Você está na página 1de 7

Exmo sr dr Juiz da Direito da vara de família de Araçuaí MG

tramitação prioritária (LAP, art. 4º, caput)


 
 
 
                                              CAIO GRACO MARTINS OLIVEIRA, divorciada,
comerciária, inscrita no CPF (MF) sob o nº. 111.222.333-44, com endereço
eletrônico mariadasilva@teste.com.br residente e domiciliada na Rua Y, nº.
0000, nesta Capital, vem, por si e representando (CPC, art. 71) KARINE DAS
QUANTAS, menor impúbere, com o devido respeito à presença de Vossa
Excelência, por intermédio de seu patrono que abaixo assina – instrumento
procuratório acostado --, causídico inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil,
Seção do Estado, sob o n º 112233, com endereço profissional consignado no
timbre desta peça processual, o qual, em atendimento à diretriz do art.
287, caput, do CPC, indica o endereço constante na procuração para os fins de
intimações necessárias, para, com supedâneo no  art. 2º, inc. I, art. 4º c/c art. 5º,
todos da Lei de Alienação Parenta (Lei nº. 12.318/2010), ajuizar a presente  
 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE ALIENAÇÃO PARENTAL COM
MODIFICAÇÃO DE GUARDA E REGULAMENTAÇÃO DE
VISITAS C/C TUTELA DE URGÊNCIA

 
contra JOÃO DOS SANTOS, divorciado, bancário, residente e domiciliado na
Rua Y, nº. 0000, nesta Capital – CEP 11222-44, inscrito no CPF(MF) sob o nº.
444.333.222-11, endereço eletrônico santos@santos.com.br, o que faz em face
das seguintes razões de fato e de direito. 
 
INTROITO
 
( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput)                                                                   
 
                                                               A parte Autora não tem condições de arcar
com as despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos
financeiros para pagar todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento
das custas iniciais. 
 
                                               Destarte, formula pleito de gratuidade da justiça, o
que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in
fine, ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento
procuratório acostado. 
 
( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII c/c art. 695,
caput)
 
                                                               A Promovente opta pela realização de
audiência conciliatória e de mediação (CPC, art. 319, inc. VII c/c art. 695,
caput), razão qual requer a citação do Promovido, por mandado (CPC, art. 695,
§ 1º), para comparecer à audiência, designada para essa finalidade (CPC, art.
695, caput). 
 
                                               Requer, outrossim, em decorrência da especialidade
do litígio em liça, que a eventual tomada de depoimento da infante ocorra sob a
égide do art. 699 do Código de Processo Civil.
  
i - Exposição fática 
 
                                                               A Autora promovera contra o Réu uma Ação
de Divórcio Litigioso, visando, em síntese, dissolver o enlace conjugal, partilhar
bens e definir a guarda da menor.
  
                                               As partes entraram em composição. Em conta disso,
definiram divisão dos bens e, máxime, no tocante à guarda compartilhada da
infante. (doc. 01) A decisão transitara em julgado em 00/11/2222. (doc. 02) 
 
                                               Todavia, justamente por conta da mencionada Ação
de Divórcio, o Promovido passou telefonar, diariamente, para sua filha. Aquele,
enfaticamente, vem destacando comentários acerca de um imaginado amante
da Autora. Acrescenta, com isso, que a menor será “abandonada de lado”.   
 
                                               A atitude, além de odiosa, é elementar em demonstrar
que o falso amante não irá aceitar o convívio da criança com a mãe. 
 
                                               De outro modo, o Promovido, de modo igual, tem
enviado inúmeras mensagens de texto ao celular da infante. O “tom da
conversa” é o mesmo. A todo o momento, aborda essa fictícia e destrutiva ideia
imposta à criança. 
 
                                               Lado outro, urge trazer à colação as frequentes
investidas feitas por meio eletrônico, máxime por meio de mensagens de texto e,
além disso, por e-mails. (docs. 03/31) Todo esse quadro fático, encontra-se
inserto em ata notarial,aqui colacionada. (doc. 32)                                              
 
                                                Resultado disso, a Autora, paulatinamente, percebe
que a filha lhe indaga acerca desse pseudo enlace de namoro. Inarredável que a
criança crê, verdadeiramente, nessa fantasia criada. 
 
