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AO JUÍZO DA ____ VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP

ARINALVA OLIVEIRA LOPES, brasileira, solteira, esteticista, portadora do


RG no 23119176-5, inscrita no CPF sob o no 285.759.828-93, residente e domiciliada na Rua
Vereador José Gomes de Moraes Neto, no 745, Bairro Residencial Cocaia, Cidade São Paulo,
Estado São Paulo, CEP: 04.849-030, e-mail: arinalvaols@yahoo.com.br, telefone: (11) 98378
- 2757, por seu advogado in fine signatário (procuração anexa), com endereço profissional e
eletrônico constantes no rodapé, onde recebe intimações de estilo, vem, respeitosamente, à
presença deste Douto Juízo, interpor:

AÇÃO REVISIONAL DEALIMENTOS C/C PEDIDO DE GUARDA UNILATERAL E


REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS

Em face de GILSON FREITAS MARQUES JÚNIOR, brasileiro, casado, advogado,


inscrito na OAB/MA sob o n. 12.385, inscrito no CPF n. 036.713.003-87, residente e
domiciliado à Praça do Centenário, n. 400, Bairro Centro, na cidade de Pinheiro/MA, pelas
razões de fato e fundamentos de direito a seguir escandidos:
I – BREVE RELATO DOS FATOS
As partes conviveram juntos, em união estável, como se casados fossem, através
de união pública, duradoura e com a finalidade de constituição de família, pelo período de 06
(seis) anos, entre 2009 e 2015.

Durante a constância da união, adveio a filha do ex-casal, a menor JÚLIA VALE


MARQUES, que conta, atualmente, com 11 (onze) anos de idade.

Após o fim da relação entre as partes, a infante passou a residir com a sua
genitora, visto que o genitor, que sempre residiu na cidade de Pinheiro/MA, retornou àquele
município.

Em janeiro de 2017, as partes firmaram acordo referente à guarda e alimentos a


serem prestados pelo genitor em favor da infante, no qual restou estabelecido que a menor
residiria com sua genitora, com livre direito de visitação do pai. Também restou fixado o
valor de 02 (dois) salários mínimos a título de alimentos, contudo, tal acordo não foi
homologado judicialmente.

O genitor da infante é advogado criminalista bem sucedido, assim como possui


diversas empresas, fazenda, rebanho bovino e veículos, possuindo elevadíssimo padrão de
vida e condições financeiras mais que suficientes para arcar com valor bem maior a título de
alimentos.

Após o início da pandemia, no ano de 2020, o genitor da infante negava-se a


pagar o valor acordado a título de alimentos, repassando sempre valores menores, alegando
não ter condições financeiras para arcar com os custos da filha. Depois, passou a alegar que
havia casado novamente e que tinha outra filha, e por isso não poderia aumentar o valor.

Depois, quando a Demandante se formou em medicina, o genitor passou a alegar


que não havia necessidade de aumento da pensão alimentícia.

Importante destacar que a filha do casal, desde os 09 (nove) anos de idade, iniciou
tratamento para puberdade precoce. Desta forma, a cada 02 (dois) ou 03 (três) meses precisa
ir ao médico, pagando consulta particular, visto que o profissional não aceita plano de saúde.
Para esse tratamento foi receitado o medicamento LUPROM, que custa R$ 1.500,00 (mil e
quinhentos reais), mas a genitora conseguiu de forma gratuita na farmácia do Estado –
FEME.

Em novembro de 2021, a genitora levou a menor ao médico e, após exames e


consulta, a infante foi diagnosticada com TDAH. A médica decidiu então dar início ao
tratamento, sendo necessário acompanhamento semanal com psicanalista, além de pedagogo
e acompanhamento com professores particulares em casa e medicamento constante.

Atualmente, a menor tem elevado padrão de vida, conforme planilha de gastos


anexa a esta exordial, possuindo despesa total de R$ 10.958,63 (dez mil novecentos e
cinquenta e oito reais e sessenta e três centavos), valor este que deve ser dividido
igualmente entre ambos os genitores.

Ademais, a genitora da infante também busca regularizar as visitas do genitor à


menor, principalmente através da fixação de multa para o caso de não cumprimento das
obrigações paternas, dado ser a única forma de compelir o genitor a cumprir com os horários
determinados de visitação.

Em virtude de todo esse panorama exposto, não resta alternativa diferente do


presente ingresso pela via jurisdicional para regulamentação dos alimentos do infante, bem
como da guarda e das visitas à criança.

III – DO DIREITO

III.a – Da guarda e visitas

A Convenção Sobre os Direitos da Criança, tratado internacional do qual o Brasil


é signatário, cujo texto já foi ratificado no Brasil pelo Congresso Nacional, estabelece, em
seu artigo 3, que:
Artigo 3
1. Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições
públicas ou privadas de bem estar social, tribunais, autoridades
administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente,
o interesse maior da criança.

