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MERITÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL

JUDICIAL DA PROVÍNCIA DE TETE

TETE

JSM, maior, solteiro, de nacionalidade moçambicana, natural da Cidade de Tete,


Província de Tete, residente no Bairro Francisco Manyanga, Cidade de Tete, contactável
pelo celular n.º 840000000, de ora adiante designado por “Requerente”, vem, nos termos
do disposto nos arts. 118.º e segs. da Lei n.º 8/2008 de 15 de Julho (Lei de Organização
Tutelar de Menores), propor e fazer seguir:

ACÇÃO DE REGULAÇAO DO EXERCÍCIO DO PODER PARENTAL, SOB FORMA DE


PROCESSO ESPECIAL (Cfr. n.º 2 do Art. 460, parte inicial, do CPC, conjugado com
Art. 118 e seguintes da Lei de Organização Tutelar de Menores)

Contra,

MJH, maior, residente no Bairro Mateus Sansão Muthemba, próximo da Escola


Secundária Sansão Muthemba, nesta Cidade de Tete, contactável pelo celular n.º
820000000, doravante designada por “Requerida”,

Nos termos e com os fundamentos seguintes:

I. DOS FACTOS

1.º
O Requerente e a Requerida viveram em união de facto por cerca de 6 anos (2003 até
2009).

2.º
Dessa união nasceram os menores FJS, actualmente com 11 anos de idade; e MJS,
actualmente com 9 anos de idade, conforme as certidões de nascimento na posse da
Requerida, que desde já requer que seja a Requerida notificada a juntar aos autos ex vi
art. 528.º do CPC, na medida em que o Requerente não tem a posse e nem acesso aos
mesmos.

3.º

1
No mês de Setembro de 2009, o Requerente foi condenado à pena de prisão que,
entretanto, cumpriu.
4.º
Em consequência dessa prisão, deu-se a separação dos unidos de facto, cessando
assim a comunhão plena de vida entre o Requerente e a Requerida.

5.º
Com efeito, logo após a prisão do Requerente em 2009, sem dar qualquer satisfação a
este, a Requerida abandonou o lar e foi viver com outro homem de nome “ABC”, no
mesmo Bairro onde outrora viviam em união de facto o Requerente e a Requerida.

6.º
Para o seu novo lar, a Requerida levou consigo os menores, filhos nascidos da união
com o aqui Requerente.

7.º
Em Abril de 2016, o tribunal restitui o Requerente à liberdade, após ter cumprido a pena
de prisão a que fora condenado.

8.º
Imediatamente, o Requerente procurou a Requerida para, nomeadamente, permitir-lhe
acesso aos filhos que, como já acima referido, não mais habitavam a casa onde aquele
os tinha deixado.

9.º
Sucede, porém, que, desde aquele momento até à presente data, a Requerida não
permite que o Requerente tenha qualquer tipo de contacto com os menores, impedindo-o
assim que os veja, os leve à passear ou que passem juntos com o pai os dias de fim-de-
semana, dias feriados ou dias de férias escolares.

10.º
Consequentemente, para que o Requerente possa ver e ter o mínimo de diálogo com os
seus filhos, tem de deslocar-se à escola, no momento de intervalo, para que a Requerida
não o veja manter tais contactos.

II. DE DIREITO
11.º

2
De conformidade com o n.º 1 do art. 313.º da Lei n.º 10/04 de 25 de Agosto (Lei da
Família), em caso de cessação da união de facto, o poder parental é exercido por acordo
dos pais, sujeito a homologação do tribunal, devendo o acordo corresponder ao superior
interesse dos menores, incluindo o interesse de manter com o progenitor (in casu, o
Requerente), uma relação de proximidade.

12.º
Por força do art. 293.º da Lei da Família, a Requerida não pode, injustificadamente, privar
os filhos de conviverem com os ascendentes (in casu, com o, Requerente).

13.º
Ao progenitor que não exerça o poder parental assiste o poder de acompanhar de perto a
educação e as condições de vida dos filhos - tal o caso do Requerente – Vide o n.º 4 do
art. 313.º da Lei da Família.

14.º
Os filhos menores têm direito a serem protegidos, assistidos, educados e acompanhados
no seu desenvolvimento físico e emocional, e a ter contacto com ambos os pais,
conforme o n.º 1 do art. 282.º da Lei da Família, conjugado com o art. 29.º da Lei n.º
7/2008, de 9 de Julho (Lei da Promoção e Protecção dos Direitos da Criança).

15.º
Assim sendo, toda e qualquer criança, necessita do apoio familiar, o que inclui a
presença de ambos os pais, a despeito da separação entre estes, para que possa
crescer mental e emocionalmente perfeita.

16.º
Por força do n.º 3 do art. 313.º da Lei da Família, cabe ao tribunal decidir sempre que os
separados de facto não alcançarem acordo quanto à guarda dos filhos menores,
confiando-os à guarda de um dos pais,
17.º

e determinando os moldes em que o progenitor, ao qual não for determinada a guarda


dos menores, manterá contacto com os mesmos, os levará quotidianamente a passear, a
visitá-lo em casa, a passar os fins-de-semana, a passar os dias feriados e a passar os
dias de férias escolares.

19.º

3
No presente caso, o Requerente e a Requerida não alcançaram qualquer acordo quanto
ao exercício do poder parental sobre os menores.

20.º
De momento, o Requerente encontra-se desempregado.

21.º
Contudo, a carência de recursos materiais e financeiros não constitui motivo para perda
ou suspensão do poder parental, conforme dispõem o art. 33.º da Lei da Promoção e
Protecção dos Direitos da Criança.

22.º
Desde já afigura-se ao Requerente lícito e justo que o poder parental seja regulado,
deferindo a guarda para a Requerida, dado tratar-se de filhos menores,

23.º
e que nessa regulação se determine que o Requerente tenha os filhos consigo: (i) em
fins-de-semana intercalados, devendo avisar a progenitora caso for se ausentar da
província com os menores; (ii) todos os feriados; e (iii) metade do período de cada féria
escolar; todo o dia do pai; dia 31 de Dezembro e 01 de Janeiro.

Nestes termos, e nos melhores de Direito que V. Ex.ª


mui-sabiamente suprirá, requer-se que a presente
acção seja julgada procedente por provada e, por
conseguinte, determinar que o Requerente tenha os
filhos consigo: (i) em fins de semana intercalados,
devendo avisar a progenitora caso for se ausentar da
província com os menores; (ii) todos os feriados; (iii)
metade do período de cada féria escolar; todo o dia do
pai; dia 31 de Dezembro e 01 de Janeiro.
Na medida em que o Requerente está desempregado e
carente de meios financeiros e materiais, daí o
Atestado de Pobreza em anexo, requer-se total
isenção de impostos e taxas judiciais.
Mais se requer, ao abrigo do art. 528.º do CPC, que
seja a Requerida notificada para juntar aos autos

4
certidões de nascimento dos menores FJS e MJS,
para efeitos da aferição da paternidade e das
respectivas idades.

Valor da acção: 30.000,00 Meticais (Trinta mil meticais) - Vide artigo 312 do CPC.

Junta: Procuração Forense; Atestado de Pobreza e duplicados legais.

Rol de testemunhas:
SS
GG
AA

Tete, 19 de Abril de 2017.


O Advogado

(S.G.A.S)
Carteira Profissional n.º 0000

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