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Biografia do Autor

João Guimarães Rosa, um dos maiores escritores de todos os tempos,


produtor de uma obra de alcance universal, nasceu na cidadezinha de
Cordisburgo, em Minas Gerais, filho de D. Francisca Guimarães Rosa
e de Florduardo Pinto Rosa, de quem herdou a paixão pelas estórias.

Joãozito, como era chamado quando menino, teve uma infância


privilegiada. Ele conviveu desde cedo com personagens encantados
criados pela mente paterna e com outra herança fundamental, a
familiaridade com a linguagem, tanto a de sua terra natal, quanto a
de países do mundo todo. Rosa é atingido, em novembro de 1967,
por um ataque fulminante do coração, talvez pela presença de tanto
amor, de tantas estórias, que não mais cabiam em seu peito.

A obra Sagarana contém nove histórias. Pelo número de páginas de


cada uma, elas até poderiam ser classificadas como novelas, ao invés
de contos.

Foco Narrativo
1. O Burrinho Pedrês    -  terceira pessoa.
2. A Volta do Marido Pródigo   -  terceira pessoa.
3. Sarapalha   -  terceira pessoa.
4. Duelo  -  terceira pessoa.
5. Minha Gente   -  primeira pessoa.
6. São Marcos   -  primeira pessoa.
7. Corpo Fechado  -  terceira pessoa.
8. Conversa de Bois  -  terceira pessoa.
9. A Hora e a Vez de Augusto Matraga   -  terceira pessoa.

Neste livro preponderam as histórias contadas na terceira pessoa,


com um narrador onisciente. Apenas dois contos, Minha Gente e São
Marcos, são narrados na primeira pessoa; neles o narrador é um dos
personagens da trama.

Tempo
Tudo se passa no começo do século XX.

Cenário
Cada história desse livro é encenada no sertão de Minas Gerais.

Linguagem
 A linguagem de Guimarães Rosa não pode ser meramente
enquadrada como regionalista. Ele se vale de um dialeto sertanejo
nas páginas de seu livro e o mescla aos célebres neologismos e a
inúmeros arcaísmos.

A hora e a vez de Augusto Matraga


Augusto Estêves é o valentão do vilarejo onde habita. Ele gasta tudo
que cai em suas mãos e, com o falecimento de seu pai, conhece a
miséria. Um belo dia ele recebe uma mensagem de Quim Recadeiro;
acabara de ficar sem seus capangas, recrutados por seu maior rival,
o Major Consilva, e sua esposa e a filha tinham partido na companhia
de Ovídio Moura.

Inconformado, ele vai à fazenda do Major para enfrentar os antigos


homens de confiança. O Major exige que o protagonista receba a
marca do ferro no glúteo e que a vida lhe seja tirada. No auge da
agonia, ele pula de um abismo. À beira da morte, é socorrido por um
casal de negros. Até um sacerdote é chamado para confortá-lo. Ao se
curar, o protagonista resolve mudar de vida. Então ele se refugia com
os negros no Tombador.

A partir de então, ele passa a trabalhar sem cessar, especialmente


para a sobrevivência do casal que o salvou. Além disso, ele pretende
expiar seus erros. Em uma ocasião o bando de jagunços comandado
por Joãozinho Bem-Bem chega ao povoado e Augusto e o célebre
fora-da-lei se tornam amigos. É com tristeza que o protagonista o vê
partir.

Com a passagem do tempo, Augusto também se despede de


Tombador, sentindo que seu momento está por vir. Ele se depara
com o jagunço, que se prepara para eliminar uma família por
revanche. O protagonista implora ao amigo que não cometa essa
atrocidade, e o mesmo vê esse pedido como uma ofensa. Ambos
duelam entre si e acabam perdendo a vida.

