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ANTONIO
HORVATICH

A
DOÇU
20
RA
17
D
O
TEU
FALA
R
1
2

Atenção: A Bíblia utilizada é edição da


“Ave Maria”,
As página s indicada referem-se a
desta edição.

PRE
FÁCI 2

Do
O
Teu 3

Do
Teu falar
Do

Esperamos sempre que Deus fale conosco


de uma maneira ruidosa, estrondosa e/ou então,
como nós prevemos ou queremos. Só que muitas
vezes não percebemos que Deus, até mesmo
quando nos adverte Ele sempre é doce no falar.

Ah... como eu desejo que este seja um


momento de qualidade que você dedique para
saber mais de Deus...

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Durante os últimos anos da minha vida eu


tenho procurado gerar no coração das pessoas a
certeza de que elas são livres para adorar a Deus...
informá-las que o acesso ao Pai não depende da
seleção: das falas, do lugar, de posição, de status...
mas, de um coração quebrantado e contrito.

“O Senhor está perto dos contritos de


coração, e salva os que tem o espírito abatido.” (Sal
33(34), 19)

Deus tem interesse de falar com você, de


se comunicar com você, tem interesse que você O
perceba e que identifique a doçura do Seu falar...
mas só conseguiremos percebê-Lo quando o nosso
coração estiver quebrantado e quando nos
colocarmos de coração contrito diante dele.

Fico a pensar na imutabilidade de Deus e


do quanto muitas vezes esquecemos disso... Cada
circunstância, cada problema, cada tristeza, cada
dificuldade geram no nosso coração a sensação de
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que Deus parece estar a quilômetros de distância...


e isso não tem nada a ver com Deus, essas
sensações partem da nossa condição de fragilidade,
de imediatismo, do desejo de que as coisas sejam
resolvidas da nossa maneira... e esquecemos que
quando Deus nos convida a ter Cristo como Senhor
das nossas vidas, não se trata de irmos à igreja, de
passarmos a dizer que somos cristãos, católicos...
NÃO! NÃO! (Claro que precisamos ir até o sacrário,
se possível diariamente, Jesus está nos esperando).
Mas, trata-se de um desejo ardente da parte de
Deus, para que você entenda que hoje Ele não
deseja e não te chama mais de servo, mas deseja e
te chamar de: AMIGO!

Ah...entendo muito bem quando Deus diz


que deseja ser meu amigo. É com o amigo que nos
sentimos livres para compartilhar dos sonhos. É
com o amigo que nos sentimos à vontade para
chorar sem reservas... bem como é com o amigo
que aprendemos o valor de sorrir e de chorar
junto... É com o amigo que desejamos passar horas
e horas do nosso dia, conversando, conversando,
sem ver o tempo passar... e que ainda temos a
sensação que iniciamos a conversa há pouco

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tempo... É como amigo que desejamos iniciar


qualquer relacionamento que cremos como
duradouro e que desejamos que sejam eternos...

Deus deseja que você entenda que Ele é


teu amigo... que deseja passar um tempo com você,
para que Ele compartilhe da quantidade de sonhos
que Ele tem para humanidade e para você... e
assim, nessa relação de amizade, você passe a
sonhar os sonhos dEle, percebendo quando Ele fica
triste, quando Ele precisa de você agindo e como
Ele faz para te proteger, comprando uma briga para
zelar por sua vida e para que você seja feliz.

Deus deseja lhe falar, como amigo.

Deus tem uma doçura no falar


incomparável... Mas, para isso precisamos nos
colocar na presença do Senhor.

Ah... como é bom poder sentir a presença


de Deus... como é bom saber que Deus está no
controle da minha vida, mesmo quando eu não
consigo senti-Lo de uma maneira tão clara... como é
bom saber que Deus se importa com a sua vida da
mesma maneira que se importa com a minha...

Você já falou com Deus hoje?


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Você já O ouviu hoje?

Esteja certo de uma coisa: Deus sempre


fala conosco... nós é que precisamos afinar nossos
ouvidos para percebê-Lo.

Toda vez que eu paro para pensar no tamanho


da misericórdia de Deus, eu me surpreendo. O
quanto Deus insiste em querer se relacionar
conosco. O quanto Deus insiste em querer se
revelar a

nós. Mesmo não merecendo, mesmo agindo como


se Ele não existisse, mesmo diante da nossa
indiferença.

Deus neste momento está mais uma vez


insistindo com você, por meio destas palavras. Ele
quer revelar a doçura do Seu falar, a doçura do Seu
olhar, para amolecer a dureza do nosso coração.
Então, deixe o Senhor Deus falar ao teu coração!

Sejamos sempre agradecidos a Deus, pelo


amor que se revelou através de Jesus Cristo. Deseje
sempre em teu coração agradar e agradecer a
Deus. Renda-lhe sempre toda a glória, todo o
louvor e toda a adoração.

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Precisamos ouvir a voz de Deus para


mudar o nosso modo de ser. Não existe nada mais
doce do que quando Deus nos fala e nos olha.
Quando o amor Dele nos constrange. Nós nos
derretemos por dentro de nós. Não existe nada
melhor do que a comunhão com Deus por meio de
Jesus Cristo. Quando se tem um relacionamento
com Deus através de Jesus, o
próprio

Deus cuida de trazer ao coração humano, uma


comunhão íntima e profunda. Deus começa a falar
ao nosso interior e temos paz, alegria e direção.
Pontos tão necessários à nossa vida.

Então, mantenha um relacionamento vivo


e constante com Deus por meio de Jesus, e você
ouvirá a doçura do falar de Deus em teu coração.
Você sentirá a doçura do olhar de Deus sobre você,
e isso mudará toda a sua vida.

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PALAVRA INICIAL

Após desfazer-me de minha propriedade


rural em Jataizinho (PR), preocupei-me com o
tempo ocioso que isso me proporcionaria. Pois, isso
me incomodava muito. No intuito de ocupar-me,
surgiu em mim o desejo de preencher esse espaço
de tempo, deixando-me envolve pelos sussurros de
Deus.

Comecei a folhear revistas, folhetos,


artigos, histórias que de alguma forma pudessem

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ser formas de ouvir Deus falando através de seus


conteúdos. Principalmente, utilizei os muitos
encontros que preguei na Renovação Carismática
católica. Nessa busca percebi que “a doçura do
Falar de Deus” se faz presente das mais diversas
formas e através das mais variadas maneiras.

Veio então à lembrança aquela passagem bíblia


de Elias, "O Senhor lhe disse: Sai para fora e põe-te
neste monte perante a face do Senhor. E eis que
passava o Senhor, como também um grande e forte
vento, que fendia os montes e quebrava as penhas
diante da face do Senhor; porém o Senhor não
estava no vento; e depois do vento, um terremoto;
também o Senhor não estava no terremoto; e,
depois do terremoto, um fogo; porém o Senhor não
estava no fogo; e, depois do fogo, uma voz mansa e
delicada." (1 Reis 19.11-12). Deus lhe fala através da
brisa suave.

Foi assim que surgiu o opúsculo que ora


apresento. Não pretendi com isso, expor uma obra
literária, e muito menos fazer uma apologética
doutrinária, apenas desejei colocar no papel para
futuras consultas e reflexões aquilo que julguei
edificante e, assim poder guardar para a
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posteridade aquilo que de alguma forma me serviu


de crescimento, consolo, e permitiu ocupar o
tempo de uma forma preciosa.

Os textos aqui apresentados nada


possuem de inédito, apenas são frutos de leitura e
estudo, e excertos que realizei.

Nos atropelos da vida existem soluções. E


Deus, que os permitem, apesar de não os querer,
nos dá a chance de através dos dissabores sermos
fortalecidos nele e, assim superando-os, estarmos
prontos para os próximos que vierem.

Primeiramente é indispensável esclarecer


uma coisa: nada nunca está perdido. Nunca se
deixe abater pelas circunstâncias da vida. Não
importa o que você está passando, Deus está
sustentando você. Talvez nos momentos difíceis o
desespero não permita que teus olhos carnais
enxerguem a realidade dos fatos. Mas após as
lágrimas, após o susto, pare um minuto, respire e
olhe ao redor.

Deus está aí com você, providenciando o


escape dessa provação.

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Acredite, você é privilegiado. Ninguém está


livre de passar por dificuldades, mas aquele que
volta os seus olhos para o Senhor tem a vantagem
de ter a presença do Pai ao seu lado. E não há nada
melhor do que receber o afago de Jesus Cristo. Não
há nada comparado ao consolo vindo direto do
Espírito Santo.É dolorido passar pelas provas da
vida? É sim, mas Deus vai tratando e curando cada
ferida aberta, basta permitir que Ele faça isso.

Parece que não há solução? Não importa qual é o


teu problema, Deus te dá a solução. Ele é o Deus
soberano, criador dos céus e da Terra, para Ele não
há barreira, não há limite, não há impossível.
Portanto, não se intimide. Levante a cabeça e
encare de frente a tua dificuldade, pois Deus é
contigo. Ele já mandou anjos diante de você para
lutar em teu favor. Creia, a vitória já é tua. Mesmo
que você ache que a batalha está perdida, mesmo
que pareça que gigantes se levantaram contra você,
permaneça firme, siga adiante, pois Deus irá
derrubar o Golias. “Em Cristo Jesus somos mais do
que vencedores.” (Rom 8, 37) Verdades sejam
ditas, a felicidade não é a ausência de problemas,
mas a nossa capacidade de lidar com eles. Sempre

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olhe para o que você tem, em vez de olhar para o


que você perdeu. Porque não é o que o mundo tira
de você o que realmente importa, é o que você faz
com o que lhe resta.

Às vezes a vida fecha algumas portas, mas


somente porque é hora de seguir em frente. E isso
é uma coisa boa, porque, muitas vezes, não
seguimos em frente a menos que as circunstâncias
nos obriguem. Em momentos de dificuldade,
lembre-se que nenhuma dor vem sem um
propósito. Só porque você está lutando,
enfrentando algo, não significa que você está
falhando na vida. Todo grande sucesso requer
algum tipo de luta digna para se conquistar. Boas
coisas levam tempo. Seja paciente e mantenha o
pensamento positivo. Tudo vai ficar bem, talvez não
imediatamente, mas eventualmente.

O céu pode estar nublado e o sol


escondido, mas lá está ele, aguardando o momento
para novamente mostrar o seu brilho. Toda vez que
chove, não é para sempre, a chuva pára, as nuvens
dissipam-se, o sol volta a brilhar. Toda vez que você
se machucar, você vai sarar. Depois da escuridão há
sempre luz – depois da noite vem o dia, a escuridão
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esvai-se e a luz novamente se põe imponente. Mas,


ainda assim, muitas vezes, você se esquece e decide
acreditar que a noite vai durar para sempre. Não
vai. Nada dura para sempre.

Então se as coisas estão bem agora,


aproveite. Não vai durar para sempre. Se as coisas
estão ruins, não se preocupe porque não vai durar
para sempre também. Só porque a vida não é fácil,
neste momento, não significa que você não pode
rir. Só porque alguma coisa está incomodando
você, não significa que você não pode sorrir. Cada
momento é um novo começo e um novo final. Você
tem uma segunda chance a cada segundo. Faça
este segundo ser melhor que o último.

Ficar se preocupando e reclamando não


muda nada. Aqueles que se queixam demais
conseguem o mínimo. É sempre melhor tentar fazer
algo grande e falhar do que não tentar fazer nada e
buscar o sucesso. Se você acredita em algo,
continue tentando. Não deixe que as sombras do
passado escureçam a porta do seu futuro. Ficar
hoje reclamando sobre ontem não vai fazer o
amanhã melhor. Tome uma atitude. Use o que você

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aprendeu para melhorar a forma como você vive.


Faça uma mudança e nunca olhe para trás.

E, independentemente do que aconteça no


longo prazo, lembre-se que a verdadeira felicidade
começa a chegar somente quando você parar de
reclamar sobre os seus problemas e começar a ser
grato por todos os problemas que você não tem.

Nunca tenha vergonha das cicatrizes que


vida lhe deixou. Uma cicatriz significa que a dor já
passou e que a ferida está fechada. Isso significa
que você venceu a dor, aprendeu uma lição, ficou
mais forte e seguiu em frente. A cicatriz é a
tatuagem de um triunfo para você se orgulhar. Não
permita que tuas cicatrizes o mantenham como
refém. Não permita que as cicatrizes façam você
viver tua vida com medo. Você não pode fazer as
cicatrizes da tua vida desaparecer, mas você pode
mudar a maneira de enxergá-las. Você pode
começar a ver as tuas cicatrizes como um sinal de
força e não de dor. Na vida, a paciência não é sobre
o esperar, mas sim a capacidade de manter uma
atitude positiva enquanto você trabalha duro para
conseguir teus sonhos. Se você estiver tentando, vá
até o fim. Caso contrário, não se ganha nada com
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simplesmente começar. Isso pode significar a perda


de estabilidade e conforto por um tempo. Isso pode
significar sair da tua zona de conforto. Isso pode
significar a crítica de quem você conhece. Isso pode
significar muito tempo sozinho. Porém, é a
motivação que faz grandes coisas possíveis. Tudo é
uma prova de tua determinação, de quanto você
realmente quer. Cada pequena luta é um passo à
frente

E se você quiser, você vai fazer, apesar das


probabilidades de fracasso uma nova experiência e,
a cada passo vai se sentir melhor do que qualquer
outra coisa que você já fez ou imaginou. Você vai
perceber que a luta não é o que encontramos no
caminho, mas sim o próprio caminho. E é penoso.
Então, se você vai tentar, vá até o fim. Não há
melhor sensação no mundo… Não há sensação
melhor do que saber o que significa estar vivo.

Mantenha-se positivo quando a


negatividade o rodear. Sorria quando outros
tentarem derrubá-lo. É uma maneira fácil de
manter o teu entusiasmo e teu foco. Quando outras
pessoas te tratam mal, continue sendo você. Nunca

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deixe a amargura de alguém mudar a pessoa que


você é. Você não pode levar as coisas

para o lado pessoal, mesmo que pareça pessoal.


Raramente as pessoas fazem algo por causa de
você. Eles fazem por causa deles mesmos.

Acima de tudo, nunca mude apenas para


impressionar alguém que diz que você não é bom o
suficiente. Mude porque faz de você uma pessoa
melhor e leva você para um futuro melhor. As
pessoas vão falar, independentemente do que você
faz ou quão bem você faz. Então, preocupe-se
consigo mesmo antes de se preocupar com o que
os outros pensam de você. Se você acredita em
algo, não tenha medo de lutar por este algo.

Então faça o que te faz feliz e esteja com


quem te faz sorrir, muitas vezes.

A verdadeira força vem quando você tem


motivos para chorar e reclamar, mas você prefere,
ao invés disso, sorrir e apreciar a sua vida. Há
bênçãos escondidas em todas as lutas que você
enfrenta, mas você tem que estar disposto a abrir
teu coração e mente para vê-los. Você não pode

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forçar que as coisas aconteçam. Do contrário você


enlouquecerá. Você

tem que deixar a vida seguir e deixar o que está


destinado a ser, simplesmente ser.

“Não vos preocupeis com o dia de amanhã:


o dia de amanhã terá suas preocupações próprias.
A cada dia basta o seu cuidado.” (Mat 6, 34)

Você tem que parar de se preocupar,


pensar o tempo todo e duvidar de cada passo ao
longo do caminho. Tem que rir da confusão, viver
consciente do momento e desfrutar de tua vida
como ela se desenrolar. Você pode não terminar
exatamente onde você queria estar, mas você
estará onde exatamente precisa estar.

A melhor coisa que você pode fazer é


seguir em frente. Não tenha medo de se levantar
quando cair. Não tenha medo de amar novamente.
Não deixe os machucados no seu coração
endurecê-lo. Encontre a força para rir todos os dias.
Encontre a coragem de se sentir diferente, se sentir
melhor. Encontre a motivação para fazer os outros
sorrirem também. Lembre-se que você não precisa
de muitas pessoas em tua vida, apenas alguns que

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valham a pena, por isso não rebaixe-se para ter


mais amigos. Seja forte quando as coisas ficarem
difíceis. Lembre-se de que o universo está sempre
fazendo o que é certo. Reconheça quando você está
errado e aprenda realmente com o erro. Sempre
olhe para trás e veja o quanto você cresceu, e tenha
orgulho de si mesmo. Não mude para qualquer um,
a menos que você realmente queira. Doe-se mais.
Escreva histórias. Tire fotos. Lembre-se dos
pequenos momentos e a forma como teus entes
queridos olham para você.

A vida é irônica às vezes ... como se


estivesse entediada, às vezes a vida nos prega
peças, nos pega de surpresa. De um momento para
outro, sem avisar, invade nossa casa, sacode tudo e
de repente nos percebemos de pernas para o ar.

Num supetão nossos planos são


frustrados, nossos sonhos são roubados e a gente
fica lá, com cara de tacho, tentando encontrar
alguma lógica no que parece não ter sentido algum.

São muitos os sentimentos que nos visitam


nessa situação. Frustração, raiva, tristeza. Vem
também um cansaço, afinal tínhamos dado o nosso
melhor, tentando finalmente acertar! Tínhamos nos
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esmerado em fazer tudo certo, como manda o


figurino, colocado em nossa vida as melhores
intenções, cheios de planos de sucesso e felicidade.
E de repente tudo ruiu bem em frente aos nosso
olhos, mil pedacinhos espalhados aos nossos pés...
uma vez mais.

Haja força para sermos capazes de levantar


de novo, sem perder o senso de humor, haja
coragem para sermos capazes de continuar, sem
jogar a toalha, sem cair no tentador papel de
vítima. Aliás, tem coisa mais chata do que gente
que se vitimiza?

Vou lhes dizer... não é fácil, mas ajuda, se


formos capazes de concordar em mudar de rota
sem perder a confiança na vida, se formos capazes
de abrir mão de nosso roteiro tão milimetricamente
planejado, se cedermos ao fato de que muitas
vezes as coisas seguem por caminhos inesperados
que não poderemos prever ou controlar. Se
arriscarmos pensar que, talvez, exista um sentido
escondido por trás dos cacos, por trás da aparente
falta de sentido. Se formos capazes de fazer isso,
talvez consigamos encontrar a força para
recomeçar.
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Momentos assim requerem jogo de


cintura, criatividade, leveza. Mas nada disso vem se
não tivermos sabedoria.

Sem sabedoria levamos tudo a sério


demais. Por isso se diz que os sábios se aproximam
das crianças. Pois, tal como as crianças, os sábios
sabem que neste mundo nada é definitivo. Os
sábios, tal como as crianças, encaram os
imprevistos da vida como uma chance de brincar de
algo diferente. Muitas vezes, sem sabedoria, nos
fixamos no momento presente e esquecemos de
que aquele momento é apenas um pedacinho de
um quadro muito maior. Nos esquecemos de que,
muitas vezes, o que parecia um verdadeiro desastre
era, na verdade, um movimento protetor, nos
empurrando em direção a um lugar muito melhor.

Acredite no que digo ou não, a verdade é


que só lhe restam duas opções: Desistir, como fazia
a hiena da história em quadrinhos, que sempre
dizia: “isso não vai dar certo!” Ou, bater a poeira e
recomeçar.

Sempre existe um caminho a ser trilhado, e


acreditem, o importante não é chegar a algum lugar

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específico, e sim sermos capazes de manter a


alegria ao caminhar, seja lá para onde for!

O dia está só começando, e o que será que


surgirá na sua frente hoje? Você estará preparado
para alguma surpresa? Se ela for agradável creio
que será bem-vinda. Mas e se as notícias não forem
boas, como você vai reagir?

Quando o servo do profeta Eliseu


despertou naquela manhã, talvez ele pensasse que
seria mais um dia como outro qualquer. Mas
quando abriu a porta da casa onde habitava e viu
que a casa estava cercada pelos exércitos sírios que
tinham vindo para prender Eliseu, o susto foi
grande. Ele não esperava por aquilo logo de manhã.
Sua reação foi imediata: Ficou apavorado! Correu
até o profeta e disse: “Ai! Meu Senhor! Que vamos
fazer agora?” (2 Reis 6:15). O homem de Deus
acalmou seu coração dizendo-lhe: “Não temas;
respondeu Eliseu os que estão conosco são mais
numerosos do que os que estão com eles”. (2 Reis
5:16).

Perceba que o profeta Eliseu não ignorou


o exército. Ele não disse: “Ah, pela fé não vejo
ninguém lá fora”. Não! Ele não fez isso. Fé não é
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você fechar os olhos, contar até dez e então abrir


os olhos acreditando que todos os problemas vão
desaparecer como num passe de mágica. Eliseu viu
o problema e também sentiu que a situação era
grave, mas o que ele queria ensinar para seu servo
era que este precisava ver o que estava além da
visão. Eliseu olhou com os olhos de Deus. Foi então
que ele orou: “Senhor, abri-lhe os olhos para que
veja”. O Senhor abriu os olhos do servo e este viu o
monte cheio de cavalos e carros de fogo ao redor
de Eliseu” (2 Reis 6:17). Foi então que o servo viu o
monte tomado pelo exército celestial do Senhor 

Eu gosto demais dessa história porque ela


revela algo que todos nós temos que admitir: é
muito difícil enxergar a saída que Deus tem para
nós em meio a cada um dos problemas que
enfrentamos. Talvez você acordou hoje e já deu de
cara com uma situação inesperada, ou nem dormiu
direito ontem por causa de algo que acha
impossível de ser mudado hoje. Mas reflita na
história que você leu acima. Muitas vezes olhamos
as situações meramente do lado humano. Vemos só
o que está diante dos nossos olhos. Mas o Senhor
quer que nossos olhos enxerguem a realidade que

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existe por trás de cada situação. Deus não perde o


controle de nada.

Para os que são filhos de Deus, a forma


como encaramos a realidade da vida é o mais
importante. Como disse o apóstolo
Paulo: “andamos por fé e não na visão” (2 Coríntios
5,7). Isso não quer dizer que podemos ignorar tudo
que acontece ao nosso redor e vivermos como se
nada fosse nos atingir.

Precisamos enxergar além da doença, do


desemprego, da falta de recursos. Mesmo quando
parecer que estamos cercados por todos os lados, e
que parece não haver saída, precisamos contemplar
o que contemplou Eliseu:

Aquele que é maior está do nosso lado.


Precisamos afirmar como Davi: “Vós me cercais por
trás e pela frente, e estendeis sobre mim a vossa
mão. (Sal 138 (139),5).

Eu te convido a fechar os olhos agora. Só


um instante. Desligue-se do que vê e peça que o
Senhor lhe abra os olhos para que você contemple
o Seu amor por você, o Seu socorro e a Sua

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provisão. Olhe para Jesus, Autor e Consumador da


nossa fé!

Agora abra os olhos, os olhos do teu


coração e caminhe com fé neste dia! Que Deus
ilumine os olhos do teu entendimento e fique
atento para o que Ele deseja que realmente você
enxergue!

Arapongas, 27-02-2017

ARRI
TMIA
                  

Espiri
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Um belo dia, um rapaz saiu para se


aventurar pelas terras estranhas de uma cidade,
após se despedir de sua esposa só lhe pediu que
fosse fiel a ele pois ele seria fiel a ela pelo tempo
que fosse preciso

Ele saiu errante sem destino, a procura de


trabalho pois precisava manter sua família.

Encontrou então depois de três dias de


viagem uma fazenda, onde passou a trabalhar e
pediu para que o patrão lhe guardasse o dinheiro
por todo tempo que ficasse ali.

Foram 20 anos e um belo dia sentindo


muita saudade de casa e da esposa, pediu para o
patrão lhe dar o dinheiro que ele ia voltar. O patrão
então disse-lhe:

- Olha quero lhe fazer uma proposta, eu


lhe dou três conselhos ou lhe dou o dinheiro, o que
você quer?

Pois se eu lhe der o dinheiro não lhe dou


os conselhos, e se lhe der os conselhos não lhe dou
o dinheiro.

Decida-se.
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O moço pensou e disse: Eu quero os


conselhos, e assim o patrão lhe deu os conselhos.

- Primeiro - não tome atalhos para sua vida


pois eles podem te levar a morte.

- Segundo- não seja curioso para o mau,


pois pode ser fatal.

- Terceiro - não tome decisões no


momento de raiva, pois você pode se arrepender
depois.

Depois de lhe dar os conselhos, lhe deu


dois pães, e disse este é para comer na viagem e
este é para comer com tua esposa. E o homem saiu,
no caminho viu um atalho e queria seguir, mas,
lembrou do primeiro conselho, e recuou. No outro
dia soube que havia um precipício naquele
caminho. Se instalou em uma pousada para passar
a noite, e de madrugada ouviu um barulho, ficou
curioso para olhar mas se lembrou do segundo
conselho e foi dormir. No outro dia o zelador disse
que o filho tem crises de loucura e ataca os
hospedes e os mata.

Chegando perto de casa viu a esposa e


ficou emocionado mas antes de se aproximar
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percebeu que ela já não estava mais só mas tinha


um homem com ela. Ele ficou furioso e queria
matar os dois, mas lembrou do terceiro conselho.
“Não tome decisão no momento da raiva”.

Resolveu que iria falar com ela, quando


bateu a porta, eis que ela o recebe com sorriso no
rosto e lagrimas nos olhos. Ele porém furioso lhe
disse: você é uma traidora, como você me troca por
outro eu fui fiel a você estes anos todos. Ela sem
saber de nada lhe disse eu nunca lhe troquei. Ele
disse: então quem é aquele homem que você
estava acariciando ontem. Ela disse: É nosso filho
pois você saiu e eu estava grávida, hoje ele tem 20
anos. Ele então assentou junto a mesa agradeceu a
Deus e pegou o único pão que sobrou da viagem e
quando partiu ali dentro estava seu salário de 20
anos. Medite nisto e ouça os conselhos de Deus.

Precisamos nos cuidar rapidamente, pois


podemos estar com arritmia espiritual! Pois, nossa
vida de fé, quando sai do ritmo, nos deixa
desintegrados. Assim sendo, passamos a viver num
certo deserto, como o “filho prodigo”, fora de nossa
casa.

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Nesse deserto, vamos nos desumanizando


e nos assemelhando a animais irracionais ou, as
vezes, comportando-nos piores do que uma fera.

Com os olhos fixos no Coração iluminado e


iluminador do Ressuscitado, contemplemos nossa
vida e procuremos dar-lhe um ritmo novo. Não nos
esqueçamos de que sempre no primeiro dia da
semana o Ressuscitado se manifestava aos seus
(como em cada domingo, quando nos reunimos
para celebrar a Santa Missa), para trazer uma
mensagem de paz, para permitir que nossas dores e
duvidas pudessem ser curadas ao tocar o seu lado
ferido e suas chagas. Não há separação nem
confusão no Coração de Jesus. Ele não é somente
divino ou somente humano.

Mas em nossos tempos Tem muita gente


“enfartando” espiritualmente, porque não faz esta
experiência da comunhão com Deus em primeiro
lugar, ou seja, não vai à Santa Missa, não se
confessa, não frequenta a Paróquia e também não
vive em comunhão com o próximo.

Olhemos o Coração de Jesus para que


possamos imitá-Lo. É preciso olhar o Coração de
Cristo para ver o modelo que precisamos seguir.
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Não podemos parar nos modelos humanos, nosso


modelo deve ser Cristo. Viver nos passos de Jesus é
a certeza da felicidade, porque, quando estamos
com o Cristo, Ele nos dá disposição para sermos
reformados.

O coração transpassado na hora da Cruz,


tem que ser para nós a cicatriz da Aliança, sinal de
esperança, sinal de amor.

Paremos, pensemos e vejamos se no nosso


dia a dia, semana, mês, vida… tem ritmo, ou se o
nosso coração anda com “arritmia”,
descompassado do Coração de Jesus, sem sentido
para viver ou vivendo sem sentir.

A promessa de Jesus é: “Estarei convosco


até os fins dos tempos”. A primeira dimensão do
Coração de Jesus é que Ele é uma porta por onde
podemos entrar, e a segunda dimensão é da
humildade, da reparação. O Coração de Jesus nos
acolhe n’Ele e nos restaura. Ele que consertou
cadeiras, quer consertar eu e você. Ele consertou
Pedro, João e outros discípulos, só não consertou
um porque este lhe deu as costas [Judas]. Não
demos as costas a Jesus! Vivamos o mistério da
solidariedade espiritual, o mundo seria muito
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melhor se entendêssemos esse mistério, o da


caridade e da verdade. O Coração de Jesus é aberto
e verdadeiro, coloquemos fé nessa verdade, se
queremos mudar o mundo para uma civilização da
verdade. Coração Novo, tempo novo, ritmo novo
em nossa vida, fiquemos com o essencial e ai
poderemos cantar assim:

“Conheço um coração tão manso, humilde


e sereno. Que louva ao Pai por revelar Seu Nome
aos pequenos. Que tem o Dom de amar, que sabe
perdoar, e deu a vida para nos salvar! Jesus, manda
Teu Espírito, para transformar meu coração”.

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INTIMIDADE

Antes de Deus ter criado o homem, viviam


o Pai, o Filho e o Espírito Santo em total comunhão,
total satisfação, total intimidade, não tendo a
necessidade de nada! Deus nunca precisou criar-
nos para poder chegar em seu “ápice”. A Trindade
sempre foi autossuficiente.

Mesmo assim, Eles decidem fazer o


homem a imagem e semelhança Deles. E assim o

32
33

fazem concluindo que foi algo “muito bom”. Deus


não somente fez o homem, mas habitou com ele.
Ao ler o relato bíblico se percebe que Deus coloca o
homem em um jardim, o jardim do Éden. Ali o
homem e Deus se relacionam em total intimidade,
sem nenhuma vergonha. O homem e seu Criador
passeavam no jardim ao entardecer, na viração do
dia.

Podemos nos perguntar sobre o que eles


falavam. Talvez Adão e Eva contavam como foi dia,
o que eles tinham descoberto, o que eles tinham
conseguido inventar, utilizando da criatividade que
Deus colocou neles. Eram seres fantásticos e Deus
gostava de estar ali, era apaixonado pelo homem,
por sua criação. Deus via e interagia com sua
criatura, com Sua imagem e Sua semelhança.

Este é o exemplo perfeito do que é o


relacionamento idealizado por Deus. Um
relacionamento sem medo, sem culpa, sem
nenhum constrangimento, sem nada para impedir
que a cada dia eles se amassem mais e mais.
Desfrutavam de total liberdade para conversar,
para interagir, uma comunhão perfeita.

33
34

O que me chama a atenção nesta parte da


história é a maneira do Senhor mostrar para o
homem o que Ele espera deste relacionamento. Em
uma das manifestações da Sua graça, o Senhor
coloca a árvore do bem e do mal no centro do
jardim e diz para o homem não comer dos frutos
desta árvore. O Senhor poderia ter colocado a
árvore em um local escondido, ou então, ter feito
uma árvore menos atraente e com frutos menos
“tentadores”, mas não. Deus coloca esta árvore no
MEIO do jardim exatamente como na descrição
bíblica, com frutos bons para comer e atraentes aos
olhos. Nesta cena, percebemos que Deus anseia por
um amor sincero, um amor genuíno.

Se o homem não tivesse opção de amar ou


não amar a Deus, no que se basearia este amor?
Certamente este amor não teria graça. Mais ainda,
se Deus fizesse o jardim, todas as coisas da criação
e o homem para tomar conta de tudo e este
homem fosse programado para amar a Deus, sem
opção por reconhecê-lo e amá-lo livremente, o
homem seria um robô, pré-programado e o amor
entre Deus e o homem seria algo artificial.

34
35

Entretanto, sabemos que a árvore estava


lá, em destaque, e este fato nos revela que o anseio
de Deus era que o homem o amasse livremente,
espontaneamente, sinceramente e
verdadeiramente. A graça aqui se torna muito mais
graça, pois Deus em sua soberania faz o homem
mesmo sabendo de seus erros futuros. Deus
escolhe, decide fazer o homem, não abrindo mão
de nada na criação, mesmo sabendo que o homem
iria falhar, pois existia a possibilidade de escolha.

Ao continuarmos a observar a revelação de


Deus para com o homem, vemos Deus como o Deus
da aliança. Deus vai ao encontro do homem ao
longo da história. Noé, Enoque, Abraão, Isaque e
Jacó, José, Moisés, Josué, Samuel, Davi, Salomão,
Elias… Vemos Deus fazendo alianças, formando o
seu povo, querendo que eles sejam Dele e Ele seja
de seu povo. Um Deus zeloso, cuidadoso. Um Deus
que em até nos seus atos de castigo revela seu
amor.

