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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA

XXX VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE XXX


ESTADO DE XXX

Marcolina de Tal, brasileira, faxineira,portadora da cédula de


identidade RG nº xxx, inscrita no CPF sob o nº xxx, residente e domiciliado
na Avenida dos azares, nº 01, centro de Maringá, Paraná, por
intermédio de seu Advogado, no uso de suas atribuições institucionais,
vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE GUARDA

Em favor de Milenia Piquininha de tal, menor e impúbere, e em


desfavor de Nonato de Tal, brasileiro, convivente, desempregado, portador
de cédula de RG xxx, inscrito no CPF sob o nº xxx, residente e
domiciliado no Abrigo Comunitário na Rua Das Mesquitas, nº 02, Jardim
da Felicidade, Maringá Paraná e Jaqueline de Tal, brasileira,diarista,
residente e domiciliada na Rua Dos Cavalos, nº 03, Jardim das Andorinhas,
Maringá, Paraná, pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir expostos:

DOS FATOS

A menor Milenia de Tal, nascida em 15 de Setembro de 2005, hoje com 7


anos de idade, é fruto da união entre Nonato de Tal e Jaqueline de Tal, a
qual hoje vive maritalmente com a pessoa de alcunha “Corintiano”- pessoa
com passagem pela policia e certidão de antecedentes ciminais.

A Requerente alega que logo após alguns dias do nascimento da


neta Milenia, ela esteve sobre os seus cuidados, e desde de então vem
prestando todos os cuidados necessários para criação e educação da menor,
iclusive os laços de afetividade. A menor encontra-se matriculada em
escola municipal conforme declaração de matricula em posse da avó.
Diante dos fatos exposto a requerente teme que seus genitores possam
retirar a menor de seus cuidados, e sabendo que seu genitor não tem a
menor condição e nem tampouco pretende prestar cuidados á menor
encontrando-se ainda morando em um abrigo.
Faz se saber ainda que os mesmos nunca contribuiram em para o sustento
de sua filha e não tem nenhuma condição financeira para tal, visto que o pai
se encontra desempregado e sua mãe tem seu sustento como diarista.
Diante dos fatos narrados, a Requerente requere a guarda definitiva da
menor Milenia, e que a mesma continue residindo com Marcolina, tendo o
pai Nonato de Tal e Jaqueline de Tal, o direito de visitar e ter a filha
consigo nos fins de semana na casa da avó.

DO DIREITO

A guarda tem por escopo a proteção integral da criança, levando-se em


consideração os seus interesses, sejam eles de ordem moral, emocional ou
material.

Preceitua o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei


nº. 8.069/90):

Art. 33. A guarda obriga à prestação de assistência


material, moral e educacional à criança ou adolescente,
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a
terceiros, inclusive aos pais.
§ 1º. A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção
por estrangeiros.
§ 2º. Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos
casos de tutela e adoção, para atender a situações
peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou
responsável, podendo ser deferido o direito de
representação para a prática de atos determinados.

A propósito eis a orientação jurisprudencial dominante:


"DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. PEDIDO DE
GUARDA FORMULADO PELA AVÓ. CONSENTIMENTO DOS PAIS.
MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. SOB A TÔNICA DA
PREVALÊNCIA DOS INTERESSES DA PESSOA EM CONDIÇÃO
PECULIAR DE DESENVOLVIMENTO DEVE-SE OBSERVAR A
EXISTÊNCIA DA EXCEPCIONALIDADE A AUTORIZAR O
DEFERIMENTO DA GUARDA PARA ATENDER SITUAÇÃO
PECULIAR, FORA DOS CASOS DE TUTELA E ADOÇÃO, NA
PREVISÃO DO ART. 33, § 2º, DO ECA. A avó busca resguardar
situação fática já existente, por exercer a posse de fato da criança
desde o nascimento, com o consentimento dos próprios pais, no
intuito de preservar o bem estar da criança, o que se coaduna com
o disposto no art. 33, § 1º, do ECA. Dar-se preferência a alguém
pertencente ao grupo familiar – na hipótese a avó – para que seja
preservada a identidade da criança bem como seu vínculo com os
pais biológicos, significa resguardar ainda mais o interesse do
menor, que poderá ser acompanhado de perto pelos genitores e
ter a continuidade do afeto e a proximidade da avó materna, sua
guardiã desde tenra idade, que sempre lhe destinou todos os
cuidados, atenção, carinhos e provê sua assistência moral,
educacional e material. O deferimento da guarda não é definitivo,
tampouco faz cessar o poder familiar, o que permite aos pais,
futuramente, quando alcançarem estabilidade financeira, reverter a
situação se assim entenderem, na conformidade do art. 35 do
ECA. - Se as partes concordam com a procedência do pedido de
guarda, não será o Poder Judiciário que deixará a marca da
beligerância nessa relação pacífica, quando deve apenas
assegurar que o melhor interesse da criança seja o resultado da
prestação jurisdicional. - Se restou amplamente demonstrado que
os interesses da criança estarão melhor preservados com o
exercício da guarda pela avó, a procedência do pedido de guarda é
medida que se impõe. Recurso especial provido" (REsp
993458/MA, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJe 23/10/2008).

"DIREITO DE FAMÍLIA. GUARDA DE MENOR PLEITEADA POR AVÓS.


