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Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso

PJe - Processo Judicial Eletrônico

09/08/2021

Número: 1000484-38.2021.8.11.0015
Classe: DIVÓRCIO LITIGIOSO
Órgão julgador: VARA ESPECIALIZADA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DE SINOP
Última distribuição : 16/01/2021
Valor da causa: R$ 250.000,00
Assuntos: Alimentos, Guarda, Dissolução
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ROSELENI SPIER LAUERMANN (REQUERENTE) DAYANE DIAS DA SILVA (ADVOGADO(A))
ANILDO ROQUE LAUERMANN (REQUERIDO) LEDOCIR ANHOLETO (ADVOGADO(A))
FLAVIO AMERICO VIEIRA (ADVOGADO(A))
MINISTÉRIO PÚBLICO DE MATO GROSSO (CUSTOS LEGIS)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
61481 26/07/2021 17:46 Família - Anildo Manifestação
726
EXCELENTÍSSIMO(a) SENHOR(a) DOUTOR(a) JUIZ(a) DE DIREITO
DA 5ª VARA CÍVEL – FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE SINOP
- ESTADO DE MATO GROSSO.

Autos nº 1000484.38.2021.811.0015

Anildo Roque Lauermann, brasileiro, convivente, autônomo,


portador do RG nº 12R1389071 SSI/SC, inscrito no CPF/MF sob o nº 477.122.109-
00, residente e domiciliado na Rua Porto Alegre do Norte, Jardim Campo Verde,
vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, através de seu procurador e
advogado, adiante assinado, profissional com Escritório na Rua das Castanheiras, nº
247, centro, em Sinop, Mato Grosso, onde recebe intimações, notificações e
publicações, tempestivamente, apresentar sua CONTESTAÇÃO, em relação à
ação supramencionada, e o faz com fundamento nas razões de fato e de direito que
passa a expor para ao final pedir.

I) - DOS FATOS:

Ingressou a autora com Ação de Divórcio Litigioso c/c Liminar de


Arrolamento de Bens c/ Pedido de Partilha e Guarda da menor, visando a divisão
dos bens adquiridos pelo casal na constância do casamento, bem como o condenação
do requerido ao pagamento de alimentos, uma vez tratar-se a requerente de menor
púbere, não possuindo meios para manter sua subsistência.

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Em sua fantasiosa inicial, alegou a requerente ter convivido maritalmente
com o requerido por 31 anos, casamento sob o regime de comunhão parcial de bens.
Que com o passar do tempo, a relação foi se desgastando, sendo que após passar por
violência doméstico, o requerido acabou saindo de casa e levando seus pertences,
deixando-a em estado de miserabilidade.

Que encontra-se com problemas de saúde e traumas psicológicos,


resultantes da relação conturbada vivida com o requerido. Que sempre tiveram um
bom padrão de vida, tanto é verdade, que a autora nunca procurou se qualificar,
somente se dedicando aos afazeres domésticos. Que o requerido possui uma fábrica
de móveis de madeira.

Que da referida união, resultaram três filhos, sendo dois maiores e a


menor impúbere. Que sempre possuíram um bom padrão de vida, sempre bancado
pelo requerido, o qual era responsável pela vida financeira da família.

Atualmente, a autora não possui renda e não está trabalhando, devido ao


seu estado de saúde. Que necessita dos alimentos para bancar o sustento e despesas
da casa, bem como o custeio dos medicamentos, uma vez que o requerido, após a
separação de fato, ficou com a posse e a administração dos bens do casal.

Pugnou pela concessão de alimentos provisionais, uma vez que não


possui condições de trabalhar e necessita manter as despesas do lar, informando ainda
que o requerido possui renda mensal superior a R$ 20.000,00. Sustentou a
comprovação do fumus boni iuris e o periculum in mora, quanto aos alimentos
provisionais para si.

Pugnou pela concessão da guarda unilateral da filha menor, enfatizando


a inviabilidade, diante de toda a situação vivenciada pelo casal, do estabelecimento da
guarda compartilhada.