Conversa de bois
Neste conto o autor destaca quatro fatores essenciais do sertão
mineiro. Um deles é o carro de bois que atravessa a região
transportando rapadura e um corpo, o do pai de Tiãozinho. Os
animais são o segundo elemento; os outros são o condutor do carro e
o guia, o menino Tiãozinho.
Oito bois movem o carro, Buscapé e Namorado, Capitão e Brabagato,
Dançador e Brilhante, Realejo e Canindé. Na parte superior vai o
carreiro, Agenor Soronho. O morto era também um guia da boiada. O
garoto vive sua dor da perda; ele tem que enfrentar igualmente a
exaustão e a forma cruel como Agenor o trata, incitando os bois sem
dó ou piedade. Agora o garoto está sujeito à boa-vontade do
condutor, que promove a sobrevivência dos familiares de Tiãozinho
porque quer conquistar a mãe dele, a qual já era sua amante antes
mesmo da morte do pai do garoto, Januário, que vivia paralisado e
cego há algum tempo, sem condições de trabalhar. Enquanto Agenor
adormece e o personagem mergulha numa espécie de transe, os bois
conversam entre si. Os animais eram solidários ao menino e, a um
comando dele, eles saltam adiante e provocam a queda de Agenor. O
carreiro morre e a viagem segue mais leve.

Corpo fechado
Trabalhar não é com Manuel Fulô. Ele adora mesmo é contar histórias
regadas a uma boa cachaça. O homem propõe ao narrador, médico
em Lajinha, que seja seu padrinho de casamento.  Ele conta que
tinha uma mula, Beija-Fulô, enquanto Antonico é proprietário de uma
sela do México.

Os dois vivem tentando conquistar o bem do outro. Surge então


Targino, um dos arruaceiros da região. Ele diz para todo mundo que
vai dormir com a noiva de Manuel Fulô antes do matrimônio. O
homem fica agoniado, pois o valentão é o dono da região. Surge
então o feiticeiro Antonico e faz um acordo com Manuel. Ele vai
‘fechar seu corpo’, porém em troca precisará lhe dar a mula Beija-
Fulô, bem de maior estima de Fulô. Sem saída, ele concorda.

Desta forma ele desafia Targino e, para surpresa do povo, acaba com
a vida dele com uma singela faca que mais parecia um canivete.
Manuel se casa com a amada e em algumas ocasiões ainda pode
tomar por empréstimo sua mula de estimação. Além do mais, torna-
se o novo valentão das redondezas.

São Marcos
O narrador é José, conhecido como Izé, médico graduado há pouco
tempo e novo no Calango-Frito. João Mangolô era considerado um
feiticeiro poderoso na região. José sempre zombava do preto-velho,
desprezando seu saber e considerando tudo que o envolvia como
pura superstição. Mas ele exagerava no preconceito e sempre dizia
que todo negro era vagabundo, cachaceiro e feiticeiro.
Sem nada respeitar, o médico começa a declamar a oração de São
Marcos quando encontro Aurísio Manquitola, que foge com medo.

Caminhando pelas trilhas que levam à lagoa, o narrador passa a


contemplar a harmonia da natureza e dos animais. Subitamente ele
perde a vista. Pouco a pouco ele percebe que está muito longe de
todos e não tem como regressar a sua morada. Ele decidiu gritar,
mas não teve resposta. José tenta se orientar entre as árvores e cai
no choro, porém nada resolve.

Ele começa a rezar a oração de São Marcos, proferindo inclusive os


insultos contidos na prece. O médico passa a ter alucinações e corre
pela floresta. O narrador chega à residência de Mangolô movido por
uma raiva descontrolada. Ele tenta esganar o feiticeiro, mas Mangolô
implora que o deixe vivo. De repente a visão retorna. O feiticeiro
tinha atado uma tira de pano preto nos olhos de um boneco para José
ficar cego por um tempo. O narrador decide conviver em paz com o
preto-velho.

Minha gente
O narrador vai de visita à propriedade rural de seu tio, no momento
preocupado em ganhar as eleições do lugarejo. Ele cai de amores por
Maria Irma, sua prima. Mas esta paixão não é correspondida. Um
belo dia a jovem é visitada por Ramiro, e o protagonista fica
enciumado.

