Você está na página 1de 6

No Curso: Direito – VII Semestre

Disciplina: Direito Civil VII


Professora: Patricia Luzia Stieven

Exercício de pesquisa e conhecimento

Análise de acórdão

Nome: Stéfani Nogueira Data: 22/03/2022

Acadêmico(a), você deverá pesquisar e encontrar um acórdão para cada um dos Princípios do
Direito de Família, fazendo, de forma resumida, a conceituação do princípio e sua aplicação
ao caso jurisprudencial encontrado:

a) Dignidade da pessoa humana e família


AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATO DE LOCAÇÃO DE IMÓVEL COMERCIAL.
PENHORA SOBRE BEM DE FAMÍLIA DOS FIADORES. IMPENHORABILIDADE
RECONHECIDA.
Caso de locação comercial em que o fiador deu em garantia, no contrato, seu bem de família,
hipótese em que a jurisprudência desta Câmara Cível vem reconhecendo a
impenhorabilidade do imóvel, seguindo precedente do STF, pelo fundamento de que ?A
dignidade da pessoa humana e a proteção à família exigem que se ponham ao abrigo da
constrição e da alienação forçada determinados bens. É o que ocorre com o bem de família
do fiador, destinado à sua moradia, cujo sacrifício não pode ser exigido a pretexto de
satisfazer o crédito de locador de imóvel comercial ou de estimular a livre iniciativa.? (RE
605709, SP, julgado em 12/06/2018) AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO.

Entende-se que o princípio em questão encontra-se presente quando se observa o fato de


que o imóvel dado em garantia é bem de família, logo, aplica-se à manutenção e proteção
da família, quando se declara impenhorável o bem.

b) Princípio da solidariedade familiar


APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE EXONERAÇÃO. ALIMENTOS EM
FAVOR DA FILHA QUE ATINGIU A MAIORIDADE. CABIMENTO. NECESSIDADE DE
MANUTENÇÃO DO PENSIONAMENTO NÃO DEMONSTRADA. A MAIORIDADE,
ISOLADAMENTE, NÃO É CAPAZ DE AFASTAR A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR PRESTADA
AOS FILHOS, PORQUE OS ALIMENTOS PODEM SER DEVIDOS AOS FILHOS
MAIORES, EM VIRTUDE DO PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR, QUE ESTÁ
PREVISTO NO ART. 1.694 DO CC. CASO EM QUE A ALIMENTADA ESTÁ
MATRICULADA EM CURSO DE ADMINISTRAÇÃO NO PERÍODO NOTURNO, SEM
PREVISÃO PARA COLAÇÃO DE GRAU. CONTEXTO DOS AUTOS QUE INDICA SER
PESSOA SAUDÁVEL E APTA AO TRABALHO, DE MODO QUE PODE PROVER O SEU
PRÓPRIO SUSTENTO DE FORMA CONCOMITANTE AOS ESTUDOS, INEXISTINDO
MOTIVOS A JUSTIFICAR A MANUTENÇÃO DO PENSIONAMENTO. APELAÇÃO
PROVIDA. (Apelação Cível, Nº 50002371020178210125, Sétima Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Vera Lucia Deboni, Julgado em: 14-12-2021).

O princípio da solidariedade familiar possui assento constitucional, estando  consagrado


nos artigos 3º, 226, 227 e 230 da Constituição Federal de 1988. Assim, sob o ponto de vista
da Carta Maior, o direito a alimentos funda-se no princípio da solidariedade, que implica
respeito e consideração mútuos em relação aos membros da família.
O princípio da solidariedade familiar pode ser observado no presente caso encontra-se na
possível obrigação de o pai ter de arcar com os custos da alimentação da filha.

