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PROVA G2

DIREITO DE FAMÍLIA E PROCEDIMENTOS CORRELATOS


JUR 1836 - PROF. DENISE PUPO/2022.1

Aluna: Joyce Monteiro Dias (1911837)

I – A partir do nosso material de estudo e dos nossos debates em sala de aula vimos o
protagonismo da criança e do adolescente no ordenamento jurídico que, especialmente a
partir da Constituição de 1988, foram alçados à condição de sujeitos de direitos e não mais
objetos da vontade dos pais. Discorra, objetivamente, sobre essa passagem citando os
artigos de lei correspondentes a análise apresentada. (VALOR até 2pts)

Sabe-se que o Direito de Família, enquanto ciência jurídica, busca acompanhar as


mudanças e os anseios da sociedade, estando, assim, em constante evolução. Por conseguinte, à
medida que as relações sociais evoluem, a própria definição acerca do conceito de família
também se altera, passando a aderir novos valores e concepções.

Nesse sentido, enquanto antes, o modelo familiar era predominantemente patriarcal, no


qual o homem era figurado como o elemento central dessa relação, a Constituição Federal de
1988 foi responsável por consolidar uma série de princípios e garantias fundamentais aos
indivíduos, destacando-se, principalmente, a dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, inciso
III). A partir desse princípio, passou-se a respeitar a liberdade, autonomia e a igualdade entre os
entes familiares.

Dessa forma, em decorrência dessa mudança de paradigma, surge o princípio do melhor


interesse da criança, positivado no art. 227, caput, da CF/88, dispondo sobre os deveres da
família em relação à criança e ao adolescente. De acordo com esse mandamento, a família, a
sociedade e o Estado devem atuar em conjunto, de forma a garantir a esses jovens “o direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Diante disso, conforme exposto acima, antigamente, as relações familiares eram baseadas
no pátrio poder, no qual o interesse do filho era secundário, ou seja, a criança consistia apenas
como um mero objeto da vontade dos pais. Nos dias atuais, qualquer decisão deve ser tomada
considerando o melhor interesse desse jovem. Portanto, passou-se a priorizar, a proteção
integral desses menores, enquanto sujeitos de direitos frente à família, à sociedade e ao Estado.

Elucidativo é o entendimento de Guilherme Calmon Nogueira da Gama (2008, p. 80), ao


dissertar sobre o tema:

“O princípio do melhor interesse da criança e do adolescente


representa importante mudança de eixo nas relações paterno-
materno-filiais, em que o filho deixa de ser considerado objeto
para ser alçado a sujeito de direito, ou seja, a pessoa humana
merecedora de tutela do ordenamento jurídico, mas com absoluta
prioridade comparativamente aos demais integrantes da família
de que ele participa. Cuida-se, assim, de reparar um grave
equívoco na história da civilização humana em que o menor era
relegado a plano inferior, ao não titularizar ou exercer qualquer
função na família e na sociedade, ao menos para o direito.”
Ressalta-se que, o nosso Código Civil, em seus artigos 1.583 e 1.584, abrange o referido
princípio, ao regular sobre a guarda durante o poder familiar, ou seja, trata das responsabilidades
inerentes aos pais em relação aos seus filhos, enquanto crianças e adolescentes. Assim, lendo
tais dispositivos, pode-se perceber que o melhor interesse da criança será resguardado, na medida
em que, no processo de definição da guarda, a cidade considerada base de moradia dos filhos será
aquela que melhor atender aos interesses dos filhos (par. 3º, art. 1.583, CC). Ainda, o juiz deverá
decretar a guarda, em atenção as necessidades específicas do filho, ou em razão do convívio deste
com os pais (inciso II, art. 1.584, CC).

II – Nas primeiras aulas da nossa disciplina conversamos sobre os PRINCÍPIOS


CONSTITUCIONAIS NORTEADORES DO DIREITO DE FAMÍLIA (ARTS. 226/230 DA
CRFB88). Pontuamos a necessidade de seu conhecimento para compreender e aplicar o Código
Civil na análise do caso concreto. Em aula, falamos sobre algumas hipóteses que vamos agora
replicar para a análise de vocês. A análise jurídica deverá ser objetiva e contar com o diálogo entre a
CF/88 e o Código Civil, citando os artigos de lei correspondentes. (VALOR até 2pts)

2.a) O que justifica um filho pagar pensão ao pai idoso que o abandonou na infância?

Sabemos que a dignidade da pessoa é um princípio muito estimado para o nosso


ordenamento jurídico, sendo um dever dos familiares, da sociedade e do Estado, “amparar as
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-
estar e garantindo-lhes o direito à vida”, bem como dispõe o art. 230 da CF/88.

