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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

DA_______________VARA JUDICIAL DA COMARCA DE COTIA-SP

SÍLVIA APARECIDA OLIVEIRA


JANKAUSKAS, brasileira, casada, desempregada, portadora da cédula de
identidade R.G. número 18.114.900, inscrita no CPF/MF sob o número
065.532.128-48, residente e domiciliada na Rua Paulino Nascimento, número
481, Jardim Elias, Cotia-SP, CEP: 06720-456, por seus advogados e
procuradores, constituídos nos termos da Inclusa procuração, vem, mui
respeitosamente, na presença de Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO C.C. PARTILHA BENS

Em face de EDUARDO JANKAUSKAS,


brasileiro, casado, policial militar aposentado, portador da cédula de identidade
R.G. número 17.236.798, inscrito no CPF/MF sob o número 105.074.458-64,
residente e domiciliada na Rua Paulino Nascimento, número 481, Jardim Elias,
Cotia-SP, CEP: 06720-456, o que faz com fundamento no artigo 694 e
seguintes do Código de Processo Civil, pelas razões de fato e de direito a
seguir aduzidas:

I – DA NECESSIDADE DE JUSTIÇA
GRATUITA

Inicialmente, afirma a Requerente, sob as


penas da lei, que não possui condições financeiras de arcar com o pagamento
das custas processuais e dos honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio
sustento e de sua família, pelo que faz jus à GRATUIDADE DE JUSTIÇA,
prevista no artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, e no artigo 98 e
seguintes do Código de Processo Civil. Entender de outra forma seria impedir o
acesso dos mais humildes ao Poder Judiciário.

I – DOS FATOS

A Requerente contraiu núpcias com o


Requerido no dia 20 de julho de 1989, no regime da comunhão parcial de bens,
conforme se afere da cópia da certidão de casamento anexa.

Desta união nasceram três filhos: duas já


maiores e um filho falecido cinco meses após o nascimento, de modo que não
há interesse de incapaz na presente demanda.

A Requerente e o Requerido amealharam


bens, mediante esforço conjunto, durante o casamento, consistentes em um
terreno de 926,25m², de denominado lote número 03, quadra G, Loteamento
Jardim Elias, no qual edificaram uma residência avarandada de médio padrão,
com piso térreo e um andar: no piso térreo é composto por uma sala com
lareira, uma copa, uma cozinha, um quarto, um banheiro, uma lavanderia,
enquanto que no primeiro andar há três quartos, sendo uma suíte com closet,
mais um banheiro e uma sala de televisão. Há, ainda, no quintal, dois salões e
mais um banheiro, além de uma piscina. O valor total do referido imóvel com
suas benfeitorias é de R$ 850.000,00 (oitocentos e cinquenta mil reais).

Ocorre que se tornou impossível a vida comum,


devido à conduta desidiosa do Requerido com relação aos seus deveres
conjugais.

Insta observar que, depois da Emenda


Constitucional 66/2010, não mais é possível a interferência estatal na
autonomia de vontade privada, principalmente no Direito de Família,
proporcionando a dissolução do casamento pelo divórcio imediato,
independentemente de culpa, motivação ou da prévia separação judicial.

Insta observar que a Requerente e o Requerido


não chegam a um acordo quanto aos termos da dissolução do seu vínculo, o
que demanda a intervenção judicial.

II – DO NOME

A Requerente voltará a usar seu nome de


solteira, qual seja SILVIA APARECIDA NUNES OLIVEIRA.

III – FILHOS, GUARDAS E ALIMENTOS

Como acima mencionado, não há filhos


menores ou incapazes, de modo que não há guarda, visitas e alimentos a
serem fixados no interesse da prole.

IV – DOS ALIMENTOS À REQUERENTE

Nos termos do que ensinam Pablo Stolze


Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho:

“Se o divórcio é litigioso (e obviamente judicial),


o juiz poderá fixar os alimentos devidos, no
bojo do próprio processo, desde que haja
pedido nesse sentido. Lembre-se de que, para
efeito de dissolução do vínculo, é suficiente a
formulação do pedido de divórcio, uma vez que
prazo para tanto não há mais. Entretanto, caso
também haja sido cumulado o pedido de
alimentos, a sua fixação será feita por decisão
judicial, levando-se em conta apenas, como já
dito, o binômio necessidade /capacidade
econômica, sem aferição de culpa de qualquer
das partes no fim do casamento.” (Pablo Stolze
Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, O novo
divórcio. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 114).

Nesta medida, tendo em vista que a


Requerente mais se dedicou à vida doméstica do que a um trabalho que lhe
garantisse renda própria, necessita ela dos alimentos a lhe serem pagos pelo
Requerido, aptos a permitir a readequação da sua vida, tendo em vista que o
Requerido nunca deixou de exercer atividade laborativa, enquanto sua então
esposa cuidava do lar, tendo esta se afastado sua carreira profissional,
conforme comprova a cópia de sua CTPS em anexo, para cuidar mais da casa.

Além do mais, a Requerente se encontra


acometida por problema de saúde, o que somado à crise de empregos, bem
como à sua pouca qualificação profissional, vez que se dedicou quase que
exclusivamente às prendas domésticas durante o casamento, deixam-na fora
do mercado de trabalho, não havendo previsão de conseguir uma recolocação
tão logo.