A moça conta que ele é noivo de outra mulher. O garoto teceu um


plano; ele iria simular um relacionamento com uma jovem da
propriedade vizinha. Mas a estratégia de fazer ciúmes à prima é
frustrada. O único benefício de seus planos foi, sem querer, colaborar
para a vitória de seu tio nas eleições.

O narrador parte. Na segunda vez em que ele vai à fazenda, a prima


lhe apresenta a mulher da sua vida, Armanda. Ele é fulminado pelo
cupido na mesma hora e logo depois a moça se torna sua esposa,
enquanto Maria Irma contrai matrimônio com Ramiro Gouveia.

Sarapalha
Em um vilarejo quase deserto, às margens do Rio Pará, um surto de
malária levou a população a partir. Em uma propriedade rural vazia,
restaram três habitantes: Primo Ribeiro, Primo Argemiro e uma preta
velha que todos os dias prepara a refeição. Não há como trabalhar
nessa região.
O fantasma da morte assombra os primos. Um dia Ribeiro, achando
que vai morrer, conta ao Primo Argemiro que a esposa partiu com um
boiadeiro, deixando-o sozinho. Ele quis seguir os dois, mas se os
achasse teria que assassinar o casal e lhe faltava ousadia para tanto.

Aproveitando as confidências, Argemiro confessa que era apaixonado


por Luísa, a esposa de Ribeiro, embora nunca tenha se declarado a
ela ou lhe desrespeitado. Embora sem forças e febril, por causa da
malária, Ribeiro se enfurece com o primo. Apesar da insistência
deste, ele não lhe concede o perdão e o expulsa.

Argemiro parte praticamente se arrastando e ainda, no caminho, é


confundido pelos pássaros com um espantalho. Ele lamenta nunca ter
se declarado para Luísa e sonha com ela, rememorando seu rosto
antes do casamento. No cenário que o cerca ele vê flores azuis,
mesma cor do vestido que cobria sua amada no dia do matrimônio.

Duelo
Turíbio Todo foi a uma pescaria e disse à esposa que retornaria
apenas no dia seguinte. Na margem do rio o protagonista sofreu um
incidente e acabou voltando ao anoitecer. Então ele flagrou a esposa
com Cassiano Gomes, ex-policial e perito em armas. Turíbio fingiu
nada ter visto e teceu um plano. Dias depois, pronto para a fuga, ele
foi à residência do rival e atirou na nuca dele, um tiro certeiro, mas
por engano matou o irmão dele, Levindo Gomes. Após o enterro,
Cassiano se fechou no interior de sua morada. Preparou tudo e então
iniciou a vingança.

Na perseguição Cassiano viu seus planos serem frustrados. Turíbio,


exímio conhecedor das redondezas, levava vantagem. O protagonista
estava tão confiante que regressou para casa e passou a noite com
sua mulher, Dona Silvana.  Nessa ocasião ele confidenciou à esposa
sua estratégia derradeira. Ele contava que o coração do rival não
suportaria a pressão. Mas, quando foi possível, a companheira
entregou seus planos para Cassiano.

Cinco meses se passaram sem que eles se enfrentassem. Então


Turíbio, iludido com a ideia de fazer fortuna em São Paulo, partiu
para a cidade grande. Depois levaria a esposa.  Enquanto isso,
Cassiano, doente, tomou uma decisão; antes de sua morte ele
acabaria com Turíbio. Ao passar pelo vilarejo chamado Mosquito, sua
saúde piorou. Ele não conseguiu contratar ninguém que matasse seu
rival.  Antes da sua morte, ele conhece um sertanejo chamado Vinte-
E-Um, na verdade Antônio. Cassiano o ajuda inclusive a salvar a vida
do filho. Quando ele morre, Turíbio retorna seguro de si. Mas Vinte-E-
Um, desejoso de fazer justiça ao seu antigo benfeitor, acaba com a
vida de Turíbio.