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Informou acerca das atitudes do requerido, as quais caracterizam caso
típico de alienação parental quanto à autora e sua filha, eis que está denegrindo a
imagem da autora para a filha, bem como condicionando o pagamento do valor da
pensão mensal à menor, provocando, dessa forma, desavenças entre a autora e a
menor.

Que o requerido nunca aceitou realizar o divórcio consensualmente, tão


pouco a partilha dos bens, sendo que vinha pagando um valor irrisório a título de
pensão. Que desde o mês de abril de 2020, deixou de contribuir com o valor da
pensão da menor. Que a menor passar por um tratamento acerca de controlar o
Transtorno de Déficit de Atenção Hiperativa (TDAH) e diabetes, necessitando dos
valores devidos à consultas e à alimentação controlada em função do diabetes. Assim,
pugnou pela fixação dos alimentos ao montante de dois salários mínimos vigentes,
levando-se em consideração a média dos rendimentos mensais percebidos pelo
requerido.

Pugnou em tutela de urgência o afastamento do requerido da autora,


bem como o bloqueio dos bens ora indicados na inicial, os quais teriam ficado em
poder do requerido. Da mesma forma, informou que não possui acesso às eventuais
dívidas e débitos realizados pelo requerido, pugnando pela intimação do mesmo para
que traga aos autos os valores e documentos inerentes às supostas dívidas,
devidamente com sua respectiva comprovação.

Em r. despacho singular, o nobre Juiz, acabou deferindo a justiça gratuita


à autora, bem como determinou o pagamento de pensão alimentícia à menor, no
percentual de 120% do salário mínimo vigente, sendo pagos até o dia 10 de cada mês.
Ainda, ante as alegações da parte autora, quanto à privação dos bens materiais
amealhados pelo casal durante o casamento, bem como pelo fato do requerido estar
usufruindo dos bens, principalmente a administração na fábrica de móveis,

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determinou o pagamento de prestação pecuniária no valor mensal de dois salários
mínimos vigentes, devidos a partir da citação até a efetiva partilha dos bens.

Acabou por fim o nobre magistrado, por indeferir o pleito de alimentos


provisionais à autora, bem como ao pleito de participação dos lucros da empresa,
determinando, contudo, o arrolamento dos bens descritos na inicial.

No mais, acabou por designar audiência de tentativa de conciliação, com


a consequente citação/intimação do requerido. Realizada a audiência de tentativa de
conciliação, esta restou inexitosa, motivo pelo qual, tempestivamente, apresenta o
requerido sua defesa em relação aos fatos e aos fundamentos constantes na inicial,
bem como em relação à impugnação aos documentos retro.

Assim, restam integralmente contestados e impugnados os pedidos


constantes na inicial, pugnando pela improcedência total do feito, a saber:

II) - DO DIREITO:

Inicialmente, o requerido refuta efetivamente as alegações expostas pela


autora em sua inicial, aduzindo de imediata, a inverdade quanto aos fatos e às
alegações expostas na inicial.

O casal, ora divorciando, está separado de fato há mais ou menos três


anos e três meses, cuja separação fática ocorreu em função do desgaste natural do
relacionamento e pelas atitudes cometidas pela autora, a qual movida por ciúmes
doentio, sempre acusava o requerido de estar se relacionado com outras mulheres.

Assim, em comum acordo, até para tentar melhorar a relação entre


ambos e perdurar o casamento, resolveram adotar a filha menor, sendo devidamente
registrada posteriormente em nome de ambos. Contudo, a relação entre ambos foi
esfriando, o que acabou com a separação fática do casal.

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Importante ressaltar que desde a separação fática do casal, o requerido
sempre buscou uma solução amigável visando a divórcio e a divisão dos bens. No
entanto, devido às atitudes cometidas pela autora, até o presente momento não foi
possível a solução instada entre as partes.

