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Para que a sociedade subsista e progrida é preciso mais que a pura existência
de normas
É necessário que a essas normas seja garantida a possível eficácia
Procura-se que existam e que sejam respeitadas, independentemente dos
desejos e vontades dos seus destinatários, ou pelo menos que o desrespeito
seja reparado
DIREITO:
DIREITO:
DIREITO OBJETIVO
Consiste num conjunto sistematizado de normas produzidas pelos órgãos competentes
ou diretamente pela comunidade, tendo em vista regular o comportamento das
pessoas em sociedade.
Exemplos: Direito constitucional, Direito criminal, Direito civil…
O Direito não se esgota nestas normas: apresentando uma dimensão normativa,
fáctica e valorativa (conceção tridimensional). Isto significa que, na realidade jurídica,
coexistem as 3 dimensões relacionando-se entre si: normas, factos e valores.
Ciência do Direito
A ciência do Direito consiste num conjunto sistematizado de conhecimentos com vista
à solução justa.
Ordem de conduta
Ordem de facto
DIREITO
Porém, no caso de não ser acatado pelos seus destinatários, existe a suscetibilidade de
aplicação de uma sanção.
Prevalência do Direito
o dever de obediência à lei não pode ser afastado sob pretexto de ser injusto
ou imoral o conteúdo do preceito legislativo
Receção pelo Direito de conteúdos de regras morais
RELIGIÃO
As normas religiosas relacionam a pessoa humana com o transcendente, as divindades,
operando intra subjetivamente, pela crença na sua existência e mandamentos.
Em Portugal, em que existe uma independência entre Igreja e Estado e efetiva
liberdade religiosa, as normas religiosas não vinculam os cidadãos.
Não é assim em todos os Estados do mundo, distinguindo-se os Estados laicos, como o
português, dos religiosos.
A solução para estes casos depende de as pessoas envolvidas terem desejado vincular-
se juridicamente a um determinado comportamento ou o mesmo não passar de um
mero favor ou cortesia social.
Exemplos:
Justiça Distributiva
Desta forma, o Estado cobra mais aos que mais têm, para distribuir pelos que mais
carecem.
Exemplo: progressividade tributária/reafectação de receitas – as taxas de IRS
aumentam à medida que os rendimentos atingem escalões mais elevados, o IMI é
superior para os imoveis com maior área e valor, parte da receita do IVA é afetada,
quando necessário, ao financiamento de segurança social.
Justiça enquanto expressão do princípio da salvaguarda da dignidade do ser
humano, igualdade e proporcionalidade
Como corolário do princípio da salvaguarda da dignidade da pessoa humana, a CRP e o
Direito Internacional, associam a ideia de Justiça à salvaguarda dos valores
seguidamente enunciados.
Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais
É justo o que corresponda ao respeito e à promoção da dignidade das pessoas, em
absoluto. Entre os direitos e liberdades fundamentais, destacam-se:
Necessidade de publicação dos atos normativos como condição para a sua entrada
em vigar.
Princípio segundo o qual a lei nova não tem efeito retroativo para situações
passadas, exceto em direito criminal, contraordenacional ou disciplinar, se for mais
favorável ao arguido.
BEM ESTAR ECONÓMICO E SOCIAL
O Estado social de direito – welfare state – que transita do pós 2ª guerra mundial, tem
como preocupação a satisfação das necessidades coletivas, nomeadamente as
referidas, tendo uma postura interventiva na economia e sociedade, por contraposição
ao estado liberal que o antecedeu.
Pretende-se que o Estado não se demita da intervenção económica e social que o tem
caracterizado….
- Com o objetivo de construção de uma sociedade justa e solidária.
Exemplos:
Direito da concorrência – contém um conjunto de normas sobre proibição de prática
restritivas do comércio, concentrações excessivas de empresa, auxílios do Estado que
desvirtuam as regras do mercado tendo presente o objetivo de o salvaguardar. O seu
estudo tem por objeto normas, que determinam comportamentos de pessoas,
reveladores de um dever atuar.
Direito da Propriedade Industrial – contém disposições punitivas de atos de
concorrência considerada desleal, regulando, mais uma vez, deveres
comportamentais.
