Você está na página 1de 66

Copyright © 2008 Naor Pedroza

Editora VIDEIRA

Editora associada à ASEC – Associação Brasileira de Editores Cristãos

Diretor geral Naor Pedroza


Diretor executivo Roberta Costa
Diretor de arte Robson Júnior
Produção gráfica Roberta Costa

DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou


parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio sem a
autorização prévia e por escrito do autor. A violação dos Direitos
Autorais (Lei nº 9610/98) é crime estabelecido pelo artigo 48 do
Código Penal.

Impresso no Brasil

Printed in Brazil

2008
Batalha na mente
Categoria: Religião / Bíblia / Cristianismo

Copyright © 2008 Naor Pedroza


Todos os direitos reservados

1ª edição setembro de 2008


Edição Sidnei Alves
Preparação dos originais Charleston Fernandes
Revisão de prova Rosiane Martins e Sidnei Alves
Projeto Gráfico e Diagramação Michele Araújo
Capa Julio Carvalho

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida


Revista e Atualizada (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo Indicação
específica.

Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Pedroza, Naor, 2008


Batalha na mente — Série vida plena / Naor Pedroza. – Goiânia:
Editora VIDEIRA, 2008
ISBN: 978-85-98510-88-0

1: Religião 2: Bíblia 3: Cristianismo 4: Título


CDD : 200/220

Índice para catálogo sistemático:


1: Religião: Bíblia: Cristianismo 200/220

Editado e publicado no Brasil por:


PEDROZA Publicações
Av T-3, Qd. 43, Lt. 20, Andar 1, Sala 1, Ed. Videira,
Setor Bueno, CEP: 74.215-110
Goiânia–GO–Brasil
Telefone: (62) 3924-8800 — pedrozapublicacoes@gmail.com
Dedicatória:
Dedico este livro a todos os santos que
têm perseverado nessa grande batalha da fé
a fim de edificar o reino de Deus na Terra e
que, em favor disso, têm buscado a renova-
ção de sua mente através da Palavra de Deus.
Dessa forma, poderão experimentar qual
seja a boa, perfeita e agradável vontade de
Deus em sua vida.
Epígrafe

E não vos conformeis com este


século, mas transformai-vos pe-
la renovação da vossa mente, pa-
ra que experimenteis qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade
de Deus. (Rm 12.2)
Sumário

Batalha na mente 17
A origem de nossos pensamentos 25
1. Pensamentos de origem maligna 25
2. Pensamentos de origem divina 31

Fundamentos errados da mente 33


1. Imagens erradas 33
2. Lembranças erradas 41
3. Confissão errada 42
4. Mente passiva 43

O caminho para ser livre 49


1. Entenda os ardis dos demônios 49
2. Recupere o terreno perdido 51
3. Renuncie as mentiras 54
4. Volte à normalidade 56
5. Destrua a passividade 58
Prefácio à série
A Palavra de Deus não volta vazia. Ela
sempre cumprirá o fim proposto pelo Senhor
e será bem sucedida naquilo para a qual foi
designada. Ao compormos essa série de li-
vros, acreditamos que a Palavra revelada em
cada um deles cumprirá um propósito: con-
duzir você à realidade de uma Vida plena,
uma vida abundante no espírito, livre de to-
da acusação, de todo sofisma, de todo enga-
no, de todo pecado e de todo padrão munda-
no que queira se impor.
Cada mensagem foi refinada pela pres-
são que é própria àqueles que consagraram
sua vida ao serviço e ao reino de Deus. Algo
vivido e sentido, suado e chorado, clamado e
ouvido, alcançado e dividido.
Fazendo uma paráfrase de Isaías, nosso
desejo é ver cada irmão amado sair com ale-
gria e em paz ser guiado. Profetizamos que
“os montes e os outeiros romperão em cân-
ticos diante de você, e todas as árvores do
campo baterão palmas. Em lugar do espi-
nheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sar-
ça crescerá a murta; e será isto glória para o
Senhor e memorial eterno, que jamais será
extinto” (Is 55.12,13).
A todos uma vida plena no espírito!
Prefácio
A nossa mente é sem dúvida uma das
partes mais poderosas e frágeis que possu-
ímos. Ela ocupa a posição de comando e,
por isso, é tão visada e atingida. Protegê-la e
aprender a lidar com as ações e os ataques di-
rigidos a ela é imprescindível.
O inimigo usa de todos os artifícios pos-
síveis para dominá-la, por isso, a nossa inten-
ção é desmascará-lo e apresentar as armas
que dispomos para proteger nosso precioso
território. Não só isso, queremos aqui ensinar
você a usar cada uma delas.
Agradecimentos:
Ao nosso Deus que nos tem dado a Sua
poderosa Palavra. À minha família, que mui-
tas vezes tem se sacrificado para que eu pos-
sa me dedicar a escrever e a servir a Deus.
Ao meu pastor Aluízio, fonte abundante de
inspiração e constantes desafios em minha
vida. Aos preciosos irmãos que abriram mão
de seu descanso para transcreverem o cora-
ção deste livro. Ao encargo, dedicação e em-
penho da equipe da Vinha Editora. Aos meus
discípulos e ovelhas, o selo daquilo que temos
pregado e vivido. Muito obrigado a todos.
Batalha na mente

Porque as armas da nossa milícia


não são carnais, e sim poderosas
em Deus, para destruir fortalezas,
anulando nós sofismas e toda alti-
vez que se levante contra o conhe-
cimento de Deus, e levando cati-
vo todo pensamento à obediência
de Cristo, e estando prontos pa-
ra punir toda desobediência, uma
vez completa a vossa submissão.
(2Co 10.4-6)
18 V i da P l e n a

Você se pergunta por que, mesmo tendo


se convertido, ainda tem pensamentos tão
terríveis que não tem coragem de contar a
ninguém? Às vezes, sente-se como se duas
forças distintas estivessem em plena guerra
dentro de sua cabeça? Tem medo de estar fi-
cando louco? Acalme-se, realmente está ha-
vendo uma batalha em sua mente, mas a boa
notícia é que, em Cristo Jesus, você é mais
que vencedor.
Todo problema começa na mente. Ela é
um grande campo de batalha onde devemos
alcançar vitória sobre o diabo. A verdadeira
guerra espiritual não é uma questão de ex-
pulsar demônios, mas de resistir ao diabo e
às imagens que ele nos sugere.
A mente ocupa um lugar muito impor-
tante na vida cristã, por isso, dominá-la é
primordial para trilharmos o caminho que
queremos como vencedores.
Ao nos convertermos, nos tornamos
uma nova pessoa no espírito. Todavia, a al-
ma (que compreende a mente, a vontade e
B ata l h a na men t e 19

as emoções) é submetida a um processo de


transformação. Como um dos componen-
tes da alma, a mente também passa por esse
processo. Embora tenhamos um espírito no-
vo, nossa mente ainda é velha e, porque pas-
samos dez, vinte, trinta anos recebendo in-
formações e influências do mundo, ela ain-
da continua expressando-o. As fontes de in-
fluência são as mais variadas possíveis: fa-
mília, pais, escola, professores, amigos, pro-
gramas de televisão, livros, internet, músicas.
Todas essas fontes criam fortalezas onde o
inimigo se abriga.
Para lutar contra esses pensamentos,
contra os argumentos do diabo, os raciocí-
nios e as fortalezas, precisamos de armas es-
pirituais e da Palavra de Deus, as quais têm
o poder de destruir os pensamentos rebeldes
estabelecidos pelo diabo.
Muitas vezes, ele nos ataca com sofis-
mas, ou seja, mentiras que parecem verda-
de. Ele sugere que somos burros, incapazes
e incompetentes. Somos levados a acreditar
nessas mentiras. A verdade, porém, é o que a
20 V i da P l e n a

