Você está na página 1de 7

AO JUÍZO DE DIREITO DA ___ VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE

___________________

Larissa de Macêdo Machado, brasileira, casada, (qualificação completa), através de seu


advogado devidamente constituído mediante procuração em anexo (fls xx) vem,
respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 693 e seguintes
do Código de Processo Civil propor

AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO C/C GUARDA, VISITAS, PARTILHA DE BENS E


ALIMENTOS

em face de Jessé Gomes da Silva Filho, brasileiro, casado, (qualificação completa),


expondo e requerendo, pelos fundamentos fáticos e jurídicos doravante apresentados:

I - DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

A requerente pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, com fundamento no


art. 98 e seguintes do CPC c/c art. 5, LXXIV, da CF, tendo em vista não possuir
condições financeiras para arcar com as despesas processuais e honorários
advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento ou da família. Nesse sentido, junta-se
declaração de hipossuficiência (fls. xx), cópia das últimas folhas da CTPS/renda mensal
(fls. xx), cópia dos extratos bancários de contas de sua titularidade dos últimos 3 meses
(fls. xx), cópia da declaração de IR apresentada a Receita Federal (fls. xx).

II - DOS FATOS

A autora é casada com o requerido há xx anos, com quem tem uma filha de 05
(cinco) anos. Após 02 (dois) anos, o casal passou por uma grave crise financeira que
acabou conduzindo os cônjuges para destinos diferentes. Larissa de Macêdo Machado
se filiou a uma instituição religiosa neo-pentecostal, tornando-se membra ativa
daquela comunidade cristã.

Jessé Gomes da Silva Filho, acabou por buscar refúgio nos amigos, nos jogos e
no álcool. Ocorre Excelência, que o requerido passou a fica agressivo e desrespeitoso
para com a autora, principalmente quando faz uso de bebidas alcoólicas, fatos que
foram tomando maior magnitude, até que culminou em agressão física à Larissa,
causando alem de danos físicos relevantes, danos psicológicos, como pessoa humana,
como mulher e mãe.
III - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A) DO DIVÓRCIO LITIGIOSO

A Constituição Federal de 1988, através da redação da Emenda Constitucional


nº 66/2010, promoveu alterações no § 6 do art. 226 do aludido diploma, admitindo-se
que o casamento civil poderia ser dissolvido pelo divórcio direto, suprimindo o
requisito de prévia separação judicial por mais de 1 ano ou comprovação da separação
de fato por mais de 2 anos.

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.


§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela
Emenda Constitucional nº 66, de 2010)

Nesse sentido, é direito potestativo da requerente divorciar-se do requerido,


não possuindo mais nenhum interesse em continuar a união matrimonial,
consubstanciado no inciso II do art. 5 da CF.

B) DA GUARDA

A filha, XXXXXX (menor impúbere), estando de fato com a requerente,


permanecerá com a mesma. A priori, incumbe salientar que o direito busca,
precipuamente, resguardar os interesses da menor à luz do princípio do melhor
interesse da criança e, dessa forma, é salutar que toda criança conviva em ambiente
familiar, sendo que o dever da família corresponde a assegurar o bem-estar da criança,
nos termos do caput do art. 227 e primeira parte do art. 229, ambos da Constituição
Federal, e art. 19 do ECA, in verbis:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores (...)
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de
sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência
familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.

Nesse sentido, em atenção as necessidades dos menores, a primeira parte do §


1 do art. 1583 do CC e parágrafos do art. 33 do ECA, preconizam que a guarda deverá
permanecer com aquele que atender o bem-estar do menor, garantindo-lhe
subsistência digna, com a devida observância e regularidade de fiscalização, ipsis
litteris:
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
§ 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou
a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5) (...)
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a
supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos
genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de
contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente
afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos.
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e
educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a
terceiros, inclusive aos pais.

Em face dos fatos narrados, Larissa de Macêdo Machado possui melhores


condições de proporcionar um lar equilibrado e saudável para a menor, não a expondo
à ambiente insalubre e promíscuo.

Dessa forma, o princípio do melhor interesse da criança é evidenciado nas


atitudes da requerente, exercendo a guarda de fato da menor sob sua égide e
manutenção, gerindo-o em seu seio do núcleo familiar com viabilização de demasiados
benefícios e condições para os cuidados essenciais e, consequentemente, não havendo
empecilhos ou ausência de motivos para pleitear a guarda da criança.

C) DAS VISITAS

Outrossim, ressalta-se que os direitos de visitação do requerido permanecem,


conforme caput do art. 1589 do CC, ipsis litteris:

Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-
los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for
fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação.

