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escolares" até domingo devendo ser entregue em casa da mãe até às 21:00 horas;
- o BB poderá pernoitar de quarta para quinta-feira com o progenitor nas demais
semanas, devendo este entrega-lo no estabelecimento de ensino;
- Férias escolares de Natal, Páscoa e Verão – o BB residirá com cada um dos
progenitores, em regime de alternância semanal, salvo se algum dos progenitores
pretender ausentar-se com o filho por período superior a uma semana, caso em que
deverá comunicar a sua pretensão e plano de férias ao outro com adequada
antecedência, podendo, nesse caso, o outro progenitor obter idêntica compensação
temporal com o filho;
- Os períodos festivos de Natal, Ano Novo e Páscoa deverão ser repartidos entre os
progenitores, observando-se alternância, trocando no período festivo seguinte e bem
assim nos anos subsequentes;
- Nos dias de aniversário da criança e dos progenitores, cada um destes poderá fazer
uma refeição com o filho;
- No dia da mãe e no dia do pai a criança poderá estar com o respectivo progenitor;
- o progenitor pagará uma pensão de alimentos mensal no valor de €200,00, até ao dia
08 de cada mês, por qualquer meio idóneo de pagamento, a actualizar anualmente em
função do índice de preços no consumidor, fazendo-se a primeira actualização em
Janeiro de 2023, sendo as despesas de saúde e educação com o BB suportadas em
partes iguais por ambos os progenitores, mediante apresentação de documento
comprovativo.
CONSIGNOU-SE A SEGUINTE FUNDAMENTAÇÃO DE FACTO: A – FACTOS
PROVADOS
1. Requerente e Requerida são pais do menor BB, nascido no dia .../.../2018, tendo vivido
em condições análogas às dos cônjuges até que se separaram em data não
concretamente apurada.
2. Nos diferentes períodos (meses) de confinamento legalmente impostos à população
em geral com inicio em março de 2020, era o requerente quem tomava conta do menor
BB durante todo o dia, uma vez que a requerida - a quem, ao contrário do requerente,
considerada trabalhadora essencial, não lhe era aplicável o regime do teletrabalho -
manteve a obrigação de trabalhar no seu local de trabalho habitual, saindo de manhã
pelas 8h00 e regressando a casa por volta das 18h00.
3. Desde a nascença e ao longo dos primeiros anos de vida, o menor BB habituou-se a
conviver, indistintamente, com ambos os progenitores e respetivas famílias.
4. Na vida diária do menor BB, desde o nascimento, o progenitor também pelo menos
participou na prestação dos cuidados ao menor, desde pôr a dormir, pôr a pé, dar de
biberão, vestir, calçar, brincar, levar à creche, relacionar com as educadoras, trazer da
creche, refeições, dar banho, deitá-lo, vigiar durante a noite, organizar aniversários,
comprar coisas para ele, impor regras, valores e hábitos.
5. Manifestando um conjunto de afetos positivos, relativamente ao filho, e relativamente
às outras áreas envolvidas nas competências para o exercício da parentalidade.
6. Quando está com o requerente/Pai, o menor BB, com quem se sente protegido e em
segurança, é uma criança alegre, bem disposta, brinca e é notório que gosta de estar
com o pai revelando existir especial cumplicidade entre ambos.
7. O requerente é um Pai responsável e preocupado com o bem estar do filho, por quem
nutre amor e carinho, existindo forte afeto entre ambos.
8. O progenitor encontra-se a residir junto da sua mãe, em ..., onde reúne, além de
excelentes condições de habitabilidade, segurança e conforto, também de todo um
contexto favorável, onde já era frequente o menor ali pernoitar e passarem fins de
semana em família denotando saudável afetividade com a avó, a qual sempre prestou
colaboração intransigente. 9. A avó paterna tem sido até à atualidade, figura de particular
referência afetiva e logística no universo socio relacional e afetivo do menor BB, que
funciona, na medida das suas possibilidades, em face dos seus condicionamentos de
saúde, como suporte de retaguarda na prestação de cuidados ao mesmo.
