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AO JUÍZO DA ...

VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE


ARAGUAÍNA-TO

TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

Pedro Enzo Brandão, brasileiro, solteiro, menor, devidamente inscrito no


Cadastro de Pessoas Físicas sob o número 077.142.491-45 e no Registro Geral sob o
número 1.348.241 da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Tocantins, residente
e domiciliado na Rua CE, Quadra 12, Lote 13, Bairro Costa Esmeralda em
Araguaína/TO, sendo representado pela sua mãe, Cláudia Coelho Brandão, brasileira,
solteira, desempregada, sem endereço eletrônico, contato telefônico: (63) 99243-1434,
devidamente inscrita no Cadastro de Pessoas Físicas sob o número 023.061.521-01 e no
Registro Geral sob o número 926.230 da Secretaria de Segurança Pública do Estado do
Tocantins por intermédio de sua procuradora signatária integrante do quadro de
advogados do NPJ/UNITPAC, com endereço profissional na Avenida Filadélfia, n° 528,
setor Oeste, nesta Urbe, local onde recebe intimações e notificações de estilo forense,
conforme Instrumento de Procuração “ad judicia” anexo; vem à presença de Vossa
Excelência; com fundamento processual estabelecido no artigo 1° da Lei 8.560/92,
cumulado com o artigo 1° da Lei 5.478/68, e demais dispositivos aplicáveis ao caso
concreto; ajuizar

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE C/C ALIMENTOS E


GUARDA.

Em desfavor de José Cristóvão de Sousa, brasileiro, estado civil incerto,


autônomo (despachante do DETRAN e técnico de eletrônica), devidamente inscrito no
Cadastro de Pessoas Físicas sob o número 171.924.634-34 e no Registro Geral sob o
número 4.583.110 da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pernambuco, sem
endereço eletrônico, contato telefônico: (021 81) 89167050, residente e domiciliado em
local incerto e não sabido; pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I – DOS FATOS

O requerente, nascido em 6 de março de 2012, é filho do requerido, entretanto


nunca teve o reconhecimento do vínculo paterno.

A genitora manteve um relacionamento por 9 anos com o requerido, e desta


relação tiveram dois filhos, a primeira filha fruto desse relacionamento, também menor
de idade, foi devidamente reconhecida pelo genitor. Já o requerente que no presente
momento se encontra com 10 anos de idade, não teve a paternidade reconhecida.

Ocorre que, quando a genitora descobriu a gestação, os dois ainda estavam em


um relacionamento, porém a relação se findou antes de que a criança tivesse sido
registrada.

Após o fim do relacionamento o requerido se mudou de Estado, e nunca mais


teve contato com a criança, deixando o menor totalmente desassistido emocionalmente e
financeiramente.

Diante disso, cumpre esclarecer que o requerido durante todos esses anos se
manteve inerte quanto a sua responsabilidade como genitor, e tampouco quis reconhecer
a paternidade do requerente. Em consequência disso o mesmo não vem contribuindo de
forma efetiva com o devido sustento da criança, que atualmente se encontra aos
cuidados de sua genitora.

Com efeito disso, todos os encargos de alimentação, vestuário e higiene sobre


caíram sob a responsabilidade unicamente da mãe da criança, que é do lar, e necessita
da ajuda de parentes, e do bolsa família.

Deste modo, por terem os pais obrigação conjunta de assistir seus filhos, se faz
necessário que seja reconhecida a paternidade para que consequentemente o menor
possa gozar do auxílio de seu genitor para a sua subsistência.

II – DO DIREITO
O autor integra com esta demanda com base nos fundamentos processuais do
artigo 1.607 e 1.609 do código civil e artigo 27 do Estatuto da criança e adolescência
para que seja proferido reconhecimento de paternidade.

Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos
pais, conjunta ou separadamente.

Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é


irrevogável e será IV - Por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que
o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.

Ao analisar os artigos acima citados, verificamos que não precisa que os pais
estejam juntos para tal ato de reconhecimento e que uma vez reconhecida a paternidade
fica impossível a quem reconheceu renegá-lo.

Ora vista Juiz o direito do autor em arguir o reconhecimento de paternidade


garantido pelo dispositivo acima, visto que ele já se encontra com 10 anos de idade e
ainda não teve o reconhecimento do pai e manifesta vontade de reconhecimento paternal
devidamente representado por sua mãe, e tratando-se de direito personalíssimo,
indisponível e imprescritível, podendo ser reconhecida a qualquer momento.