A volta do marido pródigo


Lalino Salãthiel é um mulato esperto que nunca chega na hora para o
trabalho árduo na mineração da terra. Seu Marra vigia o tempo todo
os trabalhadores, mas nem ele pode com o protagonista. Este vive
criando histórias e justificativas para não se matar de trabalhar.
Alguns gostam muito dele, outros o desprezam. Generoso acredita
que o espanhol Ramiro está cercando a esposa de Lalino.

O protagonista decide ir para a capital. Ele chega ao trabalho, pede


as contas e ao regressar para casa vê o homem que tenta conquistar
sua esposa, Maria Rita. Lalino tem uma ideia; inventa que deseja
partir sem sua garota, mas não tem os recursos financeiros para
fazer a viagem. O espanhol cede e lhe empresta um conto de réis. O
protagonista embarca para a capital do Brasil.

Um mês se passa e Maria Rita está arrasada. Três meses depois, ela
já vivia com Ramiro. Todos acreditavam que Lalino tinha negociado a
própria esposa. Mais de meio ano após esses fatos, ele já viveu
muitas peripécias em terras cariocas. Mas agora o homem está
prestes a ficar sem nada e começa a ficar saudoso. Resolve então
retornar para casa.

No vilarejo todos zombam dele. Ele vai à morada do espanhol e exige


ver Ritinha, chegando até mesmo a ameaçar Ramiro ao aproximar
sua mão do cabo da sua arma. De repente, porém, desiste de falar
com a ex-esposa e leva apenas o violão. Verificou que Ramiro
cuidava bem da mulher e no igarapé encontrou seu Oscar. O homem
se comprometeu a conseguir um espaço para Lalino no mundo da
política com seu pai, o Major Anacleto.

Porém o Major tem princípios morais rígidos e não quer dar uma
chance para alguém que vendeu a própria família. Tio Laudônio,
irmão de Anacleto, que vê em meio á escuridão e tem os sentidos
apurados além da conta, intervém a favor de Lalino e consegue
demover o Major de sua recusa. Ele pede que Lalino o procure um dia
depois. Mas o protagonista só se apresenta na quarta-feira e dá de
cara com Anacleto.

O Major tenta mandá-lo embora, mas o mulato o convence de que


passou esse tempo fazendo um levantamento de quem era leal a ele
e quem o atraiçoava pelas costas. Sabia tudo sobre os planos de
Benigno para vencer Anacleto nas eleições. O protagonista demanda
a proteção de Estevão, o capanga de quem todos têm medo, e passa
a ser visto como o cabo eleitoral de Anacleto.

Tudo vai bem para Lalino até que Ramiro o entrega para o Major. O
espanhol conta que ele vinha mantendo amizade com Nico, filho de
Benigno. Tocavam e bebiam juntos, inclusive na companhia de
Estevão. Anacleto ficou furioso. Porém o mulato o persuade de que
tudo faz parte de seus planos para obter informações.

Após um tempo, Lalino pediu que Oscar fosse até Ritinha e falasse
com a mesma sem contar que ia a pedido de Lalino. Ele fez o oposto
do pedido, inventando intrigas e tentando roubar um beijo da mulher.
Ela o mandou embora alegando que era mesmo apaixonada pelo ex-
marido. Mas Oscar relata ao protagonista que a ex-esposa tinha, na
verdade, se apaixonado por Ramiro.

Uma tarde Ritinha vai até a fazenda e aos prantos implora ao Major
que a proteja, pois Ramiro, enciumado, desejava assassinar Lalino e
ela; depois ele se mataria. Quando Anacleto exige que lhe tragam o
mulato, descobre que ele estava tomando uns drinques com
estranhos recém-chegados em um carro. Irado, acreditando ser seus
opositores, vê o homem chegar com pessoas do governo, entre eles o
Secretário do Interior. Feliz, o Major interveio para reconciliar Lalino e
a mulher dele.