10. O requerente arrendou um apartamento, tipologia T2, sito na Rua ..., ... freguesia ...,
concelho de Penafiel.
11. Ambos os progenitores interagem bem com o filho, satisfazem as suas necessidades
e evidenciam ser progenitores responsáveis e cuidadosos.
12. Os progenitores proporcionam ao descendente os cuidados básicos de vida como
alimentação, higiene, saúde, segurança e afeto importantes para o seu desenvolvimento
sadio.
13. Os progenitores acompanham de forma ativa e regular o percurso educativo do BB.
14. O menor BB, frequenta atualmente a creche, “O..., Lda.” sita na Rua ..., Valongo.
15. Assim, a referida creche dista, concretamente, a cerca de 30km do imóvel arrendado
pelo requerente, sita na Rua ..., ..., Penafiel (distância verificada através do Google
Maps) com um tempo de itinerário, com recurso a veículo automóvel, de cerca de 25m.
16. Entre ..., onde o requerente atualmente reside com a sua mãe, e Valongo, seguindo o
trajeto mais rápido, pela autoestrada A4, o tempo de viagem estimado é de 28 minutos;
caso a deslocação se faça pela A42, o tempo de viagem será de 36 minutos; ainda, se a
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19/09/23, 15:21 Acórdão do Tribunal da Relação do Porto
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LL. Na realidade, não basta que o juiz decida a questão posta; é indispensável, do ponto
de vista do convencimento das partes, do exercício fundado do seu direito ao recurso
sobre a mesma decisão (de facto e de direito) e do ponto de vista do tribunal superior a
quem compete a reapreciação da decisão proferida e do seu mérito, conhecerem-se das
razões de facto e de direito que apoiam o veredicto do juiz.
MM. Neste sentido, a fundamentação da decisão deve ser expressa, clara, suficiente e
congruente, permitindo, por um lado, que o destinatário perceba as razões de facto e de
direito que lhe subjazem, em função de critérios lógicos, objetivos e racionais,
proscrevendo, pois, a resolução arbitrária ou caprichosa, e por outro, que seja possível o
seu controle pelos Tribunais que a têm de apreciar, em função do recurso interposto.
NN. Consequência da inobservância deste dever de fundamentação será então a
nulidade da decisão recorrida – cfr. 615.º, n.º 1, al. b) do C.P.Civil., com as legais
consequências.
Do Erro de Direito
OO. Tendo presente que, de acordo com o disposto no art.º 2004º, do Código Civil, os
alimentos são proporcionais aos meios daquele que houver de os prestar e às
necessidades daquele que houver de os receber, no caso em apreço, a decisão
impugnada é, manifestamente, desproporcional por relação com o regime fixado e
concreto apuramento dos rendimentos de cada um dos progenitores.
PP. Efetivamente, conforme decorre dos factos provados, o ora recorrente, que aufere um
vencimento mensal médio líquido na ordem dos 1.500€, descontadas as despesas fixas
apuradas, terá disponível, em média, cerca de400.00€.
QQ. A progenitora, por sua vez, que aufere mensalmente um salário de 876,75€,
descontadas as despesas fixas apuradas, terá disponível, em média, cerca de 226,64€.
RR. Sendo que, a este montante, acrescem ainda, para ambos, as normais despesas
com saúde, alimentação, lazer, vestuário, calçado e produtos de higiene, etc., bem como,
todas as relativas a prover às necessidades do menor BB, relativas ao período em que
está entregue aos seus cuidados, nomeadamente, com vestuário, alimentação,
brinquedos/livros, etc
SS. Assim, independentemente da dificuldade em apurar, com suficiente grau de certeza,
o que cada um dos progenitores despenderá com tais despesas, manifesto é que, na
prática, a pensão de alimentos fixada coloca objetivamente a Mãe com um rendimento
global na ordem dos 426€ ao passo que o Pai, deduzido da pensão de alimentos a que
está adstrito, com um rendimento mensal disponível para fazer face a todas aquelas
despesas inferior a 200.00€ mensais.