Tal alegação se verifica, ante a juntada de cópia do termo de sessão de


mediação, ocorrido em data de 04/12/2019, perante o CEJUSC, cujo termo restou
infrutífero, uma vez que a autora recusou a proposta formulada. Ainda, os
manuscritos, ora colacionados, comprovam a relação de bens e as propostas
formuladas pelo requerido, todas recusadas pela autora.

Portanto, ficam integralmente impugnadas e contestadas as alegações


perpetradas pela autora em sua inicial quanto à demora visando a solução do
presente e a tentativa amigável de divórcio e divisão dos bens.

A) - Da Guarda da menor e pensão alimentícia:

Excelência, diferentemente do alegado pela autora, o requerido nunca


deixou de contribuir com a pensão alimentícia à menor, tendo quitado o valor mensal
de R$ 300,00 (trezentos reais), mensais conforme comprovam os recibos em anexo,
devidamente assinados pela autora.

Ainda, o requerido sempre ajudou a menor adquirindo os materiais


escolares, pagando despesas de roupas e uniformes, aquisição de remédios e
atendimento médico. Dessa forma, fica inteiramente impugnada e contestada a
alegação da autora.

No mais, resta integralmente contestada e impugnada a alegação


perpetrada pela autora quanto à situação financeira do requerido. Excelência, o
requerido não possui a mínima condição de arcar com o valor mensal da pensão
alimentícia fixada por vossa Excelência, sem prejuízo de seu sustento e até porque, o

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rendimento mensal e lucro líquido do requerido com sua pequena marcenaria, não
chega ao montante mensal de quatro salários mínimos vigentes.

Conforme documentos e comprovantes, o requerido possui uma


pequena marcenaria de fundo de quintal, fabricando móveis que são vendidos para
lojas de móveis usados, conforme comprovam as fotografias juntadas pela própria
autora.

O requerido sequer possui empresa constituída, laborando na


clandestinidade, sendo inclusive autuado pelo Ministério Público do Trabalho,
conforme notificação em anexo e Termo de Ajuste de Conduta firmado.

Assim, o requerido não possuí as mínimas condições financeiras de arcar


com o valor dos alimentos provisionais ora fixados à filha menor. O requerido
contesta veementemente o valor ora fixado ao patamar de 120% sobre o valor do
salário mínimo vigente. Conforme consta dos autos, o requerido possui uma
pequena marcenaria de fundo de quintal, tendo ainda um único colaborador que o
auxilia na confecção dos móveis rústicos.

A renda média mensal líquida do requerido não passa de quatro salários


mínimos. O requerido não pode arcar com o valor fixado pelo nobre magistrado
singular.

Por fim, faz-se necessário citar o artigo 1.694 do Novo Código Civil, o
qual estatui:

“Art. 1.694 - Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros


pedir uns aos outros os alimentos de que necessitam para viver de
modo compatível com a sua condição social, inclusive para
atender as necessidades de sua educação.”

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“Parágrafo primeiro - Os alimentos devem ser fixados na
proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada.”

Desse modo Excelência, o direito assiste ao requerido, o qual não possui


no momento, condições financeiras de arcar com o valor da pensão alimentícia ora
fixado previamente.

E mais, levando-se em consideração a lei pátria e a jurisprudência


dominante, há que se frisar que os alimentos devem ser fixados de acordo com o
binômio, necessidade e possibilidade, ou seja, não podem ser fixados em valores
elevados que sacrifiquem demasiadamente ao alimentante, como o caso em tela, bem
como não podem ser fixados em valores irrisórios, os quais não atendem as
necessidades do alimentado. Portanto, justa a redução e fixação para o patamar de
50% do valor de um salário mínimo mensal, a título de pensão alimentícia, valor este
que supre as necessidades da menor/alimentada e não onera demasiadamente ao
requerido. Nesse sentido, colaciona-se o seguinte julgado, in verbis:

“CIVIL E PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


DEFENSORIA PÚBLICA. PRAZO EM DOBRO. FIXAÇÃO DE
PENSÃO ALIMENTÍCIA. REQUERIMENTO DE REDUÇÃO.
ALEGAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO. 1.
CONTA-SE EM DOBRO O PRAZO PARA A PARTE
ASSISTIDA PELOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA
DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS INTERPOR
RECURSO. DETERMINAÇÃO CONTIDA NO § 5º, DO ART. 5º
DA LEI N. 1.060/50, BEM COMO NO INCISO I DO ART. 89,
DA LEI COMPLEMENTAR N. 80/97. 2. PARA A FIXAÇÃO
DOS ALIMENTOS HÁ DE SE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO

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AS CONDIÇÕES SOCIAIS DA PESSOA QUE PLEITEIA OS
ALIMENTOS E A CAPACIDADE FINANCEIRA DO
ALIMENTANTE, PARA QUE ESTE POSSA FORNECÊ-LOS
SEM PRIVAÇÃO DO NECESSÁRIO PARA SEU SUSTENTO. 3.
OBSERVANDO QUE O RECORRENTE REQUEREU EM
AUDIÊNCIA A FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS
EM VALOR SUPERIOR AQUELE INDICADO COMO
PERCEBIDO MENSALMENTE COMO VENDEDOR
AMBULANTE DE CACHORRO QUENTE, BEM COMO POR
NÃO TER COMPROVADO ESTAR PAGANDO PENSÃO
ALIMENTÍCIA A OUTRO FILHO, EIS QUE CERTIDÃO DE
NASCIMENTO NÃO COMPROVA PENSIONAMENTO, A
REDUÇÃO NOS MOLDES REQUERIDOS NÃO MERECE
PROSPERAR. 4. NÃO COMPROVADA A REAL SITUAÇÃO
FINANCEIRA DO GENITOR DO MENOR, TANTO QUE O
MINISTÉRIO PÚBLICO REQUEREU A QUEBRA DE SIGILO
FISCAL DO RECORRENTE E DA SOCIEDADE DA QUAL
PARTICIPA, TAMBÉM POR CONSIDERAR SER DEVER DOS
PAIS, EM CONJUNTO, CONTRIBUÍREM PARA O
SUSTENTO DOS FILHOS, E, AINDA, ATENTO AO
BINÔMIO NECESSIDADE E POSSIBILIDADE, TENHO
COMO JUSTA A REDUÇÃO DOS ALIMENTOS PARA 3
(TRÊS) SALÁRIOS MÍNIMOS. AGRAVO PARCIALMENTE
PROVIDO. DECISÃO: CONHECER. DAR-SE PARCIAL
PROVIMENTO. UNÂNIME. INDEXAÇÃO: PROCEDÊNCIA,
REDUÇÃO, ALIMENTOS PROVISIONAIS, OBSERVÃNCIA,
CAPACIDADE ECONÔMICA, ALIMENTANTE,
NECESSIDADE, MENOR. SEGREDO DE JUSTIÇA.”(Tribunal

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de Justiça do Distrito Federal - PROCESSO: AGRAVO DE
INSTRUMENTO 20020020081038AGI DF - ACÓRDÃO: 169395 -
ÓRGÃO JULGADOR: 3a Turma Cível DATA: 24/02/2003).

Portanto Excelência, com base na argumentação apresentada e na


documentação acostada à presente, bem como na legislação e jurisprudências
colacionadas, resta perfeitamente demonstrado o direito do requerido à redução da
prestação alimentícia ora fixada previamente, dignando-se em determinar o percentual
de 50% sobre o valor de um salário mínimo mensal, a título de alimentos para à
menor impúbere.

No mais, em relação à guarda da menor, o requerido não se opõe que a


mesma seja fixada de forma compartilhada, fixando-se como residência da menor, a
residência da autora, resguardando-se ao requerido, o direito de visitas e de ficar com
a menor nas férias escolares e festas de final de ano, nos termos da legislação pátria.

Restam devidamente contestadas as alegações quanto à possível


alienação parental, sendo certo que o requerido jamais cometeu os atos descritos na
inicial em relação à pessoa da autora, muito menos de que não estava pagando
pensão alimentícia em função das atitudes da autora, quiçá as estórias no intuito de
provocar desavenças entre a menor e a autora.