O Burrinho Pedrês
Este conto se passa na Fazenda da Tampa, de propriedade do Major
Saulo. Seus serviçais estão escolhendo os cavalos que transportarão
os homens sertão afora com o objetivo de tanger um rebanho de bois
de corte. Infelizmente o burrinho Sete-de-Ouros é um dos animais
selecionados para esse trabalho. João Manico é o vaqueiro que o
montará.

Enquanto isso, Raymundão narra a história do touro Calundu. Ele só


feria quem estivesse a cavalo. Uma vez ele desafiou uma onça preta
e afugentou o bicho só para preservar um bando de vacas com seus
bezerrinhos.  Ao tirar a vida de Vadico, filho do proprietário rural
Neco Borges, ele só é poupado a pedido do rapaz. Mas Raymundão
foi então encarregado de conduzir o animal para outra propriedade.
Um dia depois de chegar ao novo lar o touro foi encontrado morto.

Após um temporal, a manada atinge o córrego da Fome, o qual


estava quase transbordando. Atravessá-lo seria um risco e o Major
Saulo insiste que todos tomem cuidado, pois neste lugar muitos já
haviam perdido a vida. Porém, tudo corre bem e até o burrinho passa
pelas águas sem problemas.
Em um dado momento, o Major exige que João Manico deixe
Francolim montar Sete-de-Ouros. Ele assim faz, mas o encarregado
pede ao patrão que, quando chegarem ao vilarejo, ele possa mais
uma vez trocar de montaria, pois seria humilhante para ele ser visto
no lombo do burro.

Dois dos vaqueiros do bando exigem atenção. Badu e Silvino se


desentenderam por conta de uma garota caolha. Os dois viraram
rivais mortais. Francolim e o Major suspeitam que Silvino esteja
planejando matar Badu, que vai se casar com a ex-namorada dele. O
vaqueiro carrega consigo mais bens do que deveria e negociou quatro
reses por um valor muito baixo. Saulo pede que Francolim observe
Silvino a cada momento no regresso da caravana.

Os vaqueiros foram recebidos com festanças no vilarejo. Os bichos


vão repousar enquanto os homens passeiam pela região. Na partida
os vaqueiros zombaram de Badu. Como ele estava embriagado, foi
obrigado a montar o Burrinho, mas era volumoso demais para o
animal. Na saída do vilarejo Francolim aguardava pelo companheiro.

Logo depois o encarregado deixa Badu sozinho e se preocupa em


vigiar Silvino, que caminhava avante ao lado do irmão dele, Tote, que
tentava convencê-lo a não acabar com a vida de Badu. Porém o
homem traído insistia em levar seu plano adiante.

A caravana seguia viagem noite adentro. Subitamente os cavalos


estacaram diante do córrego transbordado. Os homens decidiram
aguardar Badu e Sete-de-Ouros. Se o animal avançasse pelas águas,
seria possível transpor o ribeirão, já que este bicho não costuma
adentrar um ponto de onde não consiga partir.

O burrinho mergulha nas águas levando Badu consigo. Os outros


confiam e vão atrás. Mas não conseguem atravessar o riacho. Oito
vaqueiros perdem a vida na travessia: Benevides, Silvino, Leofredo,
Raymundão, Sinoca, Zé Grande, Tote e Sebastião. Sete-de-Ouros,
porém, chega ao seu destino com Badu às costas e Francolim
segurando seu rabo. Ao pisar em solo seguro o animal se liberta do
encarregado e vai direto para a fazenda.  Em casa ele é liberado do
homem adormecido e de seus arreios.

https://www.infoescola.com/livros/resumo-sagarana/

1. (CEFET-PR) Sobre os contos de Sagarana é INCORRETO afirmar:


A) A volta do marido pródigo demonstra, no comportamento do protagonista, o poder
criador da palavra, dimensão da linguagem tão apreciada por Guimarães Rosa.
B) Tanto em Corpo fechado quanto em Minha gente o espaço é variado, deslocando-se a
ação de um lugar para outro.
C) Em Duelo e Sarapalha figuram personagens femininas cujos traços não aparecem
nas mulheres de outros contos.
D) O burrinho pedrês, Conversa de bois e São Marcos trabalham com a mudança de
narradores.
E) A hora e a vez de Augusto Matraga não apresenta a inserção de casos ou narrativas
secundárias.