TT. Ou seja, se no caso da progenitora, a mesma beneficia de um rendimento de 200,00€
para fazer face exclusivamente às necessidades do menor, sobejando os referidos
226,64€ para o demais necessário à sua própria subsistência,
UU. Já no caso do progenitor, do remanescente, deduzido da pensão de alimentos,
restam cerca de 200€ para fazer face a todas as referidas despesas, quer com a sua
própria pessoa, quer com as do menor, relativas, nomeadamente, com saúde,
alimentação, lazer, vestuário, calçado e produtos de higiene, etc.,
VV. Valor esse manifestamente baixo para que o progenitor possa ter uma vida condigna,
que praticamente se esgota com a alimentação,
Assim,
WW. Se é certo que o Tribunal a quo não apurou, em concreto, das reais necessidades
do menor, não é menos verdade, que em hipótese alguma, poderá a pensão de
alimentos pôr em risco uma existência condigna e uma desigualdade entre os
progenitores provocada pela determinação da pensão de alimentos conforme exposto.
XX. Nesse pressuposto, a fixação da pensão de alimentos deve respeitar, no mínimo, a
proporcionalidade entre os progenitores, o que não foi, objetivamente, respeitado,
YY. nem justificada a razoabilidade da medida quando a progenitora apenas tem o menor
à sua guarda cerca de 4/5 dias a mais que o progenitor circunscrito período “escolar”,
enão se estabelece qualquer distinção relativamente aos períodos de férias, altura em
que o modelo adotado é da guarda alternada.
ZZ. Impondo-se, pois, uma alteração à pensão de alimentos que respeite o ónus de cada
um dos progenitores em prover pelas necessidades do menor bem como, da própria
subsistência condigna dos mesmos.
AAA. Em face do que, sem prescindir do supra exposto e da necessidade de apuramento
das reais necessidades do menor, entende o recorrente, que a pensão de alimentos deve
ser proporcionalmente ajustada em função do regime de guarda a fixar, o que se requer.
BBB. A sentença, em suma, não pode retirar, segundo padrões de lógica, com base no
estado actual das coisas (economia, emprego, modo de vida, etc), as conclusões que
retira, seja por falta de fundamentação ou errada apreciação das provas.
CCC. A sentença recorrida violou, entre outros, o art.º 2004º do Código Civil. O Mº Pº
CONTRA ALEGOU A SUSTENTAR QUE
“o recurso merece provimento e que, por isso, a decisão sob recurso deve ser alterada
no sentido recorrido:
a) com fixação da residência alternada entre os progenitores ou, no mínimo,
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O OBJETO DO RECURSO
O MÉRITO DO RECURSO
FUNDAMENTAÇÃO DE FACTO:
FUNDAMENTAÇÃO DE DIREITO:
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ou com necessidades de vestuário especial ou outras). Não sendo assim e não estando o
tribunal, quanto à decisão a proferir, neste tipo de processos, sujeito a critérios de
legalidade estrita, dado que deve adotar a solução mais adequada, artigo 987º do Código
de Processo Civil, entendemos que a fundamentação deste segmento decisório é
suficiente.
Com efeito, como expressou o Acórdão da Relação de Guimarães de 21-05-2015 (ANA
CRISTINA DUARTE) 1/08.0TJVNF-EK.G1, in DGSI citando: «O Tribunal Europeu dos
Direitos do Homem (TEDH), repetidamente aconselha que: a extensão da obrigação de
motivação pode variar consoante a natureza da decisão e deve analisar-se à luz das
circunstâncias do caso concreto; a motivação não deve revestir um caráter
exageradamente lapidar, nem estar por completo ausente» (cf. Vincent e Guinchard,
Procédure Civile, Dalloz, §1232).