Palavra de Deus diz, e ela diz que nós temos a


mente de Cristo. Se acreditamos na Palavra,
o sofisma é anulado.
Outra estratégia maligna são as forta-
lezas, cujas bases de sustentação mencio-
namos acima. Satanás as constrói na mente
desde a infância. O dicionário traduz “for-
taleza” como um lugar fortificado para de-
fender uma zona territorial com o objetivo
de vencer uma batalha. A partir dessas for-
talezas, o inimigo envia pensamentos que re-
jeitamos e que, contudo, parecem dominar a
nossa mente. Mas a Palavra de Deus é pode-
rosa para destruir essas fortalezas. Crer nis-
so é fundamental para o equilíbrio de nossa
vida e para o fortalecimento de nossa fé.
Para afetar a vontade e as emoções, o dia-
bo precisa de um ponto de apoio, um lugar
através do qual seu domínio possa ser estabe-
lecido. Com a mente, porém, não é assim. Ne-
la, ele pode agir diretamente e com maior li-
berdade. A Palavra do Senhor diz que, assim
como o diabo enganou a Eva, ele também po-
de nos enganar e corromper a nossa mente:
B ata l h a na men t e 21

Mas receio que, assim como a ser-


pente enganou a Eva com a sua as-
túcia, assim também seja corrom-
pida a vossa mente e se aparte da
simplicidade e pureza devidas a
Cristo. (2Co 11.3)

Muitas pessoas vivem sob a influên-


cia de espíritos de engano, que os impedem
de avançarem no trabalho e nos relaciona-
mentos. Nada dá certo! Por quê? Porque es-
tão presas a essas cadeias, a essas menti-
ras, vivendo debaixo de engano. Vivem como
elefantes, presos a frágeis correntes.
Você vai ao circo e vê um elefante com sua
pata presa a correntes. A cena parece absurda
porque, aparentemente, qualquer elefante po-
deria arrebentá-las. Mas não é tão simples as-
sim. Os domadores os acorrentam quando ain-
da filhotes. Como são muito novos, não con-
seguem se desvencilhar daquele jugo. À medi-
da que vão crescendo, eles continuam tentando
e, como ainda não possuem força para despe-
daçar as correntes, desistem. Ao chegar à fase
22 V i da P l e n a

adulta, com força suficiente para se libertarem,


os elefantes deixam passar a oportunidade,
porque já estão devidamente domesticados.
Essa foi a forma que os domadores encon-
traram para subjugá-los. Eles ficam condicio-
nados àquela situação: não conseguem que-
brar a corrente da pata porque antes não con-
seguiram quebrar a corrente da mente. Eles
estão presos por uma mentira, por uma forta-
leza. O mesmo acontece com muitos de nós.
Certa vez aconselhei uma jovem que não
acreditava que poderia se casar. A razão des-
sa fé às avessas era uma mentira. Uma de su-
as irmãs estava noiva, mas o rapaz desistiu;
com a outra irmã não foi diferente: noivou,
mas não casou. Ela mesma tentou, sem su-
cesso, se casar, mas seu noivo desistiu na
última hora. A situação se repetia com to-
da a família. Ao entrar em um novo relacio-
namento, ele já começava comprometido. O
diabo havia erguido uma fortaleza na mente
dela. Com isso ele conseguiu encher o cora-
ção da jovem de um medo que a paralisava
e minava sua fé. Quando veio se aconselhar
B ata l h a na men t e 23

comigo, pegamos a Palavra de Deus e a usa-


mos para destruir tijolo por tijolo daquela
fortaleza maligna. Hoje ela está casada, gra-
ças a Deus! Mas ela só pôde tomar posse da
bênção quando a mentira foi desfeita.
Na minha família, havia um ciclo maldito
de prosperidade e miséria. Aqueles que pros-
peravam logo perdiam tudo. Comigo não foi
diferente. Quando cheguei à igreja eu ainda
era aterrorizado pelo pensamento de que ja-
mais daria certo na vida. No tempo devido
precisei lidar com essa mentira, que destruía
a minha fé e paralisava minha vida.
O diabo sempre tentará usar essas menti-
ras, esses sofismas, esses pensamentos distor-
cidos para nos prender. Quando ele é bem-su-
cedido, vivemos nossa nova vida com um novo
coração e uma mente velha e viciada. Assim,
nunca experimentaremos a bênção de uma vi-
da plena. A Bíblia nos ensina que se não formos
transformados pela renovação da nossa mente,
jamais experimentaremos qual a boa, perfeita
e agradável vontade de Deus (Rm 12.2).
24 V i da P l e n a

Mas antes, a Palavra nos exorta, no mes-


mo versículo, a não nos conformarmos com
este século. A palavra “conformar” é tam-
bém traduzida por “modernizar”. Assim,
podemos parafrasear o versículo da seguin-
te maneira: “Não vos modernizeis com es-
te século, não entreis na moda deste século,
não penseis como este século ensina a pen-
sar, do contrário, nunca podereis experimen-
tar o melhor de Deus”.
Que fique bastante claro: a nossa mente
é um campo de batalha e está sob o ataque
de espíritos malignos. Muitas vezes o cristão
não consegue dominar a sua mente como
queria porque os demônios a governam, lan-
çando pensamentos, mensagens e imagens
terríveis que afetam negativamente o curso
de sua vida.
Contra essas mentiras reafirmamos a
verdade de que o homem possui uma von-
tade livre; que é desejo de Deus que ele con-
trole sua própria vida. Não podemos ser es-
cravos de nada, a não ser de Cristo. O dia-
bo não pode determinar o que faremos. Deus
B ata l h a na men t e 25

nos deu autoridade para controlar cada uma


de nossas capacidades naturais. E porque te-
mos essa autoridade, a nossa mente deve se
sujeitar à nossa vontade.