Como consequência do estabelecimento da guarda unilateral, pretende a


requerente que a convivência do menor ocorra de forma igualitária com o requerido,
mediante o revezamento, nos termos do inciso II do art. 1584 do CC, in verbis:

Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:


II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em
razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe.

Maria Berenice Dias (Manual de Direito das Familias, 2021, p. 392) esclarece
que:

Escassa (...) é a regulamentação do direito de convivência, que todos


insistem em chamar de direito de visitas, expressão de todo inadequada. Os
encargos inerentes ao poder familiar não se limitam a assegurar ao genitor o
direito de ter o filho em sua companhia em determinados períodos de
tempo (...). Daí a preferência por direito de convivência ou regime de
relacionamento, eis que é isso que deve ser preservado, mesmo quando pai
e filho não vivem sob o mesmo teto. (...) Consagrado o principio da proteção
integral, em vez de regulamentar as visitas, é necessário estabelecer formas
de convivência, pois não há proteção possível com a exclusão do outro
genitor.

Em consonância com o acatado e consubstanciado no princípio do melhor


interesse da criança, a requerente entende e requer que seja regulamentada a visita
do requerido nos exatos termos: durante as férias escolares, nas festividades de final
de ano, alternando entre natal e réveillon, em finais de semana alternados e no dia dos
pais.

D) DOS ALIMENTOS E ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Conforme § 1 do art. 1694 e 1695 do CC, na fixação de alimentos, deverá ser


observado o binômino da necessidade do alimentando e a possibilidade do
alimentante. Ainda, por expressa determinação do art. 1703 do CC, ambos os
genitores são legalmente responsáveis pela manutenção do sustento da prole, ou nos
termos deste:

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos


outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua
condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de
quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente
contribuirão na proporção de seus recursos.

Nessa toada, o requerido possui o dever de prestar alimentos, não podendo se


escusar sob nenhuma possibilidade, haja vista os demasiados custos promovidos pela
requerente, como se prevê no art. 2 da Lei 5478/68:

Art. 2º. O credor, pessoalmente, ou por intermédio de advogado, dirigir-se-á ao


juiz competente, qualificando-se, e exporá suas necessidades, provando, apenas o
parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor, indicando seu nome e
sobrenome, residência ou local de trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha
aproximadamente ou os recursos de que dispõe.

O requerido possui formação xxxxx, e tem como profissão xxxxx. Tendo em


vista sua qualificação, profissão e estilo de vida.

Não obstante, a fixação de alimentos provisórios se faz também necessária,


uma vez que os dispêndios essenciais ao sustento da filha recaiam somente a
responsabilidade da requerente é inversamente proporcional e injusto, enquanto o
conflito não for solucionado, à luz do art. 4 da Lei 5478/68 e caput e § 1 do art. 300 do
CPC, ipsis litteris:

Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a


serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não
necessita.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso,
exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte
possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la. (se houver justiça gratuita)

No tocante a probabilidade do direito, encontra-se tutelados no Código Civil e


na Constituição Federal, consubstanciados no princípio do melhor interesse da criança
e da dignidade da pessoa humana, visto que não é possível para a requerente por si só,
manter todos os dispêndios como demonstrado nos fatos.

Em relação ao perigo da demora, a requerente não apresenta condições


financeiras de suportar o sustento por si só, sendo necessidade manifesta da
requerente de subsistência até o desfecho do processo e consequente prolação de
sentença de alimentos definitivos.

Sendo assim, para assegurar à menor a proteção jurisdicional ao melhor


interesse durante o iter processual e em razão dos fatos aduzidos, requer-se fixação
dos alimentos provisórios em prol da requerente, em caso de emprego formal, no
importe de 30% de seus rendimentos líquidos, assim entendida toda a renda bruta
menos o desconto da previdência social oficial, incidindo sobre décimo terceiro salário,
abono constitucional de férias, horas extraordinárias, PLR, FGTS, adicionais e demais
abonos, desde que não inferior a 1 salário mínimo vigente, mantido o indexador para
futuros reajustes, com adimplemento mediante automático desconto em folha de
pagamento com posterior depósito da quantia em conta bancária de titularidade da
requerente a ser (informar conta), a ser pago até o dia 10 de cada mês, convertido em
alimentos definitivos ao fim da demanda.

Em caso de desemprego ou emprego informal, o requerido deverá pagar a


título de alimentos o equivalente a 1 salário mínimo vigente, mantido o indexador para
reajustes futuros, devendo o adimplemento da prestação alimentícia ser pago até o
dia 10 de cada mês, mediante depósito bancário realizado pelo requerido na conta de
titularidade da genitora do menor supracitada, valendo o comprovante bancário como
recibo de pagamento, sendo vedado o depósito em sistema eletrônico de
autoatendimento.