Hoje, ao contrário do início, não existe


uma árvore no meio do “jardim” da nossa vida,
para escolhermos pecar contra Deus. Vivemos em
um mundo em que “árvores para pecar” estão
35
36

espalhas em todos os lados, a nossa vista, dia-a-dia,


desde o dia em que nascemos. Porém, hoje Deus
coloca no centro deste “jardim” a cruz de Cristo,
inclusive dividindo a história. Para que todo aquele
que crer tenha a vida eterna e possa voltar a se
relacionar com Deus. O povo de Deus, os cristãos,
são a luz para este mundo, e luz chama a atenção.
Em mais uma manifestação de Sua graça, a maior,
Deus deixa em evidência a morte do Seu único filho
para que todo aquele que Nele crer não se perca,
mas tenha a salvação.

Deus continua querendo se relacionar com


o homem. Diante de Deus todos já são
indesculpáveis, pois toda criação revela Deus.
Mesmo assim, o último ato de Deus para
humanidade é um acontecimento único e
inesperado, por se tratar de uma divindade. Quem
poderia dizer que Deus, assumisse a tua natureza
humana e morreria por você? Quem poderia dizer
que Deus entregaria tudo o que tem, para morrer
uma morte tão catastrófica por seres que
escolheram se rebelar? Mesmo assim, Ele o fez por
nós, em prol de um relacionamento sincero, de
amor. Se percebe que Deus nos ama não somente

36
37

por ter nos criado, mas por nunca ter desistido de


se relacionar conosco, chegando a sua expressão
máxima quando Cristo morre em nosso lugar.
Novamente vemos que a morte de Cristo na cruz é
um ato de graça, mas que ultrapassa nossa
compreensão uma vez que muitos à ignoram,
mesmo estes sendo alvos do amor do Senhor.

Quando olhamos para tudo o que Deus fez


na história, seria correto afirmarmos que o nível de
intimidade que Ele deseja ter conosco é de alguma
maneira diferente do “nível máximo”? Acredito que
não. Quando olho a revelação bíblica vejo Deus em
toda sua glória se esvaziando de si mesmo para ter
um encontro com a humanidade. Mas não um
encontro

qualquer. Um encontro do Deus Santo com seu


povo. Vejo um Deus Santo que age na história para
se relacionar conosco de maneira íntima, profunda
e eterna!

Que boa notícia para nós! Nunca estamos


fora da presença de Deus! Ele nunca se afasta de
nós, nem sequer por um momento! Deus não vem
a nós nos domingos de manhã e vai embora aos

37
38

domingos à tarde. Ele permanece dentro de nós,


sempre presente em nossas vidas.

Uma ilustração que a Palavra de Deus nos


apresenta é a analogia, a semelhança do casamento
para ilustrar esta verdade da presença de Deus em
nossas vidas. Não somos nós a noiva de Cristo (Ap
21, 2 pag. 1575). Não estamos nós unidos a ele?
(Rom 6,5, pag. 1454).

Qual a consequência de nosso casamento


com Cristo no tocante ao seu desejo de ter
comunhão conosco? A consequência é que a
comunicação nunca é interrompida.

Em um lar feliz o marido não conversa com


a esposa apenas quando quer algo dela. Ele não
surge do nada apenas quando deseja uma boa
refeição, uma camisa limpa ou um pouco de
carinho. Se assim ele fizesse, o lar não seria mais
um lar, mas um hotel onde serve comida e lava
roupa e dorme.

Os casamentos saudáveis possuem um


senso de continuidade. O marido continua na
esposa e a esposa continua no marido. Os dois
serão uma só carne, uma só vida. Existe uma

38
39

ternura, uma honestidade, uma comunicação


permanente. O mesmo se aplica em nosso
relacionamento com Deus. Algumas vezes vamos a
ele com nossas alegrias, e algumas vezes vamos
com nossas feridas, porém sempre vamos. À
medida que vamos e quanto mais o fazemos, mais
nos tornamos parecidos com Ele. S. Paulo diz que
estamos sendo transformados “de glória em glória”
(2Cor 3,18).

Pessoas que vivem juntas por muito


tempo, começam a ter a mesma voz, a conversar da
mesma maneira, e até a pensar da mesma forma. À
medida que andamos com Deus, passamos a ter
seus pensamentos, os seus princípios, as suas
atitudes. Nós assumimos o coração dele.

E assim como no casamento saudável, a


comunhão com Deus não é um peso. Na verdade, é
um prazer. “Como são amáveis as vossas moradas,
Senhor dos exércitos! Minha alma desfalecida
suspirando pelos átrios do Senhor. Meu coração e
minha carne exultam pelo Deus vivo” (Sal 83,2-3 –
pag. 723).

O nível de comunicação é tão suave e


elevado que nada pode ser comparado a isto. Frank
39
40

Laubach dizia: “minha ocupação é olhar para a face


de Deus até que eu sofra de tanta felicidade”.

Que tal as ovelhas com o Pastor? Muitas


vezes as Escrituras nos chamam de rebanho de
Deus. “Sabei que o Senhor é Deus: ele nos fez, e a
ele pertencemos. Somos seu povo e as ovelhas de
seu rebanho”. (Sal 99,3 – pag. 735). Não é
necessário conhecer muito sobre ovelhas para
saber que o pastor nunca deixa o rebanho. Se
virmos um rebanho descendo o caminho,
saberemos que o pastor está por perto. Se virmos
um cristão ali adiante, poderemos ter a mesma
certeza. O bom Pastor nunca deixa as suas ovelhas.
“Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada
temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso
báculo são meu amparo” (Sal 22,4 – pag. 673).

Deus está tão perto de você assim como a


videira está perto de seus ramos. Deus está tão
presente dentro de você e de mim quanto estava
no templo de Salomão, quanto está no sacrário nas
hóstias consagradas. É tão íntimo nosso, como
devem ser o marido e sua esposa. Deus é tão
dedicado a nós, como o pastor o é para com suas
ovelhas.
40
41

D
eus
nos 41
42

oit Estamos diante do portão de entrada do


e Evangelho de S. João, a primeira coisa que se vê ao
se abrir esse evangelho, o “Prólogo” é como uma
m fonte, da qual quanto mais se tira água, mais água
lua. aparece. Por isso que há muitos escritos sobre o
Dei Prólogo de João e nunca se esgota o assunto.
tad
“No princípio era a Palavra” (Jo 1,1), luz
o
para todo ser humano. “No princípio era a
Palavra…” faz pensar na primeira frase da Bíblia
que diz: “No princípio Deus criou o céu e a terra”.
Deus criou por meio da sua Palavra. “Ele falou e as
coisas começaram a existir”. Todas as criaturas são
uma expressão da Palavra de Deus.

Deus criou por meio da sua Palavra. “Ele


falou e as coisas começaram a existir”. Todas as
criaturas são uma expressão da Palavra de Deus. O

42
43

prólogo diz que a presença universal da Palavra de


Deus é vida e luz para todo ser humano. Esta
Palavra viva de Deus, presente em todas as coisas,
brilha nas trevas. As trevas tentam apagá-la, mas
não conseguem. A busca de Deus renasce
constantemente no coração humano. Ninguém
consegue abafá-la.

“Ninguém jamais viu a Deus; o Filho


Unigênito que está no seio do Pai foi quem o
revelou” (Jo 1, 18). Quem desde o princípio nos
dá a conhecer o Pai é o Filho, porque desde o
princípio está com o Pai: as visões proféticas, a
diversidade de graças, os ministérios, a glorificação
do Pai, tudo isto, como uma sinfonia bem
composta e harmoniosa, Ele o manifestou aos
homens, no tempo próprio, para seu proveito.
Porque onde há harmonia tudo sucede no tempo
próprio; e quando tudo sucede no tempo próprio,
há proveito.

Por isso o Verbo tornou-Se o administrador


da graça do Pai em proveito dos homens, em favor
dos quais Ele pôs em prática a sua tão sublime
economia da graça, mostrando Deus aos homens e
apresentando o homem a Deus. Manteve, no
43
44

entanto, a invisibilidade do Pai, para que o homem


se conserve sempre reverente para com Deus e
tenha um estímulo para o qual deve progredir;
mas, ao mesmo tempo, mostrou também que Deus
é visível aos homens por meio da economia da
graça, para não suceder que o homem privado
totalmente de Deus, chegasse a perder a sua
própria existência.

A Palavra se fez carne (Jo 1,14). Deus não


quer ficar longe de nós. Por isso a sua Palavra
chegou mais perto ainda e se fez presente no meio
de nós na pessoa de Jesus. Literalmente o texto diz:
“A Palavra se fez carne e montou sua tenda no
meio de nós!” (Jo1,14a). No tempo do Êxodo, lá no
deserto, Deus vivia numa tenda, no meio do povo
(Ex 25,8). Agora, a tenda onde Deus mora conosco
é Jesus, “cheio de graça e de verdade!” (Jo 1, 14c).

Jesus veio revelar quem é este nosso Deus que está


presente em tudo, desde o começo da criação.
Porque a glória de Deus é o homem vivo, e a vida
do homem, é a visão de Deus.

Com efeito, se a manifestação de Deus,


através da criação, dá a vida a todos os seres da
terra, muito mais a manifestação do Pai, por meio
44
45

do Verbo (Jesus), dá a vida a todos os que vêem a


Deus!

“Houve um homem enviado por Deus que


se chamava João. (Jo 1, 6)”

João Batista não era a luz. João Batista


veio para ajudar o povo a descobrir e saborear esta
presença luminosa e consoladora da Palavra de
Deus na vida. O testemunho de João Batista foi tão
importante que muita gente pensava que Ele fosse
o Cristo (Messias) (At 19,3; Jo 1,20). Por isso o
Prólogo continua: “João Batista veio apenas para
dar testemunho da luz!” (Jo 1,8).

Os seus não a receberam (Jo 1,9-11):


Assim como a Palavra de Deus se manifesta na
natureza, na criação, da mesma maneira ela se
manifesta no “mundo”, isto é, na história da
humanidade e, de modo particular, na história do
povo de Deus. Mas o “mundo” não reconheceu
nem recebeu a Palavra.

Desde os tempos de Abraão e Moisés, a


Palavra “veio para o que era seu, mas os seus não a
receberam”(Jo, 1,11).

Quando fala “mundo” João indica o


45
46

sistema tanto do império como da religião da


época, fechados sobre si e incapazes de reconhecer
e receber a Boa Nova (Evangelho) da presença
luminosa da Palavra de Deus.

Os que aceitam tornam-se filhos de Deus


(Jo, 1,12). As pessoas que se abriam, aceitando a
Palavra, tornavam-se filhos de Deus. A pessoa se
torna filho ou filha de Deus não por mérito próprio,
nem por ser da raça de Israel, mas pelo simples
fato de confiar e crer que Deus, na sua bondade,
nos aceita e nos acolhe. A Palavra entra na pessoa
fazendo-a sentir-se acolhida por Deus como
filho(a). É o poder da graça de Deus.

Moisés deu a Lei, Jesus trouxe a Graça e a


Verdade (Jo 1,15-17): Estes versículos resumem o
testemunho de João Batista a respeito de Jesus:
“Aquele que vinha antes de mim passou na minha
frente porque existia antes de mim!” (Jo 1,15-30).
Jesus nasceu depois de João, mas Ele já estava com
Deus desde antes da Criação. Da plenitude dele
todos nós recebemos, inclusive o próprio João
Batista. Moisés, dando a Lei, nos manifestou a
vontade de Deus. Jesus trouxe a Graça e a Verdade
que nos ajudam a entender e a observar a Lei.
46
47

É como a chuva que lava. Este último


versículo resume tudo. Ele evoca a profecia de
Isaías segundo a qual a Palavra de Deus é como a
chuva que vem do céu e para lá não volta sem ter
realizado a sua missão aqui na terra (Is 55,10-11).

Assim é a caminhada da Palavra de Deus.


Ela veio de Deus e desceu entre nós na pessoa de
Jesus. Através da obediência de Jesus ela realizou
sua missão aqui na terra. Na hora de morrer, Jesus
entregou o Espírito e voltou para o Pai. Cumpriu a
missão que tinha recebido.

“O que era desde o princípio, o que


ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que
contemplamos, o que tocamos com as nossas
mãos, acerca do Verbo da Vida, é o que nós vos
anunciamos. Porque a Vida manifestou-se e nós
vimos e damos testemunho dela. Nós vos
anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai
e nos foi manifestada. Nós vos anunciamos o que
vimos e ouvimos, para que estejais também em
união conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e
com o seu Filho, Jesus Cristo. E vos escrevemos
tudo isto, para que a vossa alegria seja completa”

47
48

(1 Jo 1,1-4 – pag. 1384).

“No princípio era a Palavra” (Jo 1,1). “A


Palavra do nosso Deus permanece eternamente”
(Is 40,8). A Palavra de Deus abre a história com a
criação do mundo e do homem: “Deus disse” (Gen
1, 3-6ss.); proclama que o seu centro está na
Encarnação do Filho, Jesus Cristo: “E o Verbo Se fez
carne” (Jo 1,14), e fecha-a com a promessa certa do
encontro com Ele numa vida sem fim: “Sim, eu
venho depressa” (Ap 22,20 –pág. 1576). É a certeza
suprema que o próprio Deus, no seu infinito amor,
entende dar ao homem de todos os tempos,
fazendo do seu povo a sua testemunha. É esse
grande mistério da Palavra como supremo dom de
Deus que a Igreja entende adorar, agradecer,
meditar, anunciar a todos os povos.

O homem contemporâneo mostra de


tantas maneiras que tem uma grande necessidade
de ouvir Deus e falar com Ele. Nota-se hoje, entre
os cristãos, uma abertura apaixonada para a
Palavra de Deus como fonte de vida e graça de
encontro do homem com o Senhor.

Não surpreende, portanto, que a essa


abertura do homem responda o Deus invisível, que,
48
49

“na abundância do seu amor, fala aos homens


como a amigos e conversa com eles, para os
convidar e os receber em comunhão com Ele”. Esta
generosa revelação de Deus é um contínuo
acontecimento de graça.

Senhor Jesus, que eu veja tua glória de


Filho de Deus resplandecer em teus gestos
misericordiosos em favor da humanidade.

49
50

em

O barco
está em
Alto mar

50
51

Gosto muito da canção do Padre Jonas


Abib “Não dá mais pra voltar o barco está em alto
mar.

Imagino-me naquele barco de Pedro,


singrando o mar da Galileia, Jesus dormindo, o que
demostrava que o trabalho fora cansativo, a
serenidade das águas despertava uma sensação de
profunda segurança.

Muitas vezes já ouvi essa frase: “Com Jesus


no barco tudo vai bem!” Durante anos eu falei isso
também, parece bem espiritual e traz um ar de
proteção, cuidado, ou misericórdia não é? Sim,
parece! Mas, analisando bem essa frase, você
percebe que ela nasceu em um momento de
incredulidade dos discípulos de Jesus? Sim! Quando
a tranquilidade das águas, cessaram por uma súbita
e violenta tempestade. Apesar da presença de
Jesus, embora dormindo, o humano sobrepôs à fé.

Foi no momento em que os discípulos


viram os ventos, as ondas, e as águas começaram a
encher o barco e eles, nesse momento, olharam
para Jesus e Jesus estava dormindo sobre um
travesseiro bem tranquilo. Posso imaginar os
discípulos olhando uns para os outros e falando
51
52

entre si, com aquela cara amarela: “ainda bem que


Jesus está no barco não é pessoal?”. Porém, a
medida que os ventos ficavam mais fortes, as ondas
cresciam e o barco balançava cada vez mais, parecia
que os discípulos esqueciam que Jesus estava no
barco, porque, eles gritaram aterrorizados
acordando Jesus: “Mestre! Não importa que
pereçamos?” Em outras palavras “Mestre, você não
se importa conosco? Vai ficar aí dormindo nesse
barco tão turbulento? Vai deixar a gente morrer
mesmo?”. Bom, não sei, sinceramente, se muitos
cristãos acreditam nessa frase “Se Jesus está no
barco tudo vai bem!”. Porque Jesus estava no barco
com os discípulos e a reação deles não era de que
tudo estava bem. O problema, é que muitos
cristãos hoje estão com essa “síndrome do barco”.
Ou seja: “Eu estou no barco com Jesus e se
qualquer circunstância se levantar contra mim eu o
acordo e Ele resolve!”. Mas você já parou para
meditar nessa passagem e ver que, quando os
discípulos acordaram Jesus, o mestre não gostou?
Jesus podia ter dito “fiquem tranquilos, foi por

isso que eu vim com vocês. Porque eu já sabia que


algo ruim estava para acontecer e eu estava apenas

52
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disfarçando que estava dormindo aqui sobre o


travesseiro”. Não! Não foi isso! Jesus acorda e
resolve o problema das circunstâncias, mas depois
ele repreende os seus discípulos dizendo: “Por que
vocês são assim tão covardes? (Tímidos)”.

Isso é um elogio de Jesus para os seus


discípulos? Claro que não! Porque Jesus falou assim
com aqueles que vinham cantando “Quando Jesus
está no barco tudo vai bem…”? Porque Jesus queria
que eles agissem na fé! Se Jesus está no barco,
porque ficar ansioso, preocupado, com medo? Por
que se acovardar diante das circunstâncias se você
crer que Jesus está no barco? Onde é o barco que
Jesus está? O teu coração! Quando a palavra está
no seu coração e você age de acordo com a palavra
da verdade, tudo ficará bem!

O apóstolo Paulo diz em Romanos 10,8 “A


palavra está perto de ti, na tua boca e no teu
coração; isto é, a palavra da fé que pregamos”.

Não creia apenas que Jesus está no barco.


Creia que você pode fazer o que Ele fez também!
Deus não quer que você viva com medo dentro de
um barco onde Jesus descansa. Jesus está
descansando porque ele sabe que tudo está bem,
53
54

mesmo quando grandes circunstâncias se levantam


contra você. Fale aos ventos, as ondas e montanhas
e prove tempo de grande bonança!

Seguir a Jesus significa estar onde Ele está,


ir onde Ele vai, aprender como Ele faz e fazer o que
Ele faz. A presença de Jesus, não impede que as
tempestades aconteçam. Em Lucas 8, 22-25 (pag.
1357), vemos que a presença de Jesus no barco no
foi empecilho para que mar se revoltasse.

No versículo 23 lemos: “Durante a


travessia, Jesus adormeceu. Desabou então uma
tempestade de vento sobre o lago. A barca enchia –
se de água, e eles se achavam em perigo” (Lc 8,23)
Desabou uma grande tempestade. A palavra
“desabou” me despertou a curiosidade para
pesquisa, afinal, tudo o que tem na bíblia não está
ali por acaso

e, cada palavrinha, por mais simples que possa


parecer, está ali para complementar nosso
entendimento.

Pois bem, um dos significados que me


chamou a atenção sobre esta palavrinha citada foi:
“chegar ou acontecer de modo imprevisto ou

54
55

inesperado”. Então, podemos constatar que ao


entrar no barco tudo parecia “normal”. Cá entre
nós, você não acha que Jesus sabia o que ia
acontecer?

Porque você acha que ele não falou nada?

Primeiro: Quando estamos na companhia


de Jesus, tudo vai bem mesmo que não pareça
bem.

Segundo: Olha o teste de confiança aí


meus irmãos(ãs). Com certeza Jesus queria provar o
nível de confiança que seus discípulos tinham nele,
e não era um nível suficiente para que não se
desesperassem diante daquela situação; de certa
forma eles estavam sendo preparados para
tempestades maiores e precisavam saber que Jesus
estava no barco.

Penso que ao andar com Jesus, os


discípulos deveriam se sentir importantes, afinal,
estavam com o Messias. Imagine um artista bem
famoso ai, óbvio que não quero comparar Jesus
com este artista, longe de mim, Jesus é superior a
tudo e a todos, mas pensa no ego humano por um
instante; como você leitor se sentiria ao ter o

55
56

“privilégio” de andar lado a lado com alguém dito


“importante” ao nível mundial por exemplo? Não
precisa camuflar, muitos se sentiriam importantes;
é muito provável que colocariam fotos nas redes
sociais e tal. (Essa foi uma ilustração para você
imaginar o fato de uma forma mais dentro da
realidade física de hoje).

Pergunta: Qual tem sido sua tempestade?

Irmãos(ãs), Jesus dormia durante a


tempestade, penso que este é o estado que temos
que estar diante de uma tempestade; não
exatamente dormindo, mas tranquilos o bastante
para saber que, quando se tem Jesus no barco, ou
seja, dentro de si, tudo se acalma mais cedo ou
mais tarde basta confiar.

Pois bem, os discípulos despertaram Jesus


de seu sono, e creio que estavam super aflitos.
Tenho pouca experiência em barco, lancha, navio,
cruzeiro ou qualquer coisa que navegue, mal entrei
no mar, mas se você já foi em alguns desses meios
de transporte aquáticos, já deve ter sentido algum
friozinho na barriga diante de algum balanço mais
forte ou algo que aconteceu diferente.

56
57

A ironia foi que, Jesus ao despertar deu a


entender a seus discípulos que eles tinham
conhecimento suficiente para entender que ao agir
com fé, eles mesmos poderiam ter orado e a
tempestade teria se dissipado.

Às vezes não temos a noção do tamanho


do Deus que habita dentro de nós e das coisas
grandiosas que  pode fazer; ele pode te dar a paz
que excede todo o entendimento (Filipenses 4,7);
paz essa que te faz ter calma quando todos estão
arrancando os cabelos; paz essa que te faz confiar
mesmo quando você faz 30 anos de idade e todos a
sua volta te cobram uma posição em sua vida
sentimental e te criticam e você simplesmente
responde que a vontade de Deus se cumprirá; e
você fica lá, tranquiiiiloooo, tranquiiiiloooo da vida
porque confia Nele.

Confiar é muito mais que uma palavrinha


dita num momento oportuno em um diálogo;
confiar é entregar suas aflições e agir de forma
considerada louca, totalmente o contrário do que a
situação real te pede para agir; e você age assim
não porque premeditou, mas porque você confia

57
58

tanto em Deus que não há outra opção lógica para


você que não seja a de ficar tranquilo(a).

Os ventos obedecem a Jesus e houve


bonança????

Não houve bonança… Houve “grande


bonança”!

Tudo com Deus excede

Perceba que no versículo 25 os discípulos


se maravilharam e perguntaram quem era esse que
até os ventos lhe obedeciam? Com certeza, através
daquela tempestade eles conheceram um pouco
mais do que aquele Deus maravilhoso era capaz de
fazer; obviamente eles não imaginavam que até os
ventos lhe obedeciam assim como as vezes não
imaginamos o que Deus é capaz de fazer quando
estamos em tempestade.

A cada tempestade Deus se revela a você


meu irmão e minha irmã

A tempestade é uma escola de


aprendizado assim como o deserto.

58
59

O deserto forma seu caráter em Deus. A


tempestade te faz saber quem é esse Deus.

Muita calma nessa alma; tempestades


sentimentais vem e vão o tempo todos mas, maior
é o que está em nós (João 1,4 pag.1384) para suprir
tudo e nos dar forças para crer nas promessas e
aguardar por elas mesmo que pareça demorar,
mesmo que pareça não ter solução, mesmo que
pareça não existir ninguém que se encaixe na sua
vida, Ele fará.

Tenho 77 anos e tenho meus momentos de


lágrimas, mas não abro mão de esperar no Senhor.

Claro que os momentos de lágrimas são


raros, mas acontecem. Deus é tão maravilhoso que
me dá livramentos e motivos para sorrir todos os
dias.

Ore, jejue e leia a palavra de Deus sempre,


pois ela é o seu manual de sobrevivência para esta
peregrinação árdua aqui nesta terra.

Quando alguém falar que você é “de outro


mundo” ou “está em outro mundo”, “ET”,
“ultrapassado”, “sem noção” ou quando a
59
60

ginecologista ficar em estado de choque porque


você tem 30 anos e ainda é virgem e ela realmente
ficar atônita a ponto de digitar pausadamente e
olhar para você por três vezes e fazer uma cara de:
“não estou acreditando que isso existe”! Nesse
momento, simplesmente faça uma cara de
intelectual ou de doida mesmo e diga com toda
serenidade que conseguir: “você tem razão, não
sou deste mundo, mas em breve voltarei para
minha terra natal, lá isso é mais que normal, lá tem
ruas de ouro, não tem guerras, nem choro, nem
nada de ruim, vamos também???” Sorria, aproveite
e evangelize

60
61

VOLTAR AO
PRIMEIRO AMOR
61
62

“Fica conosco” Lc 24, 29)

Particularmente, considero um dos momentos


mais bonitos após a ressurreição de Jesus, a história dos
discípulos de Emaús. Os discípulos de Emaús não
conseguem enxergá-Lo, estão tristes, sem esperança.
Sentem algo diferente no caminho, o coração ardendo,
mas a tristeza é maior. Entretanto, num simples gesto
daquele Homem que até então era um desconhecido,
faz com que eles abram seus olhos. Era Jesus e vivo

Emaús sugere-nos um caminho, processo de


acompanhamento, opção, iluminados pelo estilo de
acompanhamento de Jesus, vamos fazer memória dos
que nos acompanharam em nossa caminhada pessoal,
comunitária, institucional eclesial e ver se esses
acompanhamentos nos levaram finalmente a optar pela
pessoa de Jesus e se projeto de Reino.

Jesus companheiro, coloca-se ao lado deles,


anda em seu ritmo, não se apressa e nem se atrasa no
andar. Identifica-se com eles. Embora reconheça a
cegueira dos discípulos, não perde a sua lucidez,
62
63

compreende-os, embora não lhe aprove a falta de


confiança; entende que estão confusos, e por isso volta
a narrar as escrituras, para que recobre a vida que
estava morta. Mais tarde puderam expressar que esta
tinha sido a experiência de acompanhamento mais
intensa vivida por eles até aquele momento – “Nosso
coração ardia – A ação salvadora de Deus com eles
acontece naquele instante, quando se fala realmente
dele.

O Encontro dos discípulos com o ressuscitado


apresenta uma estrutura psicológica e espiritual que
vai: do longínquo ao próximo; o caminho que
percorrem corresponde à sua disposição interior: longe
de tudo o que é fluente; do desconhecido ao
conhecido: o ressuscitado ainda não manifestado, mas
com vontade de se deixar ver “Ele se deu a conhecer”
pelos que creram nele; da dispersão à unificação. Na
obscuridade da alma vem à superfície uma vaga idéia
do que se constitui o projeto de vida pessoal. Do temor
à segurança: aos discípulos frustrados pela morte de
Jesus, só lhe resta a pequenina luz: “andaram dizendo
que ele ressuscitou”; da incerteza à certeza: O
ressuscitado desapareceu, mas deixou-lhes a certeza de
que está vivo e continuará vivendo na fé daqueles que

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querem segui-lo.

Tudo parece, pois caminhar-se para o centro e


repartir-se a partir de lá, como os raios de luz que
convergem num centro porque dele se desprendem. E
precisamente o centro, o nó que estrutura o texto, está
marcado pelo versículo 29 com a frase-chave; “Fica
conosco”.

No diálogo com o acompanhante, os discípulos


forma encontrando em sua identidade profunda, que
tinha sido desfigurada de tal maneira, que já não se
sentiam seguidores daquele Jesus que, em outros
tempos tinha plenificado as suas vidas. O fazer a
conexão com a história da salvação do seu povo que o
amigo ia descrevendo os ajudou a reencontrarem a si
mesmos no projeto da pessoa de Jesus.

Aquela conversa, sem dúvida, harmonizou-lhes


de novo o seu pessoal, dissipou lhes os temores,
ajudando-os a se encontrar novamente nesse mesmo
caminho de Israel, povo de Deus na história.

“Fica conosco!” A maneira como este


desconhecido se envolve na crise existencial e de fé
deles, o respeito e a tolerância que teve com eles
permitindo que deixassem aflorar suas queixas, suas

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desilusões, suas inseguranças, sem os condenar,


despertou nele suma profunda empatia. Sem dúvida
também o desconhecido sintonizou com os dois
discípulos angustiados, até deixar aflorar livre e
prazerosamente o gesto de verdadeira amizade...
“Fica...”

Essa vontade dos discípulos de convidá-lo a


ficar com eles, manifesta o desejo de avançar na
relação com o companheiro de caminhada e não deixa
transparecer simples e passivamente os fatos.

Quem consegue entrever os caminhos da vida


com os mesmos olhos de Jesus, entende que somente
com ele a vida tem sentido, já que é ele mesmo que
convoca e sustenta a caminhada.

“Porque já é tarde a noite vem caindo”. O


entardecer, o anoitecer sugere descanso, gratuidade,
silêncio, tempo sem limites para viver, para desfrutar a
intimidade com quem se ama. Foi tão agradável
caminhar na grata companhia do amigo improvisado,
que agora querem desfrutá-la partilhando com ele
alguma coisa a mais do que as preocupações do dia. E o
amigo entrou para ficar com eles.

Se prestarmos atenção nos verbos que

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definem este encontro, veremos que são


tremendamente profundos dado os eu contexto: “Fica;
entrou; ficou”.

Entrar e ficar para partilhar com os da casa é


uma experiência que é dada só a amigos íntimos na
Palestina. É a ocasião para se dar a conhecer em
profundidade, para comungar, para entregar-se ao
outro na intimidade, entregar c om abertura total aos
outros, sabendo firmemente que esse outro, essa outra
nos acolhem nas mesmas condições.

É na intimidade que Jesus resolve se revelar


aos seus amigos e, é na intimidade que eles descobrem
o seu Senhor.

Jesus permaneceu com eles na casa de Emaús,


lugar que sempre foi interpretado como lugar de fuga.
Apesar da experiência nos dizer que é ali que se recria a
fé e a esperança.

Emaús nos confirma que toda a vida é uma


caminhada, somente fazendo seu próprio caminho, o
ser humano chega a sentir-se realizado, integrado e
curado. Embora cada um tenha seu caminho próprio,
não se pode caminhar sozinho. Duas pessoas estão a
caminho de Jerusalém a Emaús, e alguém chegou e os

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acompanhou até o lugar desejado.

Emaús nos confirma também a importância de


acompanhar e deixar-se acompanhar no processo de
nos humanizar conforme o estilo de Jesus.
Precisamente o acompanhamento começa onde os
seres humanos estão a caminho, isto é, onde se cruzam
os planos da vida. O acompanhamento é possível
quando há movimento, apesar da cegueira e da tristeza
nos invadirem.

Jesus se aproxima e caminha com eles. O


acompanhamento conforme o estilo de Jesus supõe
aproximar do outro e caminhar juntos. Como
companheiro, não fica mudo, estabelece diálogo
apropriado aos interesses vitais dos caminhantes.
Pergunta-lhes, interroga... não são perguntas
inoportunas, desrespeitosas. Não lhes dá receitas como
resposta. Primeiro os situa e lhes faz ver a realidade em
que se encontram, “Como vocês demoram a entender e
crer...! Mas, não os deixa nesse estado; imediatamente
os une a si e ao seu plano salvador; “explica-lhes as
escrituras”.

Quando a empatia se estabelece, quando o


desejo profundo aparece no convite a ficar com eles, o
acompanhante aceita o ato de celebrar a volta à vida, à
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esperança, ao entusiasmo de continuar vivendo. Depois


desaparece porque os caminhantes já se encontraram
consigo mesmos, retornaram seu projeto de vida em
suas mãos, conectaram sua trajetória no caminho do
Senhor e estão prontos para voltar à “casa da fé” e
desfrutar a boa notícia da ressurreição com seus irmãos
de comunidade que ainda estão na noite de profunda
escuridão

O Caminho de Emaús levou os discípulos a


encontrar a si mesmos, reconhecendo Deus e voltar à
comunidade. Agora, eles têm a certeza de que nunca
mais duvidarão de sua presença salvadora.

“Levantaram-se na mesma hora e voltaram a


Jerusalém. (Lc 24,33)

Sem dúvida, ainda não tinha amanhecido, mas


os dois discípulos têm presa para, querem empreender
com urgência a marcha. Estão dispostos a retornar o
caminho e voltar o quanto antes a Jerusalém.

Naquela tarde do grande dia da páscoa


experimentam em Emaús um assombro de
ressurreição. Ao parir do pão, Cristo lhes revelou a
novidade mais espetacular da história humana: Ele é o
ressuscitado para sempre. Com Ele sempre é dia, e a

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noite já não causa medo.

Esse encontro foi um tremendo sobressalto em


suas vidas. Certamente, o primeiro efeito visível que a
experiência do ressuscitado produz nestes dois
discípulos é o desejo de voltar ao seio da comunidade. É
como se de repente tivessem dito: “Ah, o Senhor está
vivo, e continua sendo nossa primeira e última
referência, então a comunidade continua tendo
sentido.

Agora, com a certeza, de sua presença viva e


próxima, põe-se a caminho, imediatamente ao
encontro dos apóstolos que eles tinham abandonado,
para lhes comunicar a alegria o inolvidável encontro
com Jesus vivo.