A origem de nossos pensamentos


Devemos conhecer a origem dos nossos
pensamentos: se eles são do diabo ou se são
de Deus. Conhecer essa origem é determinan-
te para saber a qual deles alimentaremos. Mas
como saber? A resposta passa pela descober-
ta de como eles aparecem em nossa mente.

1. Pensamentos de origem maligna


Tudo está indo bem com você. De repen-
te, surge um pensamento desordenado. Vo-
cê está em um lugar alto e vem aquele pen-
samento mais absurdo: “Pule daí”. Ou está
atravessando a rua, vem uma jamanta e sur-
ge o pensamento: “Jogue-se na frente de-
la”. Pensamentos como esses são enviados
26 V i da P l e n a

diretamente do inferno; é o diabo querendo


causar problemas.
A Palavra de Deus é poderosa para trans-
formar a nossa vida, mas ao ouvi-la, muitas
vezes não vigiamos. Então, uma palavra que
foi liberada para nos salvar, não apenas do
inferno, mas da morte, da depressão, da tris-
teza, do medo, da ruína, da crise, da calami-
dade, nos é roubada pelo diabo.
Ele ainda pode colocar os seguintes pen-
samentos na nossa cabeça: “Ninguém me
ama. O povo dessa célula é hipócrita. Nin-
guém vai à minha casa. Ninguém me liga, de-
ve ser porque não sou importante”. A lista é
enorme! Ele enche a nossa mente de bestei-
ra e, na medida em que vamos aceitando, nos
desviamos do propósito de Deus para nós.
Quem controla a informação controla o
resultado; quem controla seus pensamentos
controla sua vida. O diabo trabalha a partir
da nossa mente assim que damos a ele auto-
rização. Tão logo a receba, ele começa seu
trabalho sujo. A Bíblia diz: “Não deis lugar
B ata l h a na men t e 27

ao diabo” (Ef 4.27), porque, se dermos lu-


gar, se cedermos terreno, ele não perderá a
oportunidade de agir e nos prender.
Uma mente não renovada é a primeira
porta por onde o diabo tentará entrar. Se nos-
sa mente não é renovada, um grande territó-
rio está aberto para as suas maquinações: ou
ele tentará nos manter na ignorância ou ten-
tará nos impedir de buscar essa renovação.
Todas as vezes que alimentamos pensa-
mentos que não procedem de Deus estamos
dando lugar ao diabo. Manter uma mente in-
correta é outra maneira de ceder território ao
inimigo. Fazemos isso todas as vezes que ali-
mentamos pensamentos impuros, orgulhosos,
malignos e injustos. Pensamentos que em si
mesmo são pecaminosos e se transformam em
brecha para a ação do diabo. Paulo nos exorta a
alimentarmos outro tipo de pensamento:

Finalmente, irmãos, tudo o que é ver-


dadeiro, tudo que é respeitável, tudo
que é justo, tudo que é puro, tudo
28 V i da P l e n a

que é amável, tudo que é de boa fa-


ma, se alguma virtude há e se algum
louvor existe, seja isso que ocupe o
vosso pensamento. (Fp 4.8)

Outra artimanha do diabo para ganhar


território é perverter a verdade da Palavra
através de uma série de circunstâncias: doen-
ça, desemprego, instabilidade nos relaciona-
mentos. Ao sermos submetidos a elas, somos
tentados a achar tudo normal. O diabo sempre
age a partir da nossa ignorância para distorcer
a Palavra de Deus. Foi exatamente isso que ele
fez com a Eva lá no Éden. A serpente mudou
as palavras do Senhor: “Deus falou que vocês
morrerão se comerem da árvore do conheci-
mento do bem e do mal? Vão não! Isso não é
verdade. Ele está querendo assustar vocês!”.
Algumas pessoas acreditam que a doen-
ça pode ser um tratamento de Deus para sua
vida. Isso é um laço do diabo. Jesus ficou do-
ente enquanto viveu na Terra? Não! Muito pe-
lo contrário, a Bíblia diz que Ele levou sobre
Si todas as nossas enfermidades. Não temos
B ata l h a na men t e 29

que aceitar a doença em nosso meio, em nos-


sa vida. Portanto, quando ela se manifestar,
devemos rejeitá-la, atacá-la, repreendê-la, en-
fim, fazer o que for preciso para anulá-la, por-
que não é de Deus. Se não agimos assim, abra-
çamos a mentira como sendo verdade.
Às vezes, o diabo nos ataca com suges-
tões, até disfarçadas de profecias, para ver se
as aceitamos. Ele pode usar até a boca de ou-
tro crente para nos causar problemas. Lem-
bro-me de um irmão que morava no mesmo
prédio que eu. A filha dele era uma menina
linda que aos seis anos teve câncer. Os mé-
dicos deram seis meses de vida a ela. Mas
eles oraram e ela foi curada. Seis anos de-
pois, o câncer voltou muito pior. Eles come-
çaram a orar e, juntamente com a garota —
uma menina de fé —, resistiram àquela situa-
ção, crendo que Jesus a curaria.
Durante aquele processo, um irmão foi
visitá-los, “um profeta”. Ele chamou o pai,
orou e disse que o “Espírito de Deus” dizia
para o pai entregar a filha para que Deus a
levasse, porque ela estava sofrendo. O pai
30 V i da P l e n a

da menina então disse: “Não!”. Ele não acei-


tou aquela profecia, ele a rejeitou completa-
mente. Algum tempo depois encontrei a fa-
mília e eles testemunharam que Deus havia
curado por completo sua filha. Ela estava lin-
da, perfeita. Mas por quê? Porque o pai não
aceitou aquela sugestão maligna. Quando al-
guém aceita a mentira do diabo, ela se torna
uma cadeia em sua vida.
Outra brecha é a mente vazia. Uma mente
assim está livre para a ação do diabo. A men-
te não foi feita para ficar vazia, mas para ficar
cheia da Palavra de Deus. Não podemos deixar
nossa mente vazia por nada. Ocupe sua mente,
preencha cada espaço com a leitura de um li-
vro, com a oração, com o louvor e a adoração.
Ter a mente vazia é diferente de tê-la pas-
siva. A diferença entre elas é que a vazia não
tem conteúdo, a passiva sim, mas para come-
çar a agir ela precisa de um estímulo exter-
no. Exporemos mais detalhadamente as ca-
racterísticas de uma mente passiva adiante.
Por hora, continuaremos explorando as ori-
gens de nossos pensamentos.
B ata l h a na men t e 31

