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AO JUÍZO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE PINHEIROS – ESTADO DO

ESPÍRITO SANTO

PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO CONFORME ARTIGO 227 DA CRFB/88

ANNY MOTA DO LIVRAMENTO, brasileira, casada, psicóloga, inscrita no CPF


sob n.º 082. 700.787-60, RG sob o n.º 1.550.303-SSP, brasileira, nascida em
28/04/1978, filha de Maria Aparecida Motta do Livramento e Antônio do
Livramento, e, DIÊGO MENDES QUEIRÓZ, brasileiro, casado, psicólogo,
inscrito no CPF sob n.º 139.252.397-40, RG sob o n.º 3.344-374-ES, brasileiro,
nascido em 18/11/1991, filho de Maria Amélia Mendes Queiroz e Waldemar
Queiroz Neri, ambos com endereço na Rua João Olegário, n.º 60, Bairro Nova
Canaã, Município de Pinheiros-ES, CEP 29.980-000, por intermédio de seus
advogados que esta subscreve, conforme instrumento procuratório em anexo,
com endereço profissional na Avenida Agenor Luiz Heringer, n.º 260, 2º andar,
sala 102, indica-o para as intimações necessárias, vêm, com acato e respeito ,
à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE ADOÇÃO COM PEDIDO LIMINAR PARA GUARDA PARA


ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA

Em favor de ANA HELOISA ALVES DOS SANTOS, brasileira menor


impúbere nascida em Linhares-ES, portadora da Certidão de Nascimento sob
matrícula 02378801552020100265186013614797, lavrada no Cartório de
Registro Civil e Tabelionato desta Comarca de Linhares, inscrita no CPF sob o
n.º 220.872.557-33, nascida em 08/03/2020; e EMANUELY DOS SANTOS
CONCEIÇÃO, brasileira, menor impúbere, nascida em Colatina-ES, portadora
da Certidão de Nascimento sob matrícula
024224015520221000431950022279912, lavrada no Cartório de Registro Civil
e Tabelionato desta Comarca de Pinheiros, inscrita no CPF sob o n.º 230.
067.617-66, nascida em 28/01/2022 ambas desconstituídas do poder familiar,
atualmente sob custódia da Casa de Passagem situada na Herildo Santos
Alves, n.º 600, Centro, Município de Pinheiros-ES, CEP 29.980-000, que assim
sendo, passa a cumprir as determinações legais e a expor os fatos e os direitos
adiantes aduzidos:

I- DOS FATOS

Os Requerentes, Anny Mota do Livramento e Diêgo Mendes Queiróz, são


casados, e estão devidamente habilitados no Cadastro Estadual Único de
Adoção, no Sistema Nacional de Adoção (SNA) desde 14 de setembro de
2022, aguardando ansiosamente a oportunidade de constituírem uma família
por meio da adoção de duas crianças, é o que extrai do processo de
habilitação sob o n.º 5000700-34.2021.8.08.0040.

As adotandas Ana Heloisa Alves dos Santos e Emanuely dos Santos


Conceição são irmãs e atualmente estão em situação de acolhimento
institucional em decorrência do processo de destituição do poder familiar
sob o n.º 500687-98.2022.8.08.0040.

Desde o conhecimento da situação das crianças acima mencionadas, os


Requerentes demonstraram interesse genuíno e aptidão para adotá-las,
buscando-os sempre estabelecer uma conexão afetiva e cuidadosa.

Os Requerentes, demonstraram ao longo do processo de habilitação,


capacidade emocional, material e psicológica para o pleno exercício do poder
familiar, bem como ambiente adequado para oferecer a Ana Heloisa e
Emanuely o amor, a proteção e o amparo necessários para o seu
desenvolvimento saudável, conforme demonstrado no processo de habilitação.

II- DO DIREITO

O direito à adoção é garantido pela Constituição Federal, no artigo 227, § 6º,


assegurando a proteção integral à criança e ao adolescente, vejamos;

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança


e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão

§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção,


terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação.
E também pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n.º.
8.069/1990, e, seus artigos 39 a 52.

Vejamos o artigo 39 do Estatuto da Criança e adolescente;

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o


disposto nesta Lei.

§ 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer


apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou
adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do
art. 25 desta Lei

§ 2 o É vedada a adoção por procuração§ 3 o Em caso de conflito entre


direitos e interesses do adotando e de outras pessoas, inclusive seus
pais biológicos, devem prevalecer os direitos e os interesses do
adotando.

§ 3 o Em caso de conflito entre direitos e interesses do adotando e de


outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem prevalecer os
direitos e os interesses do adotando.

Insta destacar ainda, Emérito Julgador, o que discrepa o art. 43 da Lei n.º
8.069/1990, no que tange as reais vantagens para o adotando e, por fundar-
se em motivos legítimos, é o que acontece no caso em voga, conforme se
observa na narração fática acima na peça vestibular, associado aos
documentos anexados.

Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para
o adotando e fundar-se em motivos legítimos.

Desta feita, por estarem preenchidos todos os pressupostos e requisitos


atinentes à matéria em foco, mormente às normas elencadas nos arts. 34 e ss.
da Lei 8.069/90, analisemos.

DA GUARDA PROVISÓRIA

Dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, no Art. 33, que a guarda


destina-se também ao procedimento de adoção, podendo ser deferida
liminarmente:

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e


educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o
direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser


deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e
adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.

Vejamos o que decidiu o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, sobre a


possibilidade designação de guarda para casal habilitado para adoção, sobre
a primazia do melhor interesse da criança;
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ECA. MEDIDA PROTETIVA. ACOLHIMENTO
INSTITUCIONAL DE MENOR DE IDADE. DESIGNAÇÃO DE GUARDA A
CASAL HABILITADO PARA ADOÇÃO MANTIDA. PREVALÊNCIA DO
PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA MENOR. PEDIDO DE GUARDA
NEGADO. REQUERENTE QUE NÃO DETÉM PARENTESCO JURÍDICO,
NÃO INTEGRA A CADASTRO NACIONAL DE ADOÇÃO E NÃO
DESENVOLVEU PREVIAMENTE VÍNCULOS DE AFETO COM O MENOR.
AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO.

(Agravo de Instrumento Nº 70077452860, Sétima Câmara Cível, Tribunal de


Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em 20/06/2018)

Em apreço, a tutela pretendida vem com intuito de que a guarda provisória


venha criar laços afetivos, resguardar as crianças, oferecendo-lhes o melhor
para que tenha uma vida saudável e tranquila no ambiente familiar dos
Requerentes.

E ademais, a guarda provisória marca o início da convivência da família com o


adotando. Esse instituto já confere à criança em processo de adoção a
condição de dependente dessa família para todos os fins e efeitos de direito,
inclusive previdenciários, e obriga o guardião a lhe prestar assistência material,
moral e educacional.

III- DO PEDIDO LIMINAR

Diante dos fatos e fundamentos jurídicos expostos, requer-se a concessão da


medida liminar para que seja determinado o início imediato do estágio de
convivência entre os adotantes e os adotandos, a fim de garantir o interesse
superior da criança e a proteção integral de seus direitos, de acordo com os
artigos 19 e 101, parágrafo único, do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA).

Diante da situação de acolhimento institucional enfrentada pelas crianças Ana


Heloisa e Emanuely, inscritas no SNA, requer a concessão de medida liminar

para que os Requerentes possam ter o início da guarda provisória das crianças
para o estágio de convivência.
No caso em tela a tutela pretendida vem com o intuito de que a guarda
provisória venha criar ainda mais laços afetivos, resguardar a criança,
oferecendo-lhe o melhor para que tenha uma vida saudável e tranquila no
ambiente familiar dos requerentes.
DA IDONEIDADE DOS ADOTANTES
A adoção tem um requisito genérico que é a idoneidade, exigido para todas as
situações e requisitos específicos, que, estando preenchidos, autorizam que
os Requerentes adotem as crianças.
Sendo assim, em atendimento a referida exigência, assente-se por relevante
que os Requerentes são pessoas de bem nesta comuna e tem plenas
condições de criar e educar as menores impúberes. Por conseguinte,
preenche requisitos psicológicos e emocionais ambos empregados, ambos
os Requerentes são pesicologos, exercendo a nobre como servidores públicos
Municipal. Tudo isso pode ser ratificado segundo o Parecer Social incluso,
realizado pela Assistente Social deste Município, acaso necessário
(conformes documentos inclusos no processo de habilitação de).
Ademais, os Adotantes são pessoas idôneas, responsáveis e cumpridoras de
suas obrigações, que gozam de plena capacidade civil e perfeita condições
físicas e mentais, para assumir uma paternidade/maternidade e exercê-la
devidamente.
DOS NOMES DAS ADOTANDAS
Diante da possibilidade para a alteração dos nomes das adotandas conforme
artigo 47, § 5º do ECA, os Requerentes desejam que o nome de ANA
HELOISA ALVES DOS SANTOS passe a ser registrado como: ANNA
LIVRAMENTO QUEIRÓZ, e com relação ao nome de EMANUELY DOS
SANTOS CONCEIÇÃO, passará a ser registrado como: MARIA LIVRAMENTO
QUEIROZ.

Vejamos o que diz o artigo 47, §5º do Estatuto da Criança e do adolescente


(ECA) referente a possibilidade de mudança;

Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será
inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá
certidão.
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de
qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome. (Redação
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência.

