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PODER JUDICIÁRIO

JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO CRISTÓVÃO


SERGIPE.
Largo Engº. Joel Fontes Costa s/n, São Cristóvão –Se.
SENTENÇA

Processo: 200383020017
Requerente:Helenilde Maria do Carmo
Menor: Márcio Breno Souza do Carmo

Vistos etc...

HELENILDE MARIA DO CARMO, devidamente


qualificada na exordial, requereu perante este Juízo GUARDA E RESPONSABILIDADE do
menor MÁRCIO BRENO SOUZA DO CARMO, também devidamente conhecido. Alega que é
avó paterna da criança, sendo esta fruto de um relacionamento amoroso de seu filho Bruno Rafael
do Carmo, estando desempregado e com 17 anos de idade e sendo sua genitora já é falecida. Juntou
documentos às fls. 06 ut 08.

Às fls. 12/13 foi anexado o Termo de Acordo para a


guarda provisória do menor celebrado perante do Parquet.

Às fls. 40 ut 41 foi realizada audiência para a ouvida do


pai do menor e da avó paterna.

O Ministério Público opinou favoravelmente à concessão


da guarda definitiva a Requerente, posto que o menor já reside com o avó paterna, sendo que esta
lhe presta toda a assistência necessária a uma criança.

É o relatório. Decido.

A guarda do menor nas doutas lições J. Franklin Alves


Felipe, em sua obra Adoção, Guarda, Investigação de Paternidade e Concubinato, ed. Forense, 7ª
edição, diz ipis litteris: “ No direito do menor, a guarda é forma de colocação provisória do
menor em lar substituto, visando a posterior adoção, podendo a ser concedida de forma
autônoma, em caráter excepcional. Visa a dar uma família àqueles que não tem condições de
serem criados e ducados em seu leito natural. Ela é medida provisória a ser substituída pela
adoção.”
Consta dos autos que o menor é órfão de mãe e seu pai,
filho da Requerente, não tem condições econômico-financeiras -psicológicas para sustentá-lo e
educá-lo, tendo conhecimento de que o menor vive hoje com a Requerente, sabendo que esta
proporciona a ele todas as condições necessárias para uma criança crescer bem.

Com a análise apurada do conteúdo dos autos, sendo


dispensável neste caso o Relatório do Conselho Tutelar face a contundência das demais provas,
bem como da situação do menor em questão, vislumbra-se que o mesmo está vivendo sob os
cuidados da Requerente, que provê moral, materialmente a criança.
Também é possível perceber o provável desinteresse da
genitor ou de qualquer outro parente do menor, posto que não foi ofertada qualquer contestação a
ou de manifestação de desarcordo.

Assim, percebe-se configurada a situação de risco para do


menor demonstrada no preceptivo 98, II do Estatuto da Criança e do Adolescente ( ECA). Em sendo
assim, há a necessidade de adoção de medidas de proteção a criança.

Os artigos 33 e ss. do ECA regulam a concessão da guarda


de menores em favor de pessoas que tenham interesse em prover o sustento e cuidar da educação
de crianças que foram abandonadas ou cujos genitores tenham falecido, estando desde então
desconstituído o pátrio poder, enumerando os deveres que incumbe àqueles que tiveram seu pedido
de guarda deferido judicialmente.

Diz o art. 33 do ECA, caput, in verbis: “A guarda obriga


à prestação de assistência material, moral e educacional a criança ou adolescente, conferindo
a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.”

Neste mesmo preceptivo, mais precisamente no § 2º,


encontra-se disposto que a guarda se destina a regularizara posse de fato, podendo ser a mesma
deferida liminarmente ou incidentalmente nos casos de adoção ou de tutela.

É o caso sub judice.

A Requerente que pleiteia a guarda do menor e já tem


guarda de fato, devendo esta apenas ser legalizada guarda definitiva por este Juízo. Demonstra-se
também que o mesmo tem condições financeiras, morais e familiares de criar da forma melhor
possível a criança, dando-lhe a estrutura familiar adequada.

Para a concessão da guarda, deve o Magistrado ater-se em


verificar o que é melhor para o menor, devendo acima de tudo sempre buscar a escolha da família
correta para cuidar do menor.

Ex positis, julgo PROCEDENTE a presente de demanda


e com escopo nos preceptivos 33 e 98, II, do ECA, declaro o estado de risco do menor MÁRCIO
BRENO SOUZA DO CARMO, razão pela qual defiro o pleito de Guarda Definitiva e
Responsabilidade em favor da Sra. HELENILDE MARIA DO CARMO, já devidamente
qualificada nos autos.

Determino que seja lavrado o TERMO DE


COMPROMISSO em livro próprio deste Cartório, devendo o mesmo ser assinado pela Requerente,
extraindo-se a Certidão para uso dos interessados.

Averbe-se a sentença à margem do Registro de Nascimento


da criança conforme determina o art.163 do ECA.

Lavre-se Termo de Guarda e Responsabilidade.

Sem custas face a graciosidade da justiça.

P. R. I. e Arquive-se após o trânsito em julgado e demais


cautelas legais.

São Cristóvão/SE, 23 de setembro de 2003.

Dr. Manoel Costa Neto


- Juiz de Direito -

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