Dentro dessa perspectiva, de acordo com os termos do art. 229 da CF/88, "os pais têm o
dever de assistir, criar e educar os filhos menores" e os filhos quando adultos, tem "o dever de
ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidades". Assim, partindo do
pressuposto que o amparo da pessoa idosa recai também aos familiares, pode-se inferir que a
pensão alimentícia dos filhos para com os pais é um dever essencial e necessário.

Ainda, estabelece o Código Civil, em seu art. 1.696, que a prestação de alimentos é um
dever recíproco entre pais e filhos. Entretanto, insta salientar que deve-se levar em consideração
a necessidade da pessoa idosa, bem como a possibilidade financeira de quem vai contribuir.
Dessa forma, deve-se, primeiramente, levar em consideração a solidariedade familiar e,
embora a obrigação alimentar seja divisível entre todos os coobrigados, o codevedor que
demonstrar que não possui condições financeiras para contribuir poderá ser excluído dessa
obrigação de prestar alimentos, conforme os termos do art. 1.698 do CC.

Ante o exposto, deve-se levar em consideração que o princípio da dignidade humana é um


dos pilares de nosso ordenamento jurídico e, diante disso, é essencial que as necessidades básicas
do ser humano, principalmente no que diz respeito aos idosos, sejam respeitadas. Contudo, o
princípio da afetividade também se figura como um dos elementos centrais do direito de família,
passando a nortear as relações familiares. Portanto, faz-se essencial que as particularidades de
cada caso concreto sejam analisadas pelo juiz, que deverá fazer uma ponderação dos
princípios, a fim de afastar ou não a prestação de alimentos por parte do filho ao pai idoso.

Pude perceber que a jurisprudência tem divergido sobre essa obrigatoriedade do


pagamento de pensão aos idosos que abandonaram os filhos durante a infância. Todavia,
encontrei mais decisões no sentido de afastar essa obrigatoriedade, como no seguinte julgado, do
TJRJ:

“Apelação cível. Ação de alimentos proposta pela mãe, idosa, em


face do filho biológico. Sentença de improcedência,
reconhecendo procedimento indigno por parte da autora,
consistente no abandono do filho desde a infância. Autora que
não se desincumbiu do ônus de comprovar o trinômio necessidade-
possibilidade-proporcionalidade, a amparar o pleito de alimentos.
Manutenção da sentença.
1. A obrigação de prestar alimentos nasce da relação natural entre
familiares, sendo permitido, nos termos do art. 1694 do Código
Civil que parentes, cônjuges, ou companheiros peçam uns aos
outros os alimentos de que necessitem para viver de modo
compatível com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação. Tal previsão legal possui sua
essência no dever de solidariedade que deve existir em todo seio
familiar, conforme preconiza o art. 229 da CF88.
2. A conduta da autora, ao deixar de prestar qualquer tipo de
assistência ao seu filho, seja material, emocional, educacional ou
afetiva, configura o procedimento indigno previsto no parágrafo
único do art. 1.708 do Código Civil, a afastar a responsabilidade
do réu em prestar os alimentos pleiteados na inicial.
3. E mesmo se assim não fosse, convém ressaltar que a autora não
logrou êxito em comprovar sua real necessidade em receber os
alimentos, e tampouco a possibilidade do réu em prestá-los. 4.
Desprovimento do recurso.
4. A C O R D A M os Desembargadores que compõem a Décima
Nona Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do
relator. Decisão unânime. [...] Logo, passamos a trazer a
concretização jurisprudencial no nosso dia a dia tais situações e
a forma como os tribunais vem se manifestando, bem como
analisar e exibir a jurisprudência no que concerne a prestação
de alimentos nos casos de ascendentes abandônicos.”1

Nesse mesmo sentido, exponho outras duas decisões, agora do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, que negaram provimento ao pedido de alimentos feito pelos pais idosos aos filhos,
em razão do não cumprimento dos deveres inerentes ao poder familiar:

“APELAÇÃO CÍVEL. ALIMENTOS. FIXAÇÃO. O pedido de


alimentos repousa aqui no dever de solidariedade entre os parentes,
previsto no art. 1.694 do CCB, visto que a demandada é sua filha.
Contudo, para a fixação de alimentos mister prova da necessidade
de quem pede e da possibilidade da demandada, nos termos do
parágrafo primeiro do referido dispositivo legal. Considerando que
a apelante mora em imóvel cedido por um filho, possui plano de
saúde pago por outra filha, recebe benefício do INSS no valor de
R$ 1.200,00, além de viver em união estável, descaracterizada está
sua necessidade ao recebimento de socorro alimentar por parte da
apelada. Mesmo que caracterizada a necessidade da
autora/apelante ao recebimento de alimentos, não subsiste, na
1
https://tj-rj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/385379795/apelacao-apl-115498920118190204-rio-de-janeiro-bangu-
regional-3-vara-de-familia
excepcionalidade do caso, há mais de 40 anos, diante do
comportamento reprovável da própria apelante (que é mãe da
apelada e a abandonou) qualquer vínculo afetivo para amparar
o dever de solidariedade entre as litigantes, de forma que
descabida seria a condenação da apelada ao pagamento de
pensão em prol da apelante. NEGARAM PROVIMENTO.
UNÂNIME”
(TJRS, Apelação Cível, Nº 70059917898, Oitava Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos,
Julgado em: 21-08-2014)

“APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. ALIMENTOS. PEDIDO DE


ALIMENTOS DE ASCENDENTE PARA DESCENDENTE.
ABANDONO AFETIVO E MATERIAL. INEXISTÊNCIA DO
EXERCÍCIO DO DEVER FAMILIAR. EVENTUAIS
NECESSIDADES DA GENITORA QUE NÃO AUTORIZAM A
FIXAÇÃO DE ALIMENTOS A SEREM SUPORTADOS PELA
FILHA. SENTENÇA CONFIRMADA. A leitura atenta da prova
carreada aos autos faz concluir que a apelante jamais exerceu a
maternidade em relação à filha, cuja guarda fática, desde o
nascimento, foi exercida pelo casal que a acolheu, dando-lhe
proteção e amparo material, afetivo e emocional, permitindo que se
desenvolvesse como pessoa. Por conseguinte, não pode a
genitora, decorridos quase 50 (cinquenta) anos, pretender que a
filha lhe alcance alimentos, diante da inexistência de
reciprocidade. APELAÇÃO DESPROVIDA.”
(TJRS, Apelação Cível, Nº 70081622235, Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros,
Julgado em: 31-07-2019)

2.b) Como é possível o nome de duas mães e dois pais na certidão de nascimento de um
único filho?

Conforme já retratado anteriormente no presente trabalho, inúmeras foram as mudanças


que passaram a reger o Direito de Família. Diante disso, a família, que antes era fundamentada
pelo casamento e pelos laços sanguíneos, passou a aderir um novo conceito: a afetividade. Dessa
maneira, não basta que se configure a existência de um vínculo biológico para que uma entidade
familiar seja configurada. Surge, portanto, uma família fundamentada no amor e no sentimento
de afeto entre os seus integrantes. Nesse sentido, a partir do momento em que a afetividade
passou a ter um valor jurídico, a filiação socioafetiva passou a ser equiparada à filiação
biológica.

Ressalta-se que nosso ordenamento jurídico foi responsável por acolher as inúmeras
diversidades presentes em nossa sociedade. Sabemos que o Brasil é um país enorme, o que
reflete diretamente nas formas de relações familiares vigentes. Dessa forma, passou-se a regular
a possibilidade de se ter dois pais e duas mães no registro de filiação. Essa foi a decisão do STF
acerca da multiparentalidade, que consiste justamente no direito que permite um filho de ter
mais de um pai ou uma mãe registrados. Dessa forma, a partir do momento em que a
afetividade é comprovada, é perfeitamente possível que um individuo possua mais de uma
mãe/pai em sua certidão de nascimento, preservando-se, assim, a dignidade da pessoa humana.

Entretanto, existem alguns requisitos que devem ser cumpridos para conseguir efetivar
esse direito, de acordo com o provimento 63 do CNJ. O reconhecimento de mais de um(a)
pai/mãe poderá ser feito através do cartório, desde que haja o consentimento dos pais biológicos,
ou seja, daqueles que já constam no registro. Ainda, o pai/mãe que serão reconhecidos deverão
ser maiores de 18 anos, devendo-se também ser respeitada a idade de 16 anos de diferença entre
o filho e os mesmos. Ressalta-se que, no caso em que os pais biológicos não aceitarem o registro
dos pais socioafetivos, o reconhecimento deverá ser realizado através da via judicial.

2.c) O que justifica a punição dos pais por alienação parental?

Sabe-se que a Constituição Federal de 1988 determinou que é um dever da sociedade e do


Estado assegurar os direitos fundamentais das crianças, bem como protegê-las de toda forma de
negligência, violência, crueldade e opressão, nos termos do art. 226. Nessa perspetiva, em 2010,
entrou em vigor a Lei 12.318, chamada de Lei de Alienação Parental, que visa justamente
combater essa prática de abuso do poder familiar.

A definição de alienação parental encontra-se disposta no art. 2º da referida Lei, que


dispõe:

“Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação


psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida
por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou
adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que
repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à
manutenção de vínculos com este.”