Assim é que este dever de fundamentar as decisões consagrado no artigo 154.º n.º 1 do
CPC destinado a esclarecer e a convencer as partes do acerto da decisão proferida, e
sem por em causa que o seu cumprimento se prende com a própria legitimação do poder
judicial, tem vindo a ser densificado pela jurisprudência no sentido de que se satisfaz com
uma especificação ainda que deficiente dos fundamentos de facto ou de direito (Acórdão
do STJ de 30-09-2014 processo 1198/09 nota 23 ao artigo 615, Código de Processo Civil
anotado Abílio Neto, 4ª ed p 909).
Em face do exposto indefere-se a arguida nulidade da sentença.
III
DA REGULAÇÃO DAS RESPONSABILDADES PARENTAIS: RESIDÊNCIA ALTERNADA.
Insurge-se o Recorrente contra a decisão que fixou a residência do filho junto da mãe,
por a seu ver a factualidade provada ser determinante na conclusão de que o melhor
interesse do filho é assegurado com a guarda alternada.
Vejamos.
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pode apoiar, pelo menos no nosso entendimento, não poderá constituir uma
desvantagem para o progenitor respetivo, se este está disposto e por si tem condições
para cuidar da criança; já que é aquele que tem essa responsabilidade mais ainda nos
casos em que está disposto a fazê-lo, como é o caso dos autos.
Daí que, e sem prejuízo de entendermos que não está demonstrado que o pai da criança
não possa contar com o apoio da sua mãe, ainda que assim não fosse não seria razão
suficiente para afastar a residência alternada.
Finalmente, o Recorrente por vezes desloca-se ao estrangeiro em trabalho, aí
permanecendo alguns dias.
Como nas famílias, durante esse período de ausência de pai no estrangeiro, a criança
ficará com a mãe, não se vendo também aqui uma razão determinante para afastar a
solução preferível para o filho.
Não encontramos, por conseguinte, na factualidade apurada no processo, razões que
justifiquem afastar o regime da residência alternada desejado pelo progenitor.
Afigura-se-nos, todavia, que a proximidade da criança aos pais e vice-versa se afirma de
forma mais sadia e equilibrada com a introdução de um convívio a meio da semana, com
o progenitor que não está com o filho, o que será decidido.
V
SEGUE DELIBERAÇÃO:
PROVIDO O RECURSO, ALTERA-SE A SENTENÇA RECORRIDA FIXANDO-SE O
SEGUINTE REGIME DE RESPONSABILIDADES PARENTAIS:
O pequeno BB residirá em semanas alternadas com o pai e com a mãe, as quais terão
início (e correspondente termo) às 19,00 horas de domingo, sendo as conduções a cargo
do progenitor que termina a semana com o filho.
Sem prejuízo, as noites de quartas feira serão sempre passadas com o progenitor com
quem a criança não está que irá buscá-la à escola onde o deixará na manhã seguinte.
Os contactos entre os progenitores e a criança são livres.
Nos períodos em que o pai está ausente no estrangeiro por razões de trabalho, o filho
residirá com a mãe sem que tal implique alteração do regime de residência alternada,
que será retomado com o regresso do pai, sem alteração em relação ao que teria sido
caso o mesmo não se tivesse ausentado.
No que se refere aos dias festivos mantem-se o regime fixado na sentença.
Cada progenitor poderá passar as suas férias pessoais com o filho, devendo estas
compatibilizar-se entre ambos. Na situação de ambos os progenitores terem férias no
mesmo período de tempo, serão divididos em partes iguais, entre ambos os tempos de
cada um com o filho.
Fica prejudicada a matéria referente aos alimentos fixados uma vez que neste caso cada
progenitor assume as despesas correntes do filho na semana em que está consigo sendo
as despesas escolares e extracurriculares, de saúde e de vestuário a dividir em partes
iguais entre ambos os progenitores, desde que sujeitas a comunicação e acordo prévio
entre ambos, com quinze dias de antecedência (salvo urgência).
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