Lucas não nos descreve o que aconteceu no


caminho de regresso. Nos últimos versículos do relato
da cena, muda completamente de ritmo e de tom. Em
poucas palavras nos situa novamente em Jerusalém,
entretanto, gostaríamos de convidá-lo a acompanhar os
discípulos neste último trajeto de seu itinerário até
chegarem a se reunirem com os outros discípulos e a
procurar ver o que lateja em seu interior.

No caminho de volta podemos supor que ouve

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outra conversa, gostosa, bem diferente da anterior.


Quantas confidências trocaram durante o trajeto. Como
expressariam o novo ardor e entusiasmo que estão
sentindo. Bem conscientes de sua própria debilidade,
começam a sentir uma audácia e coragem inexplicáveis.

Antes tinham medo da cruz e temor de terem a


mesma sorte do mestre, agora sentem coragem
bastante para voltar ao lugar do conflito, dispostos a
sofrer com o mestre.

Covardes e aborrecidos fugiram, e agora


tornam-se fiéis prontos a confessar o Cristo morto e
ressuscitado, capazes de perseverar alegres até o
martírio. Sua fé é forte e radical, animados pelo Espírito
do Senhor, vêem que vão poder atravessar agora, as
provações e dificuldades sem desfalecer.

Reconhecendo a sua debilidade, sentem a


fortaleza que vem de Deus. Isso lhes permitem
transformar a sua tristeza em alegria, seu desespero em
certeza de que o Senhor está vivo e está com eles para
sempre.

Os discípulos tinham provavelmente


expectativas em relação à missão de Cristo, já que eram
seus discípulos. Eles não entendiam como o Mestre

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poderia sofrer e morrer daquela maneira. Eles


chegaram a dizer isso, sem saber que estavam falando
com o próprio Jesus, na caminhada para Emaús: “Nós
esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar
Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia
que essas coisas sucederam”.

Estavam desanimados e sem esperança. Jesus


Cristo exortou-os, severamente pela incredulidade e
falta de compreensão pelo que havia acontecido em
Jerusalém. Jesus disse a eles: “Ó gente sem inteligência!
Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o
que anunciaram os profetas! Porventura não era
necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim
entrasse na sua glória”?

 Em nossa vida também os nossos planos não


acontecem do jeito que idealizamos, então ficamos
desiludidos e desorientados. Temos dificuldades de
caminhar e seguir adiante. Se contarmos unicamente
conosco mesmos, os nossos projetos correm o risco de
não se concretizarem, mas se incluímos o Senhor neles,
com certeza teremos um feliz êxito. Tudo o que
quisermos construir ou edificar devemos fazê-lo sobre
um só fundamento: Jesus Cristo. A Palavra de Deus diz
assim: “Quanto ao fundamento, ninguém pode por
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outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo. (1


Cor 3,11) Porque Jesus Cristo vem primeiro trabalhar
em nosso coração e transformá-lo e, só então estamos
preparados para agir de maneira certa.

 “Os eventos de Jerusalém, a morte na Cruz e a


ressurreição trazem a salvação a todos os homens.
Venceu-se a morte e abriu-se definitivamente o
caminho da vida eterna. Todavia, os dois homens
(discípulos de Emaús) ainda não reconhecem o Senhor.
O seu coração está obscurecido e perturbado. Não é
senão no termo do caminho, quando Jesus lhes parte o
pão, repetindo o gesto da Ceia, memorial do Seu
sacrifício, que os seus olhos se abrem para acolher a
verdade: Jesus ressuscitou; precede-os pelos caminhos
do mundo. A esperança não morreu. Imediatamente,
regressam a Jerusalém para anunciar a Boa Notícia”

A história do encontro de Jesus com os


discípulos a caminho de Emaús é uma das mais lindas
do Novo Testamento. Ela mostra o que acontece
conosco em certos momentos da vida. No entanto, ela
mostra também o que Ele faz conosco quando nos
dispomos a viver na Sua presença.

Jesus tinha ressuscitado. Os apóstolos ficaram


confusos. Os discípulos foram se dispersando. Nenhum
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líder o vira, senão algumas mulheres. Cansados de


esperar, cada um ia voltando à sua vida normal.

Lucas flagra dois desses discípulos voltando


para Emaús, provavelmente onde moravam. Sua volta
pode ser vista como o fim de uma aventura, que se
tornara fracassada.

Jerusalém era a cidade onde tudo acontecia.


Ao tempo de Jesus, durante a Páscoa, sua população,
que era de 55 mil, chegava a 250 mil. Emaús era uma
pequena aldeia, distante de Jerusalém uns 11
quilômetros.  Os discípulos iam em direção a Emaús, um
lugar inexpressivo de que não ficou registro inconteste.
Ir de Jerusalém para Emaús era ir do sentido para o
nada, da plenitude para o vazio.

Todos podemos ir para Emaús. Em tempos de


nossas vidas, experimentamos o poder vivo de Deus, na
pessoa de Jesus Cristo. Mas depois os fatos da vida (um
casamento ruim, o dinheiro escasso, uma oração sem
resposta, ou mesmo o sucesso familiar ou profissional)
foram-nos afastando para a periferia de Jerusalém, e
depois para bem longe. Nosso lugar é Jerusalém. Sem
que isto seja o propósito de Deus para nós, podemos
passar por Emaús, mas não podemos morar lá.

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Jesus escolhe os necessitados para se


apresentar a eles e por intermédio deles (versos 13-14)
Aqueles discípulos a caminho de Emaús eram pessoas
simples. Jesus aparecera a mulheres, a pessoas
anônimas (desse Cléofas nunca mais se ouviu) e só
depois aos discípulos. O gesto de Jesus mostra que a
vida cristã com qualidade é para todos.

Jesus procura pessoas que precisam


compreender as coisas que lhes sucederam. Ele busca o
pai que perdeu o filho. Ele se interessa pela esposa que
é maltratada pelo marido. Ele se compadece do esposo
que sofre traição, Ele olha para o filho que não é amado
por sua mãe ou pelo pai. Ele se preocupa com o
profissional que ficou sem emprego. A todos, Jesus quer
dar ou restabelecer uma vida com qualidade.

Jesus quer se revelar a nós, experiencialmente


e conceitualmente. Sua revelação experiencial se
manifesta em termos de uma presença viva em nosso
coração. Sua revelação conceitual acontece por meio da
razão que se encanta com o seu conhecimento e o
deseja como o melhor dos conhecimentos, porque dá
sentido aos outros.

A participação de Jesus na conversa dos


discípulos também deixa evidente que Ele está presente
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nas situações normais da vida. Ele não se apresentou


num templo, nem numa sinagoga, mas na estrada
poeirenta que levava de Jerusalém a Emaús. As pessoas
não estavam no templo, nem nas sinagogas, as pessoas
estavam nas ruas. Foi nas ruas que Ele se apresentou. E
Ele se apresentou aos discípulos porque eles
precisavam de Jesus, eles queriam Jesus de volta, eles
só pensavam em Jesus mesmo na desolação. Jesus
espera que nós queiramos Sua companhia.

Quando estamos em sua companhia, Jesus


revela quem nós somos e Quem Ele é.

Os discípulos de Emaús ainda não sabiam que


era Jesus Quem caminhava com eles. Assim mesmo,
pediram que continuasse com eles. Foi um gesto de
generosidade, para com um estranho, mas foi também
um gesto de admiração: aquele homem sabia tudo da
Bíblia. Tinha o que dizer e eles queriam ouvir mais. Eles
podiam parar ali, satisfeitos com o que ouviram. Mas
não se contentaram, porque podiam ter mais.
Infelizmente, "o amor da maioria das pessoas pelo
Senhor pára em um estágio bem superficial.

A maioria das pessoas ama a Deus por causa


das coisas tangíveis que Ele concede a elas. Elas O
amam por causa de Seu favor". As bênçãos visíveis nos
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levam para perto de Deus, mas podem até nos distrair


nesta caminhada. Só a fé de fato nos leva para perto do
Senhor. Nosso desejo deve ser buscá-lo pela fé,
independentemente das preciosas misericórdias dele
para conosco.

Nossa história caminha para o seu ápice. O


suspense, narrado por Lucas, está próximo do fim.

Quem era aquele homem que sabia tudo sobre


as Escrituras?

Sentados para comer numa casa em Emaús, o


homem assumiu a liderança, como era costume ao
visitante. O homem partiu o pão e distribuiu. Quando
começaram a comê-lo, reconheceram que era Jesus.

Por que não o reconheceram antes? Seu corpo


era o corpo glorificado, sobre o qual não temos
qualquer descrição. É provável que seu corpo
glorificado representasse uma dificuldade para ser
reconhecido, mas quero sugerir três outros motivos:
Primeiro motivo: Os olhos dos discípulos estavam fitos
na cruz, não no túmulo. Eles se fixaram tanto na cruz,
que seus olhos ficaram como que petrificados. Por isto,
não puderam tirar do túmulo vazio a consequência
principal. Se Jesus ressuscitara, a vida tinha sentido.

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Há muitos cristãos petrificados pela derrota,


olhando para as dificuldades, e não avivados pela
esperança. Segundo motivo: Os discípulos tinham um
conceito acerca de Jesus, conceito ao qual Jesus não
podia corresponder. Eles queriam que Jesus fosse o que
não era: um libertador político. Todo o seu ministério
pareceu inacabado, porque não libertara Israel.

Há muitas pessoas procurando um Jesus


errado. Jesus cura, mas não deve ser procurado apenas
porque cura. Jesus consola, mas não deve ser
procurado apenas porque consola. Jesus abençoa, mas
não deve ser procurado apenas por abençoar. O
cristianismo não pode ser um pátio de milagres,
embora Ele cure, nem um balcão de trocas, embora Ele
nos aquinhoe com bênçãos, como muitas pessoas,
tendem os cristãos a fazê-lo.

Terceiro motivo porque não reconheceram o


mestre: os discípulos se esqueceram que Deus é o
Senhor da história e se deixaram levar pela tempestade
do momento. Eles estavam experimentando uma
espécie de silêncio de Deus, silêncio inexistente, mas
sentido, em função do peso da história.

Não podemos nos esquecer que, mesmo que


não vejamos o túmulo vazio, o túmulo está vazio. Não
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somos mais miseráveis. Jesus ressuscitou e está


conosco, por meio do Espírito Santo do Pai e do Filho.

E por que os olhos dos discípulos foram


abertos? Penso que o "porque" pode ser respondido
com o "quando". Os seus olhos foram abertos quando
comiam o pão que Jesus lhes deu. Ver a Jesus
aconteceu em consequência de uma convivência com
Jesus.

Deus está aí diante de nós, entre nós e dentro


de nós. Para vê-lo, precisamos conviver com Ele pela fé.
Lembremo-nos que "antes de podermos amar, temos
de conhecer. Temos de conhecer a pessoa antes de
podermos amá-la. Como manteremos nosso `primeiro
amor' pelo Senhor? Conhecendo-O melhor
constantemente!" Apesar do que temos escutado, "não
precisamos de arte nem de ciência para irmos até Deus.
Tudo de que precisamos é um coração firmemente
determinado a não dedicar-se a outra coisa que não
seja a Ele, por amor a Ele, e tão somente amá-lo”.

Se queremos mais de Jesus, precisamos


conviver mais com Ele. Sem convivência nossos olhos
estarão fechados para vê-lo, para experienciar sua
graça para conosco. Se não o convidarmos para viver
conosco, na avançaremos na vida espiritual. E "não
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avançar na vida espiritual é o mesmo que andar para


trás”.

Precisamos chamar Jesus para o centro e para


a periferia de nossas vidas. Precisamos pedir a Ele que
nos ajude e nos ensine a reduzir a sedução das
distrações (necessidades, idéias, sofrimentos,
atividades), porque elas nos afastam dele. É por causa
das distrações que não temos mais de Jesus nas nossas
vidas.

Que todos as nossas ocupações concentrem-se


em conhecer a Deus. Quanto mais de fato nós O
conhecemos, maior será nosso desejo de conhecê-lo.
Uma vez que o conhecimento é uma medida do amor,
quando mais profundo e mais íntimo nós formos com o
Senhor, maior será o nosso amor por Ele. E se o nosso
amor pelo Senhor for grande, então iremos amá-lo
tanto na dor quanto na alegria”.

Os corações dos discípulos ardiam na presença


de Jesus (verso 30). Por isto, mais tarde, enquanto
comiam, seus olhos foram abertos. Esta experiência foi
um processo em que os discípulos tomaram decisões de
grande valor.

*Quando Jesus lhes dirigiu a palavra, tocando

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na ferida que doía neles, eles pararam, com os rostos


entristecidos (verso 17).

Quando as coisas estão difíceis, precisamos


parar, parar de fazer coisas, parar de procurar respostas
fáceis; precisamos parar, para deixar Deus agir.

Diante daquele desconhecido que tinha o que


falar, eles Lhe fizeram um convite transformador. "Fica
conosco" (verso Luc 24,29). Este desejo prosseguiu:
quando chegaram em casa e se puseram a mesa, a
conversa continuou (Lc 24,30). A generosidade lhes
trouxe esperança. Porque se abriram para o outro,
Jesus abriu os seus olhos para que se abrissem para
Jesus. Eles tinham muito pouco, porque tinham uma
aldeia e uma casa para viver, mas não tinham
esperança para viver.

Nunca chegará o tempo em que não tenhamos


o suficiente a ponto de não termos nada para oferecer.
Porque desejaram a sua companhia, Jesus foi abrindo
os horizontes das suas vidas, até chegarem a
descoberta mais importante de uma vida: Jesus é
Salvador, porque morreu na cruz, e Senhor, porque
ressuscitou. Assim também se realmente o desejarmos,
Jesus vai também se manifestar a nós.

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Eles também se dispuseram a ouvir a exposição


da Palavra de Deus, esta palavra constante de
esperança. Quanto tempo falou o Desconhecido, não
sabemos, mas não foi pouco. O Desconhecido fez um
resumo de todo Antigo Testamento. E começando por
Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que
constava a respeito dele em todas as Escrituras (verso
Lc 24,27).

Nenhum gesto é suficiente. Todos são


importantes, mas é preciso uma disposição
fundamental: ter os corações ardentes. Revisando suas
disposições, os discípulos reconheceram, admirados,
perguntando-se um ao outro: Não estava queimando o
nosso coração, enquanto ele nos falava no caminho e
nos expunha as Escrituras? Luc 24, 32).

Seu coração arde por Jesus? Talvez tenha


ardido no passado, mas hoje ele palpita forte por outras
paixões ou por outras chateações.

Descubra Quem é Jesus: o seu Salvador e o seu


Senhor. Se você já fez descoberta, mantenha o seu
coração queimando por Ele. Se perdeu este calor,
redescubra Quem é Salvador e o seu Senhor.

Vá em espírito de fé para Jerusalém, onde está

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o túmulo vazio, porque ele está cheio de esperança. Se


for o caso, volte para Jerusalém. Olhe para o túmulo
vazio e se deixe aquecer pela esperança, que é Jesus.
Este é o sentido da vida, que Jesus oferece.

Devemos proceder também como os discípulos


de Emaús Convidar o Senhor Jesus para entrar na nossa
vida, dando-lhe a permissão na primazia e direção da
mesma. Se tomarmos esta atitude sensata de fazer isto,
certamente que acontecerá conosco aquilo que
sucedeu com aqueles dois homens, que muito irá
agradar e alegrar ao Senhor.

Que assim seja para honra e louvor do Senhor.


Amém.

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CARIDADE Sem
FINGIMENTO

(Excerto da homilia de Quaresma de 2004, ministrada por Frei


Raniero Cantalamessa - Vaticano)

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1. Amarás o teu próximo como a ti mesmo


Um fato notável: o rio Jordão, no seu curso, forma
dois mares – o mar da Galileia e o mar Morto. O
mar da Galileia é borbulhante de vida, com águas
das mais piscosas da terra. O mar Morto é
precisamente “morto”: não há rastro de vida nem
nele nem ao redor; somente sal. E se trata da
mesma água do Jordão! A explicação, pelo menos
em parte, é esta: o mar da Galileia recebe as águas
do Jordão, mas não as retém para si; deixa fluírem,
para irrigarem todo o vale do Jordão. Já o mar
Morto recebe as águas e as retém para si, não tem
efluentes, dali não sai uma gota. É um símbolo. Para
receber o amor de Deus, devemos dá-lo aos irmãos,
e, quanto mais damos, mais recebemos. É sobre
isto que refletiremos nesta meditação.

Depois de refletir nas duas primeiras


meditações sobre o amor de Deus como dom, é
hora de meditarmos também sobre o dever de
amar; e, em particular, sobre o dever de amar o
próximo. O vínculo entre os dois amores é exposto
de modo programático na palavra de Deus: “Se
Deus nos amou tanto, nós devemos amar-nos uns
aos outros” (1Jo 4,11).

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“Amarás o próximo como a ti mesmo” era


um mandamento antigo, escrito na lei de Moisés
(Lev 19,18) e Jesus mesmo o cita como tal (Lc
10,27). Então como é que Jesus o chama de “seu”
mandamento e de mandamento “novo”? A
resposta é que mudaram o sujeito, o objeto e o
motivo do amor ao próximo.

Mudou antes de tudo o objeto: quem é o


próximo que deve ser amado. Não é mais só o
compatriota, ou o hóspede que habita em meio a
nós, mas todos os homens, inclusive o estrangeiro
(o samaritano!), inclusive o inimigo! É verdade que
a segunda parte da frase “Amarás o teu próximo e
odiarás o teu inimigo” não se encontra ao pé da
letra no Antigo Testamento, mas assume a sua
orientação geral, expressa na lei de talião “Olho por
olho, dente por dente” (Lev 24,20), ainda mais se
confrontada com o que Jesus nos exige:

“Mas eu vos digo: amai os vossos inimigos


e rezai por quem vos persegue, para serdes filhos
do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer o
sol sobre maus e bons, e chover sobre justos e
injustos. Se amais os que vos amam, que mérito
tendes? Não fazem o mesmo os publicanos? E se
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saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de


extraordinário? Assim não agem também os
pagãos?” (Mt 5, 44-47).

Mudou também o sujeito do amor ao


próximo, o significado da palavra próximo. Não é o
outro; sou eu. Não é quem está perto, mas quem se
aproxima. Com a parábola do bom samaritano,
Jesus demonstra que não devemos esperar
passivamente que o próximo surja em nosso
caminho, dando seta e de sirene ligada. O próximo
é você, ou aquele que você pode se tornar. O
próximo não existe de cara; só temos um próximo
se nos aproximamos de alguém.

E mudou, mais do que tudo, o modelo ou a


medida do amor ao próximo. Antes de Jesus, o
modelo era o amor a si mesmo: “como a ti mesmo”.
Foi dito que Deus não podia amarrar o amor ao
próximo numa estaca melhor que esta; não teria
atingido o mesmo resultado nem se tivesse dito
“Amarás o próximo como ao teu Deus”, porque
quanto ao amor de Deus, ou seja, quanto ao que é
amar a Deus, o homem ainda pode trapacear, mas
quanto ao amor a si mesmo, não. O homem sabe
perfeitamente o que significa, em qualquer
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circunstância, amar a si mesmo; é um espelho que


está sempre diante dele [1].

Mas é possível enxergar mal até o amor a


si mesmo. Por isso Jesus substitui o modelo e a
medida por outro: “Este é o meu mandamento: que
vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo
15,12). O homem pode amar a si mesmo do jeito
errado, desejando o mal em vez do bem, o vício e
não a virtude. Se um homem desses ama o próximo
como a si mesmo e quer para ele o mesmo que
quer para si, pobre de quem é amado! Já o amor de
Jesus, sabemos aonde nos leva: à verdade, ao bem,
ao Pai. Quem o segue “não anda nas trevas”. Ele
nos amou dando a vida por nós, quando éramos
pecadores, ou seja, inimigos (Rom 5,6).

Entende-se assim o que o evangelista João


quer dizer com a afirmação aparentemente
contraditória: “Caríssimos, não vos escrevo um
mandamento novo, mas um mandamento velho,
que tínheis desde o princípio: o mandamento velho
é a palavra que ouvistes. E é, no entanto, um
mandamento novo o que vos escrevo” (1Jo 2, 7-8).
O mandamento do amor ao próximo é antigo na
letra, mas novo pela novidade do evangelho. Novo,
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88

explica o papa num capítulo de seu mais recente


livro sobre Jesus, porque não é mais só “lei”, mas
também, e antes, “graça”. Funda-se na comunhão
com Cristo, possível pelo dom do Espírito [2]

Com Jesus, passamos da lei do


contrapasso, ou entre dois agentes (“O que o outro
te faz, fá-lo a ele”) para a lei do traspasso, entre
três agentes: “O que Deus te fez, fá-lo ao próximo”,
ou, na direção oposta, “O que fizeres com o
próximo, Deus fará contigo”. Jesus e os apóstolos
repetem este conceito: “Como Deus vos perdoou,
perdoai-vos uns aos outros”. “Se não perdoardes de
coração aos vossos inimigos, nem vosso pai vos
perdoará”. É cortada pela raiz a desculpa do “mas
ele não me ama, me ofende”. Isto diz respeito a ele,
não a você. A você interessa o que você faz ao
outro e como você se comporta diante do que ele
faz a você.

Resta a principal pergunta: por que esta


singular mudança de rota do amor de Deus ao
próximo? Não seria mais lógico “Como eu vos amei,
amai a mim” em vez de “Como eu vos amei, amai-
vos uns aos outros”? Pois esta é a diferença entre o
amor puramente “Erro” e o amor que é “Eros e
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ágape” juntos. O amor puramente erótico é um


circuito fechado: “Ama-me, Alfredo, ama-me como
eu te amo”, canta Violeta na Traviata de Verdi: eu
te amo, tu me amas. O amor de ágape é um circuito
aberto: vem de Deus e volta a ele, mas passando
pelo próximo. Jesus inaugurou ele próprio esse
novo tipo de amor: “Como o Pai me amou, eu amei
a vós” (Jo 15,9).

Santa Catarina de Sena deu sobre o motivo


disto a explicação mais simples e convincente. Ela
escreve o que considera que Deus quer: Eu vos
peço amar-me com o mesmo amor com que vos
amo. Mas não podeis, já que vos amei sem ser
amado. Todo o amor que me tendes é de dívida,
não de graça, porque devestes amar-me, enquanto
eu vos amo com amor de graça, e não de dívida.
Não podeis, pois, dar a mim o amor que vos peço.
Eis por que vos pus ao lado o vosso próximo: para
lhe fazerdes o que a mim não podeis, que é amá-lo
sem consideração de mérito nem à espera de
utilidade. E considero que fazeis a mim o que
fizerdes a ele” [3]. 

2. Amai-vos de coração sincero.

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90

Depois destas reflexões gerais sobre o


mandamento do amor ao próximo, é hora de falar
das qualidades que devem revestir esse amor. São
fundamentalmente duas: deve ser um amor sincero
e um amor de fato, um amor do coração e das
mãos. Desta vez nos ateremos à primeira
qualidade, deixando-nos guiar pelo grande cantor
da caridade, que é Paulo.

A segunda parte da Carta as Romanos é


um subseguir-se de recomendações sobre o amor
recíproco na comunidade cristã. “A caridade não
seja fingida [...]; amai-vos uns aos outros com afeto
fraterno, esforçai-vos no recíproco estimar-se...”
(Rm 12, 9). “Não devais a ninguém, senão um amor
mútuo, porque quem ama seu semelhante cumpriu
a lei” (Rm 13,8).

Para captar a alma unificante destas


recomendações, a ideia de fundo, ou melhor, o
“sentimento” que Paulo tem da caridade, temos
que partir da palavra inicial: “A caridade não seja
fingida!”. Esta não é uma das muitas exortações,
mas a matriz de que derivam todas as outras.
Contém o segredo da caridade. Procuremos captar,
com a ajuda do Espírito, esse segredo.
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91

O termo original usado por São Paulo, e


traduzido como “sem fingimento”, “sem
hipocrisia”. Este vocábulo é uma espécie de luz
indicadora; é um termo raro, que achamos no Novo
Testamento quase exclusivamente para definir o
amor cristão. A expressão “amor sincero” volta em
2 Cor 6,6 e em 1 Ped 1,22. Este último texto
permite notar, com toda a certeza, o significado do
termo em questão, porque o explica com uma
perífrase: o amor sincero, diz, consiste no amar-se
intensamente com sincero coração.

São Paulo, então, com aquela simples


afirmação, “a caridade não seja fingida”, leva o
tema até a própria raiz da caridade: o coração. O
que se pede do amor é que seja verdadeiro,
autêntico, não fictício. Como o vinho, para ser
“sincero”, precisa ser espremido da uva, assim o
amor precisa vir do coração. Também nisso o
Apóstolo é o eco fiel do pensamento de Jesus, que
indicou o coração, repetidamente e com força,
como o “lugar” em que se determina o valor do que
o homem faz, o que é puro ou impuro, na vida de
uma pessoa (Mt 15,19).

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92

Podemos falar de uma intuição paulina a


respeito da caridade; ela consiste em revelar, por
trás do universo visível e exterior da caridade, feito
de obras e palavras, outro universo todo interior,
que é, em comparação com o primeiro, o que a
alma é para o corpo. Revemos esta intuição no
outro grande texto sobre a caridade, que é 1 Cor
13. São Paulo, se observamos bem, está falando da
caridade interior, das disposições e sentimentos de
caridade: a caridade é paciente, é benigna, não é
invejosa, não se irrita, tudo releva, tudo crê, tudo
espera... Nada que se refira, em si e diretamente,
ao fazer o bem, ou às obras de caridade, mas à raiz
do querer bem. A benevolência vem antes da
beneficência. 

É o Apóstolo mesmo quem explicita a


diferença entre as duas esferas da caridade,
dizendo que o maior ato de caridade exterior – o de
repartir com os pobres todos os próprios bens –
não serviria de nada sem a caridade interior (cf. 1
Cor 13,3). Seria o oposto da caridade “sincera”. A
caridade hipócrita, de fato, é justo a que faz coisas
boas sem querer bem; que mostra por fora o que
não tem correspondência no coração. Neste caso,

92
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temos uma pequenez da caridade, que no fim pode


ser disfarce de egoísmo, da busca de si mesmo,
instrumentalização do irmão ou simples remorso de
consciência.

Seria um erro fatal contrapor a caridade


do coração à dos fatos, ou refugiar-se na caridade
interior para achar nela uma espécie de álibi da
falta de caridade nas obras. No mais, dizer que, sem
a caridade, “nada adianta dar tudo aos pobres” não
significa que isto não sirva para ninguém e seja
inútil. Significa, sim, que não serve de nada “para
mim”, mas pode ajudar o pobre que a recebe. Não
se trata, portanto, de atenuar a importância das
obras de caridade (veremos isto na próxima vez),
mas de garantir que elas tenham fundamento firme
contra o egoísmo e as suas astúcias infinitas. São
Paulo quer que os cristãos sejam “enraizados e
fundados na caridade” (Ef 3,17): que o amor seja a
raiz e o fundamento de tudo.

Amar sinceramente quer dizer amar


com esta profundidade, num grau em que você não
pode mentir, porque está sozinho diante de si
mesmo, do espelho da sua consciência, sob o olhar
de Deus. “Ama o irmão”, escreve Agostinho,
93
94

“aquele que, perante Deus, onde só ele vê,


confirma o seu coração e se pergunta no íntimo se
em verdade age por amor do irmão; e o olhar que
penetra o coração, onde o homem não consegue
enxergar, lhe rende testemunho” [4]. Era sincero,
portanto, o amor de Paulo pelos hebreus se ele
podia dizer: “Eu digo a verdade em Cristo, não
minto; pois a minha consciência o confirma por
meio do Espírito Santo; trago no peito grande
tristeza e sofrimento contínuo; quisera eu mesmo
ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus
irmãos, meus parentes segundo a carne” (Rm 9, 1-
3).

Para ser genuína, a caridade cristã deve


partir de dentro, do coração. E as obras de
misericórdia, “das vísceras da misericórdia” (Col
3,12). Devemos, porém, precisar que se trata aqui
de algo bem mais radical que a simples
“interiorização”, que um mero acentuar mais a
prática interna da caridade do que a externa. Este é
só o primeiro passo. A interiorização se aproxima
da divinização! O cristão, dizia São Pedro, é quem
ama “de coração sincero”. Mas com que coração?

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Com “o coração novo e o Espírito novo” recebidos


no batismo.

Quando um cristão ama assim, é Deus


quem ama através dele; ele se torna um canal do
amor de Deus. Acontece como pela consolação,
que não é mais que uma modalidade do amor:
“Deus nos consola em toda nossa tribulação para
podermos nós também consolar os que sofrem
todo tipo de aflição com a mesma consolação com
que somos consolados por Deus” (2 Cor 1,4). Nós
consolamos com a consolação com que somos
consolados por Deus, amamos com o amor com
que somos amados por Deus. Não com outro. Isto
explica a ressonância, aparentemente
desproporcionada, de simplíssimos atos de amor,
tantas vezes até escondidos, e toda a esperança e
luz que eles criam ao seu redor.

3. A caridade edifica

Quando se fala da caridade nos escritos


apostólicos, nunca se fala em abstrato, de modo
genérico. O fundo é sempre a edificação da
comunidade cristã. Em outras palavras, o primeiro
âmbito de exercício da caridade tem que ser a
Igreja e, mais concretamente, a comunidade em
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que se vive, as pessoas com que se têm relações


cotidianas. Assim deve ser hoje ainda, em particular
no coração da Igreja, entre os que trabalham em
contato estreito com o Sumo Pontífice.

Durante certo tempo, na antiguidade,


designou-se com o termo caridade, ágape, não só a
refeição fraterna que os cristãos faziam juntos, mas
também a Igreja inteira [5]. O mártir Santo Inácio
de Antioquia saúda a Igreja de Roma como a que
“preside a caridade (ágape)”, ou seja, a
“fraternidade cristã”, no conjunto de todas as
igrejas [6]. Esta frase não afirma só o fato do
primado, mas também a sua natureza, o modo de
exercê-lo: na caridade.

A Igreja tem necessidade urgente de uma


camada de caridade que restaure as suas fraturas.
Paulo VI dizia num discurso: “A Igreja precisa sentir
refluir por todas as suas faculdades humanas a
onda do amor, daquele amor que se chama
caridade, e que se difunde em nossos corpos por
obra do Espírito Santo dado a nós” [7]. Só o amor
cura. É o óleo do samaritano. Óleo também porque
tem que flutuar acima de tudo, como o óleo sobre
os líquidos. “Acima de tudo esteja a caridade,
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97

vínculo da perfeição” (Col 3,14). Acima de tudo,


super omnia. Portanto, acima da fé e da esperança,
da disciplina, da autoridade, ainda que,
evidentemente, as próprias disciplina e autoridade
podem ser uma expressão da caridade. Não há
unidade sem caridade, e, se houvesse, seria uma
unidade de pouco valor para Deus.

Um âmbito importante em que trabalhar é


o dos julgamentos mútuos. Paulo escrevia aos
Romanos: “Por que julgas o teu irmão? Por que
desprezas o teu irmão? Deixemos de julgar-nos uns
aos outros” (Rm 14, 10.13). Antes dele, Jesus tinha
dito: “Não julgueis, para não serdes julgados. [...]
Por que observas o cisco no olho do teu irmão e
não vês a trave no teu?” (Mt 7, 1-3). Compara o
pecado do próximo (o pecado julgado), seja qual
for, a um cisco, diante do pecado de quem julga (o
pecado de julgar), que é uma trave. A trave é o
próprio fato de julgar, tão grave ele é perante Deus.

O discurso sobre julgamentos é delicado e


complexo. Se ficar pela metade, parece pouco
realista. Como é que se pode viver sem julgar
nunca? O juízo é implícito em nós até num olhar.
Não podemos observar, escutar, viver, sem fazer
97
98

avaliações, ou seja, sem julgar. Um pai, um


superior, um confessor, um juiz, qualquer um que
tenha responsabilidade sobre outros, precisa julgar.
Às vezes, até, como é o caso de muitos aqui na
cúria, o julgar é, precisamente, o tipo de serviço
que se é chamado a prestar à sociedade ou à Igreja.

Realmente, não é tanto o julgar que deve


ser extirpado do nosso coração, mas o veneno do
nosso julgar! O rancor, a condenação. Na redação
de Lucas, o mandado de Jesus “Não julgueis e não
sereis julgados” é seguido imediatamente, como
para explicitar o sentido destas palavras, pelo
mandado “Não condeneis e não sereis condenados”
(Lc 6,37). Em si, julgar é uma ação neutra. O juízo
pode terminar tanto em condenação quanto em
absolvição e justificação. São os juízos negativos os
que a palavra de Deus reprime e elimina, aqueles
que condenam o pecador junto com o pecado,
aqueles que olham mais para a punição do que para
a correção do irmão.

