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Sesi Escola – Unidade Mossoró – DR/RN

Ensino Médio Regular – 2ª Série A

Disciplina: Língua Portuguesa


Professor: Raniére Fernandes

O PAGADOR DE PROMESSAS

Resenha Crítica

Mossoró/RN

2022
Kayo Kleverton Silva Souza
Matheus Cardoso de Andrade
Rafael José Dantas Saldanha

O PAGADOR DE PROMESSAS

Resenha Crítica

Mossoró/RN
2022
O PAGADOR DE PROMESSAS. [S. I.: s. n.], 2022. 1 vídeo (94 min). Publicado pelo
canal Cultura Popular. Disponível em: https://youtu.be/z5F1VGOL4HQ. Acesso em:
12 de out, 2022.

O filme se trata da adaptação do livro escrito por Dias Gomes: ‘’O Pagador de
Promessas’’, que mostra a vida de Zé do burro e de sua mulher, Rosa, no campo.
Ambos, fazendeiros humildes que costumavam pastar pelo outeiro em que viviam
juntamente do burro de Zé. Certo dia, enquanto o protagonista trabalhava, uma forte
tempestade ocorreu em suas terras e, quando ele se dirigiu à sua casa para abrigar-
se um raio atingiu uma árvore que findou caindo por cima de seu burro, o ferindo
gravemente. Zé, desesperado contata um veterinário para tentar medicar o animal,
entretanto, aquele burro já não tinha mais tratamento segundo o profissional.
Posteriormente, a personagem decide ir à um centro de candomblé para fazer uma
promessa que cure seu burro. A promessa era de que Zé carregaria uma cruz tão
pesada quanto a de cristo até a capela de Santa Bárbara. No dia seguinte, após a
oração realizada pela santa Iansã, o burro do fazendeiro está completamente curado.
Como consequência, Zé providenciou o quanto antes a cruz de madeira e, em pouco
tempo partiu juntamente de sua esposa numa jornada extremamente cansativa até
Salvador, onde se localizava a capela. Segundo LIMA (2014) ‘’ O Pagador de
Promessas traz à tona uma série de conflitos entre o Brasil rural e o urbano, muito
evidente na onda de modernização que atravessava o país ao longo da década de 50
e 60. Tais conflitos, na peça, são sintetizados pelo embate entre a crença popular, o
sincretismo que formou a tradição religiosa brasileira, e o dogmatismo, o ritualismo
rigoroso e a burocratização da igreja. Esse ponto ajuda a refletir sobre como todas as
instâncias de poder, sejam culturais, políticas ou econômicas, se automatizaram,
engessando-se no curso desse processo de modernização. Com isso, distanciaram-
se cada vez mais das necessidades e demandas do povo.
Zé do Burro pode ser entendido como o espírito livre do povo simples. Sua dificuldade
em se comunicar e em compreender a rejeição do padre ao sincretismo entre Iansã e
Santa Bárbara, deve ser lida como representação desse hiato que se formava entre
um país que se modernizava para uma nova classe média e se tornava
incompreensível para os que não tinham acesso ao consumo. Quando padre Olavo
impede a entrada de Zé do Burro na igreja, Dias Gomes parece querer retratar o
desamparo do povo, sobretudo da população rural. As saídas autoritárias executadas
tanto pelo pároco quanto pelo poder público demonstram a inversão do papel do
Estado, que deixa de auxiliar e passa a reprimir o povo, seja pela instauração de um
aparelho burocrático estranho, seja pela opressão direta. A crítica à corrupção dos
meios de comunicação torna-se clara no ponto em que o autor tangencia o tema da
reforma agrária, em debate à época. A abordagem sensacionalista do repórter mostra
o desconhecimento e o descaso dos meios de comunicação com a questão da
distribuição de terra. A obra ainda mostra como a elite coloca um sentido de subversão
a essa discussão. O papel do jornal no assassinato de Zé pretende discutir a
responsabilidade política da imprensa no Brasil’’. Segundo FUKS (2018): ‘’ A história
se passa em Salvador. Quando o pano sobe, o teatro está quase as escuras. No palco,
encontra-se uma paisagem tipicamente baiana, da Bahia velha e colonial. São quatro
e meia da manhã. Surge então o protagonista, Zé-do-burro, um homem de 30 anos,