2. Os Estados Partes se comprometem a assegurar à criança a proteção e o


cuidado que sejam necessários para seu bem-estar, levando em
consideração os direitos e deveres de seus pais, tutores ou outras pessoas
responsáveis por ela perante a lei e, com essa finalidade, tomarão todas as
medidas legislativas e administrativas adequadas.

3. Os Estados Partes se certificarão de que as instituições, os serviços e os


estabelecimentos encarregados do cuidado ou da proteção das crianças
cumpram com os padrões estabelecidos pelas autoridades competentes,
especialmente no que diz respeito à segurança e à saúde das crianças, ao
número e à competência de seu pessoal e à existência de supervisão
adequada.

Destarte, conforme estabelece a Convenção, deve ser sempre observado o princípio


do melhor interesse da criança nas situações que envolvem infância e juventude.

E mais, o Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe ainda que as crianças são


dotadas de proteção integral e prioridade absoluta.

O art. 1.583 do Código Civil, que traz as disposições acerca da guarda, colaciona
que:

Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.


§ 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos
genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda
compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e
deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao
poder familiar dos filhos comuns.
§ 2 o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser
dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista
as condições fáticas e os interesses dos filhos.
§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos
filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos.

A definição do regime de guarda a ser adotado compete ao Juízo, em análise ao


caso concreto, bem como a definição do lar de referência em caso de definição de guarda
compartilhada, com a fixação de multa caso o pai não cumpra com suas obrigações de
visitação.

No caso em tela, a definição da guarda compartilhada parece o mais adequado ao


caso, com o lar da referência como o da genitora e visitação pelo genitor em finais de
semanas alternados, bem como a metade do período de férias escolares com cada um dos
genitores.

II.b – Dos Alimentos

O art. 227, caput, da Carta Outubrina de 1988, ao tratar da família, estabelece,


ipsis litteris:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado


assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.

O art. 1.694 e seguintes do Código Civil estabelecem o dever de prestar alimentos


pelos pais, conforme vejamos:

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros


pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver
de modo compatível com a sua condição social, inclusive para
atender às necessidades de sua educação.

§ 1 o Os alimentos devem ser fixados na proporção das


necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada.

§ 2 o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à


subsistência, quando a situação de necessidade resultar de
culpa de quem os pleiteia.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende
não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à
própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode
fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.

Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre


pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a
obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.

Destarte, conformes podemos observar da legislação vigente pertinente ao caso,


ao fixação de alimentos em favor do infante e em desfavor do Requerido deve observar o
trinômio necessidade/possibilidade/razoabilidade.

No caso dos autos, o Requerido omite sua atuação situação laboral, bem como
omite sua renda da genitora do infante, razão pela qual esta pleiteia pela condenação do
mesmo ao pagamento de 05 (cinco) salários mínimos e meio a título de alimentos, conforme
planilha em anexo.

III.c – Dos Alimentos Provisórios

O art. 4º, caput, da Lei n. 5.478/68 (Lei de Alimentos), que trata justamente da
fixação de alimentos provisórios pelo Juízo, estabelece que:

Art. 4º Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo


alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o
credor expressamente declarar que deles não necessita.

Nesse desiderato, o Autor pugna pela fixação de alimentos provisórios, em


caráter urgente e liminar, em valor não inferior a 05 (cinco) salários mínimos, dado os altos
custos relativos às necessidades do infante.

IV – DOS REQUERIMENTOS

Ante o exposto, REQUER:


a) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98 e
seguintes do CPC;

b) A concessão de medida liminar para fixação de alimentos provisórios em favor


do infante, em importe não inferior a 05 (cinco) salários mínimos, nos termos do art. 4º da
Lei 5.478/68;

c) A designação de audiência de conciliação, nos termos do art. 334 do CPC;

d) A intimação do Ilustre Membro do Ministério Público para manifestar-se na


presente ação;

e) Ao final, seja JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE A PRESENTE


DEMANDA, para determinar a guarda compartilhada da infante, com o lar de referência
sendo o da genitora, e visitação paterna em finais de semana alternados, bem como 50%
(cinquenta por cento) do período de férias escolares para cada genitor; ainda, determinar a
fixação de alimentos em favor da infante no total de 05 (cinco) salários mínimos e meio, bem
como o pagamento de 50% (cinquenta por cento) de eventuais despesas esporádicas,
mediante apresentação de comprovante da despesa;

f) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos,


em especial prova documental e testemunhal.

Dá-se à causa o valor de R$ 79.992,00 (setenta e nove mil novecentos e noventa e


doze reais), para efeitos fiscais.

Nestes termos, pede e espera deferimento.


São Luís/MA, 08 de abril de 2022.

Jean Lima de Paiva Júnior


OAB/MA n. 18.618

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