Observa-se, acerca da decisão em Recurso Especial julgado pelo Superior


Tribunal de Justiça (STJ);
RECURSO ESPECIAL - DIREITO CIVIL - REGISTROS PÚBLICOS -
RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL - PRENOME UTILIZADO PELA
REQUERENTE DESDE CRIANÇA NO MEIO SOCIAL EM QUE VIVE
DIVERSO DAQUELE CONSTANTE DO REGISTRO DE NASCIMENTO -
POSSE PROLONGADA DO NOME - CONHECIMENTO PÚBLICO E
NOTÓRIO - SUBSTITUIÇÃO - POSSIBILIDADE - RECURSO PROVIDO.
Hipótese: Trata-se de ação de retificação de registro civil de nascimento, pela
qual a autora pretende a alteração de seu prenome (Raimunda), ao
argumento de que é conhecida por Danielle desde criança e a divergência
entre o nome pelo qual é tratada daquele que consta do seu registro tem lhe
causado constrangimentos. 1. O princípio da imutabilidade do nome não é
absoluto no sistema jurídico brasileiro. 2. O nome civil, conforme as regras
dos artigos 56 e 57 da Lei de Registros Públicos, pode ser alterado: a) no
primeiro ano após atingida a maioridade, desde que não prejudique os
apelidos de família; ou b) ultrapassado esse prazo, por justo motivo, mediante
apreciação judicial e após ouvido o Ministério Público. 3. Caso concreto no
qual se identifica justo motivo no pleito da recorrente de alteração do
prenome, pois é conhecida no meio social em que vive, desde criança, por
nome diverso daquele constante do registro de nascimento, circunstância que
tem lhe causado constrangimentos. 4. Recurso especial conhecido e provido.

(STJ - REsp: 1217166 MA 2010/0175173-1, Relator: Ministro MARCO BUZZI,


Data de Julgamento: 14/02/2017, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 24/03/2017)

Portanto, legalmente, conforme descrito acima, os adotantes têm o direito de


modificar o prenome e sobrenome das adotandas.

DA JUSTIÇA GRATUITA
Os Autores requerem, os benefícios da Justiça Gratuita por serem
hipossuficientes na forma da Lei, conforme declaração em anexo. Não
dispondo de numerário suficiente para arcar com taxas, emolumentos,
depósitos judiciais, custas, honorários ou quaisquer outras cobranças dessa
natureza sem prejuízo de sua própria subsistência e/ou de sua família.
Os suplicantes estão em preparativos para a nova fase que irão viver com a
chegada das duas crianças, comprando em dobro para darem a melhor
qualidade de vida para as menores.
Lembrando que tal pedido encontra amparo nas cláusulas pétreas esculpidas
nos incisos XXXIV e LXXIV, ambos do artigo 5º da Constituição Federal e no
artigo 98 e seguintes do Código de Processo Civil, que garantem o acesso
gratuito ao Poder Judiciário.

DOS PEDIDOS
a)Seja dado à isenção do pagamento de custas e emolumentos, nos termos do
artigo 141, § 2o, da Lei 8.069/1990, e bem assim que tenha o presente seus
atos desenvolvidos sob segredo de justiça;
b)A concessão da guarda provisória da criança até o trânsito em julgado da
sentença que deferir a adoção postulada, pelo casal Adotante;
c) Intimação do Ilustre representante do Ministério Público para conhecer e
acompanhar o feito até final decisão;
d)Requerem pela procedência da presente AÇÃO DE ADOÇÃO, além de
sentença declaratória constitutiva de filiação, com expedição do competente
mandado judicial determinando o cancelamento da inscrição no registro civil,
lavrando-se novo registro constando o nome e a filiação dos adotantes,
conforme os ditames do Art. 47 da Lei nº 8.069/90;
e) A expedição do competente mandado ao Oficio de Registro em que foi
lavrado o Registro de nascimento da adotanda ANA HELOISA ALVES DOS
SANTOS, para as providencias determinadas no artigo 47 da Lei n.º 8.069/90,
com alteração do nome para ANNA LIVRAMENTO QUEIRÓZ;
f) A expedição do competente mandado ao Oficio de Registro em que foi
lavrado o Registro de nascimento da adotanda EMANUELY DOS SANTOS
CONCEIÇÃO, para as providencias determinadas no artigo 47 da Lei n.º
8.069/90, com alteração do nome para MARIA LIVRAMENTO QUEIRÓZ;

Protesta provas o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas.


Dá-se o valor da causa em R$ 1.320,00 (um mil e trezentos e vinte reais).
Termos em que,
Pede deferimento.

Pinheiros-ES, 03 de agosto de 2023.

________________________________
Anny Mota do Livramento
CPF: 082. 700.787-60

________________________________
Diêgo Mendes Queiróz
CPF: 139.252.397-40

_________________________________
Loriane Carvalho Pereira
OAB/ES 35.255

_________________________________
Rafael Silva Gonçalves
OAB/ES 19.090

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