                                               Não fosse isso o suficiente, a menor passou a se
comportar de modo estranho, sobremodo na escola. Antes bem-humorada,
comunicativa e afável; agora, por conta disso, revela-se retraída, rude com
todos. Até mesmo a escola levara ao conhecimento da mãe essa alteração
brusca. (doc. 33) 
 
                                               Nesse passo, imperioso que sejam adotadas
providências, urgentes, a protegerem a menor, mormente quanto à interferência
ocasionada na formação psicológica daquela.
  
ii - Mérito            
  
DA NECESSIDADE DE PROVIDÊNCIA PROTETIVA                                              
 
                                               É inarredável que o quadro fático traz à tona a
descrição de que, legalmente, a menor se encontra em situação de alienação
parental. Os comportamentos do réu, registrados, apontam para isso. 
 
                                               Além disso, há provas documentais contundentes
quanto ao relato em vertente. 
 
                                               No que toca à caracterização da alienação parental,
tocante à pretensão de se afastar o convívio de um dos pais, reza a Lei de
Alienação Parental que: 
 
LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL
Art. 2º -  Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo
ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
 
Parágrafo único.  São formas exemplificativas de alienação parental, além dos
atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados
diretamente ou com auxílio de terceiros:
 
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da
paternidade ou maternidade;                                               
 
                                               De mais a mais, doutrina e jurisprudência são firmes
em situar que a Lei de Alienação Parental deve ser acomodada, para essas
situações. 
 
                                                Bem a propósito é o magistério de Ana Carolina
Carpes, a qual, em lapidar trabalho acerca do tema, destaca comportamentos
que caracterizam a ocorrência da Síndrome de Alienação Parenta (SAP), in
litteris:
 
3.5. CARACTERÍSTICAS E CONDUTAS DO GENITOR ALIENANTE
Em uma situação de mudança, de conflito e de estresse, como é o processo
litigioso de divórcio ou de dissolução de uma união estável de um casal, é
comum que sejam revelados traços psicológicos e patológicos da
personalidade dos sujeitos envolvidos, a fim de explicar ou justificar o
aparecimento de síndromes, como a SAP, e de outros conflitos.
(...)
c) Transtorno da Personalidade Limite ou Borderline: a sua característica
essencial é um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos
interpessoais, autoimagem e afetos, além de acentuada impulsividade. Os
indivíduos com esse transtorno fazem uma série de esforços para evitar o
abandono real ou imaginado. Ao perceberem uma separação ou rejeição
iminente ou a perda da estrutura externa, ocorrem profundas alterações na
autoimagem, cognição, afeto e comportamento. Essas pessoas são muito
sensíveis às circunstâncias ambientais e experimentam intensos temores de
abandono e uma raiva inadequada, mesmo diante de uma separação real de
tempo limitado ou quando existem mudanças inevitáveis em seus planos. Esse
medo de abandono está relacionado a uma intolerância à solidão e a uma
necessidade de ter outras pessoas consigo. Por esse motivo também idealizam
potenciais cuidadores ou amantes logo nos primeiros encontros, e também
sempre esperam que os outros satisfaçam suas necessidades [ ... ]  
 
                                               É altamente ilustrativo transcrever os seguintes
arestos:
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE
GUARDA. REVERSÃO DA GUARDA. POSSIBILIDADE ANTE O
DESAPARECIMENTO DA SITUAÇÃO DE RISCO. ALIENAÇÃO
PARENTAL PRATICADA POR AMBOS GENITORES. PONDERAÇÃO
DA GRAVIDADE DAS CONDUTAS DE CADA UM. INDÍCIO DE
AGRESSÃO FÍSICA POR PARTE DO PAI. GUARDA PROVISÓRIA EM
FAVOR DA MÃE. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO, CONTRA O
PARECER
I. Considerando que a situação de risco que as crianças poderiam vivenciar sob a
guarda da mãe não mais subsiste, e que este foi o único fundamento para que o
juízo a quo retirasse sua guarda em sede de tutela provisória, impõe-se a
reversão da guarda em favor da genitora, sobretudo quando verificado risco de
dano maior caso os menores permaneçam com o pai. II. Ainda que haja suspeita
de que ambos os pais pratiquem atos de alienação parental, é possível deferir a
guarda provisória em favor daquele cujas condutas são mais leves e passíveis de
atenuação e inibição, contrariamente ao outro cujos atos são de extrema
reprovabilidade, sobretudo quando em relação a este, ainda, pairam suspeitas
de agressão física. III. Recurso conhecido e provido, contra o parecer [ ... ]
 
DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. MODIFICAÇÃO DE GUARDA. PRETENSÃO
DEDUZIDA PELO GENITOR EM FACE DA MÃE DE SUA FILHA INFANTE.
PAI QUE ALEGA NEGLIGÊNCIA E OUTRAS CONDUTAS MATERNAS
INCOMPATÍVEIS COM A MANUTENÇÃO DA GUARDA UNILATERAL
ESTABELECIDA EM FA VOR DA GENITORA. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA NA ORIGEM. GUARDA UNILATERAL MANTIDA EM
FAVOR DA MÃE. APELAÇÃO. INSURGÊNCIA PATERNA. PLEITO DE
ESTABELECIMENTO DE GUARDA UNILATERAL EM FAVOR DO
GENITOR INVIÁVEL. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 1.583 E 1.584, DO
CÓDIGO CIVIL. INEXISTÊNCIA DE RAZÃO BASTANTE PARA A
ALTERAÇÃO DA GUARDA MATERNA CONSOLIDADA HÁ MAIS DE TRÊS
ANOS. DESÍDIA E CONDUTAS INCOMPATÍVEIS COM A GUARDA NÃO
DEMONSTRADAS. DENÚNCIAS DE PARTE A PARTE COM O INTUITO DE
MINAR AS POSSIBILIDADES DE O OUTRO ALCANÇAR A CONDIÇÃO DE
GUARDIÃO. QUADRO DE ALIENAÇÃO PARENTAL QUE DEVE SER
SUPERADO PARA O BEM DA INFANTE, A TEOR DO DISPOSTO NA LEI N.
12.318/10. GUARDA CONCEDIDA À MÃE EM MOMENTO ANTERIOR.
ACORDO EM OUTRO PROCESSO QUE REVERTE A GUARDA AO PAI.
RELATIVIZAÇÃO DA CONDUTA MATERNA ERRÁTICA. CONTEXTO DE
UM RELACIONAMENTO ABUSIVO, REPLETO DE AMEAÇAS E
VIOLÊNCIAS. CONCORDÂNCIA TEMPORÁRIA DA PERMANÊNCIA NA
CASA PATERNA QUE NÃO APONTA NECESSARIAMENTE PARA A
PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. DIFICULDADES DE VISITAÇÃO NAQUELE
PERÍODO, IMPOSTAS PELO PRÓPRIO PAI DA CRIANÇA. OPOSIÇÃO DE
EMBARAÇOS P ARA A MANUTENÇÃO DO LAÇO, INCLUSIVE COM
MUDANÇA DE CIDADE COM A INTENÇÃO DELIBERADA DE
OBSTACULIZAR A APROXIMAÇÃO DE MÃE E FILHA. ESTUDOS SOCIAIS,
INCLUSIVE AQUELE REALIZADO APÓS A DECISÃO FINAL, FA
VORÁVEIS À MANUTENÇÃO DO STATUS QUO. GENITORA QUE
APRESENTA CONDIÇÕES DE ATENDER ÀS NECESSIDADES DA INFANTE.
PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA (CC, ART. 1.583, § 2º,
PARTE FINAL. ECA, ART. 6º). MENINA INTERESSADA NA LIDE QUE,
CONTANDO COM NOVE ANOS DE IDADE, DEVE INFLUIR NA
FORMAÇÃO DA CONVICÇÃO DO JULGADOR, NOS TERMOS DO ART. 28,
§ 1º, DA LEI N. 8.069/90. OPÇÃO PELA CASA MATERNA. GUARDA QUE
DEVE PERMANECER COM A GENITORA. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
Inexistindo razão para a revisão, visando à estabilização da rotina da criança,
plenamente adaptada, deve a guarda ser mantida com o genitor que a detém há
mais de três anos, sem que nada de relevante tenha sido comprovado que
recomendasse a modificação [ ... ] 
 
iii - Tutela antecipada
PEDIDO DE MEDIDAS PROVISÓRIAS DE URGÊNCIA
           
                                               No caso ora em análise, claramente restaram
comprovados, objetivamente, os requisitos do "fumus boni iuris" e do
"periculum in mora". Com isso, justifica-se o deferimento das medidas ora
pretendidas, sobretudo com respeito ao segundo requisito. A demora na
prestação jurisdicional ocasionará gravame potencial à infante, alvo de
Alienação Parental, máxime no tocante à sua integridade psicológica.
 