2. Pensamentos de origem divina


A Bíblia nos ensina que devemos pro-
curar compreender qual é a vontade do Se-
nhor, provando sempre o que é agradável a
Deus (Ef 5.17).
A diferença entre a ação do diabo e a
ação do Espírito Santo está na forma: Deus
começa a agir de dentro para fora e o diabo
de fora para dentro. Deus começa falando ao
nosso espírito, ao nosso coração. Depois de
falar ao espírito, Ele fala à mente. Só então
tomamos uma decisão e agimos. O diabo fa-
la à nossa mente, entristece o nosso espírito
e então domina a nossa vida.
Toda visão ou revelação sobrenatural que
exija a suspensão da mente não provém de
Deus. Crente não fica possesso do Espírito San-
to. Deus não possui a mente de uma pessoa,
deixando-a inconsciente, porque o espírito do
profeta está sujeito ao profeta (1Co 14.32). As
coisas de Deus nunca nos tiram do controle.
Para que o Espírito de Deus revele algo
a alguém, sua mente precisa estar ativa. Uma
32 V i da P l e n a

vez que a mente está ativa, aquilo que é reve-


lado ao coração pode ser traduzido na mente
de forma clara. Mas como saber se uma pro-
fecia, um pensamento ou uma revelação é de
Deus ou não? O Espírito Santo só fala o que
está na Bíblia. Ele não fala ou dá qualquer di-
reção que esteja fora da Palavra de Deus. Por-
tanto, a Palavra sempre será nossa base de se-
gurança. Ela é fundamental para a nossa vi-
da. Qualquer coisa que façamos sem essa
base nos coloca em um campo perigoso.
Os pensamentos malignos, além de te-
rem uma origem externa, nos motivam a agir
de forma impensada e rápida. Algo similar
ao que acontece em uma liquidação: um pro-
duto é colocado em promoção, é anunciado
e, em questão de segundos, está liquidado.
Compramos só porque estava na promoção,
pouco importa se há uma necessidade real
de adquirir o produto. Eis um conselho: não
compre, ignore! O diabo sempre quer nos
fazer tomar decisões precipitadas, sem que
tenhamos tempo para avaliar.
B ata l h a na men t e 33

Deus não age dessa maneira, Ele não


coage ninguém. Não há uma passagem se-
quer na Bíblia que insinue tal coisa. Não
encontramos nenhuma referência que mos-
tre Jesus forçando alguém a fazer seja lá
o que for. Toda decisão tomada com base
em pensamentos irref letidos é maligna.
Deus não gera dúvida ou confusão em
nós. Ele é Deus de paz e alegria. Quando al-
go vem dEle, não há dúvidas, mas segurança
e convicção.

Fundamentos errados da mente


Ampliaremos um pouco mais alguns aspec-
tos e fundamentos errados que muitas vezes o
diabo tem usado para nos prender no engano.

1. Imagens erradas
Para que uma ação seja produzida, existe
uma seqüência de acontecimentos que a antece-
de na mente. Recebemos uma imagem, que pro-
duz um pensamento, que produz uma palavra,
34 V i da P l e n a

que motiva uma ação. Portanto, se queremos


mudar o nosso comportamento, as nossas ações,
devemos ir à origem e mudar as imagens.
Antes de gerar em nós o desejo de fazer
alguma coisa, Deus despertará a nossa imagi-
nação. Foi isso que Ele fez com Abraão antes
de lhe prometer uma descendência numerosa.
Primeiro Deus lhe mostrou os céus, depois pe-
diu que contasse as estrelas. Então lhe disse:
“Será assim a tua posteridade” (Gn 15.5).
Uma vez que as imagens produzem pen-
samentos, devemos aprender a controlá-las.
Carregamos dentro de nós dois tipos de ima-
gem: uma imagem de Deus e uma imagem de
nós mesmos. Conhecê-las é importante na
medida em que elas determinam como nos
relacionaremos com Deus e conosco.

a. A nossa imagem de Deus


Particularmente, gosto muito do nome de
Deus: “Eu sou o que sou” (Êx 3.14). É como
se o Senhor estivesse nos dizendo: “Não Me
B ata l h a na men t e 35

confunda com outro, Eu sou o que sou. Eu não


sou o que você pensa, Eu sou o que sou”.
Nossa tendência é projetarmos em Deus
as imagens que temos de nossos pais. Ao fa-
zermos isso, criamos uma série de problemas
à vida cristã.
Por que alguém deixa de orar? Por vários
motivos. Pode ser que, ao cometer algum pe-
cado, o diabo tenha insinuado a essa pessoa
que Deus é mau e está pronto para o conde-
nar e punir. Pode ser ainda que, ao identifi-
car algum erro em si, essa pessoa tema ser
rejeitada por Deus. Essas conclusões são fru-
to de uma distorção da verdadeira imagem
de Deus. Pode ser que, quando criança, essa
pessoa tenha escutado repetidas vezes, dian-
te de algum erro, que o Papai do céu não gos-
tava mais dela. Ainda que tenha chegado à
fase adulta, essas palavras ecoam dentro de-
la produzindo barreiras e impedimentos, os
quais o diabo aproveita para exercer domínio
sobre sua mente, vontade e emoção. Quem
nunca ouviu esta frase maligna na mente:
“Deus agora desistiu de mim”?
36 V i da P l e n a

Sempre gosto de mencionar a imagem


que o servo infiel tinha do Senhor na parábo-
la dos talentos (Mt 25.24). No seu conceito,
distorcido pelo diabo, Deus era alguém tão
severo que queria colher o que não havia se-
meado e ajuntar o que não havia espalhado.
Essa imagem distorcida fez com que ele sen-
tisse medo de Deus e guardasse seu talento.
Um erro que lhe custou caro.
Não podemos servir a Deus com base no
medo, na angústia ou na cobrança. Deus é o
que Ele diz que é, não o que pensamos ou o
que os outros dizem. O que Ele é está devi-
damente expresso em toda a Sua Palavra. E
se a Palavra diz que Ele é amor, como é pos-
sível que Ele esteja zangado conosco? Deus
nos ama incondicionalmente! Prova disso foi
o preço pago por nossas injustiças. O Senhor
jamais desiste de nós!

b. A nossa auto-imagem
Como as imagens que temos de nós mes-
mos podem nos influenciar? De todas as
B ata l h a na men t e 37

formas. Elas determinam a forma como nos


relacionamos com as pessoas à nossa vol-
ta. Paulo nos exorta a não pensarmos de nós
além do que convém (Rm 12.3), ou seja, não
devemos pensar além dos limites daquilo que
é correto.
Precisamos encher a nossa mente com
as imagens verdadeiras da Palavra de Deus.
Nós somos o que imaginamos ser: “Porque
como imagina no seu coração assim ele é”
(Pv 23.7); ou seja, não somos o que nossos
pais ou nossos colegas dizem, somos o que
Deus diz.
No Livro de Números encontramos um
exemplo muito interessante a respeito do po-
der da auto-imagem. Os espias foram envia-
dos por Moisés para espionar a terra prome-
tida e, ao retornarem, apresentaram o se-
guinte relatório: “Vimos ali gigantes, e éra-
mos, aos nossos próprios olhos, como gafa-
nhotos e assim também o éramos aos seus
olhos” (Nm 13.33). Eles se viam como ga-
fanhotos e a seus inimigos como gigantes.
Isso explica a razão pela qual não puderam
38 V i da P l e n a