Do mesmo modo o artigo abaixo vai completar;

Art. 27 do ECA- O reconhecimento do estado de filiação é direito


personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais
ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de justiça.

Cumpre ressaltar, o filho foi concebido e com apenas sete meses de idade, no
ano de 2012, o pai, ora requerido saiu de casa, sendo que até os dias atuais, o Autor não
sabe o seu paradeiro, e por essa razão, necessita regularizar a situação para que haja o
reconhecimento de sua paternidade e a garantia do pedido de Alimentos.

Há de concluir, mediante os dispositivos legais transcritos, ser inegável o direito


de os pais reconhecerem a paternidade de seus filhos, como se pretende no presente
caso.

Desta forma, requer que seja reconhecida a paternidade do menor e seja


expedido por este juízo, mandado de retificação ao cartório de registro civil para constar
todas as qualificações pertinentes a filiação do menor.
DOS ALIMENTOS

Do mesmo modo, o código civil vai falar que os alimentos representam os


recursos necessários para a sobrevivência, não apenas da alimentação em si, como
também vai representar a moradia, vestuário, saúde e educação do menor.

Coaduna com este entendimento a jurisprudência pátria. Confira-se:

TJDF, 2.ª TC: Na fixação dos alimentos, não se leva em conta apenas o
necessário à subsistência, em sentido estrito, mas o que é necessário também para
prover o lazer, vestuário, necessidades eventuais e a mantença de um padrão de
vida conforme as possibilidades do alimentante. (AC 29.243, 09.03.1994, DJU III
11.05.1994, p.5.141).

O parágrafo 1, do artigo 1964 do código civil diz; “Os alimentos devem ser
fixados na proporção das necessidades e dos recursos da pessoa obrigada “.

À vista disso, o requerente necessita dos recursos da pensão alimentícia para


suas despesas fixas do dia a dia. E pelo fato de as despesas do menor estar somente sob
a responsabilidade da mãe, cabe também ao pai o dever de arcas com custas dos filhos
menores como menciona o;

Art. 229 da constituição federal. Os pais têm o dever de assistir, criar e


educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os
pais na velhice, carência ou enfermidade.

Ademais a constituição deixa claro o dever de prestação de alimentos dos pais,


vez que o menor não pode prove-lo por si só.

Portanto, pelo que foi exposto, não resta outro meio para a requerente senão a
busca por este juízo para que seus direitos de fato sejam executados.

DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

É sabido que nas ações de alimentos é cabível a fixação de alimentos


provisórios, conforme dispõe o art. 4º da Lei 5.478/68 “ao despachar o pedido, o Juiz
fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor
expressamente declarar que deles não necessita.”
No caso em tela, em consequência das dificuldades financeiras da genitora do
menor, necessário se faz a fixação, como Tutela de Urgência.

À vista disso, requer a Vossa Excelência a fixação de alimentos provisórios em


caráter de urgência, no valor mensal de 24,75% do salário-mínimo vigente para
satisfação das necessidades dos filhos.

TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA EM LIMINAR

Os pressupostos para concessão da tutela provisória de caráter de urgência em


liminar, quais sejam, evidência da probabilidade do direito e o perigo e dano encontram-
se presentes nesta ação.

A evidência da probabilidade do direito encontra respaldo nas declarações de


testemunhas e fotografias anexas, as quais demonstram que o relacionamento mantido
entre a genitora do(a) requerente e o requerido na época da concepção.

O perigo do dano também se encontra demonstrado, pois a CTPS da genitora


do(a) reclamante comprova que ela se encontra desempregada sendo presumidas as
despesas e custos envolvidos na mantença da criança.

Assim, como único meio de resguardar os direitos da requerente, que já se


encontra passando por dificuldades de toda ordem, e impedir que suporte lesão de mais
difícil reparação até a prolação da sentença, é necessária a concessão da tutela
provisória de caráter de urgência em liminar, conforme artigo 300, § 2º do Código de
Processo Civil, para fixar alimentos provisórios a serem pagos pelo requerido.

DA GUARDA UNILATERAL

A requerente já vem exercendo a guarda de forma unilateral do menor, na qual pretende


permanecer, uma vez que a criança já se encontra matriculada no ensino fundamental, e
pelo pai morar em local desconhecido fica impossibilitado a guarda compartilhada já
que poderia estar acarretando grave deficiência no aprendizado do menor e no
desenvolvimento escolar.

