde havia o véu que separava o Santo
Lugar do Lugar Santíssimo por sua vez chamava-se Vida. Dessa forma o
povo de Israel sabia muito bem o que significavam as palavras de Jesus
quando disse “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai
senão por mim” (Jo 14.6). Primeiramente, Ele não é apenas o caminho, a
verdade, a vida. Ele é O caminho “e” a Verdade “e” a vida. Essa partícula
“e” no original é Kai, que segundo Strong é uma partícula primária, possui
uma ação aditiva e algumas vezes também uma força acumulativa. Isso
significa que Jesus é as três coisas de forma cumulativa, você não separa o
caminho da verdade ou da vida. Jesus é a expressão dessas três coisas.
Alguém poderia ser apenas o caminho e não ser a verdade ou a vida. Ou ser
a verdade e não ser o caminho ou a vida. O que quero mostrar é a força dessa
expressão.

Para que você possa ir a Deus, você precisa passar por essas três portas, e
não somente por uma. Elas fazem parte de um processo de restauração do
homem caído. Só existe um caminho e esse caminho é Jesus, que é
simbolizado no primeiro utensílio encontrado
no Átrio, o altar de bronze. Ali
eram oferecidos os sacrifícios para alguém que desejava o perdão de seus
pecados e uma restauração com Deus. Jesus foi esse nosso sacrifício.

A segunda porta dava para o Lugar Santo, que tinha o altar de incenso, o
candelabro e a mesa com os pães da proposição. O altar
aponta para nossas
orações, assim como para o clamor do nosso Advogado junto ao Pai,
apelando para o Seu Sangue derramado a nosso favor lá no altar do
sacrifício. E também temos o candelabro, que aponta para a Luz do Espírito
de Cristo, que mostra nossa condição e nos ilumina para passarmos por mais
uma porta.
A porta da Vida... Lá dentro temos a Arca, que simboliza a presença de
Deus. O alvo final da restauração do homem caído: ter Deus como sua vida.
E Jesus mais uma vez é essa Vida que permite a você ter completa
comunhão com Deus e desfrutar de Sua vida e de Sua natureza.

Jesus, portanto, acumula em si mesmo todas essas verdades e experiências.


Assim quando o cristão passa por todas elas, ele está apto a ter comunhão
com Deus e a ser um verdadeiro adorador, aquele que adora a Deus em
Espírito e em Verdade. Não mais através de ritos religiosos, mas no espírito,
o lugar de comunhão entre Deus e o homem. Por isso, o cristão que está
vivendo a plenitude dessa comunhão não precisa se preocupar com o
inimigo. Nessa hora o inimigo é um mero coadjuvante, sem poder ou
eficácia. É nesse momento que você pode experimentar a palavra que
mencionei antes: Fiz do Altíssimo a minha morada.

Para você compreender melhor, vou dar um exemplo prático nas guerras. É
costume, em algumas guerras, construírem abrigos subterrâneos para a alta
cúpula de uma nação e exército. Nesse abrigo, normalmente construído de
concreto, as pessoas mais importantes ficarão, diante da iminência de um
ataque por parte do inimigo. Ali eles estarão completamente seguros. Lá fora
podem cair poderosíssimas bombas ou vários outros tipos de artefatos
bélicos (convencionais), que aqueles que estiverem nesses abrigos
subterrâneos não sofrerão os malefícios desse ataque.

Da mesma forma, você somente estará completamente seguro dos ataques do


inimigo quando, em experiência, estiver completamente “dentro” de Jesus. É
por isso que o apóstolo Paulo tanto usou a expressão “em Cristo”. Essa
expressão literalmente significa
dentro de Cristo. Ele é como esse abrigo
subterrâneo, que mesmo o inimigo sendo poderoso, as suas armas não
poderão atingi-lo. Glória a Deus! Aleluia! É maravilhoso estar em Cristo.
Ele é toda a nossa provisão. Ele é nossa arma de defesa, de ataque, mas
também é nosso abrigo nas piores batalhas. Em Cristo somos mais que
vencedores.

Existem muitos irmãos que vivem em função do inimigo. Conhecem todas


as suas estratégias e armas. São estudiosos ferrenhos
de seus soldados (os
demônios). Não quero, como já disse, julgar a
beleza da multiforme
sabedoria de Cristo em seu Corpo, a Igreja, mas quero fazer um alerta a
esses irmãos. Nunca deixem de olhar para o centro do tabernáculo. É lá que
se encontra a tenda da congregação. Tudo isso é apenas sombra da realidade
que é Cristo. Por isso a nossa vitória completa virá somente quando Cristo
for a nossa vitória como resultado de uma verdadeira comunhão e adoração à
Sua pessoa.

Capítulo Três

Satanás não pode possuir o crente, mas pode estimular o seu ego

odo processo de atuação do diabo na vida das pessoas pode culminar na


possessão. De forma simplificada, podemos dizer que o diabo pode
influenciar, oprimir

e possuir. Não cremos que ele possa possuir o verdadeiro cristão, aquele que
nasceu de novo e possui o Espírito Santo em seu interior. Mas o inimigo
pode muito bem influenciá-lo até levar o indivíduo à opressão.

Creio que o alvo e objetivo maior seja tentar levar o crente à opressão. Mas
essa opressão é apenas o resultado final da ação do diabo na vida desses
irmãos. A base de ação dele e a maior guerra espiritual encontram-se
justamente na influência. Aquele irmão que não vigia e ora é uma presa fácil
para receber as influências malignas.

O diabo irá tentar com toda a força influenciar o crente em sua mente,
através dos pensamentos enganosos; nas emoções,
através das frustrações
nos relacionamentos; e em suas vontades para que escolha sempre o
caminho largo, o caminho do prazer e da satisfação independentes da
vontade de Deus.

O ser humano é divido em corpo, alma e espírito. Essas três áreas são a
expressão da alma humana. A Bíblia nos afirma que nosso espírito está
pronto; nosso corpo está contaminado com a natureza pecaminosa e, por
isso, deverá ser trocado; sobra portanto
a nossa alma para que seja
transformada (Rm 12.2). Nossa alma é o centro de nossa personalidade. Em
outras palavras, é o nosso EU.
Originalmente nosso EU foi criado para
expressar nosso espírito, que possuía completa comunhão com Deus. Porém,
com a queda esse EU humano foi atraído pela natureza pecaminosa, que
passou
imediatamente a tentar satisfazer as necessidades do nosso corpo de
uma forma independente daquilo que Deus planejou para ele.

Exemplo: Deus planejou o sexo para ser desfrutado dentro do casamento. O


sexo é prazeroso e foi criado e dado por Deus. No entanto, com a queda,
nosso corpo deseja o sexo separado da vontade de Deus, e daí surgem o
adultério, a fornicação e as impurezas sexuais. E esse nosso EU que é
expresso por nossa vontade,
mente e emoções ficou completamente
contaminado para servir a esse corpo caído.

O corpo é apenas físico e constituído de matéria. Ele não


possui ação ou
interação espiritual. Mas nossa alma, não, ela foi criada para manifestar
nosso espírito, e não para fazer os desejos das necessidades do corpo com
seus instintos e sentidos.
Por isso o alvo do diabo é atacar nosso EU, para
que ele se fortaleça contra Deus, para que nossa alma seja contrária à
vontade de Deus. Quando nascemos de novo, nosso espírito é recriado e
começa a ouvir as direções do Espírito Santo para retomar o controle do
nosso ser. Daí vem o diabo tentando impedir isso. Ele não
deseja que nossa
alma expresse nosso espírito, dessa forma ele procura, com todo o seu poder
de influência espiritual, atingir nosso EU a fim de que ele continue servido
ao corpo e não ao espírito.

Esse é o pano de fundo da batalha espiritual no crente. Satanás deseja


reconquistar o território perdido no novo nascimento. Como ele não pode
agir em seu espírito, então ele age em seu EU, a expressão de sua alma
caída. O crente que negligencia o processo
de transformação da alma é uma
presa fácil para a ação do diabo no nível da influência.

A forma como o diabo age na vida do crente para levá-lo ao pecado é agindo
em seu EU ou EGO. O diabo não pode fazer você
se irar, mas pode agir em
seu EGO estimulando você a perder a paciência para que você fique irritado.
A paciência é um fruto do Espírito. Você a tem quando está em linha com
Ele, alimentando essa relação espiritual. Mas se você se permitir ser
atingindo pelo diabo em seu EGO, simplesmente você perderá a paciência e
cairá
na ira, pecando contra seu próximo.
Ele não pode simplesmente fazê-lo cometer adultério, mas ele pode induzi-lo
a acreditar que a fidelidade é algo muito difícil de ser seguido nos dias
atuais, e ainda mais diante de tantos desentendimentos que você tem com
seu cônjuge, levando-o a crer que não vale a pena permanecer casado ou
apenas “descontar” os abusos ou as acusações que seu cônjuge tem praticado
contra você. Ele convence você de que é normal e, dessa forma, você cai na
tentação do erro e acaba alimentando o pensamento adúltero.

O alvo do diabo na batalha espiritual é despertar o EGO a servi-lo em seu


propósito maligno de destruir a vida do crente. Costumo dizer que o diabo
sabe que não pode levar você para o inferno, então ele se programa para
trazer o inferno até sua vida. Dessa forma, a batalha espiritual na vida do
crente passa pelo pensamento, pelas emoções e pela vontade.

Os pensamentos vão produzindo as fortalezas, os preconceitos.


As ofensas
sem o perdão apropriado vão corroendo suas emoções, gerando as
incertezas, a falta de fé e o sentimento de desesperança.
E culmina no que
chamamos de uma pessoa doente na alma. No campo das escolhas, ele age
no EGO, gerando o orgulho tanto em sua face da vanglória quanto da inveja.

“Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns ao outros, tendo


inveja uns dos outros.” (Gl 5.26)

Tanto a vanglória quanto a inveja são as duas faces de uma mesma moeda.
Em 2 Coríntios 10.5, vemos a palavra altivez. Ela significa “algo elevado”,
uma estrutura elevada, um muro alto, uma
parede que não permite a você
enxergar o outro lado. Em outras palavras, isso é o orgulho. Este nada mais é
do que a manifestação do EGO. No entanto, de acordo com a carta aos
gálatas, ele pode se manifestar tanto pela vanglória, ou um pensamento
superior, quanto pela inveja, que é consequência de uma falsa humildade,
aquele que ao se comparar com outro se vê como inferior. Dessa forma,
tanto aquele que chamamos de orgulhoso, ou que possui a autoestima
elevada, quanto aquele que possui uma baixa autoestima são, na verdade, a
expressão do EGO. Alguns dão o nome de complexo de superioridade e
complexo de inferioridade. Mas nada mais são que a expressão do orgulho
ou Ego.
São pessoas que constantemente estão olhando para si mesmas e
sempre se
comparando com outras. Porém não percebem o quanto
isso é maléfico para
elas, e é justamente por essa porta que o diabo entra alimentando, através de
pensamentos, com o propósito de trazer infelicidade, descontrole emocional,
desesperança, até que consiga passar ao seu próximo passo – a opressão.

Não nos deixe cair em tentação

Apesar de Satanás ser mais poderoso que nós, ele não tem autoridade legal
para nos causar dano, mas ele pode e usa de astúcia para nos enganar e
seduzir. Não só isso, mas também ativar nosso EGO com o fim de nos
conduzir à tentação e à queda.

O Senhor Jesus nos ensinou, na Oração do Pai Nosso, como deveríamos orar
para que o Pai nos livrasse do mal e não nos deixasse cair em tentação,
porque a queda é o resultado final do processo de tentação.

Nós não experimentamos a queda de uma noite para outra. Normalmente não
pecamos de forma instantânea. Não há nenhum
crente casado que saia de
casa com o firme propósito de trair sua esposa, ou nenhuma irmã crente sai
de sua casa para adulterar de forma premeditada. Ninguém pode esquecer-se
disto... A QUEDA
É RESULTADO DE UM PROCESSO.

Todos nós somos bombardeados por nossa vontade, por preconceitos, por
expectativas e além de tudo estamos inseridos em uma rede de
relacionamentos. Não estamos sozinhos. Estamos ligados com o mundo, em
sociedade, com os irmãos na Igreja, com nosso trabalho, estudo e por aí vai.
Nesse mundo moderno virtual, seria “estamos conectados”!!

Essa conexão me liga a tudo que me cerca, e isso vai muito além dos
relacionamentos pessoais. Caminha até mesmo para as coisas físicas que nos
rodeiam. Se tenho ou não uma casa que supre
minhas expectativas, ou um
carro que atende meus padrões do momento, ou a cadeira onde sento para
trabalhar. Por que, ao final
do dia, uma pessoa pode ter tantas dores nas
costas? De repente ela percebe que a cadeira em que senta não é apropriada
para seu uso. Perceba que tudo esta conectado a você, e essa conexão irá
interferir em sua vida quer você queira ou não.
Se o homem ou a mulher de Deus não vigiam, estarão sempre observando
outra pessoa que lhes chama a atenção. Se insistirem em ficar observando,
pecarão se permitirem ao inimigo ganhar espaço nesse momento.

E tudo isso, como resultado dessa conexão, gera sensações, quando percebo
que todas essas coisas, físicas e relacionamentos pessoais, podem ser
elementos que o inimigo usa como armas para
apontá-las diretamente para
nossa cabeça. Como não acordarmos irritados após uma noite mal dormida?
Ou quem não fica estressado no trânsito? Uma pesquisa americana mostra
que o trânsito é a maior causa de uma pessoa ficar nervosa.

É por isso que digo que tais sensações podem ser usadas como ingredientes
pelo inimigo para despertar nosso EGO. E quando menos percebermos, ele
foi ativado e entramos no processo da tentação. Nesse momento seu EGO foi
ativado, sua vontade
agora está decidida a tomar uma atitude. Os
pensamentos foram estabelecidos e as imagens distorcidas tomaram conta de
você.

Percebe que sua decisão vai ser completamente de acordo com a vontade do
inimigo e não com a vontade de Deus?

Uma oração poderosa

Há na Bíblia outra situação em que a oração pede para que o Senhor livre do
mal. É a oração de Jabez. No livro de Crônicas, o autor está discorrendo
sobre a genealogia do povo hebreu, nome por nome, e de repente, para a fim
de mostrar a oração que uma dessas pessoas havia feito, e o melhor é que ela
começa dizendo que tal pessoa foi mais ilustre que seus irmãos. Não é de
nosso interesse, neste momento, discorrer sobre todos os aspectos dessa
oração, porém o que chama a atenção é que ela, da mesma forma que a
oração do Pai Nosso, termina pedindo que o Senhor o livre do mal. Isso é
muito significativo e deve ser valorizado por todo crente.

“Foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; sua mãe chamou-lhe Jabez,
dizendo: Porque com dores o dei à luz. Jabez invocou o Deus de Israel,
dizendo: Oh! Tomara que me abençoes e me alargues as fronteiras, que seja
comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha
aflição! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido” (1Cr 4.9,10 – grifo
nosso).

Percebe que Jabez se tornou ilustre porque Deus lhe concedeu o que tinha
pedido? Isso o fez tornar-se ilustre. Essa resposta foi o resultado de ele ter
invocado o Senhor. Infelizmente muitos crentes
procuram viver uma vida em
grande parte independente de Deus.
Jabez, por outro lado, pediu ao Senhor
que o abençoasse, alargasse
suas fronteiras, que Sua mão não o deixasse,
mas acima de tudo que o preservasse do mal, de modo que não lhe viesse
aflição.

A aflição virá todas as vezes que Satanás ganhar espaço em nós. Satanás
detesta o crente que invoca o Senhor e que é abençoado por Deus pelo
motivo simples que tal pessoa possui um relacionamento íntimo com Ele. No
entanto, não basta ter esse relacionamento maravilhoso com o Senhor se não
pedimos a Ele para nos livrar do mal. Perceba que preservar ou livrar do mal
vem
antes da aflição. A aflição é o resultado da tentação, o resultado da
operação do mal seja em qual circunstância for. Aflição, no original
hebraico, é “atsab” que significa ferir, doer ou estar ferido ou com dor.
Bastante sugestivo para quem tinha o nome de Jabez, que significa “afligir
ou ser causador de dor”. Jabez não queria ser nem experimentar daquilo que
havia nascido. Nós também temos
uma natureza maligna que nos faz pecar,
mas não queremos ir até o ponto de pecarmos. Livrar do mal é pedir que o
Senhor nos livre dessa tentação que nos faz pecar. O diabo tem como grande
parte do seu alvo ativar nossa carne para que ela peque contra o Senhor. Não
se esqueça disto: nosso EGO sempre estará envolvido
no processo do
pecado.

“...porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a


concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas
procede do mundo.” (1Jo 2.16)

Eis aí o processo do pecado. Nossa carne ou nosso Ego é despertado em


primeiro lugar. A concupiscência significa um desejo ardente. Em outras
palavras, algo que me despertou ou que me chamou a atenção de uma
maneira especial. Nossa carne é completamente tendenciosa ao mal. Ela
encerra a natureza maligna. Há nela uma atração especial pelo pecado. E é
isto que ela deseja ardentemente: pecar!
Esse desejo da carne, por sua vez, desperta o desejo de nossos olhos. Os
olhos são a porta da alma. Não somente eles, mas todos os nossos cinco
sentidos (olfato, audição, tato, paladar e visão). A atração especial que nossa
carne tem para o pecado desperta a avidez de nossos sentidos naturais, ou,
em outras palavras, desperta
nossa alma, o desejo da nossa alma. O caminho
já está traçado. O processo está em andamento. Tenho uma carne que deseja
pecar e meus sentidos permitem que algo contrário à vontade de Deus entre
dentro de mim e eu passo a desejar aquilo. Nesse momento o pecado está
instalado. A soberba da vida já tomou conta, uma certeza insolente e vazia,
que despreza e viola vergonhosamente a lei divina (segundo Strongs).

Um ego que foi despertado

Esse foi o mal que Eva não evitou. Digo isso porque em nenhum momento a
Bíblia diz que ela pediu ajuda para seu marido ou para Deus. Ela
simplesmente permitiu que a soberba da vida a dominasse. O Senhor havia
lhe dito que não comesse da árvore do bem e do mal. E entre o que Deus
havia lhe dito e o que Satanás disse, ela preferiu dar ouvidos a Satanás. E
olhe que ela nem mesmo possuía ainda a natureza maligna, mas permitiu que
a soberba dos olhos a dominasse para satisfazer sua carne. A soberba que
procede do mundo e não de Deus, como diz o apóstolo João.

“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e
árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu...” (Gn
3.6)

O que fez Eva ver foi o fato de que o fruto da árvore era bom para se comer.
Que satisfação aquele fruto lhe daria, deve ter sido seu pensamento. E por
que não comer? Será que Deus é tão egoísta que Ele quer esse fruto somente
para Ele? Ela contou com a ajudazinha de Satanás. Ele estará sempre pronto
para dar-nos essa ajudazinha maligna desde que seja para agredir a Deus e
conduzir o homem ao erro.

Aquilo que satisfaz nossa carne fatalmente irá despertar nossos olhos. Se não
tivermos uma disposição de rejeitar essa tentação, iremos tropeçar. A obra
do diabo é oposta a de Deus. Tudo que o Senhor faz em nós Ele inicia dentro
de nós. Primeiro Ele nos dá uma nova natureza. Ele nos dá Sua própria vida.
A partir dela, podemos desejar o que Ele deseja e, acima de tudo, satisfazer
nosso
espírito e não nossa carne.

Alguém que venceu o ego

Quão diferente foi a resposta de nosso Senhor Jesus! No deserto Ele passou
pelo mesmo processo de tentação, mas sua resposta foi diferente.

“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
diabo. E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então,
o tentador, aproximando-se,
lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas
pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito:
Não
só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de
Deus. Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do
templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito:
Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão
nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus:
Também está escrito: Não
tentarás o Senhor, teu Deus. Levou-o ainda o
diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a
glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então,
Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu
Deus, adorarás, e só a ele darás culto.” (Mt 4.1-10)

Há momentos em nossa vida que passamos por tais experiências. Momentos


de verdadeira batalha espiritual. É nessa hora que nos é requerido e ensinado
que devemos combater o bom combate,
declarando as verdades da Palavra
de Deus, pelo uso de versículos da Bíblia com a finalidade de vencer.

Capítulo Quatro

A convocação para o combate

xistem muitos livros sobre batalha espiritual. Eu mesmo


fiquei surpreso com
a quantidade de livros em minha estante que, direta ou indiretamente, tratam
sobre esse
tema. Até mesmo creio que há uma batalha sendo travada, mas, quem somos
nós para participarmos dela?

Efésios diz que: “


...nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra
os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso,
contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (6.12).

Só de ler esse versículo fico todo arrepiado: principado, dominadores, forças


espirituais do mal, Deus me livre! Confesso a você que eu não sou nenhum
grande lutador, mas se eu pudesse escolher, preferiria escolher uma pessoa
de sangue e carne, ou uma
pessoa de carne e osso para lutar. Creio que
haveria uma grande chance de eu sair derrotado dessa luta, agora imagine
lutar contra todas essas coisas que o apóstolo Paulo disse que são nossos
adversários! Bem que ele poderia ter se enganado, mas, pode acreditar, ele
não se enganou.

É preciso, portanto, ter um pouco de bom senso para saber que


seria uma
luta desigual: nós somos sangue e carne, eles espíritos; nós fracos, eles
fortes; nós na terra, eles no céu. Obviamente o apóstolo sabia de tudo isso.
Assim, só há uma maneira de batalharmos: através da batalha da fé. Essa
guerra não é nossa e temos que crer que o Senhor está guerreando por nós.
Kenneth Hagin disse, em um de seus livros, que o único combate para o qual
fomos convocados a batalhar é a batalha da fé.

Na segunda carta a Timóteo, o apóstolo Paulo disse que combateu o bom


combate (2Tm 4.7) e, na primeira epístola, ele mesmo convoca Timóteo a
combater o bom combate (1Tm 6.12), só que acrescenta: o bom combate da
fé. Este é nosso verdadeiro combate:
fortalecer-nos na fé e na graça do
Senhor (2Tm 2.2).

Fortalecendo-nos para o combate

Na batalha espiritual, uma coisa muito importante é revestir-se


da armadura
de Deus (Ef 6.13-17). Aprendemos que temos que nos cingir da verdade,
vestir a couraça da justiça, calçar os pés com a preparação do evangelho da
paz, embraçar o escudo da fé e tomar o capacete da salvação e a espada do
Espírito, que é a Palavra de Deus. Tudo isso é muito importante, porém, a
Palavra nos ensina que, antes de nos revestirmos da armadura de Deus,
temos que nos fortalecer no Senhor e na força de Seu poder (Ef 6.10).

O verbo fortalecer em grego é “endunamoo”, que significa ser forte ou


receber força, dando a entender que primeiro temos que ser fortalecidos no
Senhor e na força do Seu poder e, só então, “...revesti-vos de toda a
armadura...” (Ef 6.11).

Podemos perceber que existem duas coisas que devem ser separadas aqui.
Primeiro você tem que ser fortalecido e, somente depois, deve revestir-se da
armadura. Perceba que existe uma sequência. Não queira vestir a armadura
sem primeiro se fortalecer no Senhor.

Quando você veste a armadura, significa que você já está pronto


para entrar
no campo de batalha. A armadura só é vestida para ir ao campo de batalha.
Aqui está o problema, pois muitos querem se revestir da armadura de Deus
sem antes se fortalecer no Senhor.

Por isso, antes de revestir-se da armadura, você tem que “


estar” no Senhor.
A preposição “em” do original dá a entender uma posição de lugar ou estado,
estar em Cristo ou participar do poder de Cristo. Não tente guerrear sem
estar em Cristo.

Quando você entra no campo de batalha, não há mais retorno.


Por isso,
quero que você saiba que nós, cristãos, fomos chamados para a batalha
espiritual, mas não de qualquer jeito. Você não pode entrar num campo de
batalha sem estar em Cristo pela fé.

Estar em Cristo pela fé é tomar toda a verdade da Palavra e todos os seus


princípios para você, confessando-a e valorizando a graça de Deus. Lembre-
se de que somente podemos vencer as trevas, as batalhas da mente ou o dia
mau quando permitirmos que a Graça de Deus opere em nós pela fé, não em
nossa força, mas na força dEle. É por isso que se diz “na força de Seu
poder”. O poder é dEle, e não nosso. Se a vitória é dEle e não nossa, toda
glória também pertence a Ele.

Aqueles que entram na batalha espiritual menosprezando esses princípios


são como aquele morador do morro que convive com o marginal e, muitas
vezes, nem percebe o risco iminente do ataque e da morte. Qualquer hora ele
pode ser morto e nem sabe por que morreu.

Por isso, a convocação é para mim e para você como cristão; porém, é
importante que você entenda que, se estiver prevenido, munido antes,
fortalecido no poder de Deus, quem poderá lhe resistir quando se revestir da
armadura de Deus?

Por que você acha que o povo usava armadura naquele tempo? Quando
alguém usava a armadura, vestia-se da cabeça aos pés e, dessa forma, a
chance de a espada ferir era pouca. É por isso que você deve estar prevenido
e munido da maneira correta, isso já é meia batalha ganha: se alguém que
não tem armadura vai lutar com alguém que se encontra vestido, quem
prevalecerá? Provavelmente aquele que tem a armadura.