Outro ponto qualificador da caridade


sincera é a estima: “Lutai para vos estimardes
mutuamente” (Rm 12,10). Para estimar o irmão, é
preciso não estimar demais a si mesmo, não ser
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99

sempre seguro de si. É preciso, diz o Apóstolo, “não


ter uma visão alta demais de si próprio” (Rm 12,3).
Quem tem uma ideia muito alta de si mesmo é
como um homem que, à noite, tem diante dos
olhos uma fonte de luz intensa: não consegue ver
nada além dela; não consegue ver a luz dos irmãos,
seus dotes e seus valores.

“Minimizar” deve se tornar o nosso verbo


preferido nas relações com os outros: minimizar os
nossos destaques e minimizar os defeitos alheios.
Não minimizar os nossos defeitos e os destaques
alheios, como somos tantas vezes levados a fazer; é
diametralmente o oposto! Há uma fábula de Esopo
a este respeito; reelaborada por La Fontaine, ela diz
assim: “Ao chegar a este vale, cada um traz ao
ombro um duplo embornal. Dentro do embornal
dianteiro, lança prazenteiro os defeitos do próximo,
enquanto no outro lança os próprios” [8].

Deveríamos inverter: lançar os nossos


próprios defeitos na sacola que temos à nossa
frente, e os defeitos dos outros deixá-los na sacola
que fica para trás.

São Tiago admoesta: “Não faleis mal uns


dos outros” (Tg 4,11). A fofoca parece ter virado
99
100

coisa inocente, mas é uma das que mais poluem a


vida em grupo. Não basta não falar mal dos outros;
precisamos também impedir que os outros o façam
em nossa presença; fazê-los notar, mesmo que
silenciosamente, que não estamos de acordo.

Como é diferente o ar que respiramos num


ambiente de trabalho ou numa comunidade
quando levamos a sério a admoestação de São
Tiago! Em muitos locais públicos está escrito “Aqui
não se fuma”. Antigamente havia até alguns avisos
de “Aqui não se blasfema”. Não faria mal
acrescentar, em alguns casos, “Aqui não se fofoca”

Terminemos ouvindo como dirigida a nós


mesmos a exortação do Apóstolo à comunidade
dos filipenses, tão amada por ele: “Tornai plena a
minha alegria cultivando um só pensar, um mesmo
amor, sendo unânimes e nutrindo um só
sentimento. Nada façais por espírito de separação
ou por vanglória, mas, com humildade, cada um
repute os outros superiores a si mesmo,
procurando não o próprio interesse, mas o do
próximo. Tende em vós os mesmos sentimentos de
Cristo Jesus” (Fil 2, 2-5)

100
101

A
MISERICORDIOSA
GRAÇA
DE DEUS
101
102

“O pecado não pode trazer felicidade, mas


pode dar prazer, e, quando confundimos prazer
com felicidade estamos abertos à sedução do
inimigo” (R.C Sproul)(1)

Poucos compreendem o que seja a graça


de Deus

A expressão máxima da graça de Deus é a


presença de Jesus Cristo no mundo, e tudo quanto,
como fruto de sua vida, morte e ressurreição,
irrompe como possibilidade para a natureza criada
e toda a humanidade

Contam que C. S. Lewis (2) chegou ao


auditório de um congresso religioso e observou
acalorado debate. Perguntou ao sujeito ao lado,
qual a razão de tanta discussão. Estão discutindo
qual é a distinção do Cristianismo em relação às
outras religiões, esclareceu o homem. Lewis
respondeu de uma forma muito Simples, sem
hesitar: “a graça de Deus”. 

De fato, todas as religiões estão baseadas


no esforço pessoal e no princípio da justiça
retributiva. Somente o Cristianismo apresenta a
102
103

possibilidade de um relacionamento entre Deus e


os homens além das fronteiras do mérito e
demérito. Infelizmente as palavras de Lewis, e, pior,
uma das afirmações mais categóricas e
fundamentais do Novo Testamento se perderam na
poeira do fenômeno religião de consumo, onde os
deuses disputam melhores lugares nas prateleiras
do mercado religioso. Poucos cristãos, ou que se
dizem cristãos, compreendem o que seja a graça de
Deus. Arrisco, portanto, algumas sugestões.

A graça de Deus é o favor imerecido de


Deus para com a humanidade. (Mateus 5,45;
Efésios 2.8-10; Tiago 1,17,18; 2 Pedro 1.3)

A graça de Deus é a disposição de Deus em


tratar bem aqueles que o rejeitam e dar coisas boas
a quem não lhe quer bem ou mesmo sequer
reconhece sua existência. [Mateus 5,41-48]

A graça de Deus é a boa vontade de Deus,


a pré-disposição positiva de Deus, o desejo de
abençoar, a intenção constante de fazer o bem e
agir com bondade em relação ao universo criado e
toda a humanidade. (Êxodo 33.19; Salmo 100.5; 2
Crônicas 16,9; Jeremias 29, 11; 33,3; Hebreus 4,16) 

103
104

A graça de Deus é a interpelação, o apelo,


o chamamento, o convite, a insistente convocação
de Deus para que a humanidade se renda à sua
bondade. (Hebreus 1,1,2; 3,7; 3,15; 4; Atos
14,16,17; 26.14)

A graça de Deus é o fluxo constante de


amor e vida divinos que sustentam o universo e
toda a humanidade. (Isaías 18.4; Atos 17.28;
Romanos 11.33-36; Hebreus 1.3) 

A graça de Deus é a energia ativa, o poder


abençoador, a força, o empurrão que Deus imprime
no universo e na humanidade para que o bem e o
bom possam existir. (1Cor 15,10; Filipenses 2,13,14;
Colossenses 1,29)

A graça de Deus é a ação e o trabalho de


Deus em favor do universo e de toda a
humanidade. (Salmo 37.5; Isaías 64.4; Mateus 6.25-
34; Filipenses 4.19; 1 Pedro 5.7)

A graça de Deus é a oportunidade, chance,


concessão, permissão, autorização que Deus
concede à humanidade para que experimente sua

104
105

bondade e participe de seus atos bondosos. (Isaías


55.6; 2Cor 8.1])

A vida não se explica sem a graça de Deus:


Deus tudo criou, tudo sustenta e a todos concede
vida e fôlego para que existam, inclusive em
rebeldia e de maneira contrária ao seu caráter três
vezes Santo. O Deus cristão é o Deus de toda a
graça (Isaías 6.1-5; Atos 17.24,25; 1Ped 5.10), e o
seu evangelho não é outro senão o evangelho da
graça de Deus (Atos 20.24).

A graça de Deus está presente inclusive


onde a igreja ainda não está e aonde o evangelho
ainda não chegou. (Atos 10.31; 14.16,17)

O mundo, a humanidade e o futuro são


viáveis pelo fato de estarem sob a graça de Deus.
Vale a pena fazer o bem, vale a pena semear para a
justiça e a paz, pois a mão de Deus está
promovendo e agindo em cooperação para trazer à
existência o que é bom. (Romanos 8,28-30)

105
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Toda e qualquer experiência humana do


amor; todos os atos de justiça, compaixão, e

solidariedade; todas as expressões da ética e da


estética; a arte e a cultura; a ciência, a tecnologia e
o trabalho; as filosofias e sabedorias; a ordem, a
estrutura inteligente e a coerência lógica da
realidade física, orgânica e social; o prazer, a alegria
e o contentamento; a superação, a possibilidade de
começar de novo, e a inovação; a rebeldia contra a
morte e tudo quanto a promove, sustenta ou
representa; as possibilidades utópicas em relação
ao futuro; a fé, a esperança e a paz, se explicam
pela graça de Deus.

A expressão máxima da graça de Deus é a


presença de Jesus Cristo no mundo, e tudo quanto,
como fruto de sua vida, morte e ressurreição,
irrompe como possibilidade para a natureza criada
e toda a humanidade. Como bem disse o apóstolo
João (1,14), Jesus é a verdade cheia de graça.

(1) R. C. Sproul nasceu em 1939, no estado da Pensilvânia. É


ministro presbiteriano, pastor da igreja St. Andrews Chapel, na Flórida. É
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fundador e presidente do ministério Ligonier, professor e palestrante em


seminários e conferências, autor de mais de sessenta livros, vários deles
publicados em português, e editor geral da Reformation Study Bible.

(2) (Clive Staples Lewis (C. s. Lewis (29 de novembro de 1898 - 22


de novembro de 1963) foi um  , poeta, acadêmico , medievalista ,
crítico literário , ensaísta, teólogo leigo , apresentador, professor e apologista
cristão) 

(3) Richard Francis Xavier, o escritor Brennan Manning, nasceu e


cresceu no Brooklyn, um bairro do subúrbio de Nova Iorque, EUA.  Pensador
brilhante, especialista em Escrituras e Liturgia, Filósofo, Teólogo e sacerdote
Franciscano construiu uma curiosa trajetória ministerial permeada pelo
trânsito entre a academia e as favelas, a universidade e as vilas, povoados e
cortiços; e pela prática do tipo de cristianismo com o qual se comprometera
desde o início de sua vocação: o da compaixão e serviço abnegado. 

Autor de mais de vinte livros, entre eles o sucesso O evangelho


maltrapilho, ficou conhecido por sua autenticidade ao abordar os dilemas do
homem em contraste ao amor e à graça de Deus. Sua luta contra o
alcoolismo, a saída do sacerdócio, casamento e divórcio fazem de sua
biografia um eloquente testemunho de restauração e esperança. Durante sua
vida, Brennan conduziu retiros espirituais para pessoas de todas as idades e
empreendeu viagens pelos Estados Unidos e pelo exterior com o objetivo de
compartilhar a Boa Nova do Evangelho e comunicar o amor incondicional de
Deus por cada um de seus filhos. Faleceu em 12 de abril de 2013.

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Pessoas em um avião e pessoas sentadas


em um banco de igreja têm muito em comum.
Ambas estão em viagem. A maioria é bem
comportada e apresentável. Algumas cochilam e
outras fixam o seu olhar nas paisagens através da
janela. A maioria, senão todas elas, ficam satisfeitas
com a experiência. Para muitas, as características
de um bom voo, bem como as características de
uma boa reunião de adoração significam a mesma
coisa. “BOM”, gostamos de dizer.

Foi bom o voo? Foi boa a noite de louvor?


Saímos da mesma maneira que entramos, e
estamos felizes por poder voltar numa próxima vez.
Poucos, contudo, estão contentos com o bom.
Anseiam algo mais.

O menino que estava em um avião era


assim. Passava pelas poltronas e todos o ouviam
dizer: “Será realmente que me deixarão falar com o
piloto?” Ele era sortudo e esperto, porque fez este
pedido assim que entrou no avião. A pergunta
flutuou até a cabine do avião, fazendo com que o
piloto ouvisse. “Tem alguém procurando por mim?
Perguntou.

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O menino levantou rapidamente a mão,


como se estivesse respondendo uma pergunta de
sua professora de sexta série: “Sou eu!”

-Bem, pode entrar!

Com um gesto de aprovação da mãe, o


menino entrou no mundo de controles e
instrumentos da cabine do avião e voltou minutos
depois com os olhos arregalados. “Uau! Exclamou.
Estou tão feliz por estar neste avião!”

O rosto de ninguém demonstrava tão


maravilhado como o do menino. A atenção de todos
era para o menino. Se procurássemos estudar a face
dos passageiros, não encontraríamos entusiasmo
semelhante ao do menino. Todos mostravam
satisfação, satisfeitos por estarem no avião.
Satisfeitos por estarem próximos ao seu destino.
Satisfeitos por estarem fora do aeroporto. Satisfeitos
por estarem sentados, olhando tudo e falando pouco.

Havia poucas exceções. Cerca de cinco


mulheres de meia-idade usando chapéu de palha e
carregando bolsas de Praia não estavam satisfeitas.
Estavam exuberantes. Sorriam por todo corredor.
Provavelmente eram mães, livres de crianças e da

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cozinha. Um rapaz, de terno azul do outro lado do


corredor não estava contente; estava irritado. Abriu o
seu computador “laptop” e passou toda a viagem
com o rosto franzido olhando para a tela. A maioria
dos passageiros estavam felizes.

O menino, por outro lado queria mais.


Queria ver o piloto. Se lhe pedissem para descrever o
voo, não diria “bom”. Certamente mostraria as asas
de plástico que o piloto lhe deu de presente e diria;
“vi o homem lá da frente”. (Fonte: Revista Mundo
Jovem)

Você compreende porque digo que pessoas


em um avião e pessoas em um banco de igreja têm
muito em comum?

Entre em no santuário de uma igreja e olhe a


face das pessoas. Poucas estão exuberantes, algumas
estão irritadas, mas a maioria satisfeitas. Satisfeitas
por estar ali, satisfeitas por poder sentar-se, olhar
diretamente para frente e ir embora quando a liturgia
acabar. Satisfeita por ter um momento agradável de
louvor e adoração.

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“Buscai e encontrareis”, disse Jesus. E como


o que buscamos é apenas uma celebração agradável,
isto é, o que usualmente encontramos.

Poucos porém, buscam mais. Poucos vêm


com o entusiasmo infantil do menino, e esses poucos
voltam como o menino, com um brilho nos olhos,
maravilhados por terem estado na presença do
próprio piloto. Do próprio Deus.

Buscar-me-eis e achareis

Quando me buscardes,

Quando me buscardes,

De todo coração...

Invocar-me-eis, e orareis a mim

E Eu vos ouvirei,

Invocar-me-eis e orareis a mim

E eu vos ouvirei,

Assim diz o Senhor.

É o Senhor que toma a iniciativa de se


relacionar conosco. “Buscar-me-eis e me
encontrareis: procurar-me-eis do fundo do coração, e
eu me deixarei encontrar por vós.” (Jer 29,13ss)

112
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Santa Teresa nos diz que “a oração é um


trato de amizade com Deus”. Nossa motivação para a
oração deve ser sempre o amor a Deus. É o amor a
Deus que nos impulsiona aos desafios de tão grande
bem. Orar é portanto um diálogo de amor. A oração é
um Dom de Deus e não um esforço nosso e, podemos
afirmar até mesmo que o primeiro passo é sempre
Dele. É o Senhor que toma a iniciativa de se relacionar
conosco. Por isso, a oração não só é um sadio desejo
do nosso coração mas, mais do que isto, é um desejo
de Deus.

Cada um de nós temos um coração


de oração que precisa ser trabalhado, desenvolvido
para crescer no Dom da oração. Este trabalho
consiste num acolhimento da graça de Deus. O
coração de oração não é algo que vamos comprar
com os nossos esforços, mas que vamos acolher com
a nossa liberdade. Este coração orante vai se
realizando na nossa história. É um exercício, contínuo
e assíduo. É um trato de fidelidade e sinceridade com
Deus.

Na oração Deus é que nos convida para


entrar na cabine, é Deus que inicia o diálogo. Nosso
113
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primeiro passo é pedir o Espírito Santo e abrir o


coração para que agindo em nós Ele nos ensine a falar
com Deus. Quando clamamos de coração sincero, o
Espírito Santo começa a arrumar as coisas, pois nossa
alma na maioria das vezes, se encontra bagunçada, e
sem a ajuda do Espírito que vem para ordenar e
silenciar o nosso ser é impossível agradar a Deus.
Quando o Espírito Santo começa a agir eu esqueço de
mim e das coisas a minha volta e me volto para Deus.
Quando eu me disponho a ter uma vida de oração,
Deus não vai permitir que eu continue a mesma
pessoa, pois a cada encontro com o Senhor o Espírito
vai com a sua luz me revelando quem é deus e quem
sou eu.

Este conhecimento de nós mesmos é


essencial para percebermos que não somos perfeitos
e que não precisamos ser perfeitos para nos
relacionarmos com Deus. Na oração não temos que
nos preocupar em não se distrair, em não ter
pensamentos vãos, em multiplicar as palavras, em ser
isso ou aquilo para Deus mas em amarmos muito, isto
é o essencial.

Se vou para junto de Deus usando uma


máscara de bonzinhos e, não vou com os meus
114
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pecados e a maldade que há no meu coração, Se me


julgo com a casa arrumada, então eu já não preciso
do Espírito para arrumar tudo e nem mesmo posso
agradar a Deus na mentira, pois um relacionamento
de amizade requer acima de tudo sinceridade e
confiança para conhecer o outro e deixar-se
conhecer.

Devemos ser como o publicano que batia no


peito diante de Deus e rezava: “Tem piedade de mim
que sou pecador” e não como fariseu que se
justificava com as suas obras e negava a sua verdade.
A humildade é uma virtude essencial. Ela nos leva a
permitir que o Senhor dê o primeiro passo e inicie
este diálogo de amor conforme Ele deseja.

Santa Tereza D’Avila nos ensina que no início


de uma amizade são necessários alguns passos: O
primeiro deles é a escolha mútua: Ser escolhido sem
que eu tenha escolhido esta pessoa, ou escolher e
não ser aceito na escolha pelo outro não levam
adiante uma amizade. Quando escolho e sou
escolhido, a amizade acontece na alegria e na tristeza.
Deus é o amigo que estará sempre escolhendo e
acolhendo. Dele vem a possibilidade de acolhê-Lo.

115
116

O segundo passo é a abertura: a amizade é


uma doação de igual para igual. Não posso pensar
que não tenho nada para dar a Deus e me colocar
somente como aquele que acolhe. Deus não é o
amigo máximo, nem o amigo protetor mas, o amigo
que eu amo, o qual, sou chamado a acolher.

O terceiro passo é a honestidade: para Santa


Teresa a verdade é fundamental na oração.

O quarto é a fidelidade: sabemos que da


parte de Deus isto nunca faltará e, será até mesmo
Sua fidelidade para conosco que nos ensinará a
sermos fiéis a Ele. Com certeza se marcamos com o
Senhor às quatro horas para rezar, às três horas, Ele
já estará ansioso esperando por nós. Então
sentiremos impulsionado o nosso coração para não
permitir que o nosso amigo fique a nos esperar.

Quando nos elegeu o Senhor nos fez um


convite para sermos seus amigos. A nós cabe
responder com compromisso e interesse a divina
proposta. Esta sem dúvida é uma resposta de amor e
alguém que ama e se sabe amado por Aquele que
com tanto zelo nos escolheu e nos amou primeiro.
(Fonte: Comunidade Shalom- Fortaleza Ceará)

116
117

 O relacionamento entre Deus e o patriarca


Abraão nos ensina que o Senhor tem amizades
especiais.

"E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu


Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e
foi chamado o amigo de Deus” (Tg 2,23). Nesta
passagem bíblica encontramos uma expressão
singular em todo texto das Sagradas Escrituras: amigo
de Deus. Abraão foi um grande exemplo de alguém
que desfrutou da amizade divina, de alguém que foi
elevado a um alto nível de companheirismo e
comunhão com o Pai Celestial.

A Bíblia nos diz que Deus amou a Jacó e


aborreceu a Esaú (Rm 9,13), que Ele rejeitou a Saul e
preferiu a Davi (I Cr 10,13,14), que Se revelava aos
profetas por meio de sonhos e visões, mas, com
Moisés falava face a face (Nm 12,6-8; Ex 33,11). Não
devemos esperar que Deus tenha a mesma amizade
com todas as pessoas. Não! Ainda que Ele não faz
acepção de pessoas ou eleja prediletos (Rm 2,11), o
Senhor atenta à intensidade de um coração que O
busca, retribui a um amor devotado e a uma vida de
obediência, submissão e fidelidade (Sl 42,1,2; Jr
29,13; 33,3; Tg 4,8).
117
118

O apóstolo Tiago nos revela o


motivo pelo qual o patriarca foi chamado amigo de
Deus. O texto bíblico afirma que Abraão “creu em
Deus”, e este verbo significa mais do apenas admitir a
Sua existência. Crer, no contexto espiritual, é
acreditar, depositar confiança em Deus, confiar que
Ele é capaz de ajudar, confiar em Sua fidelidade e,
principalmente, obedecê-Lo. O homem de Deus foi
obediente à voz de seu Deus, quando deixou sua terra
em direção ao desconhecido (Hb 11.8), quando creu
no impossível (Rm 4.18), quando se dispôs ao
sacrifício sem contestações (Gn 22.1-12; Hb 11.17,18).
Sim, crer no Senhor é obedecer aos Seus
mandamentos e determinações, e, como Abraão
obedeceu pela fé, foi chamado de amigo de Deus.

Muitos cristãos não compreendem que o


desejo perfeito de Deus para as nossas vidas é um
relacionamento de profunda comunhão (Is 41,8), de
segredos compartilhados (Gn 18,16-18) e de uma
verdadeira e real amizade (Gn 19,29). Jesus nos revela
esta grande verdade, este anelo divino e grande
privilégio: “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que
eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o
servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho vos

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chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu


Pai vos tenho feito conhecer” (Jo 15,14,15). A
obediência a Jesus Cristo permite ao homem viver em
amizade com Deus.

As amizades geralmente requerem algumas


condições, e, na amizade que Deus deseja conosco,
muitas vezes teremos que sacrificar algumas das
nossas vontades ou sonhos, e até mudar de direção a
fim de agradá-Lo. Mas, a fé nos dá a certeza de que os
caminhos e os pensamentos que Deus tem sobre nós
são maiores e melhores do que os nossos projetos
pessoais (Is 55,8,9; Jr 29.11). Esta convicção nos leva à
obediência e à submissão, com toda a certeza de que
Seu coração se enche de alegria, ao ponto de Ele nos
retribuir com a sua amizade.

O Altíssimo ainda hoje procura amigos entre


os homens. Não devemos nos alegrar porque o
Onipotente, o Onipresente, o Onisciente, o Todo
Poderoso, o Criador e o Eterno Deus escolhe entre os
homens mortais e falíveis alguém que possa chamar
de amigos?

Se Abraão foi chamado e considerado como


amigo de Deus, agora sabemos, e nos alegramos, que

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120

nós também podemos alcançar esta condição, por


meio da obediência a nosso Senhor Jesus Cristo.

Deus pode ser o Rei dos reis, o Senhor dos


senhores, ele pode ser o dono desse mundo, mas isso
não significa que para se tornar amigo dele é
diferente de como fazer amizades aqui na terra.
Quando temos amigos ou quando queremos ser
amigo de alguém, nós não tentamos gostar dos
mesmos hobbies que a pessoa gosta? Não
arrumamos um tempinho para essa pessoa? Então,
com Deus não é diferente. Se quisermos ser amigo de
Deus, precisamos em primeiro lugar arrumar tempo
para ele. Segundo: precisamos fazer o que ele gosta,
precisamos agradá-lo.  Para desenvolver essa amizade
com o Senhor precisamos compartilhar
honestamente nossos sentimentos e confiar nele
quando ele nos pedir algo para fazer.

FI
CA
COMI
GO, 120
SENH
121

nn

121
122

O relato da criação nos mostra que Deus ao


criar o homem, o fez dando-lhe plena felicidade. A
brisa da tarde Deus passeava no Jardim. Tal era a
harmonia entre o Criador e sua criatura.

Enquanto Adão andava com Deus, a vida era


celebrada em seu excelentíssimo nível e, não havia
contabilização de anos. Não havia matemática para
enumerar a idade da vida!

A morte não fazia parte das manchetes da


origem de Adão, muito menos do cotidiano dele.

Porém, após o pecado entrar em cena, a sua


esposa a morte veio junto, trazendo como prole um
sem números de desgraças e desatinos.

122
123

Mas, o que me impressiona é que a graça de


Deus sempre esteve em evidência desde o princípio.

Deus nunca desistiu de seu ambicioso


projeto que é o ser humano.

Isto significa que nem tudo estava perdido


como se parecia, e, como satanás desejava.

Alguém sempre aparece para celebrar a vida


e suas benesses. 

Enoque rompe o ciclo vicioso de morte que


até então imperava. Enoque não morreu; Enoque
escolheu andar com Deus! Enoque optou por andar
na contramão da sociedade de sua época! Enoque
quebrou a monotonia da vida e o terror sombrio da
morte.

A graça de Deus se desponta em meio a um


capítulo frio, calculista, idiota. A marcha fúnebre pára
abruptamente, e começa então a se ouvir uma
canção celebrando o triunfo da vida. Enoque deixa
123
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para nós um sublime legado de como celebrar a vida.


"andando com a fonte da vida", e conectado com a
própria vida, Jesus Cristo o justo (João 8,12,32).

A vida de Enoque nos diz que só há uma


forma de escaparmos dos aguilhões da morte, é
andando em companhia de Deus em todo o tempo
que se chama agora, hoje e sempre.

Enoque viajava no seu veículo de fé em Deus.

Enoque nunca ficou pelo caminho, por conta


de pane, congestionamento ou acidente. 

Enoque tinha como fonte de vida, o Senhor


Deus;

Enoque tinha como condutor de sua vida, o


senhor deus;

Enoque tinha como destino final, o Senhor


Deus;

Enoque tinha um Deus tão infinitamente


grande e um "eu" tão minúsculo que a única opção
para ele foi viver na sombra de Deus (salmos 90 (91))

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Os resultados, além de pessoal, teve um filho


que entre os mortais, viveu mais, um neto que não
sofreu a punição do dilúvio, e, um bisneto (Noé) que
se tornou o marco da geração antediluviana e pós-
diluviana.

A bíblia faz questão de ressaltar a vida de


Noé como um homem diferenciado em sua geração,
por fazer a diferença e andar na contramão da
corrupção universal.

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Acredito que em um dos passeios de Enoque


com Deus, Enoque disse para Deus: Senhor, já é
tarde, preciso voltar para casa!

Deus lhe responde: Enoque, hoje estamos


mais próximos de minha casa, que tal pernoitar
comigo! Enoque nunca mais voltou! foi para sua
eterna casa!

O Senhor Jesus nos faz a seguinte promessa


para todos os que andam com ele: “Em verdade, em
verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê
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naquele que me enviou tem a vida eterna e não


incorre na condenação, mas passou da morte para a
vida” (João 5,24).

Queridos e queridas, para os que andam com


Deus: Os problemas não é um embaraço e sim um
peso em nosso favor no tribunal de Deus! As
enfermidades não é o fim, e sim um meio em nosso
favor no tribunal de Deus! O desemprego não é um
embaraço e sim um peso em nosso favor no tribunal
de Deus. As adversidades não são um embaraço e sim
um peso em nosso favor no tribunal de Deus!

Nada mais importava para Enoque além da


presença de Deus. Nada significava para Enoque além
de andar com Deus. Nada fazia sentido para Enoque a
não ser estar em companhia de Deus. A vida de
Enoque tinha Deus como início, meio e fim. Deus
como gerador da vida, garantia a Enoque a mais
perfeita e inesgotável fonte de vida. Deus como o
sustentador da vida, garantia para Enoque uma vida
repleta dos cuidados de Deus em todos os detalhes.
Deus como a razão da vida, garantia para Enoque a
eternidade com Deus e no mesmo nível de Deus.

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140

O segredo de uma vida feliz é viver em


companhia do Deus da plena felicidade.

E em todos os dias que Deus te conceder


aqui será repleto da bondade de Deus e na
eternidade no palácio de nossa majestade Jesus
Cristo.

Vivemos no meio de uma geração "cristã"


que tem sido formada por um tipo de “evangelho
fácil”! Sem arrependimento, sem compromisso, um
Jesus em “promoção”, sem profundidade de
comunhão com Deus, sem transformação e sem
poder sem plenitude, sem santidade

Mas Deus chama homens e mulheres sem


distinção de idade para andar com ele. Não é um
andar na carne e nem numa dimensão física, mas
andar no espírito, numa dimensão sobrenatural.

"andou Enoque com Deus”

Provérbios 30, 18,19: Há três coisas que me


são mistério, que não compreendo; o vôo da águia
nos céus, o rastejar da cobra no rochedo, a navegação
de um navio em pleno mar, o caminho de um homem
junto a uma jovem”

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 O caminho da águia no céu é mais alto do


que o pensamento do sábio! está acima da
compreensão humana que é limitada. Esse caminho é
um caminhar no sobrenatural. Assim como a águia,
fomos feitos para as “alturas”!

 É um caminho nas alturas, acima de


qualquer tempestade ou predador. Esse caminho
permite à águia ter uma visão aguçada e sensível.

 A águia faz o seu ninho nas mais altas


rochas; “É por tua ordem que a águia levanta voo e
faz seu ninho nas alturas” (Jó 39.27). A águia só vê o
mundo da perspectiva de quem está em cima! assim é
quando andamos com Deus!!

 Esse andar significa caminhar com Deus


diariamente 365 dias por ano. “A duração total da
vida de Henoc foi de trezentos e sessenta e cinco
anos.’ (Gen 5,23). Isto significa que a sua vida foi um
caminhar constante com Deus.

 Salmo 102,7(pag. 738) “Revelou os seus


caminhos a Moisés e as suas obras aos filhos de
Israel”; Moisés descobriu os “caminhos” de Deus e
andou neles.

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As “feitos” tem a ver com aquilo que Deus


faz: suas mãos, suas obras. Os “caminhos” tem a ver
com aquilo que Deus é: sua face; seu caráter e
natureza.

Não esquecendo que a natureza de Deus é


criadora...

Andar com Deus não significa ficar


enclausurado, confinado ou isolado, mas, ter
intimidade com ele, mesmo vivendo em um mundo
iníquo. Veja mais uma vez sobre Noé: (Gen 6,1-
9) “estas são as gerações de Noé. Noé era homem
justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com
Deus.”

Não significa que o caminho será fácil, mas


que continuarei a andar com ele mesmo entre os
espinhos e os obstáculos.

Andar com Deus implica em caminhar com a


consciente compreensão que estou na presença dele
24 horas por dia:

Veja o que disse Abraão: (Gen 24.40): “ele


me disse: o senhor, em cuja presença eu ando…” (Gen
17.1): “quando atingiu Abraão a idade de noventa e
nove anos, apareceu-lhe o senhor e disse-lhe: eu sou
142
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o Deus todo-poderoso; anda na minha presença e sê


perfeito”.

 “E já não era”. Quando andamos com Deus,


já não existimos mais. Diminuímos até que Deus nos
toma para si.

João batista expressou: (João 3.30): “convém


que ele cresça e que eu diminua”

(Mateus 11.11): “em verdade vos digo: entre


os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do
que João batista… Isto porque: João aprendeu a
diminuir quando Jesus o chamou de o “maior” entre
os nascidos de mulher.

No meio de uma geração onde muitos


procuram “brilhar”, Deus procura homens e mulheres
que manifestem apenas a glória de cristo.

Paulo declarou: em gálatas 2, 19-20: “Na


realidade, pela fé eu morri para a lei, afim de viver
para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo,
mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim.  A cruz
apaga a glória do homem e faz resplandecer a glória
de Deus: “já não sou eu, é Cristo que vive em mim”.

Gêneses 5, 24: “e andou Enoque com Deus; e


não se viu mais, porquanto Deus para si o tomou”
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“Porque Deus o tomou para si”. Andar com


Deus significa que aprofundamos a nossa intimidade
com ele a tal ponto, que ele aproxima-nos da sua
presença.

 Creio que além do sentido literal que essa


declaração tem, espiritualmente, quando
caminhamos com Deus, ele traz-nos para perto dele a
fim de ocuparmos um lugar de intimidade.

Tenho certeza que o objetivo de todos é ser


grandemente abençoados em todo este ano e nos
demais e viver a eternidade no palácio do rei Jesus
Cristo. Para tanto, o caminho e o endereço
para alcançarmos estes gloriosos objetivos, é o
mesmo percorrido por Enoque, que é andar com
Deus. Portanto, trilhemos este caminho e teremos um
percurso feliz e um final glorioso. E, “Habitaremos na
casa do Senhor pelo resto dos nossos dias”. (Sal 22,
6b)

Que Deus em Cristo Jesus e na companhia do


Santo espírito nos conduza para o alvo, para a santa
vocação de Deus, amém.

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145
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A
VERDADEIRA
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RIQUEZA

Um homem muito rico parecia ter uma vida


muito boa, a vida que qualquer pessoa pediria a Deus.

Ele tinha um filho pequeno, seu único filho,


futuro herdeiro.

Ele queria incutir naquele menino desde


pequeno o desejo pelo status, aquela valorização
das coisas, do dinheiro, das terras, das casas,
propriedades.

Enfim, sobre os bens realmente valiosos da


vida.

E ele disse ao seu filho:

– Meu filho hoje nós vamos viajar para a


fazenda de um primo meu que é muito rico, e

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naquela fazenda moram também pessoas muito


pobres e nós vamos passar um final de semana
diferente.

Vamos ficar hospedados na casa da família


mais pobre da fazenda.

Eu quero que você veja o que é riqueza e o


que é pobreza e aprenda a valorizar as coisas.

E eles foram aquele homem muito rico e


seu filho pequeno.

Quando chegaram à fazenda, foram


recebidos na casa sede pelo primo milionário, que
logo em seguido os levou para a casa mais pobre do
lugar.