2. (UPF) Nos contos de Sagarana, Guimarães Rosa resgata, principalmente, o imaginário e


a cultura:

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A) da elite nacional
B) dos proletários urbanos
C) dos povos indígenas
D) dos malandros de subúrbio
E) da gente rústica do interior

3. (FUVEST) Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou,


perguntou-lhe:
— E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
— Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de idéia.
— E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
— Macabéa.
— Maca — o quê?
— Bea, foi ela obrigada a completar.
— Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.
Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da
Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha
nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome ue nin uém
tem mas arece ue deu certo — arou um instante retomando o fôlego perdido e
acrescentou desanimada e com pudor — pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...
— Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande divida de honra.
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da
vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas,
parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma
ruptura, disse ao recém-namorado:
— Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
Da segunda vez em que se encontraram caia uma chuva fininha que ensopava os ossos.
Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa
parecia lágrimas escorrendo. (Clarice Lispector, A hora da estrela)
Ao dizer: "(..) promessa é questão de grande dívida de honra", Olímpico junta, em urna
só afirmação, a obrigação religiosa e o dever de honra. A personagem de Sagarana que,
em suas ações finais, opera uma junção semelhante é:

A) Major Saulo, de O burrinho pedrês.


B) Lalino, de Traços biográficos de Lalino Salãthiel ou A volta do marido pródigo.
C) Primo Ribeiro, de Sarapalha.
D) João Mangolô, de São Marcos.
E) Augusto Matraga, de A hora e vez de Augusto Matraga.

4. (UEL) O trabalho com a linguagem por meio da recriação de palavras e a descrição


minuciosa da natureza, em especial da fauna e da flora, são uma constante na obra de
João Guimarães Rosa. Esses elementos são recursos estéticos importantes que
contribuem para integrar as personagens aos ambientes onde vivem, estabelecendo
relações entre natureza e cultura. Em Sarapalha, conto inserido no livro Sagarana, de
1946, referências do mundo natural são usadas para representar o estado febril de Primo
Argemiro.
Com base nessa afirmação, assinale a alternativa em que a descrição da natureza mostra
o efeito da maleita sobre a personagem Argemiro:

A) “É aqui, perto do vau da Sarapalha: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada;
uma cerca de pedra seca, do tempo de escravos; um rego murcho, um moinho parado;
um cedro alto, na frente da casa; e, lá dentro uma negra, já velha, que capina e cozinha
o feijão.”
B) “Olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado dos juncos, se estira o
vôo de uma garça, em direção à mata. Também, não pode olhar muito: ficam-lhe
muitas garças pulando, diante dos olhos, que doem e choram, por si sós, longo
tempo.”
C) “É de-tardinha, quando as mutucas convidam as muriçocas de volta para casa, e
quando o carapana mais o mossorongo cinzento se recolhem, que ele aparece, o
pernilongo pampa, de pés de prata e asas de xadrez.”
D) “Estava olhando assim esquecido, para os olhos... olhos grandes escuros e meio de-
quina, como os de uma suaçuapara... para a boquinha vermelha, como flor de suinã....”
E) “O cachorro está desatinado. Pára. Vai, volta, olha, desolha... Não entende. Mas sabe
que está acontecendo alguma coisa. Latindo, choramingando, chorando, quase uivando.”

5. (PUC-SP) O conto Conversa de bois integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa.