O artigo 1583 do código civil prevê a guarda unilateral e a guarda compartilhada e, no


caso em questão devemos observar o melhor interesse para a criança que no caso seria o
estudo, e nesse princípio a guarda unilateral seria o ideal para o menor, não atendendo o
interesse da mãe ou pai, mas sim da própria criança.
O pedido de guarda deve ser analisado pela ótica do princípio da garantia prioritária do
menor, princípio fundamental previsto na constituição federal, tais como direito a vida,
a saúde, alimentação, educação, dignidade da pessoa humana e a convivência familiar,
competindo aos pais e a sociedade torná-los efetivos.

Contudo, para que fique claro quanto a pretensão judicial, o que se ora busca é a pedido
de provimento jurisdicional de regularizar a guarda de fato do menor de forma unilateral

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Há a possibilidade de justiça gratuita nos casos em que a parte não possui


condições para custear o processo. Está previsto no §2º, artigo 1° da Lei 5.478/68:

Art. 1º. A ação de alimentos é de rito especial, independente de prévia


distribuição e de anterior concessão do benefício de gratuidade.

§ 2º A parte que não estiver em condições de pagar as custas do processo, sem


prejuízo do sustento próprio ou de sua família, gozará do benefício da gratuidade, por
simples afirmativa dessas condições perante o juiz, sob pena de pagamento até o
décuplo das custas judiciais.

Verifica-se no caso concreto que o autor faz jus à justiça gratuita, levando em
consideração a sua hipossuficiência. Excelência, a ação por si só já embasa a
necessidade de gratuidade, pois se o requerente demanda sobre o pagamento de
alimentos, se percebe que não existe uma forma de custear o processo sem que esse
valor interfira no seu próprio sustento.

III – DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer:

I- Seja DEFERIDO liminarmente o pagamento mensal de prestações


alimentícias no valor de R$ 300,00 (trezentos reais), sendo 24,75% do valor do salário
mínimo, para que a subsistência do autor seja garantida;
II- Seja o réu CITADO, por meio da busca do sistema do CNJ, ou, não
sendo possibilitado, por meio do aplicativo de mensagens Whatsapp, no número (021
81) 89167050, para oferecer
contestação e comparecer na audiência de conciliação e julgamento designada por este
juízo, sob pena de revelia;
III- Seja o Ministério Público INTIMADO para fiscalizar a ordem jurídica;
IV- Seja CONCEDIDA a gratuidade da justiça, tendo em vista a
hipossuficiência do autor;
V- Seja o réu CONDENADO ao pagamento de custas e honorários
advocatícios sucumbenciais;
VI- Seja DETERMINADO a realização do teste de DNA para
reconhecimento da paternidade, bem como a condenação do mesmo ao pagamento de
alimentos em caráter permanente;
VII- Seja CONCEDIDA à mãe a guarda unilateral do menor;
VIII- Seja DETERMINADA a livre visitação do requerido ao requerente;
IX- Seja DETERMINADO o depósito do valor dos alimentos na conta
bancária da representante do autor, com os dados ....
X- Seja a ação JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE, para a
concessão de todos os pedidos, em especial, para que seja reconhecida a paternidade do
réu em relação ao autor, bem como o pagamento de alimentos provisórios que serão
convertidos em alimentos definitivos, garantindo o amparo do autor pelo réu.

IV – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Requer seja designada a audiência de conciliação na presente demanda,


conforme artigo 5° da Lei 5.478/68.

VI – DO PROTESTO POR PROVAS

O autor protesta por empregar todos os meios legais de provas, bem como os
moralmente legítimos, ainda que não especificados no Código de Processo Civil, para
provar a verdade dos fatos em que se funda o seu pedido e influir eficazmente na
convicção do juiz, conforme artigo 369 do CPC. Especificamente, pela prova
documental, prova testemunhal, prova pericial e pelo depoimento pessoal, sob pena de
confissão, bem como todos os meios que Vossa Excelência entender necessários à
translúcida apuração dos fatos narrados e bom deslinde processual.

V – DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 3.600,00 (três mil e seiscentos reais), respectivo ao
valor de doze prestações mensais, equivalente a 24,75% do salário mínimo, para efeitos
fiscais e legais, eis que a ação tem por objeto o cumprimento de ato jurídico, na qual
atribui-se o valor do pedido principal, conforme art. 292, incisos III do CPC.

Nestes termos, pede deferimento.

Araguaína-TO, data (...).

Liliane Brito Pereira de Sousa, OAB (...)

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