Vamos continuar analisando alguns aspectos que falei anteriormente sobre a


importância de ser fortalecido antes mesmo da armadura.

Por que insistir nisso? A razão é que você tem a necessidade de se fortalecer.
Primeiro, porque o inimigo é forte. Baseado em 1 Pedro 5.8, já ouvi muita
gente dizer que o diabo é um leão desdentado. Isso é verdade?

Depende, se você é alguém que já está fortalecido no Senhor e vestido da


armadura, ele é desdentado, mas se você não é fortalecido no Senhor e não
tem a armadura, ele é um leão com dentes extremamente afiados. É por essa
razão que a Palavra nos ensina que não podemos nos esquecer dos desígnios
de Satanás, uma vez que ele ainda tem poder. Muitas vezes os cristãos dão
brechas ao inimigo (falaremos desse aspecto mais à frente). Dessa forma,
cuidado com essa afirmação. Ele somente será assim para quem está
fortalecido e para quem se encontra revestido da armadura de DEUS.

A fé que vence os dias maus

Outro aspecto pelo qual temos que nos fortalecer é porque os dias são maus,
e são maus por causa de tudo que nos cerca, da inveja e destruição. O mundo
que nos cerca é um mundo tenebroso e mau, e o pecado e o mal estão
poderosamente organizados. Olha
a sua carne: a natureza pecaminosa que
está no seu corpo, mesmo sendo crente, está em linha com Satanás. Há uma
atração entre sua
carne pecaminosa e ele, pois ambos estão plenamente
conectados.

Por isso os dias são maus. É por essa razão que existe uma batalha no seu
interior todos os dias. Havia um lamento do apóstolo
Paulo quando disse:
“Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço”
(Rm 7.19). Tudo por causa dessa associação.

Incertezas são geradas por um evangelho distorcido. O que se tem pregado é


o seguinte: “Venha para Deus, venha para Jesus, e todos os seus problemas
terminarão, todos os seus problemas cessarão”. Essa, definitivamente, não é
a realidade do Novo Testamento. Quando ainda fazia Encontros com Deus,
já avisava aos encontristas, logo de cara, que, após o seu novo nascimento,
eles teriam que batalhar: “É você quem vai lutar”.

Jesus não nos enganou, há uma guerra a ser travada aqui na terra, porque o
mundo jaz no maligno. Nós, como igreja, somos desafiados a vencer o reino
das trevas. O inimigo é forte, então precisamos ser fortalecidos, porque os
dias são maus.

Quem gosta de ter fracasso pessoal? Ninguém gosta de ser derrotado. Dessa
maneira, há necessidade de ser fortalecido, porque, quando você fraqueja,
vai se sentir mal, derrotado.

Outro aspecto de nos fortalecer é porque nós somos o Corpo de Cristo.


Coletivamente, pesa sobre nós o nome e o testemunho de Cristo. Quando um
crente é derrotado, muitos são derrotados; quando um membro sofre, todos
sofrem; quando um pastor cai, muitos irmãos caem; a derrota de um grupo
da igreja, muitas vezes, é a derrota de uma igreja local.

Quero lhe falar algo: antes de você pregar o evangelho para todo mundo, dê
o seu testemunho.

Sabia que só sua resistência aos dias maus em sua vida já é um grande
testemunho para um ímpio? Visto que somos o Corpo de Cristo,
necessitamos de fortalecimento porque carregamos o nome e o testemunho
de Jesus. A segunda razão por que temos que nos fortalecer é porque temos
que nos convencer da fraqueza. Ainda há fraqueza em você. Quando falo de
fraqueza, falo de debilidades da imaturidade.

Há ainda uma natureza maligna associada às obras da carne, e você ainda


não atingiu um nível de transformação da alma adequado. Essa é a razão por
que você ainda tem fraquezas. Há duas formas de reconhecermos se alguém
é fraco ou não: através da humildade e do orgulho. Se alguém é humilde,
logo ele reconhece a fraqueza e pede ajuda. Por outro lado, se é alguém
orgulhoso, não pede ajuda, não quer saber de aconselhamento ou de estar
junto com a igreja. Isso é manifestação do orgulho, atitude do orgulhoso.

O orgulhoso não acredita que tem fraqueza. Jacó é um bom exemplo. Ele
demorou a receber as bênçãos de Deus porque era muito forte. Somente
depois de sofrer muito, ele pôde experimentar as bênçãos de Deus.

Jacó era um homem de Deus. É interessante ver a diferença que havia entre
Jacó e Esaú. Este não se preocupava com Deus, não valorizava as coisas de
Deus, não era como Jacó. Jacó valorizava as coisas de Deus e, apesar disso,
era muito forte e arrogante. Precisou passar por muitas lutas e provações, até
que um dia reconheceu que era fraco e precisava de Deus. Trazendo pra
hoje, é como se ele tivesse dito: “Eu preciso dos irmãos, eu preciso do meu
discipulador, do meu líder”.

Este é um dos fatores por que você precisa se fortalecer para a batalha:
porque você é fraco.

Quando digo fraqueza, não me refiro à fraqueza humana,


mas à fraqueza
para com Deus, à fraqueza da imaturidade e dos conceitos errados. Muitos
não reconhecem que são fracos. Não é uma questão de fazer uma
autoanálise, mas é você dizer: “Deus, tenha misericórdia de mim”. É quando
se entrega ao Senhor e se fortalece nEle.

Deixa-me lhe fazer uma pergunta: Você é fraco ou forte?

Você tem que ser fraco para Deus, tem que perder logo para Ele.
Estou lhe
ensinando princípios básicos da batalha espiritual antes de se revestir da
armadura e de você ir para a guerra. Portanto, é muito melhor reconhecer a
fraqueza e ser fortalecido no Senhor.
Outro aspecto que você precisa saber dentro da necessidade de se fortalecer
é que Deus é forte quando dizemos que DEUS é forte: porque Ele tem poder.

Existe um ponto que desejo avançar nessa explicação. Não é uma questão
somente do dom, isto é, da força que há dentro de você, da natureza de Deus,
do Espírito Santo. A questão é que o “dínamos” de Deus que há em você
pode não ser manifesto.

Os crentes já possuem este poder em seu interior: a presença do Espírito


Santo. Apesar disso, você não é forte porque não coloca esse dom em ação.
A força é a manifestação do poder. Sansão tinha poder, mas, quando ele se
desviou do propósito de Deus, ele manifestou a força que tinha? Não.

Sansão não tinha o Espírito Santo em seu interior, mas havia um propósito
sobre sua vida. Ele era um instrumento de Deus. Ele podia contar com a
força do Senhor por causa desse propósito.

Ele manifestava este poder? Não. No entanto, no último momento de sua


vida, quando se arrependeu e voltou-se para os caminhos do Senhor, de
coração, pediu-Lhe: “Senhor Deus, peço-te que te lembres de mim, e dá-me
força só esta vez, ó Deus...” (Jz 16.28).

Parafraseando... “Dá-me uma única chance; perdoa-me por tudo que fiz de
errado”. Provavelmente, naquele momento, o
Senhor pode ter falado: “Ok,
está bom. Eu o perdoo. Mas, meu propósito está em você, já disponibilizei
este poder a você, agora é só colocá-lo em ação”. A Bíblia mostra então que
Sansão começou
a colocar força sobre aquelas colunas (Jz 16.29). Deus é
poderoso,
isso é maravilhoso e temos esse poder à nossa disposição para o
cumprimento do propósito. Amém. Aleluia!

Ainda mais agora que temos o Espírito Santo! Ele não é uma energia, é
poder. A Sua unção é poder. Muitos são fracos ou estão fraquejando porque
simplesmente não manifestam este poder: o Senhor é forte.

A humildade que fortalece

E sobre Jesus? Onde vimos, em Jesus, a Sua força?


Em primeiro lugar, em Sua vida aqui na terra. Jesus teve uma vida aqui na
terra, mas o mais interessante é que, quando Nosso Senhor esteve por aqui,
Ele viveu de uma forma simples. Esta é a força que Deus quer nos dar: Ele
foi tentado, foi perseguido, humilhado, mas também fez milagres, expulsou
demônios. Era uma vida simples, no entanto, cheia de autoridade, porque
havia realidade de vida.

Essa mesma força está à nossa disposição, e como funciona! Nós temos que
ter clareza disto: a força de Deus estará disponível a você quando você viver
tendo Jesus como exemplo.

Ele disse: “
[...] mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33). “Não
se turbe o vosso coração (as lutas podem vir!), nem se atemorize” (Jo 14.27
– parênteses nossos). “Mas, eu venci...” É como se Ele dissesse: “Se você
tem a minha natureza, tem o mesmo poder que eu tenho. Se você tem minha
autoridade, esse poder é consequência dela”.

Veja o que aconteceu na cruz, este momento é o maior paradoxo da Bíblia: o


Senhor estava lá humilhado, aparentemente em completa derrota e, apesar
disso, Sua aparente fraqueza foi Sua maior vitória. Isso não é maravilhoso?

A vida cristã não é uma questão de manifestação de poder, mas


em nossa
vida diária de fraqueza e de humildade, porque, quando fazemos aquilo que
Jesus fez, aí sim é que somos fortes.

O apóstolo diz que somos fortes quando estamos fracos. Na humilhação da


cruz, o Senhor derrotou Satanás, assim como na ressurreição Ele derrotou a
morte.

Essa força é para nós e temos que tirar o maior proveito dela. A nossa força
é quando olhamos para Jesus e O vemos vencendo, apesar de tudo que Ele
passou aqui na terra.

Capítulo Cinco

A guerra é de Deus, e não nossa

N
ão tem coisa melhor que descobrir que determinada luta não é nossa, mas de
outra pessoa. Imagine você como um adolescente e, de repente, vindo em
sua

direção um jovem mais forte dizendo que vai pegar você. Só que você fica
tão assustado que não percebe que há, atrás de você, outro
jovem ainda mais
forte vindo em seu socorro e assume a posição de briga em seu lugar. Você
não sentiria uma sensação de alívio indescritível? Dá até para ouvir seu
“ufa”!

É justamente isso que acontece em nossa vida espiritual. Temos


um inimigo,
estamos inseridos numa batalha, contudo, a guerra não é nossa, mas é de
Deus.

“Saberá toda esta multidão que o Senhor salva, não com


espada, nem com
lança; porque do Senhor é a guerra, e ele
vos entregará nas nossas mãos.”
(1Sm 17.47 – grifo nosso)

Essa foi a afirmação de Davi quando estava enfrentando o gigante


Golias.
Todo o povo hebreu estava acampado no arraial da batalha,
mas não havia
alguém que se dispusesse a enfrentar o gigante, nem
mesmo o rei Saul.
Todos estavam à mercê da situação, olhando
para si mesmos, e não para o
Senhor. Davi, mesmo ainda sendo
um jovem, percebeu que o gigante estava
afrontando o exército do
Deus de Israel e, se ele fosse para a batalha crendo
que a batalha era
de Deus, o Senhor não o deixaria na mão, mas lhe daria a
vitória:
“Hoje mesmo, o Senhor te entregará nas nossas mãos” (1Sm 17.45),
disse Davi. Como Davi tinha fé e percepção espiritual!

O livro de Efésios nos exorta a nos fortalecer no Senhor, mas como posso
usufruir dessa força? Essa é uma questão legítima que,
volta e meia, lampeja
em nossa mente.

Jesus encabeça a vitória

Primeiro, a grande guerra é Deus FAZER de você uma pessoa que conheça
as verdades da Palavra e desfrute das bênçãos espirituais. Não se esqueça de
que Cristo é o autor da nossa salvação (Hb 2.10). Essa palavra “autor” no
original nos dá uma ideia de um líder que encabeça. Dessa maneira, se é Ele
quem encabeça, é Ele quem está conduzindo-o, levando-o. O Espírito Santo
nunca desistirá, assim como diz o apóstolo Paulo, até Cristo ser formado em
nós (Gl 4.19). E, acima de tudo, temos que confiar nEle em toda e qualquer
situação que tivermos que passar, uma vez que Ele
está nos conduzindo em
vitória. Ele é o nosso general.

Jesus Cristo caminhou reto, focado: “Se tenho que ir para a cruz, estou indo
para cruz” (paráfrase nossa). Esse é o nosso grande
exemplo, a grande força
que precisamos tomar. Cristo é quem nos
está conduzindo em triunfo e para
a vitória. A igreja é um exército,
mas eu sou um soldado. Eu fui convocado
como um soldado, mas,
apesar disso, a guerra não é minha. Não estamos
travando uma guerrazinha particular, nem uma guerra pessoal com o diabo!
A batalha é do Senhor.

Satanás guerreia comigo e com você para atingir Deus. É a honra de Deus
que ele quer atingir. É o caráter de Deus que está em jogo. Individualmente
lutamos, mas Deus não vai aceitar de maneira alguma Satanás macular a Sua
honra, Seu caráter. Dessa forma, essa luta é de Deus. Os planos são de Deus
e é Ele quem move as peças para que você seja vitorioso. Deus está
movendo tudo para que você seja vitorioso, mas, apesar de Deus ser o
Senhor da guerra, você luta como um soldado (iremos abordar esse tema no
próximo capítulo).

Davi, ao enfrentar Golias, disse: “


Saberá toda esta multidão que o Senhor
salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele
vos entregará nas nossas mãos” (1Sm 17.48 – grifos nossos). Veja que Davi
descobriu que ele era o soldado, mas tinha clareza de que a guerra era de
Deus.

Por que muitas vezes somos derrotados? Porque não temos clareza deste
entendimento. A guerra é de Deus e, se eu me posicionar dentro dessa
revelação, é certo que a vitória nos será dada. Davi tinha entendimento de
que a luta com Golias não era dele, foi para a batalha porque era soldado. A
guerra é do rei, a guerra é da rainha, a guerra é da nação, não é minha, mas
eu sou soldado da rainha, sou soldado do rei. Então, o inimigo não está me
afrontando, está afrontando o rei.
Davi sabia que a guerra era da nação, mas ele disse: “...eu vou te ferir” (1Sm
17.46), porque tinha clareza de que era um soldado,
mas muito mais clareza
de que a guerra não era dele, porém, do rei, da nação e, acima de tudo, do
Senhor. Ele sabia que a vitória não dependia da força dele, por isso tinha
percepção de que a vitória dele dependia da força do Senhor.

Deus está convidando você nestes dias a ter uma vida abundante, mas você
precisa de clareza das verdades, caso contrário o inimigo irá derrotá-lo.
Quando você estiver passando por uma luta, vire para o inimigo e diga: “Se
você está pensando que esta guerra é minha, você está enganado. Você está
afrontando é o meu
Pai. Ele é o Rei dos Reis, o Senhor dos Senhores. A Ele
pertence a guerra. A minha luta é a luta dEle. A minha força é a força dEle”.

O diabo anda ganhando muito terreno na vida das pessoas porque elas estão
entrando na batalha sem ter conhecimento das verdades espirituais.

O primeiro aspecto da guerra de Deus é que Cristo é o autor da nossa


salvação. Em segundo lugar, nós somos soldados, em unidade, mas a guerra
é dEle. Em terceiro lugar, Ele terminará a obra que começou em nós.

O diabo está tramando todas as coisas para destruí-lo. Deus, por


outro lado,
está alinhando tudo, organizando tudo para terminar a obra de salvação que
Ele iniciou em você. Essa era a convicção do apóstolo Paulo, mesmo na hora
de sua morte, apesar de tudo, ele podia lembrar. Ele sabia que o Senhor
haveria de completar a obra que Ele tinha começado. É por isso que Paulo
podia dizer que “nada, nem a morte, nem a vida..., nem os principados...,
nem qualquer outra criatura poderia separá-lo do amor de Deus que está
em Cristo Jesus” (Rm 8.38,39). Esse amor nunca irá deixar você, nunca irá
abandoná-lo.

Um grito de socorro nos aproxima da vitória

O diabo, seu adversário, antes de tocar em você tem que tocar nos anjos que
estão ao seu derredor. Os anjos trabalham em seu favor (Mt 18.10), e não se
esqueça de se fortalecer em todas essas verdades antes de entrar na batalha.

Alguém pode até dizer: “Eu já estou sendo derrotado neste exato momento.
Tenho lutado sozinho a guerra em meu casamento. Não tenho conseguido
descansar no Senhor”. Essas palavras são como um pedido de socorro ao
Senhor da batalha. “Minha fé está minada. Apenas vejo minha esposa como
minha inimiga. Não estou conseguindo crer que Satanás é quem é o
adversário, e ele deve estar rindo de mim nesse exato momento”. Só que ele
não consegue perceber que você não está sozinho. “Posso ser um soldado
ferido, um soldado que está com os olhos machucados pelo engano, mas não
estou só. O Senhor dos exércitos virá contra Satanás com tamanha fúria, pois
sou amado do Pai”. Esta é a verdade. “Sou a menina dos Seus olhos”. Quem
poderá contra Ele? “Posso não saber como lutar, mas Ele virá em meu
socorro. Ele é a Rocha da minha Salvação!”

Esse, sim, é o caminho da vitória. Mesmo que em determinado


momento de
sua vida você pense que está derrotado, no momento
em que você declara as
verdades das Escrituras, você encontrará a vitória, pois ela é um presente de
Deus e, além de tudo, você sairá fortalecido.

A palavra tentação, no original, possui significado tanto positivo quanto


negativo. O sentido negativo é a arma do diabo tentando
nos conduzir ao
pecado. Mas existe outro lado de seu significado que é o de teste ou prova
pelo qual o Senhor nos permite passar para que possamos ser fortalecidos. A
Palavra de Deus afirma que o Senhor nunca nos permitirá passar por um
teste ou prova que não possamos suportar.

“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não
permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais
suportar.” (1Co 10.13)

Mesmo quando estou pensado que estou sozinho, o Autor da minha salvação
está planejando algo. Ele está pensando e tramando
um ataque
poderosíssimo contra o inimigo. Mesmo quando Adão
e Eva pecaram, o
Senhor simplesmente não os exortou, dizendo: “O que foi que fizeram?
Comeram do fruto que Eu dissera para não comer? Pois, de agora em diante,
vocês terão o enganador como inimigo e terão que lutar essa batalha
sozinhos. Não contem comigo!”.

Foi isso que aconteceu? Ou o Senhor exortou Adão e Eva, mas disse que
haveria guerra entre o diabo e o seu descendente, que é Cristo? Na verdade,
esta é a guerra que está sendo travada entre o diabo e o Descendente, a luz
contra as trevas, o céu contra o inferno. No entanto, há um pormenor: Cristo
iria pisar na cabeça da serpente (Gn 3.15), e Ele já pisou. Satanás já está
derrotado. O Senhor o derrotou na cruz do Calvário. São mais de dois mil
anos de vitória. O inimigo já está vencido. Por mais que passemos por
situações de combate, a luta já está ganha e precisamos lançar nossa fé nessa
direção. A batalha não é nossa, mas de Deus.

O poder operante no homem interior

Outro aspecto importante de nossa vitória em Cristo é que você precisa


entender que o poder de Deus também opera em você e está à sua
disposição, podendo operar não somente ao nosso
redor, não só perto de nós,
mas em nós. Nós estávamos mortos, mas Ele nos deu vida. O diabo perde
sua força quando deixa de ser alimentado. Uma vez que temos a vida de
Deus dentro de nós, essa vida vai crescendo e nós vamos deixando, como
que em um processo, de alimentar o diabo. Ele é alimentado por nossos
desejos da carne, por nossas concupiscências, pois é ela que nos tenta. Tiago,
no capítulo 1, versos 13 ao15, diz:

“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não
pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada
um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a
cobiça, depois de haver concebido, dá á luz o pecado; e o pecado, uma vez
consumado, gera a morte.” (Tg 1.13-15)

O Espírito da promessa, que opera eficazmente, nos auxilia em toda e


qualquer situação. Neste exato momento, o Espírito está em mim, operando
de forma eficaz, trabalhando em meus sentimentos, trazendo luz às minhas
trevas, levando-me a sentir um pequeno feixe de luz da esperança da minha
riqueza como herança. Sou filho e sou herdeiro. Herdeiro da vitória, dos
bens, do amor. Nada me afastará do amor do Pai. Seu poder opera no meu
interior, trabalhando nas minhas fraquezas. Esse poder gera força para
resistir ao dia mau. Ele tem um propósito em minha vida e não vai desistir
dele, uma vez que Ele não desiste de mim.

Seu poder opera de forma eficaz em mim.


Ainda mais, sou parte do Corpo de Cristo. Ele é o cabeça e, como cabeça,
está pensando em todas as necessidades dos membros de Seu corpo. Se
necessitarmos de maior defesa, Ele gera a fome para termos todos os
ingredientes necessários para a defesa de nosso organismo. Se necessitarmos
expelir as impurezas, Ele nos dá a sede para que os rins possam trabalhar
mais intensamente
para eliminá-las. Todos os membros de Seu corpo irão
funcionar adequadamente: a proteção, o crescimento e o desenvolvimento. O
poder do cabeça é eficaz para nos guardar e está disponível para cada parte
de Seus membros.

O que nos traz a salvação é o Espírito Santo, que age em nós e


nos convence
do pecado, para abrir nossos olhos e para que as verdades da Palavra sejam
alimento sólido a fim de nos fortalecer para
a batalha. Esta é a vitória que
vence o mundo: a nossa fé (1Jo 5.4).
A nossa fé deve ser dirigida a Ele,
porque se lutarmos como soldados
pensando que a guerra é nossa, o fracasso
virá. Todavia, se colocarmos nossa fé inteiramente nEle, sairemos
vencedores, porque...

A honra de Deus está envolvida na batalha

O pastor Aluízio Silva, nosso pastor na Videira de Goiânia, sempre diz uma
frase: Se todo o trabalho é de Deus, toda a honra também deve ser dEle. O
homem sempre deseja ser honrado e anseia pela glória, até mesmo na
batalha espiritual. No entanto, como poderíamos vencer um inimigo que não
vemos e ainda por cima mais poderoso que nós? Se toda batalha é de Deus e
nossa vitória é um presente dEle, da mesma forma toda honra e glória devem
ser dadas a Ele.

Não é muita pretensão nossa crermos que podemos vencer qualquer coisa no
mundo espiritual? O Senhor não é incoerente. Ele sabe de nossas
debilidades, inclusive até onde vai nossa condição de enfrentar o inimigo.
Por isso, na realidade, é Ele quem está pelejando por nós. Somente em Cristo
encontramos a vitória.
Sua honra está em jogo. Como poderíamos desejar a
honra para nós em algo impossível? Toda honra deve ser dada a Ele, pois
toda guerra é dEle. Somos como Josué no campo de batalha. Ele somente
prevalecia quando a mão de Moisés era erguida. Por isso, a vitória de Josué
no campo de batalha dependia apenas de Moisés no monte. Monte aqui
aponta para o céu. Se quisermos mudar a terra, temos que tocar no céu. No
entanto, não podemos nos esquecer também de que toda a honra é do céu.
Josué sabia disso, tanto que ele nunca reivindicou para si honra alguma. Ele
apenas queria servir a Moisés que, neste contexto, aponta para o Senhor.

Permanecer e descansar

O Salmo 91 nos ensina muito sobre batalha espiritual. Nossa vitória está em
permanecer no Senhor e descansar nEle.

“O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do


Onipotente diz ao Senhor; meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem
confio.” (Sl 91.1,2)

O verbo habitar, no original hebraico, é “yashab”, que significa


permanecer,
no sentido de residir, morar. Não significa um permanecer momentâneo,
passageiro, mas no sentido de constante, por tempo indefinido. Em outras
palavras, eu decidi morar nEle, isso é o mesmo que estar “em Cristo”. A
batalha espiritual é de Cristo. Se estou em Cristo antes de o inimigo tocar em
mim, ele terá que tocar em Cristo. Creio que não será uma tarefa muito fácil
para ele!

A forma dessa habitação é mediada pela fé: “Deus meu em quem confio”.
Pela fé, vivemos e nos movemos. A forma de permanecer “em Cristo” é pela
fé. Aquele que não vive pela fé não tem
a confiança necessária para vencer
as batalhas espirituais. Mesmo que você “ande pelo vale da sombra da
morte, não temerá mal nenhum” (Sl 23.4), porque você estará em Cristo, e o
descanso é justamente por você confiar. Uma vez que confia, você pode
habitar, e o descanso virá.

Acho ótimos os versículos 1 e 2 do Salmo 91, porque eles apresentam o


Senhor por meio de duas palavras fortes: Altíssimo e Onipotente. Altíssimo
significa superior. Quem é superior a Ele? Quem tem maior autoridade que
Ele? Infelizmente, uma
grande parte dos irmãos considera Satanás tão
poderoso quanto o Senhor. Isso não é na teoria, mas na prática diária. Muitas
vezes temem muito mais ao diabo que ao Senhor. Eles deveriam ler os
primeiros capítulos do livro de Jó. Mesmo reinando sobre a terra, tudo que
Satanás pôde fazer contra os escolhidos do Senhor necessitava de liberação.
Na realidade, ele não poderia fazer nada. Somente poderia
fazer algo contra
os escolhidos desde que fosse dentro de um propósito do Senhor para eles.
Muitas vezes nossas lutas são apenas uma forma de aperfeiçoamento, de
crescermos em Deus quando o livramento chegar, como aconteceu com Jó.