De seu enredo como um todo, pode afirmar-se que:

A) os animais justiceiros, puxando um carro, fazem uma viagem que começa com
o transporte de uma carga de rapadura e um defunto e termina com dois.
B) a viagem é tranqüila e nenhum incidente ocorre ao longo da jornada, nem com
os bois nem com os carreiros.
C) os bois conversam entre si e são compreendidos apenas por Tiãozinho, guia
mirim dos animais e que se torna cúmplice do episódio final da narrativa.
D) a presença do mítico-lendário se dá na figura da irara, “tão séria e moça e
graciosa, que se fosse mulher só se chamaria Risoleta” e que acompanha a
viagem, escondida, até à cidade.
E) a linguagem narrativa é objetiva e direta e, no limite, desprovida de poesia e
de sensações sonoras e coloridas.

TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 80 A 82

Sarapalha

– Ô calorão, Primo!... E que dor de cabeça excomungada!

– É um instantinho e passa... É só ter paciência....

– É... passa... passa... passa... Passam umas mulheres vestidas de cor de água, sem olhos
na cara, para não terem de olhar a gente... Só ela é que não passa, Primo Argemiro!... E
eu já estou cansado de procurar, no meio das outras... Não vem!... Foi, rio abaixo, com o
outro... Foram p’r’os infernos!...

– Não foi, Primo Ribeiro. Não foram pelo rio... Foi trem de ferro que levou...

– Não foi no rio, eu sei... No rio ninguém não anda... Só a maleita é quem sobe e desce,
olhando seus mosquitinhos e pondo neles a benção... Mas, na estória... Como é mesmo a
estória, Primo? Como é?...

– O senhor bem que sabe, Primo... Tem paciência, que não é bom variar...

– Mas, a estória, Primo!... Como é?... Conta outra vez...

– O senhor já sabe as palavras todas de cabeça... “Foi o moço bonito que apareceu,
vestido com roupa de dia de domingo e com a viola enfeitada de fitas... E chamou a
moça p’ra ir se fugir com ele”...

– Espera, Primo, elas estão passando... Vão umas atrás das outras... Cada qual mais
bonita... Mas eu não quero, nenhuma!... Quero só ela... Luísa...

– Prima Luísa...

– Espera um pouco, deixa ver se eu vejo... Me ajuda, Primo! Me ajuda a ver...

– Não é nada, Primo Ribeiro... Deixa disso!

– Não é mesmo não...

– Pois então?! – Conta o resto da estória!...


– ...“Então, a moça, que não sabia que o moço bonito era o capeta, ajuntou suas
roupinhas melhores numa trouxa, e foi com ele na canoa, descendo o rio...”

Guimarães Rosa, Sagarana.

A novela Sarapalha apresenta uma estória dentro de outra, por meio da qual a
personagem masculina da narrativa principal (Primo Argemiro) alude a uma mulher da
narrativa secundária (a moça levada pelo capeta). O mesmo procedimento ocorre em

(A) Duelo, com Cassiano e Silivana.

(B) Minha gente, com Ramiro e a filha de Emílio.

(C) A volta do marido pródigo, com Lalino e Maria Rita.

(D) O burrinho pedrês, com Raymundão e a namorada de Silvino.

(E) A hora e vez de Augusto Matraga, com Ovídio e Dionóra.

No texto de Sarapalha, constitui exemplo de personificação o seguinte trecho:

(A) “No rio ninguém não anda” (L. 10).

(B) “só a maleita é quem sobe e desce” (L. 10 11).

(C) “O senhor já sabe as palavras todas de cabeça” (L. 17).

(D) “e com a viola enfeitada de fitas” (L. 19).