Em síntese, a alienação parental ocorre quando um dos pais influencia o filho criança
ou adolescente a repudiar o outro genitor. Assim, o parágrafo único do dispositivo supracitado
elenca algumas hipóteses de alienação parental que são meramente exemplificativas. A partir do
momento em que é declarado que há indícios que esteja ocorrendo atos de alienação parental, o
processo terá tramitação prioritária e o juiz determinará, em caráter de urgência, que o Ministério
Público seja ouvido, devendo tomar as medidas necessárias para que seja preservada a integridade
psicológica da criança ou do adolescente. Diante disso, o juiz determinará uma perícia psicológica
ou biopsicossocial e, caso seja caracterizado ato típico dessa conduta, o juiz poderá adotar
algumas medidas, desde a aplicação de advertências, multas, ou até a suspensão da autoridade
parental.

Portanto, fica claro que qualquer ato de alienação parental pode ser caracterizado como
um abuso moral direto à criança ou adolescente, o que configura o descumprimento dos deveres
inerentes à autoridade parental decorrentes de tutela ou guarda. Busca-se a punição da autoridade
alienadora como forma de impedir que direitos fundamentais sejam infringidos, buscando-se
resguardar a dignidade humana, assim como o melhor interesse da criança e do adolescente,
visando, assim, o seu melhor desenvolvimento.

2.d) O que justifica partilhar por igual o patrimônio no fim do casamento pelo regime da
comunhão parcial de bens se um dos cônjuges nunca trabalhou durante o matrimônio e
não contribuiu financeiramente para sua formação?

A partilha de forma igualitária no fim do casamento pelo regime da comunhão parcial de bens é
justificada na medida em que todos os bens móveis e imóveis adquiridos pelos cônjuges durante
a vigência desse relacionamento é considerado fruto do trabalho e da colaboração comum.
Dessa forma, salvo estipulação em contrário, esses bens passarão a pertencer a ambos de forma
igualitária, independentemente da contribuição financeira durante o matrimônio.

Diante disso, entende a doutrina e a jurisprudência que no casamento sob o regime de comunhão
parcial de bens o que prevalece é a presunção absoluta de esforço comum em relação aos bens
adquiridos na constância do relacionamento, como pode se depreender do julgado abaixo:

“Apelação. Recurso. Redistribuição pela Resolução OE nº


737/2016 e Portaria nº 02/2017 do TJSP. Partilha de bens.
Preliminar de cerceamento de defesa afastada. PARTILHA.
Casamento contraído sob o regime da comunhão parcial de
bens. Presunção absoluta de esforço comum. Relevância da
contribuição imaterial para a formação do acervo patrimonial.
Precedentes. O fato de o marido ter adquirido bens antes do
casamento não elimina o direito de a mulher incluir na comunhão
as parcelas pagas, durante ele, a título de financiamento. O
contrato do veículo foi firmado em nome da mãe do requerido.
Prova estritamente documental. Sentença reformada em parte.
RECURSO DESPROVIDO. (TJ-SP 40013235220138260604 SP
4001323-52.2013.8.26.0604, Relator: Beretta da Silveira, Data de
Julgamento: 15/03/2018, 31ª Câmara Extraordinária de Direito
Privado, Data de Publicação: 16/03/2018)”

III – CASO CONCRETO (com as devidas alterações para manter o dever de sigilo):
Laís busca orientação jurídica e relata a seguinte situação.

Diz que tem 50 anos e que viveu em União Estável com Lauriano por vinte e cinco anos.
Durante a convivência nasceram os filhos Mauricio (23 anos), Liliana (17 anos) e Bartolomeu
(10 anos). Maurício e Liliana cursam universidades particulares e Bartolomeu estuda em
colégio particular. Laís ressalta que quando conheceu Lauriano eram ambos jovens de mesma
idade. Laís trabalhava como secretária em um curso de inglês e estudava Nutrição em
universidade pública e Lauriano, recém-formado em Administração de Empresas, tinha aberto
o seu primeiro restaurante. No ano seguinte foram viver juntos e nunca se preocuparam em
formalizar o relacionamento por qualquer documento escrito. Dois anos após o início da
convivência, Laís finalizou a graduação e engravidou do primeiro filho Maurício, momento em
que parou de trabalhar para dedicação exclusiva à família, especialmente diante do sucesso nos
negócios do companheiro que, a essa altura já era proprietário de mais outro restaurante. Depois,
nasceram Liliana e Bartolomeu, veio a mudança de Dona Lina (81 anos, viúva, aposentada, sem
bens, mãe de Lauriano cujo o outro filho, Cristiano, é auxiliar administrativo em Fortaleza/CE),
que passou a residir com eles após o óbito do marido e, também, veio o último dos atuais três
restaurantes que integram a cadeia da empresa “Di Lauriano´s”.
Durante os vinte e cinco anos de convivência, adquiriram um primeiro apartamento de 02
quartos em Botafogo comprado em nome de Lauriano, hoje avaliado em R$ 750.000,00 e em
reforma, vez que prometido aos filhos para moradia mais próxima a universidade e, alguns anos
depois, adquiriram o atual imóvel de moradia da família, que é uma ampla casa de 05 quartos
no Recreio dos Bandeirantes/RJ, com valor atual de R$ 3.000.000,00, em nome de Lauriano.
Adquiriram também uma casa de veraneio em Búzios/RJ (600.000,00) em nome de Lauriano,
cada qual dos companheiros, e também Maurício, todos dirigem carros importados comprados
em nome de Laís (na faixa de R$ 90.000,00 cada um) e viajam com frequência ao exterior. Os
gastos mensais da família são da ordem de R$ 35.000,00, não há dívidas, e estima-se os ganhos
de Lauriano em não menos que R$ 50.000,00 mensais.