Também, restam devidamente impugnadas e contestadas as alegações


perpetradas pela autora, quanto ao suposto uso de entorpecentes pela atual
companheira do requerido. São inverídicas e mentirosas referidas alegações, uma vez
que foram inventadas pela autora pelo fato de não se conformar que o requerido
esteja convivendo com outra pessoa e por sinal bem mais jovem que ambos.

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B)- Da Prestação Pecuniária ora fixada:

Excelência, com o devido respeito, não pode o requerido conformar-se


com a fixação do valor de dois salários mínimos ora fixados quanto a prestação
pecuniária a ser paga mensalmente à autora, em função da administração e utilização
da referida fábrica de móveis.

Vossa Excelência assim assinalou na r. decisão:

“Destarte, não havendo no momento como aferir um valor preciso


da proporção real dos frutos e rendimentos gerados pelo
patrimônio comum, todavia existindo prova suficiente de
patrimônio, constatado pela documentação acostada à inicial, tem-
se que minimamente possível e coerente a fixação de prestação
pecuniária no valor mensal de 02 (dois) salários mínimos vigente,
devidos a partir da citação até a efetiva partilha dos bens...”

Como dito acima e devidamente comprovado por documentos, o lucro


líquido do requerido, com a pequena marcenaria não chega a quatro salários mínimos
vigentes, sendo, portanto, impossível de arcar com o valor fixado por Vossa
Excelência.

Não há qualquer prova na inicial que possa efetivamente comprovar e


demonstrar que o requerido venha a auferir o valor de faturamento descrito na inicial.
O faturamento bruto mensal na pequena marcenaria do requerido, não chega ao
valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), sendo que os balcões, armários, roupeiros,
gaveteiros, entre outros bem, ora fabricados pelo requerido, são vendidos por valores
irrisórios (balcão a R$ 300,00 e guarda roupas a R$ 600,00), levando-se em

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consideração a qualidade dos meterias e bens. As peças fabricadas, conforme dito,
são vendias em lojas de móveis usados.

Também, devem ser considerados os custos com a aquisição da madeira,


para confecção, materiais para confecção e pintura, energia elétrica e mão-de-obra dos
colaboradores, conforme recibos juntados, os quais sequer possuem registro em
CTPS.

Assim, o custo mensal na pequena marcenaria do requerido, gira em


torno de R$ 11.000,00 (onze mil reais), restando um saldo líquido de R$ 4.000,00
(quatro mil reais), isso quando não ocorrem atrasos no pagamento e inadimplências.

Dessa, forma, pugna pela revogação da r. decisão que acabou por deferir
e fixação o valor da prestação pecuniária sobre os rendimentos auferidos com a
pequena marcenaria do requerido.

C) Da Pensão mensal para a cônjuge:

Embora Vossa Excelência, tenha sabiamente indeferido o pleito quanto


à fixação de pensão para a autora, o requerido, contesta integralmente o pedido
formulado pela autora, sendo certo que a mesma é pessoa jovem e com formação
superior em psicologia. Inverídica a informação de que sempre tenha se dedicado ao
lar aos cuidados dos filhos.

Como dito, a autora possui formação superior, diferentemente do


requerido, podendo perfeitamente exercer sua profissão em áreas voltadas à
psicologia. Além do mais, a autora é pessoa jovem, possuindo plena capacidade para
laborar. Desta feita, o pedido quanto à fixação de alimentos, é totalmente

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contestado, devendo ser mantido o indeferimento apontado na r. decisão judicial.
Nesse sentido:

“DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. ALIMENTOS PARA


EX-MULHER. FIXAÇÃO PROVISÓRIA. DESCABIMENTO.
AUSÊNCIA DE NECESSIDADE. 1. Como a autora é jovem ainda
e trabalha, descabe fixar alimentos em favor dela, pois não
necessita do amparo do varão para se manter. 2. A lei contempla o
dever de mútua assistência e não o direito do ex-cônjuge de ser
sustentado pelo outro. Recurso provido. (Agravo de Instrumento
Nº 70061123105, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em
15/10/2014).” – TJ RS - Agravo de Instrumento AI 70061123105 RS
(TJ-RS) Data de publicação: 21/10/2014.”

“DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. ALIMENTOS PARA


EX-MULHER. FIXAÇÃO PROVISÓRIA. DESCABIMENTO.
AUSÊNCIA DE NECESSIDADE. 1. Considerando que a autora é
jovem ainda e apta ao trabalho, e inclusive trabalhava durante o
período em que perdurou a união estável, nada havendo que a
impossibilite de exercer atividade laboral, descabe fixar alimentos
em favor dela, pois não necessita do amparo do varão para se
manter. 2. A lei contempla o dever de mútua assistência e não o
direito do ex-cônjuge de ser sustentado pelo outro. 3. Descabe a
expedição de ofício solicitando cópia de operações bancárias
quando a própria parte é também titular das contas bancárias. 3. É
vago, desnecessário e descabido, ao menos neste momento, o
pedido de expedição de ofício ao Banco Central para pedir

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informações sobre todas as contas bancárias existentes em nome
do varão ou da empresa dele. 4. Mostra-se descabido o pedido de
bloqueio das contas pessoais e da empresa do varão, diante do
risco de inviabilizar o curso da atividade profissional dele, não
havendo motivo ponderável para tal providência enérgica, como
também para inspeção dos veículos, pois não há prova alguma de
desvio de valores ou dilapidação de bens. Recurso desprovido.
(Agravo de Instrumento Nº 70060540424, Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de
Vasconcellos Chaves, Julgado em 30/07/2014)” TJ RS - Agravo de
Instrumento AI 70060540424 RS (TJ-RS) Data de publicação:
01/08/2014.”

D) Das dívidas contraídas pelo casal:

A autora, com o devido respeito, pretende somente dividir os bônus


e/ou seus resultados, não querendo saber acerca dos ônus.

Conforme documentos juntados, existem débitos relativos à aquisição


de bens e insumos utilizados na confecção dos móveis e débitos para com
fornecedores, conforme relatório e extrato junto à Casa do Marceneiro, cujos valores
totalizam o montante de R$ 24.344,17 (vinte e quatro mil, trezentos e quarenta e
quatro reais e dezessete centavos).

E mais, conforme relatório fornecido pela empresa MCK


Empreendimentos imobiliários Ltda., existe um saldo total no valor de R$ 88.891,55
(oitenta e oito mil, novecentos e noventa e um reais e cinquenta e cinco centavos),
relativamente à aquisição do Lote 15, da Quadra 15, com 300,00m2, ora descrito
como item 2, do Tópico 4, da inicial.

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Outrossim, o valor da parcela atual, em R$ 772,97 (setecentos e setenta e
dois reais e noventa e sete centavos), vem sendo quitado mensalmente somente pelo
requerido.

O financiamento do veículo GM/Prisma Joy, placas ARN2427, junto à


BV Financeira, item como descrito 4, do Tópico 4, da inicial, restando ainda o
pagamento de 22 parcelas no valor total de R$ 10.062,00 (dez mil, e sessenta e dois
reais).

Por fim, existem pendências tributárias e fiscais a serem apuradas junto


ao Fisco Federal, Estadual e Municipal, relativamente à empresa MARFIN MÓVEIS
E MADEIRAS LTDA, CNPJ/MF sob o nº 02.368.396/0001-50, estando atualmente
inapta e inativa, além de contribuições previdenciárias pendentes perante o INSS, a
serem levantadas perante referidos órgãos.

Todas as referidas dívidas e débitos, deverão ser rateados de forma


igualitária entre o casal divorciando, eis que contraídos na constância da união e
revertidas ao casal, devendo ainda, serem considerados os valores pagos e que vem
sendo quitados exclusivamente pelo requerido (imóvel urbano e veículo) e abatidos
quanto aos valores dos bens e sua divisão.

