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Poder Judiciário do Estado de Goiás

Vara de Família e Sucessões, Infância e Juventude

Comarca de Catalão

Processo: 5589771-64.2019.8.09.0029

Requerente: Lorena Carolina Dos Santos

Requerido (a): Kenny Rogger Bernardes

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

Trata-se de Ação de Alimentos proposta por A.C.B., representado por sua genitora L.C.S., em face
de K.R.B., partes devidamente qualificadas nos autos.

Sob a alegação de ser filha do requerido, a autora pugna pela fixação de alimentos no importe de
60% do salário-mínimo vigente mais 50% das despesas médicas e escolares, bem como a concessão de
guarda unilateral em nome da genitora e regulamentação das visitas.

Colacionou aos autos os documentos de evento 01.

Foi deferida tutela antecipada fixando alimentos provisórios em favor da criança no importe de 40%
do salário-mínimo vigente (mov. 04).

Mesmo devidamente citado para tanto, o requerido deixou de contestar o feito (evento 19).

Instado a se manifestar, o Ministério Público opinou pela intimação das partes para informarem as
provas a serem produzidas (evento 25).

O despacho de mov. 29 determinou a intimação das partes para especificarem as provas que
pretendem produzir.

A requerente dispensou a produção de novas provas (evento 33).

Novamente intimado, o Ministério Público lançou parecer pela procedência parcial da ação (evento
37).

É o relatório. Decido.

II - FUNDAMENTAÇÃO

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Consoante regra ínsita no art. 355, I do CPC, o juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo
sentença com resolução de mérito quando não houver necessidade de produção de outras provas.

Indubitavelmente, é o caso dos autos. Assim, passo ao julgamento do feito:

a. Dos Alimentos

Em que pese o efeito material da revelia não se aplicar ao presente caso diante da indisponibilidade
do direito discutido, existindo apenas presunção relativa quanto à matéria de fato, a prova documental
produzida (certidão de nascimento) demonstra que, efetivamente, o réu é o pai do requerente.

A obrigação dos pais de alimentar os filhos decorre do poder familiar, do dever dos cônjuges em
sustentar a família ou do dever dos pais de assistir, criar e educar os filhos menores.

Vê-se, portanto, que durante a menoridade, quando os filhos estão sujeitos ao poder familiar, há
presunção de dependência dos filhos para subsistência própria com relação a seus pais, tendo o dever de
alimentar fundamento no poder familiar.

Dispõe o art. 229 da Constituição Federal:

“Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.

Igual proteção é conferida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90):

“Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores,
cabendolhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
determinações judiciais.”

O dever de sustento, guarda e educação dos filhos se converte em prestação pecuniária, uma vez
cessada a convivência sob o mesmo teto. Assim, ocorrendo separação de fato, a obrigação de prestar
assistência direta aos filhos se resolve na obrigação de pagar alimentos sob a forma pecuniária.

Os alimentos, consoante recomendação do art. 1.694, §1º, do Código Civil são fixados segundo as
possibilidades do alimentante e as necessidades do alimentando.

No caso em tela restou comprovado que o requerido é pai do requerente. Dessa forma, em virtude
da revelia do réu e dos elementos presentes nos autos, observando as possibilidades do alimentante e as
necessidades do alimentando, entendo que a pensão alimentícia deve ser mantida no patamar de 40% do
salário mínimo vigente a ser pago mensalmente.

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Ademais, deve ser condenado o requerido ao pagamento de 50% (cinquenta por cento) das
despesas extraordinárias, relacionadas às necessidades básicas da menor, tais como saúde e educação.

b. Da Guarda e Visitas

Em se tratando da guarda e visita do filho, a situação fática atual é a da guarda exercida


unilateralmente pela genitora, assegurando à criança a devida assistência material, moral e educacional. Sem
qualquer óbice ou manifestação de interesse por parte do requerido pela guarda compartilhada, motivo pelo
qual designo a guarda definitiva UNILATERALMENTE à genitora.

Resguardo o direito paterno a visitação nas formas apresentadas pela parte autora e referendada
pelo Ministério Público:

“a) Que o requerido possa ter a filha em sua companhia em fins de semana alternados, podendo pegá-la na
casa materna às 15h00min do sábado e devolvê-la no mesmo dia às 18h00min, entretanto, quando a
menor completar 3 (três) anos de idade, o genitor poderá buscá-la em sua residência na sexta-feira, no
horário das 18h00min e entregá-la no domingo até as 18h00min, no mesmo local;

b) Feriados intercalados;

c) Dia dos Pais com o requerido;

d) Natal e Ano Novo intercalados e alternados de tal sorte que no primeiro ano o Natal será com a genitora
e o Ano Novo com o requerido;

e) No aniversário da criança, o pai poderá visitar a filha em sua residência, sem alterar a programação e/ou
eventual comemoração, podendo levá-la para almoçar fora, com a obrigação de devolvê-la na casa materna
até as 16h00min do dia. No Dia das Crianças, passará em companhia do pai nos anos pares, e da mãe nos
anos ímpares;

f) Em época de férias escolares, o genitor terá a companhia da filha, metade dos dias.”

III - DISPOSITIVO

Ante o exposto, e por tudo o mais que dos autos consta, ACOLHO o parecer ministerial de evento
37 e, com fulcro no art. 487 do CPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos iniciais,
EXTINGUINDO O PROCESSO COM APRECIAÇÃO DO MÉRITO, para:

i) Deferir a guarda da filha unilateralmente à genitora/requerente, resguardado o direito de visitação


ao requerido nas formas expostas na fundamentação.

ii) condenar o réu a pagar pensão alimentícia a sua filha menor A.C.B., na quantia
correspondente a 40% salário-mínimo vigente, desde a citação, que deverá ser entregue, mensalmente, à
genitora, até o dia 10 de cada mês, mais 50% (cinquenta por cento) das despesas extraordinárias,
relacionadas às necessidades básicas da menor, tais como saúde e educação, advertindo-o de que o

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inadimplemento pode ensejar, nas hipóteses legais, a decretação de sua prisão civil.

Por fim, condeno a parte requerida ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios,
os quais fixo em 10% sobre o valor atualizado da causa.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Certificado o trânsito em julgado, sem requerimentos das partes no prazo de 30 (trinta) dias,
arquivem-se os autos com as cautelas de estilo.

Catalão/GO, data e hora da assinatura eletrônica.

Gabriel Lisboa Silva e Dias Ferreira

Juiz de Direito

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