Em janeiro desse ano, Lauriano participou a família que estava de mudança para casar com
Priscilla que estava grávida e Lauriano, se dizendo apaixonado, estava disposto a tentar uma
nova vida ao seu lado. Laís ressalta que de janeiro para cá foram tempos muito difíceis, pois
descobriu que Priscilla era, na verdade, a “Pri”, madrinha de Bartolomeu, amiga de infância de
Laís. Através de amigos comuns descobriu que o caso dos dois era bastante antigo e divulgado
nas redes sociais, através de fotos e textos carinhosos. Laís entrou em depressão e buscou
acompanhamento psicológico para se fortalecer e atravessar o trauma que toda essa situação
lhe causou e se preparar para o que estava por vir. Isso porque, Lauriano não só deixou o
apartamento da família em maio de 2022 nessa situação peculiar, mas durante os meses que
ainda ficou no apartamento, ou seja, de janeiro a maio/2022, diante da confrontação da família
a sua decisão, começou a ameaçar, reiteradamente, Dona Lina de expulsá-la de casa e se tornou
agressivo com Bartolomeu a quem agrediu fisicamente e, ainda, participou a todos que pagaria
as despesas gerais da família até julho/2022, que alugaria o apartamento de Botafogo para
ajudar nesses gastos e que a casa de Buzios seria de uso exclusivo dele com Priscilla e “Bento”,
o filho recém-nascido, e, por fim, que Laís deveria trabalhar para o sustento próprio e ajudar no
sustento dos filhos comuns e Dona Lina seria colocada em uma instituição para idosos e deveria
viver da sua própria aposentadoria. Laís, por sua vez, chateada com toda essa situação, disse
aos filhos que o pai não presta, que não quer saber deles e que ela está pensando em se mudar
para outra cidade para que os filhos nunca mais tenham qualquer contato com o pai.

Responda às primeiras indagações de Laís, de forma fundamentada, MEDIANTE UMA


BREVE ANÁLISE JURÍDICA E INDICAÇÃO DOS ARTIGOS DE LEI
(VALOR até 2pts)

3.a)
Considerando que existe obrigação de Alimentos a ser prestada por Lauriano em favor de
Laís e dos filhos comuns, o que se pode esperar dessa obrigação em relação a cada um deles?

Para o direito, considera-se “alimentos” o conjunto global das prestações necessárias


para a manutenção da vida digna do indivíduo. Por conseguinte, o objetivo das prestações
alimentares envolve justamente a possibilidade de conceder a pessoa que delas necessita uma
vida digna e adequada, envolvendo, também o direito a educação, nos termos do art. 1.694 do
CC.

Diante disso, em decorrência do poder familiar, os pais têm o dever de criar seus filhos
menores (CF, art. 229), cabendo a ambos os cônjuges o sustento e a guarda dos filhos (art.
1.566, inciso IV, CC). Ainda, o valor da pensão alimentícia do filho menor deverá ser
equivalente ao padrão de vida do mesmo, respeitando-se, assim, o binômio necessidade-
possibilidade.

Deve-se salientar que os alimentos são irrenunciáveis e, a partir do momento em que os


filhos atingem a maioridade, o dever de sustento cessa, entretanto, de acordo com a Súmula
358 do STJ, a maioridade por si só não basta para exonerar os pais do dever alimentar. A
3ª Turma do STJ entendeu que os alimentos devidos entre ex-cônjuges não podem ser fixados
eternamente, devendo-se sempre levar em consideração as condições próprias do alimentado.

CIVIL E PROCESSO CIVIL. ALIMENTOS DEVIDOS AO EX-


CÔNJUGE. PEDIDO DE EXONERAÇÃO. POSSIBILIDADE.
[...]. 2. Os alimentos devidos entre ex-cônjuges devem ser
fixados por prazo certo, suficiente para, levando-se em conta as
condições próprias do alimentado, permitir-lhe uma potencial
inserção no mercado de trabalho em igualdade de condições
com o alimentante. 3. [...] . Recurso especial conhecido e provido.