Assim confirma a epístola de Tiago, que diz:

“Meus irmãos tende por motivo de toda alegria o passardes


por várias
provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz
perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa (isto é, você deve
suportar até o fim), para que sejais perfeitos e íntegros, em nada
deficientes.” (Tg 1.2-4)

A segunda palavra forte desses versículos é Onipotente. Em hebraico, é


“shadday”, que pode também ser traduzida por “Todo-Poderoso”. Isso é
maravilhoso. Além de ser o maioral, o mais alto, Ele ainda é o Todo-
Poderoso.

Para você entender melhor, vou fazer uma analogia com um ministério
político de uma nação. Algumas pessoas dizem que o ministro “tal” não faz
nada. Então, alguém replica: “Olha, ele não faz nada não é porque não quer,
mas porque na realidade quem manda no ministério são os burocratas. Até
que o ministro quer fazer algo, mas quem manda mesmo são eles”. Repare
que o mais alto é o ministro, mas quem detém o poder são os burocratas, e é
por isso que dizem que muitos ministros não conseguem fazer tanto quanto
gostariam. Contudo, isso não acontece com o Senhor.
Além de ser o
superior, Ele ainda detém todo o poder. Isto é, a Sua vontade será feita.
Mesmo que as hostes malignas não queiram, terão que obedecer porque Sua
vontade será feita de acordo com “a força de Seu Poder” (Ef 6.10). A
autoridade é dEle, mas também o poder é dEle. Glória a Deus! Confie nisso.
Descanse à sombra do Onipotente.

“Pois ele te livrará do laço do passarinheiro (as armadilhas


do inimigo) e
da peste perniciosa (praga que conduz à ruina) ...não te assustarás do terror
noturno, nem da seta que voa de dia, nem da mortandade que assola ao
meiodia. Caiam mil ao teu lado, e dez mil à tua direita; tu não
serás
atingido” (Sl 91.3; 5-7 – parênteses nossos). Por quê? Porque Ele “cobrir-
te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é
pavês e escudo” (Sl 91.4).

Aqui é feita alusão a uma ave que guarda seu filhote debaixo de suas asas.
Qualquer inimigo que tentar se aproximar para tocá-lo, primeiramente vai ter
que tocar na ave mãe. Assim é nosso relacionamento com o Senhor;
qualquer um que deseje tocar em nós, primeiramente terá que tocar no
Senhor. Em última análise, seus inimigos em primeiro lugar são inimigos
dEle. Mas isso não pode ser apenas uma teoria em sua cabeça, uma
concordância mental, mas deve ser antes de tudo uma fé do coração. É sua fé
que fará toda a diferença. Confie que o Senhor está lutando suas batalhas e
você terá descanso em sua alma. Pare de viver uma vida tensa preocupado
com problemas que fogem ao seu controle.
Aquilo que você não pode fazer,
Ele fará por você.

Por último, “
a sua verdade é pavês (escudo grande) e escudo (pequeno)”
(Sl 91.4 – parênteses nossos). A palavra verdade poderia ser
traduzida por
fidelidade nesse contexto. Isto é, você pode colocar toda a sua confiança
nEle porque Ele é fiel. Mesmo que você não seja fiel, Ele é. Não é uma
mentira, nem algo apenas para agradar. A Sua palavra é a verdade, e se Ele
disse que vai guardá-lo, é porque Ele irá fazer isso, e não vai desamparar
você. A sua vitória vai chegar porque Ele é fiel e verdadeiro. Aleluia!
Glórias a Deus! Isso não é maravilhoso?

Capítulo Seis

A armadura de Deus: arregimentados para a batalha e


cingindo-nos com a verdade

o capítulo anterior, vimos que a batalha é de Deus, e não nossa. Contudo,


neste capítulo quero mostrar que as batalhas também fazem parte de nossa
vida

espiritual.

Algum dia desses, conversando com minha esposa, ela fez a seguinte
afirmação sobre determinado assunto: “Os crentes deveriam
se comportar da
mesma maneira que os ímpios, caso contrário, seriam piores que eles”. Eu
retruquei dizendo: “A grande diferença
é que os ímpios não participam da
batalha espiritual que os crentes
participam”. O que estou querendo dizer é
que existem coisas que o crente poderia fazer da mesma forma que o ímpio
(exceto coisas pecaminosas, obviamente), porém, deveriam evitar, uma vez
que nós estamos debaixo de uma guerra espiritual, e eles não.

O apóstolo Paulo disse: “


Todas as coisas são lícitas, mas nem todas
convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam” (1Co 10.23). Na
verdade, temos até mais liberdade que o ímpio por não estarmos mais
debaixo da lei, e sim da graça. Ao crente, tudo aquilo que não é pecado é
permitido, mas nem tudo convém, seja devido à batalha espiritual, seja para
fugir da aparência do mal, mas, acima de tudo, porque existe uma série de
coisas que o crente poderia fazer, mas a prática daquilo não edifica. Se não
edifica, devemos deixar de fazer. Mas, para o momento, é claro, o que
importa afirmar é que estamos inseridos em uma batalha, e o inimigo irá usar
todo e qualquer vacilo do crente para derrotá-lo.

Eis a razão de estar escrito: “


Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso
adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para
devorar...” (1Pe 5.8).

Nós estamos aqui como instrumentos de Deus para a retomada


da terra para
o Senhor. O homem entregou o governo da terra ao diabo, agora o Senhor irá
usar o homem para a retomada desse governo. É claro que essa guerra a
nível estratégico é de Deus, e não nossa, mas a nível tático estamos
completamente inseridos. Somos a família de Deus, o edifício de Deus, mas
nunca podemos
menosprezar que também somos os soldados de Deus.

Arregimentados para lutar com as armas celestiais

“Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de


Cristo Jesus.
Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu
objetivo é satisfazer àquele
que o arregimentou.” (2Tm 2.3,4)

Quando uma nação entra em guerra com outra, é a nação que está em guerra,
mas seus cidadãos habilitados são convocados a participar dela como
soldados. Da mesma forma somos nós. Pertencemos à nação celestial, não
pertencemos a este mundo. Este mundo jaz no maligno (1Jo 5.19). O Reino
de Deus, através de Sua igreja, está avançando sobre o império das trevas, e
nós somos os soldados dessa nação celestial. A nossa parte na guerra é
reivindicar as estratégias e todo o poderio das armas espirituais ao nosso
general, que é Cristo, o Senhor Jesus, que nos arregimentou:
“Porque as
armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em
Deus, para
destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante
contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à
obediência de Cristo” (2Co 10.4).

O apóstolo Paulo disse: “


Porque as armas da nossa milícia não são carnais,
e sim poderosas em Deus...” (2Co 10.4a). Esse é o poderio bélico do céu.
Nossas armas são espirituais e poderosas em Deus. O poder bélico é de
Deus, e a forma de reivindicarmos essas
armas é através da fé e da Palavra
de Deus. A fé traz para a realidade toda a provisão da Palavra de Deus para a
destruição de toda obra maligna nos relacionamentos e em nossa comunhão
com Ele.

A submissão e as armas celestiais: uma combinação poderosa

Esse texto da Segunda Carta aos Coríntios encontra-se inserido


no contexto
da defesa do apóstolo Paulo quanto ao seu apostolado.
Alguns mestres na
cidade de Corinto haviam se levantado contra o evangelho desse apóstolo
centrado na cruz de Cristo. Muito provavelmente misturaram o evangelho da
graça de Cristo com a Lei de Moisés ou com a filosofia grega. Dessa forma,
o apóstolo encontrava-se inserido numa guerra. É justamente nesse momento
que ele explica aos irmãos daquela igreja que, apesar de ele estar numa
guerra contra esses mestres, sua arma (e as nossas) não deve ser carnal, mas
poderosa em Deus.

No entanto, um ponto bastante importante a ser observado nesse texto é


quanto ao versículo 6 quando o apóstolo diz: “E estando prontos para punir
toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão” (2Co 10.6).
Vamos entender. Há uma guerra de argumentos sendo travada, na qual a
autoridade apostólica de Paulo está sendo questionada. Então, ele se defende
mostrando aos coríntios que as armas que ele usa não são carnais. Ok. Até
aí, é como se apenas ele estivesse na batalha, no entanto, ele continua
dizendo que os demais irmãos de Corinto deveriam estar prontos para
punirem toda desobediência, que é o mesmo que dizer: Vocês
também estão
nessa guerra comigo. Eu não estou e não devo ficar sozinho. A nossa vitória
não depende somente de mim ou de uma pessoa, mas de todo o Corpo de
Cristo!

Mas, quando o Corpo de Cristo estará pronto para a guerra? Ele mesmo
responde: “...uma vez completada a vossa submissão”.

Eis aqui então um princípio fundamental da vitória da igreja ou do Corpo de


Cristo. Nós temos que tratar da submissão. Um exército somente encontrará
a vitória baseado na autoridade (aqui
representada pelo apóstolo) e na
submissão de seus soldados. O dia
que cada crente compreender o quanto a
submissão é importante para que ele vença as suas batalhas, o poder das
armas celestiais irá destruir todo argumento ou pensamentos que não estão
em linha com o pensamento ou o conhecimento de Cristo. É daí que todo
engano, toda mentira do diabo, será anulado e destruído. Lembre-se disto: as
armas são celestiais, mas há um princípio
muito importante que deve ser
completamente desenvolvido: a sua submissão às autoridades. Quando isso
acontecer, poderemos desfrutar da vitória em Cristo.

Caso você esteja passando por algum problema de relacionamento com


pessoas ou com Deus, o que você precisa é da fé e da Palavra de Deus. É
disso que você precisa. Você não necessita de cura interior, nem de horas e
horas de aconselhamento (não estou dizendo que não são importantes) ou de
médicos ou psicólogos. O
que você mais precisa, além de orar, é de fé e da
Palavra de Deus. A Palavra é a sua arma poderosa em Deus.

Nossa convocação

Não existe na Bíblia o conceito de Deus trabalhar sem o homem. Sua palavra
confirma isso: “Os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a ele aos
filhos dos homens” (Sl 115.16). O Senhor decidiu trabalhar na terra com e
através do homem. Tudo que o Senhor faz aqui na terra Ele o faz com a
nossa participação.

Podemos ver esse princípio no capítulo 17 do livro de Êxodo quando o povo


hebreu teve que contender com Amaleque, líder de uma tribo ao sul de
Canaã. Naquele contexto, Moisés simboliza
o Senhor e Josué o homem.
Nesse trecho da palavra, vemos que, quando Moisés levantava a mão, Josué
prevalecia na batalha e, quando a mão de Moisés cansava e sua mão se
abaixava, Amaleque prevalecia. A grande questão é: a batalha dependia de
quem, afinal? De Moisés sobre o monte ou de Josué no campo de batalha?

Nós fomos escolhidos pelo Senhor para trabalharmos junto com Ele. É por
isso que a vitória na batalha espiritual depende, por um lado, de o Senhor
entregá-la em nossas mãos e, de outro, de irmos e guerrearmos com as armas
que Ele coloca em nossas mãos. Porém, nunca se esqueça de que nossa
grande arma é a Palavra de Deus tomada pela fé.

Outro exemplo que testifica esse princípio é mostrado na


conquista de
Canaã. O Senhor havia dado a terra de Canaã aos hebreus como foi
prometido a Abraão em Gênesis e, depois, confirmado em Levítico.

“Disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se separou dele:


Ergue os olhos
e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o
ocidente; porque toda essa terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua
descendência, para sempre. Farei a tua descendência como o pó da terra;
de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então se
contará
também a tua descendência. Levanta-te, percorre essa terra no seu
comprimento e na sua largura; porque eu ta darei.” (Gn 13.17)

“Quando entrardes na terra de Canaã, que vos darei por possessão, e eu


enviar a praga da lepra a alguma casa da terra da vossa possessão...” (Lv
14.34).

No entanto, assim que o povo de Deus chegou próximo às fronteiras de


Canaã, o Senhor deu todas as instruções a Josué de como Ele lhes daria a
posse daquela terra: através da conquista pela batalha.

“Sucedeu, depois da morte de Moisés, servo do SENHOR, que este falou a


Josué, filho de Num, servidor de Moisés, dizendo: Moisés, meu servo, é
morto; dispõe-te, agora,
passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que
eu dou aos filhos de Israel. Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo
tenho dado, como eu prometi a Moisés. Desde o deserto e o Líbano até ao
grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus e até ao mar Grande para
o poente do sol será o vosso limite. Ninguém te poderá resistir todos os dias
da tua vida; como fui com Moisés, assim serei
contigo; não te deixarei, nem
te desampararei. Sê forte e corajoso, porque tu farás este povo herdar a
terra que, sob juramento, prometi dar a seus pais. Tão-somente sê forte e
mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo
Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a
esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares. Não
cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que
tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele
está escrito; então, farás
prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido. Não to mandei eu? Sê forte e
corajoso; não temas, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é
contigo por onde quer que andares. Então, deu ordem Josué aos príncipes
do povo, dizendo: Passai pelo meio
do arraial e ordenai ao povo, dizendo:
Provede-vos de
comida, porque, dentro de três dias, passareis este Jordão,
para que entreis na terra que vos dá o SENHOR, vosso Deus, para a
possuirdes. Falou Josué aos rubenitas, e aos gaditas, e à meia tribo de
Manassés, dizendo: Lembrai-vos
do que vos ordenou Moisés, servo do
SENHOR, dizendo: O SENHOR, vosso Deus, vos concede descanso e vos dá
esta terra. Vossas mulheres, vossos meninos e vosso gado fiquem na terra
que Moisés vos deu deste lado do Jordão; porém vós, todos os valentes,
passareis armados na frente de
vossos irmãos e os ajudareis, até que o
SENHOR conceda descanso a vossos irmãos, como a vós outros, e eles
também tomem posse da terra que o SENHOR, vosso Deus, lhes dá; então,
tornareis à terra da vossa herança e possuireis a que vos deu Moisés, servo
do SENHOR, deste lado do Jordão, para o nascente do sol.” (Js 1.1-15).

A terra, por direito de promessa, já era deles, no entanto, o povo tinha de


tomar posse pela vitória na batalha. Deus lhes daria a vitória. Aleluia!

Tudo que mencionamos até aqui aponta para a batalha espiritual. O crente
não pode viver uma vida sem lembrar e crer em sua existência. Não pode
menosprezar o inimigo. O apóstolo Paulo sabia disso quando expressou:
“...para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe
ignoramos os desígnios” (2Co 2.11).

Alguns anos atrás, aconselhei uma irmã que se encontrava


numa situação
muito delicada em seu casamento. O marido estava
tendo um caso
extraconjugal no trabalho, e ela havia descoberto. O marido chegou a lhe
pedir o divórcio. Quando eu a aconselhei, perguntei-lhe se acreditava em
toda a Palavra de Deus. Ela havia dito que sim. Por qual motivo lhe fiz essa
pergunta? Pelo simples motivo de que muitas pessoas não creem em toda a
Bíblia. Infelizmente, há pessoas que creem apenas em parte dela.
Depois
disso, fui ao versículo que diz que nossa luta não é contra o sangue e a carne
(Ef 6.12) e mostrei-lhe que sua luta não era contra seu marido, mas contra os
principados e as potestades do ar.

Após um tempo, num determinado dia, entrei no prédio da igreja e percebi


uma voz de mulher travando uma guerra com o diabo e confessando a
Palavra com intensidade e determinação acima daquilo que eu era
acostumado a ver. Caminhei por entre as cadeiras e fui até certo ponto, onde
podia visualizar a autora de tamanha ousadia e intrepidez na batalha
espiritual. Foi quando percebi que se tratava da irmã que eu havia
aconselhado. Confesso
que naquela hora eu sabia de sua vitória e não tinha
dúvida da derrota de Satanás.

Não deu outra. O resultado disso tudo foi que ela não perdeu seu marido e
nem mesmo a outra mulher perdeu seu casamento. Ela havia dado de
goleada no inferno.

Vamos para a batalha: revesti-vos de toda a armadura de Deus

Uma vez que estamos fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder (Ef
6.10), que não temos mais dúvida de que a batalha pertence ao Senhor, que
pela fé nas verdades da Palavra de Deus já
somos vitoriosos em Cristo Jesus
e que nossa vitória é um presente
de Deus mediante a Sua graça, precisamos
ainda revestir-nos da armadura de Deus para permanecermos firmes contra
as ciladas do diabo.

O alvo é nossa vitória contra as ciladas que virão no dia mau. Não tenha
dúvidas de que todos os teremos. Nossa vitória é manifesta pelo nosso
testemunho. Permaneceremos inabaláveis (v.13), firmes na fé, ainda mais
confiantes em Deus, seguros e íntegros. Este é o resultado: um crente mais
maduro e confiante. De agora em diante, não será qualquer coisa que irá
abalar você. Trata-se de uma mudança de nível. Se você estivesse no
exército, já poderia ocupar o cargo de oficial. Agora, será você que irá
treinar outros para a guerra e ensiná-los a vencer? Que maravilha! Nossas
lutas nos fazem avançar, amadurecer e ficamos mais fortes.
O apóstolo Paulo tinha como modelo, em sua mente, muito provavelmente,
um soldado romano. Em seus pensamentos, estava
visualizando cada parte
das vestes desse soldado e, dessa forma, ele começou a compará-las com a
Palavra de Deus e com todos os elementos de que nossa fé possa lançar mão
para a batalha espiritual. Então, ele medita...

Cingindo-vos com a verdade

Em sua visão, Paulo percebe que todo soldado carrega consigo suas armas, e
elas estão presas ao cinturão que cinge os lombos do soldado. Esse cinturão
gera confiança no caminhar e no correr. Que
mobilidade esse cinturão lhe
proporciona! Não somente isso, mas ele também gera uma firmeza de que as
armas não sairão daquele lugar e, quando for necessário sacá-las, não ficará
desapontado. A espada estará no lugar onde deveria estar. A firmeza do
cinturão proporcionava tudo isso ao soldado.

Sabe, meu irmão ou minha irmã, por qual motivo o império de Satanás não
subsistirá? Pelo simples motivo de que ele é sustentado pela mentira e pelo
engano. Por isso a Bíblia afirma que ele é o pai da mentira (Jo 8.44). Essa
afirmação é diametralmente oposta ao que Jesus disse: “Eu sou... a verdade”
(Jo 14.6). Não só isso, mas Ele ainda disse que o Pai deu testemunho dEle
(Jo 5.37).
O Pai testemunhou que tudo que Ele fazia era a verdade. Satanás
não possui nenhum testemunho que seja verdadeiro, muito pelo contrário.
Quem pode testificar que ele fala a verdade? As obras de Jesus testificam
que Ele é verdadeiro? E Satanás? Suas obras testemunham a seu favor?

Por isso quero fazer a você um grande alerta: não trilhe sua vida
sobre a
mentira ou o engano, por menor que seja. Não caminhe sua vida na
obscuridade, mas seja transparente, e que as pessoas possam ver realmente
quem você é. Não deixe que esse hábito cresça em você, pois isso é uma
cilada em sua vida. Um soldado cingido com seu cinturão pode se
locomover com facilidade, uma vez que tudo que ele necessita certamente
estará com ele, mas até onde você poderá ir com a mentira?

A luz é a verdade. O apóstolo João afirma: “


Aquele que diz: eu o conheço e
não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade”
(1Jo 2.4). E ainda mais: Se dissermos que “mantemos
comunhão com ele e
andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos
a verdade” (1Jo 1.6).
Ninguém irá longe andando nas trevas. As trevas são o pecado, a mentira. Se
você deseja ter a liberdade em seus relacionamentos e em sua comunhão
com Deus, cinja-se com
a verdade e a vitória estará ao seu alcance.

Qual é essa verdade da qual o cristão deve estar cingido?

A verdade não é o que penso; a verdade não é o que os outros dizem; a


verdade não são os conceitos do mundo, a verdade é Cristo. Ele é a palavra
de Deus e somente existe uma forma de conhecermos a Cristo: através de
Sua Palavra. Cristo não é apenas uma porção das Escrituras. Do Velho ao
Novo Testamento, as Escrituras apontam para Cristo. Deus, de Gênesis ao
Apocalipse, deseja que as pessoas possam visualizá-Lo. No Velho
Testamento, não O vemos com clareza, pois aquele é a sombra das
realidades observadas no Novo Testamento. Contudo, mesmo assim, você
deve colocar a “lupa” do Espírito para vê-lo desde ali com nitidez.

Já no Novo Testamento, O vemos como Ele é: “


Ele, que é o resplendor da
glória e a expressão exata do seu Ser” (Hb 1.3). O Emanuel (Is 7.14; Mt
1.20) que viveu no meio de nós, que cresceu em sabedoria, estatura e graça,
diante de Deus e dos homens, (Lc 2.52), testemunhado pelos apóstolos, “e
foi visto muitos dias pelos que, com ele, subiram da Galileia para
Jerusalém, os quais são agora as suas testemunhas perante o povo” (At
13.31).

Posteriormente, em uma visão, João assim o descreveu:

“Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás


de mim, grande
voz, como de trombeta, dizendo... Volteime para ver quem falava comigo e,
voltando, vi sete candeeiros de ouro, e no meio dos candeeiros, um
semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingido, à altura do peito,
com uma cinta de ouro. A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã,
como neve; os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa
fornalha; a voz como voz de muitas águas... O seu rosto brilhava como o sol
na sua força.” (Ap 1.13)

No Velho Testamento, não vemos o Senhor com clareza, no entanto, à


medida que caminhamos nas Escrituras, iremos chegar ao ápice, podendo
percebê-Lo em Sua glória, assim como apóstolo
João O viu. Da mesma
forma, se desejamos conhecer a verdade, temos que conhecê-la inteiramente,
em sua plenitude. Aplicando-a ao texto em questão, quero dizer que cingir-se
da verdade é conhecer toda a verdade da Escritura, não pode ficar nada de
fora, pois, de outra forma, o crente corre o risco de perder uma boa batalha
na guerra com o diabo.

É de se esperar que um bebê em Cristo possa perder algumas batalhas. É


justamente por isso que temos que ter o cuidado
mútuo. Os irmãos mais
velhos devem cuidar dos mais novos, até mesmo a ponto de guerrear por
eles. Mas não podemos esperar isso de um crente maduro. A Bíblia afirma
que alguns são como meninos: “...para que não mais sejamos como
meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento
de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao
erro” (Ef 4.14).

Ser levado ao redor por todo vento de doutrina é onde mora o perigo.
Algumas pessoas acabam se perdendo em seu crescimento e maturidade e
por isso levam “bordoadas” do diabo, porque simplesmente não conhecem
ou não cresceram no conhecimento do corpo doutrinário verdadeiro da
Bíblia. Dessa forma, “pela artimanha dos homens”, através de “suas
astúcias”, conduzem
tais pessoas ao erro.

Não é qualquer comida que me alimenta

Fico preocupado com irmãos que se alimentam de várias fontes.


Não tenho
dúvida, e digo isso por experiência em meus anos de ministério. Todos − e
não tive nenhuma exceção até agora − não avançaram em maturidade. Até
agora estão de um lado para outro. Não há firmeza doutrinária. A verdade
está misturada com pensamentos humanos, preferências humanas.

Há alguns dias, dei esse exemplo em sala de aula. Disse aos alunos que,
quando fui ao Peru ministrar em nossa conferência, os irmãos me levaram a
um excelente restaurante. Quiseram que eu experimentasse um prato típico
do país, que é um tipo de rato. Confesso que encarei o desafio e provei do
rato, mas não é o tipo de comida que estou acostumado a comer. Aqui no
Brasil, a base de nosso prato, no almoço ou no jantar, é arroz com feijão. Se
eu desejo me alimentar e permanecer forte, terei que comer arroz com feijão
em todas as refeições. Porém, se todos os dias eu começo a experimentar
tipos diferentes de comida, meu organismo irá achar estranho; não comerei
de forma satisfatória e logo estarei subnutrido.

Da mesma forma é o alimento espiritual da Palavra. É o seu dia a dia, o arroz


com feijão que irá fortalecê-lo. As crianças não se importam com isso. Se
possível, comeriam doce na hora do almoço. Mas quando uma pessoa velha
em Cristo age dessa maneira, perde grandes batalhas.

O conhecimento da verdade da Palavra em sua totalidade


(corpo doutrinário)
é reforçado pelo versículo anterior a esse,
onde se lê: “...até que todos
cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à
perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef
4.13).

Como Jesus mesmo disse, a verdade é Cristo. Cristo é conhecido em toda a


Sua plenitude na Palavra de Deus. Daí podemos dizer que a verdade em
Efésios 6.14 trata do conhecimento pleno das verdades da Palavra que
chamamos de corpo doutrinário.

A verdade é que fomos justificados por Cristo

Quero dar outro exemplo para que você possa entender melhor. Às vezes,
faço um teste com a igreja na hora do culto e peço aos irmãos que levantem
as mãos aqueles que se consideram justos. Infelizmente, a maioria não
levanta. Por quê? Simplesmente porque não conhecem a Palavra de Deus em
sua plenitude. Não conhecem a doutrina completa. Eles não levantam a mão
porque na maioria das vezes estão debaixo de acusação e, por isso, pensam
que não são justos. Eles não se acham dignos.

