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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS


Juizado da Infância e Juventude de Goiânia
Divisão dos Agentes de Proteção

RELATÓRIO DO AUTO DE INFRAÇÃO DE N˚

DATA:
PLANTÃO: Fiscalização (Equipe 02)
TURNO: Noturno

1˚ Autuado: CAMPOS ARAÚJO EMPREENDIMENTOS TURISTICOS LTDA


(KELLY 2 EMPREENDIMENTOS)
CNPJ(MF): 02.442.463/0001-39
Endereço: Rua C-159, Qd. 279, Lt. 10, nº 585, Jardim América.
Fone – (62) 32862096

Autuante: Rafael Z. M. Mendonça


Credencial: 182

1 – DOS FATOS

No dia 12 de abril de 2014, em fiscalização de


rotina, a equipe compareceu na Boate (Kelly 2 Empreendimentos), após
identificarmos ao Porteiro, adentramos no estabelecimento.
O local é conhecido por ofertar e disponibilizar
acompanhantes.
Solicitamos então ao segurança do local que
convidasse todas as mulheres que frequentavam o local para que nos
apresentassem os documentos de identificação, para pudéssemos naquela
ocasião averiguar a idade das mesmas, haja vista, que o local é frequentado por
mulheres jovens e, que às vezes deixam dúvidas em relação à sua maioridade.
Em seguida, todas se dirigiram a um cômodo em
separado, onde fora verificada a documentação de todas as apresentaram suas
identidades.
No entanto, ao verificarmos a identidade de (2)
duas pessoas que estavam frequentando o local, constatamos que suas
fisionomias parecia tratarem-se de adolescentes. Verificando com mais cautela,
constatamos que o documento de uma delas, que se apresentou como sendo Keila
Cristina Rodrigues de Souza tratava-se de (Mayara Oliveira Tavares) apresentava
indício de falsificação e, com relação à outra pessoa, constatamos que a foto do
documento apresentado era totalmente diferente da pessoa que estava portando.
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Ao entrevistarmos as adolescentes (Mayara e


Josiany), constamos que os dados informados por elas não correspondiam aos
dados constantes no referido documento, por outro lado a abordada (Josiany)
também se negava a prestar informações referentes à sua idade como também,
sua filiação, motivo pelo qual, por insistência da mesma, dirigimos à DEPAI, pois,
disse que só se identificaria perante a Autoridade Policial.
Ao chegarmos na DEPAI, nos foi informado que o
procedimento agora era registrar a ocorrência em qualquer delegacia, e, em
seguida, seria enviado o relatório à DEPAI, pela própria delegacia.
Chegando a Delegacia (20º DP), não foi possível
a identificação da mesma, em decorrência do fato de não serem integrados o
sistema de identificação do Tocantins (local de expedição do documento
apresentado) e o de Goiás, conforme informação do escrivão, não existindo assim
foto no sistema, para averiguação da veracidade das informações prestadas pela
abordada (adolescente)
Contudo, foram coletadas as informações
existentes sobre o documento utilizado pela abordada (Mayara) conforme segue
(doc. anexo)
Em seguida, ao questionarmos a abordada
(Mayara), a mesma resolveu confessar que era adolescente, e, contudo não
repassando maiores detalhes.
Como houve resistência das adolescentes em
chamarem seus responsáveis, não nos restou outra alternativa, a não ser entregar-
lhes ao SOS CRIANÇAS, mediante competente termo de entrega
O Documento da adolescente (Mayara) ficou
retido com a Equipe conforme (doc. anexo) e, já o documento utilizado pela
adolescente (Josiany) foi retirado pela mesma, aproveitando-se do tumulto gerado
pela adolescente (Mayara), contudo, tratava-se de documento da irmã da mesma.
Assim, constatou-se que as adolescentes Mayara
Oliveira Tavares, nasceu em 15/03/1997 e, a adolescente Josiany Ataíde de
Abreu, em 09/01/1997, portanto com (17) anos.
De forma clara e evidente o autuado por falta de
zelo e vigilância, pois, assim, permitiu a entrada e permanência de adolescentes
no espaço, totalmente impróprio para adolescentes e sem ALVARÁ JUDICIAL,
ferindo o artigo 149 do ECA.
Diante a situação de risco apresentada, os
infantes foram entregues SOS CRIANÇA, conforme “Termos de Entrega” (anexo)
na forma do art.1º e 29 da Portaria nº 002/2012 – JIJ/Goiânia, e, em seguida,
lavrou-se o Auto de Infração Nº 332.
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2 – FUNDAMENTOS DO AUTO DE
INFRAÇÃO
De acordo com a Lei Federal n.º 8.069, de 13 de
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), lavrei este AUTO DE
INFRAÇÃO contra o estabelecimento supracitado por infração às normas de
proteção à criança e ao adolescente, conforme elencado a seguir:
A) Da falta de Alvará do Juizado da Infância e
Juventude e da livre entrada e permanência de menores de dezoito anos.
No uso de suas atribuições legais conferidas pelo
art. 149 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Juiz titular do Juizado da
Infância e Juventude fixou a Portaria nº 002/2011, onde restou estabelecido o
seguinte:
Port. 002/11 - Art. 1º É proibida a entrada e a
permanência de criança ou adolescente,
desacompanhado de pais ou responsáveis legais,
salvo mediante alvará judicial, em bailes, festas e
promoções dançantes; boates e congêneres;
estúdios cinematográficos de teatros, rádio e
televisão; casas de espetáculos e congêneres.