Era uma casa de barro batido feita com


pau-a-pique, o telhado era feito de capim, o chão a
terra bruta e o forno era a lenha.

O dono da casa morava ali com sua


mulher, mais quatro filhos e quatro cachorros.

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Foi naquele lugar muito humilde que eles


passaram o fim de semana.

Não tiveram nenhuma facilidade, do


mesmo modo que aquela família vivia o homem
muito rico e seu filho também viveram.

Terminado o final de semana, o menino se


despediu dos quatro amiguinhos, o pai milionário
se despediu do pobre colono.

E eles voltaram para a vida na cidade.

Foi quando o pai perguntou para o filho:

– E então meu filho, o que você achou da


viajem?

E o menino disse:

 -Muito boa papai!

– Viu só meu filho!

Você viu a diferença entre viver na riqueza


e viver na pobreza?

– Vi sim papai.

– E o que foi que você aprendeu meu filho?

– Papai eu vi que nós temos um cachorro


em casa, e eles têm quatro.
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Nós temos uma piscina que alcança até o


meio do jardim, e eles têm em frente de casa um
riacho que não dá para ver o fim.

Papai eu vi que nós temos uma varanda


coberta e iluminada com lâmpadas, e eles têm as
estrelas e a lua.

Papai o quintal da nossa casa vai até a rua,


mas o deles é uma floresta inteira, que não tem
fim.

E quando o menino disse isso o pai ficou


olhando surpreso, e o menino concluiu:

– Obrigado papai, por me mostrar o


quanto nós somos pobres!

Com a palavra daquele menino o homem


rico parou para pensar.

E de fato, qual era a verdadeira riqueza e


qual era a verdadeira pobreza?

Quem era mais feliz?

O colono que depois de um dia de


trabalho, jantava satisfeito com muito apetite e
dormia a noite toda, ou ele que chegava em casa e

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tomava whisky e calmante para dormir e mesmo


assim acordava super cansado no dia seguinte.

Quem era mais feliz?

Os filhos daquele colono que podiam


brincar no quintal, correr, nadar no riacho, ou seu
filho que tinha horário pra tudo e uma vida tão
difícil e controlada.

Quem era mais rico e quem era mais


pobre?

Jesus Cristo disse o seguinte, e você


confere no evangelho de Lucas cap. 12 verso 15:
“[…] Guardai-vos escrupulosamente de toda
avareza, porque a vida de um homem, ainda que
ele esteja em abundância, não depende de sua
riqueza”

Você não é rico por aquilo que possui!

Você não é rico por aquilo que têm!

Jesus até contou a parábola de um homem


muito rico que ficou mais rico ainda.

O seu campo tinha produzido em


abundância e ele arrazoada consigo mesmo
perguntando: “Que farei?

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Não tenho onde recolher os meus frutos.

Ah, já sei! Farei um celeiro muito maior, ali


recolherei todas as minhas novidades e os meus
bens, e direi a minha alma ‘Alma tens em depósitos
muitos bens para muitos anos.

Descansa, come, bebe e folga’”, e o


homem foi dormir todo satisfeito, porém, Jesus
contou que naquela mesma noite Deus lhe disse:
“Louco esta noite te pedirão a tua alma e o que
tens preparado para quem será?”, e Jesus concluiu
a parábola dizendo: “Assim é aquele que pra si
ajunta tesouros e não é rico para com Deus”.

Espiritualmente falando a verdadeira


riqueza é daquele que têm Jesus no coração, que
coloca o reino de Deus em primeiro lugar em sua
vida.

A verdadeira riqueza não é material, e sim,


espiritual. Reavalie o seus valores, revise todos os
seus conceitos.

A vida de qualquer pessoa disse Jesus, não


consiste na abundância do que possui. E sim, em
possuir o dono de todas as coisas! (Fonte: Histórias
que ensinam a viver – Revista Mundo Jovem)
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Existe um poço/ No meio do deserto 


O povo passa perto/ Da sede a reclamar. Eu quero
um rio de água viva!  Eu quero um sopro de
esperança 
Minha alma segue e não se cansa 
De caminhar...

Se tu soubesses/ quem pode dar-te a vida 


Seria dissolvida/ A mágoa mais cruel 
Jesus é vida/ Vencendo toda morte 
Mudando a nossa sorte/ A livrando-

No Evangelho de João (Jo 4 -1-3), lemos


este significativo episódio da vida de Jesus:

Na Samaria tinha uma pequena cidade


chamada Sicar. Havia também ali um poço
conhecido como “a fonte de Jacó”. Jacó tinha
perfurado este poço e entregue a José seu filho
(Gen 33, 19 – pg. 82, 3 Gen 48, 22 – pg. 98).

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Era quase a hora sexta (meio-dia), quando


Jesus cansado, sentou-se junto da fonte, para um
descanso, quando veio uma mulher da Samaria e
Jesus iniciou uma conversa pedindo-lhe água. Ela
indignada coma atitude de Jesus de pedir-lhe água.
A mulher questionou Jesus pelo fato dele ser Judeu
e ela samaritana, pois judeus não conversavam com
samaritanos. Ela não quis dar água para Jesus. (Para
que possamos entender esta situação precisamos
analisar um pouco a mulher).

Primeiro ela era uma mulher. Mulher não


podia conversar em público com homem algum.
Havia preconceito contra a mulher. Por outro lado
Jesus era Judeu e era inconcebível um samaritano
conversar com um judeu.

Em seu diálogo com a samaritana Jesus lhe


disse: “Se conhecesses o dom de Deus, e quem é
que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedias
tu mesma e ele te daria uma água viva” (Jo 4,10 –
pag. 1388).

A água é um dos elementos mais


importantes para o homem. Afinal 70% de nosso

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corpo é constituído de água. Podemos passar um


mês inteiro sem comida, mas uma semana sem
água pode ser fatal.

É a bebida mais saudável que existe. Ela


“diet” e “light”.

A água tem inúmeras utilidades, e traz


muitos benefícios para nós.

A água mantém a vida. Só isso já seria


suficiente, mas ela também refresca, hidrata, limpa
cada partícula de nosso corpo, desde os cabelos em
nossa cabeça, até as unhas em nossos pés.
Favorecendo o desenvolvimento sadio de cada órgão,
chegando até mesmo a beneficiar a nossa aparência e
a nossa voz. Ela sacia a nossa sede e nos satisfaz.

Qual seria a água viva oferecida por Jesus?


Trata-se de um símbolo cujo significado precisamos
conhecer.

A mulher samaritana já estava no sexto


relacionamento sentimental e não se sentia realizada.
Sua situação mudou completamente quando
encontrou-se com Jesus e pediu: “Senhor dá-me
desta água” (Jo 4, 15 – pg. 1388).

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Jesus tem a água viva para todos, mas ele


não obriga ninguém a recebê-la. Você precisa orar e
pedi-la: “Senhor dá-me desta água, muda a minha
vida. Satisfaz o meu coração”. Então sua vida será
transformada.

Alguns não têm a água viva. Outros têm mas


não a bebem. É o caso daqueles que já se
converteram, tem a Palavra de Deus, tem a bíblia,
mas não a lêem, não a conhecem. Talvez até sabem o
que vai acontecer no próximo capítulo da novela, mas
não sabem o que a Palavra de Deus diz para as suas
vidas.

Quando deixamos de beber água, muitos


males proliferam dentro de nós. As toxinas se
multiplicam em nosso corpo e nos contaminam.
Quando evitamos a Palavra de Deus, as raízes do
pecado começam a crescem em nós sem que
percebamos.

Devemos ler, e estudar, conhecer a bíblia.


Seus benefícios em nossas vidas serão muito
superiores ao que esperamos ou possamos imaginar.

A Palavra de Deus deve nos encher até


transbordar. Assim ela vai se manifestar no que

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sentimos, no que pensamos, falamos e fazemos, da


mesma forma devemos nos encher do Espírito Santo,
que transbordará em nós através de hinos, salmos,
cânticos espirituais, amor, alegria paz e todo fruto do
Espírito, conforme Efésios 5, 18-20, pg. 1502 e Gal 5,
22- pg. 1497.

O mundo nos oferece poços artificiais,


contaminados, poluídos e corremos o risco de cair
dentro deles. O Senhor nos oferece um manancial
que oferece refrigério para as nossas almas.

S. Bernardo Claraval, monge francês que


viveu entre os séculos XI e XII, disse que: “tudo o que
somos e fazemos deve ser fruto não de nossas
próprias reservas, mas do transbordar da água viva
que Jesus derrama em nossas vidas. Desta forma,
transbordantes desta água Viva podemos dedicarmos
a fazer algo sem o perigo de secarmos; podemos dar-
nos sem nos esgotarmos; cuidarmos dos outros sem
cometer o erro de não nos cuidarmos de nós
mesmos.

Se, contudo, abandonarmos esta relação


constante com a pessoa de Cristo fechamo-nos para a
fonte que abastece nosso reservatório interior e

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deixamos de receber a água viva que emana do Pai.


Vamos secar e morrer espiritualmente.

A falta de conexão com a fonte de água viva


nos levará em pouco tempo a sequidão, a aridez. E o
vazio interior se instalará em nós, fazendo-nos perder
o próprio sentido do viver.

Essa dimensão do vazio interior foi


comparada por Jesus com a sensação humana da
sede, quando dialogava com a mulher samaritana, Ela
não sabia, mas tinha diante de seus olhos aquele que
era capaz de saciar a sede existencial que existe
dentro dos corações de homens e mulheres. Sede de
sentido para a vida, sede de sentir amado ou
valorizado por alguém,

Um dos nosso erros, como seres humanos, é


de tentar preencher o vazio interior, ao longo de
nossa vida, através de conquistas. Queremos
acumular bens, ser amados pelos outros, atingir
grandes realizações, enfim, acreditamos que seremos
felizes com a vida, quando temos grandes posses,
grandes conquistas. Quando somos reconhecidos.
Isto é uma grande ilusão” (Tratado do amor de Deus –
Paulus Editora).

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O profeta Jeremias registrou a queixa de


Deus contra o seu povo, Israel, apontando os mesmos
equívocos que ainda hoje incorremos: “Porque meu
povo cometeu uma dupla perversidade: abandonou a
mim, fonte de água viva, para cavar cisternas fendidas
que não retêm a água” (Jer 2, 13 – pg. 1034). Logo
quando colocamos nossas esperanças ou buscamos a
realização em qualquer outra fonte que não seja o
próprio Deus corremos o risco de buscar a água
simplesmente onde ela não existe.

Conhecedor do coração humano, Jesus nos


convida de forma simples e prática a uma solução:
“Quem tem sede venha a mim e beba” (Jo 7, 37- pg.
1394). Jesus mesmo se apresenta como única fonte
capaz de saciar nossa sede existencial. Isto mostra-
nos a importância de estarmos constantemente na
presença do Senhor, bebendo da água que só Jesus
pode nos oferecer. Somente assim seremos
reservatórios que repletos de água, transbordam a
ponto de irrigar a vida daqueles que nos cercam.
Quando estamos cheios desta “Agua viva”, todos os
bens passam a ter novo significado: O carro, a casa, o
trabalho, a diversão, enfim os bens passam a ser
valorizados como bens que Deus me entregou, para

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administrar, pois eu pertenço a ele. Ele passa a ser a


razão do meu viver.

Aqui faço um confissão. Muitas vezes a


exaustão, a secura interior que me assalta é
decorrente do meu descuido espiritual, e em procurar
viver de mim mesmo, ou do erro de buscar nos
projetos e nos relacionamentos o que somente em
Jesus posso ter. Por isso quando tomado pelo
sentimento de cansaço, me aquieto na presença de
Deus e volto a escutar o convite amoroso e paciente
para beber da água que somente ele pode me
oferecer.

É esta água viva, meus irmãos e irmãs, que


nos capacita, a renovar nossas forças físicas e
emocionais, bem como nos libertar das busca
infindáveis que drenam nossas energias e nos faz
reféns de nossos próprios anseios.

Somente assim como diz as escrituras fluirão


rios de águas vivas de nosso interior. Rios da mais
pura água, a água da vida.

Precisamos aprender com a Corsa (uma


espécie de veado)

161
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Uma corça sedenta e exausta caminha pelo


deserto. Logo, o animal avista a imagem de um lençol
d’água sobre a areia. Começa a correr desesperada ao
encontro da única substância que pode matar sua
sede.

A corça é um animal de pequena estatura,


arisco e de costume migratório. E uma característica
interessante: a corça não suporta o confinamento
(ficar presa).

É um animal dotado de olfato privilegiado


que lhe possibilita sentir cheiro de água a quilômetros
de distância. É capaz ainda de perceber, metros
abaixo da superfície, a existência de um lençol de
água.

Em regiões desérticas da África e do Oriente


Médio, empresas construíram quilômetros de
aquedutos sob a superfície terrestre. E as corças
sedentas, ao pressentirem a água jorrando pelo
interior dos canos, correm por cima das tubulações na
tentativa de encontrarem a nascente, ou então um
possível local por onde essas águas pudessem ser
alcançadas.

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Davi descreveu essa cena da corça farejando


água, sob a areia do deserto, do seguinte modo:
“Como a corça anseia pelas águas vivas, assim minha
alma suspira por vós ó meu Deus “(Salmos 41:1-2 –
pg. 688).

Cantemos desejando esta água viva; “Assim


como a corsa suspira pela água, assim suspira minha
alma, espírito de Deus. Ó enche-me Espírito, ó enche-
me Espirito, ó enche-me Espírito de Deus”

Note que nesta passagem, Davi faz uma


comparação. A sede dele pelo Senhor era comparada
ao anseio de uma corça pelas águas. Em se tratando
de um homem “segundo o coração o de Deus”, creio
que esta comparação pode servir de parâmetro para
nossa própria busca.

Mas enfim, como é que a corça suspira e


anseia pelas águas? É quase com desespero.
Gritando, correndo, buscando, farejando. Com sede.
Com olfato privilegiado para localizar a fonte certa.
Continuamente, todos os dias. Não se permitindo
acomodar e fugindo do confinamento, do isolamento.

E nós? Estamos assim como a corsa ansiosos


por Deus? Temos sede de sua presença? Temos

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corrido, buscado e nos desesperado por mais dele em


nossas vidas? Temos buscado na fonte certa,
diariamente? Ou temos nos contentado com a
mediocridade do nosso “confinamento”, bebendo em
fontes poluídas que o mundo nos oferece?

Cada um de nós pode ter seu próprio


“confinamento”. Coisas que nos prendem e nos
impedem de sair em busca da água fresca que tanto
precisamos. Podem ser pessoas, situações ou até
mesmo “pequenos reinos” que construímos para nós
mesmos (“meu emprego”, “meu ministério”, “meu
evento”, etc.).

Precisamos, como a corça, sair e correr.


Precisamos de olfato aguçado para ir na fonte certa,
que é Cristo. Afinal de contas, existem fontes secas e
nuvens sem água, podemos estar buscando estas
fontes como lemos em (Judas 1:12) (pg. 1555):” Esses
fazem escândalos nos vossos ágapes. Banqueteiam-se
convosco despudoradamente e se saciam a si
mesmos. São nuvens sem água, que os ventos
levam”.

E lembremos das palavras do Mestre: “quem


tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a
água da vida.” (Apocalipse 22:17).
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165

No diálogo de Jesus com a samaritana,


vamos aprender um pouco sobre o poço (Jo 4,11),
sobre a água (Jo 4, 15) e sobre o cântaro (Jo, 4, 23).

O Evangelho nos diz: “O poço é fundo” (verso


11) (Pg. 1388). A mulher diz a Jesus: “Senhor, tu nãos
com que tirá-la e o poço e fundo... donde tens, pois,
essa água viva?”

Voltando para Jesus e a Samaritana. A


mulher observou que Jesus não tinha nada em suas
mãos para tirar a água e ainda observou, o poço é
fundo.

O poço poderia ser muito fundo, mas Jesus


não estava preocupado coma profundidade do poço e
nem com esta situação. A mulher, sim estava
preocupada com a profundidade do poço.

Muitas vezes ficamos também assim


preocupados. Às vezes chegamos ao fundo do poço.
Não sabemos mais o que fazer, e quanto mais o
tempo passa mais o poço fica fundo.

É meus irmãos e irmãs, as drogas tem


assolado vidas preciosas aos olhos de Deus. Jovens,
adolescentes, adultos tem chegado ao fundo do poço.
Lares estão sendo quebrados, infidelidade conjugal,
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esposo, esposa tem chegado ao fundo do poço. A


homossexualidade tem trazido separações e dividido
lares e desmantelado a sociedade. Jovens ainda estão
chegando ao fundo do poço por não saberem a razão
de viver. Namoros que se tornam verdadeiros espaço
de luxúria, lugares de sexo ilícito, de desconstrução
do verdadeiro casamento cristão.

Muitas pessoas estão atoladas em dívidas e


estão no fundo do poço e não conseguem sair.
Grandes empresas tem tido falência em seus negócios
estão no fundo do poço não sabem mais o que fazer.

Para muitos a vida está vazia e sem razão e o


poço é fundo, não conseguem olhar para a realidade,
pois vivem da ilusão, das mentiras e das fantasias.
Estão no fundo do poço e não sabem como sair.

Para muitas pessoas o poço é muito fundo e


não tem como sair. Por causa da tristeza, do
desânimo, do stress, da depressão, que lhe abatem
não conseguem sair dele.

As doenças, desempregos, frustrações têm


deixado muita gente no fundo do poço e assim não
conseguem sair de lá.

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Mas a Bíblia diz que Jesus conhece cada um


de nós, sabe dos nossos poréns, e quer nos ajudar. Ele
sabe e oferece ajuda por mais fundo que seja o poço.
O seu braço nos alcançará lá, por mais difícil que seja
a situação. Ele nos quer tirar do fundo do poço.
Jesus disse “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos
sob o fardo, e eu vos aliviarei ( Mat 11,28-).

Infelizmente nós vamos até fontes sujas,


fontes de pecado e bebemos desta água amarga,
frustrada e sem vida. E quando bebemos desta água
voltamos a ter sede. Mas, Jesus quer nos dar uma
água boa, para não mais precisar ir ao poço.

Água viva – “A mulher suplicou; Senhor, dá-


me desta água, para já não ter sede nem vir aqui tirá-
la! (Jo 4,15- pág. 1388).

Hoje Jesus vive, e quer dar a mim e a você


esta água maravilhosa, para você não ter mais sede
deste mundo. A água que Jesus quer dar brotará
dentro de você e jorra até vida eterna.

Esta água resolve as tuas tristezas, dores


mágoas, solidão. Ela é limpa e cristalina. Não tem
sujeira e nem derrota. Ela brota do lado aberto de
Jesus, como nos diz a canção:

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“Água cristalina que jorra do peito aberto de


Jesus lá na cruz. É uma água viva que cura e que
liberta cujo a fonte é o próprio Jesus. Chuê, Chuê!
Chuá, chuá! Nesta água eu vou me banhar”

Esta água anima os fracos e cansados. Esta


água limpa o coração cheio de ódio, de inveja, luxúria,
e destrói o vício da droga e da bebida etc.

Jesus nos convida e afirma: quem dela toma


não terá mais sede (Jo 4,14).

O Cântaro (jarra, bilha, balde): “A mulher


deixou o seu cântaro” (Jo 4,28).

Uma das coisas que a mulher samaritana


carregava com ela todas às vezes que ia buscar água
era os seu cântaro. Por muitas vezes ela levava
consigo. Neste cântaro ela levara muitas vezes a água
que tirara do poço. Mas, chegou o momento que ela
não mais precisava, pois encontrara algo melhor, a
promessa da água viva.

Ela deixou o seu cântaro, foi à cidade e


convidou as pessoas para conhecerem a Jesus. Diz a
Palavra de Deus que as pessoas foram ter Jesus.

A Palavra ensina sobre o cântaro algo muito


importante: Nesta passagem da samaritana ela deixa
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o seu cântaro, isto é ela deixa algo que era muito


importante para ela. Pois nele ela guardava a água.
Isto nos ensina três lições:

1ª – Ela deixou que suas prioridades


passassem a ser secundárias e que Jesus passasse a
ser prioridade.

2ª –Ela deixou sua vida velha para traz e


começou uma vida nova;

3ª – Ela deixou a vida de pecado (adultério)


para seguir a Jesus.

Caríssimos: Jesus está interessado em nossos


problemas, como a samaritana, temos decisões a
serem tomadas.

Que profundidade tem sido o nosso poço?


Que tipo de água estamos tomando? Quais as fontes
que estamos buscando? Que tipo de cântaro são
prioridades em nossa vida e que precisamos deixar
para fazer de Jesus a nossa prioridade? O que está
faltando para buscarmos em Jesus a solução para o
nosso viver?

Jesus quer nos tirar do fundo do poço, por


mais fundo que ele seja, seu braço de amor nos
alcançará. Ele quer nos dar água viva para bebermos.
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Ele quer consertar o nosso cântaro (isto é, nossa


vida), mesmo que esteja despedaçado. Mesmos que
nossas prioridades não tenham sido ele. Ele quer nos
abençoar.

Meu amigo, minha amiga, você quer beber


desta água viva? Você quer encher-se do Espírito de
Jesus? Teu coração está ansioso como a corsa em
busca desta água viva? Se você está, e quer
realmente beber, eu lhe garanto que você hoje vai
ficar cheio desta água prometida por Jesus.

Abra-se, comece a clamar a Jesus. Expresse


para Jesus este teu desejo. Não importa como você se
encontra neste momento. Não importa os teus
pecados, não importa a tua situação. Para que Jesus
possa te encher desta água viva, apenas deseje,
queira, e se aproxime pela fé até Jesus, disposto a
querer mudar de vida, como a mulher samaritana. O
resto fica por conta de Jesus. Ele quer preencher
você. Ele quer saciar a tua sede. Ele quer fazer
acontecer aqui e agora este novo pentecostes em tua
vida. Amém.

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(Texto de apoio Col 3, 1-14; Lc 24,1-6)

Era uma vez, uma mulher que viu na floresta,


junto a umas árvores, um pequenino lago ou espelho
de água. Olhou para dentro e viu belos frutos
maduros que pareciam dizer-lhe: «Tomai-me e comei-
me! »

Estendeu o braço e mergulhou a mão na


água para os colher mas desapareceram.

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Depois a água voltava a ficar límpida e


apareciam de novo os saborosos frutos. E a mulher foi
tentando duas e mais vezes, sem conseguir colhê-los.

Sem desistir, foi tirando toda a água do


pequeno lago, até este ficar vazio. No final, ficou
muito desiludida, pois os belos frutos maduros
simplesmente não existiam.

Estava para regressar a casa quando ouviu


uma voz misteriosa que lhe dizia:

— Por que procuras em baixo aquilo que está


em cima?

A mulher ergueu os olhos e viu que, sobre o


pequeno lago, estava uma árvore carregada de frutos,
que antes se espelhavam na água cristalina do
pequeno lago.

Por que andamos sempre com os olhos na


terra, em vez de olharmos para os céus? Por que nos
deixamos iludir por miragens terrenas, em vez de

buscarmos a felicidade no seguimento de Jesus, o


caminho, a verdade e a vida?

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Já reparou que dentro de nós há um desejo


enorme em buscar o alto? Vejamos nossa vida como
uma escada, se estamos em um degrau logo
queremos ir para o próximo, porque temos um desejo
que é o do “querer mais”.

Como estamos preenchendo esse desejo do


“querer mais”? Muitas vezes almejamos o sucesso
profissional, reconhecimento humano, fama,
dinheiro, etc.… Quando você tem um desejo é para
preencher sua felicidade, ou não? Ou você busca um
tal desejo seu para ser infeliz? Pois bem, as vezes nos
tornamos cegos e achamos que tais coisas vão nos
trazer felicidade, buscamos, buscamos e nada
encontramos. Depois de suprir tal desejo você vai em
busca de outro e nunca se encontra satisfeito.

“…buscai as coisas lá do alto, onde Cristo


está sentado à direita de Deus.” (Colossenses 3,1)

Se já ressuscitamos com Cristo, carregamos


na carne a batalha entre o velho e o novo homem.
Por natureza, somos propensos a buscar as coisas que
são do mundo, caminhando como era nosso costume
176
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viver quando ainda éramos filhos da desobediência,


em resposta às propostas do velho homem. Paulo,
neste capitulo, nos exorta a definir como prioridade a
busca pela comunhão íntima com o Criador, buscando
as coisas que são de cima, procurando anular e
mortificar a ação que a velha natureza exerce em nós,
buscando manifestar a vida que há em nós por Cristo

E, como foi dito um dia, “Em uma briga entre


dois cães, ganha o que você alimentar mais”. Temos a
necessidade de aprender a alimentar a nossa nova
natureza, encher dela totalmente nossa mente,
agindo em detrimento do velho homem, de tal forma
que não sirvamos ao pecado.

Para que possamos buscar as coisas que são


de cima, Paulo nos indica alguns passos a seguir: 

1. (Col 3,2) PENSAI NAS COISAS QUE SÃO DE


CIMA

Manter o foco nas coisas que são do alto, e


não nas terrenas, uma vez que estamos morto para
este mundo e agora nossa vida está em Cristo.

2. (Col 3,5) MORTIFICAI OS VOSSOS


MEMBROS

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Precisamos de esforço para inutilizar a força


do pecado. As atitudes da velha natureza devem ser
duramente tratadas.

3. (Col 3, 10) VESTI-VOS DO NOVO

Buscar profundidade no conhecimento de


Deus, de forma a sermos como a imagem daquele
que nos criou. Despidos do velho homem e seus
efeitos, vivamos em verdade, justiça e santidade. 

4. (Col 3,12) REVESTI-VOS COMO ELEITOS DE


DEUS

Demonstrar a nova natureza através das


virtudes nas ações e reações, agindo com
misericórdia, benignidade, humildade, mansidão,
longanimidade,

com disposição para suportar e perdoar uns aos


outros assim como Cristo nos perdoou. 

5. (Col 3,14) REVESTI-VOS DE AMOR

Marcas essenciais do cristão devem ser o


amor e perdão
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O saudoso Pe. Léo identificou esta busca das


coisas do alto com a “História do Bambu”: “Depois de
uma grande tempestade o menino, que estava
passando férias na casa do seu avô, o chamou para a
varanda e falou:

- "Vovô, corre aqui! Me explica como esta


figueira, árvore frondosa e imensa, que precisava de
quatro homens para abraçar seu tronco, se quebrou,
caiu com vento e com chuva, e.... este bambu tão
fraco continua de pé?" - "Filho, o bambu permanece
em pé
porque teve a humildade de se curvar na hora da
tempestade. A figueira quis enfrentar o vento. O
bambu nos ensina sete coisas.

Se você tiver a grandeza e a humildade dele,


vai experimentar o triunfo da paz em seu coração."

A primeira verdade que o bambu nos ensina,


e a mais importante, é a humildade diante dos
problemas, das dificuldades. Eu não me curvo diante
do problema e da dificuldade, mas diante daquele, o
único, o princípio da paz, aquele que me chama, que
é o Senhor.

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Segunda verdade: o bambu cria raízes


profundas.
É muito difícil arrancar um bambu, pois o que ele tem
para cima ele tem para baixo também. Você precisa
aprofundar a cada dia suas raízes em Deus na oração.

Terceira verdade: Você já viu um pé de


bambu sozinho? Apenas quando é novo, mas antes
de crescer ele permite que nasça outros a seu lado
(como no cooperativismo). Sabe que vai precisar
deles. Eles estão sempre grudados uns nos outros,
tanto que de longe parecem uma única árvore.

Às vezes tentamos arrancar um bambu lá de


dentro, cortamos e não conseguimos. Os animais
mais frágeis vivem em bandos para que desse modo
se livrem dos predadores.

A quarta verdade que o bambu nos ensina é


não criar galhos. Como tem a meta no alto e vive em
moita - comunidade - o bambu não se permite criar
galhos.

Perdemos muito tempo na vida tentando


proteger nossos galhos, coisas insignificantes a que
damos um valor inestimável. Para ganhar é preciso

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perder tudo aquilo que nos impede de subirmos


suavemente.

A quinta verdade é que o bambu é cheio de


“nós” (e não de eu’s). Como ele é oco, sabe que se
crescesse sem nós seria muito fraco. Os nós são os
problemas e as dificuldades que superamos. Os nós
são as pessoas que nos ajudam, aqueles que estão
próximos e acabam sendo a força nos momentos
difíceis. Não devemos pedir a Deus que nos afaste dos
problemas e dos sofrimentos. Eles são nossos
melhores professores, se soubermos aprender com
eles.

A sexta verdade é que o bambu é oco, vazio


de si mesmo. Enquanto não nos esvaziarmos de tudo
aquilo que nos preenche, que rouba nosso tempo,
que tira nossa paz, não seremos felizes. Ser oco
significa estar pronto para ser cheio pelo Espírito
Santo.

Por fim, a sétima lição que o bambu ele só


cresce para o alto. Ele busca as coisas do Alto. Esta é a
sua meta

E aconteceu que, estando elas muito


perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas

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dois homens, com vestes resplandecentes. E, estando


elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o
chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente
entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. (Lc.
24.4-6) Portanto, se já ressuscitastes com Cristo,
buscai as coisas que são de cima. (Colossenses 3:1)

Se eu busco as coisas do alto, meus atos


revelarão o que eu busco; eles terão um caráter
celestial, porque têm de necessariamente seguir a
inclinação do meu coração. E não apenas isso.

Se estou buscando as coisas de cima, não há


como perseguir as coisas deste mundo; as coisas de
onde Cristo está são totalmente opostas às coisas
onde Cristo esteve e foi rejeitado.

E quanto mais minhas atitudes refletirem e


confirmarem minha busca, mais ela será ardente e
profunda.

E não estarei apenas buscando, mas também


pensando nas coisas celestiais, e não nas desta terra.

Estamos peregrinando no mesmo lugar onde


ele não está mais.

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E como podemos saber o que O agrada, a


não ser que estejamos em íntimo contato com o lugar
onde o Senhor está?

Obviamente não podemos andar em pleno


acordo com o Senhor Jesus, que está no céu, se não
buscarmos as coisas do alto, onde ele está assentado
à destra do Pai.

Quando tomamos essa decisão, nossos olhos


se voltam automaticamente das coisas do mundo, e
nos encontramos em comunhão com o Senhor no
lugar onde ele está.

O anseio do coração está ligado ao cenário


onde somos abençoados com todas as bênçãos
espirituais. Se assim não for, iremos cair novamente
nas coisas sobre as quais ele triunfou pela
ressurreição.

Qual o sentido de buscarmos as coisas do


alto? A carta de Paulo aos Colossenses no diz, pois lá
se encontra Cristo. Quanto mais procuramos “subir”,
nos encontramos mais próximos de Jesus, isso é a
santidade, procurar ir ao encontro de Jesus, Buscai as
Coisas do Alto.

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Essa caminhada para o Alto, não é fácil,


surgem provações, e é resistindo a elas que
crescemos.

Quando se sobe uma escada, é preciso fazer


um esforço para subir cada degrau e quanto mais se
sobe, mas se exige de nossa energia, mas todo
sacrifício para com Deus é Santo e nos leva a Salvação
eterna!

  Quer ser feliz? Busque as coisas do Alto.


Aqui está o testemunho do padre Léo: “Esta é a
grande palavra que Deus trouxe ao meu coração
neste tempo. “A doença me tirou tudo: não consigo
mais andar sozinho, não enxergo direito. Estou cego
do olho direito e vejo apenas cerca de 40% com o
olho esquerdo. Mas veio ao meu coração: “Ai de mim
se eu não evangelizar” (1 Coríntios 9 16b). Se
dependesse da minha vontade, eu estaria em todos
os eventos que estavam previstos na minha agenda
para este ano. Mas não depende de mim. Apesar
disso, há coisas que eu posso fazer.

Eu sabia que precisava estar aqui nesses dias


para cantar a vitória de Deus na minha vida. O câncer
tira tudo de nós, tira a nossa dignidade. Nós nos
tornamos como um “trapo” em cima da cama. Passei
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muita vergonha diante até de pessoas desconhecidas,


que precisavam trocar as minhas fraldas. Mas
permanece a Fé. Essa ninguém tira. Quem tem Fé não
perdeu nada, pois ela nos projeta quando estamos
mais cansados e doloridos.

  Na vida, só é derrotado quem não tem


verdadeiros amigos e Jesus. Pois, quando temos
amigos que são amigos de Jesus, a nossa vida ganha
um novo sentido. Por mais “pesados” que estejamos,
nós ainda aspiramos às coisas do Alto.

A Palavra de Deus diz: “Vossa vida está


escondida com Cristo em Deus” (Colossenses 3,3).
Tenho dó de quem não tem fé, pois esta é a única
coisa que não nos será tirada. Eu já tinha dó de gente
feia, agora tenho muito mais de quem não tem
Jesus.”