O verdadeiro motivo é que os irmãos ainda confundem justiça com


comportamento. Ainda pensam que a justiça deles é reflexo de seu
comportamento. Isso, na realidade, é justiça própria. Mas não é isso que a
Bíblia afirma. Nós somos justos porque Cristo nos
justificou. Não é por
algum bom comportamento meu, mas pela ação de Cristo Jesus morrendo na
cruz e pagando meus pecados. Cristo é a nossa justiça. O Seu sangue é o
preço de nossa justiça. Por isso, depois que explico mais uma vez, peço para
aqueles que são justos levantarem as mãos, e aí todos levantam. Graças a
Deus!
Pelo menos até que nova acusação venha sobre eles. Aí então explico
tudo de novo... Esse é meu ministério!

Meu irmão: Cinja-se com a verdade. Preocupe-se em gastar tempo com a


Palavra. Peça para o Senhor trazer luz sobre todas as verdades da Bíblia.
Conheça Jesus em Sua plenitude para desfrutar
de Sua vitória. Vença com
Ele a batalha da fé!

Capítulo Sete

A armadura de Deus: a couraça


da justiça e a preparação do
evangelho da paz

omo era inspirador para o apóstolo observar aquele soldado! Em seu peito
havia uma pesada couraça que o protegia, principalmente os órgãos vitais: o
coração e

os pulmões. Se o inimigo tentasse feri-lo, não seria qualquer golpe


que o
mataria, uma vez que seu coração e seus pulmões estariam protegidos.
Órgãos vitais estavam protegidos. Partindo do princípio de que a Bíblia
explica a própria Bíblia, o mesmo apóstolo Paulo, ao escrever à igreja de
Tessalônica, afirmou: “Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios,
revestindo-nos da couraça da fé e do amor...” (1Ts 5.8). Nessa afirmação,
podemos ver duas coisas extremamente importantes que devem ser
protegidas em nossa caminhada cristã: a fé e o amor.

Em Hebreus 11.6, vemos que “.


..sem fé é impossível agradar a Deus” e,
sem dúvida, podemos ver que não há como nos relacionarmos com Deus
sem utilizarmos esse instrumento. Todo e qualquer cristão que deseja ter
uma vida vencedora na batalha espiritual não pode menosprezar de maneira
alguma a fé. Você deve alimentar sua fé, exercitá-la e fortalecê-la. Falaremos
mais sobre fé em outras peças da armadura, porém, de antemão, quero
ressaltar a importância dela na batalha espiritual. Não abra mão de ser um
homem ou uma mulher de fé.

A segunda coisa que essa couraça deve proteger é o amor. É interessante


notarmos que o coração protegido pela armadura é o órgão símbolo do amor.
Esse amor deve ser protegido em três dimensões. Primeiramente para cima,
guardando nosso coração em relação ao Senhor, não permitindo que nada,
absolutamente, possa fazer-nos duvidar do grande amor de Deus por nós,
bem como do nosso próprio amor, cheio de gratidão ao Senhor por todas as
Suas bênçãos em nossas vidas.

A segunda dimensão do nosso amor é para os lados, que significa o amor


dispendido aos nossos relacionamentos. Lembre-se de que a armadura de
Deus foi dada justamente no contexto de Efésios 5 e 6, que trata
especificamente dos relacionamentos ao nosso lado ou, dizendo de outra
maneira, nossos relacionamentos horizontais. É desta forma que o apóstolo
Pedro foi tão incisivo: “Tendo purificado a vossa alma, pela vossa
obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-
vos, de coração, uns aos outros ardentemente...” (1Pe 1.22).

A terceira dimensão do nosso amor é o amor aos discípulos, aqueles que o


Senhor colocou e nos entregou em nossas mãos para que sejamos como seus
pais espirituais. Lembremos que não é nada fácil ser pai. Mas, por outro
lado, não existe nada mais gratificante quando vemos nossos filhos
espirituais caminhando sozinhos e maduros, alçando voos mais altos que os
nossos. Nessa hora, podemos agradecer a Deus, porque realmente é uma
dádiva Sua colocar pessoas tão valiosas para Ele para caminhar conosco. O
Senhor Jesus amava os Seus discípulos de tal maneira que fez uma oração
maravilhosa em João 17 por todos aqueles que o Pai o havia dado: “Mas,
agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu
gozo completo em si mesmos” (Jo 17.13).

Bem, vamos analisar o aspecto da justiça, o elemento espiritual pelo qual a


couraça protege a fé e o amor. Isaías, em relação à injustiça de Israel e
profeticamente referindo-se a nosso Senhor Jesus como sendo essa justiça,
exclama:

“Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse
um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua
própria justiça o susteve.
Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o
capacete
da salvação na cabeça.” (Is 59.16,17)
É muito provável que seja essa a passagem bíblica na qual Paulo
pode ter-se
inspirado ao “ver” o soldado romano. Jesus, em última
análise, é toda a
armadura, porém, nunca se esqueça do preço que o Senhor Jesus pagou
morrendo na cruz do Calvário para que Ele fosse toda a nossa proteção e
salvação.

É elucidativo que a couraça que protegia o soldado não lhe pertencia. Não
vinha dele. Ela era de couro e, para que ele pudesse
desfrutar daquela
segurança, um animal havia sido morto. O couro era “fruto” desse animal,
que deu sua vida para que o soldado tivesse sua própria vida preservada.
Assim é conosco. A justiça que
nos protege não veio de nós. Não se trata de
minha justiça, mas da justiça daquele que morreu para me dar vida e
proteger-me da morte. Nosso Senhor Jesus Cristo é a nossa justiça (1Co
1.30). Não é a justiça própria que nos protege, mas a justiça de Cristo. Não o
meu mérito, mas a Sua obra, a obra da cruz.

A justiça de Cristo nos protege dando vida, representada por fé e amor. Uma
pessoa que não desfruta da fé não desfruta do relacionamento com Deus e, se
não possui amor, da mesma forma não pode relacionar-se com os homens de
forma prazerosa e gratificante.

A grande cilada do diabo é nos convencer de que a justiça própria pode gerar
vida e desfrutar da alegria e vitória ao agradar a Deus. Apesar disso,
infelizmente, muitos estão olhando para si mesmos, crendo que os frutos são
gerados pela sua capacidade e que sua salvação é pelo seu mérito, ou que seu
crescimento e maturidade são obras de sua santidade e consagração. Mas
isso é um engano. Sua justiça própria vai gerar morte em sua vida porque
fará você olhar para si mesmo e não para o Autor e Consumador da nossa fé
(Hb 12.2). Sabe por quê? Na primeira oportunidade que o inimigo tiver,
quando você “pisar na bola”, ele vai gerar acusação e condenação em sua
vida. Dessa forma, ele vai lhe trazer
tristeza, uma sensação de derrota e de
impotência.

Nossa couraça é Cristo. Nossa justiça é Cristo. A mentira e o engano são a


justiça própria, o cumprimento da lei. A justiça de Cristo é a graça e o
desfrute da vitória, a alegria de saber que, pela sua fé e confiança no Senhor,
você pode ser livre.
Esse foi o erro dos gálatas, a ponto do apóstolo os chamar de insensatos:

“Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante


cujos olhos foi
Jesus Cristo exposto como crucificado? Quero
apenas saber isto de vós:
recebestes o Espírito pelas obras da
lei ou pela pregação da fé. Sois assim
insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos
aperfeiçoando na
carne?” (Gl 3.1-3)

Qual foi a insensatez dos gálatas? Confiar em si mesmos para sua


santificação. Eles haviam começado no Espírito, isto é, quando
Paulo pregou
o evangelho da graça, eles aceitaram de prontidão, mas, agora, influenciados
pelos legalistas, estavam tirando os olhos
de Cristo e colocando-os em si
mesmos para a santificação. O apóstolo chamou isso de aperfeiçoamento na
carne.

Todas as vezes que confiamos em nossa carne, em nossos méritos e na


justiça própria, estamos nos aperfeiçoando na carne. Todas as vezes que
confiamos em nossa justiça, e não na justiça de Cristo, estamos nos
aperfeiçoando na carne. Cristo é nossa justiça:

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim
mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para
que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por
obras da lei, ninguém será justificado.” (Gl 2.16)

Nossa fé é aperfeiçoada, quando cremos que Cristo é nossa justiça, “Visto


que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito:
O justo viverá por fé” (Rm 1.17). Uma vez que estamos em Cristo, nunca
mais deixaremos de ser justos. Essa é a verdade do evangelho. Nossa fé se
alimenta dessa verdade, e de fé em fé seremos aperfeiçoados. Cada mentira
do diabo é uma verdade declarada, uma derrota para o inferno, uma fé
desenvolvida. Assim, como somos aperfeiçoados de glória em glória, da
mesma forma nossa fé é aperfeiçoada de fé em fé, todas as vezes que
tomamos posse da justiça de Deus. Por isso se diz: “...o justo viverá pela fé”
(Rm 1.17). “Tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo
presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em
Jesus” (Rm 3.26). Aleluia! Oh, verdade maravilhosa!
A base da nossa salvação é a justiça de Deus, e a fonte dela é o amor. Por
isso eles caminham juntos: “Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo
da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o
amor de Deus...” (Lc 11.42). Desprezar a justiça e o amor de Deus é
desprezar Sua salvação. Os fariseus estavam desprezando a salvação de
Deus para eles. Não separe o amor de Deus de Sua justiça, porque eles se
encontraram lá na cruz. Da mesma forma, a expressão desse amor em nós
caminha junto com a justiça. Essa era a preocupação do apóstolo Paulo
quanto a seu amado discípulo Timóteo: “Tu, porém, ó homem de Deus, foge
destas coisas antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor [...] combate o
bom combate da fé...” (1Tm 6.11,12a). Combater o bom combate da fé, essa
é nossa batalha. A couraça da justiça protege nossa fé e o amor necessários
para a vitória.

Seu coração protegido pela justiça de Cristo dá a você liberdade de amar! A


liberdade de bombear a vida de Deus para todo o seu corpo. Assim como os
anticorpos que seu sangue leva para defendê-lo, da mesma forma é a couraça
da justiça de Deus protegendo-o da mentira quanto ao amor de Deus. Assim
também será a liberdade de seu pulmão de inspirar o frescor do aroma de
Cristo (Ef 5.2) e exalar o perfume de Sua morte (Mt 26.12).

A preparação do evangelho da paz

Aquele soldado romano não andava descalço. Por mais que o Império
Romano houvesse feito um grande trabalho de infraestrutura, inclusive
pavimentando grande parte de sua malha viária,
o soldado necessitava das
sandálias em seus pés. Não podemos esquecer que essas sandálias também
eram feitas de couro. Um animal também havia sido morto para que o
soldado pudesse caminhar livremente e proteger-se de feridas, à semelhança
de nosso
Senhor, que carregou sobre Si as nossas enfermidades (Is 53.4).

As sandálias usadas pelos soldados romanos eram de couro com


um solado
grosso, no qual havia grande quantidade de cravos na sua face inferior por
dois motivos: para que pudesse dar firmeza na
locomoção e também para
evitar que os soldados se machucassem
com armadilhas colocadas em
determinados locais. Essas armadilhas eram pequenas lanças pontudas
colocadas debaixo da terra e quase imperceptíveis, com o objetivo de ferir os
pés dos soldados. Essas pontas ficavam tão escondidas que, quando
percebiam, já haviam caído nelas e se ferido. Como consequência, sua
locomoção ficava prejudicada ou morriam de infecção.

Como isso parece com os enganos (sofismas) do inimigo! O diabo sempre


lança sobre nossas mentes verdades permeadas por um fermento de mentira.
Parece verdade, mas é contaminada
pela mentira. A mentira camuflada pela
verdade pode ser imperceptível. É justamente nessa hora que muitos cristãos
caem e são derrotados pelo inimigo.

Por exemplo: imagine que você tenha clareza de que está fazendo algo fora
do propósito da Bíblia. Você luta para sair, mas não está conseguindo. A
verdade é que você está em pecado, mas a mentira é que Deus não aceita
mais você, que não há solução para você. Repare que é uma verdade
misturada com uma mentira. Quando colocada em sua mente, você chega à
conclusão de que não tem mais chance com Deus. Isso é um engano. Mesmo
estando errado, você ainda continua sendo filho de Deus, desfrutando do
amor do Pai, e Ele não irá abandoná-lo. Essa é a verdade pura. Você pode
sair dessa situação porque Ele é a sua força, basta tomar posse da vitória em
Cristo.

A palavra preparação pode dar a ideia de “firmeza” e, neste caso, há uma


conexão com a visão do apóstolo ao lembrar que os cravos das sandálias
davam ao soldado a firmeza necessária para a mobilidade. Outro significado
é de “prontidão”. O evangelho da paz produz no crente a firmeza e a
prontidão para estar firme contra as ciladas do diabo e pronto para rechaçá-
las de sua mente.

Outro ponto importante a ser analisado é quanto à palavra evangelho. Muitos


pensam que, neste ponto, o apóstolo Paulo tinha em mente a salvação de
pessoas, mas prefiro concordar com o comentário do Dr. Lloyd-Jones em seu
livro “O soldado Cristão”: “Ele (o apóstolo Paulo) não está pensando na
evangelização, ele está retratando o cristão que está sendo atacado dia e
noite pelo diabo e todas as suas forças, e o está advertindo de que, se ele não
se deixar encher pelo poder de Deus, e se não vestir toda esta armadura de
Deus, será derrotado”.

Concordo com esse pensamento porque não podemos analisar


a palavra
evangelho fora do contexto, e este contexto trata-se de batalha espiritual.
Neste momento, o coração do apóstolo está voltado para as pessoas da igreja
e dos irmãos, e não dos não convertidos. Bom, então, do que se trata a
palavra evangelho?

Essa palavra, como todos sabem, significa boas-novas. Quais são as “boas-
novas” na batalha espiritual que podem colaborar para a vitória do crente? A
PAZ.

A paz é primordial para uma vitória espiritual, assim como o moral da tropa
é importantíssimo para a vitória de um exército. O
irmão que está preparado
e firmado na paz de Cristo pode resistir ao inimigo com maior força. Ele está
vigilante contra as ciladas e, por isso, está seguro.

Nesse ponto, é importante compreender os três níveis nos quais


o soldado de
Deus deve estar centrado. Ele deve desfrutar da paz com Deus, da paz com
os demais irmãos e consigo mesmo.

Da paz com Deus porque imagine você entrar numa batalha sem dispor de
sua melhor arma? Se o crente deve estar fortalecido na força do poder de
Deus, como ele irá desfrutar dessa força se não tiver paz com Deus?
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo [...] pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e
gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.1,2).

A paz com Deus vem de uma completa clareza e certeza de que


Deus o ama
incondicionalmente. Apesar de você e de seu comportamento, Deus ama
você. Ele não se relaciona com você debaixo da lei. Hoje você está debaixo
de uma nova aliança, a aliança da graça, e a graça é um favor imerecido.
Você não é justificado por sua própria justiça, mas pela justiça de Cristo.
Independentemente
de seu comportamento, Deus está em paz com você,
pois, quando
Ele olha para você, Ele enxerga Cristo. Dessa forma, Seu amor
o alcança e está à sua disposição. Esse é o amor de Deus. Tenha clareza
desse amor e da fidelidade do Pai e você terá paz com Deus. Firme-se nessa
graça.

E quanto aos irmãos? Ter paz com os irmãos fala de um relacionamento de


comunhão e perdão. Não se esqueça de que a armadura de Deus foi dada
pelo apóstolo Paulo no contexto do capítulo 6 de Efésios e que, desde o
capítulo 5.22, ele está discorrendo sobre relacionamentos. O relacionamento
entre marido e mulher (Ef 5.22,33); o relacionamento entre filhos e pais (Ef
6.1-4); e entre os servos e senhores ou, em outras palavras, entre patrão e
empregados (Ef 6.5-9). Este é o contexto: relacionamento.

A paz nos relacionamentos é primordial para a vitória na batalha


espiritual,
uma vez que as maiores brechas pelas quais damos lugar
ao diabo vêm
justamente por causa das ofensas e da falta de perdão.

Na introdução do livro de John Bevere, “A Isca de Satanás”, lemos: “...uma


de suas iscas mais enganosas e traiçoeiras é algo com que todo o crente se
depara – a ofensa. Na realidade, a ofensa não é mortal – se ela ficar na
armadilha. Mas, se a pegarmos, a consumirmos e alimentar nossos corações
com ela, ficamos escandalizados. Pessoas escandalizadas (ofendidas)
produzem frutos
como dor, raiva, ciúme, ressentimento, amargura, ódio e
inveja. Algumas das consequências de permitirmos ser escandalizados
(ofendidos) são insultos, ataques, divisão, separação, relacionamentos
quebrados, traição e tropeço”.

Na primeira parte desse comentário, encontram-se as brechas: a falta da paz


com as demais pessoas de nosso relacionamento por estarmos ofendidos e,
na segunda parte, as consequências da vitória
do diabo nessa batalha. Mas
nós podemos ter paz com as pessoas que nos cercam se as amarmos como
Deus as ama e se seguirmos as orientações do Senhor em sua Palavra:

“Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor,


alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias,
completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o
mesmo amor,
sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais
por partidarismo ou vanglória, mas por humildade,
considerando cada um
os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é
propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.” (Fp 2.1-4)

Essa é a vontade de Deus. Se praticarmos cada uma dessas orientações, não


há como não desfrutarmos da paz com os irmãos. Satanás não encontrará
brechas e será impedido de lançar seus dardos inflamados em sua direção.
Dessa forma, você estará firmado na paz com os irmãos, e isso é uma boa
notícia. Ganha você, perde o inferno.
Só resta agora você ter paz consigo mesmo. É a paz interior. Normalmente
ela é fruto da paz com Deus e da paz com os irmãos, mas há um ponto a
acrescentar. Ficamos sem paz todas as vezes que olhamos para nós mesmos,
quando nos deixamos ver o quanto somos impotentes, o quanto somos
incapazes, o quanto somos arrogantes ou mesmo o quanto somos difíceis
para nos relacionar. Todas as vezes que olhamos para nós mesmos, como
fruto de autoanálise ou autoavaliação, estamos entrando num caminho
perigoso da autocomiseração e autopiedade. Já mencionei antes sobre onde
colocar nossos olhos. Nosso olhar deve estar direcionado para Cristo. Ele é a
nossa provisão em todas as nossas áreas. Ele é a nossa capacidade, nossa
força, nossa habilidade, todo nosso
potencial está inserido nEle.

Nossos olhos devem estar sempre voltados para... O Autor e Consumador da


nossa fé (Hb 12.2). Isso significa que Ele nos lidera para realizar. Em tudo
que necessitamos realizar, Ele nos liderará para que possamos encontrar
êxito. Então, qual a razão da ansiedade? Encontraremos a paz quando
tirarmos o foco de nós mesmos para olharmos para Ele. É por isso que a
Palavra nos exorta a não andarmos ansiosos. A ansiedade tira nossa paz. Ela
foca o olhar em nós. No entanto, somos incapazes de suprir todas as
necessidades em nossa vida, mas, quando focamos no lugar certo, a paz virá.

“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas,


diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de
graças. E a paz de Deus,
que excede todo o entendimento, guardará o vosso
coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” (Fp 4.6,7)

Tudo que estiver causando problemas em sua vida pode ser solucionado
colocando suas petições em oração, mas, se necessário, suplique. Suplicar
fala de intensidade. Se uma oração normal não estiver funcionando, aumente
a intensidade. Suplicar é um grito de socorro, um clamor profundo. Faça
isso, mas sem ansiedade. Faça isso crendo que Deus “é poderoso para fazer
infinitamente mais
do que tudo quanto pedimos ou pensamos...” (Ef 3.20).

Há algo tão importante quanto nossas petições ou súplicas: as ações de


graça. Quando temos um coração grato a Deus, aceitamos
a maior parte das
coisas que nos cercam, e aquilo que está fora será
colocado em Sua presença
pela oração. Mas a gratidão vai garantir
essa resposta. O Senhor anseia por
um coração grato, pois a ingratidão é sinal de incredulidade. Como
receberemos respostas às nossas orações se agirmos de forma incrédula? Se
não cremos que o Senhor tem o controle de nossas vidas, como vamos crer
que Ele irá solucionar o restante, que está fora daquilo que desejamos?

A gratidão é o selo da fé. Os ingratos são incrédulos. Quando o apóstolo


Paulo estava alertando Timóteo sobre os tempos difíceis que sobreviriam nos
últimos dias (2Tm 3.1), ele fez uma lista dos tipos de homens e colocou a
ingratidão nessa lista, mas ele termina dizendo que tais homens são
corrompidos na mente e são réprobos (desqualificados, reprovados) quanto à
fé (2Tm 3.8).
Colocando de outra forma, tais homens são incrédulos,
desqualificados quanto à fé porque são ingratos. Elimine a ingratidão de seu
coração, meu irmão!

Dessa forma, podemos entender que a paz de Cristo, que


excede todo o
entendimento, irá guardar nosso coração e nossa mente em Cristo, e o fruto é
que entraremos em Seu descanso. Esse descanso é fé. Esse descanso é paz
com Deus, é paz com as pessoas que nos cercam, e esse descanso nos traz a
paz interior que necessitamos para combater o bom combate da fé em Cristo
Jesus. Amém! Glórias a Deus!

Capítulo Oito

A armadura de Deus: o escudo


da fé e o capacete da salvação
“C
om os quais podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno” (Ef
6.16). Quando leio esse texto fico logo lembrando aquelas cenas de filmes

medievais em que ocorriam grandes batalhas. Dardos inflamados significam


flechas incendiárias. Em determinado momento da
guerra, normalmente
antes do ataque da infantaria ou mesmo da cavalaria, era colocado um
verdadeiro batalhão de homens
que lançavam milhares de flechas
incendiárias contra o inimigo. Imagine a cena pelo ângulo de quem está
sendo atacado. É uma verdadeira chuva de flechas incendiárias. Elas
incendiavam tudo que acertavam e causavam uma verdadeira destruição,
matando homens, animais e provocando grande destruição ao redor. O alvo
era minar a força do inimigo para que os demais soldados, com suas espadas
ou cavalos, pudessem completar o ataque.

É por isso que os exércitos desenvolviam escudos que pudessem proteger o


soldado dessas flechas incendiárias. Na época do apóstolo Paulo, eles eram
grandes e tinham aproximadamente
um metro e vinte centímetros de altura
por oitenta centímetros de largura. O alvo era poder proteger o soldado
completamente. Eram feitos de madeira para ter menor peso, porém
revestidos em sua face externa de couro bem preparado ou de metal. O
propósito
era apagar os dardos inflamados ou não permitir que os mesmos
atingissem os soldados.

Nunca se esqueça de que as flechas eram, na estratégia da guerra, uma arma


de ataque em massa, porém sua função era minar a força do inimigo.

Apesar de termos um capítulo apenas para falar da importância da fé no


fortalecimento para o combate da batalha espiritual, é importante
introduzirmos aqui alguns conceitos importantes.


Embraçando sempre...” (Ef 6.16). A ideia é um ato contínuo, algo que
você deve levar continuamente. Não se permita ficar sem. A fé é seu escudo
que o protege sempre. Ela é tão grande quando aqueles escudos a ponto de
protegê-lo completamente. No entanto, uma vez que, por negligência, você
deixá-la para trás,
o dardo inflamado irá prevalecer.

O que poderia ser o dardo inflamado? Ele pode ser a incredulidade como
antagonista da fé ou mesmo a independência como manifestação da rebeldia
contra Deus. Em Hebreus 11.1 “...a
fé é a certeza de coisas que se esperam,
a convicção de fatos que se não veem”. Certeza, no original grego, é uma
palavra que pode significar fundamento ou firmeza. Portanto a fé é o
fundamento de coisas que se esperam, ou esperança. A fé é o fundamento da
esperança. Quando estamos aplicando fé, temos a certeza de que Deus irá
cumprir com Suas promessas, de que teremos nossa oração
respondida, de
que podemos confiar plenamente nEle, pois Ele cuida de nós. O dardo
inflamado age nessa certeza, ele age para destruir esse fundamento que
sustenta a esperança. E o crente sem
esperança é um crente derrotado. A fé
foi minada, uma vez que a incredulidade foi estabelecida.

As flechas incendiárias espalhavam com muita facilidade o


fogo que
traziam. Da mesma forma o desesperançado espalha
o negativismo para
outras áreas de sua vida. Inicialmente ele tinha um problema conjugal, mas a
partir do momento em que ele fica sem esperança nessa área, logo, logo,
várias outras de sua vida serão afetadas: o trabalho, o relacionamento com os
irmãos e por aí vai. O inimigo primeiro minou sua força no casamento, mas
o alvo era a destruição completa. Se ele tira a esperança em uma área,
fatalmente irá tirar em outras até conduzir a pessoa ao fundo do poço.

Outro aspecto é a convicção. “Elegchos” significa, segundo Strongs,


verificação pela qual algo é provado ou testado. Se o texto diz “convicção de
fatos que não se veem”, como posso testar ou verificar algo que não vejo?
Somente a fé pode fazer isso. Ela consegue enxergar aquilo que outros não
enxergam. Ela não vê o fato, mas em seu íntimo existe como um prova ou
convicção de que tal fato irá acontecer.

Eu nasci no Senhor por causa de um milagre que ocorreu em minha vida. Eu


estava com câncer no sangue, uma leucemia, e em oração e fé eu cria que o
Senhor poderia me curar e foi o que aconteceu. Ele me curou. Havia algo
dentro de mim que me fortalecia para que eu tomasse posse daquela certeza
da esperança. Eu
seria curado. Tinha convicção disso. Não sabia como.
Quero que você saiba que eu fazia tudo que a medicina mandava. Mas,
acredite, minha convicção plena estava em Deus, apesar da medicina.