alcançar coisa alguma, afinal, gafanhotos


são insignificantes!
A maioria dos crentes é assim, não conhe-
ce sua identidade em Cristo, não se vê como
Deus vê e, por isso, cede às ameaças do inimi-
go. Somos aquilo que falamos de nós e aquilo
que vemos em nós. Se nos vemos como gafa-
nhotos, é exatamente isso que nos tornamos.
Algumas pessoas, além de se desvalori-
zarem e se depreciarem, acreditam que estão
glorificando a Deus com sua atitude, mas isso
é um engano do diabo. É preciso assumirmos
nossa identidade. Como você se vê?
A fim de ajudá-lo a descobrir se sua auto-
imagem é correta, apresentamos sete carac-
terísticas de personalidades afetadas. Se al-
guém se identifica com alguma delas, é tem-
po de mudança:
a. melindrosa — se vê como uma minho-
ca e por isso julga que todos lhe estão
pisando;
b. argumentadora — se vê menor que os
outros e, por isso, busca mostrar que é
B ata l h a na men t e 39

melhor que os outros, que suas idéias


são as melhores. Por isso está sempre
argumentando e rejeitando a opinião
dos outros;
c. crítica — se vê como alguém incapaz.
Seu prazer está em rebaixar os outros,
mostrando os seus defeitos;
d. intolerante — sua atitude é reflexo do
seu medo de ser vencido por alguém
que faça algo melhor do que ele.
e. má perdedora — não aceita a derrota.
Para provar que tem algum valor faz
qualquer coisa para ganhar;
f. p er feccionista — pensa que só terá va-
lor se for perfeito. Como nunca alcan-
ça a perfeição, acaba sofrendo diante
do menor fracasso;
g. exibicionista — pensa que a todo tem-
po precisa exibir seus títulos e conde-
corações. Essa atitude dispensa qual-
quer comentário.
A auto-imagem errada é o primeiro fun-
damento que o inimigo estabelece em nossa
40 V i da P l e n a

mente. Esse fundamento só pode ser destru-


ído através da renovação da nossa mente pe-
la Palavra de Deus. É a partir dela que desco-
brimos o nosso valor em Cristo: se o valor de
uma mercadoria é determinado pelo quanto
pagamos por ela, então o nosso valor é ex-
traordinariamente grande, pois o preço pago
por nós foi o sangue de Jesus, ou seja, a vi-
da do próprio Deus. É também pela Palavra
que descobrimos nossa filiação e assumimos
nossa posição elevada em Cristo.
Devemos usar da autoridade e do poder
que nos foi conferido, tomando posse de nos-
sa riqueza e herança em Cristo. Devemos di-
zer em alto e bom som “Eu fui criado à ima-
gem de Deus, para ser como Ele, para mani-
festá-lO e expressá-lO sobre a Terra. Sou feito
para a vida e o amor, para o poder e a pros-
peridade, para o sucesso e o progresso, para
a dignidade e a glória de Deus. Eu nasci para
ser filho do Rei e reinar com Ele!”.
B ata l h a na men t e 41

2. Lembranças erradas
Nas faculdades de psicologia se ensina
que o passado deve ser lembrado. Todo trata-
mento psicológico parte desse princípio. Es-
se é o padrão do mundo. Contudo, se quiser-
mos experimentar a transformação de nossa
alma e a renovação de nossa mente, devemos
rejeitar o padrão do mundo e seguir o padrão
bíblico: esqueça do passado.
A Palavra de Deus nos diz para não nos
lembrarmos das coisas passadas e nem consi-
derarmos as antigas, porque uma vez que os
nossos pecados foram perdoados, Deus não
mais se lembrará deles (ls 43.18;25). Se o Se-
nhor se esquece do nosso passado, porque de-
vemos lembrá-lO? Não devemos discutir com
a Palavra de Deus, apenas praticá-la. Se Deus
me manda esquecer, então é exatamente isso
que devo fazer.
Paulo nos oferece o exemplo e o padrão:
“Esquecendo me das coisas que para trás ficam
e avançando para as que diante de mim estão,
prossigo para o alvo” (Fp 3.13). Devemos andar
42 V i da P l e n a

exatamente como a Bíblia nos orienta, olhando


para o alvo e não para o passado.
Tudo o que éramos e fizemos foi sepul-
tado com Cristo por ocasião de Sua mor-
te. Nós renascemos com Ele; antes estáva-
mos mortos, mas agora nascemos de novo.
Criança não tem passado, logo você tam-
bém não tem. Isso é um fato diante de Deus,
deve ser também para nós.
O ressentimento e a falta de perdão nos
escravizam. Se quisermos ser realmente li-
vres do peso do passado, devemos abrir o
nosso coração para perdoar e aceitar o per-
dão em nossa vida completamente.

3. Confissão errada
Aquilo que falamos é o que produzimos.
Quer sejam positivas quer sejam negativas,
nossas palavras são sementes que imprimi-
rão, em nós e nos outros, o tipo de pessoa
que somos. Palavras são confissões que fa-
zemos o tempo todo. Poucos percebem a im-
portância delas.
B ata l h a na men t e 43

Para muitos, a palavra “confissão” pas-


sa apenas a idéia limitada de confessar pe-
cados. Mas confessar significa falar o mes-
mo que Deus, concordar com Deus. Tudo o
que Ele fez foi feito por Sua Palavra. Lemos
no Livro de Provérbios que “a morte e a vi-
da estão no poder da língua” (Pv 18.21). As
nossas palavras criam realidades que podem
afetar profundamente a nossa mente.
Devemos guardar a nossa boca de con-
fissões de morte: em vez de doenças, fale-
mos de saúde; em vez de fracasso, falemos
de sucesso; em vez de derrota, proclamemos
a vitória; em vez das obras do diabo, exalte-
mos as magníficas obras de Deus.