Busco o alto, faço do meu alvo o Céu, e eu


sei que não vencerei sozinho, pois minha família e
meus amigos estão ao meu lado, junto a mim nesta
caminhada para o Alto, nós venceremos em Cristo!

“É preciso ter uma meta, e a nossa meta é


muito grande. Quem se acostuma com coisa
pequena, não pode ir para o céu. O céu é para quem

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sonha grande, pensa grande, ama grande e tem


coragem de viver pequeno. Isso é o céu” ((excerto da
Palestra: Buscai as Coisas do Alto” – (Pe. Léo –
Comunidade Canção Nova 7/08/2012).

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Lá na primeira série do ensino


fundamental, no colégio onde eu estudava Todas as
quartas- feiras, nós, alunos, éramos obrigados a
cantar o hino nacional e o hino da bandeira antes de
começar as aulas. Aquilo para mim não passava de
uma obrigação do tipo: ah, tenho que cantar este
hino de novo! No início era muito legal cantá-lo, mas
com o tempo, o hino nacional se tornou simples
palavras... Da mesma forma como ocorreu comigo em
relação ao hino nacional e ao hino da bandeira,
milhões de pessoas transformaram esta oração “Pai
Nosso” em meras palavras! Vamos restaurar hoje, a
preeminência magnificência desta oração.

Eis como deveis rezar: Pai nosso, que estás


ns céu, santificado seja o teu nome; Venha a nós o
vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na
terra como no céu” Mateus 6,9-10

Quando declaramos ‘Venha o teu


Reino’ expressamos a rendição à soberania do
Senhor e, além da rendição, clamamos pela vinda
do Salvador, e clamamos por sua graça no tempo
presente. O ‘Reino’ tem um princípio e uma
finalidade... O princípio deste Reino e oração é: a
exaltação do Filho de Deus.
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“Por isso, Deus o exaltou soberanamente, e


lhe outorgou o nome que está acima de todos os
nomes; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o
joelho no, na terra, e debaixo da terra, e nos infernos.
E toda a língua confesse para glória de Deus Pai, que
Jesus Cristo é o Senhor.” Filipenses 2:9-1

Quando oramos para que o Reino de Deus


venha, oramos para que a salvação, e glória, e honra,
e poder do nosso Senhor seja manifesta em nossas
vidas. Oramos para que o Governo de Deus seja
estabelecido em terra.

Precisamos entender a responsabilidade


desta oração e cooperar para os propósitos de Deus.
Somos embaixadores de Deus, representantes
máximos deste Reino, somos resposta para um povo.

Será que realmente sabemos a finalidade


deste ‘Reino’? A finalidade é prepararmos o trono do
Senhor, para Ele reinar para sempre... “O sétimo anjo
tocou a trombeta, Ressoaram então no céu altas
vozes, que diziam: O império de Nosso Senhor e de
seu Cristo estabeleceu-se sobre o mundo, e Ele
reinará pelos séculos dos séculos”. (Apo 11, 15)
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A missão será cumprida até o fim. O trono de


Davi será dado a Jesus e a todas as nações como
herança (Conf. I Reis 9,5). Nosso trabalho é
construirmos este Reino e torná-lo expansivo.

Vamos entoar esta oração com fervor, com


exatidão e fé... Vamos adorar ao Único Digno...
Emanar a Glória de Deus... Centralizar o governo de
Jesus dentro dos nossos corações primeiramente, de
forma concisa! Sepultar o velho homem, Largar o
pecado, o passado, aceitar o chamado, viver o
verdadeiro evangelho, exercer a autoridade que nos
foi dada como sacerdotes, nação santa. Viver a
verdade do evangelho consiste nisso, estabelecer o
reino de Deus e fazer isso com responsabilidade e
acima de tudo, com temor!

Mas, o que é o Reino de Deus?

Importa buscar em primeiro lugar o Reino de


Deus e sua justiça (conf. Mat 24, 33)

Sua origem está diretamente ligado a Deus;

Ele não é deste mundo (Jo 18.36) e


representa a atuação exterior visível de Deus, através
dos homens que aceitaram a Cristo;

190
191

Ele é universal, inclui todos os seres que se


submetem a Deus (anjos, igreja, etc. – Lc 13.28-29; Hb
12.22-23);

Ele é uma demonstração do poder divino em


ação que começa no coração das pessoas (Jo 14.23);

Ele não é apenas uma filosofia de vida, não


consiste apenas em palavras, mas em poder (I Cor
4.20)

Ele não é uma religião humana (teoria ou


conhecimento), não está vinculado no domínio social
ou político sobre governos ou reinos deste mundo;

Seu propósito não é redimir ou reformar o


mundo através do ativismo com ações violentas e
arbitrárias (Jo 18.36) “O meu Reino não é deste
mundo! Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus
seguidores lutariam para não deixar que eu fosse
entregue aos líderes judeus. Mas o fato é que o meu
Reino não é deste mundo!”;

O Reino se estabelece no coração das


pessoas através do arrependimento (Mc 1.15);

A chegada do Reino no coração de alguém


marca o início da destruição do domínio de satanás
(Jo 12.31-16.11), do livramento das forças
191
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demoníacas (Mc 1.34,39; 3.14,15; At 26.18) e do


pecado (Rm 6, 1ss);

A Igreja não é o Reino, por isso devemos


pregar o Reino e não a Igreja. Esta representa um
grupo de pessoas que experimentaram o Reino nos
corações;

O Reino estabelece a Igreja, através dela o


Reino se revela ao mundo;

A Igreja não edifica o Reino, mas dá


testemunho do Reino (Ef 3.10) “E isso aconteceu a fim
de que agora, por meio da Igreja, as autoridades e os
poderes angélicos do mundo celestial conheçam a
sabedoria de Deus em todas as suas diferentes
formas”

A Igreja é um instrumento do Reino, através


dela os sinais e maravilhas são manifestos para glória
de Deus;

É nossa responsabilidade buscar o Reino de


Deus “Desde a época de João Batista até o
presente, o reino dos céus é arrebatado à força, e são
os violentos que conquistam” (Mat 11, 12). Devemos
esforçar para romper com práticas pecaminosas e

192
193

imorais, pagar o preço da renúncia para alcançar o


Reino de Deus;

O que é a justiça de Deus?

A justiça de Deus é o modo de Deus agir.


Amor é a natureza de Deus, santidade é a disposição
de Deus e glória é o próprio ser de Deus. Justiça, no
entanto, é o proceder de Deus, Sua maneira e Seu
método.

Uma vez que Deus é justo, Ele não pode


amar o homem meramente conforme o Seu amor. Ele
não pode conceder graça ao homem meramente
conforme Ele quer. Ele não pode salvar o homem
meramente conforme o desejo do Seu coração. É
verdade que Deus salva o homem porque o ama. Mas
Ele deve fazê-lo de um modo que esteja de acordo
com Sua justiça, Seu proceder, Seu padrão moral, Sua
maneira, Seu método, Sua dignidade e Sua
majestade.

A vinda de Jesus foi uma exigência da justiça


divina. Se houvesse amor sem justiça, o Senhor Jesus
não teria necessidade de vir à terra e a cruz teria sido
193
194

desnecessária. Por causa do problema da justiça, o


Senhor Jesus teve de vir. Sem justiça, Deus poderia
salvar-nos do modo que quisesse. Ele poderia ignorar
nossos pecados ou perdoá-los levianamente;

Quando o pecado entrou no mundo, o


governo de Deus foi danificado. Sua ordem
determinada no universo foi quebrada; Sua glória foi
esmagada; Sua santidade foi profanada; Sua
autoridade foi rejeitada e Sua verdade foi
distorcida. Quando o pecado entrou no mundo,
Satanás riu e os anjos testificaram que o homem tinha
falhado e caído. Se Deus tivesse de julgar o pecado
sem misericórdia, Ele agiria sem amor. Mas, se Ele
ignorasse os pecados do homem sem julgá-los, Ele
agiria sem justiça. Porque Deus ama ao mundo e ao
mesmo tempo é justo, Ele teve de enviar o Senhor
Jesus até nós. Por ser justo, Ele teve de julgar o
pecado. Porque Ele é amor, Ele teve de suportar o
pecado do homem em seu lugar. Deus sofre o
julgamento e a punição devidos ao homem, porque
Ele é amor. Sem julgamento, não vemos justiça; com
julgamento, não vemos amor. Contudo, o que Ele fez
foi suportar o julgamento em nosso lugar. Dessa

194
195

forma, Ele manifesta tanto Seu amor como Sua justiça


em Jesus Cristo.

O que significa a expressão “buscar o Reino


de Deus e sua justiça”

Imagine que você deve um grande quantia


de dinheiro para outra pessoa. Quando você pegou
esse dinheiro, você assinou uma promissória
alegando que pagaria a dívida numa determinada
data. No dia do pagamento você vai até o seu credor
e lhe diz que não pode pagar a dívida e então ele te
devolve a promissória e diz que você não precisa
pagar nada. Se ele te devolver a promissória sem
receber o dinheiro, mesmo que o faça por amor não
estará sendo justo. Se Deus nos perdoasse
gratuitamente, Ele não seria justo. Perdoar a dívida
gratuitamente poderá influenciar negativamente a
pessoa perdoada, ela poderá achar que o dinheiro
dos outros é fácil de ganhar.

Agora suponha que o credor seja justo, mas


não queira que o devedor pague sua dívida, o que
fazer? Exemplo: Um certo irmão devia grande quantia
à outro e não podendo pagar foi até o credor para
negociar sua dívida. O credor lhe disse para ir pra casa
que iria pensar numa forma de receber a dívida, mas
195
196

antes disso o credor já tinha enviado um envelope


com a quantia de dinheiro equivalente a dívida para a
esposa do devedor. Quando este chegou em casa a
sua esposa lhe entregou um envelope com a quantia
de dinheiro, ao abrir o envelope ele entendeu a
mensagem e no dia seguinte procurou seu credor e
lhe pagou a dívida (com seu próprio dinheiro), então
o credor lhe devolveu a promissória.

Do mesmo modo, Deus sabia que não


tínhamos como pagar-lhe nossa dívida, então ele
enviou Jesus Cristo até a cruz e hoje quando nos
aproximamos dele por Jesus, automaticamente o
Senhor nos perdoa os pecados. Essa é a manifestação
da graça e perdão de Deus as pessoas que se
arrependem dos seus pecados. Ele nos dá Jesus Cristo
como penhor. Se Deus não cobrar-nos pelos erros,
não há justiça. Se não pagarmos pelos erros, não há
amor. O próprio Deus nos cobra, então sua justiça é
mantida. O próprio Deus paga nossa dívida, assim o
amor é mantido.

Buscar o Reino de Deus significa priorizá-lo


acima de qualquer pessoa ou coisa em nossa vida.
Buscar a justiça de Deus é reconhecer sua graça
através de Jesus Cristo e fazer sua vontade.
196
197

Pensar sobre a vida é algo que todos nós


deveríamos fazer regularmente. Volta e meia
poderíamos parar, pelo menos por alguns instantes,
tudo o que estamos fazendo, retirarmo-nos para um
local quieto e refletir. No entanto, vivemos em um
mundo tão corrido que parece que esta atitude não
tem muita importância. O que vale é o aqui agora.
Somos a sociedade do instantâneo. E, infelizmente,
isso passou a fazer parte não somente das coisas que
usamos, mas sim de nossos relacionamentos, de
nossas esperanças, enfim, de nossas vida.

Mas, que tal tentar fazer isto agora mesmo?


Pare por um momento... Pense sobre sua vida...
Sobre seu passado... Sobre seu futuro...
Principalmente sobre seu futuro... Então responda
para você mesmo: Onde está Deus em sua vida? Qual
a posição que Ele ocupa? Seja sincero, afinal só você e
Ele sabem, realmente, a resposta. Agora, preste
atenção na posição em que Ele deve estar? “Buscai
primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas
coisas vos serão dadas em acréscimo.” Mateus 6,33.

Deus está dizendo a você que Ele deve


ocupar o primeiro lugar em sua vida. Para Ele, a
segunda colocação já não serve. Ou Ele está em
197
198

primeiro, ou nada. Talvez você não concorde com


isso. Talvez você até ache isto, de Deus em primeiro
lugar, muito bonito, mas para você esta posição é
para os outros. Bem, se você é um destes, desculpe-
me, mas não é para você que estou escrevendo. 

Agora, se você é um daqueles que concorda


com esta prioridade, e reconhece que não a tem
posto em prática, mas deseja ardentemente que isto
seja real em sua vida, faça o seguinte: Diga isso a
Deus! Confesse a Ele que é um pecador e que precisa
Dele acima de qualquer pessoa ou coisa. Tenho
certeza que Ele lhe mostrará a vida: “Jesus lhe
Respondeu-: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” (João 14,6).

Vejo muitas pessoas que estão à espera de


vitorias, então vivem aprisionadas a textos bíblicos
que prometem vitória ou a pessoas que profetizam
bênçãos e mais bênçãos.

Deixa-me dize-lhe uma coisa: Expectativa


significa esperança fundada em promessas,
viabilidades ou probabilidades: a expectativa de um
bom negócio. Ansiedade, esperança: estar na
expectativa de acontecer.  Acorde para a necessidade
de ouvirmos Jesus Cristo o nosso Mestre. Há dois mil
198
199

anos atrás e um pouquinho mais Ele já ensinava dos


males de viver uma vida focada para o futuro. “Não
vos preocupeis com o dia de amanhã (Mat 6,34). Essa
pratica causa ansiedade, pressão arterial alta em
outros baixa, um pico de stress altíssimo. 
ㅤ Jesus nos ensina a não vivermos em função do prazer
do corpo: “Não vos aflijais, nem digais: Que
comeremos? Que beberemos? Como nos vestiremos?
São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora
vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso.”
(Mat 6, 31-32). ㅤ 

Quando Jesus diz: Buscai em primeiro lugar o


reino de Deus. Ele está convidando você para se
posicionar como filho ou filha de Deus, no Reino de
Deus. Os filhos tem deveres, mas tem direitos.
Normalmente, a consequência desse posicionamento
é receber os cuidados de Deus. 

Independentemente do que você esteja


passando seja servo, sirva ao Senhor com amor,
distribua o amor que Ele colocou em você. A
ansiedade é pecado é ausência de fé.

Tem uma canção que diz “caminhando vou


para Canaã”, vamos caminhar em busca da terra
prometida. Você pode viver no mundo com olhos
199
200

para o alto. Mas se você olhar muito para o alto, isto


é alienado de sua condição humana, na expectativa
ansiosa de receber vitória você pode tropeçar e cair. 

Os consultórios dos psiquiatras e de


psicólogos estão cheios de cristãos, inclusive padres,
por problema de stress. Viver o presente e ser grato
pelo dia de hoje, traz Paz a alma. Viver no presente na
convicção de que o futuro cabe a Deus e Deus é bom,
é viver uma vida de gratidão.

 Não precisa ninguém dizer para mim o que


Deus vai fazer na minha vida que eu receberei tais
vitorias. Eu tenho um livro chamado Bíblia que me
garante ser um cristão vitorioso. A minha garantia
está registrada na Bíblia.

Lembre-se Abraão recebeu promessa de


Deus de prosperidade, solução matrimonial a vinda
de um filho, ansiedade para que acontece logo levou-
o a oscilar, mentir e Sara não aguentou esperar pela
vitória deu um jeitinho que hoje chamaríamos de um
jeitinho brasileiro. E as consequências não foram
boas.

A vitória na vida do cristão é consequência


de uma vida de bom relacionamento com Jesus

200
201

O conceito de um reino em que só existisse o


bem-estar, a paz, é muito anterior à própria vinda do
Mestre Jesus entre nós há pouco mais de dois mil
anos.

Há uma história que nos leva a refletir sobre


essa questão:

No fundo de um lago, de água cristalina, há


uma pérola de valor inestimável. Entretanto, para que
a pérola possa ser vista da superfície, é indispensável
que as águas estejam tranquilas; se estiverem
agitadas pelo vento, a pérola continuará no mesmo
lugar, mas não poderá ser vista. A porção de água do
lago corresponde à nossa alma. Da mesma forma que
não dá para enxergar através das águas agitadas, não
dá para perceber o Reino de Deus, através de nossas
almas agitadas. Apenas quando as águas serenam, a
pérola pode ser vista. Da mesma forma, apenas
quando a alma for serenada, quando tivermos a nossa
alma livre das perturbações inerentes ao apego a
questões materiais, o Reino de Deus, que é a mais
valiosa entre todas as pérolas, poderá ser percebido.
(Autor desconhecido)

  Quantas vezes já ouvi mensagens, canções


ou até mesmo palavras individuais com uma
201
202

interpretação quase que unânime deste texto da


seguinte maneira: “buscai primeiro o reino de Deus e
todas as coisas vos serão acrescentadas” ... Mas não é
isso que o texto nos diz. 
   Lendo cuidadosamente o contexto, vemos Jesus
falando claramente de alimentos, vestes e do cuidado
que Deus dispensa a todas as coisas criadas. Sua
maravilhosa provisão vai desde os pardais, lírios do
campo, até a coroa da sua criação: os homens. 

Daí a ordem: Busquem em primeiro e creio,


em único lugar, o seu Reino e todas essas coisas nos
serão acrescentadas. Percebi como uma só palavra
faz toda a diferença. Jesus não nos fala "todas as
coisas", mas todas "essas coisas". A que coisas Jesus
se refere? Obviamente ao que vinha falando
anteriormente: vestes, alimento, enfim, sua
maravilhosa provisão. 

Jesus nunca nos prometeu coisas do tipo


carro, casa, casamento... Jesus nos prometeu cuidar
de nós, e dar-nos aquilo que é necessário para
sobrevivermos. Paulo estava absolutamente cônscio
disso quando escreveu a Timóteo: Tendo alimento e
vestuário, contentemo-nos com isso.” (1ª Timóteo
6,8). 
202
203

É lamentável a barganha que se faz hoje


com base nesse versículo tão simples e maravilhoso.
Vemos uma espécie de “conselho” a descrentes e até
aos novos na fé: "busquem o reino de Deus e todas as
coisas serão acrescentadas" e é óbvio que quem
assim fala, pensa nesta barganha: "faça isto e
ganharás aquilo ..." 

Hoje compreendo que tal mensagem é


inaceitável por fugir da essência divina. Não é do
caráter de Deus barganhar com o homem. Ele nunca
nos prometeu nada além daquilo que realmente
precisamos: comer, vestir... Busquemos o reino de
Deus, jamais pensando em obter algo em troca.
Penso que nossa função é: cuidar das coisas do Reino,
e Ele certamente cuidará de nós. 

Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a


sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por
acréscimo.”

Jesus assume conscientemente a escolha do


Messias pobre e humilde, que confia somente na
força da palavra de Deus. E abre o mesmo caminho
para os discípulos de todo tempo. “Ninguém pode
servir a dois senhores... Não podeis servir a Deus e à
riqueza” (Mt 6,24).
203
204

O dinheiro resume em si mesmo todos os


ídolos e as armadilhas que, com a falsa promessa da
autogarantia, submetem o homem e a mulher a
formas de escravidão sempre novas. O urgente
convite de Jesus para, “não vos preocupeis com a
vossa vida” (6,25), com certeza esse não é um convite
para não assumirmos o compromisso responsável que
cada um tem que assumir frente às justas exigências
da existência.

Ao contrário, Jesus pretende colocar no


centro o que é verdadeiramente essencial: a
cuidadosa ação de Deus para com cada um dos seus
filhos e filhas, cuidado que vai bem além daquele
cuidado zeloso que, por instinto maternal, tem para
com seus filhos, qualquer mãe que não seja
desnaturada (Conf. Isa 49, 14-15).

É a confusão entre o essencial e o


secundário, que destrói a nascente da verdadeira vida
no coração da pessoa, e transforma seu empenho por
um objetivo que pode se revelar errôneo, em
desperdício da energia vital.

Esta é a crítica pontual, embora cheia de


amor, que Jesus faz a Marta, sua amiga e hóspede tão
generosa: “Marta, Marta, tu te preocupas e te
204
205

inquietas com muitas coisas, quando uma só é


necessária. Maria escolheu a parte melhor, que não
lhe será tirada” (Lc 10, 41-42). Maria tinha dado a
precedência à escuta sedenta de Jesus e à
comunicação profunda e doce que tal escuta criava
entre Jesus e seus amigos. Esta ao fim era a razão que
tinha feito daquela casa de Betânia, a casa da
amizade e da alegria, e que a própria Marta pretendia
servir no seu afã.

Jesus orienta os discípulos na mesma direção


de atenção ao que é essencial: o dom da vida
recebida pelo Pai, e o cuidado zeloso com que o Pai
providencia, com generosidade ímpar, mesmo aos
seres mais frágeis, como os pássaros e as flores do
campo. Eles ficam expostos a toda imprevisibilidade
do tempo e das estações, e o Pai não deixa lhes faltar
nada, pelo contrário, os reveste de beleza e esplendor
com toda gratuidade.

“Vós não valeis mais do que os pássaros?


Não fará ele muito mais por vós, gente de pouca
fé?” (Mt 6, 26,30). A contemplação da beleza, da
harmonia e da ordem que o olho simples descobre
com maravilha na natureza, assim como na história,
abre a mente e o coração ao estupor, diante da
205
206

criatividade fantasiosa de Deus e da sua fidelidade ao


ter cuidado dela. Hoje os instrumentos de altíssima
tecnologia à nossa disposição nos permitem dilatar
quase ao infinitamente pequeno e ao infinitamente
extenso a contemplação extasiada das maravilhas do
Senhor, já cantadas pelo salmista (cf. Sl 8,4)
Pensemos nos detalhes sempre menores alcançados
pelos microscópios eletrônicos e, de outra parte, nas
profundidades cósmicas a que se dirigem os olhos dos
telescópios de última geração como o Kepler,
recentemente lançado no espaço, e que continua
descobrindo inúmeras estrelas além do nosso sistema
solar.

É precioso e urgente recuperar o olhar


simples das crianças, capazes de se maravilhar diante
da beleza que resplende na criação, na história da
humanidade, nas vicissitudes de cada um de nós.
Assim a Providência do Pai, à qual nos convida Jesus,
como o centro dinâmico que alimenta nossa vida e
nossa liberdade, assume a consistência do nosso
tempo, do nosso nome, e fundamenta o nosso
verdadeiro empenho, a serviço do reino de Deus e da
sua justiça, em prol dos nossos irmãos.

206
207

“Só em Deus repousa a minha alma, só dele é


que me vem a salvação; minha fortaleza: jamais
vacilarei” (Sal 61(62), 2-3).

Jesus não ensina a despreocupar-se e a se


subtrair às próprias responsabilidades da vida, seja
em relação a si próprio, seja em relação aos outros,
mas convida a restabelecer a correta escala das
prioridades e das preocupações.

Quando Israel chega à terra de Canaã, a terra


recebida como dádiva pelo Senhor, e que o povo
agora tem que cultivar e promover com
responsabilidade e criatividade, o Senhor admoesta o
povo para que “não esqueça” a experiência do
deserto. Não se identifique simplesmente com o bem-
estar material provindo das atividades agrícolas, do
comércio ou da especulação e delícias na cidade.

“Lembra-te, porém, de todo o caminho que


Iahweh teu Deus te fez percorrer durante quarenta
anos no deserto, a fim de humilhar-te, tentar-te, e
conhecer o que tinhas no teu coração... Não vás dizer
no teu coração: Foi a minha força e o poder das
minhas mãos que me proporcionaram estas
riquezas” (Dt 8, 2; cf. 8, 1-20).

207
208

Esquecer a experiência do deserto significaria


perder a mais profunda identidade de povo de Deus,
chamado a viver a fraternidade entre seus membros,
e não a cobiça de ter sempre mais bens materiais,
narcotizando a alma e destruindo as relações.

Talvez a admoestação do Senhor a Israel


ressoe com renovada urgência e verdade para nós
hoje. Graças ao desenvolvimento econômico mundial
e do Brasil, milhões de pessoas estão saindo da
condição de pobreza e de falta de dignidade, e
ganhando novas oportunidades para se promover ao
nível social, cultural e econômico.

O novo desafio para a missão evangelizadora


da Igreja, isso é o desafio de cada um de nós, neste
novo contexto histórico, é o de contribuir a um
processo de desenvolvimento integral das pessoas e
da sociedade, a fim de que o crescimento numa fé
mais formada, e na experiência do Senhor, possam
acompanhar o desenvolvimento social, ajudando as
pessoas a se manterem abertas às dimensões mais
profundas da existência humana: “o reino de Deus e a
sua justiça”.

A Igreja depara-se com a mesma tentação de


Israel, que era a de “tornar-se como os outros povos”,
208
209

frente à modernidade. Confiar na força do evangelho,


ou no poder dos instrumentos que toda empresa
econômica e social quer à sua disposição, para
potencializar sua imagem? Eis a questão!

Como tornar-se “memória viva e crível” da


primazia de Deus, e do seu amor que chama, escolhe
e sustenta cada um em Cristo, para que as
experiências inevitáveis de “deserto” e de duras
provações ao longo da vida tornem-se caminho para a
vida plena?

No deserto Deus cuida do seu povo, dando o


maná cotidiano e a água viva que jorra da rocha. Ao
mesmo tempo, porém, acompanha o dom com a
indicação de recolher cada dia somente a porção
suficiente para satisfazer as necessidades do dia. Ele
entende promover e verificar a capacidade de confiar
no Senhor (Ex 16,4). Deus providencia o maná a cada
dia em superabundância. E se alguém tenta guardá-lo
para o dia seguinte, com o intento de garantir a si
próprio, o maná estraga (cf. Ex 16, 17 -21 0-pag 117).

A queixa pela dificuldade do deserto e a


monotonia de um alimento, garantido por Deus mas
“sem gosto”, exprime a recusa do povo em ficar
dependente de quem tem cuidado por ele, e a
209
210

vontade de afirmar a própria independência. Mesmo


se essa possa pedir um preço muito alto: a renúncia
ao caminho desafiador para a liberdade e uma nova
submissão à velha escravidão, dura, mas com a
aparência de satisfazer as necessidades mais
imediatas (Ex 16, 2-3 – pág. 117). A liberdade, e
sobretudo, a liberdade no amor, incute sempre medo.

Jesus, pelo contrário, abre o caminho da


nova humanidade com a perturbadora perspectiva
das bem-aventuranças, e sua afirmação central:
“Felizes os pobres no espírito, porque deles é o reino
dos Céus” (Mt 5,3). Mais do que constituírem o
programa fundamental da sua pregação e missão,
estas palavras nos oferecem o retrato íntimo de
Jesus, e deixam vislumbrar o dinamismo profundo
que guiou a sua inteira existência, até manifestar-se
plenamente no grito confiante na cruz: “Pai, em tuas
mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23,46).

Com a força simbólica da liturgia das horas,


cada noite, ao celebrar as Completas, a Igreja nos
convida a nos unirmos ao grito confiante de Jesus,
renovando a entrega da nossa vida ao Pai. -
Completas é a oração da Liturgia das Horas que
cumpre jornada, rezada ao final do dia; é como a
210
211

síntese dos sentimentos, trabalhos, alegrias e fadigas


de um dia. Mas é símbolo de todos os dias e de todas
as atividades, através das quais realizamos nossa
missão no mundo. É o selo de uma existência
vivenciada no sinal do reconhecimento e
agradecimento a Deus, da sua presença fiel ao nosso
lado, enquanto desenvolvemos nossas
responsabilidades e iniciativas em prol de nós
mesmos e dos irmãos.

“O Senhor se tornou o meu apoio, libertou-


me da angústia e me salvou porque me ama”
(Antífona de Entrada - Sal. 17, 19-20).

Em pleno século XXI, a humanidade cada vez


mais se afoga no materialismo e prioriza tudo para ter
uma vida de conforto, segurança e estabilidade,
muitas vezes somente financeira aonde se pensa
estar a felicidade.

Priorizar as coisas de Deus é decisão de


poucos e visto como loucura por um mundo cada vez
menos preocupado em viver o Evangelho. Desta
forma, o mundo se afasta de Deus e mergulha na
angústia, sem perceber o que Jesus disse a nós,
conforme nos narra o evangelista Mateus. 

211
212

É preciso buscar primeiro Reino de Deus e


sua justiça e tudo mais nos será dado por acréscimo.
Deus é providente, não nos deixa faltar nada e sabe
do que precisamos. Muitas vezes nos preocupamos
com uma série de coisas, que até são
importantes, mas que não podem ser mais
importantes que Deus.

Deus está sempre conosco, Ele cuida de nós,


é providente e misericordioso, vem em nosso socorro
e aquele que confia no Senhor sabe que nada lhe
faltará. Aquilo que realmente precisamos, Deus nos
dá.

Porem somos tentados a deixar faltar Deus


na nossa vida e quando isto acontece, falta-nos
tudo. Não existe felicidade mais mentirosa do que
aquela que é vivida sem a presença de Deus.

Sonhos, metas, projetos todos nós temos.


Isso não é ruim, ao contrário, faz parte da nossa vida
conquistar sonhos e realizar coisas. Mas onde fica
Deus na nossa lista de objetivos? Se Deus não for o
primeiro da lista, provavelmente ficará bem
mais difícil ou bastante vazia nossas conquistas.

Primeiro o Reino de Deus 

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213

Vale a pena buscar primeiro as coisas de


Deus pois os tesouros daqui passarão, mas Deus não
passará e quem Nele crer entrará na vida eterna, no
Reino de Deus que precisamos ajudar a ser
implantado. Afinal, só Deus basta!

Se tens a Deus, o que te falta?

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“Salva-te, se queres conservar tua vida. Não


olhes para trás, e não te detenhas em parte alguma
da planície...” (cf. Gn 19. 17).

Não te detenhas na planície, significa não se


agarrar às coisas pequenas, não perder tempo com
coisas insignificantes, não se deixar abater pelos
problemas e pelas dificuldades".

"Muitas e muitas vezes, fazemos uma


tempestade em copo d’água e, às vezes, o copo está
só pela metade".

"Por causa do pecado, tendemos a ficar


parados nas planícies da vida".

"Na hora da enchente, porém, a planície é o


primeiro lugar que se alaga".

"Quando ficamos presos às pequenas coisas


do cotidiano, não caminhamos em direção aos
grandes objetivos da vida, não progredimos na vida".
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219

"Deter-se na planície é permanecer


cultivando pequenas mágoas e ressentimentos".

"Um grande segredo para a felicidade: não


olhar para trás".

"O passado, por melhor ou pior que tenha


sido, não volta".

"Como a planície que se alaga, nossa vida


também acaba sendo alagada pelos problemas,
quando damos a eles importância maior do que
realmente têm".

"Além de não olhar para trás é preciso não se


deter, não parar, não estacionar".

"A vida é dinâmica".

"O Espírito Santo é movimento".

"O ser humano é inacabado".

"O mundo não está completo e pronto. Deus


nos confiou seu aperfeiçoamento".

"Triste de quem acha que já atingiu sua


meta".

219
220

"A moderna ciência de administração de


empresas hoje sabe que uma das causas que pode
provocar a falência de uma organização é o êxito".

"A empresa começa a falir quando se acha a


melhor, quando acredita ter atingido seus objetivos".

"A ideia do êxito causa acomodação. E a


acomodação acaba com empresas, casamentos e
comunidades".

"Outro grande perigo é a preguiça, que gera


a falta de garra". "No mundo das coisas fáceis,
criamos pessoas enfraquecidas, sem determinação,
sem coragem para lutar, sem garra e sem uma meta
na vida".

"As pessoas procuram emprego, mas não


querem trabalho. Quanto mais fácil, melhor. Só que
isso acaba transformando o ser humano num
fantoche, sem vontade, sem espírito de luta".

"Quem deixa levar pela lei do menor esforço


acabará se decepcionando, pois a vida é dura,
principalmente, com quem é mole".

220
221

"A vida é como andar de bicicleta: se parar,


cai, pois o equilíbrio vem do pedalar".

"É bom observar que a bicicleta tem duas


rodas e um guidão, ou seja, o equilíbrio depende
também de uma direção bem determinada".

"Quem não tem uma meta facilmente se


cansa. É preciso saber para onde ir e ser persistente
nessa direção".

"Quem estaciona na planície, além de ver


apenas o lado negativo de tudo, enxerga com lente de
aumento".