STJ. Recurso Especial nº. 1616889/RJ, Min. Rel. Nancy Andrighi,


Terceira Turma, J.13/12/2016.

De acordo com a previsão do art. 1.703 do Código Civil, “para a manutenção dos filhos,
os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos.” Dessa forma,
no caso em questão, Lauriano deverá prestar alimentos a todos os seus filhos, até que estes
atinjam a maioridade e se formem na faculdade ou possuam condições para se sustentarem
sozinhos. Desse modo, a obrigação de prestar alimentos deverá se dar da seguinte forma:
Maurício, que possui 23 anos, deverá receber alimentos até que se forme na faculdade ou até o
momento em que possua meios de se sustentar sozinho; Liliana, de 17 anos, deverá receber
pensão da mesma forma, pelo tempo que continuar estudando na universidade particular; e quanto
a Bartolomeu, de 10 anos, sua educação na escola particular, bem como a pensão adequada para a
sua subsistência também deverá ser paga por Lauriano. Já no que se refere à Lais, a obrigação de
prestar alimentos também deverá ser paga até que a mesma possua condições financeiras estáveis,
a partir de sua reinserção no mercado de trabalho ou a partir do que será acordado na dissolução
da união entre os dois.

3.b) No futuro, caso Lauriano venha a abrir novos restaurantes, já que ouviu dizer que o ex-
companheiro recebeu proposta de negócios em Miami e Nova York, ela e/ou os filhos poderão
pedir aumento da obrigação de alimentos que será resolvida agora?

Sim. Os filhos poderão pedir aumento da obrigação de alimentos que será resolvida agora, tendo
em vista que os alimentos definitivos fixados não fazem coisa julgada material, mas apenas coisa
julgada formal.2 Diante disso, caso Lauriano venha a abrir novos restaurantes, isso implicará em
uma alteração de sua condição financeira, possibilitando, assim, a propositura de uma ação
de revisão de alimentos, tendo em vista que a pensão alimentícia paga aos seus filhos deverá
estar de acordo com as condições econômicas de quem paga e de quem recebe, de acordo com os
termos do art. 1.699 do CC. Contudo, deve-se ressaltar que essa modificação deverá ser
comprovada, assim como entende o STJ, tendo em vista que não é qualquer alteração que
ensejará a revisão. Ademais, é essencial salientar que essa mudança nas condições financeiras do
prestador de alimentos deverá ter ocorrido no período entre a data da sentença que fixou os
alimentos e a data de ajuizamento da pretensão revisional, tendo em vista que, os fatos alegados
pela Autora antes da prolatação da sentença já foram analisados e ponderados pelo juiz. 3

2
TEPEDINO, Gustavo, Fundamentos do Direito Civil: Direito de Família - 2 ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2021 p.
389
3
Profª. Denise Pupo; Material da aula de Direito de Família e Procedimentos Correlatos.
3.c) Existe patrimônio comum dos ex-companheiros? Em caso positivo, como seria, na prática,
a partilha dos bens? E os restaurantes? Laís teria algum direito?

No caso em questão, Laís relata que passou a viver com Lauriano logo que começaram a
se relacionar, mas que o casal não formalizou o relacionamento por qualquer documento escrito,
vivendo por 25 anos em união estável. Diante disso, primeiramente, aconselho que Laís ajuíze
uma Ação de Reconhecimento e Dissolução de União Estável, reconhecendo o período em que
conviveu com seu ex-companheiro e dissolvendo o vínculo, com a conseguinte partilha de bens.
Nesse sentido, como na união estável é adotado o mesmo regime oficial da comunhão
parcial de bens (art. 1.725, CC), o patrimônio adquirido entre os ex-companheiros na
constância da união deverá ser compartilhado. Como o primeiro restaurante fundado por
Laurindo se deu antes do início de seu relacionamento com Laís, este não será compartilhado na
partilha de bens, tendo em vista que os bens trazidos ao universo patrimonial antes da união
estável não integram o patrimônio comum. 4 Já no que se refere aos outros dois restaurantes que
integram a cadeia da empresa “Di Lauriano´s, ambos farão parte do patrimônio em comum do ex-
casal, tendo em vista que estes restaurantes foram fundados após o início do relacionamento do
ex-casal. Já no que se refere aos imóveis adquiridos durante o relacionamento, serão partilhados:
o apartamento adquirido em Botafogo; o atual imóvel de moradia da família, localizado no
Recreio; a casa de veraneio em Búzios; bem como os carros importados.

3.d) O que Laís poderia fazer caso quisesse ser recompensada pelo trauma sofrido em razão da
conduta de Lauriano nesse final de União Estável?

