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0051
SENTENÇA
Processo nº : 5184877-10.2020.8.09.0051
: JUIZADOS DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE -> Seção
Classe processual Cível -> Processo de Conhecimento -> Guarda de Infância
e Juventude
Requerente(s) : Claudiane Ferreira Gonçalves
Requerido(s) : Rodrigo Gonçalves De Souza
De par com isso, pugna a promovente seja fixado alimentos em favor da menor no
percentual de 40% (quarenta por cento) do salário-mínimo, acrescidos de 50% (cinquenta por
cento) das despesas com a menor, tais como saúde, roupas, calçados, mensalidade e material
escolar, bem como que a guarda seja compartilhada, com residência fixa da genitora e que as
visitas sejam realizadas aos finais de semana alternados, pegando a menor aos sábados a partir
08:30h e devolvendo-a aos domingos às 18:30h, os feriados e festas alternadas, férias escolares
alternadas, ano novo dos anos pares com a mãe e nos ímpares com o genitor, aniversário da
menor nos anos pares com a mãe e nos anos pares com o genitor, aniversário da menor, anos
pares com a mãe e nos anos ímpares com o pai, dia das mães com a genitor e o dia dos pais
com o genitor.
Na decisão contida no evento processual n.º 04, restou deferida a gratuidade da justiça
às promoventes, bem como a guarda compartilhada da filha, fixando como residência principal o
lar materno, o direito de convivência do pai com a filha aos sábados às 08:30h e devolvê-la no
domingo às 18h, bem como arbitrado alimentos provisórios em 40% (quarenta por cento) do
salário-mínimo, mais 50% (cinquenta por cento) das despesas de saúde, roupas, calçados,
mensalidades e material escolar.
É o relatório do necessário.
DECIDO.
Observo que nos autos figuram partes legítimas, não havendo vícios ou nulidades
processuais a serem sanadas e nem questões prejudiciais ou preliminares a serem previamente
dirimidas. Assim colocado, considerando a desnecessidade de produção de outras provas além
daquelas já aportadas ao caderno processual até o momento, bem ainda a revelia do promovido,
reputa-se autorizado o julgamento antecipado do mérito, ex vi do que dispõe o art. 355, incisos e I
e II, do Código de Processo Civil.
Conforme relatado alhures, cuidam os presentes autos de demanda por meio da qual a
menor Ana Clara Ferreira Gonçalves aqui representada por sua genitora e guardiã, objetiva a
sujeição de seu pai à obrigação de lhe prestar alimentos, bem como a fixação da guarda
compartilhada da menor, adotando-se como lar de referência o materno. No tocante, é cediço que
a obrigação alimentar advém diretamente do poder familiar – conforme disposto nos arts. 229 da
Constituição da República, 1.566, inciso IV, do Código Civil e 22 do Estatuto da Criança e do
Adolescente – e destina-se a assegurar aos filhos menores o suprimento de seu sustento até que
completem a maioridade civil ou venham a ser emancipados.
Na hipótese dos autos, conforme relatado alhures, a parte autora postula alimentos em
quantia correspondente a 40% (quarenta por cento) do salário-mínimo, acrescidos de 50%
(cinquenta por cento) das despesas com a menor, tais como saúde, roupas, calçados,
mensalidade e material escolar, bem como atribuída guarda compartilhada, adotando-se como lar
de referência o materno e a regulamentação de visitas. O requerido, a seu turno, conquanto tenha
sido regularmente citado na espécie, não apresentou defesa nos autos, não se acusando aqui,
ademais, nenhuma prova documental a permitir identificar com precisão sua capacidade
contributiva.
No tocante, é bem verdade que, em linha de princípio, a revelia do promovido não induz
automaticamente ao acolhimento integral da pretensão inicial, haja vista que, nos termos do que
dispõe o inciso II, do art. 345 do Código de Processo Civil, o efeito material mais sobressalente do
instituto – qual seja, a presunção de veracidade das questões de fato sustentadas pela parte
autora na petição inicial – não incide nos litígios que versem sobre direitos indisponíveis, assim
compreendidos aqueles que não se pode renunciar ou alienar, como é justamente o caso do
direito aos alimentos. Nada obstante isso, não se pode olvidar que as necessidades da menor
aqui em evidência são presumidas, não se admitindo, outrossim, que seja ela prejudicada com a
fixação de um pensionamento inferior apenas por conta da desídia do promovido em permitir a
este juízo conhecer sua capacidade contributiva. Impõe-se, portanto, a fixação de alimentos
definitivos no mesmo patamar fixado em sede provisória, sobretudo porque razoável e adequado
Superado o exame das questões relacionadas aos alimentos devidos à menor, há que
se dirimir então o segundo ponto da lide aqui encetada, qual seja, a definição de sua guarda e do
regime de convivência paterno-filial. Neste ponto, o acolhimento da pretensão exordial é medida
que se impõe, haja vista que, desde o advento da Lei n.º 13.058/2014, o compartilhamento da
guarda dos filhos menores entre ambos os genitores tornou-se a regra geral do sistema jurídico
brasileiro, devendo o magistrado, sempre que possível e de forma prioritária – e à vista das
condições fáticas de viabilidade presentes no caso concreto –, disciplinar a custódia dos filhos de
modo a assegurar-lhes uma convivência simultânea, concomitante e plena com ambos os
genitores, partilhando, assim, do cotidiano dos lares tanto do pai quanto da mãe.
Nos termos do art. 85, §2º do Código de Processo Civil, condeno o requerido às custas
processuais e honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento) do valor da condenação.
Assinado digitalmente, nos termos do art. 1º, §2º, III, A da Lei 11.419/06.
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