c) Princípio da igualdade e respeito à diferença


E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL –
PREVIDENCIÁRIO – REVOGAÇÃO DA LEI Nº 7.672/82 (QUE DISPÕE SOBRE O
INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL) – ALEGADA
PERDA DE OBJETO DO APELO EXTREMO – INOCORRÊNCIA – PEDIDO DE
DESAFETAÇÃO – INDEFERIMENTO – INCIDÊNCIA DO CRITÉRIO “TEMPUS REGIT
ACTUM” – EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE INVALIDEZ E DE DEPENDÊNCIA
ECONÔMICA UNICAMENTE IMPOSTA AO CÔNJUGE VARÃO – INADMISSIBILIDADE
– TRATAMENTO DIFERENCIADO ESTABELECIDO EM DETRIMENTO DO CÔNJUGE
VARÃO PARA EFEITO DE CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE DE SUA MULHER
SERVIDORA PÚBLICA (CÔNJUGE OU COMPANHEIRA) – INCONSTITUCIONALIDADE
DESSA EXIGÊNCIA PORQUE SOMENTE IMPOSTA AO CÔNJUGE VARÃO –
DESEQUIPARAÇÃO ARBITRÁRIA, SEM FUNDAMENTO LÓGICO-RACIONAL, ENTRE
HOMENS E MULHERES – OFENSA AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA (CF, ART. 5º, I) –
INOCORRÊNCIA DE TRANSGRESSÃO, DE OUTRO LADO, À CLÁUSULA DE
INDICAÇÃO DA FONTE DE CUSTEIO (CF, ART. 195, § 5º) E AO CRITÉRIO DA
EQUAÇÃO ECONÔMICO- -FINANCEIRA (CF, ART. 201, V) – RECURSO
EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.
(RE 659424, Relator(a): CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 13/10/2020,
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-280 DIVULG 25-11-
2020 PUBLIC 26-11-2020)
Com relação ao princípio da igualdade e respeito à diferença, verifica-se que esta vai além
do artigo 5º, inciso I, da Constituição Federal de 1988. Há também a igualdade de direitos e
deveres de homens e mulheres com relação à sociedade conjugal, vindo a alcançar,
inclusive os vínculos de filiação.

d) Princípio da liberdade e do pluralismo familiar


DIREITO CIVIL – DIREITO DE FAMÍLIA – AÇÕES DECLARATÓRIAS DE UNIÃO
ESTÁVEL, AJUIZADAS PELAS APELANTES – FALECIMENTO DO COMPANHEIRO
COMUM – DEMONSTRADOS OS PRESSUPOSTOS DA UNIÃO ESTÁVEL, HAVENDO
FILHOS DE CONVIVÊNCIA SIMULTÂNEA ENTRE O DE CUJUS E AS DUAS
COMPANHEIRAS – COMPROVADI O ANIMUS DE CONSTITUIR FAMÍLIA EM AMBAS
AS SITUAÇÕES ANALISADAS – INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 1.723 DO CÓDIGO CIVIL –
ATUALIDADE DOS PRINCÍPIOS DO DIREITO DAS FAMÍLIAS DAS ENTIDADES
FAMILIARES – PROVIMENTO. 1 – O conjunto fático probatório colacionado aos autos é
suficiente para demonstrar a existência da união estável dúplice, mantida por ambas as
apelantes com o falecido companheiro. 2 – Satisfatoriamente comprovados os pressupostos
da publicidade, da afetividade, da continuidade, da durabilidade da convivência e do animus
de constituir família – nas duas ações de reconhecimento e dissolução de união estável. 3 – A
união estável dúplice não obsta ao reconhecimento e à dissolução das convivências
assemelhadas ao casamento.
(TJ-PE-APL: 3113293 PE, Relator: Cândido José da Fonte Saraiva de Moraes, Data de
Julgamento: 23/04/2014, 2° Câmara Cível, Data de Publicação: 28/04/2014).
Pelo princípio do pluralismo familiar rompeu-se o modelo exclusivo de família
matrimonial, garantindo, assim, os direitos individuais e a liberdade de se formar a família
da forma desejada, aceitando as famílias plurais e as homoafetivas.

e) Princípio da afetividade
APELAÇÃO CÍVEL. ECA. ADOÇÃO UNILATERAL. PLEITO DE IMPROCEDÊNCIA DA
AÇÃO. NEGADO. MANIFESTAÇÃO DA ADOLESCENTE DEVE SER LEVADA EM
CONSIDERAÇÃO, EM OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE.
SENTENÇA INTEGRALMENTE MANTIDA. Caso dos autos em que prevalece a
manifestação da adotanda, a qual deseja que conste o nome do autor em seus documentos.
Valorização da palavra da adolescente, conforme preconiza o ECA. Genitor que não
participa da vida da filha há mais de dois anos, inexistindo vínculo de afeto para manter
sólido o estado de filiação. Princípio da afetividade que se sobrepõe aos laços
consanguíneos. Preservação dos direitos da criança e ao adolescente ao desenvolvimento
pleno. Sentença integralmente mantida. Apelação desprovida.(Apelação Cível, Nº
70076821461, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio Daltoe
Cezar, Julgado em: 13-12-2018)
Trata-se de um princípio que coloca o afeto como um valor jurídico, como elemento
embrionário da estruturação familiar. Encontra-se presente neste caso já que a adolescente
deseja que o nome de seu pai adotivo conste em seus documentos.