                                               Com esse enfoque:
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA. REGULAMENTAÇÃO DE
VISITAS. ALIENAÇÃO PARENTAL. SUSPENSÃO DO DIREITO DE
VISITAÇÃO POR PARTE DA MÃE. CABIMENTO.
Em que pese seja evidente a importância da convivência da criança com sua
genitora, considerando serem verossímeis as alegações de prática de atos de
alienação parental, devem ser suspensas as visitas até o esclarecimento dos
fatos. Recurso provido [ ... ]
 
                                               Ademais, em sede de medida acautelatória de
urgência, como na hipótese, com pedido de medidas protetivas em favor da
infante, centro e vítima da Síndrome de Alienação Parental, é desnecessária a
cognição plena. Assim, é suficiente e razoável a comprovação, apenas, de
indícios dos atos em vertente. (LAP, art. 4º, caput c/c art. 5º, caput).
                                   
                                                Diante disso, a Autora vem pleitear, sem a oitiva
prévia da parte adversa (CPC, art. 9º, parágrafo único, inc. I c/c 300, § 2º c/c art.
294, parágrafo único c/c art. 4º, caput, da Lei de Alienação Parental), tutela
cautelar provisória de urgência, motivo qual pleiteia-se:   

Apesar de excepcional, o ajuizamento da presente Ação Cautelar de Busca e


Apreensão justifica-se ante à contingência de seu filho se encontrar em grave
situação de violação de seus direitos fundamentais garantidos pela Lei
8069/90, visto que a mãe/o pai, com sua conduta, tem lhe causado graves
abalos físicos e psicológicos, não restando assim, dúvidas quanto à NÍTIDA
SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL em que se encontra, conforme
farta prova documental em anexo. Com efeito, por força dos fatos que dão
ensejo ao presente requerimento preventivo - amparado no fumus boni iuris e
no periculum in mora - justifica-se o ajuizamento da presente, tendo em vista a
grave situação de seu filho que, atualmente se encontra sob a guarda do(a)
Requerido(a), que por sua vez, tem VIOLADO FRONTALMENTE OS
DIREITOS da criança, pois tem demonstrado forte abalo psicológico em razão
do comportamento conturbado e da contumaz conduta alienadora do(a)
mãe/pai biológico(a), como demonstram os documentos em, em anexo

IV - DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS

Ante o exposto, requer:


a) A tramitação prioritária do presente processo, consoante determinação da Lei n.
12.318/2010 em seu art. 4º.

b) A antecipação dos efeitos da tutela de urgência (art. 300 do Novo CPC), inaudita altera
parte, para que o autor exerça de pronto seu direito, nos termos delineados supra (§ VIII),
porquanto presentes, como demonstrado acima (§§ X e XI), os requisitos de
verossimilhança das alegações, de prova inequívoca, bem como o fundado receio de dano
irreparável;

c) A citação da ré, por correio (art. 246, I, do Novo CPC), para que compareça em
audiência de conciliação, instrução e julgamento, a ser designada por este Douto Juízo,
onde, se quiser, poderá oferecer resposta, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia
(art. 344 do Novo CPC);

d) A intimação do ilustre representante do Ministério Público para intervir no feito ad finem


(art. 178, II, do Novo CPC);

e) A concessão do benefício da Justiça Gratuita, nos termos das Constituição Federal (art.
5º, LXXIV) e da Lei n. 1.060/1950 (art. 2º, caput e parágrafo único);

f) A regulamentação do direito de visitas, conforme delineado acima;

g) Seja fixada sanção pecuniária, na forma descrita acima (§ XIII) , com base no art. 814,
do Novo CPC, no valor de metade do salário mínimo vigente (R$ 440,00), na
eventualidade de a ré descumprir a decisão que antecipe os efeitos da tutela ou a
sentença de mérito.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) apenas para efeito de custas e alçada.

Você também pode gostar