POSSIBILIDADE. PREVALÊNCIA ABSOLUTA DO INTERESSE DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE OBSERVADA. (...).

2. No caso em exame, não se trata de pedido de guarda


unicamente para fins previdenciários, que é repudiada pela
jurisprudência. Ao reverso, o pedido de guarda visa à
regularização de situação de fato consolidada desde o nascimento
do infante (16.01.1991), situação essa qualificada pela assistência
material e afetiva prestada pelos avós, como se pais fossem.
Nesse passo, conforme delineado no acórdão recorrido, verifica-
se uma convivência entre os autores e o menor perfeitamente apta
a assegurar o seu bem estar físico e espiritual, não havendo, por
outro lado, nenhum fato que sirva de empecilho ao seu pleno
desenvolvimento psicológico e social. 3. Em casos como o dos
autos, em que os avós pleiteiam a regularização de uma situação
de fato, não se tratando de 'guarda previdenciária', o Estatuto da
Criança e do Adolescente deve ser aplicado tendo em vista mais
os princípios protetivos dos interesses da criança. Notadamente
porque o art. 33 está localizado em seção intitulada 'Da Família
Substituta', e, diante da expansão conceitual que hoje se opera
sobre o termo 'família', não se pode afirmar que, no caso dos
autos, há, verdadeiramente, uma substituição familiar. 4. O que
deve balizar o conceito de 'família' é, sobretudo, o princípio da
afetividade, que fundamenta o direito de família na estabilidade
das relações socioafetivas e na comunhão de vida, com primazia
sobre as considerações de caráter patrimonial ou biológico"
(REsp 945.283/RN, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 28/09/2009).
Ademais, sob a ótica dos Direitos da Criança e do Adolescente, não são os
pais que têm direito ao filho, mas sim, e, sobretudo, é o menor que tem
direito a uma estrutura familiar que lhe confira segurança e todos os
elementos necessários a um crescimento equilibrado.

Assim, na hipótese de se considerar que de seu nascimento Milenia convive


com a avó, ou seja, tem-se que há 7 anos existe esse laço afetivo.

Em verdade, a guarda de que se cuida é aquela prevista na primeira parte


do artigo 33, § 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, in verbis:

"A guarda destina-se a regularizar a posse


de fato, podendo ser deferida, liminar ou
incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção,
exceto no de adoção por estrangeiros".

Nesse sentido, ressalte-se que as situações fáticas, qualificadas pelo


decurso de tempo não podem passar ao largo da tutela do direito, devendo
ser, pois, na medida do possível, convoladas em situações jurídicas. Outras
não são as lições de Yussef Said Cahali, para o qual:

"O Direito sempre tomou em consideração


certas situações de fato, levando em consideração, por
esse motivo, também a 'guarda de fato' capaz de gerar
alguns efeitos jurídicos, como se alguém que toma a
seu cargo, sem intervenção do Juiz, a criação e
educação do menor; a guarda 'jurídica' a que se refere
o § 1º do artigo 33, destina-se a regularizar a posse de
fato"

(Cahali, Yussef Said in Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado.


7ª. ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 146/147).

Desse modo, observa-se que o Direito tutela a pretensão da Requerente em


deter a guarda de sua neta, de forma a cuidar da criança no intuito de
preservar seus interesses.

DOS PEDIDOS
Posto isso, requer-se a Vossa Excelência:

a) seja concedida a requerente, de plano, os Benefícios da Justiça Gratuita,


haja vista não possuir condições econômicas e/ou financeiras de arcar com
as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo próprio ou de
sua família, nos termos da inclusa declaração de hipossuficiência na forma
do artigo 4º, da Lei n. 1.060, de 05 de fevereiro de 1950, e artigo 98 do
Novo Código de Processo Civil;

b) seja deferida, liminarmente a Requerente Avó, a guarda provisória de


Milenia;

c) seja feita a citação, da Requerida Jaqueline de Tal, bem como a citação


do Requerido Nonato de Tal, por todos os meios disponíveis, para que
compareça à audiência de conciliação ou mediação, para, querendo,
contestar a presente ação, sob as penas da lei;

d) seja intimado o doutor representante do Ministério Público, para, na


condição de fiscal da lei, intervir e acompanhar o presente feito até seu
final, sob pena de nulidade, ex vi dos artigos 178, inciso II, 279, e 698 do
Código de Processo Civil;

e) ao final, seja julgado procedente o pedido inicial, para o fim de conceder


definitivamente a guarda da menor Milenia Piquininha de Tal a Requerente
Marcolina de Tal, condenando-se os Requeridos no pagamento das verbas
de sucumbência, notadamente custas processuais e honorários advocatícios
justos que deverão ser depositados na conta xxx.

Protesta provar o alegado por de todos os meios de prova em direito


admitidos, sem exclusão de nenhum, especificada desde já a prova
documental, inclusive com a juntada posterior de outros documentos, se
necessário for, o estudo psicossocial e a oitiva de testemunhas já arroladas,
sem prejuízo de outras provas que se fizerem necessárias, a serem
especificadas no momento adequado.

Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ xxx.

Termos em que, pede e espera deferimento.


Maringá, DIA xxx MES xxx E ANO xxx

ADVOGADO
OAB XXX

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