4. Mente passiva
A Palavra de Deus diz que devemos e o
que não devemos pensar. Segundo ela, a nos-
sa mente nos pertence e podemos coman-
dá la como quisermos. É preciso colocar os
nossos pensamentos em linha com a Pala-
vra, mas para isso precisamos ter uma mente
44 V i da P l e n a

ativa. Devemos abandonar toda passividade


a fim de controlar os pensamentos que nos
vêm. A Palavra nos ensina exatamente o que
devemos pensar:

Finalmente, irmãos, tudo o que é


verdadeiro, tudo o que é respeitá-
vel, tudo o que é justo, tudo o que
é puro, tudo o que é amável, tudo
o que é de boa fama, se alguma
virtude há e se algum louvor exis-
te, seja isso o que ocupe o vosso
pensamento. (Fp 4.8)

O que percebemos, entretanto, é que


existe muita passividade no meio do povo de
Deus. Como já foi dito, há uma grande dife-
rença entre a ação do diabo e a ação de Deus.
Quando permitimos a passividade em nos-
sa mente, fortalecemos a ação do diabo. Is-
so fica claramente evidenciado nos rituais da
Nova Era. Seus adeptos precisam relaxar, fi-
car parados, deixar a mente livre, divagando,
B ata l h a na men t e 45

respirar fundo etc. Ora, essa é a estratégia de


domínio do diabo sobre a nossa mente.
Deus age de forma oposta: Ele precisa
de uma resposta, de um retorno e, para isso,
nossa mente precisa estar 100% ativa. A Pa-
lavra de Deus diz: queira, busque de todo o
coração, levante se, erga a voz, peça, insista.
Se permanecemos passivos, o Espírito não
age. Deus só agirá se cooperarmos com Ele.
Não deixe sua mente à mercê de influên-
cias malignas. Comande todos os pensamen-
tos para estarem em linha com a Palavra de
Deus. Antes de apresentar o caminho para
nos libertamos de toda passividade da men-
te, devemos entender melhor os sinais que
identificam uma mente passiva.
a. Pensamentos relâmpagos — São pensa-
mentos rápidos que aparecem, sobre os
quais não temos controle. Eles simples-
mente aparecem sem serem convidados.
b. Imagens — Podem ser impuras ou
ruins. Delas decorrem os pensamentos
mais terríveis. Se estiver cortando um
46 V i da P l e n a

pedaço de carne, a pessoa já imagina a


faca cortando o braço. Se estiver atra-
vessando a rua, logo imagina um desas-
tre, é uma mente catastrófica.
c. Sonhos ou pesadelos — Existem so-
nhos naturais e sobrenaturais. Alguns
são inspirados por Deus, outros pelo dia-
bo. Há sonhos que são apenas sonhos e
outros que são inspirados pelo diabo. Es-
tes na verdade são pesadelos. Para levar
uma pessoa a ter pesadelos à noite, de-
mônios podem criar imagens na mente
durante todo o dia lançando pensamen-
tos de morte, dúvida, tristeza. Para is-
so eles usam revistas, jornais, outdoors,
televisão, internet.
d. Insônia — A pessoa não consegue dor-
mir, os pensamentos não param. Quando
a insônia continua noite após noite, a pes-
soa passa a ter pavor do sono, da cama e
da noite. A mente não pára: a pessoa fi-
ca o tempo todo pensando no trabalho,
no relacionamento, nas finanças. Ela en-
tra em um ritmo alucinante, porque sua
B ata l h a na men t e 47

mente está descontrolada, passiva. Isto é


o que caracteriza uma mente passiva: seu
descontrole, não sua falta de conteúdo.
e. Esquecimento — A pessoa simples-
mente esquece o que estava falando. De-
vido aos ataques do diabo, muitos per-
dem sua capacidade e experimentam fa-
lhas constantes de memória: esquecem
os compromissos, perdem o raciocínio,
esquecem a carteira, perdem a chave,
perdem tudo.
f. Falta de concentração — Os raciocínios
se perdem. A pessoa começa ler um livro
e de repente chega ao final da página e
descobre que não assimilou nada do que
leu. Ela simplesmente divaga. Não conse-
gue se concentrar no que está fazendo.
g. Inatividade — A pessoa se torna im-
produtiva e incapaz de pensar correta-
mente. Ela foge de qualquer situação ou
pessoa que lhe force a pensar. Sem exer-
citar sua mente, todo tempo é gasto com
pensamentos desordenados e vagos.
48 V i da P l e n a

h. Inconstância — Pessoas assim não têm


firmeza de caráter; trocam de posição to-
da hora. Por quê? Porque os demônios
atacam seus pensamentos e confundem
as suas opiniões. Hoje ela quer ser líder,
amanhã já não quer mais; hoje quer se ca-
sar, amanhã já não tem tanta certeza; ho-
je quer trabalhar e entrar em determina-
da faculdade, amanhã prefere fazer outra
coisa. Ela está completamente perdida. É
como a palha solta no vento, agitada de
um lado para o outro, sem direção.
i. Tagarelice — A mente está cheia de pen-
samentos e a boca cheia de palavras. Pes-
soas assim são como máquinas operadas
por forças externas. Aceitam toda suges-
tão que aparece na cabeça, falam sem
pensar e, conseqüentemente, machucam
aqueles que estão à sua volta. A Bíblia en-
sina que o tolo fala precipitadamente, mas
o sábio avalia antes de falar. Sábio é aque-
le que controla seus pensamentos.
j. Obstinação — O passivo se recusa a
ouvir qualquer raciocínio ou evidência
B ata l h a na men t e 49

após tomar uma decisão. Ele aceita tu-


do como sendo de Deus e não muda. Sua
mente está travada.
l. Olhos perdidos — A Bíblia fala que os
olhos refletem a mente e o coração. Os
olhos do passivo vagueiam para cima, pa-
ra baixo, em todas as direções, mas não
conseguem se firmar nos olhos da pes-
soa com quem ele está conversando. Em
alguns casos essa reação é apenas timi-
dez, mas em sua maioria, é passividade.
Esses são os sinais de uma mente passi-
va. Não queremos apenas identificá-los, que-
remos nos livrar deles e de todos os sinais do
diabo em nossa vida. Existe um caminho que
nos conduz a essa libertação. Por isso, nos
ocuparemos dele agora.

O caminho para ser livre


1. Entenda os ardis dos demônios
O espaço que havíamos entregado ao dia-
bo só será retomado com muita luta. Ele não
50 V i da P l e n a

nos permitirá sair sem lutar. Devemos estar


conscientes disso. A Bíblia diz: “Resisti ao dia-
bo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). Devemos re-
sistir quanto tempo for necessário: minutos,
horas, dias, semanas, anos, não importa. O
diabo deve ser resistido até o fim.
O diabo usará várias táticas para tentar
nos impedir de resisti-lo: incredulidade, dúvi-
das contra Deus, mentiras, desânimo, pessoas.
No meio desse processo de libertação, ele usa-
rá de tudo. Alguém pode estar lutando contra
a mentira de que nunca será nada na vida, que
não conseguirá um emprego: Ele resiste ao dia-
bo, é fiel no dízimo, na oferta, confessa a Pala-
vra de Deus; faz tudo como convém fazer e sai
à procura de emprego, mas continua receben-
do apenas um não. Aparentemente, nada está
acontecendo. O diabo se aproxima e começa
a cochichar em sua mente: “Você está vendo?
Esse negócio não funciona!”.
Essa é a seta da incredulidade e do desâni-
mo. Ele sempre tentará nos colocar contra Deus.
No entanto, devemos perseverar até que as ca-
B ata l h a na men t e 51

deias sejam rompidas: “Seja Deus verdadeiro, e


mentiroso, todo homem” (Rm 3.4).
Algumas cadeias são destruídas imedia-
tamente, outras exigem mais tempo para se-
rem quebradas. Por isso, é importante ter re-
velação da batalha. Reconheça que o espaço
foi dado e decida-se firmemente a tomá-lo de
volta. Ninguém pode ser curado se não reco-
nhece que está doente, ninguém pode ser li-
vre se não reconhece que está preso.
Só haverá libertação na mente se reco-
nhecermos e aceitarmos que realmente de-
mos lugar ao diabo em nossa vida: em rela-
ção à nossa mente, à nossa auto-imagem, às
nossas emoções, aos irmãos, à igreja, ao pas-
tor, à vida profissional, à nossa identidade
em Cristo.

