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Processo: 5184877-10.2020.8.09.

0051

Usuário: FÁBIO RÉGIS EVANGELISTA DA ROCHA - Data: 28/07/2022 18:27:21


GOIÂNIA - UPJ DE FAMÍLIA
JUIZADOS DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE -> Seção Cível -> Processo de Conhecimento -> Guarda de Infância e Juventude
Valor: R$ 5.016,00
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Comarca de Goiânia
6ª Vara de Família
1upjgoiania@tjgo.jus.br

SENTENÇA
Processo nº : 5184877-10.2020.8.09.0051
: JUIZADOS DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE -> Seção
Classe processual Cível -> Processo de Conhecimento -> Guarda de Infância
e Juventude
Requerente(s) : Claudiane Ferreira Gonçalves
Requerido(s) : Rodrigo Gonçalves De Souza

Cuidam os autos em epígrafe de “Ação de Guarda, Alimentos e Visitas com Pedido de


Tutela Provisória de Urgência” ajuizada por Claudiane Ferreira Gonçalves por si e
representando a menor Ana Clara Ferreira Gonçalves, em desfavor de Rodrigo Gonçalves
de Souza, todas as partes devidamente qualificadas.

De conformidade com a narrativa exordial as partes tiveram um relacionamento


amoroso e da união adveio a filha Ana Clara Ferreira Gonçalves.

De par com isso, pugna a promovente seja fixado alimentos em favor da menor no
percentual de 40% (quarenta por cento) do salário-mínimo, acrescidos de 50% (cinquenta por
cento) das despesas com a menor, tais como saúde, roupas, calçados, mensalidade e material
escolar, bem como que a guarda seja compartilhada, com residência fixa da genitora e que as
visitas sejam realizadas aos finais de semana alternados, pegando a menor aos sábados a partir
08:30h e devolvendo-a aos domingos às 18:30h, os feriados e festas alternadas, férias escolares
alternadas, ano novo dos anos pares com a mãe e nos ímpares com o genitor, aniversário da
menor nos anos pares com a mãe e nos anos pares com o genitor, aniversário da menor, anos
pares com a mãe e nos anos ímpares com o pai, dia das mães com a genitor e o dia dos pais
com o genitor.

Inicial instruída com documentos.

Na decisão contida no evento processual n.º 04, restou deferida a gratuidade da justiça
às promoventes, bem como a guarda compartilhada da filha, fixando como residência principal o
lar materno, o direito de convivência do pai com a filha aos sábados às 08:30h e devolvê-la no
domingo às 18h, bem como arbitrado alimentos provisórios em 40% (quarenta por cento) do
salário-mínimo, mais 50% (cinquenta por cento) das despesas de saúde, roupas, calçados,
mensalidades e material escolar.

Promovido citado por edital, conforme evento n. 48.

Citado por edital, o promovido apresentou contestação através da defensoria pública


por negativa geral (evento n. 52).

Instado a se manifestar, opinou o Ministério Público do Estado de Goiás pela

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 25/07/2022 17:25:51
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Processo: 5184877-10.2020.8.09.0051

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JUIZADOS DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE -> Seção Cível -> Processo de Conhecimento -> Guarda de Infância e Juventude
Valor: R$ 5.016,00
confirmação da liminar e requereu que os alimentos sejam descontados em sua folha de
pagamento, caso o genitor tenha emprego fixo (evento n.º 64).

É o relatório do necessário.

DECIDO.

Observo que nos autos figuram partes legítimas, não havendo vícios ou nulidades
processuais a serem sanadas e nem questões prejudiciais ou preliminares a serem previamente
dirimidas. Assim colocado, considerando a desnecessidade de produção de outras provas além
daquelas já aportadas ao caderno processual até o momento, bem ainda a revelia do promovido,
reputa-se autorizado o julgamento antecipado do mérito, ex vi do que dispõe o art. 355, incisos e I
e II, do Código de Processo Civil.

Conforme relatado alhures, cuidam os presentes autos de demanda por meio da qual a
menor Ana Clara Ferreira Gonçalves aqui representada por sua genitora e guardiã, objetiva a
sujeição de seu pai à obrigação de lhe prestar alimentos, bem como a fixação da guarda
compartilhada da menor, adotando-se como lar de referência o materno. No tocante, é cediço que
a obrigação alimentar advém diretamente do poder familiar – conforme disposto nos arts. 229 da
Constituição da República, 1.566, inciso IV, do Código Civil e 22 do Estatuto da Criança e do
Adolescente – e destina-se a assegurar aos filhos menores o suprimento de seu sustento até que
completem a maioridade civil ou venham a ser emancipados.