Para tanto, tendo em vista que o Requerido


recebe proventos de sua aposentadoria como policial militar, pode ele
concorrer para o custeio da subsistência da Requerente. Trata-se de obrigação
alimentar advinda da dissolução do casamento havido entre as partes, sem
qualquer análise de eventual culpado pela falência matrimonial.

Inclusive, tal custeio da subsistência da


Requerida, devido à sua enfermidade, exige que o Requerente a mantenha
como sua depende no convênio médico de servidor público do Estado de São
Paulo como policial militar, do qual ele ainda usufrui.

Entretanto, o Requerido não vem cumprindo


com o seu dever alimentar em favor da Requerente, vez que a deixou à
mingua, deixando sem o pensionamento e sem acesso ao convênio médico.
V – DOS BENS

Insta observar que a discordância quanto aos


termos do divórcio entre as partes decorre, também, da falta de consenso
acerca daquilo que cabe às partes quanto aos bens adquiridos durante o
casamento, ou seja, 50% (cinquenta por cento) do patrimônio pertencente ao
casal, e não mais que isso, nos termos do regime matrimonial a que estão
submetidos.

Isto porque, o cônjuge varão entende que faz


jus a totalidade do imóvel adquirido pelo casal, pretendendo deixar a
Requerente sem a sua justa meação que incide sobre o referido bem.

Ocorre, porém, que, ao contraírem núpcias, as


partes elegeram o regime de comunhão parcial de bens, conforme preceitua o
art. 1.658 do Código de Processo Civil, cujo abaixo se transcreve:

Art. 1.658. No regime de comunhão parcial,


comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do
casamento, com as exceções dos artigos seguintes.

Definido o regime de comunhão, o art. 1.660 do


Código Civil, assim dispõe sobre os bens a serem partilhados:

I - os bens adquiridos na constância do


casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
...

E, como se pode ver do incluso termo de


cessão e transferência, as partes adquiriram conjuntamente o lote no qual
posteriormente edificaram a residência familiar, sobre os quais incide a meação
da Requerente por força do regime de bens adotado pelo casal por ocasião de
seu matrimônio.
Todavia, o Requerido se mostra resistente ao
exercício por parte da Requerente de seu direito sobre a meação do bem. Por
essa razão, não restou alternativa a Requerente, senão a propositura do
divórcio litigioso.

VII – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A Emenda Constitucional número 66, datada


de 13.07.2010, deu nova redação ao parágrafo 6º do artigo 226 da Carta
Magna. Disposição esta, que trata sobre a dissolução do casamento civil.

Com o novo texto, foi suprimido o requisito de


separação judicial por mais de um ano, ou de separação de fato por mais de
dois anos. De modo que, em conformidade com a Constituição Federal, em seu
Artigo 226, parágrafo sexto, em vigor: “O casamento civil pode ser dissolvido
pelo divórcio”.

Desta feita, perfeitamente cabível a presente


ação, pois o pedido está em plena conformidade com a legislação vigente.

VIII – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer se digne Vossa


Excelência:

A-) conceder os benefícios da justiça gratuita à


Requerente;

B-) receber esta exordial e determinação a


citação do Requerido, para, querendo, apresentar resposta no prazo de 15
(quinze) dias, em uma das modalidades previstas em lei;
C-) julgar procedente a presente ação, com a
decretação do divórcio do casal e, após as formalidades legais, a expedição de
mandado de averbação e de formal de partilha nos termos da lei;

D-) determinar a partilha dos bens em comum


do casal, atribuindo 50% (cinquenta por cento) para cada uma das partes, em
conformidade com o disposto no artigo 1.658, do Código Civil;

E-) Condenar o Requerido a prestar alimentos


à Requerente, no patamar de 1/3 (um terço) de seus rendimentos advindos de
sua aposentadoria como policial militar do Estado do Estado de São Paulo,
inclusive, oficiando-se a Fazenda Estadual para desconto em folha, bem como
mantê-la como sua dependente no convênio médico que possui devido à sua
condição de servidor público aposentado do Estado de São Paulo;

F-) a alteração do nome da Requerente, para


que torne a assinar o nome de solteira SILVIA APARECIDA NUNES
OLIVEIRA, com expedição de mandado ao Oficial de registro Civil para a
competente averbação;

G-) condenar o Requerido ao pagamento de


custas e honorários por ter dado causa à presente demanda litigiosa.

A Requerente não se opõe à designação de


audiência de mediação neste caso concreto.

IX – DAS PROVAS

Protesta por provar o alegado por meio de


todos os meios de prova em direito admitidos, em especial pela produção de
prova documental, testemunhal, pericial e inspeção judicial, além da juntada de
novos documentos e demais meios que se fizerem necessários.

X – DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 850.000,00
(oitocentos e cinquenta mil reais).

Termos em que,
Pede Deferimento.

Termos em que,
Pede deferimento.

Ibiúna, 08 de julho de 2019.

OSVALDO PEREIRA DE OLIVEIRA


OAB/SP número 362.371

FÁBIO HENRIQUE BERNARDI CLEMENTE MACHADO


OAB/SP número 372.873

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