2. Recupere o terreno perdido


Devemos identificar o território que foi
entregue e tomá-lo de volta. A maneira de
retomar o terreno é, primeiro, renovando
a mente por completo, porque a mente do
52 V i da P l e n a

diabo é hostil e, na medida em que ele nos


influencia, acaba gerando essa mesma hosti-
lidade em nós contra Deus.
A Bíblia diz que “o pendor da carne é ini-
mizade contra Deus, pois não está sujeita à
lei de Deus” (Rm 8.7). Devemos anular toda
altivez que se levante contra o conhecimen-
to de Deus e levar cativo todo pensamento à
obediência de Cristo (2Co 10.5). A decisão
é nossa. Deus nos salva, mas a renovação da
mente é por nossa conta.

E não vos conformeis com este sé-


culo, mas transformai-vos pela re-
novação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de
Deus. (Rm 12.2 — grifo nosso)

Não devemos nos conformar com este


século, antes, devemos nos transformar. O
verbo é reflexivo, ou seja, o sujeito é agente
e receptor da ação: ele se transforma e rece-
be a transformação. Além disso, o verbo está
B ata l h a na men t e 53

conjugado no imperativo, ou seja, é uma or-


dem! Portanto, a responsabilidade pela trans-
formação recai inteiramente sobre nós. Mas
como fazemos isso? Lendo a Bíblia, fazendo
cursos na igreja, lendo livros, confessando a
Palavra, ouvindo mensagens sobre a Palavra
etc. Nós não somos robôs nas mãos de Deus,
muito menos marionetes por Ele manipulá-
veis. A responsabilidade é nossa!
Muitas pessoas não avançam na fé por-
que são preguiçosas, porque acham que fé
é mágica, de modo que ir à igreja e receber
imposição de mãos são porção suficiente pa-
ra resolver seus problemas. Não é assim! A
transformação é um processo que exige deci-
são, perseverança e constância, dia após dia.
Se para um atleta olímpico ganhar uma me-
dalha são necessárias horas de treinamento
todos os dias, por anos a fio resolver ques-
tões espirituais, que são infinitamente mais
sérias e urgentes, exige muito mais. Não é al-
go que se resolve da noite para o dia.
54 V i da P l e n a

3. Renuncie as mentiras
Muito do sofrimento pelo qual passa-
mos hoje é resultado de alguma mentira que
aceitamos no passado. Ela deve ser rejeitada
em favor da verdade. Verdade é tudo aquilo
que está escrito a nosso respeito na Palavra
de Deus.
Ouvimos com freqüência que, contra fa-
tos, não há argumentos. A afirmação é am-
plamente aceita, mas Deus não trabalha com
fatos, Ele trabalha com a verdade e a verdade
é o que está escrito na Sua Palavra. Se esta-
mos vivendo um momento de aparente der-
rota, isso não quer dizer que sejamos derro-
tados. Podemos estar no pó, mas ainda te-
mos pernas para levantar. Toda mentira deve
ser destruída. Deus trabalha com a verdade,
portanto, é nela que devemos nos firmar.
Eu tenho muito cuidado com o que falo
para os meus filhos. Toda vez que saímos pa-
ra ir à igreja, minha filha me pergunta se sua
roupa está boa, se está combinando. Eu sem-
pre respondo que está bom. Com meu filho
B ata l h a na men t e 55

não é diferente. Se ele está decorando a ta-


buada, eu o digo que ele é muito bom e inte-
ligente. Alguns podem pensar que isso seja
hipocrisia, mas não é. Eu o elogio, mas tam-
bém sempre digo quando necessário que ele
pode melhorar, porque ele é capaz.
Certa vez, peguei minha filha chorando
no quarto. Ela estava fazendo alguns exercí-
cios de matemática, mas estava com dificul-
dade. Perguntei o que estava acontecendo e
ela me respondeu: “Eu sou burra mesmo, não
consigo aprender matemática!”. Diante disso
eu procurei acalmá-la dizendo: “Calma, você
consegue sim. Eu vou te ajudar. Vai dar tudo
certo, afinal, você tem a mente de Cristo e é
sábia, só está um pouco nervosa”. Comecei
a ensiná-la a fazer os exercícios e ela conse-
guiu aprender. No fim, ela abriu um sorriso.
Tenho certeza que, naquele dia, eu marquei
a sua vida. Mas, se eu estivesse na carne e a
tratasse mal, isso causaria uma ferida nela,
assim como aconteceu com muitos de nós.
São essas agressões que abalam a nos-
sa auto-estima. Muitas vezes não avançamos
56 V i da P l e n a

e ficamos presos porque agimos como o ele-


fante de nossa história, presos por mentiras
lançadas por pais, amigos e parentes. Menti-
ras a respeito das nossas emoções, da nossa
vida financeira, da nossa profissão e sexua-
lidade. Precisamos renunciá-las e assumir as
verdades de Deus.
Somos nós quem decidimos o que pen-
samos a nosso respeito. Pertencemos a Deus,
portanto vamos dar certo na vida. Tudo o
que fizermos dará certo. Temos que declarar
a verdade da Palavra a nosso respeito: somos
prósperos, temos a mente de Cristo, somos
saudáveis, viveremos por longos anos, tere-
mos um casamento abençoado, temos uma
vida feliz, somos guardados pelo Senhor,
vivemos em paz.