A personalidade jurídica
A autonomia na regulação de interesses (contratos)
A reparação de danos
A propriedade
A família
Sistema
O Direito (ordem jurídica) não é a única ordem ética e normativa (do “deve ser”).
- Imperativa, por constituir expressão de dever ser, prevalecendo sobre outras ordens
normativas
Exemplos: prevalência de lei sobre convicções pessoais; prevalência da lei sobre moral
- Violável, na medida em que, para o Direito, ninguém pode ser coagido a adotar um
determinado comportamento, pressupondo-se sempre a liberdade humana de acatar
ou não a abolição da escravatura e trabalhos forçados.
A regra em Direito é a que ninguém pode ser obrigado fisicamente a adotar um
determinado comportamento. A exceção é a privação de liberdade.
A norma jurídica apresenta uma estrutura que na maior parte dos casos se decompõe
em 2 elementos: a previsão de uma situação a que é associada uma consequência,
denominada estatuição.
Esta estatuição pode ser material, quando se reporta a atos da vida do destinatário, ou
meramente jurídica.
Sanção material
Sanção jurídica
Nem todas as normas possuem sanção, mas previsão e estatuição são características
gerais. Por outro lado, a previsão e estatuição, podem resultar da conjugação de
normas e não da norma isoladamente considerada.
Generalidade e Abstração
A norma dirige-se a uma generalidade de destinatários e não a pessoas determinadas.
Neste caso, não conterão normas, no que respeita a tal regulação individual.
RAMOS DO DIREITO
Os ramos do Direito constituem a divisão ou compartimentação do Direito Objetivo
(conjunto de regras jurídicas) em razão das matérias que as normas regulam.
As razões para tal divisão assentam fundamentalmente na facilitação da investigação,
estudo e ensino do Direito.
O Direito Público seria aquele cujas normas regulassem as relações nas quais interviria
o Estado ou outro ente público ou entidade privada dotada de poderes públicos e o
Direito Privado aquele que regularia as relações em que interviriam apenas
particulares.
Este critério é igualmente criticável na medida em que o Estado ou outro ente público
podem atuar como sujeitos de Direito Privado, celebrando contratos de compre e
vendas por exemplo, que são contratos tendencialmente regulados pelo Direito P.
Por outro lado quanto à competência, a diferença entre o princípio da limitação da
capacidade para as pessoas coletivas públicas e liberdade de atuação para os
particulares não é determinada pelo facto de estarmos perante uma pessoa de Direito
Público ou Privado, mas pelo facto de estarmos perante uma pessoa coletiva (Estado)
ou singular (pessoa física).
Somente à última assistindo o princípio da limitação de atuação, uma vez que quanto
às primeiras a sua atuação se deve conter em limites mais apertados previstos pela lei
ou regulamento ao abrigo dos quais se constituem.
Quer o Direito Público quer o Privado podem ainda distinguir-se em Direito Privado ou
Público Comum ou Especial, consoante se estabeleçam regimes gerais ou regimes que
apresentem determinadas especificidades.
Em tudo o que não for regulado pelas normas do regime especial aplicam-se,
subsidiariamente, as normas do regime geral.
Direito das Obrigações – conjunto de normas que regula as obrigações que emergem
de relações jurídicas, isto é, o vínculo pelos quais uma pessoa fica adstrita à realização
de uma prestação (comportamento no interesse de outra pessoa).
Direito Reais ou das Coisas – conjunto de normas que regulam os direitos de uma
pessoa sobre uma coisa (posse, propriedade…).
Direito da Família – regula as relações jurídicas familiares que têm como fonte o
parentesco, adoção, casamento e afinidade.
Ramos Híbridos
Existem alguns ramos do Direito híbridos pois as suas normas são simultaneamente de
Direito Público mas pertencentes a ramos diversos, ou de Direito Público e Privado.
SISTEMA JURÍDICO E SISTEMA POLÍTICO
Noção de Estado:
O Estado pode ser definido como um povo fixo num determinado território, por si
dominado dentro do mesmo, instituindo por autoridade própria um poder politico
autónomo, exercido por órgãos que produzem o Direito necessário à vida coletiva e
impõe a respetiva observância.
O Estado é um agregado de 3 elementos: povo, território e poder político.