Sabe-se também que, em qualquer hipótese, os alimentos devem viabilizar ao credor


uma vida digna e compatível com sua condição social, mas sempre em conformidade com a
possibilidade do devedor de atender ao encargo, vislumbrando-se, pois, uma dualidade de
interesses a serem sopesados pelo magistrado à luz das especificidades do caso concreto: a
necessidade de quem pleiteia e a capacidade contributiva de quem presta. É o que anuncia a
regra contida no art. 1.694, §4º do Código Civil: “Os alimentos devem ser fixados na proporção
das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”.

Na hipótese dos autos, conforme relatado alhures, a parte autora postula alimentos em
quantia correspondente a 40% (quarenta por cento) do salário-mínimo, acrescidos de 50%
(cinquenta por cento) das despesas com a menor, tais como saúde, roupas, calçados,
mensalidade e material escolar, bem como atribuída guarda compartilhada, adotando-se como lar
de referência o materno e a regulamentação de visitas. O requerido, a seu turno, conquanto tenha
sido regularmente citado na espécie, não apresentou defesa nos autos, não se acusando aqui,
ademais, nenhuma prova documental a permitir identificar com precisão sua capacidade
contributiva.

No tocante, é bem verdade que, em linha de princípio, a revelia do promovido não induz
automaticamente ao acolhimento integral da pretensão inicial, haja vista que, nos termos do que
dispõe o inciso II, do art. 345 do Código de Processo Civil, o efeito material mais sobressalente do
instituto – qual seja, a presunção de veracidade das questões de fato sustentadas pela parte
autora na petição inicial – não incide nos litígios que versem sobre direitos indisponíveis, assim
compreendidos aqueles que não se pode renunciar ou alienar, como é justamente o caso do
direito aos alimentos. Nada obstante isso, não se pode olvidar que as necessidades da menor
aqui em evidência são presumidas, não se admitindo, outrossim, que seja ela prejudicada com a
fixação de um pensionamento inferior apenas por conta da desídia do promovido em permitir a
este juízo conhecer sua capacidade contributiva. Impõe-se, portanto, a fixação de alimentos
definitivos no mesmo patamar fixado em sede provisória, sobretudo porque razoável e adequado

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


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Assinado por JAVAHE DE LIMA JUNIOR
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ao pensionamento à menor em questão.

Superado o exame das questões relacionadas aos alimentos devidos à menor, há que
se dirimir então o segundo ponto da lide aqui encetada, qual seja, a definição de sua guarda e do
regime de convivência paterno-filial. Neste ponto, o acolhimento da pretensão exordial é medida
que se impõe, haja vista que, desde o advento da Lei n.º 13.058/2014, o compartilhamento da
guarda dos filhos menores entre ambos os genitores tornou-se a regra geral do sistema jurídico
brasileiro, devendo o magistrado, sempre que possível e de forma prioritária – e à vista das
condições fáticas de viabilidade presentes no caso concreto –, disciplinar a custódia dos filhos de
modo a assegurar-lhes uma convivência simultânea, concomitante e plena com ambos os
genitores, partilhando, assim, do cotidiano dos lares tanto do pai quanto da mãe.

Assim colocado, forte nestas razões de decidir, JULGO PROCEDENTES os pedidos


iniciais, resolvo o mérito da causa e encerro a fase de conhecimento do procedimento para, nos
termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil:

1 – CONFIRMAR a decisão proferida no evento processual n.º 04 de modo a


CONDENAR o promovido a prestar alimentos à menor promovente em quantia equivalente a 40%
(quarenta por cento) do salário mínimo vigente, acrescido de 50% (cinquenta por cento) das
despesas de saúde, roupas, calçados, mensalidades e material escolar. Tal montante deverá ser
pago até o dia 10 (dez) de cada mês, mediante depósito mensal na conta bancária indicada na
peça inaugural;

2 – ATRIBUIR a guarda compartilhada da menor em questão aos genitores;

3 - FIXAR o regime de convivência paterno-filial de modo a autorizar o genitor/requerido


visitar a criança em questão nos moldes da inicial.

Nos termos do art. 85, §2º do Código de Processo Civil, condeno o requerido às custas
processuais e honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento) do valor da condenação.

Cientifique-se o Ministério Público do Estado de Goiás.

Transitada em julgado esta sentença, arquivem-se os autos, observadas as cautelas de


rotina.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se.

Goiânia-GO, data da assinatura digital.

Javahé de Lima Júnior


Juiz de Direito

Assinado digitalmente, nos termos do art. 1º, §2º, III, A da Lei 11.419/06.

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