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Em um domingo chuvoso, no final da manhã, toca o smartphone.

Um cliente antigo com um


novo caso. Era difícil e desafiador e por isso interessante. Quatro imóveis de um loteamento
seu haviam sido invadidos. Já havia quase um ano e dia, mas ainda dava tempo. Prontamente
eu e um combatente colega nos pusemos a estudar o caso, anexar os documentos e produzir
as petições iniciais. Na madrugada do trabalhoso domingo, encerramos a montagem de tudo.
Esse era só o primeiro passo da saga. Tão logo amanheceu, partimos para a comarca do
interior. Protocolada a petição, com pedido liminar, uma tutela de urgência. Em seguida,
insistimos com o escrivão sobre a necessidade de celeridade. Direcionado ao gabinete do
Magistrado, lá lhe explicamos a urgência do pleito liminar. Estando bem instruído estando a
petição incorrigível (sem falsa modéstia), aguardamos a Decisão. Já era meio dia, almoçamos
por ali. No início da tarde, veio a notícia, juntamente com o processo. A tutela foi deferida!!
Passamos para a próxima fase. Agora a urgência era para expedição do mandado. Uma hora
depois, mandado expedido e encaminhado ao gabinete. Assinado! E agora? Eram quatro
famílias invasoras. Necessitaríamos de reforço policial. Conseguimos argumentar a importância
do reforço e sabiamente designaram três oficiais para cumprir o mandado. Sugeriram cumprir
no dia seguinte. Mas o advogado sabe que caso se protele uma reintegração, recursos da parte
adversária poderão colocar tudo a perder, enchendo o processo de intervenções
procrastinatórias. Insistimos na urgência. Convencemos! Chegamos ao local. Três oficiais e
uma das poucas viaturas da cidade. No primeiro imóvel já encontramos resistência. Disse ele
que tinha acabado de fazer um muro e exigia, pasmem: “exigia" indenização. Já chegava o fim
da tarde e seus objetos começavam a ser retirados. Partimos para o segundo e terceiro
imóveis. No segundo, um casal quis negociar o comprar o imóvel. Passamos o telefone do
proprietário. Mas foi reintegrado. No terceiro, um homem de porte avantajado não queria
ceder. Foi necessária toda diplomacia e persuasão para convencê-lo de que não havia outra
saída. Na última, os invasores eram ciganos. E a cada 10 minutos chegava mais um integrante
da família. No final da noite, todos os imóveis foram reintegrados e foi providenciada
segurança para todos os imóveis. Os bens móveis entegues aos invasores, com exceção dos
bens do invasor do primeiro imóvel que se recusou a ficar com seus bens, que foram levados
para uma cidade vizinha. Quando iniciamos a descarga dos bens, o invasor liga para dizer que
ficaria com os bens. Retornamos à cidade e lhe entregamos os bens. O dia de trabalho se
encerrou às três da madrugada. Tempos depois, foram três ações julgadas procedentes e uma
resultou em acordo, eis que o muro serviria para os futuros adquirentes. Justiça foi feita.
Propriedade privada restituída, de forma rápida e definitiva.

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