ECA – ESTATUTO DA CRIANÇA E

DO ADOLESCENTE
Orientações Básicas
 Apresentação meio da orientação e educação conseguir-se-á prevenir as
violências contra crianças e adolescentes. Para tanto,
apresenta este material com os temas abordados pelo Projeto
“Parceria Cidadã”, com o objetivo de contribuir como uma
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº
ferramenta a ser utilizada pelos magistrados para a
8069, de 13 de julho de 1990, é uma das legislações
consolidação da promoção e defesa dos direitos da criança e
existentes no país mais avançadas na defesa dos direitos de
do adolescente.
crianças e adolescentes. Sua criação e aprovação representou
marco histórico no reconhecimento de direitos humanos para
as crianças e adolescentes, que são sujeitos de direitos e
estão em situação peculiar de desenvolvimento.
Coordenadoria da Infância e Juventude do RS

Apesar disso, seu desconhecimento contribuiu para a

permanência de violações e violências contra crianças e
adolescentes. Portanto, através da visibilidade e
informação acessível a todos, pretende-se alcançar a
promoção e proteção dos direitos desse segmento.

A Coordenadoria da Infância e Juventude do RS, órgão

comprometido com a melhoria da prestação jurisdicional na
área da infância e juventude, reconhece que somente por
 O que é o ECA? O ECA se baseia nos seguintes princípios:

1. Proteção Integral (Art. 3º do ECA);

O Estatuto da Criança e do Adolescente é a Lei Federal nº
2. Prioridade Absoluta (Art. 4º);
8069/90 que estabelece as normas e condições para
3. Melhor Interesse e Cooperação (Art. 6º);
efetivação dos direitos da criança e do adolescente, que estão
4. Convivência Familiar (Art. 19);
definidos no artigo 227 da Constituição Federal1, tendo a visão
5. Brevidade e Excepcionalidade (Art. 121);
de que os mesmos são sujeitos de direito e estão em
6. Sigilosidade (Art. 143);
situação peculiar de desenvolvimento. Para tanto, a lei
7. Gratuidade (Art. 141).
considera como criança aquele de idade até 12 anos
incompletos, e adolescente aquele que estiver entre 12 e 18
anos incompletos.
Direitos e Deveres
O objetivo do ECA é proteger integralmente a criança e o
adolescente por meio de uma lei que lhes possibilite todas as Art. 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em
oportunidades e facilidades, a fim de lhes permitir o geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade,
desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral e social em a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
condições de liberdade e dignidade. alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
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Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Art. 5º - Nenhuma criança ou adolescente será
objeto de qualquer forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão, punido na forma da lei qualquer
atentado, por ação ou omissão, aos seus
direitos fundamentais.
Art. 17 - O direito ao respeito consiste na inviolabilidade
da integridade física, psíquica e moral da criança e do
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
espaços e objetos pessoais.
Além disso, o ECA assegura, em seu art. 53, II, o direito do
aluno de ser respeitado por seus educadores. Tal direito
decorre da norma no art. 227 da Constituição de sorte que
nenhum aluno poderá sofrer castigo físico. Da mesma forma,
a integridade psíquica e moral é objeto de proteção legal,
entendida como a preservação da imagem da identidade, da
autonomia, dos valores, das ideias e das crenças.
Art. 18 - É dever de todos velar pela dignidade da
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor.
O art. 70 do ECA aponta que professores, servidores e
dirigentes de estabelecimentos de ensino, público ou
particular, têm o dever de assegurar os direitos fundamentais
da população infanto-juvenil.
O art. 56, I, do ECA também impõe à escola o dever de
informar ao Conselho Tutelar os casos de maus tratos
envolvendo seus alunos. A omissão do professor ou do
responsável pelo estabelecimento de ensino em comunicar os
casos envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos
configura infração administrativa (art. 245 do ECA).
 É dever do aluno respeitar as regras de
convivência e as normas disciplinares da
escola, estando sujeito às penalidades
previstas em seu regimento próprio, dentro da
legalidade, no caso de violação das mesmas.
Ato Infracional
Segundo o art. 103 do ECA, considera-se ato infracional a
conduta descrita como crime ou contravenção penal. Alguns
exemplos:

Portanto, sugere-se que a escola possua um

 Apologia ao crime
regimento interno, descrevendo o que
Art. 287 do Código Penal (CP) - Fazer, publicamente,
caracteriza a infração disciplinar, baseando-se
apologia de fato criminoso ou de autor de crime.
no ECA.  Ameaça
Art. 147 CP - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe
Ademais, o aluno também deve respeito aos dirigentes mal injusto e grave.
escolares, professores, funcionários da escola e seus próprios  Calúnia
colegas. A conduta desrespeitosa poderá configurar ato Art. 138 CP - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
infracional, que, nos termos da lei, corresponde a crime ou fato definido como crime.
contravenção penal. O adolescente fica sujeito a responder  Difamação
processo e pode ser submetido às medidas socioeducativas. Art. 139 CP - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo
à sua reputação.
 Injúria  Furto
Art. 140 CP - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade Art. 155 CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
ou o decoro. móvel.
 Dano  Drogas
Art. 163 CP - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia. Art. 81 ECA - É proibida a venda à criança ou ao
 Exposição ao perigo adolescente de:
Art. 132 CP - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo I - Armas, munições e explosivos;
direto e iminente. II - Bebidas alcoólicas;
 Incêndio III - Produtos cujos componentes possam causar
Art. 250 CP - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a dependência física ou psíquica ainda que por utilização
integridade física ou o patrimônio de outrem. indevida;
 Estupro
Art. 213 CP - Constranger alguém, mediante violência ou  Lei das Contravenções Penais
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou Art. 61 - Importunar alguém, em lugar público ou acessível
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. ao público, de modo ofensivo ao pudor.
 Homicídio
Art. 121 CP - Matar alguém.
 Lesão corporal
Art. 129 CP - Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem.
 Medidas Protetivas
O art. 98 do ECA diz que as medidas de proteção à criança e
ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - Em razão de sua conduta.
Sendo assim, quando o ato ilícito for praticado por uma
criança ou adolescente, o ECA determina a aplicação de
medidas protetivas, tais como (Art. 101 do ECA):
I - Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
termo de responsabilidade;
II - Orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - Matrícula e frequência obrigatórias
estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV - Inclusão em serviços e programas oficiais ou
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da
criança e do adolescente
V - Requisição de tratamento médico, psicológico ou
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI - Inclusão em programa oficial ou comunitário de
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII - Acolhimento institucional
VIII - Inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX - Colocação em família substituta.
Medidas Socioeducativas
O ECA prevê aplicação de medidas socioeducativas para o
adolescente autor de ato infracional. Trata-se de
em atuações mais rigorosas, diretamente dirigidas ao adolescente
e à sua família. Quaisquer das medidas de proteção já
referidas pode ser aplicada de forma cumulativa.
O art. 112 do ECA define as medidas aplicáveis: próprio, onde pernoitará e exercerá outras atividades de
cunho educativo e social, com a possibilidade de realização de
I – Advertência: Repreensão verbal, aplicada pelo Juiz atividades externas, sendo obrigatórias a escolarização e
da Infância e da Juventude, na presença de seus profissionalização. A medida tem característica de privação de
responsáveis; liberdade, porquanto retira o jovem do ambiente familiar,
II - Obrigação de reparar o dano: Obriga o inserindo-o em unidade especial;
adolescente ou sua família reparar o dano causado à vítima; VI - Internação em estabelecimento educacional:
III - Prestação de serviços à comunidade: Consiste Consiste na internação do jovem infrator em unidade de
na obrigação de prestar serviços laborais (físicos ou reeducação, com cerceamento total de sua liberdade de ir e
intelectuais) pedagogicamente orientados. Objetiva vir.
conscientizar o adolescente da importância do trabalho e do
seu papel na sociedade; Como Agir
IV - Liberdade assistida: Consiste no
acompanhamento, auxílio e orientação do adolescente em
A escola tem um papel fundamental na proteção e orientação
conflito com a lei. Tem caráter educativo e preventivo por
de crianças e adolescentes, tanto por ser um espaço para
excelência, devendo ser fixada pelo prazo máximo de seis
discussão de temas importantes, quanto observando
meses. Sujeito a prorrogação, revogação e substituição por
mudanças de atitudes nas crianças e adolescentes. Desse
outra medida. Essa medida é supervisionada pela autoridade
modo, os professores devem estar atentos e preparados para
competente;
observar sinais de violência e para ouvir os relatos dos alunos,
V - Inserção em regime de semi-liberdade: Consiste
assim como buscar ajuda de outros profissionais para melhor
na permanência do adolescente infrator em estabelecimento
encaminhar esses casos.
Em situações de suspeita ou confirmação de violações de  Proteja Brasil - Aplicativo com números e endereços
direitos humanos de crianças e adolescentes, você deve fazer de instituições do Sistema de Garantia de Direitos:
uma denúncia. Isso pode ajudar meninas e meninos que O Proteja Brasil é um aplicativo para smartphones e tablets
estejam em situação de risco. As denúncias podem ser feitas criado para facilitar denúncias de violência contra crianças
nos seguintes locais: e adolescentes. Por meio dele, é possível obter os
telefones e endereços de delegacias, conselhos tutelares e
 Conselhos Tutelares; outras instituições do sistema de garantia de direitos mais
 Disque 100 (por telefone ou pelo e-mail próximos de você.
disquedenuncia@sedh.gov.br) – canal gratuito e
anônimo;
 Delegacias especializadas (Delegacia de
Proteção à Criança e Adolescente) ou Delegacias
comuns;
 Polícia Militar, Polícia Federal ou Polícia
Rodoviária Federal;
 Escolas, com os professores, orientadores ou
diretores;
 Número 190;
 Ministério Público – Centro de Apoio Operacional
(CAO);
MAIS INFORMAÇÕES:
cijrs@tjrs.jus.br