Sabe-se que, dentre os deveres dos companheiros que fazem parte de uma união
estável, está a lealdade, o respeito e a assistência, de acordo com o mandamento do art. 1.724
do CC. Entretanto, de acordo com o que fora narrado, Lauriano agiu de forma completamente
oposta ao ordenamento legal, na medida em que causou grandes impactos (negativos) na vida
de Laís. Primeiramente, além de traí-la, Lauriano o fez com sua amiga de infância que, ainda
por cima, era a madrinha de seu filho caçula. Somando-se a isso, o relacionamento
extraconjugal acontecia há muito tempo, além de ser amplamente difundido nas redes sociais,
diante de todos os seus amigos e colegas próximos! Ora, diante disso, restou claro que Laís foi
tremendamente prejudicada, tendo em vista que, além de ter sofrido profundos abalos
psicológicos, a mesma ainda foi humilhada perante todo o seu núcleo social.

Como forma de ser recompensada pelo trauma sofrido, Laís pode ajuizar uma Ação de
Indenização por Dano Moral, tendo em vista que Lauriano infringiu não só os dispositivos
legais como também a nossa Lei Maior, devendo, assim, ser responsabilizado pelos danos
causados à imagem e à honra (inciso X, art. 5º, CF) de sua ex-companheira. Esse tem sido o
entendimento da doutrina e da jurisprudência e, como forma de elucidar essa posição, exponho
o recente julgado abaixo, que, embora tenha sido desprovido, deixa claro que, para a
configuração de danos morais, é essencial que se demonstre a situação de constrangimento
público e de humilhação que a traição ocasionou:

4
TEPEDINO, Gustavo, Fundamentos do Direito Civil: Direito de Família - 2 ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2021; p.
198
"DIREITO DE FAMÍLIA. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DIVÓRCIO
LITIGIOSO C/C PARTILHA DE BENS, DANOS MORAIS E
ALIMENTOS. DANO MORAL – TRAIÇÃO – SITUAÇÃO QUE, POR SI
SÓ, NÃO ENSEJA O DIREITO À INDENIZAÇÃO – AUSÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO DE QUE A INFIDELIDADE ENSEJOU
SITUAÇÃO DE HUMILHAÇÃO, VEXAME OU DANO À IMAGEM
DE MANEIRA PÚBLICA. RECURSOS DE APELAÇÃO 1 E 2
CONHECIDOS E DESPROVIDOS. (TJPR - 11ª C.Cível - 0027880-
11.2017.8.16.0014 - Londrina - Rel.: DESEMBARGADOR RUY
MUGGIATI - J. 18.11.2020)".

Responda agora às segundas indagações de Laís, de forma fundamentada, MEDIANTE


UMA BREVE ANÁLISE JURÍDICA E INDICAÇÃO DOS ARTIGOS DE LEI.
(VALOR até 2pts)

3.e) Laís quer saber se Bento terá os mesmos direitos que os seus filhos.

Bento terá os mesmos direitos que seus filhos, nos termos do art. 20 do ECA, que dispõe que os
filhos, havidos ou não da relação do casamento, terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

3.f) O que Laís pode esperar sobre a guarda dos seus filhos?

Tendo em vista que Lauriano agiu de maneira agressiva, tanto em relação aos filhos quanto em
relação à sua mãe, Laís poderá requerer a guarda unilateral. Ainda, considerando o melhor
interesse de seus filhos e que seria prejudicial ao desenvolvimento dos mesmos a privação da
convivência do pai, Laís poderá requerer alguma modalidade de visitação, seja regulamentada,
seja supervisionada, haja vista o caráter agressivo que Lauriano tem demonstrado.

3.g) A conduta de Laís em ficar dizendo aos filhos que o pai não presta, que não quer saber
deles e pensar em se mudar para outra cidade para que os filhos não tenham mais qualquer
contato com o pai, tem amparo legal?

Conforme já exposto anteriormente no presente trabalho, a alienação parental pode ser


caracterizada pela interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente
promovida pelos genitores, o que pode vir a causar prejuízos no futuro. Dessa forma, embora
Laís esteja passando por um momento complicado em sua vida, desqualificar as atitudes e o
caráter de Lauriano para com seus filhos pode vir a infringir o art. 2º, inciso I, da Lei de
Alienação Parental. Diante disso, deve-se orientar Laís no sentido de evitar tais atos, haja vista
que Lauriano poderá se utilizar do amparo legal como forma de puni-la, baseado no art. 6º da
Lei supracitada.

3.h) E sobre a convivência de Lauriano com os filhos considerando a conduta violenta do pai
com Bartolomeu. Lauriano tem direito a essa convivência? E sobre a convivência dos filhos
com Bento?