Povo – é constituído pelo conjunto de cidadãos ligados ao Estado pelo vínculo jurídico-
político da nacionalidade, atribuída por lei ou convenção internacional
Presidente da República
Assembleia da República
Governo
Tribunais
Distinção de funções:
Função Jurisdicional
Cada tribunal é um órgão de soberania que impõe coercivamente a legalidade
democrática, assegura a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos e
decide conflitos de interesses.
O princípio da proibição da autodefesa ou autotutela de direitos, impede o recurso à
força com o fim de realizar ou assegurar o próprio direito, salvo em casos excecionais
previstos na lei.
Os Tribunais têm assim a seu cargo assegurar a tutela repressiva do Estado. Para isso
contam com o dever de colaboração e de obediência por parte de todas as entidades
públicas e privadas.
Lei
Costume
Doutrina
Jurisprudência
Equidade
Os usos que só possuem valor normativo se não forem contrários à boa fé e forem
reconhecidos normativamente por lei que para eles remeta.
Quando a lei publicada não entra imediatamente em vigor, por força do exposto ou de
intenção do legislador, decorre o prazo da denominada vacatio legis, designação que
corresponde ao período que medeia entre a sua publicação e início de vigência.
Aplicação no tempo: consiste em determinar, em caso de sucessão de leis, qual a lei
aplicável a uma determinada situação: se a lei antiga, vigente na data da constituição
da situação. se a lei nova, posterior àquela data.
O critério geral é o da não retroatividade da Lei (a Lei só dispõe para o futuro).
O legislador pode atribuir eficácia retroativa a uma lei, sendo que nesse caso se
presume ficarem ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos que a lei se destina
a regular.
Exemplo: se a lei nova estabelecer a invalidade de um contrato de arrendamento de
um imóvel celebrado no passado, que era válido ao abrigo da lei anterior, o senhorio
não deve restituir as rendas que tenha recebido ao abrigo do mesmo.
Espécies de interpretação:
Interpretação autêntica efetuada por lei ou regulamento de valor igual ou superior à
lei ou regulamento interpretado, sendo vinculativa
Oficial efetuada por lei de valor inferior à interpretada, apenas vinculando
internamente a cadeia hierárquica da administração, como por exemplo os
trabalhadores de um determinado Ministério, não tendo força vinculativa geral
Judicial a cargo dos tribunais
Doutrinal ou Particular efetuada por juristas ou por qualquer cidadão
Elementos da Interpretação
O intérprete recorre a vários elementos para interpretar a Lei:
Elemento literal ou gramatical – é constituído pelo texto ou letra da lei, por meio qual
o intérprete inicia a interpretação, através da determinação do significado das palavras
utilizadas pelo legislador, presumindo que este se exprimiu pela forma mais adequada.
o Restritiva – ‘lei’ deve entender-se como lei da AR e não como ato legislativo,
que compreende também os Decretos-Leis do GOV e os Decretos Legislativos
Regionais
o Lata – homem e mulher na expressão ‘homem’ a propósito de declaração de
direitos do ‘homem e cidadão’ ou todas as pessoas, singulares ou coletivas em
‘todos’
Integração de Lacunas
Lacunas são casos omissos, situações não previstas, mas que devem ser reguladas pelo
Direito.
Nem sempre o Direito é chamado a regular as situações em sociedade, pelo que para
demonstrar a existência de lacuna jurídica é indispensável demonstrar a necessidade
da intervenção de norma jurídica na regulação da situação concreta analisada.
Integrar uma lacuna implica:
1. Recorrer a uma norma aplicável a um caso semelhante (caso análogo),
utilizando-a para a regulação do caso omisso, por se entender que procedem as
mesmas razões de decidir.
Existem proibições de utilização da analogia relativamente a normas excecionais, normas penais incriminadoras,
normas de incidência de impostos e normas que definem as garantias dos contribuintes, normas que estabelecem
conceitos fechados e normas restritivas de direitos, liberdades e garantias.
2. Não sendo possível integrar a lacuna com recurso à analogia , estabelece que a
situação é resolvida segundo a norma que o próprio intérprete criaria, se
houvesse de legislar dentro do espirito do sistema, cria uma norma ad hoc
aplicando-a ao caso concreto e com valor apenas neste caso.