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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO

DA VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DO FÓRUM


DESCENTRALIZADO DO CIC - DA COMARCA DE CURITIBA - PR

PAULO ALESSANDRO ALVES DA SILVA, brasileiro,


casado, autônomo, portador do RG sob o nº. 4.248.656-4
SSP/SC e no CPF nº. 046.325.669-77, residente e
domiciliado na Rua João Falarz, nº 1279, andar1, CEP
81.200-270, bairro Cidade Industrial de Curitiba – PR, vem
por intermédio de sua advogada, com procuração em
anexo, vem, respeitosamente perante à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 226, § 6º, da Constituição
Federal, propor

AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO C/C ALIMENTOS E


REGULAMENTAÇÃO DE GUARDA E VISITAS

em face de CAMILA DVULHATKA, brasileira, casada,


autônoma, portadora do Rg nº. 10.064.583-1 SSP/PR e no
CPF nº. 067.958.029-81, residente e domiciliada na Rua
Angelo Piotto, nº 8, MD 02, bairro Cidade Industrial de
Curitiba – PR, CEP 81.280-320, pelos motivos de fato e de
direito a seguir expostos:

I – DOS FATOS
O Requerente e a Requerida casaram-se, sob o regime da comunhão
parcial de bens, em onze de fevereiro de 2008, conforme certidão de casamento
em anexo.

Na constância do matrimônio os consortes adquiriram onerosamente um


veículo automotor HONDA/CIVIC LXS FLEX, ano/modelo 2008, RENAVAN
00958873470, uma motocicleta JTA/SUZUKI GSXR1000, ANO/MODELO
2003, RENAVAN 00813524199 e uma motocicleta YAMAHA/XT 600 E,
ano/modelo 1998, RENAVAN 00705786587 e alguns bens móveis que
guarneciam a residência em que moravam. Entretanto, o requerente se vê
impossibilitado em descrever minuciosamente esses bens, haja vista que todos
eles ficaram em posse da requerida.

Ainda enquanto perdurava a união o casal teve um filho, THIAGO


DVULHATKA DA SILVA, nascido aos oito dias de julho do ano de dois mil e
oito, conforme certidão de nascimento em anexo, e que atualmente encontra-se
sob a guarda fática da requerida.

Ocorre que a Requerida, há anos, vem descumprindo com suas obrigações


relativas ao companheirismo, afetividade, boa convivência, causando
provocações, demonstrando alto grau de agressividade, entre outras diversas
incumbências que foram piorando o convívio entre os ex-corsortes.

Dado a negativa da requerida em conceder o divórcio consensual, não


restou ao requerente outra alternativa senão socorrer-se ao Judiciário para
conseguir o divórcio litigioso.

II – DO DIREITO

II.1 – Do Divórcio
A questão ora em debate não comporta maiores digressões, pois desde que
a EC 66/2010 alterou § 6º, do artigo 226, da Constituição Federal, o divórcio
passou a ser um direito potestativo, condicionando-se tão-somente ao
requerimento de uma das partes.

Com efeito, antigos requisitos para a possibilidade do divórcio, tais como


culpa, lapso temporal, prévia separação, dentre outros, deixaram de ser exigidos,
de modo que atualmente para que haja o divórcio é necessário apenas a
existência de um casamento válido e a vontade de um dos cônjuges em dissolver
a sociedade conjugal.

Destarte, sendo requerido e requerente casados (certidão de casamento em


anexo), e uma vez que este demonstra sua vontade em divorciar-se daquela, e
com fundamento no artigo 226, § 6º, da Constituição Federal C/C artigo 1.571,
IV, do Código Civil, o deferimento do pedido de divórcio é medida se impõe,
uma vez que não há nada que obste o exercício do direito POTESTATIVO
da autor.

II.2 – Da Partilha de Bens

Conforme mencionado anteriormente, o casal adquiriu onerosamente bens


na constância do matrimônio, mas o requerente não pode descrevê-los, uma vez
que quase na totalidade do patrimônio constituído ficou em poder da Requerida,
impossibilitando, por ora, a partilha de bens.

Nada obstante, a ausência de partilha de bens não pode impedir o divórcio,


conforme preceituam a súmula 197 do Superior Tribunal de Justiça e o artigo
1.581 do Código Civil.
Deste modo, a partilha de bens deve ser postergada para juízo sucessivo
da execução ou em Ação própria de partilha de bens, oportunidade em que a
instrução probatória possibilitará a regular divisão dos bens entre os ex-
consortes.

2.3 – Da Guarda

Tendo em vista que na guarda o interesse do menor é priorizado –


interpretação do artigo 6º do ECA – e em consonância com o artigo 28, § 3º, do
mesmo diploma legal, viceja o melhor juízo no sentido da menor permanecer
residindo com sua genitora.

Nesta seara, a guarda compartilhada descrita no artigo 1.583, § 1º, parte


final, do Código Civil, é, a princípio, a que melhor atende os interesses da menor
no caso em comento.

Outrossim, desde a separação de fato a Requerida manteve a guarda fática


do menor, razão pela qual a manutenção desta com sua genitora é a medida que
melhor atenderá os interesses da adolescente, haja vista que ele ficará na mesma
residência e permanecerá convivendo diariamente com sua mãe, num ambiente
em que já está acostumado. Haja vista que o Requerente almeja o melhor para o
seu filho.