Apesar de tudo, em função das quimioterapias fiquei estéril. Eu tinha um


filho, mas gostaria de ter mais de um, dessa forma passei a orar. E como era
minha oração?

“Pai, o Senhor é poderoso. O Senhor deu-me outra chance. Eu estava morto


e o Senhor me deu uma vida, portanto eu sei que dentro de mim tem aquela
mesma convicção de antes que o Senhor pode (tem poder para) dar-me outro
filho!” Qual foi o resultado? Ele me deu outro filho. Por quê? Porque usei a
fé. Eu não via esse outro filho (fato), mas, pela prova do poder de Deus em
meu interior, eu podia crer que Ele faria o que estava pedindo.

O texto de Hebreus 1.3 mostra isso:


Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de
maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem...” O fato
de as coisas não serem visíveis não significa que não existam! E quando
Deus, o soberano, deu uma ordem de comando as coisas invisíveis passaram
a ser vistas, literalmente tornaram-se visíveis.

Incredulidade e independência, os inimigos da fé

O bom combate da fé é justamente apagar os dardos da incredulidade. Use a


fé na Palavra de Deus, declare o poder de Deus e Sua fidelidade, apague os
dardos da dúvida em seu coração. Lembre-se do grande amor de Deus por
você e de Seu eterno cuidado por nós.

O outro princípio é a independência, o dardo inflamado que atinge o ego. O


objetivo desse dardo é levar você a não depender de Deus. Como o inimigo
faz isso?

Primeiramente minando sua fé gerando a incredulidade. Uma vez instalada,


suas orações não são respondidas por serem orações incrédulas e religiosas.
Deus não tem compromisso com isso! Uma
vez que você não consegue
perceber as respostas de Deus, você vai se afastando dEle e procurando viver
por você mesmo, sem depender dEle. Passa a viver uma vida natural,
baseada onde você coloca os seus olhos. Seu foco agora é apenas o natural, o
que nos introduz ao segundo ponto...

O dardo atingiu seu ego. Você começa a confiar em si mesmo, na sua força
própria, em seus próprios conceitos e convicções. O dardo nublou a lente
que permitia focar o mundo espiritual e limpou a lente que foca no mundo e
em seus conceitos, esse é o conceito da força e da justiça própria. Ele
conseguiu tirá-lo da árvore da vida e o colocou na árvore do conhecimento
do bem e mal. Você agora vê sua força, sua capacidade e se esquece da força
e capacidade de Deus. Sua confiança foi depositada em o quanto você faz,
fez ou pode fazer. Você abandona a graça e entra debaixo da lei. Deixa o
amor do Pai e entra na esfera do merecimento!

Pronto, o dardo atingiu você, o fogo do inferno se alastra. Agora


suas
orações são vagas, não há deleite da presença do Pai, a obra do
Filho já está
distante e foi-se o tempo em que chorava na presença do Espírito Santo
como fruto de quebrantamento. O princípio da
queda foi instalado, a fé
minada, o escudo abandonado.

Mas, pela graça, o Pai ainda lhe dá a vitória...

Ainda assim, Ele ama e protege você, porque um dia você fez do Altíssimo a
sua morada...

De acordo com Martim Lloyd – Jones em seu livro “O soldado Cristão”, o


escudo da fé olha para o Pai, para o Filho e para o Espírito Santo. Ele
prossegue: significa que você se mantém ligado
em sua mente, e em seu
pensamento àquele que tem todo o poder,
e que poderá tornar-nos “mais que
vencedores”.

Tomai também o capacete da salvação

O Brasil há muito tempo é um país emergente. Uma nova palavra para


aquele que antes se dizia – um país em desenvolvimento. Como todo país em
desenvolvimento, ou que está saindo da pobreza para a riqueza, possui uma
característica: as pessoas antes andavam a pé, agora andam de motocicletas e
no futuro andarão de carros. Aqui em nossa cidade experimentamos esse
mesmo
fenômeno. Parece que é o lugar que possui o maior número de
motocicletas do mundo!
Com o aumento delas, houve também o aumento de mortes por acidentes
pelo fato de seus condutores não usarem capacete. Porém uma lei federal os
obrigou a usá-los de forma sistemática e, claro, com essa medida também
diminuíram os acidentes e consequentemente as mortes.

Perceba que tudo que estava envolvido com as mortes continuou existindo:
as motocicletas, os meios-fios, os buracos e a cabeça do motociclista. Logo
podemos concluir que a única coisa que mudou foi o uso do capacete. O
apóstolo Paulo também sabia
que o uso, pelos soldados romanos, de um
capacete os livraria da morte quando fossem enfrentar o inimigo. Assim é na
batalha espiritual. Existe um capacete que deve ser colocado para enfrentar
nosso inimigo. Esse capacete é o da salvação.

A grande questão é saber o que o apóstolo Paulo tinha em mente


quando
usou essa palavra. Que “salvação” pode proteger o crente na batalha? Alguns
afirmam tratar de salvação como a presença do
Espírito Santo no interior de
um crente. Outros, a libertação da morte e condenação. Nesse caso afirmam
que a certeza da salvação
protege o crente na batalha espiritual. No entanto
não consigo enxergar o que essa certeza nos ajuda na hora da batalha “da
mente”, motivo pelo qual creio que seja essa a razão do uso do capacete.

Sabemos que a melhor forma de compreendermos a salvação é crendo que


ela é um processo: fomos salvos (espírito), estamos sendo salvos (alma) e
seremos salvos (corpo). Existe o aspecto passado, o presente e o futuro.
Muito provavelmente, os aspectos que
podem mais ajudar na batalha da
mente são o presente e o futuro.

O ataque do inimigo na mente do crente é através das mentiras


e enganos.
Atua sobre a condenação em face ao pecado, fazendo o crente crer que não é
justo diante de Deus (presente) e daí todas as suas consequências, bem como
a falta de esperança (futuro). Vamos analisar o ataque no aspecto presente da
salvação.

Estou sendo salvo

A área que o inimigo mais prende a vida do cristão é em relação à


condenação. Grande parte não se sente justa diante de Deus porque volta e
meia cai em tentação e sente-se acusada e por fim condenada. Infelizmente
os crentes têm olhado mais para si do que para a obra de Jesus Cristo.
Preferem ouvir a voz condenatória
do diabo em suas mentes que as palavras
de amor e conforto do Pai em Seu testamento.


Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar
os
pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). Mas quem crê nessas
palavras? A maioria prefere viver debaixo de acusação e condenação a crer
que o sangue de Cristo é completa provisão para todo pecado. Isso inclui
pecados pequenos e grandes. Não há pecado tão grande que o sangue não
possa lavar. O sangue é provisão completa para os pecados passados,
presentes e futuros.

Sabemos que cometemos pecados, essa é uma verdade. O apóstolo João


afirma isso, “se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo
mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1Jo 1.10). No
entanto, a
realidade do pecado não anula a realidade da provisão.

Isso é muita graça de Deus! Acontece que a grande maioria dos


irmãos
prefere viver debaixo da lei e não da graça. Preferem viver baseados na
velha aliança, sem desfrutar dos benefícios da nova. A
velha aliança possui
como fundamento a lei. A nova aliança possui
como alicerce Cristo. Pela
velha, sofro os danos da transgressão da lei. Pela nova, desfruto daquilo que
Cristo faz por mim. Já fomos libertos da lei. Não somos justos por cumprir a
lei, mas por crer no sangue de Jesus. É o Seu sangue que nos justifica, e não
nosso mérito; é a Sua Justiça, não a nossa.

“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim
mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para
que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por
obras da lei, ninguém será justificado.” (Gl 2.16)

Quando a acusação bater à porta de sua mente, use o capacete da salvação.


Use as verdades da Palavra para hoje, ela é provisão diária para o presente.
Anule a acusação, combata o bom combate
da fé. Quebrante-se. Confesse
seu pecado ao Pai e na mesma hora desfrute da paz do Senhor que o
justifica. Nunca esqueça que Jesus
é a sua justiça (1Co 1.30).
A história conta que Lutero, no início de seu ministério, era muito atacado
na mente, mas, após a revelação da justiça de Cristo,
veja seu depoimento
relatado em “A Batalha”, de Thomas Trask e Wayde Goodall:

Alguém perguntou a Martinho Lutero: “Você sente que foi perdoado?”.

Sua resposta foi:

“Não, mas tenho tanta certeza do perdão, como possuo a convicção de que
existe um Deus no Céu. Os sentimentos vêm e vão e nos enganam. Minha
garantia é a Bíblia Sagrada e nada mais merece tanta confiança. Ainda que
meu coração se sinta condenado, por causa de seus desejos inflamados,
existe Alguém maior que meu ser, cuja Palavra não pode falhar. Confiarei na
inerrante Escritura até a morte, pois ainda que tudo desapareça, a Palavra de
Deus para sempre permanecerá!”

Serei salvo

E quanto ao aspecto futuro? A batalha na mente pode ser tão grande e


intensa que pode levar uma grande parte dos irmãos a perder a esperança.
Muitas pessoas se desviam porque foram vencidas na mente. Convenceram-
se de que não há mais chance, não há mais motivo para lutar ou crer.

No início deste livro, disse que a armadura deveria ser colocada


para ir para
o front somente depois que o crente fosse fortalecido no Senhor e na força de
Seu poder (Ef 6.10). Antes da batalha, portanto, fortalecidos na verdade, na
revelação, nas doutrinas
corretas, no entendimento, porque pode ser que
depois de muita luta e batalha o crente desanime e perca a esperança. Aquele
que foi fortalecido, alimentado pela Palavra, irá com certeza resistir aos
ataques na mente com maior firmeza.

“Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindonos da couraça


da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação.” (1Ts
5.8)

Esperança da salvação aponta para tudo que nos espera no futuro. A


glorificação (Fp 3.21), a posse da herança do Pai (Rm 8.17), sermos como
Ele é (1Jo 3.2). Todas essas verdades são antídotos contra a mentira e o
engano. Jesus nunca nos enganou dizendo que não passaríamos por lutas,
tentações, perseguições ou batalhas
na mente. Há, sim, uma esperança
maravilhosa no porvir, mas durante este tempo estamos inseridos numa
batalha. O inimigo está aí, e grande parte dessa luta está focada no campo da
mente.

“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo,
passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16.33)

Paz em Cristo significa confiança de que o que Ele disse, o que prometeu, irá
se cumprir. Quando o inimigo disser que a vida cristã
é muito difícil ou
complicada e que não vale a pena vivê-la, diga ao diabo, na mente, como
resposta: “Eu tenho paz com Jesus, Ele nunca me enganou, nunca mentiu
para mim. Ele mesmo passou por tudo que estou passando, mas teve bom
ânimo; Ele venceu o mundo e eu também vencerei. Ele podia contar com o
Espírito Santo eu também posso. Ele podia confiar no Pai; eu também
confio. Eu tenho paz com Jesus e com Deus. Sou amado do Pai e fiz do
Altíssimo a minha morada”.

Russel Shedd, em “O mundo, a carne e o diabo”, afirma: “A possibilidade de


o diabo intimidar os cristãos diminui na proporção em que aumenta a
confiança que esses têm em Deus”.

Jamais perca a esperança. O pastor Aluízio Silva, em seu livro “Curando a fé


em 21 dias”, declarou: “...no meio da sua tribulação pessoal, é necessário
que você se posicione, e como Jeremias diga: quero trazer à memória o que
possa me dar esperança, quero trazer à memória coisas que me façam bem.
Chega de lembranças ruins, chega de coisas negativas. Eu quero encher meu
coração de coisas que podem me dar esperança, de coisas que alimentam
meus
sonhos. Eu quero encher meu coração de coisas que alimentam meu
desejo de viver, quero encher meu coração de coisas que me motivem, me
empolguem. Quero encher meu coração de coisas que sejam combustível
para o meu espírito, que possam produzir uma explosão e me levar adiante.
Quero encher meu coração da esperança em Deus”.

Oh! Meu amado irmão! Creia nessas verdades e não aceite as mentira do
diabo em sua mente. Deus o ama incondicionalmente
e Ele lhe deu provisão
completa para sua salvação. Não perca essa esperança. Sua história ainda
não chegou ao fim. O mais importante não é o começo de um filme, mas
como ele irá terminar. Você
está escrevendo um livro, no meio existem
muitas batalhas, mas a vitória é certa no final da história. Você será vencedor
e Satanás derrotado. Esse enredo já está escrito no céu.

Capítulo Nove

A armadura de Deus: ...e a espada do Espírito, que é a Palavra


de Deus
O
próprio versículo já ensina o que é a espada. A espada
é a Palavra de Deus.
Certa vez, fui visitar um enfermo
que era esposo de uma pessoa de nossa
igreja, mas

não andava conosco. Crente há muitos anos. Assim que entrei no quarto, ele
simplesmente começou a dizer: − Olha, pastor, quero que o senhor saiba que
já li a Bíblia sete vezes. Confesso que não entendi o motivo de sua
explicação, porém sua declaração só me fez pensar numa coisa: Este irmão
leu a Bíblia tantas vezes. Será que ele não leu em Isaías que o Senhor levou
sobre si todas as nossas enfermidades? (Is 53.4). A minha intenção não era
acusá-lo, tanto que nem falei nada com ele. Mas confesso que fiquei com um
sentimento de pena de meu irmão. Ele já havia lido a Bíblia inúmeras
vezes
e muito provavelmente deveria conhecer vários versículos de cor, mas
infelizmente ele não havia se valido das verdades da Palavra de Deus.

Creio que o motivo dessa atitude esteja escrito em 2 Coríntios 3.6: “...porque
a letra mata, mas o espírito vivifica”. Esse irmão apenas valorizou a palavra
escrita e menosprezou o Espírito que a vivifica. Nunca podemos cair na
tentação de separá-los. Tudo que Deus faz Ele faz pela ação da Palavra e do
Espírito.

Mais à frente, iremos mostrar a importância de termos a Palavra


de Deus
como alimento e da necessidade de revelação da Palavra, mas é importante
notar que, nesse texto, o apóstolo Paulo diz que a espada é do Espírito. O
problema é que muitos têm a palavra apenas como o “logos” de Deus. A
palavra escrita é o “logos”; se não for dada vida a ela pela ação do Espírito
Santo, você não poderá lançar mão dela a seu favor para se defender do
inimigo ou para satisfazer às suas necessidades. O que mais precisamos para
a batalha espiritual é da palavra viva e atual. Atual é a palavra que queima o
coração, é a palavra fresca e poderosa.

A espada é a única das seis peças da armadura que pode ser usada tanto para
a defesa quanto para o ataque. No meio da batalha, não podemos ficar
passivos, recebendo os dardos inflamados do maligno sem fazer nada e
apanhando dele. Temos que nos defender e atacá-lo para que não venhamos
a sucumbir em seus ardis.

No livro de Atos, temos uma história interessante. Sete filhos de um sumo


sacerdote, chamado Ceva, tentaram expulsar alguns demônios usando o
nome de Jesus, mas não obtiveram êxito. Eles usaram o poderoso nome do
Senhor, não conseguiram nada e, para piorar a situação, ainda apanharam do
endemoninhado: “E o possesso do espírito maligno saltou sobre eles,
subjugando a todos, e, de tal modo prevaleceu contra eles, que, desnudos e
feridos, fugiram daquela casa” (At 19.13). Qual foi o motivo? Essa história
ilustra bem o que desejo que você compreenda. Apesar de estar relacionado
à Palavra de Deus, o princípio é o mesmo: se você usar o nome de Jesus ou a
Palavra de Deus sem entendimento espiritual ou revelação, você não
desfrutará do poder inerente a eles. Você tem noção da frustração dessas
pessoas? E, o pior, imagine o vexame que eles passaram? Esse é o problema
de muitos irmãos. Pensam que possuem autoridade, no entanto, muitas vezes
passam por vexame, porque Deus não tem compromisso com qualquer coisa
que não tenha o selo de Seu Espírito.

Posso resumir assim: a Palavra de Deus sem o selo do Espírito não tem valor
na batalha. Ela tem valor, sim, para ser o substrato da revelação, mas não
para o uso no momento da guerra. É como um alimento, o arroz, por
exemplo. Ele somente é comestível depois de cozido. A Palavra realmente
tem poder, mas depois de revelada. Essa é a razão de a Palavra ser a espada
do Espírito.

A palavra revelada, essa, sim, tem poder para defender do inimigo, pois é
uma palavra que anula as mentiras do diabo pela fé. Não consigo imaginar
alguém que possua revelação e não tenha fé. Não creio, pois, somente
aqueles que possuem fé alimentamse da Palavra, através das orações e
meditações. São essas as duas disciplinas espirituais que geram revelação. É
na intimidade da comunhão com o Pai que Ele revela Seu coração.

O aspecto defensivo da Palavra

Quando passei pela luta do câncer, certo dia o Senhor me deu uma palavra.
Ela é viva dentro de mim até hoje. Todas as vezes que
estou enfrentando
uma batalha na mente ou me sentindo fraco, essa palavra se torna fresca
dentro de mim pela fé. Nesses momentos, muitas vezes o sentimento de
fraqueza ou de incapacidade é instalado, pois o inimigo desvia meu olhar
para mim mesmo através de seus dardos inflamados. Ele procura me fazer
olhar para
mim, e não para Deus. Então, o Senhor me lembra de Sua
maravilhosa e poderosa palavra: “Não temas, porque eu sou contigo, não te
assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te
sustento com a minha destra fiel” (Is 41.10). O Senhor me deu essa palavra
num momento de muita dor e luta, no entanto, Ele me deu a vitória. Apesar
de mim, saí vencedor. Combati o bom combate, guardei a fé. Por isso, todas
as vezes que o inimigo vem contra mim com seus dardos inflamados eu
lanço mão da Palavra,
que é a espada do Espírito. Defendo-me e ataco.

Em Mateus 4, o Senhor Jesus foi tentado pelo diabo antes do início de Seu
ministério. Nessa circunstância, Ele pôde resistir ao diabo e o fez usando a
Palavra. O resultado final foi que “... o deixou o diabo, e eis que vieram
anjos e o serviram” (Mt 4.11). O Senhor não aceitou passivamente a
investida do diabo e, dessa forma, Ele o resistiu para confirmar o que a
Palavra diz: “Sujeitaivos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá
de vós” (Tg 4.7). Veja que Ele usou a palavra escrita. Em todas as vezes, o
Senhor disse: “Está escrito”. Por que a palavra escrita valeu para Ele? Onde
entra o Espírito Santo nessa hora?

Essas palavras escritas já eram revelação para Ele. O primeiro versículo


afirma: “A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado
pelo diabo” (Mt 4.1). O Senhor não estava sozinho. Ele se valia do Espírito,
pois estava em comunhão com Ele. Foi o próprio Espírito que o levou a ser
tentado, e Este não O abandonaria. O diabo fugiu porque a palavra escrita
liberada estava permeada com o poder e a autoridade do Espírito Santo.

O aspecto ofensivo da Palavra

E sobre o aspecto ofensivo da Palavra? Vimos vários exemplos em que a


Palavra foi liberada para resistir ao diabo, mas como podemos usá-la para
atacar o diabo? Você pode atacar o diabo quando você está na batalha, da
mesma forma que se defende ao usar as verdades da Palavra sobre o assunto
em questão da batalha,
como foi o exemplo do Senhor Jesus em Sua
tentação. Em todas as investidas do diabo, Jesus apenas estava se
defendendo usando a frase “está escrito”, mas, de repente, Ele mudou de
atitude: “Então (mudança), Jesus lhe ordenou (autoridade): Retira-te,
Satanás,
porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás
culto. Com isto, o deixou o diabo...” (Mt 4.10 – parênteses nossos).

Quando Golias estava afrontando o exército de Israel, Davi se defendeu,


dizendo: “Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu,
porém, vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos
de Israel, a quem tens afrontado”. Logo após, Davi passou da defesa para o
ataque e disse: “Hoje mesmo, o Senhor te entregará em minhas mãos; ferir-
te-ei, tirar-te-ei a cabeça e os cadáveres do arraial dos filisteus darei [...],
porque do Senhor é a guerra” (1Sm 17.46,47).

O aspecto do ataque preventivo da Palavra

Há outro aspecto que gostaria de enfatizar sobre o uso da Palavra de Deus


como uma poderosa arma de ataque. Gostaria de dar o nome de aspecto do
ataque preventivo. Eu uso a palavra “preventivo” porque à medida que você
declarar a Palavra de Deus
para prevenir-se, menos terreno o diabo terá para
trazer tentações,
enganos ou mentiras em sua mente. São verdades da
Palavra de Deus que podem constante e diariamente estar em sua boca.
Desse
modo, o império das trevas é anulado por ela. O império das trevas
é
sustentado pela mentira. Imagine você o bombardeando todos os dias com a
verdade? Todos os dias os fundamentos do inferno são abalados pela sua
convicção, fé e pelo amor ao seu Senhor.

“Eu sou amado do Pai”

Todos os dias, ao levantar-se, procure fazer essa declaração. Faça


uma
oração de alegria, e não religiosa. Deleite-se nessa verdade. Creia no amor
incondicional do Pai.

“Obrigado, Senhor, porque não tenho dúvidas de Seu amor por mim. Não
importa o que eu faça ou deixe de fazer, sou amado do Pai. Eu não preciso
fazer mais nada para que o Senhor me ame mais ou menos, pois Jesus já fez
tudo por mim.”

Muitos crentes vão perdendo terreno para o diabo pelo fato de não terem
certeza do amor do Pai. É extremamente importante você ficar atento a isso,
pois você não imagina o tamanho da porta que o cristão dá ao inimigo para
suas investidas na mente. Gostaria de avaliar dois motivos pelos quais você
duvida que não seja amado de Deus.

Primeiro, por causa de seu comportamento. Você ainda tem a ideia de que
Deus o ama quando você faz algo correto e, consequentemente, Deus deixa
de amá-lo quando você faz algo de errado. Deus não age assim. Nós não
somos amados por Deus com base em nosso comportamento, mas pelo que
Jesus fez por nós na cruz do Calvário. Isso é fruto da manifestação da Graça
de Deus. A Palavra de Deus é categórica quando diz que: “...Deus amou ao
mundo de tal maneira que deu o seu Filho...” (Jo 3.16). O que você acha que
significa “mundo” aqui? Significa as pessoas que
vivem nesta terra.
Portanto, Deus já amava você mesmo quando você era inimigo dEle.

“Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com


Deus mediante
a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos
pela sua vida...” (Rm 5.10)

Ele ama mais ainda agora que você é filho! Não somente isso, mas a Bíblia
diz que Ele escolheu você antes da fundação do
mundo:

“Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos
santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele...”
(Ef 1.4,5)

E, ainda:

“Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram
escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando
nem um deles havia ainda.” (Sl 139.16)

“Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci,


e, antes que
saísses da madre, te consagrei...” (Jr 1.5)

Você é uma pessoa amada porque foi Ele mesmo que escolheu você. Ele o
designou para um propósito, e tudo isso por causa do Seu amor.

“Para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio
sangue.” (At 20.28)
Depois, você foi parar na mão do inimigo e, mais uma vez, por causa do Seu
grande amor, Ele se humilhou ao descer à terra como Filho do Homem para
nos redimir e pagar toda a dívida que estava escrita contra nós. Morreu,
derramou Seu sangue e nos tirou das mãos do inimigo.

Nós sabemos que o valor de uma coisa é diretamente proporcional ao preço


que estamos dispostos a pagar por ela. Pois bem, o preço para que você fosse
resgatado das mãos do inimigo foi o precioso sangue do Filho de Deus. O
preço do sangue é altíssimo para o Pai, porque ele simboliza a vida do Seu
filho. Quanto você acha que vale a vida do Filho de Deus?

Por isso, nunca mais duvide do amor de Deus por você!

Em segundo lugar, por causa de sua incapacidade. Joyce Meyer


chama isso
de “sentimento de inadequação”, em seu livro “Pensamentos Poderosos”.
Muitas vezes você se acha incapaz de corresponder em santidade,
consagração e até mesmo no trabalho da igreja. Dessa forma, você pensa que
Deus não o ama pelo fato de muitas vezes você não conseguir corresponder.
Qual o princípio que está por trás desse pensamento? Não tenho dúvida de
que é o fato de você estar olhando para si mesmo. Pare de se ver! Pare de se
autoanalisar, pois isso é antibíblico. A Bíblia nos ensina que é o Senhor que
sonda nosso coração. Não se iluda, pois até Jeremias, o
grande profeta, sabia
disso quando disse: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?”

Nunca se esqueça disto: a nossa capacidade também é Jesus. Ele


nos deu Seu
Espírito, que nos capacita a realizar a Sua vontade. Nunca iremos realizar a
vontade de Deus por nós mesmos, isso é impossível pela nossa condição
caída. Por isso, o Pai, com Seu grande amor, nos disponibilizou o Espírito
Santo que, uma vez habitando em nós, é nossa capacidade, nosso “dínamos”,
nossa força, nosso vigor. Ele é toda a provisão de Deus para realizar a obra
do Pai. Se você parar de olhar para si mesmo e olhar para o Pai, irá se sentir
amado, apesar de você.