Nos dias em que vivemos, não são muitos os


que fazem a diferença. De um modo geral, as pessoas
não estão acostumadas a inovarem ou se
apresentarem de forma especial, trazendo propostas
e soluções novas, que tragam benefícios ao seu
contexto. A opção da maioria é apenas seguir a
cartilha da vida cotidiana e, está tudo bem, pois, o
bom é viver a normalidade da vida. Infelizmente, essa
síndrome da preguiça e da falta de criatividade, tem
afetado também o contexto da Igreja.
221
222

Muitos cristãos que vivem apáticos


espiritualmente e conformados com as propostas do
mundo acabam por não marcarem de forma efetiva a
sua geração com a glória de Deus. O chamado de
Deus para os seus filhos é levá-los a fazer diferença, e,
com suas vidas deixarem marcas que glorifiquem ao
Senhor. Davi é um exemplo de servo que fez a
diferença. Ele tem muito a nos ensinar e na lição de
hoje, veremos alguns valores que foram vividos por
esse grande homem de Deus e que serão
fomentadores para nos despertar no cumprimento de
nossa missão. Fomos chamados para fazer a
diferença.

"É preciso lutar com garra para se conquistar


o Reino".

"O Reino deve ser a nossa grande meta".

"Quem não tem uma meta definida pára em


qualquer obstáculo".

"Quem não sabe para onde vai, e o porquê


de sua caminhada, não chega a lugar nenhum".

"O mesmo ocorre com quem persegue duas


metas ao mesmo tempo: não atingirá uma e a outra
se perderá". "A acomodação gera isolamento".
222
223

"O acomodado não consegue viver em


comunidade, ele vive na comodidade".

"Quem não tem ideal deixa-se levar por


qualquer coisa".

"Comodidade gesta pessoas fechadas em si


mesmas".

"Não existe relacionamento sem conflitos. É


preciso superar os conflitos, achar soluções por meio
do diálogo, da partilha".

"Um precisa ceder. Ninguém pode se


considerar o dono da verdade. Afinal de contas, a
verdade nunca é relativa e nem subjetiva. Não existe
"a minha verdade".

"A vida é dinâmica. Quem não aprendeu a


superar seus problemas não conseguirá viver em
sociedade, não se conseguirá manter um bom
emprego, não saberá partilhar sua vida e sua fé numa
comunidade".

"A acomodação é uma das conquistas do


encardido. Seu grande projeto é fazer com que o ser
humano pense pequeno, fraco, dependente de coisas
e de pessoas, de cargos e de posições sociais".

"O ser humano é chamado a ser grande".


223
224

"No projeto de Deus, o ser humano foi criado


para ser o senhor da natureza e de todas as coisas
desse mundo".

"Deus nos criou parceiros. É preciso se


convencer da necessidade de multiplicar os talentos".

"Multiplicar. É a conta que Deus melhor sabe


fazer".

"Deus sempre une nossos esforços com as


suas graças".

"Quando a graça de Deus se encontra com


um espírito puro e batalhador, os milagres
acontecem". "Quem não multiplica seus dons acabará
perdendo tudo. É preciso frutificar os dons. Não
podemos nos acomodar, nunca".

"Não há desculpas para quem não frutifica


seus dons".

"A vida não tem pena de quem não luta".

"Se nos acomodamos, tornamo-nos pessoas


desanimadas, acostumadas às coisas fáceis, sem
espírito de luta".

"A vida não é fácil".

224
225

"O ser humano nasceu para se superar e


superar os obstáculos".

"Quem não partilha seus dons acaba


morrendo de fome na miséria".

"É preciso aprender a partilhar. Quem só


pensa em si resta somente a estagnação".

É urgente que se levantem homens e


mulheres de Deus para fazerem a diferença na terra.
Vidas, que sejam sal e luz em meio a um mundo
perdido e que precisa da Salvação de Jesus. Com Davi
pudemos aprender e apreender valores de bênçãos
que não podem ser esquecidos por esses que
almejam fazer a diferença. Esse é o caminho de Deus
para a vida de seus filhos; é dessa forma que seremos
usados para o louvor e glória do nosso soberano
Deus.

Peça ao Senhor a graça de fazer a


experiência do amor infinito, que cura, que restaura e
transforma sua história.

225
226

226
227

227
228

Queremos ver Jesus. Ansiamos por esta


presença, como diz o salmista: “Minha alma está
sedenta de vós, e minha carne por vós anela como a
terra árida e sequiosa, sem água”. (Sl 62,2). Onde
então encontrar Jesus? Onde saciar a sede da nossa
alma? Os discípulos André e João, que seguiram Jesus,
Fizeram-Lhe esta pergunta: “Mestre onde moras”? (Jo
1,38). Jesus lhes respondeu: “Vinde e vede. E os
discípulos foram aonde ele morava e ficaram com ele
aquele dia”. (Jo 1,39).

Se desejamos verdadeiramente ver Jesus,


encontrá-Lo, precisamos procurá-Lo onde Ele se
mostra a nós: no Santíssimo Sacramento. Não
precisamos procurar Deus no Céu. Ele está mais perto
do que você imagina. É certo que Deus está em toda
parte, mas precisamos que Ele se aproxime de nós de
forma visível e sensível, como o faz no Santíssimo
Sacramento. Na Eucaristia, Jesus não tem mais vida
exterior. Não tem mais relações sociais, como fazia,
por exemplo, em Betânia quando ia visitar seus

228
229

amigos, não vai mais às sinagogas evangelizar, curar


os doentes. Permanece ali no sacrário, prisioneiro do
amor, para estar vinte e quatro horas por dia a nossa
espera.

“Vinde e vede”. (Jo 1,39).

O que ainda estamos esperando para aceitar


o convite de Jesus? Ele espera que nos aproximemos
dEle com nossa humanidade, ou seja, com nossas
fraquezas, nossos defeitos de personalidade, de
caráter, de temperamento. Ele quer justamente
realizar em nossa vida uma transformação,
principalmente onde temos mais dificuldades, nas
áreas de perigo da nossa vida. É exatamente aí que
Jesus quer agir. O Sacrário é o lugar onde mora Jesus.
Diante dele podemos contar-Lhe as nossas
preocupações, sofrimentos, angústias... também as
nossas alegrias e vitórias, com a mesma simplicidade
e naturalidade com que fazemos com nossos amigos.
Quando vamos ao encontro de Jesus e nos deixamos
encontrar por Ele, percebemos que Sua presença vai
nos transformando em pessoas novas, melhores. É
em Jesus que morremos; morremos para nossa vida
velha, para as más inclinações que existem em nós.
São João Bosco sabiamente nos ensina: “Quereis que
229
230

o Senhor vos dê graças? Visitai-O muitas vezes no


Sacrário. Quereis que Ele vos dê poucas graças?
Visitai-O raramente”.

“Vós sois na verdade um Deus oculto!” (Isa


5,15). Esse Deus oculto tem muitas graças reservadas
para nós. Por que O abandonamos? Por que somos
tão incrédulos e indiferentes a Sua presença? Até
quando Jesus precisará nos fazer o convite: “Vinde e
vede!”. Busque a Ele e encontrará tudo...

230
231

UMA
TARD
E

COM
DEUS

Havia um pequeno menino que queria se


encontrar com Deus. Ele sabia que tinha um longo
caminho pela frente, portanto ele encheu sua mochila
com pastéis e guaraná, e começou sua caminhada.
231
232

Quando ele andou umas três quadras, encontrou um


velhinho sentando em um banco da praça olhando os
pássaros.

O menino sentou-se junto dele, abriu sua


mochila, e ia tomar um gole de guaraná, quando
olhou o velhinho e viu que ele estava com fome,
então lhe ofereceu um pastel. O velhinho muito
agradecido aceitou e sorriu ao menino. Seu sorriso
era tão incrível que o menino quis ver de novo, então
ele ofereceu-lhe seu guaraná.

Mais uma vez o velhinho sorriu ao menino. O


menino estava muito feliz e eles ficaram sentados ali
sorrindo, comendo pastel e bebendo guaraná pelo
resto da tarde sem falarem um ao outro.

Quando começou a escurecer o menino


estava cansado e resolveu voltar para casa, mas antes
de sair ele se voltou e deu um grande abraço no
velhinho. O velhinho deu-lhe o maior sorriso que o
menino já havia recebido.

Quando o menino entrou em casa, sua mãe


surpresa perguntou ao ver a felicidade estampada em
sua face. "O que você fez hoje que te deixou tão feliz?
Ele respondeu. "Passei a tarde com Deus" e

232
233

acrescentou: "Você sabe, ele tem o mais lindo sorriso


que eu jamais vi".

Enquanto isso, o velhinho chegou em casa


radiante, e seu filho perguntou: "Por onde você
esteve que te deixou tão feliz?" Ele respondeu: "Comi
pastéis e tomei guaraná no parque com Deus". Antes
que seu filho pudesse dizer algo ele falou: "Você sabe
que ele é bem mais jovem do que eu pensava?".

Deus está presente em cada um de nós,


nunca menospreze uma pessoa, nós somos sua
imagem e semelhança, abra os olhos e veja que Jesus
está ao seu lado. Nunca subestime a força de um
sorriso, o poder de uma palavra, de um ouvido para
ouvir, um honesto elogio, ou até um ato de carinho.

Jesus olha para cada um de nós e nos fala:


"Permanecei em mim e eu permanecerei em vós"
(João 15, 4).

Busquemos a Jesus! Ele simplesmente quer


nos Amar!

"Buscai ao Senhor, já que Ele se deixa


encontrar; invocai-O, já que está tão perto" (Isaías 55,
6).

233
234

No tempo de Jesus, a vida era difícil. Como


você deve saber, não havia água encanada, luz
elétrica, transporte fácil, supermercados, enfim, a
vida não tinha todas essas comodidades que, no dia
de hoje, a gente tem o costume de chamar
"essenciais".

Para fazer um percurso de uma cidade


a outra, durava-se quase um dia inteiro.

Então, pense comigo: aquela multidão que


seguia Jesus era muito disposta. Bastava saber onde
Jesus se encontrava e eles deixavam tudo para sair de
um lugar para outro atrás Dele

E são diversas as passagens na Bíblia, onde


encontramos gente que saía atrás de Jesus sem eira
nem beira, tendo, inclusive, em determinadas
situações, Jesus se compadecido desse povo, pois
eram como ovelhas sem pastor. Logo que sabiam que
Jesus estava ali, eles corriam para ouvir Suas palavras,
para pedir-Lhe um milagre e para aquecer o coração
com os ensinamentos e os preceitos que o Mestre
lhes dava.

Foi assim no Sermão da montanha, foi assim


que aconteceu o milagre da multiplicação dos pães,

234
235

logo após a cura da sogra de Pedro, onde ele teve que


despedir a multidão... Foi junto para se despedir da
multidão que Ele entrou numa barca onde
posteriormente ele teve que acalmar as
tempestades...

Quando eles estavam com o Mestre não


tinham fome, nem sede. Se preciso fosse, dormiam ao
relento. Para estar com o Mestre não havia um
obstáculo. Tudo era resolvível para eles.

Hoje, não precisamos andar léguas para ver


Jesus, pois Ele está vivo no meio de vós. Antigamente,
para vê-Lo, as pessoas sofriam, se gastavam, mas
hoje, Jesus está em muitas capelas espalhadas pelo
mundo. No entanto, são poucos os que buscam ouvir
Suas Palavras, pedir-Lhe curas e milagres, escutar os
Seus conselhos.

Você tem ido à igreja, ou à capela próxima da


sua casa? Lá está o mesmo Jesus que andava por
Jerusalém... É só dar uma chegadinha lá! Ele vai estar
o esperando. Quer falar ao seu coração, igual como
Ele falava para aquele povo. Quer curar você do
mesmo jeito que Ele curava enquanto caminhava no
meio daquelas multidões.

235
236

Mas ainda assim, talvez você não tenha uma


capela tão perto de você, ou talvez a capela próxima
da sua casa passe boa parte do tempo fechada. Mas
lembre-se, Ele está no meio de nós! Pegue a Bíblia,
leia, medite a Palavra. Jesus igualmente se manifesta.
Eleve o seu coração pela força de uma oração. Fale
com Deus. Ele o entende. Vamos, tente...

São Francisco de Assis é um grande exemplo


de Amor a Jesus Cristo! Seu respeito pela Igreja onde
Cristo se faz presente no Santíssimo Sacramento
impressiona! Conta a história que Francisco
juntamente com os seus discípulos, logo que
avistavam a cruz santa da Igreja e lembravam que ali
estava Nosso Senhor, se ajoelhavam em profunda
adoração!! Que carinho grandioso para com Jesus! 

Quantas vezes passamos em frente à alguma


capela e nem sequer lembramos em olhar para Jesus,
adorá-Lo, para contemplar tão grande e único Amor!
Pelo contrário, concentramos o nosso olhar para as
coisas exteriores, para a agitação que nos condiciona
a uma realidade fria e vazia.

Temos tempo para tudo: trabalho, estudos,


cursos, família, amigos, passeios, viagens, novelas,

236
237

futebol, e para Jesus... qual é o tempo que eu dedico


para adorá-Lo e visitá-Lo no Corpo Eucarístico que
anseia ser um comigo?! Sem Jesus, esse "tempo para
tudo" se torna "tempo para nada"! O que parece ser
de extrema importância, sem a Essência Divina, se
esvazia e se perde na concretude dos dias. Jesus está
lá, tão humilde, com tantas Graças a derramar sobre
mim, sobre você, e Ele espera ansiosamente a nossa
visita! 

"Porque é gratuitamente que fostes salvos


mediante a fé" (Efésios 2, 8). Jesus se dá por inteiro a
nós! Basta olharmos com os olhos do coração, da fé,
de profunda gratidão para com este Amor que é todo
Perfeição, todo Bondade, todo Ilimitado! Cada vez
que eu visito e adoro o Santíssimo Sacramento mais
eu me delicio com o Amor gratuito do Nosso Senhor!

Adoração significa mandar beijos! Jesus


espera ser íntimo na nossa vida, Ele quer ser olhado
por mim, ser olhado por você! Ele espera o nosso
carinho! Saiba: Jesus tem saudades de você! E o único
desejo de Jesus é amar você, meu irmão, na situação
que você se encontra, com a aparência que é própria
sua, com a sua personalidade! Você é único e o Amor
de Jesus Sacramento é Único por você!
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238

Que nessa troca de olhares com o Amado


você possa se impregnar de toda essa Doçura que é
característica fiel no Santíssimo Sacramento! Mande
um beijo pra Jesus, admire-O, agradeça-O pelo dom
da vida! Você é puro dom de Deus!

Quanto mais eu visito a Jesus, quanto mais


eu o Olho e aprecio tão grande Amor, quanto mais eu
ficar na Sua presença, mais semelhante a Ele eu serei!
Até com o jeitinho de Jesus eu vou ficar, vou pensar
como Ele pensou, sonhar como Ele sonhou, viver
como Ele viveu!! Quer ser santo? Esteja na
companhia de santos, de Jesus Sacramentado que
tantas maravilhas têm para te abençoar! Basta que
você tome posse das Graças que o Senhor tem
preparado para você!

"Agora, porém, graças a Jesus Cristo, vós que


antes estáveis longe, vos tornastes presentes, pelo
sangue de Cristo" (Efésios 2, 13). Jesus Eucarístico
leva você aos braços do Pai, conduz você à Plenitude
do Céu, ou melhor, faz de você um pedacinho do Céu!
Com o Seu precioso Sangue me lavou e me tornou
filha de Deus!

238
239

Ame mais a Jesus! Mande beijos a Jesus!


Receba as Graças que Ele têm para te dar! Não há
troca de olhares mais abençoados do que aqueles
fitados no Senhor! 

Meus irmãos, "já não sois hóspedes nem


peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e
membros da família de Deus" (Efésios 2, 19)

Que Jesus possa lhe dar essa "sede" que o


povo daquele tempo tinha por Sua palavra. Peça;
diga: Jesus, fonte de água viva, dá-me a graça de ter a
sede da tua Palavra. Retira de mim todo o
comodismo. Eu quero te buscar a todo custo, Jesus!
Dá-me essa sede de te buscar. Eu quero ser forte,
como aquele povo era, quando o assunto era estar
contigo. Aquele povo era assim também Senhor! Dá-
me a graça de ser firme e perseverante na busca pela
tua presença e santidade! Amém. Aleluia.

“Ele é o protetor de todos os que


verdadeiramente o procuram" (Eclo 2, 13)

Desejamos tanto a cura, procuramos ser


amados, falamos tanto de paz... A humanidade
continua buscando suas respostas e saídas em coisas
vãs, alegrias que passam, adquirem confortos e

239
240

riquezas materiais, porém, o coração continua vazio,


frio, sem vida!

A fonte de Águas Vivas, Águas que curam,


libertam, salvam é a própria Casa de Deus! A Igreja é
santa e pecadora ao mesmo tempo: pecadora, pois
nós somos seus filhos, e Santa, pois o Divino Jesus é a
essência da Igreja! Ele se encontra ali, num pedacinho
de pão, todo humilde, na Sua total entrega esperando
por nós!

Nós não somos hóspedes, passageiros no


coração de Jesus, não! Cada vez que eu visito o
Santíssimo Sacramento, mais presente em Jesus eu
vou estar! É um encontro tão Divino e tão profundo
que não se consuma apenas no momento da visita,
mas se eterniza em minha alma!

Jesus- eis a Paz que todos procuram; eis a


Cura que todos anseiam; eis o Amor que todos
desejam! Basta procurá-Lo! Basta firmar este Tesouro
incomparável em meu coração! "Porque onde está o
teu tesouro, lá também está teu coração" (Mateus 6,
21).

240
241

Faça como o menino de nossa história, faça


sua mochila vai até a praça, entre na igreja, vai voltar
para casa sorrindo de felicidade.

“Tendo despedido a multidão, subiu sozinho


a um monte para orar. Ao anoitecer, ele estava ali
sozinho.” (Mateus 14,23)

Há exemplos em todo o Evangelho do valor


que Jesus dava o estar a sós com o Pai. Ele ficava o dia
todo cercado pelos discípulos, a quem ensinava e
treinava, e também pelas multidões de pessoas
famintas de seu toque. Embora fosse Deus, Jesus era
também humano. A fim de reunir forças para
ministrar, ele precisava fazer da oração uma
prioridade. Embora ficasse sozinho muitas vezes,
Jesus nunca se sentia solitário. Ele sempre passava
tempo com Deus.

Se Jesus dependia de períodos regulares de


afastamento para comunicar-se com Deus, em

241
242

solidão, quanto mais precisamos tornar prioritários


esses momentos de tranquilidade em nossa vida?

Falamos frequentemente de “achar” tempo


para estar a sós com Deus em nossas agendas
superlotadas. Devemos mudar o foco da tentativa de
abrir um espaço para o ato de realmente, abrir um
espaço. Ouvi falar de uma mãe que todos os dias fazia
uma pausa e colocava o avental na cabeça. Quando
os filhos a viam assim, sabiam que era o tempo da
mamãe a sós com Deus! Não importa como façamos
isso, o que importa é que façamos.

Se você acha difícil abrir espaço para a


solidão, lembre-se de que seu Pai do

céu deseja e espera passar tempo com


você. “‘O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como
herói Salvador! Ele anda em transportes de alegria
por causa de ti, ele te renova seu amor. Ele exulta de
alegria a teu respeito” (Sof 3,17 – pag. 1268). Não
deixe Deus esperar.

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Quer você esteja rodeada por uma família


ruidosa quer viva inteiramente isolada, alegre-se em
“produzir” tempo para ficar a sós com Deus. “Só”
nunca precisa significar “solitária” quando você tem o
Senhor em tua vida.

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Meu irmão e irmã: Ouvindo Jesus que lhe dá


as boas-vindas. Fique atento a Ele:

“Não é preciso, amigo (a), saber muito para


me agradar, basta amar-me fervorosamente. Fala-me,
pois, de uma maneira simples, assim como falarias
com o mais íntimo dos amigos…

Em Mc 9, 23-24 lemos: ... Tudo é possível ao


que crê – imediatamente exclamou o Pai do menino:
“Creio, vem em socorro `a minha falta de fé” Esta
passagem se refere a um pai que procurou Jesus para
pedir a Jesus que libertasse seu filho de um espírito
imundo

“Trazei o menino para cá” – disse-lhe Jesus.

Trouxeram o menino, e assim que o garoto


avistou Jesus, o espírito imundo agitou-o fortemente
e ele caiu por terra e revolvia-se espumando, Jesus
perguntou ao pai:

-Há quanto tempo lhe acontece isto?

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- “Desde a infância. E tem-no lançado muitas


vezes ao fogo e à água para o matar. E o pai disse: - Se
tu porém, podes alguma coisa, ajuda-nos.
Compadece-te de nós”.

“Se podes alguma coisa! ... respondeu-lhe.

Preste atenção ao que Jesus vai nos dizer:


“Tudo é possível ao que crê!”

Imediatamente o pai exclamou: “Creio”! Mas


vem em socorro `a minha falta de fé!”

Caríssimos é isto que temos que fazer, hoje,


amanhã e por todos os dias. “Eu creio, Senhor, mas
vem em socorro da minha falta de fé!

Vendo Jesus que o povo se aglomerava,


intimou o espírito imundo e disse-lhe: “Espírito mudo
e surdo, eu te ordeno, sai deste menino e não tornes
a entrar nele. – e gritando e maltratando-o
extremamente, saiu. O menino ficou como morto,
Jesus, porém, tomando-o pela mão, ergue-o e ele
levantou-se”.

Todos nós podemos dizer, a partir deste


episódio, e de toda a Palavra de Deus, não só por
aquilo que lemos e ouvimos, mas também por tudo o
que temos vivido e experimentado que: “Cristo tem
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246

poder! Cristo tem poder! Aleluia! Cristo é poderoso,


Jesus Cristo tem poder!

Meu irmãos(ã), na Bíblia está escrito no Novo


Testamento, (Jo 2, 1-12), que em Caná da Galileia,
Jesus foi a um casamento. Transformando água em
vinho, e dando ao povo para beber e, assim mostrou
a sua graça, a sua glória e o seu poder.

Sabem como isto aconteceu? Sabem porque


Jesus conseguiu transformar água em vinho? Porque
Cristo tem poder!

Na cidade de Naim, tinha uma mulher


chorando, seu filho ia para o túmulo e o povo
carregando. Jesus parou o enterro, e o povo reclamou
– “Quem é você para parar o enterro? Jesus chamou
o morto, e o morto levantou. Sabem porque isto
aconteceu: Porque Cristo tem poder!

Jesus fez maravilhas no deserto da Judéia,


curou na Samaria e também na Galileia. E em
Cafarnaum, quantos milagres ele fez! Curou no
caminho dez leprosos de uma vez! Por que? Porque
Cristo tem poder!

Jesus fez maravilhas há dois mil anos atrás,


continua fazendo hoje no coração e nas famílias dos
246
247

que creem em seu nome e vai continuar fazendo. Ele


não faz em tua vida... só porque você não crê!

Jesus salva o pecador, dá alegria, gozo, paz,


cura as enfermidades e expulsa os demônios. Por
que? Porque Cristo tem poder! Aleluia, Jesus é
poderoso, Jesus Cristo tem poder!

“Tudo é possível ao que crê – Imediatamente


o pai exclamou; “Creio! vem em socorro da minha
falta de fé”.

É isso que precisamos fazer: Crer em Jesus!


Crer em Jesus! E a Bíblia diz que, para que todos nós
creiamos em Jesus, nós precisamos conhecer, nós
precisamos meditar, nós precisamos viver a palavra
de Deus, na força e no poder do Espírito Santo.

Cristo tem poder! E este mesmo Jesus que


fez esta e tantas outras maravilhas, quer fazer
maravilhas na sua vida e na sua família. Basta uma
única coisa; Crer: “Tudo é possível ao que crê!” Crer
meu irmão(ã), é o que precisamos fazer.

Senhor Jesus, nós cremos e oramos neste


momento: “aumenta a nossa fé “(repita bem alto
meu irmão(ã).

Cristo tem poder, Cristo é poderoso.


247
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Jesus salva o pecador e salva você. O nome


de Jesus tem poder! O sangue de Jesus tem poder!
Jesus dá alegria. Jesus dá gozo! Aleluia Jesus dá a paz!

Jesus nos delega este poder: “Estes milagres


acompanharão os que crerem. Expulsarão demônios
em meu nome, falarão novas línguas, manusearão
serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não
lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles
ficarão curados.” (Mc 16, 17-18).

Jesus dá a nós os seus poderes. E o que


precisamos fazer é nos apropriarmos do poder do
nome de Jesus que cura, que liberta. Devemos
apropriarmos deste nome poderoso, porque “ao
Nome de jesus, todos os joelhos se dobram, nos céus,
na terra e nos infernos” (Fil 2,10).

Todas as vezes que sentimos a força do


inimigo em nossas vidas, na nossa casa, na nossa
família, no nosso trabalho, vamos falar com
autoridade, como Jesus fez: “Em nome de Jesus, vá
embora satanás!

Cristo tem poder! Aleluia! Jesus Cristo é


poderoso, Jesus Cristo tem poder!

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Obrigado, Senhor, mas obrigado de todo


coração, Jesus. E quando nós testemunhamos e
proclamamos a sua Palavra, nós não dizemos
unicamente algo que estamos lendo e ouvindo
apenas, mas o que estamos experimentando em
nossas vidas.

Jesus, todos nós sabemos e sentimos agora


que o seu nome tem poder! Nós temos certeza disso,
e dizemos com toda segurança, porque temos
experimentado este poder em nossas vidas.

Eu já fui curado, já fui liberto e venho sendo


liberto a cada instante, pelo poder do Nome e do
Sangue de Jesus. Tenho segurado na mão de Deus em
nome de Jesus, e tenho vencido as obras de satanás,
pelo poder de Deus, através de Jesus.

Cristo tem poder para salvar e mudar o seu


coração, apesar dos problemas que você possa estar
vivendo. A vida que Jesus promete é dar a ele próprio,
e não uma vida condicionada às circunstâncias boas
ou ruins. Apesar dos problemas, Jesus dá a sua vida e
vida me abundância.

Irmão (ã) você está doente, olhe para Jesus!


Jesus ama a cada um de vocês. Irmão(ã) você está

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desesperado(a), pelos problemas financeiros e


familiares, não se desespere clame: “Jesus tem
piedade de mim!” Clame o poder de seu sangue
redentor, que derrotou e derrota satanás.

Se Deus falou então está falado, o deserto da


sua vida acaba agora. Deus não perdeu o controle da
situação, Ele não te esqueceu, nada está perdido, as
misericórdias se renovaram e o amor de Deus não
desistiu de você. Deus é maior do que os seus
problemas e maior do que o medo. Por isso, deixe a
fé brotar em seu coração, pois é ela que te faz vencer
neste mundo. “Sem fé é impossível agradar a Deus,
pois quem Dele se aproxima precisa crer que Ele
existe e que recompensa aqueles que O buscam”
(Hebreus 11:6). Tenha fé, a partir de hoje você vai
contemplar as maiores vitórias da sua vida!!! Você
crê?

Se Jesus não faz milagre em sua vida, é


porque você não crê! “Tudo é possível ao que crê”.

Obrigado Jesus, por tanto amor, Obrigado


Senhor, pelo poder do teu nome. Obrigado Senhor,
pelo poder de teu sangue. Jesus Cristo tem poder!

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Jesus Cristo é poderoso. Tudo é possível ao que crê!


Amém.

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“Porque vós sabeis que não é por bens


perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido
resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por
tradição de vossos pais, mas pelo precioso sangue de

Cristo, o Cordeiro Imaculado e sem defeito algum,


aquele que foi predestinado antes da criação do mundo
e que nos últimos tempos foi manifestado por amor de
vós.” (1 Ped 18-20 –)

Na nossa reflexão de hoje o Sussurro de Deus


vai nos falar da proteção no Sangue de Jesus.

Para que a Igreja desfrute de plena proteção,


vida espiritual e comunhão com Deus é necessário que
saiba utilizar esse recurso extraordinário que o Senhor
colocou à sua disposição: O Sangue de Jesus.

O Sangue de Jesus tem sido frequentemente


apenas uma doutrina na qual a Igreja crê, mas não tem
sido uma doutrina vivida. Por não viver essa doutrina, a
Igreja tem deixado de receber muitas bênçãos que são
concedidas apenas mediante o Poder do Sangue do

253
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Senhor Jesus.

A Palavra de Deus nos ensina que é necessário


pedir para receber: “pedi e vos será dado; buscai e
achareis; batei, e vos será aberta, pois todo aquele que

pede, recebe; aquele que procura, acha. e ao que


bater, se lhe abrirá” (Lc 11,9-10 –pag. 1363).

Inúmeras bênçãos que o Senhor deseja


conceder à Sua Igreja devem ser pedidas em oração
para que o Senhor as conceda.

Pela fé nos apropriamos de promessas do


Senhor expressas nas Escrituras (conf. Heb 11:1- 6 –
pag. 1535). Da mesma forma que o Senhor Jesus nos
ensinou a pedir o Espírito Santo (Lc 11, 13 –pag. 1353),
devemos igualmente pedir as bênçãos decorrentes do
derramamento do Sangue do Senhor Jesus no Calvário.

Que bênçãos são essas? Normalmente a Igreja


tem consciência apenas de que o Senhor Jesus
derramou o seu Sangue para nossa “salvação” ou para
o novo nascimento. Ora, Salvação engloba não apenas

254
255

novo nascimento, mas uma vida de santificação.


Somos exortados nas Escrituras a operar a nossa
Salvação com temor e tremor.

A Palavra de Deus também nos mostra que


o Sangue de Jesus foi derramado para que
desfrutássemos das seguintes bênçãos – que estão
incluídas na Salvação - em nossa vida cristã.

Quais são estas bênçãos:

Purificação de nossos pecados. João falando


que Deus é luz nos diz: “Se, porém, andamos na luz
como ele mesmo está na luz, temos comunhão
recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus
Cristo, seu filho, nos purifica de todo pecado (I Jo 1,7 –
pag. 1550).

Assim como devemos confessar nossos


pecados para sermos perdoados, devemos crer que o
Sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado. Assim,
é removido um obstáculo à nossa comunhão com o
Senhor

Comunhão com o Senhor (Hb 10, 19-22 –pag.


1534). “Ora, onde houve plena remissão dos pecados
não há porque oferecer sacrifício por eles. Por esse
255
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motivo, irmãos, temos ampla confiança de poder

entrar no santuário eterno, em virtude do sangue de


Jesus, pelo caminho novo e vivo que nos abriu através
do véu, isto é, o caminho de seu próprio corpo. E dado
que temos um sumo sacerdote estabelecido sobre a
casa de Deus, acheguemo-nos a ele com coração
sincero, com plena firmeza da fé, o mais íntimo da
alma isento de toda mácula de pecado e o corpo
lavado com a água purificado (do batismo).” (Heb 10,
18-22 –pag. 1534). A Palavra nos revela que podemos
entrar com ousadia no Santo dos Santos – em outras
palavras, na presença do Senhor – pelo Sangue do
Cordeiro.

Por isso podemos clamar ao Senhor para que


ele remova obstáculos à nossa comunhão de forma
que não apenas nosso espírito, mas também nossa
alma (mente, emoções) esteja em plena comunhão
com o Senhor.

Vitória sobre o adversário (Ap 12:11).


Aprendemos que nós venceremos nosso adversário até
o fim “pelo Sangue do Cordeiro” e pela palavra de

256
257

nosso testemunho. Devemos exercer nossa fé nessa


promessa em momentos de luta e o Senhor
manifestará o poder do Sangue de Jesus em nossas
vidas, dando-nos a vitória de que necessitamos.

Proteção contra o inimigo: “Quando o Senhor


passar para ferir o Egito, vendo o sangue sobre a
moldura e sobre as duas ombreiras da porta, passará
adiante e não permitirá ao destruidor entrar em vossas
casas para ferir.” (Ex 12,23 – pag. 112). A vitória
compreende essa proteção, à exemplo do que o povo
de Israel conseguiu no Egito. O destruidor não pôde
penetrar as casas dos israelitas e destruir os
primogênitos, pois ao ver nos portais o Sangue ele foi
obrigado a “passar adiante” dessas casas.

Por essa razão, quando rogamos em oração


para o Senhor nos cobrir com o Sangue de Jesus,
somos protegidos contra ataques do Adversário em
qualquer situação, inclusive no início de cada culto ou
reunião. Dessa forma, não há manifestações de dons

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258

falsos em nosso meio.

Libertação de costumes, vícios e


comportamento indevido: (I Pe 1,18-19 –pag 1543). A
Palavra afirma que somos libertados da vã maneira
que herdamos de nossos pais pelo Sangue do Senhor
Jesus. Assim, quando algum cristão revela que ainda
está preso a algum tipo de comportamento que não
glorifica o Senhor, podemos orar baseando a nossa fé
nessa Escritura que nos garante a vitória nessa luta por
meio do Sangue de Jesus.

O Sangue de Jesus está estreitamente ligado à


operação do Espírito Santo. A razão é simples: o
Espírito Santo opera em nós baseado na Obra
consumada pelo Senhor Jesus na cruz do Calvário ao
derramar seu precioso Sangue; em outras palavras, ao
dar a sua vida pelos nossos pecados.