f) Princípio da convivência familiar


AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. REQUERIMENTO DE VISITAÇÃO. DEFERIMENTO.
O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA), DENTRO DO CAPÍTULO QUE
TRATA DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA, ESTABELECE QUE
"SERÁ GARANTIDA A CONVIVÊNCIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE COM A MÃE
E O PAI PRIVADO DE LIBERDADE, POR MEIO DE VISITAS PERIÓDICAS
PROMOVIDAS PELO RESPONSÁVEL OU, NAS HIPÓTESES DE ACOLHIMENTO
INSTITUCIONAL, PELA ENTIDADE RESPONSÁVEL, INDEPENDENTEMENTE DE
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL" (ART. 19, § 4º). AGRAVO DEFENSIVO PROVIDO. (Agravo de
Execução Penal, Nº 51926504720218217000, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Manuel José Martinez Lucas, Julgado em: 24-02-2022).

A convivência familiar e comunitária é um direito reservado a toda criança e adolescente


de ser criado e educado no seio de sua família original, e excepcionalmente se necessário,
em família substituta, conforme artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente
(BRASIL, 1990). No presente caso, garantiu-se ao menor a convivência com seus genitores.

g) Princípio do melhor interesse da criança


APELAÇÃO. ECA. AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR.
DESCUMPRIMENTO DOS DEVERES INERENTES AO PODER FAMILIAR.
DROGADIÇÃO E HISTÓRICO DE NEGLIGÊNCIA E ABANDONO. PREVALÊNCIA DO
PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. Em observância ao princípio do
melhor interesse da criança, é medida que se impõe a manutenção da sentença que julgou
procedente o pedido de destituição do poder familiar em relação aos filhos, pois evidenciada
a ausência de condições dos genitores em prestar os cuidados necessários para o bom
desenvolvimento físico e emocional dos menores. Embora a genitora manifeste interesse em
permanecer com os filhos, passados mais de três anos da institucionalização da prole, ainda
vive em situação de rua e apresenta histórico de uso de drogas, não tendo demonstrado
qualquer interesse em organizar sua vida para voltar a se responsabilizar pelos filhos,
também não logrou demonstrar haver tomado providências em reunir condições para
oferecer um ambiente salubre e seguro para receber os menores, cujos interesses e bem-estar
devem ser protegidos. APELAÇÃO DESPROVIDA. UNÂNIME.(Apelação Cível, Nº
70084499318, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Mauro Caum
Gonçalves, Julgado em: 11-03-2022)
Considera-se “melhor interesse da criança” aquilo que a Justiça acredita ser o melhor para
o menor, e não o que os pais acham que seja. No caso em tela, a mãe desejava a guarda dos
filhos, mas foi evidenciada a ausência de condições em prestar os cuidados necessários
para o bom desenvolvimento físico e emocional dos menores, já que os genitores eram
moradores de rua.

h) Princípio da responsabilidade
AGRAVO INTERNO. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA. TUTELA DE URGÊNCIA. BLOQUEIO DE ATIVOS FINANCEIROS.
REAFIRMAÇÃO DA DECISÃO DO RELATOR. Justifica-se a reafirmação da decisão do
Relator e do juízo pelo Colegiado, porque inexiste, por ora, risco efetivo para a parte
suscitante, considerando que no caso de procedência do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica o patrimônio da parte suscitada estará sujeito à conversão em
dinheiro, em observância ao princípio da responsabilidade patrimonial. Inexistem, assim,
razões de fato e de direito que justifiquem o pedido de novo pronunciamento, sendo
indispensável impugnar a decisão recorrida de forma específica e objetiva, o que se afigura
ausente. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.(Agravo de Instrumento, Nº
50598938920218217000, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Lizandra Cericato, Julgado em: 06-10-2021)
O princípio da responsabilidade patrimonial determina que o patrimônio do devedor
responderá integralmente pelo adimplemento de suas obrigações, de acordo com o art. 391
do CC .

Você também pode gostar