E) Dos bens e sua divisão:

Por fim, quando aos bens amealhados pelo casal na constância da união
e sua consequente divisão, restam os mesmos efetivamente contestados conforme a
seguir exposto.

A autora, sem qualquer prova documental, apenas por intermédio de


suas alegações e falácias, amealhou a quantidade de bens, os quais supostamente
teriam sido adquiridos pelo casal e que estariam na posse e administração do
requerido, todos descritos no Tópico 4, itens 1 a 10 da petição inicial.

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Assim, ficam integralmente contestados e impugnados.

a)- quando ao imóvel descrito no item “1” do Tópico “4”, da inicial, ou


seja, um imóvel situado no Loteamento Campo Verde, Quadra 04, Lote 11, com área
de 2.000,00m2, em Sinop/MT, devidamente registrado sob matrícula nº 60.658, do 1º
CRI, o referido bem encontra-se edificado com o imóvel em que o casal residia e
com a pequena fábrica de móveis em que o requerido labora. Conforme comprovam
as fotografias em anexo, a autora permaneceu residindo no imóvel do casal, e o
requerido passou a residir na sua pequena marcenaria, edificada sobre a outra parte do
imóvel. O requerido sempre propôs a divisão igualitária do imóvel, permanecendo a
autora com a quantidade de 1.000,00m2 onde encontra-se edificada a casa residencial
e o requerido com a quantidade de 1.000,00m2 onde encontra-se edificada a
marcenaria. Contudo, a autora nunca aceitou um acordo em relação à divisão do
imóvel;

b)- quanto ao imóvel descrito no item “2”, do Tópico “4”, da inicial, ou


seja, imóvel urbano, situado no Residencial Araguaia, em Sinop/MT, com área de
300,00m2, localizado na Quadra 15, Lote 15, o mesmo encontra-se registrado em
nome da Loteadora MCK Empreendimentos Imobiliários, possuindo apenas a posse
precária, não contendo qualquer edificação, com um saldo devedor no valor de R$
88.891,55 (oitenta e oito mil, novecentos e noventa e um reais e cinquenta e cinco
centavos), com parcelas mensais no valor de R$ 772,97 (setecentos e setenta e dois
reais e noventa e sete centavos), vencíveis até 25/01/2031;

c)- quando ao veículo descrito no item “3”, Tópico “4”, da inicial,


sendo caminhonete Ford F1000, HSD XL, ano 1997, placas KAQ-8990, cor azul, o
mesmo foi vendido pelo valor de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais), ainda quando o
casal convivia sob o mesmo teto, sendo certo que a autora negou-se em assinar o
documento e o recibo de transferência do veículo, uma vez que constava registrado
em seu nome. O requerido emitiu a nota promissória no valor de R$ 8.000,00 (oito

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mil reais), e repassou a mesma à autora, sendo certo que referido valor deverá constar
no acerto e ajuste quanto aos bens. Refutada totalmente a alegação de que o requerido
tenha vendido o bem sem o aval e consentimento da autora, muito menos de que
tenha invadido a residência para pegar o documento do veículo. Referida alegação não
passa de um devaneio da autora, restando integralmente refutada pelo requerido;

d)- quanto ao veículo descrito no item “4”, do Tópico “4”, da inicial,


sendo veículo GM/Prisma Joy, ano 2009/2010, placas 2427, na cor vermelham
conforme acima indicado, referido veículo é financiado junto à BV Financeira, sendo
que o financiamento vem sendo quitado somente pelo requerido. O valor do referido
bem e do financiamento existente sobre ele, deverá ser igualmente partilhado pelas
partes;

e)- quanto ao veículo descrito no item “5”, do Tópico “4”, da inicial,


sendo veículo VW/Gol bola, ano 1996, na cor vermelha, o mesmo não existe, não é e
nunca foi de propriedade do requerido, restando integralmente contestada a
existência do bem e a propriedade por parte do requerido. Aliás, não há qualquer
documento acostado aos autos que comprove eventual propriedade do bem por parte
do requerido;