Deus é o Todo-Poderoso

É incrível como os irmãos duvidam do poder de Deus. Na verdade, eles até


não duvidam que Deus tenha poder, mas que esse poder esteja disponível
para eles. Alimente-se com a Palavra de Deus e todos os dias ore dizendo
que você confia que o poder de Deus está disponível a seu favor.

“Oh! Senhor Deus, criador dos céus e da terra, quem é maior do que o
Senhor?! Todas as coisas o Senhor as tem em Suas mãos e todas estão
debaixo de Seu governo, por isso descanso em Ti.”

Uma vez que Ele o ama e você não tem dúvida disso, vale a pena lembrar
que Ele é Todo-Poderoso para realizar completamente o Seu propósito em
sua vida e, se qualquer situação não estiver dentro desse propósito, Ele irá
reorganizá-la para que aconteça. A Palavra de Deus diz que o Senhor
“endireitará as tuas veredas” (Pv 3.6). Mesmo que você se desvie para a
esquerda ou para a direita, Ele colocará você no caminho reto. Sendo assim,
então para que se preocupar? Ele tem poder para mudar situações e alinhar
circunstâncias. Eu costumo dizer que somente você, e você mesmo,
pode
não permitir que o propósito de Deus se cumpra em sua vida.

Se você falhou em responder em alguma área, peça perdão e se coloque


novamente na brecha. Se você caiu em pecado, peça perdão e levante-se.
Pague o preço que for necessário e rumo reto. Só há uma pedra que pode ser
tropeço para você: Ele mesmo (1Pe 2.8), nenhuma outra mais. As pedras que
forem colocadas em seu caminho, mesmo que pesem toneladas, Ele é
poderoso para removê-las.

“Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais


do que tudo
quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós...”
(Ef 3.20)

Esse é o nosso Deus, que cuida de nós individualmente, mas que é o único
que possui condições de mover todas as peças do xadrez, preocupando-se
com cada uma, e todas elas, no final,
cumprem Seu propósito. Nosso erro é
não confiar nesse amor e esquecer que Ele pode todas as coisas de acordo
com Seu eterno propósito. Por isso, descanse no Senhor e na força do Seu
poder. Use essas duas verdades, pois elas irão protegê-lo de muitos ataques
do diabo em sua mente.

Considere os outros maiores que você


Venhamos e convenhamos, o seu maior problema não é você mesmo? No
final da oração do Pai Nosso, o Senhor terminou nos ensinando assim: “...e
não nos deixe cair em tentação; mas livra-nos do mal, pois teu é o reino, o
poder e a glória para sempre. Amém!” (Mt 6.13).

Sei que a tentação pode significar muitas coisas, e sei também que a palavra
mal pode significar todo tipo de mal. Não quero entrar nos detalhes ou no
significado de cada uma dessas palavras, porém, creio que o fato de terminar
dizendo: “pois, teu é o reino, o poder e a glória”, seja pelo simples fato de a
maior tentação do homem ser buscar tudo isso para si. O homem ímpio
busca todas essas coisas, e a tentação e o mal do crente são também buscar
para si cada uma dessas coisas da mesma maneira. Portanto, qual o motivo
de você permitir que o diabo ganhe espaço em sua vida? Comece seu dia
declarando o que a Palavra de Deus nos ensina: “Nada façais por
partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os
outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3).

Jesus fez-se servo para que eu tivesse um modelo a seguir. Ele se humilhou
para que eu fosse exaltado. Por isso, sempre me humilharei para que meu
irmão seja exaltado.

Se o outro é o maior, então você é o servo; se o outro é o melhor, então você


é o auxiliar. Ame a todos e você será o servo. Sirva a todos e você encontrará
a paz. Se você está em paz com Deus e consigo mesmo e se ama o próximo
como a si mesmo, então você terá a paz com seus irmãos. Jesus nos ensinou
que, se quiséssemos ser grandes no reino dos céus, deveríamos então servir
nosso irmão.

A maior parte de nossos problemas, ansiedades e preocupações são


justamente porque nosso ego foi ferido ou contrariado. Se pensarmos da
maneira correta nos relacionamentos, iremos desfrutar de uma boa mente e,
assim, o inimigo perderá terreno para nos acusar, condenar ou enganar.

Capítulo Dez

Desnutridos não podem guerrear

L
emos agora pouco que a Palavra de Deus é autoridade e
que ela deve ser
fresca, renovada pelo Espírito. É por essa
razão que os cristãos devem
alimentar-se da Palavra de

Deus. Muitos estão perdendo a batalha espiritual porque são raquíticos


espirituais. Alegam que vão ao culto, participam da célula semanalmente,
mas quando vão à batalha são derrotados pelo inimigo.

A importância do Espírito Santo no alimento espiritual

Sabemos que as pessoas quando se alimentam também ingerem


líquidos. Li
certa vez que a razão é que os líquidos colaboram com a
absorção de vários
nutrientes no intestino delgado. Tais nutrientes
são imprescindíveis no
fortalecimento do corpo humano. Muitos deles irão tomar parte na defesa do
corpo. Assim também somos nós com o alimento espiritual. Os irmãos
participam do culto e vão às células, comem da Palavra, mas estão vazios do
Espírito. O líquido simboliza a ação do Espírito na absorção da Palavra
ministrada.

Se a Palavra não for absorvida adequadamente, ela não terá a eficácia


adequada. Não haverá revelação da Palavra. A palavra “logos” necessita ser
transformada em “rhema”. Em outras palavras, a Palavra escrita necessita
ganhar vida, revelação espiritual. Isso é o que podemos chamar de palavra
fresca, a Palavra que queima em nosso interior e produz mudança,
crescimento, maturidade. Somente através da revelação o crente desfrutará
da experiência espiritual. A Palavra não absorvida deixará de cumprir com o
propósito para o qual foi liberada. Dai é que vem a fraqueza espiritual.
Faltarão os anticorpos espirituais. Ela será liberada, mas será uma palavra
morta, sem vida, sem frescor, pois não será absorvida.

A batalha espiritual é real e necessitamos ser ativos para enfrentá-la. Nossa


fé deve ser ativa. Você tem que se dispor a enfrentar o mundo com suas
adversidades, nuances e diferentes situações que podem ocorrer.

O irmão espiritual sabe que existe um inimigo, mas não tem medo dele.
Conhece a forma de o inimigo agir, sem gastar tempo com ele, mas também
sabe a forma de se fortalecer. Sabe como se alimentar, como obter os
elementos necessários para uma boa alimentação. Não há dúvidas de que,
somente através das disciplinas espirituais como constância, perseverança,
jejum e oração, ele pode sempre ter uma Palavra viva e poderosa para poder
resistir no dia mau.

As provações virão e sua fé será testada. Se você foi alguém alimentado


adequadamente pela Palavra, se você possui a Palavra de Deus viva e
queimando em você, sua fé será testada, mas você será aprovado. Tiago
afirma: “Meus irmãos, tende por motivo de toda
alegria o passardes por
várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada,
produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que
sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg 1.2-4).

Quem possui uma palavra viva de Deus é como Davi, que não teve medo do
inimigo. Se você tiver medo do inimigo, ele fatalmente o derrotará. O
inimigo é poderoso, portanto se você olhar para si não tenha dúvida de que
terá medo. Mas se, como Davi, você colocar toda a sua confiança no Deus
dos Exércitos, o medo será lançado fora e você poderá desfrutar da vitória
através da graça de Deus.

Quero que você saiba que eu não sou muito corajoso para enfrentar
cachorros. Toda casa aonde eu chego e tem cachorro é uma
angústia para
mim. É claro que eu não deixo ninguém perceber isso, pelo óbvio. Mas no
meu interior sei o que estou passando.

Certa vez alguém me ensinou algo sobre cachorros. Eles são demarcadores
de território, e aqueles que traspassarem os limites de seu território terão
problema. E não somente isso, mas eles percebem, pelo cheiro, o nosso
medo. Dizem que quando estamos com medo liberamos uma substância
química que é captada pelo olfato canino. Por isso a melhor forma de
enfrentar os cães é justamente não demonstrar medo e não olhar para eles,
pois isso também é um sinal de fraqueza.

Quando soube disso passei a enfrentar os cachorros com mais naturalidade,


pois agora tinha as armas corretas para enfrentá-los. Pelo menos os menores!

O Senhor deseja nos tornar perfeitos, como Seu primogênito, o Senhor Jesus
Cristo. Mas não espere ser perfeito para experimentar a vitória na batalha
espiritual. Alimente-se das verdades espirituais. Se você se alimentar da
Palavra, irá avançar. Ela é como
uma semente dentro de você que precisa ser
regada, adubada com a alegria e o frescor do Espírito. Quando isso acontece,
a Palavra cresce, ganha vigor e, ao ser liberada, libera poder e autoridade.

A Palavra de Deus foi plantada no seu coração, agora, à medida que o


Espírito vai trazendo revelação de toda essa verdade, você vai para a batalha
alimentado, cheio de energia e força. Isso é fortalecer-se no Senhor e na
força de Seu poder (Ef 6.10).


Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim
jamais
terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6.35). Fome e sede, pão
e água, Palavra e Espírito. As duas coisas caminham juntas, por isso
necessitamos de ambos. O nosso alimento completo inclui a Palavra e o
Espírito. Aleluia!

Como você é alimentado?

Já dissemos que, para ser alimentados com a Palavra, é importante ter e


exercitar as disciplinas espirituais, mas quero enfatizar algo extremamente
sério nesse aspecto que é a vida do Corpo. Todo cristão precisa entender que
o Corpo de Cristo ou a Igreja é proteção para sua vida. Porém muitos irmãos
não conseguem ter esse entendimento e procuram viver uma vida longe da
igreja e perto do mundo.

São atraídos mais pelas coisas do mundo do que pela vida


da igreja. São
mais fascinados pelo prazer e tudo que o mundo oferece e menos pelas
coisas do Senhor. Acabam vivendo uma vida independente. São pessoas que
conseguem viver sem ter um relacionamento apropriado com Jesus. Não há
relacionamento apropriado com Jesus se não houver com Seu Corpo.

Viver uma vida dependente dEle, ser alimentado por Jesus, significa assumi-
lo. Como Deus é o grande “El Shadai”, que significa o Todo-Poderoso ou o
Todo-Suficiente, todas as respostas às nossas necessidades encontram-se
nEle.

Você precisa crer em toda a plenitude de Cristo. É Ele quem supre todas as
nossas necessidades. NEle encontramos conforto, nEle encontramos paz.
Quando nos alimentamos da Sua Palavra, estamos nos alimentando de Jesus.
Não podemos ser alimentados pelas coisas do mundo, pelo trabalho, pela
ciência, pela luxúria. Nada disso terá valor na batalha. Ela é espiritual, não
natural. Sabemos que nossa luta não é contra carne ou sangue, mas contra os
principados e potestades do ar. Portanto nossa luta é espiritual e não natural.
Não será o dinheiro que irá nos livrar da batalha, ou não será ele que nos
dará a vitória. A Palavra viva que sai de nossa boca, cheia de fé e confiança
no Senhor, é que nos levará a vencer.

O versículo 12 de Hebreus afirma que “


a palavra de Deus é viva, e eficaz, e
mais cortante do que espada de dois gumes...”. Gosto da palavra eficaz. Sua
eficácia está baseada na fonte e no canal. A fonte é o próprio Deus. A
Palavra de Deus é originada nEle, é o próprio Deus. E o canal deve ser um
canal cheio de fé. A Palavra de Deus proferida por um canal incrédulo, sem
vida com Deus, sem relacionamento com Ele, não obterá os mesmos
resultados.

Muitos afirmam e a Bíblia também que a Palavra de Deus é poderosa. É


verdade. Quem sou eu para dizer o contrário? Mas se o canal não tiver o selo
do Espírito será apenas mais uma palavra religiosa e sem vida, que irá
comprometer o resultado.

Muitos possuem versículos bíblicos decorados, e eu mesmo creio que isso


pode ser poderoso. Nós temos que ter a Palavra dentro de nós, e a Bíblia
afirma que “A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração” (Rm
10.8). Veja que ela está dentro de nós, próxima de nossa boca. Aqui está a
questão dentro de nosso coração e não apenas de nossa mente.

Um versículo decorado sem ser ruminado, sem meditação,


não tem poder de
fortalecer o crente para a batalha. Um versículo decorado pode ser apenas
um amuleto, sem vida e sem poder.

Apocalipse 3.20 diz: “


Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir
a minha
voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo. Ao
vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu
venci e me sentei com meu Pai no seu trono”.

Veja que coisa tremenda. O Senhor dá uma promessa ao vencedor, que


facilmente poderia ser traduzida assim: “Quem tem intimidade comigo na
terra, terá intimidade comigo no céu”. Ceia
fala de comunhão, e só alguém
íntimo pode desfrutar de comunhão. Existem pessoas que querem vencer a
batalha espiritual sem
ter comunhão com Aquele que pode dar a vitória.

São pessoas que têm apenas um relacionamento religioso com Deus e não
um relacionamento de amor, de cumplicidade. Não estão dispostas a fazer a
vontade do Pai. Não possuem autoridade porque não foram alimentadas de
maneira correta. A Palavra de Deus não é atual, não é viva, não é fruto de
um relacionamento íntimo. Essa é a razão de não ser eficaz.

Se queremos ser fortalecidos, temos que nos alimentar do


Senhor Jesus.
Temos que lembrar que somos filhos do Deus
Altíssimo.

Alimentados no descanso

Nas ordenanças do Senhor ao Seu povo havia o ano do descanso, que seria o
sétimo ano. Eles deveriam trabalhar a terra para colheita durante seis anos,
mas no sétimo era proibido trabalhar a terra. Daí que em Levítico 25.6,
lemos:

“...mas os frutos da terra em descanso vos serão por alimento, a ti, e ao teu
servo, e à tua serva, e ao teu jornaleiro, e ao estrangeiro que peregrina
contigo; e ao teu gado, e aos animais que estão na tua terra, todo o seu
produto será por mantimento.”

Esse versículo tem tudo a ver com a forma como cremos que deve ser
trilhada nossa vida espiritual mesmo durante a batalha espiritual – no
descanso.

Aqui diz que os frutos em descanso serão para alimento. Isso significa que
nosso alimento na Palavra de Deus deve ser da mesma forma – no descanso.
A vitória da batalha espiritual não pode envolver ansiedade ou temor. A
ansiedade é fruto da incredulidade. Não podemos ser ansiosos. Se temos nos
alimentado da Sua Palavra, temos que entrar no descanso.

Hebreus diz até que temos que nos esforçar para entrar no descanso, o
descanso da fé nas promessas de Deus. Esforçar-se é exercitar a fé. É ser
diligente nas orações, na perseverança. Em nossa vida e nos
relacionamentos, tudo corrobora para a ansiedade. Não temos o que
queremos na hora em que queremos, as respostas não vêm na hora que
desejamos. Parece que o tempo e as demais pessoas nos resistem.

O descanso é crer na Palavra de Deus e saber que Ele vela pela Sua Palavra.
Em seu livro “Ânimo”, Eugene H. Peterson nos mostra que o Senhor certa
vez disse para o profeta Jeremias que ele seria transformado em cidade
fortificada e em muro de bronze, no entanto o conceito que Jeremias tinha de
si mesmo era que ele não passava de uma criança. O Senhor então lhe dá
dois sinais: o de uma panela fervente e o outro de uma vara de amendoeira.

Amendoeira era uma planta comum naquela região, que quando findava o
inverno e iniciava a primavera florescia, e a existência da flor da amendoeira
era a certeza de que a primavera havia chegado e o inverno terminado.
Portanto a flor era a certeza de um novo tempo. Acontece que o Senhor disse
a Jeremias que Ele vela pela Sua palavra para cumpri-la. O mais interessante
é que o Senhor usa um jogo de palavras a fim de dar mais ênfase à certeza
do cumprimento de Sua promessa. Amendoeira em hebraico é “shaqed”, e o
verbo velar “shoqed”. Em suma, todas as vezes que o profeta visse a
“shaqed”, ele se lembraria de “shoqed” (velar), a prova de que o Senhor
cumpriria com Sua palavra.

“Veio ainda a palavra do Senhor, dizendo: Que vês, tu, Jeremias? Respondi:
vejo uma vara de amendoeira (shaqed).
Disse-me o Senhor: Viste bem,
porque eu velo (shoqed) sobre a minha palavra para a cumprir.” (Jr 1.11,12
– parênteses nossos)

Depois disso Jeremias não poderia mais deixar de entrar no descanso do


Senhor. Ele faria o que prometera.

Alimentados pela oração

Uma frase de S.D. Gordon citada em “Oração Intercessória”, de Dutch


Sheets, revela a importância da oração: “Você pode fazer
mais do que orar
após ter orado, mas você não pode fazer nada mais do que orar, enquanto
não orar. A oração é certamente o golpe da vitória... o serviço é colher os
resultados”.
Se cremos que a nossa vitória é uma vitória em Cristo, precisamos lembrar
que o Senhor decidiu não fazer nada sobre a terra sem a intercessão do
homem. Dessa forma e uma vez inseridos numa batalha espiritual, não há
como vencer sem a oração.

Creio que a oração seja um alimento, por alguns motivos.


Primeiramente
como qualquer alimento ela deve ser diária. Não temos a opção de orar um
dia sim outro não. Nossa oração deve ser constante e focada. Quando
comemos legumes, sabemos que necessitamos deles. Sabemos que algumas
substâncias somente são
encontradas neles. Não iremos encontrar tais
substâncias na carne,
por exemplo. Se negligenciarmos em comer os
legumes, estaremos
prejudicando as áreas de nosso organismo que
simplesmente necessitam de tais nutrientes. Assim também é com a oração.

Ela é o nutriente necessário para que o céu possa operar e mover


na terra.
Algum tempo atrás, em nosso jejum semestral em nossa Igreja Videira de
Goiânia, tivemos como tema nesse período: “Tocando o céu para mudar a
terra”, e durante 21 dias estudamos um livro do pastor Aluízio somente
sobre oração. Cada dia líamos
um capítulo sobre oração. Por que fizemos
isso? Porque cremos que para que o céu mude a terra, temos que
primeiramente tocar no céu.

“Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e


foi-lhe dado muito incenso para
oferecê-lo com as orações de todos os
santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; e da mão do anjo
subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos.
E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E
houve trovões, vozes, relâmpagos e terremotos então, os sete anjos que
tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar.” (Ap 8.3)

Sabemos que incenso, na Bíblia, aponta para as orações. Repare no texto que
foi dado ao anjo “muito” incenso. Isso aponta para muita oração. Muitos
dizem que nossas orações devem ser de qualidade e não de quantidade.
Claro que não questiono sobre isso, agora mesmo disse que nossas orações
devem ser focadas para que obtenhamos êxito, mas isso não significa que
não temos que nos preocupar com a quantidade. O Senhor mesmo disse “...
então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não
entreis em tentação...” (Mt 26.41,42)
Perceba que havia, sim, no Senhor, uma preocupação com a quantidade. Ele
não apenas disse: − Irmãos, vamos orar apenas uns
10 minutos, mas nossa
oração será focada, específica e em linha com a vontade de Deus, pois isso é
que dá qualidade a uma oração!
Não, obviamente que a oração de Jesus
deveria possuir todos esses elementos, mas acima de tudo deveria ter
quantidade envolvida.

Creio ainda mais, nossas orações devem conter estes elementos: qualidade e
quantidade, e deve ser acrescida a eles também o que chamamos de
completude. Nossas orações devem ser completas. Foi por isso que nosso
Senhor orou três vezes. Não foi à toa, não foi por acaso. Na Palavra de Deus
o número três significa completude, algo realizado completamente, até o
fim. Em outras palavras, deve haver ação completa. E creio que a ação
completa da oração seja até que o céu responda. Devemos orar com
qualidade, e a quantidade deve ser até que... Até que haja resposta do céu.
Até que você perceba em seu espírito a resposta do Pai. Até que a Palavra de
Deus seja liberada de Seu trono.

“...orando em todo o tempo com toda oração e súplica no Espírito, e


vigiando nisto com toda a perseverança.” (Ef 6.18)

Esse versículo nos apresenta ainda outro aspecto da oração, trata-se de um


estilo de vida de oração. Esse versículo está inserido
no capítulo de Efésios
que trata da armadura de Deus, no qual aprendemos que nós, os cristãos,
estamos inseridos numa batalha espiritual. Temos um inimigo que deseja
frustrar o plano de Deus em nossas vidas, que anseia pela nossa derrota e
que irá fazer de tudo para que isso aconteça.

Se você analisar bem, e já me referi a isso em outros capítulos, o ensino da


batalha espiritual e da armadura de Deus foi-nos concedido pelo Espírito no
contexto de relacionamento entre marido e mulher, pais e filhos e servos e
patrões. Se você parar para pensar, vai ver que nossa vida se resume em
relacionamentos. Sei que existem pessoas que gostam de viver isoladas, mas
mesmo assim a maior parte da vida delas terá que ser relacionando-se. E o
inimigo deseja justamente isto: desestabilizar nossos relacionamentos.

Perceba a astúcia. Vamos imaginar que uma pessoa distante fale


a meu
respeito, dizendo que sou mau caráter. Ela afirma que eu sou desonesto e que
minha vida é dar calote nas pessoas. Acontece
que ela está falando isso
apenas devido a um problema que tive fora de meu controle e realmente algo
ruim aconteceu, mas logo solucionei a situação. O peso de sua acusação não
será tão danoso quanto se fosse uma pessoa chegada a mim, minha esposa ou
meu irmão por exemplo. Se algum deles me acusar de mau caráter, muito
provavelmente ficarei ofendido e a mágoa estará instalada. E isso é tudo que
o diabo quer.

Mas se meu estilo de vida é um estilo de oração e vigilância, tendo o


conhecimento de que minha luta não é contra carne ou sangue, e sim contra
os principados e potestades do ar, logo me coloco em atenção liberando o
perdão e de pronto me firmo em posição de defesa e ataque contra o
bombardeio maligno.

Dr. Martin Lloyd-Jones, em seu livro “O Soldado Cristão”, afirma que


“orando com toda oração” significa, em parte, oração em geral, tudo incluído
sob o título de oração. Entretanto, há um sentido mais profundo. O apóstolo
quer dizer realmente que devemos orar sempre com todas as formas ou
espécies de oração. Vocês devem orar em particular, devem orar em público.
[...]
existe a oração secreta, a oração reservada, a oração a sós, a oração
isolada, e devemos estar sempre empenhados nela”. E ainda temos a oração
em línguas, a oração sem palavras, mais como um suspiro do coração ou um
clamor da alma. Mas o que importa é estar sempre conectado ao Pai,
conectado às coisas espirituais.

É por isso que afirmo que podemos ser alimentados pela oração.
Quando
estamos em constante sintonia com o espiritual, nossos olhos se afastam das
coisas terrenas, mundanas, dos prazeres desse mundo. Olhamos para o céu.
Vislumbramos as coisas do porvir. “Porque para mim tenho por certo que os
sofrimento do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser
revelada em nós” (Rm 8.18).

A oração nos alimenta, pois sabemos que a melhor forma de saber se Deus
tem ouvido nossas orações é através dos nossos alvos
respondidos. Disse que
precisamos estar antenados com o mundo
espiritual. A vontade do Senhor é
feita na terra quando homens e mulheres quebrantados e dependentes se
curvam em oração.
Nunca podemos esquecer que estamos inseridos na batalha espiritual, mas a
nossa vitória é um presente de Deus. Temos que colocar diante dEle nossas
questões. Ele é Pai para nos ouvir e atender nossas orações. Somos
alimentados por essa sintonia espiritual.

Em 1 Tessalonicenses 5.17, está escrito: “


Orai sem cessar”. Por que sem
cessar? O sentido aqui é que devemos estar sempre em espírito de oração.
Quer seja conversando com o Senhor, ou mesmo meditando em Sua Palavra.
Gosto de dizer de outra forma: temos que ficar antenados ao Senhor. Essa
oração nos permite estar sempre conectados com o mundo espiritual.

Essa sintonia nos alimenta, nos protege e nos fortalece. Podemos resistir no
dia mau. Podemos estar vigilantes contra as ciladas do inimigo. Nossos
relacionamentos serão guardados, nossas emoções protegidas, nossa alegria
de viver mantida e as ações de graças ao Senhor sempre presentes em nosso
coração e inundando
nossa alma alimentada para todas as bênçãos que estão
disponíveis
para nós. Por meio das orações, somos alimentados para manter
viva a chama da fé, da esperança e do amor.

Capítulo Onze

Exercitando-nos para a batalha

odo soldado que vai para batalha se exercita e passa horas e horas em
treinamento de guerra. O preço é altíssimo. Certa vez conversei com um
discípulo que

havia passado por um curso de formação de oficiais do exército e pude saber


o quanto o curso é difícil e penoso. Creio que deve ser assim mesmo porque
uma guerra não é uma brincadeira.

Ele me relatou quantas vezes ficou sem dormir, sem comida, e outras tantas
andando por lugares terríveis. Enfrentaram chuva, lama e sol escaldante. Se
esses homens são dispostos a passar por tantos exercícios para serem
treinados para a batalha, por qual motivo os crentes não deveriam ser?
Como no exercício físico, assim deveríamos também exercitar nosso
espírito. Temos que ter o espírito forte e a alma transformada,
com a mente
renovada pela Palavra de Deus. Não podemos ter uma vida cristã passiva,
nem um pensamento tolo de que, como filhos, apenas temos que esperar
tudo do Pai. Não podemos ficar alheios à terra que Deus deu aos filhos dos
homens (Sl 115.16) e que o homem transferiu a Satanás (Mt 4.9), mas que
Cristo agora nos deu Sua autoridade sobre a terra para reconquistá-la para o
Senhor (Mt 28.8-20).