Crianças e Adolescentes são consideradas


pessoas em desenvolvimento e merecem toda proteção, não só da família, mas
também da sociedade e do Estado, como prioridade absoluta, nos termos do art.
227 da Constituição Federal e do art. 4º da Lei 8.069/90. Veja-se:
Art. 227/CF – é dever da família, da sociedade e
do Estado assegurar à criança, ao adolescente e
ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
Art. 4º/ECA - É dever da família, da comunidade,
da sociedade em geral e do poder público
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação
dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
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profissionalização, à cultura, à dignidade, ao


respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.
Conforme se constatou o estabelecimento não
possuía o alvará de autorização do Juizado da Infância e Juventude nos termos do
art. 29 da Portaria 002/2011, transgredindo tal disposição, permitindo assim, a
entrada e permanência de adolescentes no local.
Nos termos do art. 71 do Estatuto da Criança e
do Adolescente, a criança e o adolescente tem direito a diversões que respeitem
sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. O ambiente encontrado
pela fiscalização era nocivo aos infantes e inadequado diante do que foi
constatado. Assim, verifica-se a violação ao arts. 249 e 258 do Estatuto da Criança
e do Adolescente:

Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os


deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente
de tutela ou guarda, bem assim determinação da
autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
Pena - multa de três a vinte salários de
referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.

Art. 258. Deixar o responsável pelo


estabelecimento ou o empresário de observar o
que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou
adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua
participação no espetáculo:
Pena - multa de três a vinte salários de
referência; em caso de reincidência, a autoridade
judiciária poderá determinar o fechamento do
estabelecimento por até quinze dias.

Ressalta-se que quando estabelece medidas de


prevenção, o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 72, vislumbra
ainda que "as obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção especial
outras decorrentes dos princípios por ela adotados ”.
Ainda, a regra contida no art. 70 do ECA atribui a
sociedade ao dever de evitar ameaças ou violações dos direitos da criança e do
adolescente. A sociedade aparece representada por todos os seus integrantes,
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pessoas físicas ou jurídicas, poderes, instituições e entidades. A prevenção ocorre


através da abstenção da pratica de atos nocivos ao desenvolvimento da criança ou
adolescente, mediante iniciativas tendentes a promover seus direitos fundamentais
e também por meio do cumprimento espontâneo de obrigações relacionadas à
prevenção especial.
A legislação ora mencionada prevê o dever de
vigilância do responsável pelo estabelecimento como de natureza objetiva,
cabendo-lhe ser diligente visando ao cumprimento das normas de proteção à
criança e ao adolescente.
3- DO TERMO DE ENTREGA DE
ENTREGA SOB RESPONSABILIDADE

Conforme Termos em anexo, foi entregue as


adolescentes abaixo, ao SOS Criança:

Nome da criança / adolescente Nome do responsável


Mayara Oliveira Tavares Tiago Marçal (SOS Criança)
Josiany Ataide de Abreu Tiago Marçal (SOS Criança)

4 – CONCLUSÃO

Pela infração cometida, eu, Agente de Proteção


RAFAEL Z. M. MENDONÇA– Cred. 182, obedecendo ao Estatuto da Criança e do
Adolescente, lavrei o Auto de Infração de nº 332.
O autuado optou em assinar o auto.
CERTIFICO que, nos termos da Lei, intimei O
autuado para, querendo, apresentarem defesa no prazo de 10 (dez) dias, contado
da data da intimação, conforme faculta o art. 195 da lei federal nº 8.069/90.
Foram testemunhas do ato os Agentes de
Proteção: Daniella Lamounier, Cred. 155, e Milton Marques, Cred.198.
Não tendo mais nada a expor, encerro o presente
relatório.
Goiânia, 13 de abril de 2014.

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Rafael Z. M. M
Agente de Proteção
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