Da mesma forma, a vida eterna está


no Sangue de Jesus. O Senhor nos disse que, se não
bebêssemos o seu sangue não teríamos vida
espiritual. “Em verdade vos digo: se não comerdes a
carne do filho do Homem, e não beberdes o seu

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sangue, não tereis a vida em vós mesmos. (Jo 6, 53 –


pag. 1392).

E logo adiante explicou que as palavras que


havia dito eram espírito e vida. Entendamos a lição:
quando o Espírito Santo opera em nossas vidas Ele
transmite a vida que há no Sangue de Jesus, a vida
eterna que o Senhor Jesus conquistou para nós ao
derramar seu Sangue pela nossa salvação

Assim como o Sangue de Jesus circulava no


corpo físico do Senhor Jesus dando vida a cada célula,
o Espírito Santo hoje opera na Igreja, visitando cada
membro do Corpo, transmitindo a vida eterna a cada
um de nós, aplicando a Palavra de Deus aos nossos
corações.

Quando nós oramos para o Senhor nos


conceder uma determinada bênção (dentre as acima
referidas) com base no poder que há no Sangue de Jesus, o
Senhor envia o Espírito Santo, que opera a bênção de que
carecemos baseado no Sangue

259
260

derramado, com base na Obra consumada pelo Senhor


Jesus na cruz do Calvário.

O Sangue de Jesus foi derramado uma só vez


na cruz do Calvário mas é aspergido continuamente
sobre os servos de Deus, que são “eleitos segundo a
presciência de Deus Pai, e santificados pelo Espírito,
para obedecer A Jesus cristo e receber a sua parte da
aspersão do seu sangue.” (I Ped 1,2 –pag. 1542).

O Sangue representa a vida por isso, nós


temos vida e vida em abundância. O Sangue de Jesus
tem poder. Mais qual é o seu verdadeiro valor e o real
significado do seu Sangue? E que benefício o
seu Sangue nos trouxe? O Sangue de Jesus Cristo é,
sem dúvida, o bem mais precioso e valioso que
recebemos de nosso Deus.

O Sangue de Cristo pode realizar mudanças


maravilhosas nas nossas vidas! O Poder do Sangue de
Cristo garante o perdão dos nossos pecados e destrói
as acusações do inimigo, e livra todos os cristãos da
condenação eterna.

Quando mergulhamos neste oceano, nesta


riqueza profunda que é A Palavra do Senhor podemos
260
261

aprender grandes verdades sobre o valor do Sangue de


Jesus Cristo. Veremos agora três verdades a respeito
do grande valor e poder do sangue de Jesus.

O sangue de Jesus tem poder para nos


purificar de todos os nossos pecados.

Não importa que tipo de pecado, uma pessoa


já cometeu em sua vida… Por mais terrível que possa
ser, o Sangue de Jesus é poderoso para purificar esta
vida. No momento da absolvição dos pecados, no
sacramento da confissão, é o sangue de Jesus que nos
purifica.

O Sangue de Jesus opera a verdadeira


purificação, purificando o maior pecador. Em Isaías Is
1, 18 –pag. 940 – lemos: “Se vossos pecados forem
escarlates, se tornarão brancos como a neve! Se forem
vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a
lã”. A cor escarlate e o carmesim eram cores fortes, ou
seja: vermelho muito forte que não desbotavam,
quando aplicadas aos tecidos.

Nós seres humanos não compreendemos, não


entendemos como uma pessoa má, uma pessoa
terrível, que apenas vive para fazer o mau, e apavorar
a sociedade, que cometeu o mais terrível pecado, os

261
262

crimes mais bárbaros e hediondos, que possa haver


perdão e solução para este tipo de pessoas. Nós
condenamos, e excluímos este tipo de pessoas da
sociedade e achamos que para elas não existem mais
solução, não conseguimos perdoá-las.

Quero dizer que para você que está vivendo


nesta situação, olha, nem tudo está acabado, nem
tudo está terminado. Lembremo-nos do ladrão na cruz
que no último momento da vida recebeu o céu, pelo
poder do sangue de Jesus. “Em verdade te digo: hoje
estarás comigo no paraíso (Lc 23, 43 –pag. 1381)

Se você pensa que não existia mais solução


para a sua vida, eu quero te falar do único que pode te
ajudar, e perdoar os seus pecados, as suas iniquidades,
e curar as suas feridas e as suas transgressões… Jesus
tem poder para mudar a sua história… Receba O
Senhor Jesus como seu único e suficiente Salvador.

Somente através do Sangue de Jesus você


poderá ser liberto de todos os seus pecados.
O Sangue de Cristo é o remédio para o nosso pecado.

Assim como o leproso Naamã foi purificado no


momento em que imergiu nas águas do Jordão, nós
também o seremos de nossos pecados, na hora em

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263

que nos envolvemos pela fé no sacrifício de Jesus.


Então o Sangue de Cristo age em nosso coração e em
nosso interior. O sangue de Jesus lava e branqueia as
nossas vestes.

O livro do apocalipse de S. João nos


revela: “Então um dos anciãos falou comigo e
perguntou-me: “Esses, que estão revestidos de vestes
brancas, que são e de onde vêm? Respondi-lhe:” Meu
Senhor, tu o sabes”. E ele me disse: “Esses são os
sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas
vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro. (Apo 7,
13-14) O Sangue de Jesus Cristo tem poder para te
lavar, purificar, e te remir de todos os seus pecados.

O Sangue de Jesus foi o valor pago pelos


nossos pecados.

Todos nós estávamos perdidos, nós não


tínhamos condição de pagar a nossa dívida, o preço
pelos nossos pegados era altíssimo. “Nesse Filho, pelo
seu sangue, temos a Redenção, a remissão dos
pecados, segundo as riquezas da sua graça. (Ef 1, 7)

Deus Pai enviou o seu filho para pagar o valor


do nosso resgate, para pagar a nossa dívida.
O Sangue de Jesus promoveu a nossa liberdade.

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264

Estávamos aprisionados, acorrentados, algemados,


éramos prisioneiros do inimigo. E satanás tinha todo o
domínio sobre a humanidade. Estávamos todos
destinados a morrer no pecado e separados da
comunhão com Deus. Não havia solução para os
nossos pecados. Então Jesus entrou em sena, e se
ofereceu para morrer em nosso lugar. Ele foi à moeda
de troca, ele se ofereceu naquela cruz para morrer em
nosso lugar.

Foi através do seu Sangue que Jesus derramou


na cruz que a nossa dívida foi paga. Ele nos libertou
com mãos fortes e poderosas. Jesus abriu a porta do
cárcere, quebrou os grilhões, as algemas e nos libertou
das garras do inimigo.

Hoje você é livre… Não existe nenhuma


condenação sobre a sua vida, porque agora você está
vivendo em Cristo Jesus nosso Senhor. O Sangue de
Cristo foi o valor pago pelos nossos pecados. Jesus
pagou a nossa dívida. Hoje você é livre para adorar ao
Senhor.

O sangue de Jesus é a segurança da nossa


vitória

A Igreja de Jesus tem um grande inimigo:

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265

satanás. E, todos aqueles que querem se aproximar de


Jesus encontrarão este grande inimigo pelo caminho.
“Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio,
anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando
a quem devorar. (1 Ped 5, 8).

O Sangue de Jesus garante a nossa vitória


sobre o inimigo, os cristãos devem ter no Sangue de
Jesus o seu escudo, e proteção.

Jesus te livrará de todas as acusações que o


inimigo tentar contra a sua vida. Todos nós temos que
tomar posse desta bênção em nossas vidas, e nos fazer
valer desta grande proteção…

“O poderoso sangue de Jesus é a grande arma


que nós temos para vencermos o inimigo” …

O Sangue de Jesus tem o poder de proteger a


sua vida, a sua alma da perdição eterna.

O sangue de Jesus é proteção

O Anjo destruidor não atingiu as casas do


israelitas que tinham marcas de Sangue nas suas
portas (Exo 12,22-23). Da mesma forma o maligno não
tem poder contra aqueles que têm as marcas
do Sangue de Jesus nas suas vidas. Quem é lavado pelo
sangue de Jesus tem poder para vencer as batalhas
265
266

contra os agentes do diabo.

Quando o inimigo rondar sua casa para lhe


fazer mal, ele vai ver as marcas do sangue de Jesus
cobrindo a sua vida e não poderá lhe derrotar. Quem é
lavado pelo Sangue de Jesus é propriedade de Deus, é
filho de Deus e não deve temer, pois o Sangue que lhe
cobre é o seu escudo e proteção.

No dia em que o Senhor for lançar no inferno


todos os pecadores, Ele passará na sua casa e verá a
marca do Sangue de Jesus na sua vida. Essa será a sua
salvação. Aleluia!

O sangue de Jesus nos liberta

As mortes dos primogênitos do Egito e o


livramento dos primogênitos israelitas aconteceram ao
mesmo tempo, na mesma noite, no mesmo instante.
Isto deixou Faraó profundamente assustado e
estremecido. Ele não imaginava que Deus fosse tão
poderoso ao ponto de, no mesmo lugar e na mesma
hora, matar os filhos dos egípcios e livrar os filhos de
Israel. Por causa disso ele não teve mais forças para
aprisionar os israelitas. Eles foram libertos pelo
Sangue do cordeiro. Assim como os israelitas foram
libertos da escravidão do Egito nós somos libertos da

266
267

escravidão de satanás.

O sangue de Jesus é poderoso para nos livrar


do pecado e do mal. O Egito (a antiga vida de pecados
e derrotas) não tem mais poder sobre nós, pois Cristo
nos comprou por um preço muito alto: o Seu sangue.

O sangue de Jesus é o visto de entrada para a


terra prometida

Os que foram protegidos pelo Sangue do


cordeiro no Egito foram liberados para viajar para a
Terra Prometida. O Sangue de Jesus é a marca, é o
carimbo que permitirá nossa entrada no céu

Quando o Senhor voltar, Ele vai olhar o


passaporte (a vida) de cada um de nós. Aquele que não
tiver a vida carimbada com o Sangue de Jesus não
poderá viajar para a terra prometida.

A marca do Sangue na nossa vida às vezes fica


encoberta por poeira de pecados. Portanto tiremos a
poeira pecaminosa das nossas vidas para que, quando
o Senhor voltar, Ele veja a marca do Seu Sangue (sem
poeira) na vida de cada um de nós. Essa é a condição
para que Ele nos leve consigo.

Quem não tiver o carimbo com o sangue de


Jesus vai ouvir uma declaração do Senhor mais ou
267
268

menos assim: “Sinto muito, você não pode vir comigo,


pois não estou vendo a marca do meu Sangue na sua
vida. Não vos conheço.

O Sangue de Jesus é o passaporte que te


conduzirá até a presença do Rei… Que ti dará o livre
acesso para entrar nas mansões celestiais, e viver ao
lado do Senhor e Salvador Jesus Cristo para todo o
sempre na eternidade.

O Sangue de Jesus Anulou a nossa dívida que


tínhamos com o inimigo, e anulou também a sentença
de culpa que todos nós tínhamos com Deus pai,
porque, antes estávamos separados da comunhão com
o Pai, mais agora, Jesus através do seu sangue, nos
uniu novamente a comunhão com Deus.

A voz do Sangue de Cristo está a nos dizer que


não temos o que temer. “De agora em diante, pois, já
não há nenhuma condenação para aqueles que estão
em Jesus Cristo.” (Rom 9,1). Aprendemos nesta
mensagem, três verdades sobre o Poder do Sangue de
Jesus Cristo e o seu benéfico para toda humanidade

O sacrifício que Jesus realizou na cruz


derramando Seu Sangue por mim, tem Poder para me
salvar e me libertar de todo o pecado.

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É bom demais sabermos que o Senhor Jesus


Cristo nos salvou! Não podemos rejeitar tão grande
Salvação! Que esta expressão (O Sangue de Jesus tem
Poder) seja uma realidade na sua e na minha vida.

Eis a promessa bíblica: Com efeito, de tal


modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho
único, para que todo o que nele crer não pereça, mas
tenha a vida eterna. (Jo 3, 16 – pag. 1387)”. Basta
receber a Jesus como Senhor e Salvador e nossa
Salvação estará garantida, desde que não desistamos
do Senhor e da decisão que tomamos. Entretanto
lembremo-nos que ao receber Jesus como Senhor e
salvador, estamos assumindo com Ele o compromisso
de viver a vida sacramental, a vida da graça. Receber
jesus como Senhor e salvador implica em estar
disposto a fazer somente o que Jesus Faz, como jesus
faz e quando Jesus fizer.

Que Deus nos abençoe e nos guarde no seu


grandioso amor pelo poder do Sangue de Jesus e, em
nome de Jesus, Amém!

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OUVINDO A MÚSICA DE DEUS


SANG
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Quando estamos com um problema sério,


sem solução, ou de solução difícil, ficamos
angustiados, tristes, estressados, é normal, é humano.
O problema é que os cristãos também ficam assim,
mesmo sabendo que têm um Deus Todo Poderoso,
mesmo sabendo que Jesus é quem carrega os nossos
fardos pesados, que podemos (e devemos) depositar
aos Seus pés todas as nossas dores.

Para falar a verdade, a gente até entrega


nossos problemas a Jesus, só que, de vez em quando,
tomamos de volta o problema só para chorar um
pouquinho sobre ele, ou só para nos preocuparmos
mais um pouquinho com ele. Todos os cristãos fazem
isso, é uma regra quase sem exceção e isso vem de
longe, de nossos antepassados na fé, do tempo que
propaganda se chamava reclame e gel se
chamava brilhantina.

Acontece, aconteceu ou acontecerá com


todos os servos de Deus, mesmo os que viveram em
períodos remotos da história. Aconteceu com Elias,
por exemplo. Quer ver?

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Elias acabava de desafiar todos os profetas


de Baal. Deus honrou o Seu servo e respondeu com
fogo que queimou o holocausto, a lenha e lambeu a
água, lembram?

Depois de derrotar Baal e seus profetas, Elias


matou todos os quatrocentos e cinquenta profetas de
Baal. Ele mesmo, pessoalmente.

Acab era o rei de Israel, mas era um banana,


quem mandava nele era a esposa dele, Jezabel, que
não era flor que se cheire, ao contrário, era cruel e
sanguinária. Pois bem, Acab ficou quietinho enquanto
Elias matava os profetas de Baal, mas foi correndo
contar para Jezabel. Ela ficou furiosa mesmo, afinal,
Baal era o deus dela, então ela jurou Elias de morte

Quando Elias soube da ameaça de Jezabel,


tratou de fugir para salvar a própria vida. Elias estava
exausto, estava cansado de tudo, sabe quando a
gente quer morrer? Era assim que Elias se sentia,
cansado de tanta luta, então ele caminhou um dia no
deserto e chegando debaixo de um zimbro, Elias se
sentou e orou a Deus: “...e caminhou pelo deserto,
durante um dia. Sentou-se debaixo de um Junípero e
desejou a morte: “Basta, Senhor – disse ele -, tirai-me

325
326

a vida, porque não sou melhor do que meus pais".


(1Rs 19, 4). Elias pediu a morte. Quem nunca se
sentiu assim um dia, que atire a primeira pedra.

Deus não respondeu uma palavra para Elias e


ele se deitou debaixo do Junípero (esqueci de dizer
que Junípero ou zimbro é uma árvore que nasce no
deserto e tem uma bela sombra), e dormiu. Foi
acordado por um anjo que bateu no ombro de Elias e
disse: “Levante-se e coma". Junto de Elias havia um
pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água.
Elias comeu, bebeu e deitou de novo.

Pela segunda vez o anjo tocou em Elias e


disse: “O anjo do Senhor o tocou uma segunda vez,
dizendo: “Levanta-te e come, porque tens um longo
caminho a percorrer” (1 Reis 19:7). Ele se levantou,
comeu, bebeu e caminhou por quarenta dias e
quarenta noites até chegar a Horeb, o monte de Deus.
Elias queria conversar com Deus. Ele entrou numa
caverna e passou ali a noite e veio a voz do Senhor e
perguntou o que ele estava fazendo ali e Elias
respondeu com uma queixa: “Estou devorado de zelo
pelo Senhor, o Deus dos exércitos. Porque os israelitas
abandonaram a vossa aliança, derrubaram os vossos
altares e passaram os vossos profetas a fio de espada.
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327

Só eu fiquei e querem tirar-me a vida”. (1 Reis 19,10).

Deus mandou que Elias saísse da caverna e se


apresentasse diante do Senhor. Aí veio um forte
vento, tão forte que fendia os montes e quebrava as
rochas, mas Deus não estava na ventania. Depois veio
um terremoto, mas Deus não estava no terremoto. Aí
veio um fogo e Deus não estava no fogo, foi então
que veio o murmúrio de uma brisa suave, Deus estava
na brisa suave e perguntou para Elias: “Que fazes
aqui, Elias?” (Conf. 1 Reis 19,13b).

Não foi esta pergunta que Deus fez a Elias


dentro da caverna? Elias já tinha até respondido,
então por que Deus perguntou de novo? Simples.
Dentro da caverna Elias estava se escondendo, com
medo, acuado e Deus queria que Elias tomasse
coragem, saísse daquele estado de derrota. Quando
Elias se levantou, saiu da caverna, ele tomou uma
atitude diante do problema e, acima de tudo, parou
de sentir pena dele próprio. É preciso tomar uma
atitude para vencer, não é no fundo da caverna que
Deus quer os Seus servos

Veja que interessante. Elias deu a mesma


resposta que já havia dado a Deus dentro da caverna,

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o que mudou? Deus deu uma oportunidade para Elias


se arrepender do que havia pedido, mas como ele
manteve a resposta, Deus mandou Elias ungir Hazael
como rei da Síria e Jeú como rei de Israel e depois,
mandou Elias ungir Eliseu como profeta, no lugar de
Elias (conf. 1Rs 19, 15-16).

Este texto nos mostra que toda autoridade é


constituída por Deus, para o bem ou para o mal, mas
é Deus quem estabelece os reinos. A Síria não era
Israel, não era povo de Deus, mas Ele mandou Elias
ungir o rei de lá.

Muita gente boa espera grandes prodígios de


Deus, quer ver terremotos, ventanias, fogo. Acontece
que Deus não é Mr. M, não é o Mágico de Oz, não faz
graça para ninguém. Deus realiza Seus milagres,
maravilhas e portentos sempre que se faz necessário,
visando um fim proveitoso, mas no dia a dia, Ele é
como a brisa mansa, Ele fala até no silêncio.

Muitas vezes achamos que Deus não está à


frente de um problema nosso, porque não sentimos
nada, nenhum arrepio, nem mãos frias, nem dor de
barriga e esquecemos que, assim como fez com Elias,
Deus está agindo na brisa suave e Ele está movendo

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as peças do tabuleiro a favor dos Seus amados, ainda


que não haja nenhum terremoto, nem fogo e nem
ventania. Deus trabalha no silêncio, da mesma forma
que trabalha na tempestade, muitas vezes acalmando
as tempestades de nossas vidas e falando suavemente
em nossos corações.

Deus fala na brisa suave:

1Rs 19,11-16 conta que um dia Deus pediu


ao profeta Elias "Saia e fique no monte, na presença
do Senhor, pois o Senhor vai passar".

“Veio um vento impetuoso e forte, que


desfazia as montanhas e quebrava os rochedos, mas o
Senhor não estava no vento. Depois do vento, houve
um terremoto, mas o Senhor não estava no
terremoto. Passado o terremoto, veio um fogo, mas o
Senhor não estava no fogo. E depois do fogo ouviu-se
o murmúrio de uma leve brisa... Então Elias ouviu a
voz de Deus”.

Deus não nos fala no barulho, e sim no


silêncio. Muitos correm do silêncio porque têm medo
de se encontrar consigo mesmos. Até para dormir, há
pessoas que ligam um som no último volume. Passam
a vida correndo da própria consciência.

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“Fizeste-nos para ti, Senhor, e o nosso


coração permanece sempre inquieto, enquanto não
repousar em ti” (Santo Agostinho).

Se aprendermos a fazer silêncio interior,


podemos gozá-lo até caminhando numa rua
movimentada. E assim, em silêncio, podemos dialogar
com o nosso melhor amigo, Deus.

Quando o anjo Gabriel apareceu a Maria, ela


estava em silêncio interior. Por isso que ouviu a voz
do anjo. “Maria do sim, ensina-me a viver meu sim.

    Observe as provas que Elias passou e


permita o Espírito Santo falar contigo:

Vento. Na caverna, Elias foi afrontado por um


grande e forte vento, que fendiam os montes e
quebrava as penhas. Não era o vento do Espírito, pois
o Senhor não estava no vento. Era o vento que é
soprado nos ouvidos do escolhido do Senhor. Ventos
de doutrina, ventos de apostasia, de acusações, de
mentiras. Ventos que são soprados trazendo
mensagens do tipo "você não vai conseguir", "quem é
você", "com os outros acontece, menos contigo". Este
tipo de prova que um escolhido passa é tão terrível
que é chamado de grande e forte vento. Esses ventos

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soprados contra nossos ouvidos, parecem que são


maiores que nós mesmos, mais fortes que nossas
poucas forças. Lembranças do passado, acusação do
passado, sentimento de solidão, de esquecimento,
ventos grandes e fortes que objetivam estragar tudo
aquilo que está dentro de nós. Maior é o que está em
nós, do que o que está no mundo, não se esqueça
disso. Ventos são grandes e fortes mesmo, mas não é
maior do que o Deus que tu buscas.

Terremoto. Depois do vento, um
terremoto. Mal saíra da prova do vento, Elias já
estava na prova do terremoto. No terremoto, tudo sai
do lugar, tudo parece que vai cair, o que estava
arrumado vira uma bagunça, o chão parece que vai se
abrir e sugar tudo, o que está em pé vai ao chão. Esta
prova tenta jogar o profeta ao chão, derrubá-lo. Este
é o tipo de prova que tenta fazer você cair, tenta
colocar em desordem tudo aquilo que você tem
lutado com tanto esforço para arrumar. E, de uma
hora para outra, tudo vira uma bagunça. Mas é
apenas uma prova, lembre-se disso, e prova tem hora
certa para começar e hora exata para terminar.

Fogo. Depois do terremoto, um
fogo. Lembre-se que um grande fogo começa de uma
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pequena fagulha. Este tipo de prova é quando as


coisas fogem do controle, começa de uma pequena
situação e, em pouco tempo, vira algo destrutivo.
Assim como o fogo muda o aspecto daquilo que foi
queimado, quando passa essa prova, as coisas
parecem que já não são mais como antes. Antes
madeira, agora cinzas.

     Uma prova atrás da outra. Difícil quando


chegam dias assim. Quando somos provados e
provados e provados, (suspiro), e parece que não
passa logo. Dias em que, assim como Elias na caverna,
parece que estamos só. Elias olha para um lado e
outro e não vê saída. E na caverna, somos
impulsionados a irmos mais fundo nela, indo em
labirintos onde não se sabe o fim. Na vida, quando
estamos na caverna, somos atraídos a experimentar o
fim da caverna, andando na escuridão, em labirintos e
perigos.

E depois do fogo, uma voz mansa e


delicada. Elias ouvia essa voz e foi guiado para fora da
caverna. Só há uma saída da caverna, pelo mesmo
lugar que você entrou. Esta volta ao lugar de onde
você estava é profético para nossas vidas. Depois de
três provas, veio a voz mansa e delicada de Deus
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guiando seu escolhido para o lugar certo. Se você está


passando pelos mesmos dias de Elias, dias de
provações, não permita que os ventos atinjam teu
coração, não caia na prova do terremoto, e seja
atento para não deixar pequenas fagulhas virarem
grandes fogos destrutivos em sua vida. Mas acima de
tudo, saiba que depois das provas, virá a voz mansa e
delicada de Deus, falando contigo, Deus e você, te
guiando para os lugares certos.

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Am
pulh
eta
da
vida A gente tem mania de achar que sempre
que acordamos temos mais um dia. Quando na
verdade é um dia a menos na ampulheta da vida. A
vida e como uma ampulheta, somos como grãos de
areia, que vai passando gradativamente no fluxo do
universo sempre sujeitos a leis imutáveis e perfeitas
que guardam grandes mistérios da criação. Cabe a nós
seguir o fluxo sem alterar ou querer recriar o que já
está finalizado. Vivemos num mundo com prazo de
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O Senhor Jesus falou com um menininho que


jogava bola:

-Menino dá-me o teu coração? E o menino


lhe repondeu:

-Ainda não Jesus.

E, Jesus muito tmepo depois voltou para


aquele homem já com os cabelos brancos, e disse:

-Homem dá-me o teu coração?


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Ao assitirmos aos noticiários, ao abrirmos os


jornais, ao falarmos comas pessoas nas ruas, os
relatos de violência se repetem. Podemos afirmar

que vivemos um período de ausência de paz, de


segurança e de afeto . Muitas vezes, nos sentimos
com o coração acelerado, temeroso, duvidoso e, até
mesmo como se a fé tivesse saído de nossa alma.
Ainda que nossa mente afirme a confiança no Senhor
e em seu plano eterno, algumas vezes nossas
emoções parecem negar esta certeza.

O que fazer nas situações em que somos


afetados diretamente pelos transtornos causados
pelo pecado no mundo? Como devemos nos
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340
341

Apren 341
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Ap
ên
dic
e
Histor
ias
que
edific 342
343

Um certo Dia, a professora perguntou às


crianças: Quem sabe explicar quem é Deus.

Uma criança levantou o braço e disse

- Deus é nosso Pai, Ele fez a terra, o mar e


tudo que está nela, nos fez como filhos dele.

A professora, querendo buscar mais


repsostas, foi mais longe: 343
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Uma rapariga queixou-se ao pai, sobre a vida


e como as coisas estavam difíceis para ela. Já não sabia
o que havia de fazer – estava cansada de lutar e de
combater. Parecia-lhe que assim que um problema
estava resolvido, um outro surgia.

Então, o pai levou-a até a cozinha.  Encheu


três pequenas panelas com água e pô-las ao fogo.

Assim que a água começou a ferver, numa


panela colocou cenouras, noutra, ovos e, na terceira, pó
de café.

Deixou que tudo fervesse, sem dizer uma


palavra. 
A filha esperou impacientemente, imaginando o que
dali iria resultar.

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Minutos depois, ele apagou o fogo.  Pegou


nas cenouras, nos ovos e no café, colocando-os em
recipientes separados.

Virou-se para a filha e perguntou:

– Querida, o que estás a ver? – Cenouras,


ovos e café – respondeu ela.

Ele pediu-lhe para provar as cenouras. Ela


obedeceu e notou que as cenouras estavam macias. 
Ele, então, pediu-lhe que pegasse um ovo e o
quebrasse. Ela obedeceu e, depois de retirar a casca,
verificou que o ovo endurecera com a
fervura. Finalmente, ele lhe pediu que tomasse um gole
do café. Ela sorriu ao sentir o aroma delicioso e então
perguntou:

– O que é que isto significa, pai?

– Cada um destes – a cenoura, o ovo e o café


– enfrentou a mesma adversidade, a água a ferver, mas
cada um reagiu de maneira diferente. A cenoura,
outrora crua e rígida, amoleceu e tornou-se frágil. Os
ovos, antes frágeis, mesmo com a casca protegendo o

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interior, tornaram-se firmes e mais resistentes. Já o pó


de café é incomparável: depois de colocado na água
fervente, ele mudou a própria água.

Após profundo silêncio, o pai prosseguiu:


– Qual deles és tu? Quando a adversidade bate à tua
porta, como respondes?

És a cenoura, o ovo ou o pó de café? És como


a cenoura, parecendo firme e forte, mas, com a dor e a
adversidade, murcha e torna-se frágil, perdendo a sua
força? Ou será que és como o ovo, começando
maleável, mas, depois de sofrer alguma pressão da
vida, torna-se duro? A sua “casca” até parece a mesma,
mas por dentro, está duro. Será que és como o pó de
café? Transformas o meio que te aflige, alteras o que
causa dor e ofereces algo melhor e mais gostoso do que
havia antes da adversidade?

E você, como lida com a adversidade? …


cenoura, ovo ou café?

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Uma vez, uma mulher viu na floresta, junto a


umas árvores, um pequenino lago ou espelho de
água. Olhou para dentro e viu belos frutos maduros
que pareciam dizer-lhe: «Tomai-me e comei-me! »

Estendeu o braço e mergulhou a mão na


água para os colher mas desapareceram.

Depois a água voltava a ficar límpida e


apareciam de novo os saborosos frutos. E a mulher foi
tentando duas e mais vezes, sem conseguir colhê-los.

Sem desistir, foi tirando toda a água do


pequeno lago, até este ficar vazio. No final, ficou
muito desiludida, pois os belos frutos maduros

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simplesmente não existiam.

Estava para regressar a casa quando ouviu


uma voz misteriosa que lhe dizia:

— Por que procuras em baixo aquilo que está


em cima?

A mulher ergueu os olhos e viu que, sobre o


pequeno lago, estava uma árvore carregada de frutos,
que antes se espelhavam na água cristalina do
pequeno lago.

Por que andamos sempre com os olhos na


terra, em vez de olharmos para os céus? Por que nos
deixamos iludir por miragens terrenas, em vez de
buscarmos a felicidade no seguimento de Jesus, o
caminho, a verdade e a vida.

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Uma criança, com voz tímida, perguntou ao


pai quando este regressou do trabalho:

— Pai, quanto é que ganhas por hora? Quem é digno

O pai, num gesto severo, respondeu:

— Escuta, meu filho, isso nem a tua mãe


sabe. Não me aborreças que estou cansado.

Mas o filho insistiu:

— Mas, pai, por favor diz quanto ganhas por


hora?

A reação do pai foi menos severa e


respondeu:

— Seis euros por hora.

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— Então, pai, poderias emprestar-me dois


euros?

O pai, irado, respondeu:

— Então essa é a razão de quereres saber


quanto ganho? Vai dormir e não me aborreças mais!

Já era noite quando o pai começou a pensar


no que tinha acontecido e se sentiu culpado. Talvez,
quem sabe, o filho necessitasse de comprar algo.
Entrou no quarto da criança e perguntou-lhe:

— Meu filho, já estás a dormir?

— Não, pai.

— Olha, está aqui o dinheiro que pediste:


dois euros.

— Muito obrigado, pai.

Levantou-se, foi buscar quatro euros de uma


caixinha que estava junto à cama e disse ao pai:

— Agora já tenho seis euros! Podias vender-


me uma hora do teu tempo?

Os pais podem dar aos seus filhos muitas


coisas, dessas que a sociedade de consumo convida a
comprar. Mas do que eles necessitam mais é que lhes

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deem tempo para os escutarem atentamente com


muito amor. (Fonte: historias-infantis.com)

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Era uma vez, há muitos anos, um pobre


sapateiro que tinha muitos filhos. Mas, no meio da
sua pobreza, era alegre e feliz. Enquanto remendava
os sapatos ou lhe punha as meias-solas, ia
cantarolando.

Naquele casa parece que era festa todos os


dias. A sua esposa e os filhos sentiam-se felizes.

Um dia, um vizinho rico, impressionado com


a vida desse pobre sapateiro, colocou uma bolsa de
dinheiro à porta de sua casa.

Quando se fez noite, o pobre e a esposa


puseram-se a contar todo esse dinheiro oferecido.
Mas as contas não davam certas. Ele dizia uns
números e a mulher outros. Os filhos foram postos de

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parte, porque lhes disseram que não eram chamados


para o assunto.

O tom de voz começou a ouvir-se cada vez


mais alto e o ambiente familiar ficou perturbado.

O bom sapateiro, poucos dias depois, refletiu


e ponderou a situação. Acabou por concluir que era
melhor ser pobre, mas feliz e dar felicidade ao seu lar.
Então, entregou a bolsa do dinheiro à esposa dizendo-
lhe:

— Devolve-o ao rico e diz-lhe que preferimos


ser pobres, mas continuar a ser felizes e a semear
felicidade.

Não somos pela pobreza sociológica e


desejamos para toda a gente uma vida digna. Mas
somos a favor de um estilo de vida sóbria, sem o
exagero de buscar nas riquezas a felicidade. Não será
que esta também se encontra na partilha de bens?

Fonte: historias-infantis.com

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O LENHADOR

Era uma vez um lenhador muito forte que


conseguiu um emprego em uma nova madeireira que
se instalava na região.

O salário era muito bom e as condições de


trabalho também. Por essa razão, o lenhador estava
determinado a fazer o seu melhor.

Seu chefe lhe deu um machado e mostrou-


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P
ALA
VRA
O
FIN
Home
m eAL
o
mundo

Corr
O mundo institucionalizou a correria. Toda
endo
gente está correndo, umas sabem para onde, outras
não sabem para quê e nem porquê
para
Toda gente correndo para o trabalho,
correndo para as compras, correndo para os

Nada
compromissos. 358
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