Nossa vida cristã deve ser, portanto, ativa. E, para que possamos
ser fortes e
ativos, é de extrema necessidade que nos exercitemos para o nosso
fortalecimento.

“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.” (Ef


6.10)

Muitos jovens admiram aqueles homens fortes e musculosos, mas se


esquecem de que eles não nasceram assim. Eles tiveram que pagar um alto
preço de exercícios físicos para ficarem daquela forma. Assim deve ser o
cristão. Se há uma ordem de Deus para que sejamos fortalecidos NO
SENHOR e na força do SEU poder,
então temos que ir até Ele para nos
exercitarmos e nossa musculatura espiritual ser fortalecida.

Quais devem ser nossos exercícios? O que podemos fazer para sermos
fortalecidos nEle? Quais são os elementos envolvidos? Vamos explorar
alguns princípios que creio serem importantíssimos para esse fortalecimento.

Busque pensar como Ele pensa

“Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os
meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus
pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” (Is 55.9)

Sabemos que a obediência é muito importante em nosso relacionamento com


Deus. Chegamos a pensar que os cristãos desobedecem deliberadamente,
mas tenho pra mim que, em grande parte de nossas desobediências, o que
está por detrás é que não pensamos da maneira correta. Não pensamos como
Deus pensa. Não temos compreensão dos princípios envolvidos em Seu
pensamento, nem mesmo das implicações de Suas atitudes. É por isso que
muitas vezes não conseguimos entender por que afinal Deus não nos
responde as orações ou não resolve determinadas situações. Alguns chegam
a declarar: “Eu não consigo entender Deus”. E por que não entendem?
Porque não conseguem visualizar
ou compreender Seu pensamento.

É por isso que a Escritura diz:

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos


pela renovação
da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus.” (Rm 12.2)

Muitas das derrotas impostas pelo inimigo estão no fato de que os irmãos
simplesmente possuem sua mente conformada
com o presente século. Em
outras palavras, possuem, permitem ou desenvolvem uma mente mundana,
forjada e alicerçada nos princípios do mundo. Não desenvolvem o perdão,
uma vez que, no mundo, o que prevalece é a justiça própria. Não se
preocupam com a santidade, pois o que impera no mundo é a depravação, a
luxúria e o prazer. É claro que muitos não entrarão de cabeça nessas coisas,
mas amam desfrutá-las numa medida menor. Tudo com base no “todas as
coisas são lícitas”, esquecendo-se do “mas, nem todas convêm” (1Co 10.23).

Saul foi um rei ungido por Deus, mas não permaneceu no Senhor. Ainda no
segundo ano de seu reinado, numa determinada situação, o profeta Samuel
havia lhe ordenado que o esperasse para
que pudesse sacrificar ao Senhor,
mas Saul disse que, forçado pelas
circunstâncias, ofereceu holocaustos, algo
que não estava no raio de sua autoridade (1Sm 13.8-14). Nesse dia, Saul
havia desobedecido ao profeta e à lei e, por isso, foi reprovado. Mas, por que
razão Saul fez isso? Não tenho dúvida de que ele pensou de acordo
com o
mundo, e não de acordo com o Senhor e Seus princípios. É o mundo que age
por impulso. É a mentalidade mundana que age por pressão das
circunstâncias, não nós. Os cristãos devem ser guiados pelo Espírito Santo.
Não podemos ser guiados pela pressão
das circunstâncias, mas pela
percepção espiritual. A mente de Saul
era mundana e não se preocupou em
renová-la.

Por que digo que Saul não tentou renovar sua mente?
Numa outra situação, após essa, o Senhor determinou que
Saul guerreasse
contra Amaleque e o destruísse totalmente, incluindo homens, mulheres,
crianças e animais, mas o que ele fez? Preservou seu rei Agague, bem como
o melhor do gado para que fosse sacrificado ao Senhor. Sua desculpa foi que
temeu o povo e seus soldados. Ele não queria desagradar seus homens, pois
eram mundanos como ele. No mínimo eles acharam um desperdício matar
tantas coisas valiosas (1Sm 15.1-31). Ou talvez devam ter pensado que
Samuel estava equivocado, que provavelmente não havia entendido a voz de
Deus corretamente. Ou ainda podem ter pensado: Isso não parece com Deus!

A mente de Saul e de seus homens eram mentes mundanas, e seus


pensamentos também. Eles não estavam em sintonia com o pensamento de
Deus.

Se você, meu irmão, deseja ser fortalecido no Senhor e na força


do Seu
poder, decida hoje mesmo dar uma guinada em sua vida. Comece hoje
mesmo em oração a pedir a Deus para que você seja mudado e transformado.
Só que não basta a oração. Não é uma questão apenas de pedir, mas de ler e
estudar as Escrituras. Elas são a fonte do pensamento de Deus e é nelas que
podemos ver e enxergar Seu pensamento, conhecer Sua mente.

Esse versículo termina dizendo que, se renovarmos a nossa


mente, vamos
desfrutar da boa, agradável e perfeita vontade de Deus. E não se esqueça de
que essa vontade sempre será a melhor para você. Podemos desfrutar de
relacionamentos saudáveis, viver uma vida tranquila, prazerosa e desfrutar
da paz do Senhor.

Ande pelos caminhos em que Ele anda

Para tentar falar sobre esse assunto, temos que primeiro responder qual é o
caminho que o Senhor anda. Qual é o caminho do Senhor?

Para responder a essa pergunta, temos que buscar na Palavra, tanto no Velho
quanto no Novo Testamento. Um testamento é o documento que expressa a
vontade do testador, e a vontade de alguém está intimamente ligada ao seu
caráter. Não está ligada ao temperamento, mas ao caráter. Uma pessoa pode
ser extrovertida, mas seu caráter é quem vai ditar seu caminho. Outra pode
ser reclusa e introvertida, e o seu caráter, e não o seu temperamento, é que
ditará seu caminho. Muitas pessoas introvertidas andam por caminhos
tortuosos tanto quanto pessoas extrovertidas. O caminho de alguém,
portanto, depende de sua vontade e de seu caráter. E qual é o caráter de
Deus?

O caráter de Deus está expresso na Lei que Ele deu a Moisés no


Monte
Sinai. Essa lei consistia dos mandamentos (personalidade),
das ordenanças
(religiosas) e dos juízos (civis) e era a expressão do Seu caráter. Quando
disse: Não adulterarás (Êx 20.14), na realidade estava dizendo que Ele é
alguém cujo caminho é a fidelidade. Quando disse: Não dirás falso
testemunho (Êx 20.16), queria expressar Seu caráter verdadeiro, que
abomina a mentira, a falsidade e o engano. Por isso Jesus é a Verdade. Esse é
o caráter de Deus, esse é seu caminho.

O salmista disse: “
Pois tenho guardado os caminhos do Senhor e não me
apartei perversamente do meu Deus. Porque todos os seus juízos
me estão
presentes, e não afastei de mim os seus preceitos. Também fui íntegro para
com ele e me guardei da iniquidade” (Sl 18.21,22).

Repare que o salmista disse que guardava os caminhos do Senhor e


relacionou esses caminhos com o guardar a Lei e também a transgressão da
Lei, o que significa que o caminho do Senhor consistia tanto em guardar a
Lei quanto em evitar a transgressão da Lei, isto é, o pecado. Dessa forma,
podemos afirmar que aqueles que estão no pecado não estão no caminho do
Senhor. Portanto, podemos dizer que o caminho do Senhor é um caminho de
santidade.

Todavia a Lei, somente, não tinha condições de expressar


completamente o
caminho do Senhor, uma vez que havia maldições decorrentes da quebra da
Lei, e o caminho do Senhor é um caminho de bênção, e não de maldição.

É por isso que necessitamos do Novo Testamento para compreendermos


melhor os caminhos do Senhor. Em Lucas, temos o cântico de Zacarias
falando a respeito de João Batista. Zacarias disse: “Tu menino, serás
chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe
os caminhos...” (Lc 1.76).
Zacarias está falando que João Batista precederia o Senhor, bem
como Seus
caminhos. Disso podemos aferir que Jesus, o Cristo, é a personificação dos
caminhos do Senhor. Jesus cumpriu toda a justiça (Mt 3.15), portanto,
cumpriu a Lei. NEle não havia pecado
algum (Hb 4.15; 9.21), por isso era
santo e nunca transgrediu, em
outras palavras, nunca pecou. Ele andou nos
caminhos do Senhor em relação ao Velho Testamento. Mas, Jesus, em sua
completude divina, encerra não somente a Lei como padrão, mas também a
graça, a verdade e a própria vida de Deus, numa medida nunca vista pelos
olhos humanos, nem mesmo pelos seres angelicais. A Bíblia diz que Ele era
cheio de graça e de verdade (Jo 1.14). Ele disse: “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida” (Jo 14.6). Não é qualquer vida, mas a vida de Deus. O
“Zoe”, a vida do próprio Deus, a própria natureza de Deus.

Quem deseja seguir os caminhos do Senhor deve seguir a graça,


a verdade e
ter a vida de Deus. Ele, Jesus, é o próprio caminho de Deus, como Ele
mesmo disse. Quem anda por Ele, anda pelos caminhos de Deus. Quem anda
nEle cumpre a Lei, anda na graça e na verdade e, ainda, é guiado pela
própria vida de Deus.

A vitória na batalha espiritual está em seguir esse caminho. Ande com o


Senhor Jesus e você andará nos caminhos do Senhor. Somos completamente
fortalecidos no Senhor e podemos desfrutar
da força do Seu poder todas as
vezes que estamos em Cristo e em Cristo vivemos e nos movemos (At
17.28).

Feche as brechas do pecado, buscando a santificação e a


consagração

Na Segunda Guerra Mundial, o exército alemão era muito poderoso. Eles


haviam desenvolvido armas potentes e tanques que
conseguiam andar de um
lado para o outro com uma velocidade acima dos tanques dos inimigos, e
isso era uma grande vantagem. A velocidade de mobilização foi uma grande
arma desse exército. Dessa forma, ele pensava que poderia atacar em várias
frentes de batalha. A Rússia era um grande inimigo, mas a Alemanha
pensava
que suas estratégias e maquinários eram invencíveis, até que... A
Alemanha não contava com o inverno rigoroso da Rússia. Aquilo que era
sua maior força demonstrou ser sua própria fraqueza e vulnerabilidade. Ela
foi derrotada pelos inimigos não pela força de
seu exército, mas por aquilo
que eles consideravam sua maior força.

Por qual motivo contei essa estória? Pelo fato de que grande parte dos
irmãos pensa que sua derrota está em suas fraquezas, e não em sua força
natural. Nas áreas em que eles são frágeis e, consequentemente, buscam
ajuda de Deus, no final acabam se fortalecendo. Porque, nesse caso, tornam-
se dependentes de Deus,
e em Deus, e somente nEle, é que podemos vencer.
Somente nEle podemos ser fortalecidos.

A grande preocupação recai sobre as áreas em que eles se


consideram
invulneráveis e, dessa forma, dizem: − Eu já tenho domínio nesta área; eu
não caio nessa ou naquela situação, pois eu não tenho tentações em tais
áreas. Mas é aí que está o nosso engano. Não existe nenhuma área em que
somos fortes sem Cristo. Somente somos fortes nEle. Não existem áreas em
que somos fracos ou fortes. Temos que mudar esse conceito. No entanto, na
prática, muitos creem que possuem áreas fortes e fracas. Preferem crer que
eles mesmos conseguem ser fortes, mas somente podemos
ser fortes em
Cristo.

Quero alertar você de que as áreas nas quais você mais acredita que é forte
são justamente as brechas por onde o inimigo irá derrotar você.

Flávio Josefo, o grande historiador judaico-romano, descreve que antes de


Moisés libertar o povo hebreu do Egito, era um
grande general do exército
egípcio. Certa ocasião, o Egito decidiu conquistar a Etiópia, outra grande
nação da época. Acontece que a Etiópia possuía uma potente defesa de suas
fronteiras e, no entanto, havia uma região desguarnecida, uma vez que era
desértica e possuía um número incrível de serpentes venenosas, justamente
nessa área de sua fronteira, que eles criam ser a mais forte e, por isso, não
colocavam soldados. Foi exatamente o lugar escolhido por Moisés para
marchar com seu exército a fim de conquistar aquela nação.

Não se iluda, pois você não tem áreas fortes. Sua área forte chama-se Cristo.
É justamente nessas áreas que você pode dar brecha para que o inimigo
ganhe vantagens sobre você.
Muitos dizem: − Eu não caio em pecados sexuais; não sou tentado nessa
área. Não sou tentado em pornografia, procuro me santificar. Não tenho
pensamentos impuros. Não sou tentado pelo
sexo oposto. Aí é que está o
problema. As serpentes da Etiópia estão aí. Você não está em Cristo nessa
área. Você está confiante na sua força e a sua força será a sua fraqueza, a
brecha por onde o inimigo um dia poderá entrar. E ele sabe disso. Todas as
vezes que não confiamos no Senhor para nos proteger, o orgulho foi
instaurado, e seu orgulho um dia irá derrubá-lo.

Mas você pode mudar essa realidade. Consagrar-se é entregar todos os seus
caminhos ao Senhor. Não confie em si, mas somente nEle. Santificar-se é
viver uma vida separada, dedicada a Ele. Não permita que seus pensamentos
estejam contaminados pelos pensamentos do mundo. Tais pensamentos são
brechas abertas para a ação maligna, mas você pode se santificar aos
pensamentos e caminhos do Senhor. Exercite-se nessas verdades que o
inimigo não encontrará lugar para entrar.

A autoridade é a fonte do poder

Certa vez estava visitando uma igreja quando o pastor que ministrava disse
que o poder é maior que a autoridade. Aquela afirmação não entrou com
clareza dentro de mim. Parecia que meu
espírito não havia concordado com
ela, então comecei a meditar no assunto e pedir luz ao Senhor sobre essa
afirmação.

No primeiro momento, ela parece verdade. Porém, vamos fazer


uma
comparação com um policial de trânsito (pouco tempo atrás fiquei sabendo
que eles detestam ser chamados de guardas). Sua farda representa sua
autoridade. As pessoas o reconhecem como autoridade quando está vestido
com ela. Se por acaso você encontrar esse policial em determinado lugar
sem sua farda, você o tomará como uma pessoa civil qualquer. Mas se ele se
apresentar fardado, as pessoas o verão como uma autoridade e, dessa forma,
o tratarão de forma diferenciada.

Como sabemos, o policial pode andar armado. Pode acreditar no que vou
dizer: arma é poder. Não tente experimentar para ver. Tem poder para ceifar
vidas, assim como tem poder para evitar uma tragédia. Esse poder pode ser
usado para o mal, mas também para o bem.
Vamos imaginar agora a seguinte situação. Se o policial de trânsito tentar
parar um caminhão somente com sua arma, sem estar vestido com sua farda,
muito provavelmente o motorista irá acelerar mais e, se o policial estiver em
sua frente, poderá até mesmo passar por cima dele, pois poderia pensar
tratar-se de um assalto. Mas, da mesma forma, se o policial estivesse sem a
arma e apenas vestido com sua farda munido de um apito, haveria grande
chance de o motorista parar e respeitar a ordem que lhe fora dada.

Podemos ainda ver esse princípio ser aplicado no livro de Mateus no


momento de o Senhor nos dar a grande comissão:
“Jesus, aproximando-se,
falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.” (Mt
28.18)

Precisamos entender que, na Trindade, Jesus é o Filho e, nela, Ele mesmo é


encabeçado pelo Pai. Ele afirmou: “...ouvistes que eu vos disse: vou e volto
para junto de vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis
de que eu vá para o Pai,
pois o Pai é maior do que eu” (Jo 14.28).

Nesta dispensação, toda autoridade foi dada a Jesus, tanto no céu quanto na
terra, para que Ele seja o Senhor. Na Segunda Epístola de Pedro 1.17, vemos
que “...ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela
Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu filho amado, em
quem me comprazo”. Deus Pai tem tanto prazer no Filho que lhe delegou
toda a autoridade. E, na terra, como Jesus recebeu essa autoridade? A
autoridade da terra
até então estava sob o domínio de Satanás. Este falou, em
Mateus 4.9: “...e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado me adorares”.
Você não acha que foi muito atrevimento de Satanás?

Não foi, sabe por quê? Ele recebeu essa autoridade quando Adão
pecou. A
Bíblia afirma que o Senhor Deus deu a terra aos filhos do homem (Sl
115.16). A terra é de Deus, tudo é de Deus, mas o Senhor havia colocado a
terra debaixo da autoridade do homem, no entanto, na queda, o homem
entregou essa autoridade ao diabo.

Dessa forma, com a redenção, o Senhor Jesus retomou essa autoridade.


Como está escrito em Mateus: na redenção ele se
tornou nosso remidor
capaz. Tornou-se nosso irmão se fazendo homem, viveu sem pecado e
derramou Seu precioso sangue como preço pago pelas nossas almas. Ele
cumpriu todas as condições para nos redimir.

Dessa forma, vimos que Jesus tem autoridade sobre a terra e, por isso, Seu
poder está disponível para ser usado na terra. O poder
de curar, de libertar,
de salvar e o poder de amar, acima de tudo. Esse poder está disponível para
nos fortalecer no Senhor. A força do Seu poder está fundamentada na
autoridade de Cristo, que foi reconquistada sob a face da terra. Ela está
disponível a nós, seus irmãos menores e servos, porque pertencemos a Ele.
O que Ele mandar podemos fazer, porque Seu poder está disponível a nós.
Isso não é maravilhoso? Como isso é tremendo!

Por causa dessa maravilha é que podemos dizer: “Tudo posso naquele que
me fortalece” (Fp 4.13).

Capítulo Doze

Guardar a fé é nossa verdadeira batalha

enneth Hagin, em seu livro “Compreendendo como combater o bom


combate da fé”, diz que a única batalha da qual o crente foi convidado a
participar é o

combate da fé. Seu argumento baseia-se no fato de que o grande inimigo do


homem é a dúvida que é lançada por Satanás. A dúvida
é o oposto da fé, é a
grande inimiga da fé. Quando alguém aceita a dúvida e deixa de crer, agride
a Deus e o desagrada. A dúvida é o principal ingrediente da incredulidade, e
esta agride a Deus quanto ao Seu caráter.

João Batista havia tido uma grande experiência espiritual.


Ele ouvira uma
voz do céu afirmando quem Jesus era. Foi uma experiência tremenda ouvir a
voz audível de Deus de uma forma tão sobrenatural, mas logo depois, já
preso, qual foi sua atitude? Ele
enviou alguns discípulos para questionar se
Jesus era mesmo quem
dizia ser. Ele não precisava perguntar isso uma vez
que o próprio Pai havia dito para ele, porém agora estava preso e “parecia”
que Jesus não podia fazer nada por ele, provavelmente libertando-o.
“E João chamando dois deles, enviou-os ao Senhor para perguntar: És tu
aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?” (Lc 7.18b,19)

Podemos perceber desse acontecimento que a dúvida entrou no coração de


João Batista. Quando ela entrou, a incredulidade ganhou espaço em sua
mente e coração. Não se engane, meu irmão, essa talvez seja a maior arma
do diabo em sua vida. Se ele consegue convencê-lo da dúvida ou se você
aceitar a dúvida, a incredulidade será instalada e sua derrota na batalha
espiritual decretada. Combater o bom combate da fé é justamente isto:
apagar, pela Palavra de Deus, todo dardo inflamado do maligno e dessa
forma anular todo seu poder destruidor.

Em Hebreus 11.1 está escrito que “


a fé é a certeza das coisas que se
esperam, a convicção de fatos que não se veem”. Isso é fé. E no verso 6
lemos que: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus”. Por que sem fé
desagradamos ao Senhor? Primeiro, o próprio versículo continua explicando
o motivo... “porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus
creia que Ele existe”. Não é interessante essa afirmação? A maioria das
pessoas e até mesmo outras religiões falam sobre Deus e creem em algum
tipo de deus. Eu creio que o motivo da afirmação é “em quem crer e no que
crer”! Deus realmente pode todas as coisas? Deus me ama a ponto de
preocupar-se comigo em detalhes tão pequenos para Ele e tão grandes para
mim? Algumas pessoas têm o favor de Deus e outras não?

O deus em que as religiões creem é o Criador dos céus e da terra? É o EU


SOU, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó? O grande “El Shadday”? Crer que o
Senhor existe é o fundamento de tudo. Crer que Jesus é o Cristo de Deus é
fundamental. “Sem Ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3). Não há como
separar Deus de Jesus Cristo. Crer em Deus implica crer em Jesus Cristo.
“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser...” (Hb
1.3).

Eis a razão. Crer que Ele existe implica diretamente que Ele também enviou
Seu Filho, o Cristo, para nos redimir, nos purificar
dos pecados e que agora
está assentado à direita da Majestade, nas alturas (Hb 1.3). E não somente
isso, mas que tudo que pedirmos
devemos pedir em Seu nome. Nossa fé
deve estar atrelada a esse nome. Essa é a verdadeira fé. Crer na existência do
Pai, no Seu Filho e no Espírito Santo, que nos consola e nos guia.
O segundo motivo por que sem fé é impossível agradar a Deus é “...e que
[Ele] se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). Galardão é
recompensa. E o Senhor é quem recompensa quem O busca. Aquele que é
convencido de que é um pecador e busca a Deus recebe a recompensa da
salvação. Aquele salvo que decide viver uma vida fazendo Sua vontade
recebe a recompensa do reino. Meu Deus, isso é maravilhoso! Todas as
vezes que o buscamos, seremos recompensados. Ele está sempre pronto para
ser achado, para ser buscado. Seu coração está sempre pronto para
recompensar. E não somente quando fazemos algo para Ele, mas quando O
buscamos acreditando em Sua maravilhosa graça. Até mesmo quando não
merecemos, podemos receber a recompensa da graça. Isso é viver uma vida
completamente dependente dEle. Se não cremos nessa verdade,
desagradamos a Ele.

Viver pela fé implica em acreditar nisso. Aqueles que não duvidam, entram
no descanso da fé e perseveram até o fim. Esses poderão desfrutar de um
Deus que é recompensador. Há uma recompensa quando combatemos o bom
combate da fé (2Tm 4.7), e essa verdade anula o engano da dúvida. A dúvida
diz que Deus não existe, que Jesus Cristo não passa de um bom homem, que
o Espírito Santo é apenas uma energia, um poder, em suma, que a Trindade é
apenas uma invenção do homem, que se trata apenas de uma doutrina, é
apenas um erro linguístico. Mas a fé diz: tudo isso é verdade.

Após algum tempo depois de meu novo nascimento, participei


de uma
conversa com um amigo que é testemunha de Jeová. Ele não crê na operação
do Espírito Santo. Esse conhecido é alguém extremamente conhecedor da
Bíblia, porém sua interpretação é distorcida apesar de muito convincente.
Confesso que já estava quase sendo convencido por ele, quando então,
comecei a sentir uma paz interior tão grande quanto a todos os milagres que
o Senhor, através de Seu Espírito, operara em meu corpo.

Eu havia tido um câncer no sangue, leucemia; e, no entanto, tinha


experimentado a cura. Por causa do tratamento, havia ficado
estéril e após
dois anos e meio o Senhor ouviu minhas orações nas quais eu dizia que
gostaria de ter outro filho, e minha esposa engravidou. Lembrando tudo isso,
tive uma paz intensa em meu coração, um convencimento de que o Espírito
Santo era quem havia operado tudo isso em mim. Então pude, nesse
momento, me livrar do engano da dúvida.
Eu havia recebido tantas recompensas do Senhor por acreditar que Ele
existia, por crer que Ele poderia me recompensar com a cura se eu
simplesmente aplicasse minha fé. Que tempo maravilhoso pude desfrutar do
Senhor! Um ano inteiro lutando contra o câncer, mais dois anos e meio
combatendo o bom combate contra
a dúvida da esterilidade, que
constantemente me assediava, lançada diretamente do inferno. Que tempo
precioso relacionandome com Ele e desfrutando de Sua bondade! Tudo por
causa da fé. Como o Senhor queria me ensinar sobre a fé naquele tempo!
Que amor! Que paciência! Eu amo o Senhor!

A dúvida é a ação de Satanás levando o homem a duvidar do que Deus diz.


“É assim que Deus disse?” (Gn 3.1). Que pergunta capciosa! O objetivo
dessa pergunta é lançar dúvida no coração do
homem. Ela induz o homem a
crer que pode ter algo por detrás, que há um algo mais ou um algo menos.
De qualquer forma, é tentar distorcer a Palavra de Deus.

Toda tentação tem por base a dúvida sobre a Palavra de Deus, assim como a
vitória tem por base a fé na Palavra. Se creio na Palavra de Deus, recebo Sua
recompensa. Se coloco minha fé no Senhor, recebo a vitória. Ele é o Todo-
Poderoso, Ele pode todas as coisas, pode realizar tudo aquilo que promete.
Ele vela pela Sua Palavra. Velar é ter um zelo para que se cumpra tudo
aquilo que foi prometido.