4. Volte à normalidade
A primeira coisa a ser feita é determinar
o que é normal para nós. Isso pode ser feito
a partir das respostas que damos a algumas
perguntas básicas: Esse pensamento está me
B ata l h a na men t e 57

abatendo? Como eu era antes disso? Se es-


tou deprimido, me pergunto quando foi que
começou? Aconteceu alguma coisa? O que
me fez mudar? Como eu era antes?
Ser normal é ser como éramos antes de
acontecer alguma coisa que nos perturbou ou
abalou. Para ilustrar, tomemos o seguinte exem-
plo: quando compramos um computador, ele
chega em perfeitas condições de uso. Dentro
de seus programas existe uma ferramenta cha-
mada “Ponto de restauração”. Com ela marca-
mos um ponto no sistema. Caso alguma coisa
aconteça ao sistema depois disso (uma infec-
ção por um vírus, por exemplo), podemos res-
taurar a configuração original a partir daquele
ponto e voltar a trabalhar normalmente.
Portanto, é imprescindível conhecermos
o nosso ponto de normalidade para que te-
nhamos condições de voltar a ele, sempre
que algo nos acontecer. Se for uma situação
de mágoa, perdoe. Se for de incredulidade,
busque a Palavra para se alimentar e se en-
cher de fé. Se for preciso, faça um jejum. Bus-
que a prática para alcançar resultados.
58 V i da P l e n a

5. Destrua a passividade
A lei básica do mundo espiritual é que,
no tocante ao homem, nada pode ser feito
sem o seu consentimento. A forma de vencer
a passividade é recuperar o controle de nossa
vida e tomar as decisões cabíveis sem esperar
pelos outros, sem esperar pelas circunstân-
cias. Não podemos mais ser conduzidos pela
multidão. E, se no processo tomarmos algu-
ma decisão errada, não devemos nos preocu-
par porque o erro faz parte do aprendizado.
Aquilo que for possível mudar, deve ser mu-
dado. A pessoa que mais tem chance de não
errar o alvo é aquela que não atira!
Há pessoas que nunca avançam porque
nunca tomam decisões. Não seja uma delas,
pise na água, tente. Você é capaz, você con-
segue! Às vezes não pegamos algo para fa-
zer por medo de não conseguir. Pare com isso.
Responda às dúvidas que vierem à sua cabeça
com fé. Responda ao desespero com palavras
de esperança e ao temor com palavras de paz.
B ata l h a na men t e 59

Dessa forma você ganhará espaço. A vitória


vem pelo manejo da Palavra e pelo espírito.
Muitas pessoas não avançam na fé por-
que nunca se dispõem a começar. Mudanças
não acontecem da noite para o dia. Elas são
fruto de muita perseverança e, às vezes, po-
dem demorar anos. Os princípios apresenta-
dos aqui são frutos de anos de caminhada cris-
tã. É preciso que haja constância no exercício
de cada um deles. As batalhas que enfrento
hoje são muito piores que as do passado. Mas
eu as enfrento porque decidi enfrentá-las, por-
que não quis permanecer onde eu estava. Ho-
je você também deve se posicionar.
Primeiro é a fé, a ação, depois o efeito.
Primeiro pisamos na água, depois o mar se
abre. Primeiro oramos, cremos e confessa-
mos, independentemente de sentirmos algo,
então esperamos pelo que acontecerá. Isso é
chamar à existência o objeto da nossa fé. Mi-
lagres não são mágicas. Quando entramos na
guerra contra o diabo, aparentemente algu-
mas coisas ficam ainda piores. Mas devemos
resistir e ir até o fim.
60 V i da P l e n a

Eu orei por três anos a respeito da minha


vida financeira. Foi um longo período de de-
semprego na minha vida. Certa vez, depois
de todo esse tempo investindo em oração, o
diabo se insinuou da seguinte maneira para
mim: “Faz três anos que você está confes-
sando sobre sua vida financeira e até hoje na-
da aconteceu. Isso é uma mentira!”. Nessa
hora me levantei em fé e autoridade e lhe dis-
se: “Cala a boca, satanás! Seja Deus verda-
deiro e todo homem e situação mentirosos!
Você é mentiroso, é o pai da mentira, mas
Deus trabalha com a verdade. Não me impor-
ta se são três anos de confissão. Eu vou mor-
rer confessando a verdade. Eu não vou retro-
ceder, em nome de Jesus”. Tenho a plena con-
vicção de que esse posicionamento fez toda
a diferença na minha vida. Em um mês eu es-
tava empregado, ganhando algo em torno de
trinta salários mínimos.
Pode parecer loucura tudo isso, mas é
loucura mesmo. É loucura para os que se per-
dem. Além de libertar nossa mente dos gri-
lhões do diabo, Deus também deseja que a
B ata l h a na men t e 61

renovemos a fim de podermos cooperar com


o Espírito.
Uma mente renovada recupera a clareza,
concentração e firmeza. Somente depois que
a tivermos renovado é que poderemos des-
frutar do melhor de Deus. Todavia, isso não
significa que os ataques acabarão ou que não
devemos continuar com a disciplina. Deve-
mos manter constante vigilância. Para man-
ter uma mente renovada, devemos constante-
mente nos apropriar das leis de Deus, ou seja,
manter a mente trabalhando com o espírito.
O Espírito Santo revela a Sua vontade no
meu espírito. Com a minha mente eu com-
preendo o significado dessa revelação e, com
a minha vontade, eu decido cumprir a vonta-
de de Deus. Antes Deus falava no nosso es-
pírito, mas, a nossa mente e a nossa vonta-
de não concordavam com a Bíblia. Deus que-
ria nos usar, mas, quando a revelação estava
saindo do nosso espírito para alcançar nos-
sa mente, não conseguia avançar porque as
“pontes” estavam quebradas.
62 V i da P l e n a

Com a renovação da mente e da vonta-


de, as “pontes” foram consertadas de modo
que, agora, temos condições de obedecer ao
Espírito. A informação que sai do espírito en-
contra concordância na mente. O elo foi res-
taurado. Recebemos a revelação, a entende-
mos e agimos. Essa é a conseqüência, na vida
cristã, de termos uma mente renovada.
Paulo diz em sua Carta aos Romanos:
“Porque os que se inclinam para a carne co-
gitam das coisas da carne; mas os que se in-
clinam para o Espírito, das coisas do Espíri-
to” (Rm 8.5,6). Portanto, se a nossa mente es-
tá renovada, pendemos para as coisas do Es-
pírito e realizamos a vontade de Deus, porque
há uma coerência entre a informação revelada
pelo Espírito Santo e a informação que temos
na nossa nova mente.
Atentemo-nos ainda para as palavras
de Pedro: “Por isso, cingindo vosso enten-
dimento, sede sóbrios, esperai inteiramente
na graça que vos está sendo revelada em Je-
sus Cristo” (1Pe 1.13). Se estamos cingidos
B ata l h a na men t e 63

com a Palavra, somos sóbrios e podemos


agir com sobriedade.
Para concluir, lembre-se, nossa mente deve
estar cheia de Deus. O autor da Carta aos He-
breus diz que, se estivermos unidos com a Pala-
vra, poderemos compreender a mente de Deus
em todos os sentidos; se estivermos cheios dela,
vamos poder usá-la na hora da necessidade.

Porque esta é a aliança que firma-


rei com a casa de Israel, depois da-
queles dias, diz o Senhor: na sua
mente imprimirei as minhas leis,
também sobre o seu coração as
inscreverei; e eu serei o seu Deus, e
eles serão o meu povo. (Hb 8.10)

Você também pode gostar