A Lei 13.010/2014 foi responsável por alterar o ECA, estabelecendo que é direito das crianças
e dos adolescentes de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de
tratamento cruel ou degradante. Diante disso, levando-se em consideração que Lauriano tem
sido abusivo com os seus familiares e, inclusive, chegou a bater em seu filho Bartolomeu, o seu
direito de convivência deve ser restringido. Dessa forma, baseando-se nos princípios do melhor
interesse da criança e da proteção integral, e, com base no art. 18-B do ECA, que prevê que é
dever dos pais proteger os filhos de qualquer forma de castigo físico, Laís deverá requerer a
guarda unilateral e, caso entenda necessário, a fixação de visitas assistidas em locais públicos,
possibilitando que seus filhos tenham contato com o pai e com o meio-irmão, até que o
comportamento agressivo de Lauriano cesse.

Responda agora às últimas indagações de Laís, de forma fundamentada, MEDIANTE


UMA BREVE ANÁLISE JURÍDICA E INDICAÇÃO DOS ARTIGOS DE LEI.
(VALOR até 2pts)

3.i) E Dona Lina, poderá continuar convivendo com os netos que ajudou a criar?

Sim. De acordo com a Lei nº 10.741/2003, é essencial que o idoso seja tratado de forma
respeitosa, garantindo a sua dignidade e o seu convívio familiar. Diante disso, levando-se em
consideração que Dona Lina passou a morar com o ex-casal desde que o relacionamento teve
início, é perfeitamente possível Dona Lina continue convivendo com seus netos, mesmo após a
dissolução da união estável.

3.j) Quanto a conduta agressiva de Lauriano com Dona Lina, existe alguma forma que ela possa
buscar para se proteger do filho?

De acordo com o que fora relatado por Laís, fica claro que Lauriano têm agido de forma
completamente agressiva em relação aos seus familiares, entretanto, essa situação é
demasiadamente preocupante em relação à Dona Lina, tendo em vista que envolve o abuso
psicológico de uma idosa. A ameaça perpetrada por Lauriano, de que expulsaria sua mãe de
casa e a colocaria em uma instituição para idosos, pode ser prejudicial à saúde mental de Dona
Lina, vindo a causar abalos psicológicos e, inclusive, podendo gerar alguma espécie de estresse
físico, tendo em vista que estamos nos referindo a uma super idosa, que merece cuidados
especiais. Ainda, caso essa ameaça venha a ser concretizada, essa seria uma violação direta ao
Estatuto do Idoso, na medida em que o art. 95 dessa Lei prevê que é crime “abandonar o idoso
em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover
suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado. Diante disso, Dona Lina pode
denunciar esse fato diretamente ao Ministério Público, junto à Promotoria do Idoso e
Deficiente, bem como poderá ligar para o Disque Denúncia da Secretaria de Direitos Humanos,
ou, ainda, buscar alguma Delegacia Policial Comum ou Especializada.

3.k) Considerando que Dona Lina recebe uma parca aposentadoria e tem outro filho, Cristiano,
ela terá direito a alimentos prestados por Lauriano?

Embora Dona Lina se sustente com a sua aposentadoria, é essencial que se leve em
consideração o padrão de vida levado por ela, bem como as condições adequadas para a sua
subsistência digna. Nesse sentido, sabe-se que o direito à prestação de alimentos aos idosos
consiste em uma obrigação conjunta e subsidiária dos filhos (CC, art. 1.696). Além disso,
trata-se de uma obrigação solidária a todos os filhos, na medida em que o idoso poderá indicar
os prestadores dos alimentos. Diante disso, partindo-se do binômio necessidade-
possibilidade, caso Dona Lina considere que o valor da aposentadoria seja insuficiente para
levar uma vida condizente ao padrão que ela sempre vivenciou, é perfeitamente possível que
ela requeira a prestação de alimentos por parte Lauriano e Cristiano, que deverão arcar com o
valor na medida de suas condições financeiras.

3.l) Caso decida tomar medidas judiciais e extrajudiciais em face de Lauriano, Dona Lina terá
alguma prioridade junto aos órgãos públicos e privados?

Sim, haja vista que existem varas especializadas e exclusivas para idosos, na qual há prioridade
na tramitação dos processos e procedimentos, bem como na execução dos atos e diligências
judiciais. Ademais, como Dona Lina tem mais de 80 anos, ela terá prioridade sobre os processos
de idosos com mais de 60 anos. Ressalta-se que essa prioridade se dará em qualquer instância,
implementando-se a isenção de custas aos idosos maiores de 60 anos que recebam até 10 salários
mínimos.
Referências e bibliografia:

TEPEDINO, Gustavo, Fundamentos do Direito Civil: Direito de Família - 2 ed. - Rio de Janeiro:
Forense, 2021

https://ibdfam.org.br/artigos/1760/A+lei+da+aliena%C3%A7%C3%A3o+parental%3A+da+inco
nsequ%C3%AAncia+dos+pais+para+o+bem-estar+da+crian%C3%A7a+e+do+adolescente

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