A outra coisa que Satanás faz é levar o homem a duvidar do que Deus é.
Primeiro Satanás lançou dúvida sobre a bondade de Deus. “Não é assim que
Deus disse: Não comereis de toda árvore do Jardim?” (Gn 3.1). Na
sequência, ele sempre tenta lançar dúvida sobre o caráter de Deus, por isso
ele faz uma afirmação confrontativa... “É certo que não morrereis” (Gn 3.4),
o alvo é tentar nos convencer de que Deus mente. A questão não é estimular
a incredulidade da existência de Deus ou da Sua bondade, mas atingir Seu
caráter. Ele quer tentar nos convencer de que nem tudo que Deus diz é
verdade. Essa é a intenção do maligno. Não crer em toda a Palavra é tão
grave quanto não crer na Palavra. Não crer em tudo que Deus diz é tão grave
quanto não crer que Ele existe.

Por último, ele tentará lançar dúvida sobre a santidade de Deus:


“E... como
Deus” (Gn 3.5). A palavra como é a chave da questão. Constantemente
Satanás tenta nos convencer de que podemos viver por nós mesmos,
independentes de Deus. Viver independente
de Deus é tentar ser como Deus.
Deus é santo é somente Ele é único e Senhor. No entanto o alvo de Deus é
compartilhar Seu amor e Sua vida. Apesar de que nunca seremos Deus,
podemos ter
Sua natureza. E, da mesma forma, ser participantes de Sua vida
e Sua glória. Ele não tem necessidade de querer ser único, uma vez que Seu
alvo é compartilhar tudo o que possui.

A fé é tudo que precisamos. É a certeza da esperança. Esperança


é futuro,
mas quando trazemos o futuro para a dimensão do presente é fé. Toda
promessa é para o futuro, mas todas as vezes que tomamos posse das
promessas através da fé podemos receber, no presente, todos os seus
benefícios. Muitas pessoas associam a esperança com a vontade de Deus e
afirmam: − Se Deus quiser... Essa afirmação pode ser dita apenas quando
não se conhece a vontade de Deus, mas quando é colocada em determinada
situação cuja vontade de Deus é conhecida, está errada. A partícula “se” gera
a incredulidade, uma vez que a dúvida já está em ação. Portanto essa atitude
é uma falsa esperança, e o pior de tudo é que ela não colabora para a fé. O
resultado é que tal pessoa não agradará ao Senhor, pois permitiu que a
incredulidade a dominasse.

Certa vez fui visitar uma pessoa que estava com câncer de pulmão. Assim
que cheguei a sua casa e perguntei como ela estava, disse-me: − Estou como
Deus quer... Então eu lhe disse: − Isso não é verdade. Deus não deseja que
você seja doente. Ele não preparou um câncer pra você. Essa não é Sua
vontade, muito pelo contrário, Ele deseja a sua saúde! Então a ensinei acerca
da verdade da Palavra, que o Senhor já levara consigo na cruz todas as
nossas enfermidades. Ela creu e confessou a verdade. Algum tempo depois,
recebi a notícia de que essa irmã havia sido curada.

Enquanto a dúvida reinava em sua vida, reinava a derrota


através da
enfermidade. Quando ela creu na Palavra e a confessou corretamente, foi
curada. Que maravilha é a fé em nossa vida!

Meu alvo em falar sobre os princípios gerais da batalha espiritual se faz


necessário porque para ser um vencedor no mundo cristão, como soldado de
Cristo, você tem que saber que quando veste a armadura para uma batalha,
você tem que ser forte. Essa força vem do conhecimento desses princípios.
Não tente entrar em uma batalha espiritual sem conhecê-los. Lembre-se de
que Davi enfrentou Golias, mas o Senhor já havia levado Davi a ter
experiências de uma luta desigual. Davi, antes de enfrentar Golias,
havia
derrotado um urso e um leão.

“Respondeu Davi a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas


de seu pai;
quando veio um leão ou um urso e tomou um cordeiro do rebanho, eu saí
após ele, e o feri, e livrei o cordeiro da sua boca; levantando-se ele contra
mim, agarrei-o
pela barba, e o feri, e o matei. O teu servo matou tanto o
leão como o urso; este incircunciso filisteu será como
um deles, porquanto
afrontou os exércitos do Deus vivo.” (1Sm 17.34-36)

Veja que Davi já havia se fortalecido no Senhor. Por isso dizemos que o
servo do Senhor é forjado na batalha. Essa é a experiência que eu chamo de
conhecer os princípios espirituais da batalha espiritual.

As pessoas do mundo não têm a batalha espiritual que você tem, por quê?
Porque elas já estão do lado do inimigo. Somente tem batalha quem não está
do lado do inimigo. Você agora é de Deus, você é do céu, você não é mais
aqui da terra, você agora pertence a Deus, não pertence ao diabo. Você já foi
transportado do “império das trevas para o reino do filho de Seu amor” (Cl
1.13).

É por isso que ímpio não tem problemas com batalha espiritual; ele já faz o
que o diabo quer, o diabo não precisa guerrear contra o ímpio, este chamado
de batalha espiritual é seu, é meu. Deus nos convocou. Assim como foi o
homem que entregou a terra
para o diabo, será o homem que irá retomar a
terra de Satanás. Você é o instrumento da batalha, não é Deus que está
tomando a terra de novo, é você, no “front” da terra.

Deus é o general, Ele está lá em cima organizando essa batalha


estrategicamente. Ele está lá em cima nos organizando e nos fortalecendo
como soldados através das batalhas e nos ensinando os princípios dessa
batalha para nos fortalecer.

O grande problema da igreja nos últimos dias, é que o crente desiste da


guerra, o crente desiste da batalha, porque Satanás coloca
na cabeça dele que
não vale a pena, então ele desiste e entrega os pontos logo, mas não será
assim com você.
Elementos importantes para o fortalecimento: a sobriedade e a
vigilância

“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda


em derredor,
como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na
fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão se cumprindo na vossa
irmandade espalhada pelo mundo.” (1 Pe 5.8,9)

A Palavra de Deus e nosso conhecimento deixam claro que muitos irmãos ao


redor do mundo têm passado por lutas. Não estamos sozinhos nessa guerra.
Há uma batalha sendo travada pelo motivo de haver um inimigo. Eu
costumo dizer que já que o diabo não pode mais levar você para o inferno,
ele tentará trazer o inferno até você.

Por isso o apóstolo Pedro diz, “seja sóbrio”. Essa palavra, no original, tem o
sentido de estar calmo e sereno de espírito. Gosto disso. Como você pode
ficar calmo e sereno dentro do contexto de uma guerra? Vejo pelo menos três
aspectos. O primeiro fala de confiança. Se eu creio que apesar de travar uma
batalha em última análise ela é uma guerra do Senhor, então eu posso entrar
no descanso. Pois quem é maior que o Senhor? Quem é maior que o Senhor
dos Exércitos? Veja o que o Salmo 76.3-7 diz a Seu respeito:

“Ali, despedaçou ele os relâmpagos do arco, o escudo, a espada e a batalha.


Tu és ilustre e mais glorioso do que os montes eternos. Despojados foram os
de ânimo forte; jazem
a dormir o seu sono, e nenhum dos valentes pode
valer-se das próprias mãos. Ante a tua repreensão, ó Deus de Jacó,
paralisaram carros e cavalos. Tu, sim, tu és terrível; se te iras, quem pode
subsistir à tua vista?”

Muito provavelmente é por isso que os soldados hebreus podiam dizer um ao


outro como cumprimento: “Shallon Adonai” ou “a Paz do Senhor”, quando
estavam guerreando. O fato era que eles podiam confiar no Senhor dos
Exércitos. Por isso podiam
ficar sóbrios ou serenos de espírito.

A segunda razão, creio eu, pela qual o apóstolo Pedro nos diz para ficarmos
sóbrios é no sentido de tomarmos cuidado em não ser precipitados. Uma
batalha precisa de soldados e oficiais sóbrios
para não tomarem medidas
tolas, insensatas, que poderão comprometer a vitória. Quantos irmãozinhos
não estão perdendo a batalha para o inimigo pelo simples fato de serem
precipitados? Provérbios diz:

“O longânimo é grande em entendimento, mas o de ânimo


precipitado
exalta a loucura.” (Pv 14.29)

“Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado.” (Pv 19.2)

Provérbios compara a pessoa precipitada ao louco tanto quanto


à falta de
reflexão. A precipitação e a irreflexão acabam fazendo você cometer alguma
insensatez que pode levá-lo à derrota. Você não pode entrar na batalha de
forma precipitada, nem mesmo permanecer nela dentro de princípios
errados. Quando você sair do terreno da fé em uma batalha espiritual e entrar
no terreno natural da confiança em si próprio, você estará cometendo
loucura. Devemos ser sóbrios e permanecer sóbrios. Devemos crer que nossa
vitória é um presente de Deus e em momento algum confiar em nossa
própria força.

Em terceiro lugar, penso que a sobriedade esteja relacionada com a


percepção dos ardis do inimigo. Uma pequena pedra, quando atirada em
águas tranquilas de um lago, pode causar ondas bastantes perceptíveis.
Sempre dizemos que aqueles que são chamados para o ministério, a exemplo
de Moisés, devem aprender a lidar com três áreas importantes, que são os
sinais que o Senhor deu a Moisés quando este havia sido chamado ao
ministério de libertador do povo hebreu do Egito (Êx 4.1-9)

Moisés deveria perceber o pecado em si mesmo, identificado pela mão com


lepra quando a colocou no peito. Deveria perceber que o mundo é lugar de
morte quando derramou as águas do Nilo
sobre a terra e elas se
transformaram em sangue. E por último ele deveria aprender a lidar com a
serpente quando seu bordão foi jogado ao chão e se transformou numa
serpente. Isso aponta para o fato de que todo aquele que foi comissionado
deve aprender a lidar com o diabo, a carne e o mundo. Sobriedade é estar
calmo e sereno de espírito para perceber pequenos movimentos de Satanás,
pequenas tentações da carne e sutis atrações do mundo. Esses pequenos ardis
têm como finalidade desestabilizá-lo, tirar você do
foco correto e lançá-lo no
nublado campo do engano.
Creio que esse princípio pode se aplicar a todos os irmãos. Quando você está
envolvido com muitos pensamentos e raciocínios, pode ser que você não
perceba o diabo por trás das circunstâncias e muitas vezes você pode acusar
outras pessoas ao passo que o causador da situação é o maligno.

A segunda advertência que o apóstolo nos dá é para que sejamos


vigilantes.
A vigilância é um estado de atenção.

O pastor Ricardo Guimarães, em seu livro “21 dias para ativar o Reino”, nos
mostra que o Império Romano conquistava os povos usando duas
estratégias. A primeira estava relacionada ao seu poderio militar, que
infundia medo e terror nos povos. Mas a mais forte e infalível arma que os
romanos usavam eram as “eklésias”: um grupo de pessoas romanas civis
escolhidas a dedo com a finalidade de se mudarem para as nações
conquistadas com o objetivo específico de neutralizar qualquer tentativa de
revolta. Além disso, era um grupo financiado pelo governo para que seu
testemunho pudesse influenciar os povos conquistados para desejarem ter
uma vida semelhante a deles – o estilo de vida romano. Em outras palavras,
o alvo das “eklésias” era conquistar o coração das pessoas para Roma.

Veja, na primeira forma de conquista não havia necessidade de vigilância, o


barulho era ensurdecedor e aterrorizante. Mas a segunda, por outro lado, era
silenciosa, indolente, mas mortífera. Mortífera no sentido de que quando
uma pessoa negligenciasse a astúcia do inimigo e ficasse despercebida, já
havia se tornado uma pessoa romana, com todos os desejos e anseios
romanos. Ela havia caído no laço do inimigo. Por quê?

Porque não foi vigilante. De acordo com seu significado original, não foi
cautelosa, ativa. Permitiu de forma negligente e passiva a aproximação do
inimigo e, como se diz num jargão de luta, “baixou a guarda”. Não prestou
atenção à estratégia do inimigo.

Satanás nunca irá chegar a você com a primeira estratégia do Império


Romano. Sua maior arma é o silêncio e a astúcia. Ele deseja conquistar
primeiramente seu coração. Atraí-lo para ele a fim de que possa dominá-lo
mais tarde.
Ele vai conquistando sua confiança com pequenas promessas e dando
resultados nessas pequenas promessas até o ponto de você confiar
plenamente nele, para então levá-lo ao fracasso e à derrota.

Erwin Lutzer, em seu livro a “Serpente do Paraíso”, conta a estória de um


corretor desonesto que foi enganando um cliente, prometendo retorno
financeiro em dobro por uma pequena quantia de dinheiro que fosse
investido. O corretor veio algum tempo depois e pagou o que prometera, e
assim sucessivamente até conquistar a confiança do cliente que lhe entregou
uma grande soma de dinheiro. Depois disso ele nunca mais apareceu.

É por isso que o Senhor em 1 Pedro nos diz para sermos vigilantes.
Vigilantes com as propostas do inferno. Vigilantes com as propostas de
tentar ver o pecado como algo bom. Algo prazeroso ou apenas por
necessidades.

Temos que ser vigilantes para não cairmos nas armadilhas do inimigo.
Nunca se esqueça de que uma armadilha contém aquilo que apreciamos.
Nunca se esqueça de que os ratos apreciam o queijo. Por isso coloca-se
queijo nas ratoeiras.

Outra área extremamente importante em que devemos ser


vigilantes e na
qual parece que em grande parte o diabo tem conseguido êxito é o terreno
dos relacionamentos. As pessoas, de forma geral, não percebem a astúcia do
inimigo quando usa pessoas próximas a nós para nos ofenderem. E se não
formos vigilantes para crer na palavra que nossa luta não é contra carne ou
sangue, caímos na armadilha da ofensa e nos tornamos pessoas ressentidas
ou magoadas. Pronto... Está instalada a derrota.

É por isso que o versículo diz... “o diabo, vosso adversário” (1Pe 5.8).

No início do livro, vimos que a orientação quanto à armadura de Deus foi


dada no contexto de relacionamento (Efésios 6), e a razão é que nossa
tendência é crer que nosso problema e nosso inimigo são justamente as
pessoas que amamos ou com quem nos relacionamos. Nossa tendência é cair
no campo do melindre e da ofensa. Se não estivermos sóbrios e vigilantes,
perderemos a batalha espiritual.
Muitos casamentos estão destruídos por esse engano. Muitos
relacionamentos entre pais e filhos estão abalados da mesma forma.
Por quê?
Um pouco de fermento leveda toda a massa (Gl 5.9). Uma
expectativa
errada, um pequeno ressentimento se não for tratado
com perdão, irá
culminar com o domínio do inimigo em sua vida.

O domínio não é instantâneo. Começa com um pouco de fermento. Passa


pelo processo da tentação, influência e por fim a opressão. O que é a
depressão, doença tão atual? Sei que existe depressão causada por doenças,
mas penso que a maioria da depressão instalada nos crentes seja resultado de
opressão maligna. A
derrota não é instantânea, e sim um processo. Mas sua
libertação pode ser instantânea a partir do momento que você reconhece seu
verdadeiro inimigo e libera o perdão. Essa é a vitória do crente. Essa é a
parte do crente. Mas não se iluda, é somente pela graça que podemos fazer
isso. É muita graça de Deus termos a revelação necessária. É muita graça de
Deus conseguirmos liberar perdão.

Esteja vigilante quanto à atmosfera favorável à tentação.


Circunstâncias
favorecem o desenvolvimento da ação maligna, inicialmente pela tentação e
depois por causas mais factuais – decepção conjugal, profissional,
relacionamentos próximos ou
mesmo por orgulho e obsessão. O crente
necessita estar atento à batalha espiritual.

Costumo dizer que não necessitamos ter uma mentalidade de constante


batalha, porém em algumas épocas da vida a atmosfera ou os acontecimentos
favorecem o surgimento dela. É necessário crer que ela existe para que nessa
hora você possa abrir seus olhos e estar atento ao processo.

Seja vigilante e consiga a vitória em Cristo!

Vencendo pela fé na Palavra

Uma vez identificado o inimigo, fogo nele. O canhão da fé deve ser


direcionado em sua direção. “Resisti-lhe firmes na fé... (1Pe
5.9).” Resistir
fala de combater com a própria Palavra. Jesus, na tentação em Mateus 4,
resistiu ao diabo com a Palavra. A Palavra é nossa “bala de canhão”.
Fé e Palavra juntas são uma arma mortífera e poderosíssima contra o poder
das trevas.

T. L. Osborne disse, em seu livro “Curai enfermos e expulsai demônios”,


que “muitas vezes, os teólogos têm sido nossos inimigos: tornando a
Verdade em filosofia e a Palavra, em dogma e credo, quando deveria ser
como se o Mestre nos falasse”.

Deus e Sua Palavra são um só. Ele é vivo, Sua Palavra também
é. Sua
Palavra é eficaz. A Palavra é cortante, ela anula as mentiras
do diabo, pois é
a Verdade. A Verdade é luz e a mentira trevas. As
trevas não irão prevalecer
contra a luz. Satanás vem com suas mentiras e enganos, nós vamos a ele com
a Palavra de Deus. Esse foi
o testemunho de Davi contra Golias. Sabemos
que Golias estava
afrontando o exército de Israel. Estava infundindo medo e
terror
devido a sua estatura. Mas nas palavras de Davi podemos ver a
autoridade de Deus sobre Davi. Como suas palavras foram vivas! Como
elas
foram operantes! O alvo de Deus é que Seus filhos usem Sua
Palavra, usem
a autoridade de filhos, de herdeiros, contra as obras
do inferno, contra os
enganos malignos.

Quando usamos a Palavra, estamos usando a autoridade de Deus.


Essa
autoridade não permite que a mentira ou o engano prospere.
Debaixo da
autoridade de Deus, tudo tem que recuar.

A palavra viva é a palavra cheia de fé. Não podemos abrir mão


de ter sempre
uma palavra fresca, atual, dentro de nós para que seja
liberada em tempo
oportuno. Nossa fé em harmonia com o Espírito
Santo gera essa palavra
viva. Muitos estão perdendo a batalha da
fé por não estarem se alimentando
constantemente dessa palavra
viva, diária e constante.

Paulo disse a Timóteo, “combate o bom combate”. Sabemos que


Timóteo era
discípulo dele, dessa forma Paulo sabia de suas debilidades. Eram
debilidades emocionais, receios, imaturidade, mas o
apóstolo o exorta a
“deixar as paixões da mocidade e seguir a justiça,
a fé, o amor e a paz...”
(2Tm 2.2), a portar-se como alguém forte,
valente, alguém ciente dessa
convocação para a batalha.
O alvo do crente é ser colaborador para edificar o Corpo de Cristo
aqui na
terra, você não pode gastar seu precioso tempo com coisas
supérfluas, coisas
terrenas. Nossos olhos devem estar fixos naquilo
que é importante dentro do
propósito de Deus. Você precisa “buscar as coisas lá do alto” (Cl 3.2). Você
necessita olhar para o Senhor
Jesus. Ele é a sua vitória. É Ele quem guerreia
nossas batalhas, Ele
vence nossas guerras. Em qualquer circunstância, se
você olha para
Jesus, você pode estar certo que será vitorioso. Você pode
dizer, “Eu
sou fraco, mas ‘quando sou fraco, então, é que sou forte’ (2 Co
12.10)”.

Capítulo Treze

A nossa vitória é uma


manifestação da graça de Deus

ocê não acha que seria muita pretensão acreditarmos que por nossa conta e
por tudo o que somos, podemos
ou praticamos é que somos vencedores?
Ainda mais

guerreando contra um inimigo que ainda é poderoso, que não vive


na
dimensão física e por isso não podemos vê-lo. Você trabalha, estuda e cuida
de tantos afazeres e seu inimigo pode deslocar seres espirituais para estar
perto de você 24 horas por dia e, durante todo
esse tempo, maquinando o
mal contra sua vida. Só de pensar dessa
maneira você poderia dizer: – É
impossível eu vencer essa batalha. É isso mesmo, você chegou à conclusão
certa. Fico feliz por isso!
Todo cristão deveria chegar a essa conclusão.
Todos nós teríamos que chegar ao fim de nós mesmos, porque quando
chegamos a esse fim... Deus pode iniciar Seu trabalho e trazer a vitória.
Nossa vitória não é pelos nossos méritos, ela é um presente de Deus.
Somente em Cristo podemos vencer todas nossas batalhas. Foi por isso que
gastamos tanto tempo falando de fé e do fortalecimento em Deus.

Eis a razão por que o apóstolo Paulo, ao terminar de descrever a armadura de


Deus, disse: “...com toda oração e súplica, orando em todo o tempo no
Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os
santos...(Ef 6.18)”.
O motivo da oração é que não podemos fazer nada de nós mesmos se não
estivermos protegidos pelo Pai. Temos que orar e pedir Sua proteção
constantemente e não somente isso, mas também vigiando com toda
perseverança. Isso significa que até mesmo diante das tribulações, diante das
dificuldades e ataques, temos que permanecer firmes clamando ao Senhor
Sua proteção. E somente podemos usufruir dessa proteção em Cristo.

A oração é que nos mantém em comunhão e intimidade com Deus. Quando


colocamos nEle toda nossa esperança de vitória, ela virá. Não confie em si.
Não atribua a você mesmo qualquer possibilidade de vencer. Não pense que
será por sua própria força. Seja alguém dependente do Senhor em todos os
momentos. Mas não somente isso, ore também pelos seus irmãos. Ore para
que eles tenham clareza de que somente no Senhor podem ser vencedores.
Peça para que o Espírito Santo revele a cada um essa verdade. Jesus é nossa
completa provisão de vitória.

A vitória é manter nossos olhos em Cristo

Francis Frangipane, em seu livro “Os três campos de batalha”, conta uma
pequena história em que ele havia conhecido um homem que era dono de
uma gravadora e que, além de administrá-la,
passava a maior parte do tempo
ouvindo a “matriz do disco”. Com
base nessa matriz, todos os demais discos
seriam produzidos. Com
o passar do tempo os ouvidos desse homem
especializaram-se em pegar os ruídos e chiados e as imperfeições dessa
matriz. Certo dia o pastor Francis disse para esse homem que ele deveria
gostar muito de ouvir música por ser um trabalho tão prazeroso. Mas o
homem respondeu: – Há muitos anos não ouço música, pois todas as vezes
que ligo meu potente som em casa o que ouço são apenas ruídos e chiados.

Da mesma forma que esse homem somente ouvia ruídos e chiados ao escutar
as músicas, são os irmãos que sempre veem o inimigo por trás de toda
situação em sua vida. É por isso que muitos estão gastando mais tempo com
o diabo e seus demônios do que propriamente mantendo sua comunhão e
dependência de Cristo.

Nesse mesmo livro, Francis Frangipane ainda diz: “A maior batalha já


vencida foi a morte do vencedor sem nenhuma palavra de censura a seu
adversário”. Isto é, Jesus não tinha vindo a terra para
travar uma batalha
particular com o diabo. Havia um propósito de morrer e salvar o perdido e
foi isso que Ele fez. Ele não se desviou de Seu propósito. Assim devemos ser
também. Não permita que absolutamente nada desvie você de seu propósito,
nem de se parecer com Jesus. O autor continua, afirmando: “Preste muita
atenção: não somos chamados para nos concentrar na batalha ou no diabo,
exceto quando essa batalha prejudica nossa transformação imediata na
semelhança de Cristo. Nosso chamado é para nos concentrar em Jesus. A
função do diabo, contudo, é desviar nossos olhos de Jesus”.

Vitoriosos pela graça

“Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz


em triunfo...
(2Co 2.14)”

É muita graça sermos conduzidos em triunfo. Quando os generais romanos


voltavam de uma guerra, eles entravam com toda pompa na cidade. Muitos
dos habitantes iam a essa cerimônia de celebração da conquista na entrada da
cidade. Devia ser algo bonito de se ver. Os cavalos, as bigas, os soldados
alegres, o general vistoso e... Os escravos conquistados. Essa era a cena do
triunfo. Para nós, cristãos, é muita honra sermos escravos conduzidos em
triunfo. O que significa que por nós, ou apesar de nós, Ele irá vencer e nos
dar a graça da vitória.

Nossa derrota está quando olhamos para nós mesmos ou para o diabo. Nossa
vitória está quando somos conquistados por Cristo. Quando chegamos ao
fim de nós mesmos e encontramos o Senhor, entramos nEle e permanecemos
nEle pela fé. Isto é permanecer em Cristo, a realidade do sonho do salmista:
Fizeste do Altíssimo a tua morada.

Referências Bibliográficas

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por Versículo. v. 4. 10. ed. São Paulo-SP: Editora Candeia, 1998. 652p.
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272p.

WAGNER, C. P. Oração de Guerra. São Paulo-SP: Editora UNILIT, 1992.


207p.

De Jacó a Israel
Marcos D. Motta

De jacó a israel – o processo de transformação trata das experiências pelas


quais jacó, um homem usurpador e enganador, passou
até ser transformado
em israel, príncipe de deus. O quanto essas experiências são relevantes para
nós como igreja hoje é o que você encontrará nestas páginas.

Anos, meses e dias passaram, a experiência da salvação ficou para trás, mas
aquele que é nascido de deus necessita avançar
em maturidade. A alma que
não é transformada não consegue experimentar a boa, agradável e perfeita
vontade de deus.Daí a necessidade de ser transformada.

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos


pela renovação
da vossa mente, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus.” (Rm 12.2)

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