magro, de estatura média, feições vulgares, carregando uma imensa cruz de madeira
nas costas. Ao seu lado está a esposa, Rosa, descrita como uma bela mulher de
"sangue quente", ao contrário do marido, com ar sereno e manso. O casal está junto
a oito anos. Ambos estão a espera de que a igreja seja aberta para que se cumpra
uma promessa. Como o burro Nicolau, considerado por Zé como o seu melhor amigo,
sobreviveu a um raio, ele fez uma promessa de que carregaria uma cruz de madeira
até a igreja. O apelido Zé-do-burro foi justamente dado em homenagem ao afeto que
o homem nutria pelo animal. Com a ameaça da vida de Nicolau, seu dono procura o
Preto Zeferino, que era um afamado rezador conhecido por curar todas as doenças.
Sem ver melhoras em Nicolau, Zé vai para o candomblé de Maria de Iansã pedir ajuda.
Lá conta para a Mãe-de-Santo aquilo que se passa e ela sugere que se faça uma
grande promessa. Como Iansã é Santa Bárbara, Zé-do-burro prometeu que carregaria
uma cruz de madeira da roça onde vivia até a Igreja dela, no dia da sua festa, uma
cruz tão pesada quanto a de Jesus. O martírio de carregar a cruz fez com que os
ombros de Zé ficassem em carne viva, os pés já tinham enormes bolhas d'água. O
burro subitamente ficou bom, do dia para a noite, o que fez com que Zé atribuísse a
sua melhora repentina ao resultado da promessa. A peça tem momentos de humor
como, por exemplo, quando Rosa e Zé discutem por almofadinhas. Por fim, Zé-do-
burro cumpre a promessa tal qual Jesus, sem nenhuma proteção, apesar de todo o
sofrimento, e carrega a cruz de madeira durante sete léguas. O casal chega finalmente
a Igreja de Santa Bárbara. Enquanto esperam na frente da igreja - porque a porta se
encontra fechada devido a hora - conhecem Marli e Bonitão, um casal peculiar
composto por uma prostituta e pelo seu cafetão. Ela, uma mulher de vinte e oito anos
e pintura exagerada, descrita como uma beleza triste e suicida. Bonitão, por sua vez,
é frio, insensível e submete Marli, assim como as suas tantas outras mulheres.
Arrogante e vaidoso, veste-se sempre de branco, com colarinho alto e sapatos de
duas cores. Bonitão, um valente sem vergonha que percebe imediatamente a
inocência do marido de Rosa, começa a se engraçar com a moça, que estava exausta
da viagem e da promessa feita. Zé-do-burro ingenuamente não percebe nada do que
está acontecendo. Vendo o cansaço da mulher diante da igreja fechada, o cafetão se
oferece para leva-la até um hotel. Ela até resiste, mas ao final vai e deixa o marido
para trás. Rosa fica hospedada no hotel Ideal, no segundo andar, quarto 27.
Finalmente o jovem padre Olavo aparece e, quando percebe, em meio a conversa,
que a promessa foi feita em um terreiro de candomblé, impede o devoto Zé de entrar
na igreja. Teimoso e sem querer desagradar a santa, Zé-do-burro persiste querendo
entregar a cruz, apesar dos apelos da mulher para se irem embora. Eis que surge um
repórter sensacionalista, interessado em vender a história. Ele distorce toda a situação
e acaba por pintar Zé-do-burro como um messias apoiante da reforma agrária.
Bonitão, deveras interessado em Rosa, convence o policial Secreta de que o repórter
tinha razão. Furioso por ter sido impedido de entrar na Igreja de Santa Bárbara, Zé
perde a razão e é repreendido pela polícia. Ainda mais revoltado por não conseguir
cumprir a sua promessa, se recusa a ir detido. Por fim, no calor do momento, o policial
Secreta o assassina cravando seu trágico destino.’’ Em suma, a obra cinematográfica
certamente não é tão rica quanto o livro por si só. Entretanto, é bastante interessante
de se assistir como passatempo, o filme tem nota geral 9,9 nas redes de avaliação
crítica do cinema. No geral, apresenta diversos pontos positivos, como a trama e o
desencadear da história, vale salientar a classificação indicativa para o filme;
recomendado para maiores de quatorze anos.

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