E) DOS BENS À PARTILHA


No tocante aos bens, as partes elegeram o regime da comunhão parcial de
bens, nos termos do art. 1658 do CC, in verbis:

Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que


sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos
seguintes.

Art. 1.660. Entram na comunhão:

I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que


só em nome de um dos cônjuges;

Nesse sentido, segue a descrição patrimonial correspondente para que se


efetue a partilha, considerando o direito da requerente à 50% de seu valor: (Informar
detalhadamente todos os bens móveis e imóveis, anexando os documentos
correspondentes a propriedade).

IV - DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer-se à Vossa Excelência:

a) Que seja DEFERIDO os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA em prol da requerente,


com fulcro no inciso LXXIV do art. 5º da CF e art. 98 do CPC, em razão da mesma ser
pobre na acepção jurídica do termo, não possuindo condições de arcar com as
despesas do processo sem prejuízo do próprio sustento ou de sua família; (se houver)

b) A CITAÇÃO POR CORREIO do requerido ao respectivo (s) endereço (s) (...) para,
querendo, apresentar contestação no prazo legal de 15 dias, sob pena de imposição de
revelia e seus efeitos, nos termos do § 2 do art. 695 e 335 do CPC;

c) A INTIMAÇÃO do ilustre representante do Ministério Público para intervir no feito


ad finem, conforme inciso II do art. 178 do CPC;

d) A TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA do feito com fulcro no inciso II do art. 1048 do CPC,


em razão de envolver menor, conforme faz prova mediante documento acostado;

e) O PROCESSAMENTO da ação sob SEGREDO DE JUSTIÇA, nos termos do inciso II do


art. 189 do CPC;

f) A EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO para abertura de conta corrente em nome da requerente


para ser utilizada ao exclusivo depósito dos alimentos fixados;

g) Que todas as INTIMAÇÕES e PUBLICAÇÕES deste processo sejam realizadas


exclusivamente em nome de (...), sob pena de nulidade absoluta dos atos
subsequentes;

h) A FIXAÇÃO de ALIMENTOS PROVISÓRIOS, nos termos do § 1 e caput do art. 300 do


CPC c/c art. 4 da Lei 5478/68, em caso de emprego formal no importe de (...) % de seus
rendimentos líquidos, assim entendida toda a renda bruta menos o desconto da
previdência social oficial, incidindo sobre décimo terceiro salário, abono constitucional
de férias, horas extraordinárias, PLR, FGTS, adicionais e demais abonos, desde que não
inferior a 1 salário mínimo vigente, mantido o indexador para futuros reajustes, com
adimplemento mediante automático desconto em folha de pagamento com posterior
depósito da quantia em conta bancária de titularidade da requerente, a ser aberta
para tal fim, devendo estes AO FINAL serem CONVERTIDOS em ALIMENTOS
DEFINITIVOS para a conta que este juízo designar;

i) Que ao final seja a presente demanda julgada TOTALMENTE PROCEDENTE,


consequentemente DECRETANDO a guarda unilateral de XXXX em favor da
requerente, mediante a expedição do termo de guarda unilateral definitiva, fixando a
homologação do direito de visitas ao requerido nos exatos termos ora pleiteados;

j) Que ao final seja a presente demanda julgada TOTALMENTE PROCEDENTE,


consequentemente DECRETANDO o divórcio litigioso dos cônjuges e a respectiva
expedição do mandado de averbação e inscrição da sentença ao cartório de registro
civil, para que se proceda às alterações necessárias;

k) Que ao final seja a presente demanda julgada TOTALMENTE PROCEDENTE,


consequentemente DECRETANDO a partilha dos bens dos cônjuges na proporção de
50% para cada um, com as devidas averbações;

l) A NÃO realização de AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO e CONCILIAÇÃO, nos termos do art.


695 do CPC, tendo em vista a impossibilidade absoluta de reconciliação e a recusa do
requerido em proceder no divórcio consensual;

m) A CONDENAÇÃO do requerido ao pagamento das custas processuais, sem prejuízo


dos honorários advocatícios ao importe de 10%, nos termos do § 2 do art. 82 e 85 do
CPC;

V - DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


especialmente mediante as provas documental, testemunhal, depoimento pessoal,
pericial e inspeção judicial.

Atribui-se à causa o valor de R$.... (soma do valor dos bens a partilhar mais o
valor equivalente a 12x o salário mínimo vigente), nos termos dos incisos I, III e VI do
art. 292 do CPC.

Termos que, pede deferimento.

Município, dia/mês/ano

(Nome do advogado)

OAB/UF XXX.XXX

Você também pode gostar