f)- quanto ao veículo descrito no item “6”, do Tópico “4”, da inicial,


sendo motocicleta Biz 125, na cor azul, o mesmo não existe, não é e nunca foi de
propriedade do requerido, restando integralmente contestada a existência do bem e a
propriedade por parte do requerido. Aliás, não há qualquer documento acostado aos
autos que comprove eventual propriedade do bem por parte do requerido;

g)- quanto ao veículo descrito no item “7”, do Tópico “4”, da inicial,


sendo veículo Ford/Focus 1.6L, ano 2005/2006, placas KAF-5635, na cor preta, o
mesmo é de propriedade do filho do casal, Mychel Adriano Laurmann, sendo que o
bem não deverá integrar a divisão. O veículo é de propriedade e está na posse do filho
do casal divorciando;

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h)- quanto ao veículo descrito no item “8”, do Tópico “4”, da inicial,
sendo motocicleta XTZ, o mesmo não existe, não é e nunca foi de propriedade do
requerido, restando integralmente contestada a existência do bem e a propriedade por
parte do requerido. Aliás, não há qualquer documento acostado aos autos que
comprove eventual propriedade do bem por parte do requerido. Também fica
contestada a estapafúrdia alegação de que o bem foi adquirido para presentar uma
“amante”.

i)- quanto ao veículo descrito no item “9”, do Tópico “4”, da inicial,


sendo motocicleta CG Titan Fan 150ESDI, ano 2014/2014, placa NJW-7074,
referido bem foi entregue à douta advogada que assina a inicial, com aval e ciência de
ambas as partes, a fim de pagar seus honorários cobrados para intermediação de
acordo. Tanto é verdade, que a própria subscritora menciona que o bem não
encontra-se com qualquer das partes e está registrado em nome de terceiros. Assim,
não há que se falar em divisão do bem, o qualquer foi entregue e encontra-se na
posse da douta advogada subscritora da inicial;

j)- por fim, em relação ao bem descrito no item “10”, do Tópico “4”, da
inicial, sendo 99% das quotas capital da empresa MARFIM MÓVEIS DE
MADEIRA, depreende-se que referida empresa foi devidamente baixada junto à Junta
Comercial/MT e RFB, constando inclusive como INAPTA, conforme comprovante
em anexo. A empresa não está ativa há muito tempo, possuindo somente pendências
tributárias junto ao Fisco Federal, Estadual e Municipal, além de pendências relativas
às contribuições previdenciárias.

Em assim, sendo ficam integralmente refutadas as alegações e falácias


descritas na inicial pela autora, pugnando pela improcedência integral do feito.

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III) - DO REQUERIMENTO:

Ante todo o exposto, requer se digne Vossa Excelência receber a


presente contestação, juntando-a aos autos, e, em ato contínuo, julgar improcedente o
feito, nos termos da fundamentação retro, reconhecendo-se e declarando-se o
divórcio do casal e sua consequente averbação junto ao respectivo registo; a fixação
dos alimentos à menor, em percentual de 50% sobre o valor de um salário mínimo e a
divisão igualitária da dívidas e dos bens ora descritos na contestação;

Requer ainda, a revogação da r. decisão quanto à fixação de prestação


pecuniária em favor da autora, uma vez que devidamente comprovado que o
requerido não aufere renda mensal líquida para fazer frente aos referidos valores ora
fixados. A improcedência quanto à fixação de alimentos à autora.

Requer ainda, em sendo decretada a improcedência do feito, seja a autora


condenada ao pagamento das custas processuais e dos honorários de advogado;

Outrossim, caso Vossa Excelência entenda necessária dilação probatória,


requer desde já o deferimento de todas as provas em direito admitidas, em especial a
documental já acostada, depoimentos pessoais das partes e demais, testemunhas e as
provas que se fizerem necessárias, as quais desde já, ficam requeridas.

Nesses termos,

Pede deferimento.

Sinop, Mato Grosso, 26 de julho de 2021.

Ledocir Anholeto

OAB-MT nº 7.502-B

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