Por fim, de salutar importância delinear o direito de visita do Requerente.


E aqui, embora não seja errado dizer que o pai visitará o filho por ser um direito
dele, há de se ressaltar que muito maior que o direito de visita é o direito do
adolescente em conviver harmoniosamente com seu pai.

Assim, com o escopo de atender o interesse do menor, deverá ele


permanecer durante a semana com a Requerida, ficando reservado ao Requerente
o direito de ficar com o filho em finais de semana alternados, bem como em
quaisquer outros dias do ano, desde que previamente acordado com a Requerida.
Deste modo, com fulcro no artigo 1.584, I, do Código Civil, requer o
Autor que o filho do ex-casal fique sob s guarda na modalidade compartilhada,
com a residência fixa com a Requerida, podendo o Requerente manter convívio
com o menor.

II.4 – Dos Alimentos

Primeiramente, faz-se necessário elucidar que nada obstante a Ação de


Alimentos ter rito especial diverso da Ação de Divórcio, e a titularidade dos
alimentos que ora se pleiteia seja do filho do requerente, visando atender aos
princípios processuais da economia e da celeridade, a cumulação desses dois
pedidos não pode ser obstada.

Corroborando com os princípios processuais supracitados, o § 2º, do


artigo 327, do Código de Processo Civil, permite a cumulação de pedidos mesmo
nos casos em que cada um deles siga um procedimento diferente, desde que se
adote o rito ordinário, que é o que ocorre na presente Ação.

Outrossim, conforme se observa a doutrina e vontade de resolução total da


lide pelo Autor, não se demonstra razoável exigir dele uma nova jornada até esta
instituição para que lhe seja nomeado novo advogado para propor a Ação de
Alimentos; tanto para o Requerente quanto para a Requerida.

Neste sentido, digno de nota a lição de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo


Pamplona Filho no sentido de que:
“seja qual for a modalidade do divórcio judicial, os
alimentos devidos aos filhos é cláusula fundamental, de
natureza cogente e matiz de ordem pública”.
(GAGLIANO, Pablo Stolze. O novo divórcio/Pablo Stolze
Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho. – São Paulo: Saraiva,
2010. P. 114.)

Portanto, a cumulação de divórcio cumulado com alimentos em favor do


filho do Requerente se afigura perfeitamente possível no caso em comento, quer
seja com base no artigo 327, § 2º, CPC, ou para respeitar o princípio da
inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, CF) bem como a economia e a
celeridade processual.

Sem mais delongas, a obrigação alimentar do Requerente decorre do fato


dele ser pai do menor, que atualmente encontra-se sob a guarda fática da
Requerida.

Com efeito, o dever alimentar dos pais para com os filhos está
expressamente previsto no artigo 229 Carta Magna, bem como nos artigos 1.694
e 1.696 do Código Civil.

Neste diapasão, uma vez reconhecida a obrigação alimentar, faz-se


necessário determinar o quantum a ser pago. E aqui nos deparamos com o
famoso binômio necessidade do alimentado e possibilidade do alimentando.

Pois bem. Conforme qualificação apresentada no preâmbulo, o Requerente


não possui uma profissão específica, e recebe, em média, uma remuneração
pouco maior que o salário mínimo vigente. De outro lado temos o alimentado,
que atualmente tem 14 anos de idade, demandando gastos com alimentação,
vestuário, educação, saúde e lazer.
Confrontando este binômio e não havendo dúvida quanto à obrigação
alimentar do Requerente, aparenta ser plenamente razoável a fixação de pensão
alimentícia em favor do menor no valor de R$ 300,00 (trezentos reais), obrigando
aquele a depositar o valor até o dia 10 de cada mês, conforme for decidido pela
mesma o formato de recebimento do valor, para melhor facilidade.

III – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto requer a Vossa Excelência:

a) A citação da Requerida para, caso queira, apresentar resposta dentro do prazo


legal;

b) A intimação do representante do Ministério Público do Estado Do Paraná, nos


termos do artigo 178, II, do Código de Processo Civil;

c) Ao final, seja a presente ação julgada totalmente procedente, para:

c.1) declarar a extinção do vínculo conjugal entre Requerente e Requerida,


mediante divórcio, determinando-se a expedição do competente ofício para
averbação junto ao Cartório de Registro Civil onde fora firmado o matrimônio;

c.2) regulamentar a guarda do menor THIAGO DVULHATKA DA


SILVA, permanecendo este morando com a Requerida, e estabelecendo-se a
guarda compartilhada, nos termos apostos neste ato petitório; e
d) A concessão ao Requerente dos benefícios da assistência judiciária gratuita,
nos termos da Lei 1.060/50, por ser pessoa pobre, não podendo arcar com a
custas do processo sem prejuízo do seu próprio sustento, conforme declaração em
anexo;

e) A condenação da Requerida nas custas processuais e honorários advocatícios.

f) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


em especial a prova documental, testemunhal e depoimento pessoal da
Requerida.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos reais), nos termos
do artigo 292, III e VI, do Código de Processo Civil.

Nestes termos

Pede deferimento.

Curitiba, 08 de junho de 2022

Diana C. Andrade Lemos

OAB/PR 93.879

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