(E) “ajuntou suas roupinhas melhores numa trouxa”

(L. 32). 5 10 15 20 25 30 10010001 25 7 6 PAG 25/28 V Caderno Reserva ETAPA


Fuvest TEXTOS PARA AS QUESTÕES 78 E 79 (...) procurei adivinhar o que se passa
na alma duma cachorra. Será que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O
meu bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. Exatamente o que todos
nós desejamos. A diferença é que eu quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé
Leite pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos como a
minha cachorra Baleia e esperamos preás. (...) Carta de Graciliano Ramos a sua esposa.
(...) Uma angústia apertou lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela
hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas.
Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinha Vitória
guardava o cachimbo. (...) Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de
preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam
com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria
todo cheio de preás, gordos, enormes. Graciliano Ramos, Vidas secas. As declarações
de Graciliano Ramos na Carta e o excerto do romance permitem afirmar que a
personagem Baleia, em Vidas secas, representa (A) o conformismo dos sertanejos. (B)
os anseios comunitários de justiça social. (C) os desejos incompatíveis com os de
Fabiano. (D) a crença em uma vida sobrenatural. (E) o desdém por um mundo melhor.
A comparação entre os fragmentos, respectivamente, da Carta e de Vidas secas, permite
afirmar que (A) “será que há mesmo” e “acordaria feliz” sugerem dúvida. (B) “procurei
adivinhar” e “precisava vigiar” significam necessidade. (C) “no fundo todos somos” e
“andar pelas ribanceiras” indicam lugar. (D) “ padre Zé Leite pretende” e “Baleia queria
dormir” indicam intencionalidade. (E) “todos nós desejamos” e “dormiam na esteira”
indicam possibilidade. TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 80 A 82 Sarapalha – Ô
calorão, Primo!... E que dor de cabeça excomungada! – É um instantinho e passa... É só
ter paciência.... – É... passa... passa... passa... Passam umas mulheres vestidas de cor de
água, sem olhos na cara, para não terem de olhar a gente... Só ela é que não passa,
Primo Argemiro!... E eu já estou cansado de procurar, no meio das outras... Não vem!...
Foi, rio abaixo, com o outro... Foram p’r’os infernos!... – Não foi, Primo Ribeiro. Não
foram pelo rio... Foi trem de ferro que levou... – Não foi no rio, eu sei... No rio ninguém
não anda... Só a maleita é quem sobe e desce, olhando seus mosquitinhos e pondo neles
a benção... Mas, na estória... Como é mesmo a estória, Primo? Como é?... – O senhor
bem que sabe, Primo... Tem paciência, que não é bom variar... – Mas, a estória,
Primo!... Como é?... Conta outra vez... – O senhor já sabe as palavras todas de cabeça...
“Foi o moço bonito que apareceu, vestido com roupa de dia de domingo e com a viola
enfeitada de fitas... E chamou a moça p’ra ir se fugir com ele”... – Espera, Primo, elas
estão passando... Vão umas atrás das outras... Cada qual mais bonita... Mas eu não
quero, nenhuma!... Quero só ela... Luísa... – Prima Luísa... – Espera um pouco, deixa
ver se eu vejo... Me ajuda, Primo! Me ajuda a ver... – Não é nada, Primo Ribeiro...
Deixa disso! – Não é mesmo não... – Pois então?! – Conta o resto da estória!...
– ...“Então, a moça, que não sabia que o moço bonito era o capeta, ajuntou suas
roupinhas melhores numa trouxa, e foi com ele na canoa, descendo o rio...” Guimarães
Rosa, Sagarana. A novela Sarapalha apresenta uma estória dentro de outra, por meio da
qual a personagem masculina da narrativa principal (Primo Argemiro) alude a uma
mulher da narrativa secundária (a moça levada pelo capeta). O mesmo procedimento
ocorre em (A) Duelo, com Cassiano e Silivana. (B) Minha gente, com Ramiro e a filha
de Emílio. (C) A volta do marido pródigo, com Lalino e Maria Rita. (D) O burrinho
pedrês, com Raymundão e a namorada de Silvino. (E) A hora e vez de Augusto
Matraga, com Ovídio e Dionóra. No texto de Sarapalha, constitui exemplo de
personificação o

Fonte: https://www.passeiweb.com/preparacao/banco_de_questoes/
portugues/sagarana

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